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Percepção, atenção e memória

Fundamentos de psicologia 40h


Prof.ª Ana Claudia Venturin da Costa
anaclaudia.venturin@gmail.com
Será que lembro como está
minha atenção? Como é minha
percepção de memórias??
Atenção
 A atenção é uma capacidade do cérebro de selecionar algumas
informações do ambiente em detrimento de todas as
informações disponíveis.
 Ela funciona como um filtro do cérebro enquanto ele absorve
informações do ambiente.
 Conseguimos prestar atenção em algumas coisas, mas não
conseguimos prestar atenção em literalmente todas as coisas e
objetos em um certo momento.
 A atenção é seletiva. Seleciona uma parte do ambiente,
enquanto ignora as outras partes dele.
Atenção
 “Você está prestando atenção?” Quantas vezes você já ouviu esta frase?
Prestar atenção em algo significa dar foco a determinados aspectos e, ao
mesmo tempo, eliminar (ou ignorar) vários outros que estão ao redor.
Kandel (2009, p.339) afirma que “a atenção é como um filtro”, a partir do
qual alguns itens ganham maior destaque, em detrimento de outros.
 Myers (2012, p.68) afirma que atenção é um feixe de luz: “Por meio da
atenção seletiva, sua atenção consciente focaliza, como um feixe de luz,
apenas um aspecto muito limitado de tudo aquilo que você vivencia”.
 Como somos “bombardeados” por informação a todo tempo e de tantas
formas diversas que ocupam nossos cinco sentidos, é natural a seletividade
em função do momento e de uma série de fatores.
Atenção
 A capacidade do cérebro de processar a informação
sensorial é mais limitada do que a capacidade de seus
receptores para mensurar o ambiente. Por isso, a atenção
funciona como um filtro, selecionando alguns objetos para
processamento adicional. [...] Em nossa experiência
momentânea nos concentramos em informações sensoriais
específicas e excluímos (mais ou menos) as demais (KANDEL,
2009, p.339).
Atenção

 Todo mundo sabe o que é a atenção. É a tomada de posse


pela mente de forma clara e vívida, de um entre os
muitos objetos ou cadeias de pensamento
simultaneamente possíveis. A focalização, a
concentração da consciência, fazem parte da sua
essência. Ela implica o afastamento de algumas coisas de
modo a que se possa lidar efetivamente com outras
(JAMES apud KANDEL, 2009, p.340).
Atenção

 “as pessoas tendem a procurar, aceitar e consumir


as mensagens que vão ao encontro dos seus
interesses e do seu sistema de crenças, valores,
expectativas e ideias e a rejeitar ou deturpar as
mensagens que colidam com esse sistema”
(SOUZA, 2006, p.499)
Memória: a aprendizagem que persiste
 Myers (2012, p.249) define memória como “a aprendizagem
que persiste através do tempo, informações que foram
armazenadas e que podem ser recuperadas”. Brandão
(1995, apud PÉREZ-NEBRA; SANTANA, 2008)
complementa que acumulamos experiência para que esta
possa ser utilizada durante nossa vida, promovendo o
significado dos fatos do cotidiano por meio da aprendizagem e
da memória.
Memória: a aprendizagem que persiste

 Imagine se você não conseguisse se lembrar das coisas


que viu, sentiu ou ouviu nos últimos 10 segundos????
 Difícil assistir um vídeo. Ir ao supermercado. Dirigir um carro.
Entender o que alguém está falando, quase impossível fazer
grande parte das tarefas cotidiana.
O que nos permiti fazer todas essas coisas é a capacidade de
armazenar temporariamente todas essas coisas. Essa capacidade é
memória de trabalho. Por exemplo em uma faxina na casa, é
importante saber o que já foi limpo, o que falta, etc. Assim que é
finalizado ela deixa de ocupar “espaço” em sua memória.
Memória: a aprendizagem que persiste

Em muitos casos enchemos demais essa memória e isso


se chama sobrecarga cognitiva, isso pode atrapalhar a
atenção. Quando sobrecarregamos nossa memória de
trabalho dificulta o raciocínio.
Necessário reduzir o estresse;
Faça uma coisa de cada vez e de maneira planejada;
Divida a tarefa em etapas menores;
Memória: a aprendizagem que persiste

 A memória é de extrema importância para a propaganda,


uma vez que se não existisse a possibilidade de armazenar
mentalmente as informações recentes ou passadas sobre
fatos, produtos e marcas, as ações de marketing (em seus
diferentes aspectos – notadamente a propaganda) não
fariam sentido algum para os consumidores.
Memória: a aprendizagem que persiste
Memória: a aprendizagem que persiste

 1. o primeiro passo consiste em registrar as informações que serão


lembradas como uma memória sensorial passageira, ou seja, onde
guardamos estimulações imediatas;
 2. a partir desse estágio, as informações são processadas em um
compartimento de memória de curto prazo, no qual é codificada por
reiteração/repetição – é uma estrutura de recepção para uma
estocagem provisória de informações;
 3. por fim, as informações passam para a memória de longo prazo,
para serem futuramente recuperadas – é o local onde armazenamos
nosso conhecimento. (Atkinson e Shifrin, 1968)
A memoria pode ser dividida em 3 etapas:

Aquisição consolidação evocação

Repetição Elaboração Recordação

A consolidação precisa de
elaboração para aumentar
A aquisição precisa A evocação é a
as conexões e facilitar a
de repetição recordação.
fixação.
Relacionar com outras
ideias.
Memória: a aprendizagem que persiste

 Nosso cérebro não funciona como computador, que guarda a


informação e quando precisamos, recuperamos ela igual como foi
registrada. Tudo aquilo que acontece entre o período que codificamos
uma informação até o momento que vamos recuperar essa
informação, tudo isso vai afetar nossas lembranças. Por isso que
muitos especialistas dizem que nossas memórias não são exatamente
recuperadas mas sim reconstruídas. Quando se lembra de algo, essa
memória vem sempre reconstruída com algumas modificações,
essas pequenas mudanças dependem do seu estado emocional, das
referências que foi adquirindo ao longo do tempo.
Memória: a aprendizagem que persiste
Memória: a aprendizagem que persiste

 Frederic Bartlett (séc. XX)- em um dos seus estudos ele pediu para que alguns
voluntários lessem uma história. E mais tarde perguntou a eles se conseguiam lembrar
da história. O pesquisador percebeu 3 fatos curiosos:
 Cada pessoa se lembrava da história um pouco diferente, as pessoas ofereciam
versões pessoais e não uma cópia exata da história;
 As histórias lembradas tendiam a ser mais curta que a original;
 Essas histórias tendiam a ser mais coerentes, cada pessoa pegava todo elemento da
história original que lhe parecesse estranho e interpretava de acordo com sua
própria cultura, com seus conhecimentos prévios, inclusive com seus
preconceitos, para criar uma história mais coerente para si mesmo.
Memória: a aprendizagem que persiste

 O pesquisador percebeu que a memória é uma reconstrução dos


fatos e não uma cópia final. Nós memorizamos apenas alguns
elementos chaves de um acontecimento, e criamos uma
narrativa para emendar essas partes usando como “tijolos”
nossas próprias expectativas e valores a respeito das coisas.
 Exemplo quando assiste a um filme.(não lembra todas as partes)
Percepção

 Processo pelo qual selecionamos, organizamos e


interpretamos estímulos, traduzindo-os em uma imagem
significativa e coerente. “Na essência, a percepção é a forma
como vemos o mundo ao nosso redor”.
Percepção
Percepção
A percepção
define
nossa
Realidade.
Percepção
Percepção
Percepção
Nossos sentidos detectam
estímulos, e transformam
esses estímulos em
impulsos eletroquímicos e
transmitem informações
sensoriais para nosso
sistema nervoso central.
Nossos sentidos são
limitados.
Tipos de percepção

 Percepção visual;
 Percepção auditiva;
 Percepção olfativa;
 Percepção gustativa;
 Percepção tátil;
 Percepção temporal – sentir a passagem do tempo.
 Percepção espacial – estima a distância entre objetos,
 Cinestesia - percepção de movimento, peso, resistência e posição do
corpo, provocado por estímulos do próprio organismo.
Percepção social

 Uma coisa é a percepção sensorial, (ex. cai agua na


minha pele e minha percepção diz quente ou frio)
outra mais complexa é a percepção social, que é a
percepção de situações e pessoas porque essa
percepção é mediada e tem muita relação com
nossos valores e crenças, nossos esquemas que
vão orientar nossa percepção.
Percepção social
 Dentro da percepção social dois aspectos são investigados:
 Atribuição de causalidade: o modo como eu explico o porquê das
situações, e o comportamento das pessoas,
 Formação de impressão: o modo como eu julgo e interpreto algumas
pessoas, muitas vezes a partir de uma roupa que ela veste, eu começo a
ter uma impressão sobre ela e essa impressão tem muita relação com
nossos esquemas. Nem sempre essa impressão vai se confirmar à
medida que vai conhecendo as pessoas.
Como percebemos essas imagens?
Percepção social
Tendemos a projetar
aquilo que pensamos,
usar nossos
esquemas, a respeito
de alguém ou de
alguma coisa.
Experimento antes de conhecer uma pessoa

Coloco a imagem de
uma pessoa e digo para
um grupo “A” que essa
pessoa é:
Experimento antes de conhecer uma pessoa

Coloco a imagem de
uma pessoa e digo para
um grupo “B” que essa
pessoa é:
Experimento antes de conhecer uma pessoa

Primazia: o fato
de lembrarmos mais e
melhor das
informações que
percebemos no início.

Assim vou formar


uma opinião acerca
dessa pessoa.
Percepção social
Estereótipo é o conceito ou imagem preconcebida,
padronizada e generalizada estabelecida pelo senso
comum, sem conhecimento profundo, sobre algo ou
alguém. Estereótipo é usado principalmente para definir
e limitar pessoas quanto a aparência, naturalidade e
comportamento.
Por exemplo nas brigas de
casais, quando cada um vai
relatar uma situação que gerou
conflito, cada um faz
seletivamente os elementos que
confirmam muito mais a sua
posição do que do outro. Para
confirmar sua expectativa.

Em um debate é muito difícil


entender que nem sempre nossa
percepção é a realidade.
Vou tender a confirmar meus
esquemas.
Atribuição de causalidade
 Nem tudo é o que parece!
 Achamos que estamos informados só de ler o título das matérias;
 Ficamos no mundo das aparências, das superficialidades,
 Acreditamos que temos uma noção clara da realidade por só lermos questões que
existem dentro de minha “bolha” naquilo que eu acredito.
 Isso dificulta muito uma discussão mais clara e justa da complexidade que é a
realidade. Não dá para esgotar apenas uma posição.
Ex. a pessoa diz: “Isso é o que eu penso! Eu penso assim!” mas já parou para pensar que
o que você pensa, por si só, não vai fazer com que a realidade seja esse pensamento? O
fato de eu pensar assim não vai definir a realidade.
Temos que fazer sempre a tentativa, o movimento de aproximar de uma compreensão de
mais clareza sobre a realidade.
Quando percebemos as pessoas tendemos
a colocar as pessoas como causa das
situações.
Quando vemos alguém sendo abordado
logo pensamos: certamente fez alguma
coisa! Direcionamos a pessoa como sendo
responsável de suas atitudes.
“Nós somos nossas escolhas”
Se nós somos nossas escolhas quem me dá
essas opções?
Nós somos nossas escolhas mediante um
conjunto de possibilidades. A vida não é Porém as vezes simplificar explicações dessa
tão simples. Não é: ah eu quero, logo forma, minimiza um pouco um olhar para
tenho! Ah eu escolho, logo vou ter! as questões mais complexas que sempre vai exigir de
coisas não são tão simples. nós responsabilidades e compromisso para mudar.
Porque na base disso está a desigualdade social,
injustiça.
Atividade

 Como podemos analisar a percepção social acerca da realidade na


qual nos encontramos?
 Como usamos a percepção social para justificar nossos
comportamentos?

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