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4.

MEMÓRIA
Introdução - Caracterização da memória

Para a Psicologia, memória é qualquer indicação de que a aprendizagem persistiu através do


tempo. É nossa competência para armazenar e recuperar a informação.

Nosso sistema de memória é planejado para suportar nosso funcionamento e sobrevivência.

 Evidencia-se quando lembramos momentos especiais do passado repletos de emoção.


 Memórias de Flash: A clareza de nossas memórias para eventos surpreendentes

Sistema de Processamento da Informação

 Codificação: condução da informação ao cérebro


 Armazenamento: reter a informação
 Recuperação: resgatar a informação
 As memórias não são literais!

2 maneiras pelas quais o cérebro adquire e armazena informações:

Memória de procedimento: (implícita) armazena dados relacionados à aquisição de habilidades


mediante a repetição de uma atividade que segue sempre o mesmo padrão. (habilidades
motoras, sensitivas, intelectuais, condicionamentos) Não depende da consciência.

Memória declarativa (explícita): armazena e evoca informação de fatos e de dados levados ao


nosso conhecimento através dos sentidos e de processos internos do cérebro, como associação
de dados, dedução e criação de ideias. Esse tipo de memória é levado ao nível consciente através
de proposições verbais, imagens, sons, etc. A memória declarativa inclui a memória de fatos
vivenciados pela pessoa (memória episódica) e de informações adquiridas pela transmissão do
saber de forma escrita, visual e sonora (memória semântica).

Codificando: A entrada da informação

 Algumas codificações ocorrem automaticamente, liberando nossa atenção para o


processamento de informação que necessita de esforço. Sua memória do trajeto que
você utiliza para ir de casa para a faculdade, por exemplo, é manipulada por um
processamento automático, já seu aprendizado de conceitos requer processamento
com esforço.

Processamento Automático:

 Exige pouco ou nenhum esforço;


 Não estamos conscientes dele;
 Não interfere nosso pensamento sobre outras coisas;
 É difícil de ser desligado;
 Codificamos uma enorme quantidade de informações sobre o espaço, o tempo e a
frequência com pouco ou nenhum esforço.
 Com a prática, alguns processamentos com esforço (intencionais) podem se tornar mais
automáticos;

Exemplo:
Processamento com Esforço:

 Aprendizado de novas informações;


 Pode ser aprimorado por meio do ensaio ou repetição consciente;
 Efeito de espaçamento: Retemos informações melhor quando o ensaio é distribuído no
tempo ;
 Reestudar o material para provas finais, cursos de reciclagem e exames de universidade
aumentará a retenção pelo resto da vida. Distribuir o período de aprendizagem –
digamos por um semestre ou um ano, em vez de curtos períodos de tempo – poderia
ajudar também. Estudo ao longo do tempo vence o estudo de última hora;
 As esperas devem ser cada vez as mais longas possíveis sem que se perca a informação;
 TESTE
 Efeito de posição serial: As pessoas lembram melhor o primeiro e o último item do que
aqueles que estão no meio de uma lista.
 Nosso sistema de memória processa informação não apenas pelo treinamento
repetitivo, mas também codificando suas características significativas.

Princípio da psicologia: O montante recordado depende do tempo dedicado à sua


aprendizagem. Mesmo após já termos aprendido um material, o ensaio adicional (super-
aprendizagem) aumenta a retenção.

 Efeito de proximidade na fila: quando somos os próximos da fila, focamos nossa própria
performance;
 Se nossa consciência diminui antes de termos processado a informação, tudo é perdido.
(SONO – segundos antes e hora antes)
 Informação gravada em fita e tocada durante o sono, é registrada pelos ouvidos, mas
não é lembrada. Sem a oportunidade de ensaiá-la, a “aprendizagem durante o sono”
não ocorre.

O que codificamos

Nós processamos informações de três modos-chave – codificando o sentido delas, visualizando-


as e organizando-as mentalmente.

Codificando o sentido

Quando processamos informação verbal para armazenamento, nós geralmente codificamos seu
sentido associando-a, por exemplo, com o que já sabemos ou com nossas suposições.

Nós tendemos a lembrar coisas não exatamente como elas aconteceram. Na verdade, nós
lembramos aquilo o que nós codificamos. Dessa forma, quando ouvimos ou lemos sobre uma
situação, nossas mentes constroem um modelo sobre ela.

Nós não lembramos literalmente do texto, das falas, mas de um modelo mental que construímos
a partir dele.

A codificação acústica, por exemplo, aprimora a memorização e parece verdadeira para


aforismos que rimam.
Temos um benefício ao organizarmos o que lemos e ouvimos em um contexto dotado de
sentido. “O tempo que você leva pensando sobre o material que está lendo e relacionando-o a
material prévio armazenado é o procedimento mais útil que você pode fazer para aprender
qualquer fato novo”.

Ou seja, você terá mais lucro se levar algum tempo buscando um sentido pessoal naquilo que
está estudando. Informação considerada “muito relevante” para mim ficará mais bem
processada e acessível.

Codificando Imagens

Nós nos lembramos melhor de palavras que conduzem à elaboração de imagens mentais do que
de palavras abstratas, com pouca conexão visual.

A memória para nomes concretos é auxiliada pela codificação tanto semântica quanto visual.

Dois códigos são melhores que um.

Graças à durabilidade da maior parte de nossas imagens vívidas, nós recordamos nossas
experiências com flashes mentais dos melhores e piores momentos. Assim, o melhor momento
de prazer e alegria e o pior momento de dor e frustração, em geral, colorem nossas memórias
mais que a sua duração.

Retrospectiva otimista: pessoas tendem a recordar eventos como férias no campo mais
positivamente do que de fato o foram quando os estavam vivenciando. Uma visita à Disney é
lembrada menos pelo calor e filas intermináveis, que pelos brinquedos, passeios e comida.

A imaginação está no centro de muitos de nossos recursos de memória.

Organizando a Informação para Codificação

Sentido e imagem aumentam nossa memória parcialmente por conta da organização.

Nós recordamos mais facilmente as informações quando podemos organizá-las em unidades


com sentido, ou agrupamentos (chunkings). O agrupamento ocorre tão naturalmente que o
consideramos um privilégio.

Todos nós podemos nos lembrar com mais clareza de informações quando somos capazes de
organizá-las em um arranjo com mais significado pessoal.

Hierarquias

Ao organizarmos o conhecimento em hierarquias, nós podemos resgatar as informações de


modo mais eficiente.

Quando organizadas em grupos, a recordação das palavras é de duas a três vezes melhor. Esses
resultados mostram os benefícios de organizar o que se estuda – de dar atenção especial a frases
em destaque, cabeçalhos, apresentações prévias, revisões de parágrafos e questões de
verificação. Se você puder hierarquizar os conceitos de um capítulo de acordo com sua
organização geral, é provável que você se lembre deles de modo mais eficaz na hora de um
teste. Ler e criar notas marcando partes do texto – um tipo de organização hierárquica – pode
se mostrar proveitoso.
Aula 7

MEMÓRIA: Armazenamento e Recuperação da informação – medidas de


reconhecimento, recordação e reaprendizagem; Esquecimento – falha na codificação,
falha no armazenamento e falha na recuperação.
Armazenamento

MEMÓRIA SENSORIAL

 Primeiro registro das informações a serem lembradas


 Efêmera
 As gravações iniciais das informações sensoriais no sistema de memória
 Memória icônica: por alguns décimos de segundo, nossos olhos registram uma
representação exata de uma cena e nós podemos nos lembrar de qualquer parte dela em
detalhes impressionantes. Nossa tela visual se desfaz muito rapidamente à medida que
novas imagens se sobrepõem às antigas.

Memória de Trabalho:

 A forma como prestamos atenção, ensaiamos e manipulamos a informação em um


armazenamento temporário.
 Sem o processamento ativo, a memória de curto prazo tem vida limitada.
 É limitada na duração e na capacidade (pode reter em média sete bits + ou – dois).
 Inclui um componente verbal e um componente visual. Processamos imagens e palavras
de modo simultâneo no trajeto para o armazenamento.
 Lembramos melhor dígitos aleatórios do que letras aleatórias; melhor para a informação
que ouvimos do que para as imagens que vemos.
 O princípio básico é que, a qualquer momento, processamos de forma consciente
apenas uma quantidade muito limitada de informações.

Armazenando Memórias no Cérebro

Acredita-se que um aumento do potencial de disparos das sinapses após uma estimulação
rápida e breve seja a base neural do aprendizado e da memória (chamado POTENCIAÇÃO DE
LONGO PRAZO).

- A memória não reside num único ponto específico no cérebro.

- Ao contrário de uma biblioteca organizada, nossas memórias estão armazenadas em locais


não identificados e precisos;

- O cérebro representa a memória em grupos distribuídos de neurônios;


- As células nervosas precisam se comunicar através de suas sinapses.

- Com os disparos neurais repetidos, os genes da célula nervosa produzem proteínas que
fortalecem a SINAPSE, possibilitando a PLP. ESTRATÉGIA: estímulo à produção de proteína
CREB.

- OUTRA ABORDAGEM: Desenvolver drogas que estimulam o GLUTAMATO, neurotransmissor


que melhora a comunicação sináptica. RISCOS: Efeitos colaterais, encher nossas mentes com
trivialidades que seria melhor esquecer.

- MEMÓRIAS DE FLASH: clareza percebida das memórias de eventos surpreendentes e


significativos. É como se o cérebro comandasse “Fotografe isso!” Entretanto, podem resultar
em erros pois informações equivocadas podem se infiltrar nelas.
- Mas, quando o estresse é prolongado (casos de abuso contínuo ou de combate), ele pode agir
como um ácido, corroendo as conexões neurais e encolhendo a área do cérebro (o hipocampo)
que é vital para assentar as memórias.

Armazenando memórias IMPLÍCITAS E EXPLÍCITAS

- Parecemos ter DOIS SISTEMAS DE MEMÓRIA OPERANDO EM PARALELO.

- Vítimas de amnésia, assim como pessoas com lesão cerebral, não podem conscientemente
declarar os novos aprendizados, mas têm capacidade inconsciente de aprender. Conseguem
aprender como fazer alguma coisa – a chamada memória implícita (memória não declarativa).
Mas podem não saber e afirmar que sabem (memória explícita).
- O hipocampo é lateralizado (temos dois deles, cada um exatamente acima de cada ouvido e
cerca de três centímetros para dentro). Lesões no hipocampo esquerdo comprometem a
capacidade de lembrar de informações verbais, mas não de recuperar memórias visuais de
desenhos e locais. Lesões no hipocampo direito provoca o problema inverso.

- O hipocampo é ativado durante o sono de ondas lentas, quando as memórias são processadas
para serem recuperadas mais tarde. Quanto maior a atividade do hipocampo durante o sono
após uma atividade de treinamento, melhor será a memória do dia seguinte.

- Memórias não ficam armazenadas permanentemente do hipocampo. Os registros são


transferidos para outros lugares, como o córtex. O sono auxilia essa consolidação da memória.

-
- O cerebelo desempenha um papel essencial na formação e no armazenamento das memórias
implícitas criadas pelo condicionamento clássico.

- Com o cerebelo lesionado, as pessoas não podem desenvolver certos reflexos condicionados.

- A formação de memórias implícitas precisa do cerebelo.

Memória de Longo Prazo

A memória de longo prazo é a que retém de forma definitiva a informação, permitindo sua
recuperação ou evocação. Nela estão contidos todos os nossos dados autobiográficos e todo
nosso conhecimento. Sua capacidade é praticamente ilimitada.

Você tem memória para tudo. No seu cérebro, hipocampo e amídala coordenam 5 jeitos de
gravar informações:

1. MEMÓRIA PROCESSUAL

É a memória que dá novas habilidades ao corpo, como andar de bicicleta e dirigir. É tão simples
que até os invertebrados têm.

2. MEMÓRIA EPISÓDICA

Os acontecimentos da sua vida, como o primeiro beijo, uma viagem ou o dia do seu casamento,
fazem parte desta memória.

3. MEMÓRIA VISUAL

Serve para registrar rostos, formas de objetos e lugares onde você esteve. É graças a ela que
você pensa na imagem de um cachorro quando alguém diz "cachorro".

4. MEMÓRIA TOPOCINÉTICA

É o seu GPS natural. Registra seus movimentos e a posição do corpo no espaço. Você sabe o
caminho de casa e memoriza instruções de direção por causa dela.

5. MEMÓRIA SEMÂNTICA

O que você aprendeu na escola, as palavras, os raciocínios e o sentido das coisas são gravados
por ela. Geralmente exige que as informações sejam repetidas várias vezes.

RECUPERAÇÃO – ACESSANDO A INFORMAÇÃO


- Recuperação: uma medida da memória em que a pessoa precisa recuperar informações
obtidas antes, como num teste de preenchimento de lacunas.

- As melhores pistas de recuperação vêm de associações que se formam no momento em que


codificamos uma memória. Cheiros, gostos e visões muitas vezes evocam a recuperação de
acontecimentos associados.

- Priming (pré-ativação) processo que desperta as associaões que ativam uma recuperação
mnemônica. É a memória desmemoriada, uma lembrança invisível, não explícita.

- Reconhecimento: uma medida da memória em que a pessoa precisa apenas identificar os


itens anteriormente aprendidos, como em um teste de múltipla escolha.

- Nossa memória de reconhecimento é incrivelmente rápida e vasta.

- REAPRENDIZAGEM: Uma medida da memória que avalia a quantidade de tempo ganho


quando se aprende um determinado assunto pela segunda vez.

- Nossa velocidade de reaprendizagem também revela a memória. A reaprendizagem é mais


rápida que a aprendizagem. Nós lembramos mais do que podemos recuperar.
EFEITOS DO CONTEXTO

- Colocar-se de volta no lugar onde aconteceu alguma coisa pode ajudar a ativar a recuperação
de uma lembrança.

- Às vezes, estar em um contexto semelhante a outro onde estivemos antes pode deflagrar
uma experiência de DEJÀ VU (JÁ VISTO). A situação atual pode estar carregada de pistas que,
inconscientemente, recuperam uma experiência parecida anterior.

ESQUECIMENTO

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