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Memória

 Conceito – é a capacidade de fixar, conservar e reproduzir, sob a forma de lembranças, as


impressões experimentadas anteriormente. Pode ser considerada como a conservação do
passado e do presente.

 Funções
- Capacidade de fixação: fixar as lembranças na mente.
- Capacidade de conservação: conservar as impressões fixadas.
- Capacidade de evocação: reproduzir as impressões fixadas no espírito.
- Capacidade de reconhecimento: reconhecer as impressões reproduzidas como fatos da
nossa experiência anterior.
- Capacidade de localização: localizar no tempo e no espaço a impressão reproduzida
e reconhecida.

*Temos ainda a capacidade de expectação, que é a antecipação do futuro por meio da


memória, isto é, da experiência adquirida.

 Qualidades
- Facilidade: quando as impressões são fixadas rapidamente;
- Tenacidade: quando as impressões fixadas são conservadas por muito tempo;
- Prontidão: quando são evocadas com presteza as lembranças;
- Fidelidade: quando as lembranças são recordadas com exatidão;
- Extensão: quando é retido um grande número de impressões.

É muito raro encontrar numa mesma pessoa todas as características acima. Existem pessoas
que aprendem com muita rapidez, mas esquecem também rapidamente o que aprenderam. Outras,
porém, conservam por muito tempo o que só conseguiram assimilar com esforço e lentidão.

 Estágios
- Memória de curto prazo: retém os dados durante minutos ou horas.
Ex.: gravar um número de telefone antes de discá-lo.
- Memória de longo prazo: retém os dados por dias ou anos.
Ex.: recordar o nosso próprio nome e o de nossos familiares.
 Formas
- Memória explícita: também chamada “declarativa”, é acessada conscientemente e
geralmente pode ser descrita em palavras.
Ex.: o primeiro encontro pessoal com Cristo.
- Memória implícita: refere-se a conhecimentos, hábitos e habilidades que são evocados de
maneira automática.
Ex.:andar de bicicleta.

 Tipos
Na prática, existem cinco tipos de memória. Alguns deles trabalham de forma implícita e
outros de forma explícita, e todos podem ser de curto ou longo prazo.
- Memória processual: é o tipo de memória que dá novas habilidades ao corpo, como
quando aprendemos a andar ou a andar de bicicleta e não mais esquecemos. É uma memória tão
simples que até mesmo os invertebrados a possuem.
- Memória sensorial: é a memória das imagens sensíveis, das coisas concretas. Pode dividir-
se em diversas memórias: das imagens, dos sons, dos odores, dos sabores, etc. Possibilita o
reconhecimento de lugares, pessoas e objetos.
- Memória topocinética: grava os nossos movimentos e registra a posição do corpo no
espaço. Possibilita, por exemplo, que nós sigamos instruções como “vire a primeira à esquerda e a
segunda à direita”.
- Memória do conhecimento: é a memória das idéias, das abstrações. Guarda as palavras,
raciocínios, o sentido das coisas, além de fatos e informações aprendidos no trabalho ou na escola,
por exemplo. Em geral é de longo prazo e exige que as informações sejam repetidas várias vezes.
- Memória episódica: é a memória dos acontecimentos da vida; portanto, é única para cada

especial ou uma grande decepção) e também as não-marcantes (o que comi no almoço


um de de
nós. Ela contém memórias marcantes (como um aniversário muito
ontem, por exemplo). É neste tipo de memória que se encontram as lembranças mais
fortes que existem: na memória afetiva, que é a memória das imagens que, em nossa história, foram
marcadas por um forte afeto. Ela acontece quando são revividos na lembrança os mesmos
sentimentos e emoções que marcaram a realização de um acontecimento. O nosso cérebro fortalece
essas lembranças porque entende que elas podem ser úteis para a sobrevivência. Porém, em
situações extremas, pode acontecer o contrário: as informações traumáticas, como um acidente de
carro, também podem ser bloqueadas.

*Os tipos de memória podem trabalhar associados entre si, como quando um perfume
(memória sensorial olfativa) nos lembra alguém que amamos (memória sensorial visual e memória
afetiva) e os fatos que vivemos com essa pessoa (memória episódica e afetiva).

 Natureza
- Estrutura: na estrutura da memória, acontecem dois fenômenos:
1. A conservação das representações: na maioria dos casos, a representação dos fatos não é
evocada. Ela pode estar ausente. Sabe-se, por exemplo, que se ouviu uma melodia, em tal dia,
em tal lugar, que tem um tal sentido, mas a imagem auditiva não aparece.
2. A conservação dos conhecimentos: é possível saber que ele está presente, sem que seja
necessário representá-lo. Quase sempre, o conhecimento é o único presente. Não precisamos
representar o fato para saber que ele existe. Esses conhecimentos estão sempre à nossa
disposição e é a sua presença contínua que permite que nossa atividade psicológica esteja, na
vigília, adaptada à realidade. Por exemplo, lembramos com facilidade nossa data de nascimento,
nosso endereço.

- Patologia: são as seguintes as principais doenças da memória:


1. Amnésia: é a perda total ou parcial da memória.
A perda total pode ser: temporária ou definitiva; periódica ou progressiva; anterógrada
(quando há incapacidade de adquirir lembranças novas) ou retrógrada (quando se perdem as
lembranças adquiridas).
A perda parcial pode ser: afasia ou incapacidade de falar (esquecimento dos sinais vocais
ou dos movimentos das palavras); agrafia ou amnésia dos sinais gráficos (incapacidade de ler
ou escrever).
2. Hipermnésia: exaltação da memória, tal como se verifica no sonho, na hipnose, nos
moribundos e em algumas doenças. Ex.: no stress pós-traumático, a pessoa lembra- se, sem o
desejar, e com freqüência, de cenas traumáticas vividas anteriormente, em uma guerra ou como
vítima de um seqüestro, por exemplo.
3. Paramnésia: perturbação da memória que nos faz confundir o presente com o passado e
julgar ver de novo aquilo que vemos pela primeira vez. É a ilusão do “já visto”, que, para alguns
autores, é antes uma alteração da percepção que da memória.

- Funções:
1. A memória toma parte em todas as manifestações da vida psicológica;
2. Não deixa, em um só momento, de exercer a sua função de inserir o passado no presente,
de atualizar, de acordo com as necessidades de cada instante, as experiências anteriores;
3. É a condição básica do desenvolvimento intelectual. Seria impossível realizar qualquer
atividade da inteligência sem a memória. Graças ao seu trabalho, a consciência se desenvolve com
firmeza e sem interrupção, assegurando a unidade e o equilíbrio de toda a nossa vida interior.
(possibilita a unidade do eu – onde pôr isso?)

 Disposições Gerais
- A memória, talento e dom de Deus, pode chegar a ser um precioso tesouro de conhecimentos
e experiências, devido à sua capacidade de arquivar dados que a ela foram confiados;
- O caminho da formação da memória é árduo e lento, pois supõe disciplina da concentração e o
exercício constante na memorização cotidiana. Ler é um dos melhores exercícios, já que, para
compreender o texto, precisamos evocar uma grande quantidade de informações fixadas na
memória.
- Para fortalecer lembranças importantes, é preciso repeti-las, associá-las com outros dados – e
esquecer as informações que não são importantes, pois estas podem enfraquecer aquelas, além
de ocupar espaço no cérebro desnecessariamente. Esse esquecimento já se dá de forma natural,
mas ajudamos quando não evocamos ou de alguma forma nos expomos a informações
irrelevantes.
- É muito útil ter sempre em mente dados importantes, como por exemplo datas de
acontecimentos históricos relevantes, nomes de pessoas que encontramos um dia, versículos e
passagens bíblicas.
-Um dos tipos de memória que necessita de cura, pois é muito importante nas relações
humanas, é a memória afetiva. Se esta não é canalizada, pode se tornar muito prejudicial à
própria pessoa e à vida comunitária. Através da oração e da formação pessoal, pode-se dar
novos significados e associar novos sentimentos a lembranças negativas, minimizando os
prejuízos. (é preciso explicar melhor?)
- Alerta: as lembranças podem ser criadas ou modificadas através da sugestão ou outras formas
(como quando tentamos completar uma lembrança incompleta e acabamos criando algo que
não aconteceu – “eu entrei em casa e... deixei as chaves sobre a mesa.”). Boa parte de nossas
lembranças não é real, isso porque os mecanismos cerebrais usados para evocar memórias e
para imaginar as coisas são os mesmos.
MEMÓRIA & FELICIDADE

Mude seu passado e seja mais feliz.


Lembranças positivas são a chave para uma vida melhor. E a ciência já conhece as ferramentas para
criá-las.

Texto de Alexandre de Santi (Super Interessante, edição 300/janeiro de 2012).

O futuro é inalcançável, porque está sempre à frente. E o presente dura poucos segundos.
A chave da felicidade está no passado – mais precisamente nas memórias afetivas que vai
construindo ao longo da vida. Se você conseguir controlá-las, será muito feliz. Veja como:

Você está feliz? Você está feliz agora? A resposta é mais complicada do que parece.
Perceba a diferença entre as duas perguntas. Na primeira eu perguntei se você está feliz, ou seja, se
está satisfeito com o andamento da sua vida. Na segunda, perguntei se você está feliz neste
momento, lendo está matéria. E, somando essas duas coisas, qual é o final? Feliz ou infeliz?
Provavelmente você hesitou antes de responder. Normal. E acontece porque a felicidade é uma
combinação meio complicada, uma mistura do presente com o passado. Você pode estar adorando
este texto, mas triste porque foi mal em uma prova ontem. Ou pode estar apaixonado por alguém,
feliz da vida, mas achando esta conversa chata. A felicidade é uma combinação do presente e do
passado. Só que o presente dura pouco. Para ser mais exato, 3 segundos.

A cada 3 segundos ele se torna passado. Essa ideia surgiu em um estudo do psicólogo francês
Paul Fraisse e hoje é aceita por diversos pesquisadores, como o também psicólogo Daniel
Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel. Após 3 segundos, todas as informações que passam pela sua
cabeça saem da consciência e são arquivadas nos sistemas de memória do cérebro. Isso significa que
você enxerga a própria vida, fundamentalmente, através da memória. E isso tem uma consequência
enorme: na prática, ela é o fator que mais pesa na felicidade. Mas está longe de ser confiável. Quase
sempre nossas lembranças omitem ou distorcem detalhes do que aconteceu.
Memórias Incríveis: Transformar o ordinário em extraordinário. Essa é a chave para criar
lembranças boas.

Pense num álbum de fotos. Você vai encontrar imagens do seu aniversário, do nascimento de
um sobrinho, das suas últimas férias. Uma foto pode registrar um momento sorridente seu e de seus
amigos em uma festa. Na imagem todos parecem felizes, e você lembra o momento de carinho. Mas
o sorriso da foto não registra, obrigatoriamente, a forma como você se sentia naquele dia. Todo
mundo já posou sorridente para um retrato, mesmo se a festa estava chata. Ao abrir o álbum, no
entanto, você sempre vai lembrar que a cerveja estava morna, que a carne do churrasco passou do
ponto, e do amigo que contava piadas ruins. A sua memória funciona como esse álbum.

A ciência está começando a entender como esse processo acontece. A memória é


influenciada por dois mecanismos. O primeiro é a negligência sobre a duração das nossas
experiências, ou seja, um instante de alegria intensa vale mais do que uma semana de felicidade
moderada. E o segundo é a tendência a atribuir muita importância aos momentos que vêm por
último, ou seja: se você foi assaltado no último dia de suas férias, certamente se lembrará delas de
forma ruim, mesmo que antes tenha passado 15 dias maravilhosos na praia. É como em filmes. As
reviravoltas e no final são mais marcantes do que o restante da história. E isso pode nos levar a
julgamentos equivocados.

Drible o esquecimento: A memória não registra o que acontece na maior parte do tempo.
Ela grava os momentos de maior emoção e/ou que acontecem no final de uma experiência (férias,
por exemplo). Para o cérebro, um instante de alegria pura, vale mais do que uma semana de bem-
estar moderado, cujos detalhes fatalmente acabarão descartados pela memória e não ajudarão
você a se sentir feliz no futuro. Por isso, é fundamental criar o máximo de momentos bons –
registrá-los da forma mais detalhada possível.

“A memória negligência a duração [dos eventos], e isso colabora com nossa preferência por
prazeres prolongados e dores curtas”, diz Daniel Kahneman em seu novo livro, Thinking, Fast and
Slow (“Pensando, Rápido e Devagar”, ainda sem tradução em português”). Numa experiência
coordenada por Kahneman, voluntários colocaram uma das mãos em um recipiente com água bem
gelada. Com a outra mão, os participantes utilizavam uma tecla para digitar a intensidade da dor.
Cada voluntário mergulhou a mão duas vezes. Na primeira, ficaram 1 minuto com a mão submersa
na água a 14 °C. Na segunda, a temperatura era a mesma – mas era preciso suportar 30 segundos a
mais. Só que nessa segunda vez Kahneman aplicou um truque. Nos últimos 30 segundos de
sofrimento, ele injetou um pouquinho de água morna na vasilha. Era muito pouco, o suficiente para
elevar a temperatura apenas um grau. Uma mudança praticamente imperceptível, que não aliviava
praticamente em nada o sofrimento dos voluntários. Era um truque para mostrar como a memória
engana as pessoas e pode fazê-las tomarem decisões irracionais. Deu certo: 80% dos voluntários
disseram que, se fossem obrigados a repetir a experiência, prefeririam um longo mergulho, que os
faria sofrer por mais tempo. Por que escolher mais? Se fôssemos totalmente racionais,
escolheríamos o sofrimento mais curto. As pessoas foram iludidas com a água morna – que dominou
as memórias delas, simplesmente porque veio por último. “O estudo das mãos geladas mostra que
não podemos confiar totalmente nas nossas escolhas. Preferências e decisões são moldadas pelas
memórias, e as memórias podem estar erradas”, acredita Kahneman.

Agora transponha essa ideia para a sua vida. Imagine que, no final das suas férias, todas as
fotos e os vídeos que você gravou serão apagados e você vai tomar uma poção mágica que vai
apagar todas as memórias da viagem. Seria horrível. As memórias das férias são tão importantes
quanto as férias em si. A foto e a possibilidade de compartilhar a viagem com familiares e amigos são
partes fundamentais da própria viagem. E isso leva ao primeiro segredo para influenciar a memória:
buscar experiências que rendam muitas lembranças – mesmo que elas são sejam necessariamente o
que você mais deseja fazer.
A EMOÇÃO DA MEMÓRIA

Pegue as fotos do seu aniversário. Você provavelmente se lembra de quem esteve neles, o
que foi servido, as conversas com os amigos. Também se lembra de onde estava, e o que estava
fazendo quando os aviões atingiram o World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Mas você se
recorda do dia 10 de setembro de 2001? Aposto que não. E isso acontece porque a sua memória não
foi desenvolvida para guardar tudo. “Temos tendência para lembrarmos de coisas que têm colorido
emocional”, explica a pesquisadora Lilian Stein, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUC-RS), especialista em memória emocional. A memória privilegia os momentos em que
vivemos as emoções mais fortes. É um recurso evolutivo. Na natureza selvagem, fazia sentido
preservar em detalhe episódios em que fomos ameaçados por predadores. Isso nos ajudava a
aprender com a experiência. Um Experimento realizado pelos pesquisadores Daniel Reisberg,
Friderike Heuer, John Mclean e Mark O’Shauggnessy provou que a situação de medo são as mais
gravadas na memória – numa escala de 0 a 1, obtiveram uma pontuação de 0,9, praticamente
empatadas com as situações tristes (0,89) e com vantagem sobre os momentos alegres (0,71). Em
outro estudo feito por 3 universidades americanas, cientistas exibiram um vídeo com cenas de
violência a dois grupos de estudantes. Os pesquisadores fizeram duas edições diferentes do filme,
ambas com 1min33s de duração. A única diferença era o meio da história. Uma das edições continha
uma cena de assassinato, e a outra não. O grupo que assistiu à versão violenta se lembrou de muito
mais detalhes do vídeo. Conclusão dos cientistas: os episódios dramáticos da vida geram memórias
fortes.

É por isso que ficamos entediados com as obrigações do dia a dia: a rotina não produz
sentimentos intensos. A memória é refém dos picos de emoção, como frustrações ocorridas no
trabalho e finais de semana alegres. Por isso, para ser feliz, evite a todo custo situações que possam
gerar memórias negativas (como um emprego ruim), mesmo que elas também prometam alguma
recompensa (salário alto). O contracheque gordo tende a virar rotina depois de certo tempo, e as
frustrações ficam marcadas na memória.

Reinterprete o passado: lembranças ruins são fortes, mas elas podem ganhar um novo
significado com o passar do tempo. A ciência já provou que as memórias passam por períodos de
instabilidade sempre que você recorda de alguma coisa. Isso significa que elas estão sujeitas a
ganhar novas informações – e, sim, serem alteradas. É possível reinterpretar lembranças
negativas. Bata que você passe por alguma situação feliz – ela cria um novo contexto, que permite
transformar as memórias ruins.

Evite o que é ruim: Não adianta encarar uma rotina infeliz em troca de compensação social
ou financeira. A alegria que você sente nos seus momentos de lazer dificilmente irá compensar a
infelicidade que reina na maior parte do tempo.

Repense as experiências: se você passou anos num emprego horrível, mas agora está
num lugar melhor, lembre-se de que aquele sofrimento ajudou você a crescer, foi fundamental
para forçá-lo a buscar algo novo. Uma memória ruim, transforma-se em algo bom.

Nas férias também é assim. É muito melhor fazer duas viagens de 15 dias do que uma de 30
dias. Isso porque as duas viagens irão gerar mais lembranças diferente (o que alimenta
positivamente a memória). E você estará evitando a rotina – uma sensação inevitável de passar 30
dias no mesmo lugar.

Não confie demais nas próprias memórias. O simples ato de se lembrar de uma coisa é
suficiente para distorcê-la. Outro estudo, feito pelos pesquisador Ulric Neisser e Nicole Harsh,
entrevistou pessoas dias após o acidente espacial com o ônibus espacial Challenger,
que explodiu durante seu lançamento em 1986. A pergunta era: onde você estava quando soube da
explosão do Challenger? Quase 3 anos depois os cientistas voltaram a falar com os voluntários, e
descobriram que as informações haviam sido radicalmente alteradas na memória deles (em alguns
casos, com lembranças totalmente opostas). Apesar disso, os entrevistados mantinham total
convicção e relatavam minuciosamente os detalhes, como se o acidente tivesse ocorrido no dia
anterior. – mesmo que tudo não passasse de memórias falsas.

Isso tem uma explicação neurológica. As memórias são armazenadas na forma de conexões
semipermanentes entre neurônios. Quando você se lembra de alguma coisa, essas conexões se
tornam instáveis e quimicamente sujeitas a modificações e distorções. A cada vez que você acessa
uma memória, ela pode ser alterada. É possível reprogramar lembranças ruins! “Quando utilizamos
as nossas memórias, a informação fica suscetível a mudanças, durante um tempo que pode durar”,
diz o cientista Martín Cammarota, da PUC- RS. E essa maleabilidade é importantíssima. Imagine um
homem pré-histórico que precisa atravessar um rio para buscar comida. Na primeira vez que tentou
cruzar as águas, viu que o rio era muito fundo, desistiu e registrou na memória que o rio não podia
ser atravessado. Meses depois, viu outra pessoa tentando – e conseguindo – atravessar o rio em
outro ponto. Se as memórias fossem imutáveis, essa informação não entraria na cabeça do primeiro
homem – que continuaria achando o rio algo intransponível. As memórias ficam instáveis quando as
acessadas justamente para permitir que novas informações sejam agregadas a elas. Se a memória
humana fosse 100% imutável, ninguém conseguiria aprender nada.

Vamos aplicar esse conceito na sua vida. Talvez você tenha passado por um emprego difícil.
Logo depois de pedir demissão, ou ser despedido, fica com uma memória ruim do tempo que passou
neste trabalho. Chefe carrasco, colegas cruéis, salário baixo, tudo isso vem à mente quando você
recorda esse período ruim.
Mas aí você consegue um emprego melhor, e tempos depois, o antigo trabalho ganha nova
interpretação. Você passa a achar que o período foi importante para amadurecer, que aprendeu
muita coisa no emprego antigo. E vive mais feliz. Esse tipo de alteração acontece naturalmente, mas
também pode ser induzida ou controlada. Pesquisadoras da Universidade de Montreal e da
Universidade John Hopkins estão desenvolvendo drogas que poderão ser capazes de apagar
memórias negativas da cabeça de pessoas.

Enquanto os remédios desenhados para atuar na memória não chegam as farmácias, você
pode utilizar outras técnicas para lidar melhor com a suas recordações. A readaptação de memórias
é um processo natural que acontece a todo momento sem que você perceba. Não temos total
controle sobre esse mecanismo nem os cientistas estão convictos de nosso poder sobre ele. Mas
existem dois campos da ciência que comprovadamente podem ajudar a controlá-lo: a Psicologia
Positiva e as terapias cognitivo- comportamentais. Lembra daquele emprego ruim? Você conseguiu
ter um novo olhar sobre o passado porque encontrou trabalho melhor. Dependemos de uma vida
feliz no presente para conviver melhor com os acontecimentos do passado e para produzir boas
lembranças das coisas que vivemos agora. Mas não serve qualquer tipo de felicidade. É preciso
buscar um tipo específico de felicidade, que dribla as limitações da mente humana. O truque é
provocar variações no cotidiano, o que fará com que ele se enquadre na categoria de eventos
“diferentes” e acabe gravado na memória. “Os hábitos são uma grande oportunidade, porque
podemos mudá-los”, diz James Pawelski, da Associação Internacional de Psicologia Positiva.

O segundo caminho é encontrar alguma coisa que você goste muito, mas muito mesmo. Você
já deve ter feito alguma atividade na vida em que pensou “Puxa, eu poderia
passar a vida inteira fazendo isso”. Essa sensação de parar o tempo tem uma importância maior do
que aparenta. Músicos passam horas em concentração profunda aprendendo um trecho complicado
de uma música. Para quem toca um instrumento e não sente a sensação de parar o tempo,
destrinchar compassos difíceis pode ser uma tortura e vira motivo para abandonar o instrumento.
Afinal, você tem uma memória negativa da tarefa.

Mas quem sente uma concentração absoluta, quem vê o tempo passar diante de uma
atividade complicada (e agradável), vai querer repetir a experiência, e as 5 ou 6 horas sentado na
mesmo posição repetindo uma melhoria à exaustão se tornarão uma memória positiva. E a coisa vai
além.

Segundo Martin Seligman, psicólogo da Universidade da Pensilvânia, pessoas felizes


costumam relatar a necessidade de repetir com frequência experiências de “passar o tempo”, um
conceito conhecido como “fluxo”. “Você se sente totalmente em casa”, explica Seligman em um
artigo no livro The Mind (“A Mente”, sem tradução para o português). “O que você tira disso não é a
propensão a rir bastante. O que você atinge é um fluxo, e, quanto mais você investe nas suas
maiores forças, maior o fluxo que você atinge na sua vida”, completa. É como se os benefícios dessas
experiências prazerosas irrigassem satisfação para outras áreas da vida, criando condições para que
estabeleça um fluxo positivo para produzir memórias mais interessantes sobre o presente e para
reinterpretar recordações do passado. Um emprego ou uma aula chata podem se tornar suportáveis
se você consegue parar o tempo quando chega em casa, fazendo uma coisa de que gosta. Alguns
sortudos conseguem atingir este nível de concentração e prazer no próprio trabalho, outros em
hobbies como a música, a jardinagem e tarefas manuais. Seja qual for a sua escolha, boas memórias
dependem do contado com essa fluidez. Quanto sentimos a felicidade acontecendo no presente, e
não somente no passado

Persiga o diferente: Faça coisas novas. Por exemplo: comer coisas de que você NÃO gosta.
Isso irá criar memórias fortes – mesmo se você não gostar do sabor do jiló, a experiência (e a
lembrança dela) fará arroz com feijão parecer saboroso.
O futuro é inalcançável, porque está sempre à frente. E o presente dura poucos segundos. A
chave da felicidade está no passado – mais precisamente nas memórias afetivas que vão se
construindo ao longo da vida. Se você conseguir controlá-las, será muito feliz. Veja como:
Memórias Incríveis: Transformar o ordinário em extraordinário. Essa é a chave para criar lembranças
boas. (SACRAMENTO DO MOMENTO – LOUVAR COM A VIDA)

A felicidade é uma combinação do presente e do passado. Só que o presente dura pouco.


Para ser mais exato, 3 segundos. Após 3 segundos, todas as informações que passam pela sua
cabeça saem da consciência e são arquivadas nos sistemas de memória do cérebro. Isso significa que
você enxerga a própria vida, fundamentalmente, através da memória.
A ciência está começando a entender como esse processo acontece. A memória é
influenciada por dois mecanismos. O primeiro é a negligência sobre a duração das nossas
experiências, ou seja, um instante de alegria intensa vale mais do que uma semana de felicidade
moderada. E o segundo é a tendência a atribuir muita importância aos momentos que vêm por
último, ou seja: se você foi assaltado no último dia de suas férias, certamente se lembrará delas de
forma ruim, mesmo que antes tenha passado 15 dias maravilhosos na praia. É como em filmes. As
reviravoltas e no final são mais marcantes do que o restante da história. E isso pode nos levar a
julgamentos equivocados.
O primeiro segredo para influenciar a memória: buscar experiências que rendam muitas
lembranças – mesmo que elas são sejam necessariamente o que você mais deseja fazer.

“Temos tendência para lembrarmos de coisas que têm colorido emocional”. A memória privilegia os
momentos em que vivemos as emoções mais fortes. Os episódios dramáticos da vida geram
memórias fortes. É por isso que ficamos entediados com as obrigações do dia a dia: a rotina não
produz sentimentos intensos. A memória é refém dos picos de emoção, como frustrações ocorridas
no trabalho e finais de semana alegres. Por isso, para ser feliz, evite a todo custo situações que
possam gerar memórias negativas (como um emprego ruim), mesmo que elas também prometam
alguma recompensa (salário alto). O contracheque gordo tende a virar rotina depois de certo tempo,
e as frustrações ficam marcadas na memória.

Reinterprete o passado: lembranças ruins são fortes, mas elas podem ganhar um novo
significado com o passar do tempo. A ciência já provou que as memórias passam por períodos de
instabilidade sempre que você recorda
de alguma coisa. Isso significa que elas estão sujeitas a ganhar novas

informações – e, sim, serem alteradas. É possível reinterpretar lembranças


negativas. Basta que você passe por alguma situação feliz – ela cria um novo contexto, que permite
transformar as memórias ruins.
Repense as experiências: se você passou anos num emprego horrível, mas agora está num
lugar melhor, lembre-se de que aquele sofrimento ajudou você a crescer, foi fundamental para forçá-
lo a buscar algo novo. Uma memória ruim, transforma-se em algo bom.

Não confie demais nas próprias memórias. O simples ato de se lembrar de uma coisa é suficiente
para distorcê-la

. As memórias são armazenadas na forma de conexões semipermanentes entre neurônios. Quando


você se lembra de alguma coisa, essas conexões se tornam instáveis e quimicamente sujeitas a
modificações e distorções. A cada vez que você acessa uma memória, ela pode ser alterada. É
possível reprogramar lembranças ruins! “Quando utilizamos as nossas memórias, a informação fica
suscetível a mudanças, durante um tempo que pode durar”

Imagine um homem pré-histórico que precisa atravessar um rio para buscar comida. Na
primeira vez que tentou cruzar as águas, viu que o rio era muito fundo, desistiu e registrou na
memória que o rio não podia ser atravessado. Meses depois, viu outra pessoa tentando – e
conseguindo – atravessar o rio em outro ponto. Se as memórias fossem imutáveis, essa informação
não entraria na cabeça do primeiro homem – que continuaria achando o rio algo intransponível. As
memórias ficam instáveis quando as acessadas justamente para permitir que novas informações
sejam agregadas a elas. Se a memória humana fosse 100% imutável, ninguém conseguiria aprender
nada.

Você pode utilizar outras técnicas para lidar melhor com a suas recordações o truque é
provocar variações no cotidiano, o que fará com que ele se enquadre na categoria de eventos
“diferentes” e acabe gravado na memória.

O segundo caminho é encontrar alguma coisa que você goste muito, mas muito mesmo.
Pessoas felizes costumam relatar a necessidade de repetir com frequência experiências de “passar o
tempo”, um conceito conhecido como “fluxo”. “Você se sente totalmente em casa” É como se os
benefícios dessas experiências prazerosas irrigassem satisfação para outras áreas da vida, criando
condições para que estabeleça um fluxo positivo para produzir memórias mais interessantes sobre o
presente e para reinterpretar recordações do passado

Persiga o diferente: Faça coisas novas. Por exemplo: comer coisas de que você NÃO gosta.
Isso irá criar memórias fortes – mesmo se você não
gostar do sabor do jiló, a experiência (e a lembrança dela) fará arroz com feijão parecer saboroso.

Síntese:

 Construção de um futuro feliz produzindo boas memórias (a partir de ações que


transformam o cotidiano em extraordinário).

 Edição positiva das memórias ruins do meu passado.

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