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Psicologia – Módulo 3

Processos cognitivos, emocionais


e motivacionais
Processos cognitivos, emocionais e
motivacionais

• Processos cognitivos – estão relacionados com


o saber, com o conhecimento, reportam-se à
utilização, transformação e criação de
informação. Destes processos fazem parte a
perceção, a memória, a aprendizagem, a
inteligência, o pensamento e a atenção.
• Processos emocionais – estão relacionados
com o sentir; são estados vividos pelo sujeito
muito marcados pela subjectividade.
Correspondem às vivências de prazer e
desprazer e à interpretação das relações que
temos com as pessoas, objectos e ideias.
Fazem parte dos processos emocionais as
emoções, os afetos, os sentimentos e a
inteligência emocional.
• Processos motivacionais – estão relacionados
com o fazer, refletem-se em ações e
comportamentos. São os processos
motivacionais que explicam a fome, a sede, o
sono, o desejo de estar com os outros, a
realização pessoal.

Todos estes processos estão interligados e estão


presentes nos nossos comportamentos.
Processos cognitivos – a perceção
• A perceção é um processo cognitivo através do
qual contactamos com o mundo. É a ação e o
efeito de perceber ou percecionar - receber
através de um dos sentidos as imagens,
impressões ou sensações externas, ou
compreender e conhecer algo.
• A perceção é a função que permite ao
organismo receber, elaborar e interpretar a
informação que chega do meio circundante
através dos sentidos.
• A perceção depende do sistema sensorial, ou seja,
dos sentidos: visão, olfato, audição, tato e paladar.

estímulo físico → orgão recetor →


impulsos nervosos → perceção

• A perceção começa nos órgãos sensoriais que são


sensíveis a determinados estímulos. A este processo
damos o nome de sensação. Essa sensação é
traduzida num impulso nervoso ( forma de
transmitir informação a todo o organismo) e é
processada pelo cérebro.
• A perceção é a interpretação das informações
recebidas pelos orgãos sensoriais, ou seja,
implica a atribuição de significado, que se
relaciona com a nossa experiência.

• Ex: o perfume que se mantém numa peça de


roupa – a sensação apenas forneceu informação
sobre o odor. A perceção interpretou-o, deu-lhe
um sentido: identificaste-o, reconheceste-o e
associaste-o a uma pessoa, produzindo uma
sensação de bem ou mal estar.
A memória
• A nossa memória retém conhecimentos, informações,
ideias, acontecimentos e outros que nos tornam
únicos e asseguram a nossa identidade. A memória
assegura que retemos o que já aprendemos e que
continuaremos a apreender novos conhecimentos,
sentimentos e experiências.

• Se perdêssemos a memória, deixaríamos de ser quem


somos, dado que o fomos, o que somos e o que
seremos depende dela.
• A memória é, assim, essencial à nossa
sobrevivência porque permite atualizar
informação necessária para dar resposta aos
desafios do meio.

• É devido à memória que não pomos a mão numa


chapa quente, que não nos aproximamos de um
animal perigoso, que não passamos um sinal
vermelho, que falamos, etc. Quase tudo o que
fazemos exige memória.
Definição de memória

Podemos definir memória como um conjunto de


processos e estruturas que codificam,
armazenam e recuperam informações sensoriais
e experiências. É a capacidade que o cérebro
tem de armazenar, reter e recordar a
informação.
Processos de memorização
• O processo de memorização envolve três fases:

1. adquirir/codificar a informação: é a primeira operação da


memória que prepara as informações sensoriais para serem
armazenadas no cérebro.

2. armazenar a informação: as informações ficam registadas


num código e armazenadas em várias áreas cerebrais;

3. recuperar e utilizar a informação: é o processo que


permite lembrar uma determinada informação.
Tipos de memória
• O tempo que uma recordação perdura é muito
variável. Assim, classificamos a memória quanto à
duração em dois tipos:

- memória a curto prazo: é a memória que retém a


informação durante um período limitado de tempo,
podendo ser esquecida ou passar para memória a longo
prazo. Este tipo de memória permite recordar, por
exemplo: um número ou letra durante 30 segundos;
uma tarefa que temos de fazer até amanhã; um número
de telefone que não tivemos tempo de registar, etc.
• Na memória a curto prazo, as informações
retidas por breve período de tempo, ou se
apagam para reter novos dados ou passam para
a memória a longo prazo.

• Qualquer informação que tenha estado na


memória a curto prazo e que se tenha perdido,
estará perdida para sempre, só se mantendo se
passar para a memória a longo prazo.
- memória a longo prazo: este tipo de memória
mantém informação durante horas, meses ou
toda a vida. Neste tipo de memória, existem
diferentes modalidades de armazenamento,
para diferentes registos: visual, auditivo,
olfativo, táctil e da linguagem e do movimento.
Curiosidade

• Memória eidética: alguns sortudos têm este


tipo de memória, popularmente conhecida
como memória fotográfica. É a capacidade de
se lembrar de coisas vistas, com um nível de
detalhe perfeito, envolvendo memórias
extraordinariamente precisas e vívidas,
especialmente as visuais.
Questões

1. Diz o que se entende por:


a) processos cognitivos;
b) processos emocionais;
c) processos motivacionais.
2. Explicita o conceito de perceção.
3. Diz o que se entende por memória e explicita a sua
importância.
4. Identifica os processos de memorização.
5. Distingue os tipos de memória.
5.1. Dá dois exemplos de informações que ficam em
cada um dos tipos de memória.
1. Diz o que se entende pela função selectiva da
memória.
2. Identifica os três tipos de esquecimento.
2.1. Explicita um, à tua escolha.
3. Explicita o conceito de recalcamento.
4. Diz o que se entende por inteligência.
4.1. Distingue os três tipos de inteligência.
5. Distingue as duas teorias sobre a origem da
inteligência.
MEMÓRIA E ESQUECIMENTO
Normalmente, associa-se o esquecimento a uma
falha mental ou até uma patologia, mas sem o
esquecimento ser-nos-ia impossível continuar a
memorizar informação.

Portanto, o esquecimento serve como que um filtro


daquilo que ainda nos é importante. Este processo
designa-se por função seletiva e adaptativa.
• A própria memória também tem um carácter
adaptativo pois ela não memoriza tudo a que
estamos expostos no dia-a-dia (a informação é
transformada).

• Contudo, o esquecimento pode ser negativo,


quando surgem dificuldades em reter novos
materiais e em recordar conhecimento, nomes ou
factos aprendidos recentemente. Este tipo de
esquecimento ataca sobretudo pessoas de certa
idade.
Existem três tipos de esquecimento:

• interferência de aprendizagem (como que uma


reciclagem de informação): as novas memórias
interferem com a recuperação das memórias mais
antigas. Os materiais que não conseguimos
recordar sofrem modificações, geralmente por
efeito de transferências de aprendizagens e
experiências posteriores.
• regressivo, ocorre quando surgem dificuldades em
reter novos materiais e em recordar
conhecimentos, factos, nomes aprendidos
recentemente (não se consegue decorar nem
lembrar); deve-se à degeneração dos tecidos
cerebrais.

• motivado: nós esquecemos o que,


inconscientemente, nos convém; os conteúdos
traumatizantes, penosos, as recordações
angustiantes são esquecidos para evitar a angústia
e a ansiedade, assegurando, assim, o equilíbrio
psicológico – recalcamento.
Recalcamento

Através deste processo, os conteúdos do


inconsciente seriam impedidos de aceder à
consciência. Constitui um mecanismo de defesa
através do qual pensamentos, sentimentos e
recordações dolorosas são afastados da consciência
com o objetivo de reduzir a tensão. Os conteúdos
recalcados, “esquecidos”, não podem ser
recuperados através de um acto de vontade.
A INTELIGÊNCIA
O termo inteligência é subjetivo e é usado com
diferentes significados. Podemos tentar definir
inteligência como:
- Capacidade de enfrentar situações novas e de se
adaptar a elas de forma rápida e eficiente;
- Capacidade de utilizar, com eficácia, conceitos
abstratos;
- Capacidade de fazer relacionações e aprender
rapidamente.
Podemos distinguir três tipos de inteligência:

- prática: capacidade de resolver problemas através


da manipulação de objetos (presente na
invenção, fabrico e uso de objetos);
- teórica ou concetual: envolve o recurso à
linguagem e de outros sistemas simbólicos,
manifesta-se na capacidade de compreensão,
raciocínio e tomada de decisão;
- social: manifesta-se na vida em sociedade e na
resolução de problemas interpessoais.
A origem da inteligência
A origem da inteligência é um assunto que divide
opiniões, tendo duas teorias principais:
Teoria Inatistas Ambientalistas
Conceção de A inteligência é A inteligência é
inteligência um dom. adquirida.

Papel da A inteligência é O papel da


hereditariedade determinada hereditariedade
geneticamente. é irrelevante.

Papel do meio A influência do O meio


ambiente meio é reduzida. determina a
inteligência.
Questões

1. Diz o que se entende pela função selectiva da


memória.
2. Identifica os três tipos de esquecimento.
2.1. Explicita um, à tua escolha.
3. Explicita o conceito de recalcamento.
4. Diz o que se entende por inteligência.
5. Identifica os três tipos de inteligência.
5.1. Explicita um, à tua escolha.
6. Distingue as duas teorias sobre a origem da
inteligência.
Medir a inteligência
O termo Quociente de Inteligência (QI) visa
determinar a relação entre a idade mental
(IM) e a idade cronológica (IC).

Para medir o QI, são realizados uma série de


testes, formados por questões e exercícios
sobre figuras, números, letras e palavras,
com grau de dificuldade que varia de acordo
com a idade.
Perspectivas sobre a inteligência

Teoria das inteligências múltiplas – Gardner:


- lógico-matemática: aptidão para raciocinar, formular e
validar hipóteses, capacidade de raciocínio lógico e
resolução de problemas matemáticos;

- Inteligência Espacial: habilidades que permitem criar


imagens mentais, desenhar e identificar detalhes, além
de um sentimento pessoal de estética.
- Inteligência musical: funções relacionadas ao
desempenho e à composição da música, tocar
instrumentos, ler e compor peças musicais com
facilidade.

- Inteligência linguística: capacidade de comunicação


oral, mas a outras formas de comunicação como a
escrita, gestual, etc. 

- Inteligência corporal e sinestésica: utilizar ferramentas


para expressar certas emoções; a capacidade intuitiva
da inteligência corporal é utilizada para expressar
sentimentos através do corpo.
- Inteligência intrapessoal: possibilita aprofundar a
visão e compreender as razões sobre o porquê de
uma pessoa ser como é; permite aceder aos seus
sentimentos e refletir sobre eles.

- Inteligência Interpessoal:  possibilita interpretar


palavras, gestos, objetivos e metas subentendidos
em cada discurso; melhora a nossa capacidade de
empatia; detectar e compreender as circunstâncias
e problemas dos outros.
- Inteligência naturalista : detecta, diferencia
e categoriza as questões relacionadas com a
natureza, como espécies animais e vegetais
ou fenómenos relacionados ao clima,
geografia ou fenómenos naturais.

- Inteligência existencial: capacidade de


colocar questões sobre problemas da
existência ‘Qual a origem do universo?’, ‘O
que acontece para além da morte?’, etc.
1. Diz o que se entende por processos cognitivos,
emocionais e motivacionais.
2. Explicita a importância da perceção.
3. Explicita a importância da memória e identifica os
dois existentes.
4. Identifica os processos de memorização.
5. Diz o que se entende pela função selectiva da
memória.
6. Identifica os três tipos de esquecimento.
7. Diz o que se entende por inteligência e identifica os
três tipos.
8. Distingue as duas teorias sobre a origem da
inteligência.
9. Identifica as inteligências múltiplas, de acordo com
Gardner.
9.1. Explicita duas, à tua escolha.
O Pensamento
O conceito de pensamento está associado ao da
inteligência, uma vez que pensar é a função
intelectual que envolve a compreensão, a tomada
de decisões, as descobertas mentais, a elaboração
de teorias, a planificação, a aprendizagem, etc.

Assim, pensar é uma função da mente que é


contínua e que envolve quase todos os nossos
processos mentais.
 
O pensamento é a capacidade de compreender,
formar conceitos e de os organizar.

Dentro do pensamento, podemos distinguir dois


tipos:

- Pensamento divergente (mas limitado e pouco


criativo);
- Pensamento convergente (pensamento criador).
- Pensamento divergente: é um modo de
pensamento orientado para a obtenção de uma
única resposta a uma situação. Carateriza-se por
ser conformista, prudente, rigoroso, mas limitado
e pouco criativo.

- Pensamento convergente: pensamento criador.


Perante o problema, procura todas as soluções
possíveis, desenvolve respostas por meio de
ensaios e erros, por aproximação experimental.
Processos emocionais
Podemos conhecer o estado emocional de uma
pessoa através das expressões faciais, do
movimento das mãos, da postura e até do tom de
voz.

Mesmo que tentemos, não conseguimos esconder


as nossas emoções, dado que não conseguimos
esconder a nossa comunicação não verbal (gestos,
sorrisos, tom de voz, expressões faciais, etc).
As emoções
Podemos definir as emoções como experiências
subjetivas, desencadeadas por um acontecimento,
pessoa ou situação. As emoções podem ser
acompanhadas de reações orgânicas, gestos,
movimentos e expressões vocais.

As emoções têm 3 componentes:

- Componente cognitiva: é o conhecimento de um


facto.
- Componente fisiológica: refere-se às
manifestações orgânicas da emoção. Ex: aumento
do batimento cardíaco.

- Componente comportamental: Trata-se de uma


predisposição ou intenção relativamente ao que
pretendemos fazer ou dizer, ou seja, da tendência
para reagir e actuar de dada forma. É o desejo de
adquirir livros para ler, ou a vontade de não pôr
um cigarro na boca.
Inteligência Emocional
• A inteligência emocional envolve a aptidão para
reconhecer as emoções dos outros e responder-
lhes de modo adequado, bem como a capacidade
para compreender as próprias emoções e
regular/controlar as suas expressões.

• As pessoas com altos níveis de inteligência


emocional têm mais sucesso na sua carreira
profissional e nas relações afetivas com os outros.
Ainda que diferentes, a inteligência emocional e a
cognitiva não se opõem. As competências
emocionais e intelectuais devem articular-se e
complementam-se.

Inteligência

Cognitiva Emocional
Gestão das emoções

Daniel Goleman faz algumas sugestões para fazermos a


gestão das emoções e desenvolvermos a inteligência
emocional:

1º. Autoconhecimento emocional: conhecimento que o


indivíduo tem dos seus sentimentos, afetos e
intuição. Só depois de uma pessoa ter conhecimento
dos seus sentimentos e emoções é que pode
compreender o que acontece com os outros.
2º. Autocontrolo: é a capacidade de gerir o nosso
estado interior, canalizando as emoções para um
comportamento adaptado e apropriado às
diferentes situações.

3º. Automotivação: é importante direcionar as


emoções para atingir as metas e os objetivos
estabelecidos. Se estivermos motivados, otimistas
e empenhados, torna-se mais fácil atingir os
nossos objetivos.
4º. Empatia: reconhecer as emoções, sentimentos,
necessidades e preocupações das outras pessoas
é ser capaz de se colocar no seu lugar. Esta
competência permite compreender os outros,
para uma melhor gestão das relações.

5º. Gestão de relacionamentos pessoais: aptidão e


facilidade de relacionamento – resolução de
conflitos, negociação, coesão de grupo.
Processos motivacionais
Podemos definir motivação como o conjunto de
impulsos que orientam o comportamento de uma
pessoa em determinado fim ou objetivo.

Um comportamento motivado caracteriza-se por:


- Ser um comportamento orientado para um
objectivo;
- Ser ativado e controlado por forças internas
(biológicas)ou externas (sociais).
Ciclo motivacional
O ciclo motivacional é o processo desencadeado
por uma necessidade, que gera um impulso, o
qual orienta e organiza a ação em direção ao
objetivo.
1. NECESSIDADE

4. SACIEDADE 2. IMPULSO

3. COMPORTAMENTO
Tipos de motivações

Podemos distinguir três tipos de motivações:

- Motivações biológicas: como o sono e a fome;

- Motivações sociais: como a necessidade de


prestígio e de sucesso;

- Motivações combinadas: como o comportamento


sexual e o comportamento maternal.
Questões
1. Identifica as inteligências múltiplas, de acordo com
Gardner.
2. Identifica as componentes das emoções.
3. Diz o que se entende por inteligência emocional.
4. Identifica os passos para gerir as emoções e
desenvolver a inteligência emocional.
5. Define motivação.
6. Carateriza um comportamento motivado.
7. Identifica os passos do ciclo motivacional.
8. Identifica os tipos de motivações.

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