e motivacionais Processos cognitivos, emocionais e motivacionais
• Processos cognitivos – estão relacionados com
o saber, com o conhecimento, reportam-se à utilização, transformação e criação de informação. Destes processos fazem parte a perceção, a memória, a aprendizagem, a inteligência, o pensamento e a atenção. • Processos emocionais – estão relacionados com o sentir; são estados vividos pelo sujeito muito marcados pela subjectividade. Correspondem às vivências de prazer e desprazer e à interpretação das relações que temos com as pessoas, objectos e ideias. Fazem parte dos processos emocionais as emoções, os afetos, os sentimentos e a inteligência emocional. • Processos motivacionais – estão relacionados com o fazer, refletem-se em ações e comportamentos. São os processos motivacionais que explicam a fome, a sede, o sono, o desejo de estar com os outros, a realização pessoal.
Todos estes processos estão interligados e estão
presentes nos nossos comportamentos. Processos cognitivos – a perceção • A perceção é um processo cognitivo através do qual contactamos com o mundo. É a ação e o efeito de perceber ou percecionar - receber através de um dos sentidos as imagens, impressões ou sensações externas, ou compreender e conhecer algo. • A perceção é a função que permite ao organismo receber, elaborar e interpretar a informação que chega do meio circundante através dos sentidos. • A perceção depende do sistema sensorial, ou seja, dos sentidos: visão, olfato, audição, tato e paladar.
estímulo físico → orgão recetor →
impulsos nervosos → perceção
• A perceção começa nos órgãos sensoriais que são
sensíveis a determinados estímulos. A este processo damos o nome de sensação. Essa sensação é traduzida num impulso nervoso ( forma de transmitir informação a todo o organismo) e é processada pelo cérebro. • A perceção é a interpretação das informações recebidas pelos orgãos sensoriais, ou seja, implica a atribuição de significado, que se relaciona com a nossa experiência.
• Ex: o perfume que se mantém numa peça de
roupa – a sensação apenas forneceu informação sobre o odor. A perceção interpretou-o, deu-lhe um sentido: identificaste-o, reconheceste-o e associaste-o a uma pessoa, produzindo uma sensação de bem ou mal estar. A memória • A nossa memória retém conhecimentos, informações, ideias, acontecimentos e outros que nos tornam únicos e asseguram a nossa identidade. A memória assegura que retemos o que já aprendemos e que continuaremos a apreender novos conhecimentos, sentimentos e experiências.
• Se perdêssemos a memória, deixaríamos de ser quem
somos, dado que o fomos, o que somos e o que seremos depende dela. • A memória é, assim, essencial à nossa sobrevivência porque permite atualizar informação necessária para dar resposta aos desafios do meio.
• É devido à memória que não pomos a mão numa
chapa quente, que não nos aproximamos de um animal perigoso, que não passamos um sinal vermelho, que falamos, etc. Quase tudo o que fazemos exige memória. Definição de memória
Podemos definir memória como um conjunto de
processos e estruturas que codificam, armazenam e recuperam informações sensoriais e experiências. É a capacidade que o cérebro tem de armazenar, reter e recordar a informação. Processos de memorização • O processo de memorização envolve três fases:
1. adquirir/codificar a informação: é a primeira operação da
memória que prepara as informações sensoriais para serem armazenadas no cérebro.
2. armazenar a informação: as informações ficam registadas
num código e armazenadas em várias áreas cerebrais;
3. recuperar e utilizar a informação: é o processo que
permite lembrar uma determinada informação. Tipos de memória • O tempo que uma recordação perdura é muito variável. Assim, classificamos a memória quanto à duração em dois tipos:
- memória a curto prazo: é a memória que retém a
informação durante um período limitado de tempo, podendo ser esquecida ou passar para memória a longo prazo. Este tipo de memória permite recordar, por exemplo: um número ou letra durante 30 segundos; uma tarefa que temos de fazer até amanhã; um número de telefone que não tivemos tempo de registar, etc. • Na memória a curto prazo, as informações retidas por breve período de tempo, ou se apagam para reter novos dados ou passam para a memória a longo prazo.
• Qualquer informação que tenha estado na
memória a curto prazo e que se tenha perdido, estará perdida para sempre, só se mantendo se passar para a memória a longo prazo. - memória a longo prazo: este tipo de memória mantém informação durante horas, meses ou toda a vida. Neste tipo de memória, existem diferentes modalidades de armazenamento, para diferentes registos: visual, auditivo, olfativo, táctil e da linguagem e do movimento. Curiosidade
• Memória eidética: alguns sortudos têm este
tipo de memória, popularmente conhecida como memória fotográfica. É a capacidade de se lembrar de coisas vistas, com um nível de detalhe perfeito, envolvendo memórias extraordinariamente precisas e vívidas, especialmente as visuais. Questões
1. Diz o que se entende por:
a) processos cognitivos; b) processos emocionais; c) processos motivacionais. 2. Explicita o conceito de perceção. 3. Diz o que se entende por memória e explicita a sua importância. 4. Identifica os processos de memorização. 5. Distingue os tipos de memória. 5.1. Dá dois exemplos de informações que ficam em cada um dos tipos de memória. 1. Diz o que se entende pela função selectiva da memória. 2. Identifica os três tipos de esquecimento. 2.1. Explicita um, à tua escolha. 3. Explicita o conceito de recalcamento. 4. Diz o que se entende por inteligência. 4.1. Distingue os três tipos de inteligência. 5. Distingue as duas teorias sobre a origem da inteligência. MEMÓRIA E ESQUECIMENTO Normalmente, associa-se o esquecimento a uma falha mental ou até uma patologia, mas sem o esquecimento ser-nos-ia impossível continuar a memorizar informação.
Portanto, o esquecimento serve como que um filtro
daquilo que ainda nos é importante. Este processo designa-se por função seletiva e adaptativa. • A própria memória também tem um carácter adaptativo pois ela não memoriza tudo a que estamos expostos no dia-a-dia (a informação é transformada).
• Contudo, o esquecimento pode ser negativo,
quando surgem dificuldades em reter novos materiais e em recordar conhecimento, nomes ou factos aprendidos recentemente. Este tipo de esquecimento ataca sobretudo pessoas de certa idade. Existem três tipos de esquecimento:
• interferência de aprendizagem (como que uma
reciclagem de informação): as novas memórias interferem com a recuperação das memórias mais antigas. Os materiais que não conseguimos recordar sofrem modificações, geralmente por efeito de transferências de aprendizagens e experiências posteriores. • regressivo, ocorre quando surgem dificuldades em reter novos materiais e em recordar conhecimentos, factos, nomes aprendidos recentemente (não se consegue decorar nem lembrar); deve-se à degeneração dos tecidos cerebrais.
• motivado: nós esquecemos o que,
inconscientemente, nos convém; os conteúdos traumatizantes, penosos, as recordações angustiantes são esquecidos para evitar a angústia e a ansiedade, assegurando, assim, o equilíbrio psicológico – recalcamento. Recalcamento
Através deste processo, os conteúdos do
inconsciente seriam impedidos de aceder à consciência. Constitui um mecanismo de defesa através do qual pensamentos, sentimentos e recordações dolorosas são afastados da consciência com o objetivo de reduzir a tensão. Os conteúdos recalcados, “esquecidos”, não podem ser recuperados através de um acto de vontade. A INTELIGÊNCIA O termo inteligência é subjetivo e é usado com diferentes significados. Podemos tentar definir inteligência como: - Capacidade de enfrentar situações novas e de se adaptar a elas de forma rápida e eficiente; - Capacidade de utilizar, com eficácia, conceitos abstratos; - Capacidade de fazer relacionações e aprender rapidamente. Podemos distinguir três tipos de inteligência:
- prática: capacidade de resolver problemas através
da manipulação de objetos (presente na invenção, fabrico e uso de objetos); - teórica ou concetual: envolve o recurso à linguagem e de outros sistemas simbólicos, manifesta-se na capacidade de compreensão, raciocínio e tomada de decisão; - social: manifesta-se na vida em sociedade e na resolução de problemas interpessoais. A origem da inteligência A origem da inteligência é um assunto que divide opiniões, tendo duas teorias principais: Teoria Inatistas Ambientalistas Conceção de A inteligência é A inteligência é inteligência um dom. adquirida.
Papel da A inteligência é O papel da
hereditariedade determinada hereditariedade geneticamente. é irrelevante.
Papel do meio A influência do O meio
ambiente meio é reduzida. determina a inteligência. Questões
1. Diz o que se entende pela função selectiva da
memória. 2. Identifica os três tipos de esquecimento. 2.1. Explicita um, à tua escolha. 3. Explicita o conceito de recalcamento. 4. Diz o que se entende por inteligência. 5. Identifica os três tipos de inteligência. 5.1. Explicita um, à tua escolha. 6. Distingue as duas teorias sobre a origem da inteligência. Medir a inteligência O termo Quociente de Inteligência (QI) visa determinar a relação entre a idade mental (IM) e a idade cronológica (IC).
Para medir o QI, são realizados uma série de
testes, formados por questões e exercícios sobre figuras, números, letras e palavras, com grau de dificuldade que varia de acordo com a idade. Perspectivas sobre a inteligência
Teoria das inteligências múltiplas – Gardner:
- lógico-matemática: aptidão para raciocinar, formular e validar hipóteses, capacidade de raciocínio lógico e resolução de problemas matemáticos;
- Inteligência Espacial: habilidades que permitem criar
imagens mentais, desenhar e identificar detalhes, além de um sentimento pessoal de estética. - Inteligência musical: funções relacionadas ao desempenho e à composição da música, tocar instrumentos, ler e compor peças musicais com facilidade.
- Inteligência linguística: capacidade de comunicação
oral, mas a outras formas de comunicação como a escrita, gestual, etc.
- Inteligência corporal e sinestésica: utilizar ferramentas
para expressar certas emoções; a capacidade intuitiva da inteligência corporal é utilizada para expressar sentimentos através do corpo. - Inteligência intrapessoal: possibilita aprofundar a visão e compreender as razões sobre o porquê de uma pessoa ser como é; permite aceder aos seus sentimentos e refletir sobre eles.
palavras, gestos, objetivos e metas subentendidos em cada discurso; melhora a nossa capacidade de empatia; detectar e compreender as circunstâncias e problemas dos outros. - Inteligência naturalista : detecta, diferencia e categoriza as questões relacionadas com a natureza, como espécies animais e vegetais ou fenómenos relacionados ao clima, geografia ou fenómenos naturais.
- Inteligência existencial: capacidade de
colocar questões sobre problemas da existência ‘Qual a origem do universo?’, ‘O que acontece para além da morte?’, etc. 1. Diz o que se entende por processos cognitivos, emocionais e motivacionais. 2. Explicita a importância da perceção. 3. Explicita a importância da memória e identifica os dois existentes. 4. Identifica os processos de memorização. 5. Diz o que se entende pela função selectiva da memória. 6. Identifica os três tipos de esquecimento. 7. Diz o que se entende por inteligência e identifica os três tipos. 8. Distingue as duas teorias sobre a origem da inteligência. 9. Identifica as inteligências múltiplas, de acordo com Gardner. 9.1. Explicita duas, à tua escolha. O Pensamento O conceito de pensamento está associado ao da inteligência, uma vez que pensar é a função intelectual que envolve a compreensão, a tomada de decisões, as descobertas mentais, a elaboração de teorias, a planificação, a aprendizagem, etc.
Assim, pensar é uma função da mente que é
contínua e que envolve quase todos os nossos processos mentais.
O pensamento é a capacidade de compreender, formar conceitos e de os organizar.
Dentro do pensamento, podemos distinguir dois
tipos:
- Pensamento divergente (mas limitado e pouco
criativo); - Pensamento convergente (pensamento criador). - Pensamento divergente: é um modo de pensamento orientado para a obtenção de uma única resposta a uma situação. Carateriza-se por ser conformista, prudente, rigoroso, mas limitado e pouco criativo.
- Pensamento convergente: pensamento criador.
Perante o problema, procura todas as soluções possíveis, desenvolve respostas por meio de ensaios e erros, por aproximação experimental. Processos emocionais Podemos conhecer o estado emocional de uma pessoa através das expressões faciais, do movimento das mãos, da postura e até do tom de voz.
Mesmo que tentemos, não conseguimos esconder
as nossas emoções, dado que não conseguimos esconder a nossa comunicação não verbal (gestos, sorrisos, tom de voz, expressões faciais, etc). As emoções Podemos definir as emoções como experiências subjetivas, desencadeadas por um acontecimento, pessoa ou situação. As emoções podem ser acompanhadas de reações orgânicas, gestos, movimentos e expressões vocais.
As emoções têm 3 componentes:
- Componente cognitiva: é o conhecimento de um
facto. - Componente fisiológica: refere-se às manifestações orgânicas da emoção. Ex: aumento do batimento cardíaco.
- Componente comportamental: Trata-se de uma
predisposição ou intenção relativamente ao que pretendemos fazer ou dizer, ou seja, da tendência para reagir e actuar de dada forma. É o desejo de adquirir livros para ler, ou a vontade de não pôr um cigarro na boca. Inteligência Emocional • A inteligência emocional envolve a aptidão para reconhecer as emoções dos outros e responder- lhes de modo adequado, bem como a capacidade para compreender as próprias emoções e regular/controlar as suas expressões.
• As pessoas com altos níveis de inteligência
emocional têm mais sucesso na sua carreira profissional e nas relações afetivas com os outros. Ainda que diferentes, a inteligência emocional e a cognitiva não se opõem. As competências emocionais e intelectuais devem articular-se e complementam-se.
Inteligência
Cognitiva Emocional Gestão das emoções
Daniel Goleman faz algumas sugestões para fazermos a
gestão das emoções e desenvolvermos a inteligência emocional:
1º. Autoconhecimento emocional: conhecimento que o
indivíduo tem dos seus sentimentos, afetos e intuição. Só depois de uma pessoa ter conhecimento dos seus sentimentos e emoções é que pode compreender o que acontece com os outros. 2º. Autocontrolo: é a capacidade de gerir o nosso estado interior, canalizando as emoções para um comportamento adaptado e apropriado às diferentes situações.
3º. Automotivação: é importante direcionar as
emoções para atingir as metas e os objetivos estabelecidos. Se estivermos motivados, otimistas e empenhados, torna-se mais fácil atingir os nossos objetivos. 4º. Empatia: reconhecer as emoções, sentimentos, necessidades e preocupações das outras pessoas é ser capaz de se colocar no seu lugar. Esta competência permite compreender os outros, para uma melhor gestão das relações.
5º. Gestão de relacionamentos pessoais: aptidão e
facilidade de relacionamento – resolução de conflitos, negociação, coesão de grupo. Processos motivacionais Podemos definir motivação como o conjunto de impulsos que orientam o comportamento de uma pessoa em determinado fim ou objetivo.
Um comportamento motivado caracteriza-se por:
- Ser um comportamento orientado para um objectivo; - Ser ativado e controlado por forças internas (biológicas)ou externas (sociais). Ciclo motivacional O ciclo motivacional é o processo desencadeado por uma necessidade, que gera um impulso, o qual orienta e organiza a ação em direção ao objetivo. 1. NECESSIDADE
4. SACIEDADE 2. IMPULSO
3. COMPORTAMENTO Tipos de motivações
Podemos distinguir três tipos de motivações:
- Motivações biológicas: como o sono e a fome;
- Motivações sociais: como a necessidade de
prestígio e de sucesso;
- Motivações combinadas: como o comportamento
sexual e o comportamento maternal. Questões 1. Identifica as inteligências múltiplas, de acordo com Gardner. 2. Identifica as componentes das emoções. 3. Diz o que se entende por inteligência emocional. 4. Identifica os passos para gerir as emoções e desenvolver a inteligência emocional. 5. Define motivação. 6. Carateriza um comportamento motivado. 7. Identifica os passos do ciclo motivacional. 8. Identifica os tipos de motivações.