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Título, objetivo, objetivos específicos, divisão dos conteúdos (módulos).

Acredito que sua contribuição será valiosa para o módulo 1.2!


Pensamos em elaborar um material bastante robusto e com profundidade para os
cursistas e, por isso, esse será um material um pouco mais longo. Pensamos que o
total dessa etapa deverá ter cerca de 1h a 1h30min.
A ideia é fornecer um material que apresente a ideia de continuidade de estímulo
cognitivo para os idosos, mas que, principalmente, evidencie que essa tarefa está
associada ao fortalecimento dos vínculos e afetos sociais.

Curso: Saúde e Memória do Idoso


Público-alvo: Profissionais das áreas de gestão de saúde da pessoa idosa.
Objetivo Geral: Apresentar os fundamentos da condução de oficinas da memória a
coordenadores e gestores de grupos de idosos.

Ementa do curso:
A memória, sistemas de memória e o funcionamento do cérebro;
Envelhecimento, a memória na velhice e causas de perda da memória.
A importância da estimulação cognitiva e instigação da atenção e concentração para
os idosos.
Ferramentas e estratégias para promoção do estímulo cognitivo.
As oficinas de memória do SESCPR
Estratégias práticas o estímulo cognitivo.

Módulos:

1. Etapa teórico formativa


1.1 Envelhecimento e Memória – Gerontólogo (Palestra)
1.2 O estímulo cognitivo e a missão da oficina da memória.  
2. Estratégia para promoção da saúde da memória de idosos - Relato de caso SESCPR
(Mini-documentário)
3. Sugestões de exercícios práticos (15 exercícios/vídeos)
4. Sugestões de leitura

O estímulo cognitivo e a missão da oficina da memória:


 Aspectos cognitivos da memória e da atenção
 O envelhecimento e a memória
 A importância da memória enquanto identidade social.
 A importância da relação social para a preservação da memória.

Aspectos Cognitivos da atenção e da memória

https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/2572/1621
https://www.scielo.br/j/csc/a/bZsMWdLRfFxbwQbnvpbc88z/abstract/?
format=html&lang=pt#ModalDownloads
https://www.scielo.br/j/csc/a/bZsMWdLRfFxbwQbnvpbc88z/?lang=pt&format=pdf
https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/69816

Conceito de memória: capacidade de adquirir, armazenar e evocar informações. Há diversos


tipos de memória, de modo que devemos considerar a memória como uma “complexa
combinação de subsistema mnemônicos” (Baddeley apud Wilson, 2011). Quando se fala a
frase: “minha memória é péssima”, precisamos entender de que tipo de memória estamos
falando e quais informações que a pessoa tem dificuldade de recordar. Para dar continuidade
ao curso, vamos aprender sobre essas diversas formas de evocar e manipular informações.

Divisões da Memória:
 Tempo pelo qual são armazenadas
 Tipo de informação para ser lembrada
 Modalidade onde está a informação
 Etapas do processo de evocação
 Memória Implícita ou Explícita
 Se são necessários a evocação ou o reconhecimento
 Se é retrospectiva ou prospectiva

1. Em termos de tempo:
Memória Imediata (também chamada de primária ou memória de trabalho) – armazena e
retém temporariamente a informação enquanto uma tarefa está sendo realizada. Exemplo
escutar um número de telefone e gravar por alguns instantes – dura alguns instantes, porém,
se repetido pode ser retida a informação. Tem relação com a memória de longo prazo (precisa
ser manipulada para ser retida).

Memória de Longo Prazo (também chamada de memória secundária): armazenamento que


varia de minutos a décadas. É durável e com uma grande capacidade. Sua codificação se dá
pelo significado.

Clinicamente, tende-se a falar memória tardia (minutos antes); memória recente (eventos de
poucos dias ou semanas) e memória remota (eventos que aconteceram anos antes) – Wilson,
2011.

2. Tipo de informação a ser lembrada:


Memória semântica: classificação para a memória de conhecimento geral (fatos; significado de
palavras, aparência de objetos; cor das coisas; etc.). Com essa memória conseguimos
responder coisas básicas, tais como a capital de um país, a cor da melancia, o nome de algum
objeto, o significado de uma palavra. Não há necessidade de contexto sobre “quando” ou
“quem” estava presente quando a informação foi retida.

Memória episódica: relacionada a memórias pessoais, de cunho autobiográfico. Aqui, recordar


a ocasião que o evento ocorreu é de relevância para relembrar a informação. Exemplo:
recordar-se da última viagem em família ou o que comeu no café da manhã.

Memória procedural: memória para habilidade e rotinas – exemplo: aprender a andar de


bicicleta, aprender a digitar - são exemplos de aprendizagem procedural. O que é evocado é a
aprendizagem, não como ela ocorreu originalmente. É por esse motivo que a maioria das
pessoas que apresentam problemas de memória, dificilmente irão apresentar dificuldade com
a memória procedural.

3. Memória de Modalidade Específica:


Podemos recordar de alguma informação ou eventos de diversas formas: o que vimos,
tocamos, cheiramos, ouvimos e provamos. Nesse sentido, cita-se a memória visual e verbal
como as formas mais recorrentes enquanto forma de processamento e recordação das
informações. Uma pessoa que tem dificuldade na memória verbal, nem sempre terá
dificuldade na memória visual – por exemplo: a pessoa pode se recordar do rosto de alguém,
sem, no entanto, lembrar seu nome. Isso ocorre porque o processamento visual e verbal são
realizados por diferentes áreas cerebrais de forma independente. Essa avaliação nos auxilia
inclusive a propor estratégias de reabilitação em que uma compense a outra. Por exemplo, se
a pessoa tem mais dificuldade de lembrar algo verbalmente, criar estratégias de comunicação
visual podem auxiliá-la a recordar com mais facilidade.

4. Etapas de evocação da memória:


Conforme mencionamos, a memória implica na habilidade de adquirir, armazenar e evocar
informações. Para ter uma boa memória, é preciso que essas três etapas ocorram. Podemos
ter prejuízos em uma ou mais etapas, mas essas etapas interagem entre si.
A etapa de codificação é quando recebemos a informação. Depende da atenção. Se você não
estiver prestando atenção, não vai conseguir manter a informação, que é a próxima etapa. Por
isso, a importância da informação ser apresentada de forma objetiva e curta, pois dessa forma
é mais fácil para recordar posteriormente. Então pessoas que tem prejuízo nessa etapa,
precisam receber as informações com frases curtas, auxílio para lembrar-se das palavras uma
por vez. Você pode também pedir que a pessoa repita a informação fornecida e ainda
relacionar a informação com algo familiar. Após receber a informação, a pessoa deve
materializá-la, ou seja, manipulá-la – anotar, repetir, falar sobre a informação. Além disso,
guardamos melhor aquelas informações que temos afinidade: exemplo: placar de um jogo de
futebol vai ser mais bem armazenado do que quem não gosta de futebol. Após a
aprendizagem da informação, a mesma vai para a etapa de armazenamento.
A etapa de armazenamento refere-se à retenção da informação. Uma vez que a informação foi
registrada, a informação fica registrada na memória até que seja necessária. O que ajuda a
mantê-la armazenada, o uso e a repetição ou prática da informação ajuda a mantê-la.
A etapa de evocação resgatar a informação quando necessário. Às vezes ocorre de termos a
informação armazenada, mas nem sempre recordá-la de pronto – exemplo: lembrar a capital
de um país. Mas algumas estratégias podem auxiliar, como por exemplo, associar o que se
quer lembrar com outra informação – por exemplo, lembrar-se da letra que começa a
palavras, para recordar o nome todo. É o que chamamos de “gancho”, que é uma dica que nos
auxilia a lembrar de algo. Lembrar também do contexto em que a memória foi gerada nos
ajuda a recordar algo, denominado de especificidade contextual. Exemplo: podemos esquecer
o nome de uma pessoa, mas se lembramos de onde a conhecemos, o nome pode vir à
memória com mais facilidade. O nosso humor e/ou estado mental também podem influenciar
na nossa habilidade de recordação. Esse conceito é chamado de aprendizagem estado-
dependente, ou seja, se aprendemos algo quando estamos tristes ou felizes, a informação será
melhor lembrada quando a emoção original for experimentada.

5. Memória Implícita e Explícita:


Memória explícita: se assemelha a memória episódica – habilidade de lembrar episódios
especificados do passado. “A maioria das pessoas com comprometimento de memória terá
problemas com essa memória” (WILSON, 2011).

Memória implícita: se assemelha a memória procedural – refere-se a habilidades aprendidas


que não demandam recordar como a aprendizagem aconteceu – exemplo: andar de bicicleta.

6. Memória Retrospectiva e Prospectiva:


Retrospectiva: é a memória para o passado, refere-se ao que já aconteceu, ao que já
aprendemos.

Prospectiva: é a memória voltada para o futuro - exemplo: “tenho consulta quarta às 17h”;
“quando minha esposa chegar preciso falar com ela sobre a prestação da casa”. É a memória
mais acometida quando as pessoas se queixam de perda de memória. Entende-se que deve
haver uma motivação para que a informação seja lembrada. Por isso, uma estratégia é se
utilizar de agendas, calendários, ou bloco de notas para que a memória prospectiva seja
lembrada.
Com isso, observamos como a memória funciona e suas principais denominações.
Passamos agora para o módulo que relaciona a memória e o envelhecimento.

O envelhecimento e a memória

É preciso considerar que um bom funcionamento cognitivo não depende somente da


integridade do sistema nervoso central. É preciso também que os demais sistemas orgânicos
estejam preservados. Um idoso que apresenta, por exemplo, dificuldade no equilíbrio, poderá
apresentar também declínio cognitivo. Soma-se ainda o fato de que as questões emocionais e
psicológicas também influenciam em nosso cognitivo, e com o idoso, assim como para criança,
esses aspectos podem ter impacto significativo sobre o cognitivo. (CAIXETA & TEIXEIRA, 2014).
Então quando a gente trabalha com idosos, aos poucos, a gente pode ir conhecendo aos
poucos o idoso com quem trabalhamos. E no que diz respeito à memória, são frequentes as
queixas de perda de memória por parte dos idosos. Mas é interessante observar o tipo de
dificuldade, por exemplo, uma queixa bastante comum entre idosos diz respeito à memória
semântica, ou seja, dificuldade em recordar nomes ou significados de palavras. Com isso, é
interessante propor oficinas que tenham como objetivo aprimorar essa habilidade. Outras
queixas comuns são: iniciar uma tarefa e não conseguir conclui-la; perder a linha de
pensamento; chegar a um cômodo e esquecer o que ia fazer; dificuldade em guardar uma
informação por um curto período de tempo. Eis outro tema a ser explorado quando se propõe
exercícios para a memória.

Considera-se ainda que o cérebro não é imutável, e sim adaptativo. Apesar da plasticidade
cerebral ser maior em indivíduos mais jovens, esta ocorre em todas as idades. É natural que o
cérebro do idoso passa pelo processo de envelhecimento. , mas não é atingido como um todo.
Algumas funções cognitivas sofrem mais impacto do que outras, o que será influenciado
também pelo contexto de cada sujeito. Porém, é possível estimular a atividade cerebral dos
idosos com atividades tais como leitura e escrita;

 A importância da relação social para a preservação da memória.

O conceito de idoso perpassa uma questão não somente fisiológica como também cultural. A
OMS define o corte etário para o idoso a partir dos 60 anos. Porém, o conceito de pessoas
mais velhas é atravessado pelas condições de vida de cada sujeito, bem como o acesso a
determinados serviços. Há de se considerar ainda que é uma fase de mudanças no sono, na
alimentação, alterações no cotidiano e na rotina (exemplo: se aposentar); perdas, entre
outros. E como a população idosa segue aumentando, precisamos oportunizar formas de
promover um envelhecimento saudável e estimular a capacidade das pessoas idosas. Portanto,
quando se fala em estimular a memória dos idosos, é preciso considerar que a cognição é
influenciada pelas “variáveis culturais relativas à nacionalidade (países mais ou menos
industrializados), à procedência (zonas urbanas ou rurais), à etnia e aos usos e costumes dos
grupos sociais (...) características nutricionais, de escolaridade e status sócio econômico”
(CAIXETA & LOPES, 2014). Soma-se a isso a importância do ambiente social para a preservação
da saúde do idoso. “A vida social ativa oferece também desafios e oportunidades de
relacionamento em contextos sempre mutáveis e complexos, situações em que várias
habilidades cognitivas são evocadas, testadas e cristalizadas, o que aumenta eficiência e a
flexibilidade dos sistemas neurais subjacentes às funções cognitivas” (CAIXETA & PINTO, 2014).
Portanto, manter as relações sociais satisfatórias auxiliar na preservação da memória e
contribui para menores índices de depressão e demência.

https://www.google.com.br/books/edition/Reabilita%C3%A7%C3%A3o_da_mem
%C3%B3ria_Integrando_Te/nkS2TQtM08sC?hl=pt-BR&gbpv=1&printsec=frontcover

https://www.google.com.br/books/edition/Neuropsicologia_Geri%C3%A1trica/
wqg5AgAAQBAJ?hl=pt-BR&gbpv=1&printsec=frontcover

https://editora.pucrs.br/anais/XIII_semanadeletras/pdfs/francielipiper.pdf

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