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1. Introdução
Não é mais o ser conhecido diretamente das coisas que fundamentará o conhecimento
ou a reflexão, como se defendia no realismo aristotélico ou na escolástica. Mas a própria
consciência ou o conhecimento do “eu pensante” será esse fundamento inquestionável e
absoluto.
Assim, Descartes fará parte de uma outra escola do problema do conhecimento: a
racionalista: “Em la filosoía moderna, el racionalismo há aparecido com Descartes, y há
revestido formas más o menos puras. Em Descartes, se expressa principalmente por la idea de
la matemática universal y por la teoría de las ideas innatas” (VERNEAUX, 1985, p. 55).
Descartes nasceu em Touraine na França em 1596. Possuiu formação escolástica ao
estudar no colégio jesuíta de Lá Flèche onde teve contato com o plano de estudos da ratio
studiorum jesuíta e à filosofia e teologia escolástica (cf. REALE, 2005, p. 284). Mas mesmo
com essa formação, sentia-se insatisfeito, seja no campo da filosofia com seus longos e
complexos debates metafísicos, seja quanto à matemática e aos estudos científicos (cf.
REALE, 2005, p. 284). A partir dessa insatisfação, construiu seu edifício e sistema filosófico
tendo como alicercer o fundamento absoluto que surge da dúvida metódica. Para Roger
Verneaux, sua filosofia não é tão original, ao contrário de sua contribuição científica, apesar
de que trouxe uma ideia diretriz nova:
2. A solução cartesiana
2.1 O método
Para chegar a este fundamento Descartes irá apresentar o seu método, que são:
Para iniciar essa empreitada, Descartes precisaria rejeitar como verdadeiro aquelas
proposições que possuem em si resquício de dúvida para aceitar o que é indubitável. Para
chegar até esse fundamento era necessário investigar os princípios que ele possuía até então
do saber tradicional: “caindo os princípios, as consequências não poderão mais se manter”
(REALE; ANTISERI, 2005, p. 291)
Descartes observa primeiramente que o saber tradicional baseia-se na experiência,
após isso que o saber matemático parece inquestionável. Entretanto, a experiência revela-se
enganadora: “Ora notei que os sentidos às vezes enganam e é prudente nunca confiar
completamente nos que, seja uma vez, nos enganaram” (DESCARTES, 2004, p. 23). E o
saber matemático, apesar de parecer inquestionável e verdadeiro em qualquer ocasião pode
ser questionado por duas maneiras: pelo argumento do Deus enganador e do Gênio Maligno.
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Mas Descartes deixa-nos, por fim, a exposição do Gênio Maligno, pois não admite a
possibilidade de haver um Deus que engana: “Suporei, portanto, que há não um Deus ótimo,
fonte soberana da verdade, mas algum gênio maligno e, ao mesmo tempo, sumamente
poderoso e manhoso, que põe toda a sua indústria em que me engane” (DESCARTES, 2004,
p. 31). Assim, nem mesmo a matemática passa a ser indubitável.
Aqui estamos no campo da pura dúvida chamada metódica, não se possui a intenção
de ceticamente negar essas realidades com essa dúvida: “É evidente que não nos encontramos
aqui diante da dúvida dos céticos. Neste caso, a dúvida quer levar à verdade. Por isso é
chamado dúvida metódica, enquanto é passagem obrigatória, ainda que provisória, para
chegar à verdade” (REALE; ANTISERI, 2005, p. 292).
A dúvida metódica chegará ao seu termo com Descartes, através do popularmente
chamado “cogito, ergo sum”, “penso, logo existo”. Descartes chega à conclusão de que o
conhecimento de si mesmo como ser existente e enquanto pensa é uma certeza inquestionável.
E essa será a fundamentação absoluta do conhecimento:
E tendo notado que em penso, logo existo nada há que me garanta que
digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que para pensar é
preciso existir, julguei que podia tomar por regra geral que as coisas
que concebemos muito clara e distintamente são todas verdadeiras,
havendo porém somente alguma dificuldade em distinguir bem quais
são as que concebemos distintamente (DESCARTES, 2001, p. 39)
Conclusão
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pode ser imanente, mas partir do exterior ao interior, e do interior ao exterior, através do
reconhecimento intelectual de que tal ser concebido é um objeto distinto de mim mesmo.
Aqui concluímos o trabalho, visitando a solução de Descartes para o problema da
fundamentação do conhecimento e problematizando-o através da filosofia realista e
escolástica.
Referências bibliográficas: