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11º Ano
Ano Letivo de 2023/2024
RENÉ DESCARTES
Descartes foi um filósofo racionalista, uma vez que considerava a razão a fonte
principal do conhecimento, a fonte do conhecimento verdadeiro, caracterizado por ser
logicamente necessário e universalmente válido. Assim, atribuindo um grande valor à
razão, Descartes procurou também os fundamentos metafísicos do conhecimento. Só
encontrando esses fundamentos é que seria possível superar os argumentos dos céticos,
para os quais o conhecimento não é possível.
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pouco seguros e incertos para alcançar um saber assente em alicerces sólidos e
indubitáveis. Para Descartes, a dúvida assume as características de ser voluntária,
metódica e provisória. Ela não é um fim a que se chega e de onde não se sai, mas um
ponto de partida ou um ponto de passagem para a certeza, para o indubitável.
Uma vez que a razão é a origem do conhecimento verdadeiro (universal e necessário),
então as proposições da matemática assumem um caráter evidente. Com efeito, a sua
origem é exclusivamente racional. Por isso, talvez seja possível seguir um método
inspirado na matemática para a conquista da verdade.
Existe uma relação entre as duas operações, na medida em que pela intuição
conhecemos o primeiro elo da cadeia, sendo o conhecimento dos outros, concluído
dedutivamente desse.
Por exemplo, intuímos facilmente que um quadrado é delimitado por quatro linhas e
que um triângulo o é apenas por três. A partir destes conhecimentos evidentes, podemos
deduzir consequências que serão logicamente necessárias.
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Descartes compara a filosofia a uma árvore: as raízes equivalem à metafísica, o tronco
à física e os ramos que saem deste tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a
três principais – a medicina, a mecânica e a moral.
Descartes atribui, deste modo, grande importância à metafísica, dado que ela
constitui a raiz da filosofia, e é por ela que se deve começar. Assim, obedecendo às regras
do método, Descartes procede a uma investigação de caráter metafísico, a fim de
encontrar os princípios fundamentais do conhecimento humano.
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Quanto ao quarto argumento, Descartes encontra também razões para duvidar no
facto de algumas pessoas já se terem enganado em demonstrações matemáticas (ainda
que Descartes considerasse, até então, o conhecimento matemático o modelo do saber
verdadeiro).
O argumento que vai abalar a confiança depositada nas noções matemáticas baseia-
se numa hipótese ou numa suposição – a hipótese do génio maligno ou do Deus
enganador.
Com o argumento do génio maligno, Descartes vai dar à dúvida uma dimensão
universal e metafísica. Note-se que, com os argumentos anteriores, Descartes não põe
em dúvida a existência das coisas, mas apenas a verdade do nosso conhecimento acerca
delas. Todo este quadro se modifica com a hipótese de existir um génio maligno ou
Deus enganador, na medida em que com ela se leva a dúvida às próprias evidências
matemáticas, pondo em causa não só o conhecimento das coisas, mas a sua própria
existência.
Enquanto a hipótese de Deus nos poder enganar não estiver afastada, não poderemos
ter a certeza de que as mais elementares “verdades” matemáticas são realmente
verdadeiras nem poderemos estar cientes da existência das coisas.
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• Metódica – ao contrário da dúvida cética, que é sistemática e definitiva, na medida
em que é um fim em si mesma, a dúvida cartesiana é um meio, é o processo ou método
de que o autor se serve para superar o ceticismo e encontrar a certeza, considerada como
a posse consciente da verdade.
• Hiperbólica – a dúvida cartesiana não é uma simples suspensão dos juízos, mas
antes, a rejeição de tudo aquilo em que possa encontrar a mínima dúvida.
A dúvida tem, deste modo, uma função catártica, já que liberta o espírito dos erros
que o podem perturbar ao longo do processo de indagação da verdade. É necessário que
a razão, num processo marcado pela autonomia, alcance princípios evidentes,
universais. A dúvida é um exercício voluntário, permitindo que nos libertemos de
preconceitos e opiniões erróneas, a fim de ser possível reconstruir, com fundamentos
sólidos, o edifício do saber.
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•O percurso ou itinerário filosófico de Descartes
a) A dúvida
b) O cogito
c) Deus
d) O Mundo
•Para duvidar é necessário que exista o sujeito que duvida, pois a dúvida é um ato
de pensamento que só é possível se existir um sujeito.
Descartes vai fazer desta certeza inabalável – Penso, logo existo – o ponto de partida
absoluto da sua filosofia e a base de construção de um novo edifício do saber, agora
alicerçado em bases sólidas e seguras.
A proposição “Penso, logo existo” não é um silogismo, não é uma verdade dedutiva,
mas sim intuitiva, porque é uma apreensão direta e imediata do meu espírito. Isto é, a
existência não se conclui do pensamento, antes é apreendida em simultâneo com ele.
Daí o seu caráter verdadeiro e seguro, uma vez que se apresenta clara e distintamente –
para alguém pensar tem necessariamente de existir.
• Características do Cogito
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Através da afirmação clara e distinta da existência do cogito, Descartes afirma com
segurança a sua existência. Mas como existe Descartes? Como substância pensante (res
cogitans). Neste momento, não pode ainda afirmar a existência do mundo com os seus
múltiplos objetos que o compõem nem mesmo a existência do seu corpo. Tudo isto pode
não passar de ilusões com que o génio maligno o engane. A única coisa que, com
segurança, pode afirmar é a sua existência como ser pensante e apenas enquanto pensa,
pois se deixar de pensar por um momento que seja, poderá não ter a certeza que existe.
Ele é, portanto, uma substância cuja natureza se esgota no pensamento.
Neste momento, Descartes encontra-se numa posição de solipsismo. Se nada existir
a não ser o pensamento (eu pensante), o cogito vive uma situação de absoluta solidão,
fechado sobre si mesmo, isto é, de absoluto solipsismo.
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Mas a hipótese do deus enganador ainda não foi afastada. É necessário demonstrar
a existência de um deus que não nos engane, ou seja, de um deus que traga segurança e
seja garantia das verdades, afastando de vez qualquer ameaça do ceticismo.
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•A Ideia de Ser Perfeito
•Provas da existência de Deus
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•Deus e a sua importância no sistema cartesiano (rejeição da hipótese do Deus
enganador e do Deus como Génio maligno)
Assim, Deus, sendo perfeito, não é um ser enganador, pelo que nos encontramos
libertos da dimensão hiperbólica e mais corrosiva da dúvida. Deus é a garantia da
verdade objetiva das ideias claras e distintas. Sendo criador das verdades eternas, a
origem do ser e o fundamento da certeza, Deus garante a adequação entre o pensamento
evidente e a realidade, legitimando o valor da ciência e conferindo validade e objetividade
ao conhecimento. Deus é o fundamento do ser e do conhecimento.
Além disso, Deus é também infinito, a fonte do bem e da verdade; é omnipotente,
eterno, omnisciente e, embora sendo o criador do Universo, não é autor do mal, nem é
responsável pelos nossos erros.
•A Teoria do Erro
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•Os três tipos de substâncias e os seus atributos essenciais
O ser humano constitui, como tal, uma unidade de duas substâncias: a unidade da
alma (substância pensante) e do corpo (substância extensa) – dualismo alma-corpo
(dualismo cartesiano).
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• O fundacionalismo racionalista de Descartes
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• Críticas a Descartes
O problema do Cogito
O círculo cartesiano
Sendo a alma uma substância distinta da substância corporal, é difícil explicar como se
dá a interação dessas substâncias.
Segundo Descartes, é na glândula pineal que ocorre essa interação, através dos
«espíritos animais». Mas estes são de carácter material, pelo que o problema da
interação das substâncias permanece.
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