Você está na página 1de 7

BASES FILOSÓFICAS E

EPISTEMOLÓGICAS DA PSICOLOGIA

DESCARTES E O RACIONALISMO – AULA 7

• RENÉ DESCARTES
• Nasceu em La Haye, naTouraine, em 1596;
• De saúde frágil passou o início da infância sob os cuidados da avó,
Jeanne Sain, pois perdera a mãe com um ano de idade
(PENSADORES, 1999, p. 10);
• Estudou em La Flèche: tradicional escola jesuíta;
• Serviu ao exército frânces até 1620;
• Ao contrário das “humanidades”, as matemáticas exibiam uma
construção sólida e clara;
• Os sonhos de 10 para 11 de novembro de 1619 marcam o
desvelamento de sua missão filosófica: existe um acordo entre as leis
matemáticas e as leis da natureza.
• Entre 1628 e 1633, na Holanda, escreveu um pequeno tratado
de metafísica: Traité du Monde et de la lumiére (Tratado do
mundo e da luz), o qual, por prudência, desiste de publicar
após tomar conhecimento da condenação de Galileu. Sua
tese era semelhante acerca do movimento da terra.
• Somente em 1637 algumas de suas obras são publicadas.
Regidas em francês, marcando a ruptura com a latinização
unidificadora da cultura que prevalecera na idade media.
• Morreu em Estocolmo, na Suécia, em 11 de fevereiro de
1650.

• EXERCÍCIO DA DÚVIDA

• O ato de duvidar – a dúvida metódica


“método que consiste em rejeitar como
totalmente falso todo e qualquer
conhecimento que possua o menor indício de
dúvida”. (ZILIO, 2010, p. 23).
“a dúvida metódica tornou-se uma referência
importantíssima e um clássico da filosofia
moderna. Trata-se de um exercício da dúvida
em relação a tudo o que ele, Descartes,
conhecia ou pensava até então ser verdadeiro” (COTRIM, 2002, p. 45).
• MÉTODICA: porque a dúvida vai se ampliando passo a
passo, de modo ordenado e lógico;

• RADICAL: porque a dúvida vai atingindo tudo e chega a


um ponto extremo em que não é possível ter certeza de
nada, nem mesmo de que o mundo existe. (COTRIM, 2002,
p. 45).
➢ Dúvida hiperbólica – exagerada – “duvidar até mesmo
das ideias claras e distintas, que o espírito
espontaneamente admite como evidentes” (PENSADORES, 1999, p. 19).

Há já algum tempo que eu me apercebi de que, desde


meus primeiros anos, recebera muitas falsas
opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que
depois eu fundei em princípios tão mal assegurados
não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de modo
que me era necessário tentar seriamente, uma vez em
minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a
que até então dera crédito, e começar tudo
novamente desde os fundamentos, se quisesse
estabelecer algo sólido e duradouro nas
ciências. (DESCARTES, 1999, p. 249).

➔ MEDITAÇÕES METAFISICAS (1641)

● AS MEDITAÇÕES METAFÍSICAS

Na PRIMEIRA, antecipo as razões pelas quais podemos duvidar


geralmente de todas as coisas, e particularmente das coisas
materiais, pelo menos enquanto não tivermos outros
fundamentos nas ciências além dos que tivemos até o presente.
Ora, se bem que a utilidade de uma dúvida tão geral não se
revele desde o início, ela é todavia nisso muito grande, porque
nos liberta de toda sorte de prejuízos e nos prepara um
caminho muito fácil para acostumar nosso espírito a desligar-se
dos sentidos, e, enfim, naquilo que torna impossível que
possamos ter qualquer dúvida quanto ao que descobriremos,
depois,ser verdadeiro. (DESCARTES, 1999, p. 241).

Na SEGUNDA, o espírito que, usando de sua própria


liberdade, supõe que todas as coisas, de cuja existência haja
a menor dúvida, não existem, reconhece que é
absolutamente impossível, no entanto, que ele
próprio não exista. O que é também de uma utilidade
muito grande, já que por esse meio ele estabelece
facilmente distinção entre as coisas que lhe pertencem, isto
é, à natureza intelectual, e as que pertencem ao corpo.
(DESCARTES, 1999, p. 241).

Na SEGUNDA...
Mas, como pode ocorrer que alguns esperem de mim, neste
ponto, razões para provar a imortalidade da alma,
considero dever agora adverti-los de que, tendo procurado
nada escrever neste tratado de que não tivesse
demonstrações muito exatas, vi-me obrigado a seguir uma
ordem semelhante àquela de que se servem os geômetras, a
saber, adiantar todas as coisas das quais depende a
proposição que se busca, antes de concluir algo dela.
(DESCARTES, 1999, p. 241-242).

Na TERCEIRA Meditação, parece-me que expliquei bastante


longamente o principal argumento de que me sirvo para
provar a existência de Deus. (DESCARTES, 1999, p. 241-
242).
✓ É obrigado a redigir Respostas para se explicar quanto
ao assunto.

Na QUARTA, demonstra-se que as coisas que concebemos


muito clara e nitidamente são todas verdadeiras; e ao
mesmo tempo é explicado em que consiste a razão do erro
ou falsidade: o que deve necessariamente ser sabido tanto
para confirmar as verdades precedentes quanto para
melhor entender as que se seguem. (DESCARTES, 1999, p.
244).
➢ As verdades especulativas são conhecidas unicamente
pela razão.

Na QUINTA, além de a natureza corpórea tomada em geral


ser aí explicada, a existência de Deus também é
demonstrada por novas razões, nas quais todavia podem-se
encontrar algumas dificuldades, mas que serão resolvidas
nas respostas às objeções que me foram feitas; e também
revela-se aí de que maneira é verdadeiro que a própriacerteza das demonstrações
geométricas depende do conhecimento de um Deus. (DESCARTES, 1999, p. 244).
Na SEXTA, distingo a ação do entendimento da ação da
imaginação; os sinais desta distinção são aí descritos.
Mostro que a alma do homem é realmente distinta
do corpo e que, todavia, ela lhe é tão estreitamente
conjugada e unida que compõe como que uma mesma coisa
com ele. Todos os erros procedentes dos sentidos são aí
expostos com os meios de evitá-los. (DESCARTES, 1999, p.
245).

Na SEXTA,
E, finalmente, apresento todas as razões das quais é possível
concluir a existência das coisas materiais [...] a saber, que há
um mundo, que os homens têm corpos e outras coisas
semelhantes, que nunca foram postas em dúvida por homem
algum de bom senso; mas porque, considerando-as de perto,
chega-se a conhecer que elas não são tão firmes nem tão
evidentes quanto aquelas que nos conduzem ao conhecimento
de Deus e da nossa alma; de sorte que estas últimas são as
mais certas e as mais evidentes que possam cair no
conhecimento do espírito humano.(DESCARTES, 1999, p. 245).

● A BUSCA PELOS FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA


QUAL SERIA A VERDADEIRA FONTE DO CONHECIMENTO?

➢ Os sentidos humanos - Somos enganados, as vezes, pelo sentidos.


“Até o momento, tudo o que considerei,
como o mais verdadeiro e certo, aprendi-o
dos sentidos ou por intermédio dos
sentidos; mas às vezes me dei conta de
que esses sentidos eram falazes
[enganosos], e a cautela ensina jamais
confiar em quem já nos enganou uma
vez” (DESCARTES, 1999, p. 250).

➢ As matemáticas
• A hipótese do gênio maligno

• As matemáticas podem ser colocadas


em dúvida
• A impossibilidade de se provar como
certa e indubitável
➢ A razão humana
• Se duvido, eu penso.
• Se posso duvidar que estou duvidando,
só posso fazê-lo pensando essa dúvida a
respeito da dúvida inicial.
• Logo,se penso existo.

● A CERTEZA DO COGITO

• Ao concluir que pensa, Descartes estabelece


uma Certeza inicial:
1) A certeza do pensamento (Cogito), pois é
indubitável que naquele momenro ele
pensava (um ser pensante); Por consequência, estabelece a certeza da
existência, pois só poderia pensar se existisse.

● DUALISMO CARTESIANO

• “Trata-se da concepção de mundo


que separa radicalmente matéria e
espírito, ou corpo e mente,
conhecida como dualismo
cartesiano”. (COTRIM, 2002, p. 131).
• “o ser humano, por sua vez, seria composto de corpo e
alma, [...] Nosso corpo, como todos os corpos, estaria
submetido às leis mecânicas naturais, de causa e efeito,
predeterminadas. Já nossa alma teria as faculdades do
entendimento e da vontade, conferindo-nos a capacidade de
iniciativa própria e de liberdade, além de sermos capazes
de interagir com o corpo e comandá-lo”. (COTRIM, 2002, p. 132).
• Descartes lançou a hipótese de que a alma está sediada em
uma pequena glândula localizada no meio do cérebro e
que, por meio dela, se comunicaria com o corpo. (COTRIM, 2002, p. 132).

● DESCARTES E O RACIONALISMO

“A palavra racionalismo deriva do latim ratio, que


significa “razão”, e é empregada em diversos sentidos. no contexto das teorias do
conhecimento, racionalismo designa a doutrina que atribui exclusiva confiança à razão
humana como instrumento capaz de conhecer a verdade. Como advertia [...] René
Descartes [...] não devemos nos deixar persuadir senão pela evidência de nossa razão”
(COTRIM, 2002, p. 192).
● O MÉTODO CARTESIANO

Quatro regras básicas capazes de induzir o


espírito na busca pela verdade.

➢ Regra da evidência;
“só aceitar algo como verdadeiro desde que seja
absolutamente evidente por sua clareza e
distinção. as ideias claras e distintas seriam
encontradas na própria atividade mental,
independentemente das percepções sensoriais
externas. Devido a elas, Descartes propôs a
existência das ideias inatas (com as quais
nascemos), que são plenamente racionais”
(COTRIM, 2002, p. 265).

➢ Regra da análise;
“dividir cada uma das dificuldades surgidas em
tantas partes quantas forem necessárias para
resolvê-las melhor.” (COTRIM, 2002, p. 265).

➢ Regra da síntese;
“reordenar o raciocínio indo dos problemas mais
simples para os mais complexos”. (COTRIM, 2002,
p. 265).

➢ Regra da enumeração.
“realizar verificações completas e gerais para ter
absoluta segurança de que nenhum aspecto do
problema foi omitido”.(COTRIM, 2002, p. 265).

● DESCARTES E A PSICOLOGIA

• Noção de sujeito
• O ser humano é um ser res cogitan (coisa pensante);
• “Estes [corpo e mente] poderiam ser submetidos ao
julgamento científico, e foi para esta área que Descartes fez
suas mais importantes e positivas contribuições à psicologia. A
confusa área continha três tipos principais de fenômenos: (i) sensação, (ii) movimentos,
e (iii) apetites e emoções. Descartes foi um dos primeiros a propor uma explicação
detalhada dos mecanismos da sensação visual, e se costuma dizer que ‘ele influenciou
todas as maiores teorias desde o século XVII até os dias de hoje’. (GOMES, 2005, p. 2).
• “[No Livro] Les Passions de L’âme [As paixões
da alma] (1650) [Descartes] assentou os
fundamentos para o estudo científico da vida
emocional. Paixões ou emoções eram
essencialmente um produto da interação da
mente com o corpo. Elas seriam causadas por
estímulos externos que produziriam
repercussões psíquicas e seus concomitantes
fisiológicos. (GOMES, 2005, p. 2).

➔ UM POUQUINHO MAIS SOBRE O ASSUNTO…


Filosofia Moderna
https://www.youtube.com/watch?v=K-cXs4mSul4

Descartes
https://www.youtube.com/watch?v=d7AjvIgdAco

Descartes e a Psicologia
https://www.youtube.com/watch?v=EgzIMT6sPrE

https://www.youtube.com/watch?v=ttD4vqJRYAU

Você também pode gostar