Você está na página 1de 22

RACIONALISMO

Aula 7
• “Quando visto como uma máquina semelhante a
um relógio, o universo, uma vez construído e
posto em movimento, vai continuar a funcionar
com eficiência sem nenhuma interferência
exterior. O uso da metáfora do relógio envolve a
idéia do determinismo, a crença de que todo ato
é determinado por eventos passados. Podemos
prever as mudanças que vão ocorrer no relógio,
bem como no universo, por causa da
regularidade e da seqüência operacional de suas
partes. Gottsched acrescentou: ‘Aquele que
perceber perfeitamente a estrutura [ relógio]
poderá ver toda coisa futura a partir do seu
passado e do seu estado presente de
organização’” (Maurice e Mayr, 1980, p. 290) –
P.36
•“Sendo úteis a uma explicação do
funcionamento do universo físico, a
metáfora do relógio e a análise científica
também serviriam para o estudo da
natureza humana? Se o universo era
semelhante a uma máquina —
organizado, previsível, observável e
mensurável —, não poderiam os seres
humanos ser considerados do mesmo
modo? As pessoas e os animais também
eram uma espécie de máquina?” – P.37
“René Descartes e outros filósofos adotaram esses
bonecos automáticos, ao menos até certo ponto,
como modelos para os seres humanos. Para eles,
não era apenas o universo que se assemelhava ao
mecanismo do relógio; as pessoas também.
Descartes escreveu que essa idéia não iria parecer
nada estranha para quem estava acostumado com os
diferentes autômatos, ou máquinas que se movem,
fabricadas pelo engenho humano... essas pessoas
vão considerar o próprio corpo uma máquina feita
pela mãos de Deus, incomparavelmente mais bem
organizada e adequada a movimentos mais
admiráveis do que qualquer máquina inventada pelo
homem” (Descartes, 1637/1912, p. 44 As pessoas
podiam ser máquinas melhores do que as
construídas pelos relojoeiros, mas eram máquinas
mesmo assim.” – P.38
A centralidade do sujeito;

O racionalismo cartesiano:

A I M PO RT Â N C I A D E Objetivo: atingir verdades indiscutíveis;


ES TU D A R
D ES C A RTES ( 1 5 9 6 - Dúvida metódica: uma conhecimento seguro tem
1650) que eliminar tudo o que seja suscetível de dúvida;

Primeira evidência: “Penso, logo existo”;

Dualismo: res cogitans e res extensa.


GRAUS DA DÚVIDA

• Aspecto fraudulento dos sentidos (§ 3 e 4) – separar o sujeito de algo não


essencial à sua capacidade de meditar;
• Sonhos (§5 e 6) – experiência do mundo como um sonho. Distinção entre o
âmbito da vigília e o âmbito do sonho.
• Deus enganador (§ 9) – manipulador de crenças, todas as estruturas podem ser
enganosas e equivocadas.
PENSO, LOGO EXISTO!

• Certezas inerentes ao cogito:


1. Para ser enganado, é necessário existir;
2. O ser que duvida é um pensamento;
3. Ele é mais fácil de conhecer do que o corpo, pois antecede o conhecimento
corporal.
• Função do cogito: tornar evidente que o que pensa é uma substância imaterial e
não tem nada de corpóreo.
• Combate ao empirismo e ao escolasticismo.
O MECANISMO E O PROBLEMA
MENTE-CORPO

• “A teoria aceita antes da época de Descartes dizia que a interação tinha


essencialmente uma direção: a mente podia exercer uma enorme
influência sobre o corpo, mas este tinha pouco impacto sobre ela. Um
historiador contemporâneo sugeriu que, antes de Descartes concebia-se
que a relação entre mente e corpo era a mesma que entre a marionete e o
se manipulador (Lowry, 1982). A mente é como o manipulador,
movimentando os cordões do corpo. Descartes aceitou essa posição
dualista. A seu ver, a mente e o corpo eram de essências diferentes. Mas
ele se desviou da tradição ao definir o relacionamento entre os dois. Em
sua teoria da interação mente-corpo, Descartes sugeriu que a mente
influencia o corpo que este pode exercer sobre ela uma influência maior
do que antes se supunha. ”(p.41)
• “Logo, mente e corpo são duas
entidades distintas. Não há semelhança
qualitativa entre o corpo (o mundo
material ou físico) e a mente (o mundo
mental). A matéria, a substância
material do corpo, tem extensão (ela
ocupa espaço) e opera de acordo com
princípios mecânicos. A mente,
contudo, é livre, não tem extensão nem
substância. Mas a idéia revolucionária
é a de que mente e corpo, embora
distintos, são capazes de interagir
dentro do organismo humano. A mente
pode influenciar o corpo e o corpo pode
influenciar a mente”.(p.41)
O CORPO, A ALMA E OS
ANIMAIS

• “Como não possuiam alma, os animais eram


considerados autômatos. Assim preservava-
se a diferença entre seres humanos e
animais, tão importante para o pensamento
cristão. Além disso, acreditava-se que os
animais eram desprovidos de sentimentos.
Como poderiam ter sentimentos se não
tinham alma? Descartes dissecava animais
vivos, antes de haver anestesia, e parecia
“divertir-se com seus gritos e lamentos, já
que estes não eram senão assobios
hidráulicos e vibrações de máquinas”
(Jaynes, 1970, p. 224).” – pp.41-42
• “Ele propôs um ideário que teve uma profunda influência no desenvolvimento da psicologia moderna.
Sugeriu que a mente dá origem a duas espécies de idéias: idéias derivadas e idéias inatas. Idéias
derivadas são as produzidas pela aplicação direta de um estimulo externo, como o som de um sino ou
a visão de uma árvore. Assim, as idéias derivadas são produto das experiências sensoriais. Idéias
inatas não são produzidas por objetos do mundo exterior que entram em contato com os sentidos. A
designação inato descreve a fonte dessas idéias; elas se desenvolvem a partir apenas da mente ou
consciência. A existência potencial de idéias inatas independe de experiências sensoriais, embora
essas idéias possam ser concretizadas ou manifestadas na presença de experiências apropriadas.
Algumas das idéias inatas identificadas por Descartes são o eu, Deus, os axiomas geométricos, a
perfeição e o infinito. ” – p.44
PROVA SURPRESA
Em que termos a metáfora do relógio envolve a
ideia de determinismo?

Como podemos definir o racionalismo cartesiano?

Quais são os graus da dúvida em Descartes?


QUESTÕES
PARA REVISAR
Como Descartes concebe a relação corpo e alma?

Quais as consequências da não atribuição de alma


aos animais?

Quais os tipos de “ideias” que Descartes concebe


e como ele as define?
“Tudo o que recebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou
pelos sentidos: ora, experimentei algumas vezes que esses sentidos eram enganosos, e é de
prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou”.

Descartes, Meditações.

Podemos assegurar que, de acordo com o racionalismo cartesiano, essa passagem trata

A do processo de edificação sistemática de incertezas que comprovam o quão falha é a razão para
Descartes.
B da insuficiência do processo de dúvida como método de busca da verdade.
C de como, para Descartes, os sentidos são o caminho pelo qual chegamos à verdade, apesar de
algumas vezes provocarem enganos.
D do primeiro passo da dúvida metódica, em que a menor suspeita de engano leva Descartes a
desconfiar plenamente nos sentidos.
E da instauração radical da dúvida a tudo o que é possível conhecer, seja pelos sentidos ou pela
razão, como último estágio do racionalismo de Descartes.
As ideias inatas são oriundas especificamente da matéria e
possibilitam o conhecimento das leis da natureza.
A
Certo
B
Errado
 
TEXTO I
“Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como
verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui
duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a
que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável.”
(DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973) (adaptado).
TEXTO II
“É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço
for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria
dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.”
(SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001). (adaptado).
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do
conhecimento, deve-se:
a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.
b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções.
c) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.
d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.
e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.
Leia o trecho a seguir: “[…] é quase impossível que nossos juízos sejam tão puros e tão sólidos
como teriam sido se tivéssemos tido inteiro uso de nossa razão desde a hora de nosso
nascimento, e se tivéssemos sido conduzidos sempre por ela.” (DESCARTES, René. Discurso
do Método. São Paulo: Martins Fontes. 1996, p. 17).
A Razão Cartesiana inaugurou, na modernidade, uma forma de se pensar a partir de uma
linguagem racionalista, inspirada em modelos matemáticos. Esse modelo racional pretendia
servir como guia para o conhecimento da realidade. Sobre o método cartesiano, é correto
afirmar que:
a) tem sua formulação mais bem acabada na obra “Crítica da Razão Pura”.
b) consistia em colocar o mundo, a realidade, “entre parênteses”, operando assim em uma
“redução fenomenológica”.
c) foi duramente combatido pelos filósofos contemporâneos a Descartes, não tendo assim
exercido influência em nenhuma geração posterior.
d) consistia em duvidar de tudo e, a partir da dúvida, reconduzir o pensamento à possibilidade
da realidade, processo que se sintetiza na frase: “penso, logo existo”.
e) tem seu apogeu no século XV, quando a entra em declínio a filosofia escolástica.
René Descartes tornou-se famoso pela frase “Cogito,
ergo sum” (penso logo existo), pilar fundamental da
filosofia:
a) Racionalista.
b) Fenomenológica.
c) Teocêntrica.
d) Empirista.
e) Liberal.
 

Você também pode gostar