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A obra do filósofo francês René Descartes (1596-1650) tem sido conhecida como uma
das mais relevantes para a fundamentação do pensamento moderno. Escrevendo sobre física,
geometria, metafísica, entre outros temas, o autor contribuiu para a Matemática moderna, para
o progresso da Revolução Científica e para o estabelecimento do Racionalismo na Filosofia
europeia. Na Filosofia, destaca-se suas Meditações sobre Filosofia Primeira, onde busca
encontrar uma base confiável para a edificação de qualquer conhecimento científico possível;
obra esta que ora apresentaremos.
Como o subtítulo desta obra menciona, a motivação deste trabalho foi demonstrar
cientificamente a existência de Deus e a distinção entre a alma e o corpo. O livro possui seis
meditações, sendo a primeira delas dedicada ao expediente da dúvida hiperbólica. Este
recurso é o que permite que o autor “purifique” o conhecimento, lançando dúvida sobre todo
conhecimento difuso, turvo ou incerto, até chegar àquele que pode ser conhecido
indubitavelmente, de forma clara e distinta. Para isso, o autor suspende o juízo acerca dos
conhecimentos provindos das sensações, devido ao fato de que elas podem enganar o sujeito
perceptivo; pois ele quer chegar nos conhecimentos que são acessados puramente pela
faculdade racional, e para isso ele toma a geometria como modelo, com seus axiomas e
teoremas.
Em sua investigação, Descartes distingue aquilo que é da ordem do corpo, daquilo que
é da ordem da mente, ou alma. Sendo esta a fonte do conhecimento claro e distinto, e aquele a
fonte de confusões e enganos. Em sua segunda meditação, esta distinção é apresentada, junto
com outras teses, que buscaremos apresentar a seguir.
Eis que surge a primeira tese da segunda meditação, como uma resposta a este
problema: eu sou, eu, eu existo. O raciocínio de Descartes é o de que, se tudo que existe pode
ser posto em dúvida, o mesmo não pode ocorrer com o fato de que há algo, ou alguém, que
duvida. Dito de outra maneira, se o gênio maligno pode me fazer duvidar de tudo que existe,
ele não pode me fazer duvidar de que eu, que duvido, existo. E este é o primeiro fundamento
do conhecimento, para o autor, o de que eu existo.
O que nos faz apreendermos o conhecimento da cera enquanto tal, não é aquilo que
nossas propriedades sensíveis nos permitem perceber, mas sim aquilo que nossa mente dela
captura. É por meio do julgamento racional que a cera pode ser compreendida de maneira
clara e distinta, de modo que seu conhecimento se torna purificado daquilo que não era sua
essência, mas apenas seus acidentes (possuir certo cheiro ou textura, por exemplo).