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1. (Ufu 2022) Leia o texto a seguir e responda às questões propostas, considerando-se o pensamento de René Descartes
(1596-1650).

Afirmo ousadamente que não podemos estar enganados nos nossos juízos muito claros e exatos, os quais, se fossem falsos,
não poderiam ser corrigidos por outros mais claros, nem com a ajuda de nenhuma outra faculdade natural. Porque sendo
Deus o soberano Ser, é necessário que seja também o soberano bem e a soberana verdade e, por isso, repugna-nos que
qualquer coisa que venha dele tenda para a falsidade. Contudo, dado que não pode haver nada em nós de real que não nos
tenha sido criado por Ele […], e dado que temos em nós uma faculdade real para conhecer o verdadeiro e distingui-lo do falso
[…], se essa faculdade não tendesse para o verdadeiro, pelo menos quando nos servimos dela como deve ser […], não seria
sem razão que Deus, que no-la deu, fosse tido por um enganador.

DESCARTES, René. Resposta à segunda objeção, apud. JAPIASSU, Hilton. O racionalismo cartesiano, In: REZENDE, Antônio.
Curso de Filosofia, Zahar: Rio de Janeiro, 2012. p. 69

a) Cite quais são os três tipos de ideias a partir dos quais se compõe o nosso conhecimento e explique o que é cada um
desses três tipos.

b) Explique a relação entre a natureza divina e a certeza das ideias inatas, consideradas o fundamento de nosso
conhecimento.
2. (Ufjf-pism 3 2021) Relacione dúvida e certeza conforme as duas primeiras meditações metafísicas de René Descartes.

3. (Ufpr 2020) “Eu já me persuadira de que não havia nada no mundo, de que não havia céu algum, terra alguma, espíritos
alguns, nem corpos alguns; não me persuadi, então, de que eu tampouco existia? Com certeza, não; eu existia sem dúvida, se
me persuadi de algo ou se apenas pensei algo”.
(DESCARTES, René. Meditações Metafísicas. In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M.E. (Orgs.) Antologia de Textos
Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 160-1.)

Por que, de acordo com Descartes, não há como negar a existência do Eu ou do Sujeito do pensamento?

4. (Unesp 2016) Suponhamos, pois, que a mente é um papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem nenhuma
ideia; como ela será suprida? De onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e ilimitada fantasia do homem pintou nela
com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo,
numa palavra: da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio
conhecimento.

(John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano [publicado originalmente em 1690], 1999. Adaptado.)

Qual é a interpretação de Locke sobre as ideias inatas? Explique quais foram as implicações do pensamento desse filósofo no
que se refere à metafísica.

5. (Uece 2023) No Discurso do método (1637), o filósofo racionalista René Descartes (1596-1650) estabelece para si o
seguinte critério.

“[...] jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar
cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão
distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida”.

DESCARTES, René. Discurso do método, II, 7. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

Em se tratando de um filósofo racionalista, podemos entender que os critérios de evidência, clareza e distinção
a) devem ocorrer na mente, eliminada qualquer dúvida.
b) significam que os fatos não deixam dúvidas aos sentidos.
c) exigem uma síntese entre as ideias inatas e as sensações.
d) não são possíveis, donde a impossibilidade da ciência.

6. (Unesp 2023) Texto 1

Quantas vezes ocorreu-me sonhar, durante a noite, que estava neste lugar, que estava vestido, que estava junto ao fogo,
embora estivesse inteiramente nu dentro de meu leito? […] Pensando cuidadosamente nisso, lembro-me de ter sido muitas
vezes enganado, quando dormia, por semelhantes ilusões. E, detendo-me neste pensamento, vejo tão manifestamente que
não há quaisquer indícios concludentes, nem marcas assaz certas por onde se possa distinguir nitidamente a vigília do sono,
que me sinto inteiramente pasmado: e meu pasmo é tal que é quase capaz de me persuadir de que estou dormindo.

(René Descartes. Obra escolhida, 1973.)

Texto 2

O cientista Jeremy Bailenson, diretor-fundador do laboratório que estuda realidade virtual na Universidade Stanford, nos
Estados Unidos, disse, em 2018, que o tempo passado com óculos de realidade virtual “é psicologicamente muito mais
poderoso do que qualquer mídia já inventada e se prepara para transformar dramaticamente as nossas vidas. Nosso cérebro
fica confuso o suficiente para entender esses sinais como realidade? Eu posso te garantir: a realidade virtual influência. Para
algumas pessoas, a ilusão é tão poderosa que o sistema límbico [região do cérebro envolvida com emoções e memória] delas
entra em um estado de atividade intensa”.

(Shin Suzuki. “Vida no metaverso: como a realidade virtual poderá afetar a percepção do mundo ao redor”. www.bbc.com,
28.11.2021. Adaptado.)

Nesses dois textos, observa-se a problematização de uma questão clássica em filosofia, a qual corresponde à
a) relação entre sensação e razão.
b) evolução das descobertas científicas.
c) estruturação do raciocínio lógico.
d) fundamentação do conhecimento comum.
e) combinação entre progresso e tecnologia.

7. (Uece 2023) “Podemos dividir todas as percepções do espírito em duas classes ou espécies, que se distinguem por seus
diferentes graus de força e vivacidade. [...] Pelo termo impressão entendo todas as percepções mais vivas, quando ouvimos,
vemos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos ou queremos. E as impressões diferenciam-se das ideias, que são as
percepções menos vivas, das quais temos consciência, quando refletimos sobre quaisquer das sensações ou dos movimentos
acima mencionados”.

HUME, David. Investigação acerca do entendimento humano. Trad. de João Paulo Gomes Monteiro. São Paulo: Nova Cultural,
1996, p. 69-70. Coleção Os Pensadores.

Com base na passagem anterior, é correto afirmar que, para Hume,


a) as ideias têm como fundamento as impressões sensíveis, sentimentais etc.
b) as impressões e as ideias são duas percepções psíquicas independentes.
c) as impressões são percepções do espírito; logo, são o mesmo que ideias.
d) as impressões são percepções corporais, e as ideias são percepções mentais.

8. (Fuvest 2023) O filósofo David Hume apresenta a seguinte relação entre sensações (ou, em suas palavras, sentimentos) e
ideias:

“Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados do nosso sentimento externo e interno. Apenas a mistura e
composição destes materiais compete à mente e à vontade. Ou, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas
ideias ou percepções mais fracas são cópias das nossas impressões, ou percepções mais vívidas”.

HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. Lisboa: Imprensa Nacional / Casa da Moeda, 2002.

É possível tornar mais clara a concepção de Hume vinculando-a a fatos cotidianos. Qual situação confirma a relação proposta
no excerto?
a) Algumas pessoas não sabem de onde vêm os seus sonhos.
b) Uma pessoa com boa memória pode se lembrar mais facilmente das suas ideias.
c) Uma pessoa que nunca experimentou guaraná não pode ter ideia do seu sabor.
d) É possível manter a ideia de um cavalo alado por muito tempo na mente.
e) Comer uma maçã envolve experiências sensoriais

9. (Uece 2022) . Leia o excerto a seguir, em que René Descartes expressa uma nova concepção de ciência:

“[...] tão logo adquiri algumas noções gerais relativas à física, e, começando a comprová-las em diversas dificuldades
particulares notei até onde podiam conduzir, e o quanto diferem dos princípios que foram utilizados até o presente, julguei
que não podia mantê-las ocultas sem pecar grandemente contra a lei que nos obriga a procurar, no que depende de nós, o
bem geral de todos os homens. Pois elas me fizeram ver que é possível chegar a conhecimentos que sejam muito úteis à vida,
e que, em vez dessa Filosofia especulativa que se ensina nas escolas, se pode encontrar uma outra prática, pela qual,
conhecendo a força e as ações do fogo, da água, do ar, dos astros, dos céus e de todos os outros corpos que nos cercam, tão
distintamente como conhecemos os diversos misteres de nossos artífices, poderíamos emprega-los da mesma maneira em
todos os usos para os quais são próprios, e assim nos tornar como que senhores e possuidores da natureza”.
DESCARTES, R. Discurso do método, Parte VI, § 2. Trad. bras. de Jacob Guinsburg e Bento Prado Jr. São Paulo: Difel - Difusão
Europeia do Livro, 1962. (Col. Clássicos Garnier).

Essa nova concepção de ciência, apresentada por Descartes, se aproxima do que Aristóteles chamara de
a) técnica (tékhne).
b) experiência (empeiria).
c) sensação (aísthēsis).
d) ciência (epistéme).

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