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Estudante: Daniele Suzane Bezerra da Silva

E-mail: daniele.1656875@discente.uemg.br

Curso: Pedagogia

Período: 2º

Turno: Noturno

Análise argumentativa

MEDITAÇÕES

CONCERNENTES

À PRIMEIRA FILOSOFIA

NAS QUAIS A EXISTÊNCIA DE DEUS E A DISTINÇÃO REAL ENTRE A ALMA


E O CORPO DO HOMEM SÃO DEMONSTRADAS

O texto “Meditações concernentes à primeira filosofia nas quais a existência de Deus e a


distinção real entre a alma e o corpo do homem são demonstradas” encontra-se no livro
Meditações Metafísicas de René Descartes, edição publicada em 1976.

Esse texto visa a aniquilação das antigas ideias anteriormente vistas como verdades,
esvaziar a mente para estabelecer a primeira verdade, que seria o alicerce seguro para
sustentar a verdade que supere a dúvida do supremo enganador. O desenvolvimento do
texto consiste em primeiramente levantar o princípio da dúvida; argumentar sobre o
engano dos sentidos; argumentar sobre o sonho e os sentidos; argumentar sobre os
sentidos e as essências matemáticas como objetos concretos através da comparação
entre o Deus enganador e o Gênio Maligno e por fim, ele conclui que ainda busca
responder às questões filosóficas e continua a procurar o princípio da verdade nas
próximas meditações.
Meditação Primeira – das coisas que não se podem colocar em dúvida

Descartes percebe que desde os primeiros anos de vida recebera falsas opiniões como
verdadeiras e o alicerce em que ele fundou os seus princípios era frágil, duvidoso e
incerto. Para estabelecer um fundamento firme e constante nas ciências era preciso
desfazer das antigas opiniões e começar tudo novamente desde o fundamento.

Por ser um processo muito complexo e grandioso, ele esperou atingir a maturidade em
que sua mente estivesse livre e em paz para destruir todas as suas antigas opiniões em
seu alicerce. Para explicar melhor, é usada a metáfora do edifício, destruindo o alicerce
se destrói o resto do edifício e pode-se edificar desde o início.

Tendo em vista que todas as falsas opiniões estão alicerçadas no mesmo princípio, não
será preciso demonstrar a falsidade de cada opinião, ideia ou crença, bastará que seja
encontrada uma razão de duvidar de uma delas para rejeitar todas as outras.

Descartes argumenta que os sentidos são os responsáveis pela transmissão dessas falsas
opiniões, ele acusa os sentidos de serem enganosos e julga prudente nunca acreditar em
quem já nos enganou uma vez.

Partindo desse pressuposto, Descartes associa a validade do conhecimento sensível a


partir da observação que os sentidos às vezes nos enganam. Porém, o sentido pode nos
enganar nas coisas que estão distantes de nós, mas não conseguem nos engaram nas
coisas que nos estão próximas. Isso o leva a argumentar que duvidar dos sentidos o faz
parecer louco, pois o grau de evidência dos sentidos não pode ser recusado
completamente.

O primeiro ponto a ser questionado é que apesar dos sentidos serem enganadores às
vezes, no que se refere às coisas poucas sensíveis e muito distantes, outras, porém, não
se pode duvidar, embora conhecêssemos através dos sentidos. Os sentidos não
conseguem nos enganar com coisas que estão muito próximas, muito evidentes, como o
fato em que temos um corpo, não podemos de modo duvidar da existência deste fato.
Então, Descartes não consegue tomar os sentidos como inteiramente falsos.

Com isso, Descartes precisa racionalizar a dúvida para descredibilizar a confiança nos
sentidos como fonte de conhecimento, falando sobre como não podemos distinguir
quando estamos sonhando e quando estamos acordados porque os sentidos estão
aflorados também nos sonhos.

Porém, a dificuldade de suprimir os sentidos permanece, ele não consegue duvidar


completamente dos sentidos, pois entende que os sonhos são representações do mundo
externo. Por isso, ele começa então a argumentar sobre a veracidade dos sentidos
novamente falando como os sentidos o engaram em seus sonhos insensatos em vigília
em que se assemelhava muito com a realidade e sentia suas mãos, a vigília do sono não
pode ser distinguida da realidade nitidamente.

Descartes encontra um novo obstáculo: As ideias vistas no sono são representações


mentais sobre o mundo externo e não são coisas imaginarias somente, são semelhanças
de algo verdadeiro e existente. Ele usa a metáfora do pintor: o pintor pode pintar
fantasias ou algo não figurativo, porém há indícios do mundo externo em suas obras,
como, por exemplo, a cor e as sereias com traços da natureza e do ser humano. Ou seja,
o pintor não consegue pintar algo que não advém do mundo externo.

Descartes descobre que toda realidade material há quantidade e grandeza em número,


por exemplo: volume, peso, profundidade, altura, duração. Tudo que é material ocupa o
seu lugar no espaço e isso o torna indubitável.

Ele argumenta então sobre a Física, a Astronomia, a Medicina e todas as outras ciências
dependentes das considerações compostas serem muito duvidosas e incertas; mas a
Aritmética, a Geometria e as outras ciências desta natureza, são coisas muito simples e
universais, elas contêm alguma coisa de certo e indubitável. Pois estejamos acordados
ou dormindo, dois mais três sempre dará o resultado cinco e o quadrado nunca terá mais
do que quatro lados.

A argumentação dos sentidos indubitáveis vai de encontro com a hipótese do Deus


enganador. Pois, segundo esta hipótese, se fossemos criados por um Deus a qual nos
enganasse em tudo em que acreditamos, e se todas as ideias, crenças e opiniões fossem
criadas por esse Deus, com as verdades matemáticas não diferiria, porque acreditamos
com maior certeza na exatidão da matemática e da geometria, mas pode ser que fomos
induzidos a acreditar que dois mais três são cinco ou que o quadrado tem quatro lados.

Ao longo do questionamento, Descartes confronta Deus na sua onipotência e


benevolência. Pois, se Deus é benevolente, por que permitir o erro e o engano? Por que
induzir o ser humano a errar às vezes? Seria a sua benevolência que dá o livre arbitro
para homem cometer erros?

Ele então começa a argumentar não haver razoes para dúvidas de suas antigas crenças, é
preciso lembrar-se delas dando-lhes a longa e familiar convivência que junto tiveram. E
jamais ele perdera o costume de lembrar-se e confiar nelas. Embora sejam duvidosas, há
mais razão em acreditar nelas do que enterrá-las. Pois, segundo Descartes, deve-se
entender que a função de Deus e a do Gênio Maligno é nada mais que um artifício
psicológico que nos leva a duvidar cada vez mais de nossas próprias ideias.

Na argumentação ele fala sobre a suposição que não há um Deus verdadeiro, a fonte
soberana da verdade, mas um gênio maligno, ardiloso, enganador e poderoso.
Argumenta que todas as coisas externas como, por exemplo: o ar, a terra, as figuras e
sons são apenas ilusões. Até mesmo o corpo humano é ilusão, desprovida de quaisquer
sentidos e dotados de uma falsa crença de todas essas coisas.

Descartes conclui o texto argumentando que seria um escravo gozando de uma


liberdade imaginária, quando começa a suspeitar de que a liberdade é apenas um sonho
e prefere enganado por mais tempo, assim evitar despertar desse sono mesmo que fique
na escuridão na mentira ao está na luz da verdade, é como se a luz da verdade não
conseguisse extinguir as trevas diante das dificuldades a serem atingidas cerca da
verdade, porém ainda busca responder às questões filosóficas e continua a procura do
princípio da verdade.

Diante de exposto, Descartes busca limpar da mente tudo aquilo que ele havia aceitado
como verdadeiro, visando a descoberta de um novo fundamento do conhecimento, um
ponto de apoio para a verdade a ser buscada. Ele inicia uma série de argumentos e para
cada argumento uma descoberta sobre a realidade, a separação da mente e do corpo no
que tange os sentidos e qual é a marca da verdade. Logo após a hipótese do Deus
enganador, Descartes descobre que as suas antigas ideias podem ser pensamentos falsos
e imaginários, porém imergi-las seria distanciar-se do caminho na busca pela verdade.

Referências Bibliográficas

DESCARTES, René. “Meditações concernentes à primeira filosofia nas quais a


existência de Deus e a distinção real entre a alma e o corpo do homem são
demonstradas”. In: DESCARTES, René. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril
Cultural, 1976. p. 92-98.

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