Você está na página 1de 6

Educação Escolar Quilombola em Minas Gerais

Jornal Quilombolas
01/12/2022

O GRITO DE “LIBERDADE”

Muitos já contaram, escreveram e discutiriam a história do Brasil, mas será


que falaram dela com toda a verdade? Ou será que só enfatizaram fatos que
interessava a quem na época tinha o poder? O mais preocupante é que poucos se
preocuparam em contar os lados dessa história. Durante muito tempo tentou-se
calar a voz daqueles que foram arrancados de suas terras trazidos forçadamente
para América, escravizados, agredidos, e que perderam suas vidas. Para a classe,
então dominante, a única coisa que interessava era a força de trabalho dos
africanos. Mas a bagagem que eles trouxeram era bem maior, além da sua força
braçal, carregaram consigo sua história, cultura, religião, etc. Infelizmente por
terem sido silenciados por tanto tempo tanto não puderam praticar aquilo que
tanto acreditavam o que fez com que muitos de seus conhecimentos fossem
perdidos no tempo.
Reconhecer e valorizar esses povos não deve ser feito apenas por obrigação,
mas por respeito a principalmente tantas vidas que foram perdidas. Quando
tratamos das comunidades remanescentes Quilombolas vemos o quanto é
importante o trabalho de reconhecimento e valorização desses povos que tanto
contribuíram e ainda tem para contribuir com a sociedade não só brasileira, mas
mundial.
Ainara Nunes de Souza

Comunidades As chamadas festas tradicionais


são resultado de muitas
Quilombolas influências: negra, indígena e
católica. Assim, por exemplo,
O povo do quilombo é um
temos o Aiuê de São Benedito na
povo alegre, que gosta de
Comunidade Jauari. A palavra
música e de dança. O canto
aiuê, como explica o historiador
está sempre presente em seu
Eurípedes Funes, significa festa
cotidiano e nas festas. Entre
em kimbundo. Realizada em 6 de
os quilombolas há um grande
janeiro, a festa é uma homenagem
número de cantores e
ao padroeiro da Comunidade
compositores, que relatam
Jauari: São Benedito. Nela a
em suas músicas a vida, a luta
comunidade saúda o santo e as
e a esperança de seu povo.
riquezas obtidas durante o ano.
Vamos colorir?

Bonecas Abayomi

Há um tempo atrás, no continente A cultura africana é muito rica e


africano havia um povo lindo, de pele negra embora muitos dos costumes desse
como a noite, sorriso iluminado como as povo maravilhoso tenham se perdido
estrelas e olhar encantador como a lua. Eles com o tempo conhecemos e
viviam livres e felizes com suas famílias e aprendemos mais sobre o contimente
amigos. africano todos os dias, a cultura da
Lá havia muitas crianças, homens e confecção das bonecas Abayomi
mulheres alegres, que cantavam, dançavam perdura até hoje.
e tratavam a natureza de forma respeitável.
Tudo caminhava em paz naquele local,
eles tinham o direito de passear, plantar,
colher e comer, tinham terras, casas e nada
ali faltava.
Até que um dia homens desconhecidos
invadiram as terras africanas e levaram
muitas famílias para outro lugar totalmente
desconhecido, essas famílias não queriam
sair de suas terras, mas eram levadas a
força.
Na maioria das vezes as crianças eram
separadas de seus pais, elas sentiam muito
medo e choravam.
Para acalmar seus filhos durante as
terríveis viagens a bordo dos navios que
traziam os escravos para o Brasil as mães
africanas pegavam retalhos de suas saias e
a partir deles criavam pequenas bonecas,
feitas de tranças ou nós, que serviam como
amuleto de proteção.

Essas bonecas são símbolo de resistência, As bonecas Abayomi são feitas sem
conhecidas como Abayomi, que significa costura alguma (apenas nós ou
‘Encontro precioso’, em Iorubá, uma das tranças) e não possuem demarcação de
maiores etnias do continente africano cuja olho, nariz nem boca, isso para
população habita parte da Nigéria, Benin, favorecer o reconhecimento das
Togo e Costa do Marfim. múltiplas etnias africanas.
20 de Novembro – Dia da Consciência Negra

O herói negro

Zumbi dos Palmares

A data de 20 de novembro foi escolhida como o dia da Consciência Negra.


Nesse dia, no ano de 1695, foi morto Zumbi dos Palmares, um importante
personagem da história do Brasil.
Zumbi era líder de Palmares, o maior e mais organizado quilombo de toda
a América e onde chegou a viver uma população de milhares de pessoas.
Os quilombos eram lugares, em geral de difícil acesso, para onde iam os
africanos e seus descendentes fugido da escravidão.
O quilombo de Palmares foi fundado em 1597 e por quase 100 anos
resistiu a inúmeros ataques das forças do governo e dos fazendeiros. Em
1694, no entanto, foi destruído e no ano seguinte Zumbi foi morto.
Em 2003, por meio de uma lei, esse dia de 20 de novembro foi declarado
como o Dia Nacional da Consciência Negra. Essa mesma lei tornou
obrigatório o ensino sobre História e Cultura afro-brasileira. Agora, em
todas as escolas do país, os alunos estudam a história da África e dos
africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na
formação da sociedade nacional.
Zumbi dos Palmares, é símbolo da luta contra sofrimentos causados pela
escravidão, no passado. Também nos faz refletir e buscar soluções para os
problemas que muitos afrodescendentes ainda enfrentam no Brasil, como o
preconceito, a falta de moradia, de emprego, de acesso à escola entre
outras outros.

“Só os homens livres podem negociar (…). Sua liberdade e a minha não podem ser
separadas”. (Declarações de Mandela após 21 anos na prisão ao renunciar à oferta
de libertação do então presidente, Pieter W. Botha, em fevereiro de 1985).
Você já ouviu falar do compositor
Paulo César Pinheiro? Ninguém ouviu
Dentre tantas lindas e inspiradoras Um soluçar de dor
No canto do Brasil
músicas que ele compôs está
Um lamento triste
destacada ao lado "O canto das três Sempre ecoou
raças", essa música ficou conhecida Desde que o índio guerreiro
na voz da cantora Clara Nunes e a Foi pro cativeiro
sua letra traz toda a luta e E de lá cantou
sofrimento que passam os povos Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
indígenas, os africanos que foram
No Quilombo dos Palmares
escravizados e os seus Onde se refugiou
descendentes no Brasil. Fora a luta dos Inconfidentes

Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
Ô, ô, ô, ô, ô, ô
E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor
Ô, ô, ô, ô, ô, ô
Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
Ô, ô, ô, ô, ô, ô
E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor
Ô, ô, ô, ô, ô, ô

Você também pode gostar