Você está na página 1de 20

Ir para conteúdo

Educação & Ensino de História


MENU

Literatura cabo-verdiana e
afirmação da cultura cabo-verdiana
Literatura cabo-verdiana e afirmação da cultura cabo-
verdiana: o papel dos escritores cabo-verdianos na construção
da identidade cabo-verdiana

A afirmação da identidade cultural cabo-verdiana está intimamente


ligada à sua história literária. A literatura serviu como base de
afirmação, arma de combate e realização simbólica da cabo-
verdianidade, em diferentes momentos de afirmação. A identidade
crioula construiu-se e veiculou-se pela literatura. Os escritores cabo-
verdianos utilizaram os textos literários para transmitirem aos seus
irmãos e aos estrangeiros a sua ideia de identidade cultural e
nacional.
Segundo Brito Semedo, o processo da construção da identidade
cabo-verdiana está associado às características sociais e políticas
diferentes, e divide-se em três fases distintas: 1ª) Fase
do sentimento nativista, que vai desde 1856 a 1932; 2ª) Fase
da consciência regionalista, de 1932 a 1958; 3ª) Fase da afirmação
nacionalista, desde 1958 até 1975.

1º) Fase do sentimento nativista (1856 a 1932)

O termo nativismo é entendido como movimento de luta a favor dos


interesses e manifestações culturais por parte dos povos colonizados
e da defesa da sua terra de origem.

O Nativismo e a geração da elite cabo-verdiana que o representa,


defende os direitos dos filhos da terra, alegando a autonomia do
arquipélago. Apelando à união dos ditos filhos da terra, o objectivo
principal consiste na luta pela igualdade em relação aos da
metrópole, de modo a serem reconhecidos e considerados como
portugueses plenos, sem contudo abrirem mão da Matria (África). A
valorização do espaço geográfico e humano das ilhas e da sua
cultura, também foi outro aspecto defendido pelos nativistas.

A defesa da cultura nacional, e, consequentemente, da identidade


cabo-verdiana e o desejo de que o arquipélago de Cabo Verde fosse
reconhecido como uma região portuguesa, reivindicando a
cidadania portuguesa para os nativos do arquipélago, marcou o
pensamento dos Nativistas. Através de publicações literárias,
evidenciaram a sua ideia de identidade, que se manifestava num
duplo sentido: defendiam Cabo Verde com as suas especificidades e
ao mesmo tempo identificavam-se como portugueses. Assumiram,
portanto, uma dupla identidade: cabo-verdianos e portugueses, em
simultâneo. Por causa dessa dualidade, ficaram conhecidos como “a
geração dos portugueses de lei e cabo-verdianos de alma”.

Apesar dessa identificação com a pátria portuguesa, os nativistas


tentaram evidenciar uma identidade crioula através de mitos que
explicavam a origem de Cabo Verde. Assim, destaca-se o mito
hesperitano ou arsinário, que constituiu uma fantasia imaginária
de alguns intelectuais cabo-verdianos numa tentativa de defender
uma identidade para Cabo Verde, ou seja, uma identidade distinta,
específica e singular em relação à Pátria-Portugal.

Nota: o sentimento nativista é também designado


de crioulidade, definida como a coexistência de características
patrióticas a dois territórios, a duas sociedades, a duas culturas.

Pátria do meu coração,


Portugal! Pátria caríssima!

Onde a luz primeira vi, A ti,


pois, as minhas trovas,

Seja o meu canto por ti Sentidas


e ardentes provas

Na hora triste da Saudade De filial


afeição!

………………………………. Salvé,
pois, Pátria Lendária

Terra amada dos meus Paes, A que


voto amor profundo!

A terra dos meus encantos Tu és,


das nações do mundo,

E terra de todos quantos A mais


ilustre nação!…

Te amam do
coração. José
Lopes (1933)

António Corsino Lopes (1911)


Das vastas extensões assim submersas Nome
mudado em Caboverdeanas

Então ficaram essas nossas ilhas Desde


que as lusas velas legendárias,

E as outras suas célebres irmãs,


Zombando das procelas, dos perigos,

Como elas, pelo Atlântico dispersas. Davam o


nome Verde ao mesmo cabo

As Hespérides, de Héspero e as três filhas. Que


assim perdia o que lhe déra Strabo.

Por essa mesma tradição,


………………………………………….

Deram o nome às nossas, como razão É esta,


pois, Irmãos Caboverdeanos!

Chamadas, pois, Ilhas Hesperitanas. A


história original da nossa terra,

Também de denominam Arsinárias Que esse


segredo do Passado encerra…

Pelo cabo Arsinário dos Antigos,


José Lopes, 1933

Resumo:

Principais ideias:

 Igualdade de direitos entre os filhos da terra e os cidadãos


metropolitanos;
 Reconhecimento da cidadania portuguesa à todos os cabo-
verdianos;
 Ideia de uma dupla filiação identitária (“portugueses de lei
e cabo-verdianos de alma”);
 Autonomia do arquipélago de Cabo Verde;
 Valorização da língua, das especificidades geográficas e
históricas de Cavo Verde, face à metrópole.

Escritores representantes:

Eugénio Tavares; José Lopes, Pedro Cardoso, Luís Loff de


Vasconcellos, etc.

Críticas e contributos:

Com os nativistas houve um despertar da consciência identitária,


mas uma noção de identidade ainda ambígua, confusa e sem
maturação. Tiveram uma ideia equivocada (isto é, enganaram-se),
ao se considerarem portugueses e cabo-verdianos ao mesmo tempo
e defenderem a igualdade entre os naturais das ilhas e os
portugueses. Não perceberam que no sistema colonial, não há
relação de igualdade entre o colonizador e o colonizado. Além
disso, não tiveram noção da diferença existente entre Cabo Verde e
Portugal e por falta dessa diferenciação (importante para construir a
ideia de identidade) não tiveram consciência clara da sua
identidade. Enfim, caíram numa grande contradição.

2ª) Fase da consciência regionalista (1932 a 1958)

A partir dos anos trinta do século XX, surge uma nova geração de
intelectuais, que ficou conhecida pela geração dos Claridosos, por
terem fundado a revista Claridade em 1936, no Mindelo em São
Vicente. O grupo era constituído por Baltazar Lopes da Silva, Jorge
Barbosa e Manuel Lopes, entre outros.

Os Claridosos da década de trinta e quarenta fincam os pés na


terra cabo-verdiana e revelam o estado de abandono a que as ilhas
estavam votadas. Esse fincar dos pés na terra é feito com base na
valorização da terra-mãe, do povo das ilhas e da sua cultura. As
temáticas desses intelectuais repercutiam as angústias do povo
cabo-verdiano, principalmente as longas secas, subsequentes fomes,
mortes e extrema miséria que assolavam o arquipélago. Isso incitou
a nova geração a defender esse povo, com o pressuposto de afirmar
a identidade cabo-verdiana e, por consequência, a sua autonomia.

Os Claridosos, apesar de defenderem as particularidades do


arquipélago de Cabo Verde, consideravam-no como uma região de
Portugal como Minho ou Algarve e defendiam o predomínio de
elementos culturais europeus na formação do povo cabo-verdiano.
Por conseguinte, acabaram por elaborar uma noção de identidade,
que se configurava e coexistia com a identificação do Estado
nacional português, e difundia a ideologia assimilacionista e
regionalista.

Essa ideia regionalista sustentava que Cabo Verde, à semelhança de


qualquer região de Portugal, também apresentava características
essenciais da cultura metropolitana, ou seja, assim como Algarve e
outras regiões de Portugal. Cabo Verde também é, desse todo
português, que partilha traços culturais fortes com a metrópole.
Assim, a consciência identitária defendida por essa geração vai no
sentido da edificação da identidade mestiça e regional, o que denota
uma consciência regionalista. Isso marcou indubitavelmente o
carácter de ambivalência dos claridosos na construção da identidade
cabo-verdiana.

Nestes tempos Malditos

não tem descanso estes


anos de seca!

a padiola mortuária da regedoria.


……………………………..

…………………………………..… Há
quanto tempo não rodam
Tão silenciosa a tragédia das secas nestas ilhas! as
pedras dos moinhos!

Nem gritos nem alarme Há


quanto tempo não se ouve

– somente o jeito passivo de morrer! o som


monótono e madrugador

……………………………………. Dos
pilões cochindo…

No quintal do casebre –
Que é desse ruído anunciador

três pedras juntas das


refeições do povo?

três pedras queimadas


De dentro das casas

que há muito não serviam. nem fio


tenuíssimo

de fumo subindo…

E o arco de ferro do menino


………………………………….

com a vareta ainda presa. Em tudo


o cenário dolorosíssimo

Jorge Barbosa
(Casebre) da estiagem

– da fome! Jorge Barbosa (Paisagem)


Resumo:

Principais ideias:

 Defesa dos problemas de Cabo Verde e das condições de


vida dos cabo-verdianos (através do lema “fincar os pés na
terra”);
 Valorização do espaço geográfico, da história, do povo e da
cultura cabo-verdiana (como estratégia de afirmação da
identidade cabo-verdiana face à Portugal);
 Autonomia para Cabo Verde, como uma região autónoma
portuguesa;
 Origem mestiça do povo cabo-verdiano;
 Predomínio do carácter português do homem cabo-
verdiano (no comportamento, no quotidiano e na conduta
do homem cabo-verdiano, a cultura dominante não é a
africana mas portuguesa);
 Supremacia dos elementos culturais portugueses na
cultura cabo-verdiana (defendiam a dimensão portuguesa
da cultura cabo-verdiana, vista como uma variante regional
da cultura lusitana; Cabo Verde seria uma região
europeizada);
 Defesa e afirmação da especificidade cultural de Cabo
Verde.

Escritores representantes:

Jorge Barbosa, Baltazar Lopes da Silva, Manuel Lopes, João Lopes,


Jaime Figueiredo, António Nunes, etc.

Críticas e contributos:

Os claridosos deram um grande contributo a afirmação da


identidade cultural cabo-verdiana. Eles desempenharam um papel
importante na fomentação de uma identidade cabo-verdiana, através
da incorporação e divulgação nas suas obras literárias. Os escritores
da década de 30 reivindicaram para Cabo Verde, uma identidade
cultural própria, sui generis, situando o Arquipélago, do ponto de
vista cultural, afastado da África, na convicção de possuirmos uma
originalidade regional. Apesar de reconhecerem as raízes africanas e
europeias da nossa cultura, defendem a ideia de que Cabo Verde
evoluíra para uma síntese harmoniosa, em que os referenciais não
eram nem africanos nem europeias. Demostraram uma atitude
de identificação do arquipélago como um espaço com
características culturais próprias, fomentando a ideia de uma nação
cabo-verdiana, pela primeira vez explicita no plano estético-
literário, embora, sem assumir explicitamente os valores africanos
da nossa cultura.

Porém, assim como seus antecessores nativistas, revelaram, de certa


forma, uma dupla identidade: cabo-verdiana e lusitana (ou, pelos
menos, uma tendência para neste sentido), o que mostra que ainda
não tinham percebido totalmente a diferença entre o Nós e Eles,
algo importante para a tomada de consciência da própria identidade.
Além disso, foram contraditórios ao defenderem uma origem
mestiça e ao mesmo tempo acentuadamente portuguesa da cultura
cabo-verdiana, ocultando ou negando a herança cultural africana.
Por fim, caíram num grande equívoco (engano) ao se considerarem
que Cabo Verde era uma região portuguesa (como Algarve, por
exemplo), o que demostra uma incompreensão da lógica do
colonialismo, que não possibilita a igualdade entre a colónia e a
metrópole.

3ª) Fase da afirmação nacionalista (1958 até 1975)

A transição do regionalismo ao nacionalismo cabo-verdiano,


aconteceu após um período de aproximadamente três décadas
(1936-1962). O conceito de regionalismo, resume-se naquilo que se
considere o“fincar os pés na terra cabo-verdiana”, o que significava
debruçar-se sobre os problemas de Cabo Verde e das condições de
vida do seu povo.

Com a geração de Amílcar Cabral, o fincar os pés na terra adquire


um significado essencialmente político, tendo como implicação
imediata a assunção da condição de africano e a ligação de Cabo
Verde aos outros países envolvidos no projecto de emancipação
político-cultural. Assim, enquanto a geração dos Claridosos
encarava a identidade como resultado de interacções quotidianas,
sem que as relações ali subjacentes fossem problematizadas, já que
assumidas como relações simétricas, a geração de 50 concebe-as a
partir da reiteração das diferenças num cenário de assimetrias e de
relações de dominação.

Os integrantes na luta pela independência nacional refutavam a


ideia dos claridosos, e defendiam principalmente aqueles que
sustentavam nesta luta a afirmação da identidade africana do
arquipélago de Cabo Verde, isto é, a defesa da raiz africana e a forte
ligação do arquipélago a África. A consolidação desta ideia de
retorno terá conduzido à luta pela conquista de uma identificação
própria, luta essa que não coincidiria com a das gerações
precedentes e principalmente com a da consciência regionalista.

A década de 50 marca indubitavelmente uma nova era na formação


da identidade cultural e nacional, com o acento tónico no resgate
das origens africanas. O novo discurso identitário apresenta traços
fortes com as do continente africano e encerra ali o significado de
que era a altura certa da ruptura, tornando a Nação livre, com
hábitos característicos e libertos da opressão da administração
colonial. A defesa da raiz africana e o profundo laço dos cabo-
verdianos a este continente passam a ser um dos grandes propósitos
e, possivelmente, um dos mais importantes pressupostos teóricos, a
ponto de o caracterizarem como o movimento da “reafricanização
dos espíritos”. Amílcar Cabral, como um dos mais exímios
representantes deste movimento, baseado nos princípios do
nacionalismo, viria, por intermédio do partido PAIGC, fundado para
a libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde, e num contacto com os
estudantes da colónia, a reivindicar a independência e libertação
desses países, na ideia da reafricanização, ou do resgate dos ideais
africanos. Para Cabral, Cabo Verde, mesmo sendo uma região
insular, estava intimamente ligada ao continente africano, e é por
esta razão que se começa a afirmar nele a sua africanidade, ou seja,
a sua dimensão africana
Os escritores Cabo-verdianos da década de 50 aperceberam-se que,
para a construção da identidade nacional, era necessário reencontrar
as nossas raízes africanas e valorizar todas as formas de
manifestação cultural com raízes em África, sobretudo aqueles
traços culturais que foram usados pelos colonizadores, para
diminuir o colonizado. Para estes escritores, a reconciliação com a
nossa origem africana, isto é, a reafirmação da nossa africanidade,
implicava a rejeição da cultura colonizadora, um meio para que o
homem cabo-verdiano pudesse assumir a sua própria identidade. O
retorno às origens, ou seja, a tomada de consciência da nossa
ligação a África seria então, condição de possibilidade para a
construção de uma identidade plena. Com os escritores dos anos 50,
foi resgatada a importância da África para o arquipélago de Cabo
Verde.

O desejo de reencontrar-se com a cultura africana sufocada e


esquecida durante séculos; a necessidade de dar luta contra o
assimilacionismo, a acomodação ao sistema colonial; a resistência
contra a aculturação do homem cabo-verdiano foi uma postura
deliberadamente assumida na produção literária, poética e nos
ensaios da geração de 50. Dessa geração, surgiu um grande número
de escritores, poetas e ensaístas, cujas produções não podem
escapar-se às fortes motivações políticas. Insuflaram no espírito do
homem comum, através de uma poesia que nega a superioridade da
cultura do colonizador, que o colonizado devia adoptar a ideia de
pertencer a uma nação, e consciencializar-se do impacto e do valor
da cultura africana na sociedade cabo-verdiana.

Um poema diferente Pa mund´ Intêru

Ês libru ê fidju d´êra, di Pobo; ê nôs libru.


O povo das ilhas quer um poema diferente
E ta papia di nôs butupério.
Para o povo das ilhas:
M á ta purbikel; demo na komparassan di fala,
……………………………..
djan sê ma tem guentis ki ka ta atchal sabi,
Um poema sem braços à espera de trabalho
Nem bocas à espera de pão ki pró ta da kabako.

Um poema sem barcos lastrados de gente Dexa da kabako.

A caminho do Sul Nôs kê fidjo di Afrika, ki sta baxo dês d´otos

Um poema sem palavras estranguladas nassan d´arguem, no tem di skodjê ô fassê

Nas grades do silêncio… bondadi di kenhê ki, no podê fla berdadi, á ta

O povo das ilhas que um poema diferente muntanu sima limária, ô trabadja pa nôs Tera,

Para o povo das Ilhas: nôs Afrika Grandi di manham.

Um poema com seiva nascendo no coração da M ka baradja kabé: m skodjê kel kussa ki sta
ORIGEM
na mi, ki sta na nha Terra, ki sta na nha Pobo.
Um poema com batuque e tchabéta e badias de
Santa Catarina
Kel kussa ki fasseno armum, pa no finka pé na

Um poema com saracoteio d´anças e


tchom, pa no luta toki no kompo nôs Tera.
gargalhadas de marfim!

……………………………………………
O povo das ilhas que um poema diferente

Mosias ko rapassis di nôs Tera, mosias ko rapassis


Para o povo das ilhas:

di Afrika, ki ó ki no kontra ko kumpanheru, nôs


Um poema sem homens que percam a graça do
mar
kabé, nôs bida djunta dum kussa: – na kel
E a fantasia dos pontos cardeais.
kussa má grandi ki podê tem pa nôs: – Afrika
Onésimo Silveira (Um
poema diferente). Grandi, sem burgonha di nunguem.

E ka komberso ko ngodo di kenhê ki krê

Muntano ki ta pono nbaxa: pa dianti kê kaminho;


pa nôs sô tem um kusa:

Afrika ô Morti!

Kaoberdiano Dambará

Resumo:

Principais ideias:

 Carácter mestiço do povo cabo-verdiano;


 Ligação histórica, étnica e cultural de Cabo Verde à África;
 Busca e valorização das origens negras africanas da
sociedade cabo-verdiana, através do movimento que
Amílcar Cabral designou de “reafricanização dos espíritos”;
 Defesa e exaltação da dignidade e dos direitos do homem
negro (defendida pelo movimento da negritude);
 Especificidade da identidade cultural do povo cabo-
verdiano, que constituía uma nação específica e diferente
da nação portuguesa;
 Luta pelo direito à liberdade e independência da nação
cabo-verdiana.

Escritores representantes:

Amílcar Cabral, Onésimo Silveira, Felisberto Vieira Lopes,


Aguinaldo Fonseca, Ovídio Martins, Gabriel Mariano, etc.

Críticas e contributos:

Os escritores desse período, designados de nacionalistas, tiveram


uma plena e clara consciência da identidade cabo-verdiana e
desempenharam um papel importante na afirmação do povo cabo-
verdiano como uma nação plena e portadora de uma identidade
cultural própria. Além disso, foram os responsáveis pela luta à
independência de Cabo Verde, rompendo a ligação de dominação
colonial que mantinha a nação cabo-verdiana sob o jogo de
Portugal. Entretanto, assumiram uma certa postura de negação ou
desvalorização da herança portuguesa da cultura cabo-verdiana, em
detrimento de uma sobrevalorização das raízes africanas do povo
cabo-verdiano. Assumiram uma identidade cultural cabo-verdiana,
mas marcadamente africana, pois o contexto histórico da época
quase que exigia uma tomada de posição nesse sentido.

Partilhar isso:

 Twitter
 Facebook

Relacionado

A identidade cultural cabo-verdiana: o despertar da consciência identitária

A identidade cultural cabo-verdiana: o despertar da consciência identitária Conceito


de identidade Genericamente, a identidade é um conjunto de características próprias
e distintas de um indivíduo, um grupo social, uma comunidade ou um povo. Porém,
no campo socio-antropológico, a identidade é entendida como a consciência que
uma pessoa tem dela…

janeiro 24, 2017


Em "Cultura Cabo-verdiana 11º ano"
Formação da identidade cultural cabo-verdiana

Formação da identidade cultural cabo-verdiana Documento 4 Identidade Para


António Perotti (1997), Identidade é a maneira como os indivíduos e os grupos se
revêm e se definem nas suas semelhanças e diferenças relativamente a outros
indivíduos e grupos. Este autor salienta que, o termo, quando aplicado ao indivíduo,
encerra dois…

janeiro 24, 2017


Em "Cultura Cabo-verdiana 11º ano"
A língua cabo-verdiana

A origem do crioulo de Cabo Verde Tendo as ilhas de Cabo Verde começado a ser
povoadas por Europeus em 1462, foi a partir da chegada dos primeiros escravos que
se formou o pidjin ou o proto-crioulo que resultou do encontro do português de 1500
(e, eventualmente, do espanhol) com…

março 10, 2020


Em "Cultura Cabo-verdiana 11º ano"
Autor: Prof. António Moreira
Chamo-me António Carlos Gomes Moreira, cabo-verdiano, professor e residente em
Portugal. Sou licenciado em Ensino de História, pela Universidade de Cabo Verde,
mestre em Administração Escolar e Supervisão Pedagógica, pela Universidade Jean
Piaget de Cabo Verde. Atualmente, frequento o curso de doutoramento em Ciências
da Educação, na Universidade de Évora (Portugal). Sou professor de História de
formação. Trabalhei por 11 anos na Escola Secundária Fulgêncio Tavares (São
Domingos, ilha de Santiago-Cabo Verde), lecionando, entre outras disciplinas,
História e Cultura Cabo-Verdiana. Além disso, desempenhei cargos de gestão
intermédia na escola onde trabalhava. Também sou blogueiro e trabalho na área de
serviço social, exercendo atividades relacionadas no campo de voluntariado e
associativismo. Fui cofundador e líder de diversas organizações associativas, com
destaque para a Associação de Pais e Encarregados de Educação do concelho de São
Domingos, na qual exerci o cargo de presidente do Conselho Diretivo de 2018 a
2021. Ver todos posts por Prof. António Moreira

Autor Prof. António MoreiraPublicado emjaneiro 24,


2017CategoriasCultura Cabo-verdiana 11º ano

3 comentários em “Literatura cabo-


verdiana e afirmação da cultura cabo-
verdiana”

1. Amanda Alandisse:
setembro 25, 2019 às 1:47 am

Bom …

Curtir
Responder

2. Luís de Pinadisse:
dezembro 20, 2021 às 3:22 pm
Excelente, Professor.
Precisamos disponibilizar para os nossos alunos materiais em
espaços desses.
Tenho consultado, com frequência, este seu blog e
recomendado os meus alunos do Ensino Superior a fazê-lo.
Meus agradecimentos por esta louvável iniciativa.
Abraço.

Curtir
Responder

1. Prof. António Moreiradisse:


janeiro 8, 2022 às 8:07 pm

Boa noite, Sr Luís de Pina. Renovo votos de um Feliz


2022 e agradeço-lhe pela consulta e à pagina deste blog
e a sua recomendação aos alunos. De facto, precisamos
de uma maior produção e divulgação de conteúdos sobre
Cabo Verde, nos mais diversos aspetos. E devemos ser
nós (cabo-verdianos), os primeiros a fazer isso.
Disponha-se sempre!

Curtir
Responder

Deixe um comentário
O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados *

COMENTÁRIO *

NOME *

EMAIL *

SITE

Avise-me sobre novos comentários por email.


Avise-me sobre novas publicações por email.
Navegação de posts
A identidade cultural cabo-
ANTERIOR Post anterior:

verdiana: o despertar da consciência identitária


Colonização portuguesa e
AVANÇAR Próximo post:

política assimilacionista
Pesquisar
PESQUISAR
POSTS RECENTES

 Histórias antigas: entre práticas de ensino e pesquisa


 Conceito, objeto e utilidade de História
 A igualdade e equidade de género em Cabo Verde
 O papel da mulher na sociedade Cabo-verdiana
 As relações sociais em Cabo Verde: morabeza e boa
convivência

ARQUIVOS

 fevereiro 2022
 fevereiro 2021
 outubro 2020
 maio 2020
 abril 2020
 março 2020
 abril 2017
 março 2017
 fevereiro 2017
 janeiro 2017
 dezembro 2015
 novembro 2015
 outubro 2015
 setembro 2015
 agosto 2015

ESTATÍSTICAS DO BLOG

 1.223.571 cliques

COMENTÁRIOS MAIS RECENTES

1. Kácia em Histórias antigas: entre práticas de ensino


e pesquisajunho 2, 2022
Olá professor preciso de uma ajuda será que podias me ajudar?

2. Florentino Ngonga Pinto em Colonização portuguesa


e política assimilacionistamaio 14, 2022

Prof continue assim e não pare de nos brindar com conteúdos ricos
como estes. O meu muito obrigado!

3. Domingos Francisco em Ramos da Antropologiamaio


4, 2022

Boa tarde prof. António Moreira! Gostaria de saber se pode me ajudar


com um manual para a produção de um…

4. Prof. António Moreira em Ramos da


Antropologiaabril 28, 2022

Boa tarde, Sra Mequeta Jamine. Para te tizer que, a principal


semelhança é que todos esses ramos de antropologia têm…
5. Prof. António Moreira em O espaço do sagrado em
Cabo Verdeabril 28, 2022

Boa tarde, Sra Janaína. Agradeço-lhe pela consulta deste blog. De


facto, há muitos temos abordados aqui e que podes explorar,…
CALENDÁRIO

janeiro 2017

S T Q Q S S D

2 3 4 5 6 7 8

9 10 11 12 13 14 15

16 17 18 19 20 21 22

23 24 25 26 27 28 29

30 31

« dez fev »
ALUPEC antropologia barra cronológica bússola cabo verde civilização
romana clima clima de Cabo Verde colonização africana conceito de história conferência contagem dos

séculos Crioulo cristianismo datação descoberta de cabo verde escala estrela polar estrutura social
cabo-verdiana factos históricos fontes históricas geografia GPS história localização absoluta localização geográfica
Cabo Verde localização relativa mapas Orientação origem da população cabo-
verdiana Partilha de África Património Periodização povoamento de Cabo
Verde processos relações sociais Relevo de Cabo Verde representação representação espacial sociedade
cabo-verdiana sociedade romana sol superfície terrestre tempo em história África
 Home

 Sobre mim

 História e Geografia de Cabo Verdeexpandir submenu


 Históriaexpandir submenu
 Cultura Cabo-verdianaexpandir submenu
 Documentos de apoioexpandir submenu

 Factos e curiosidades

 Personalidades históricas

 Legislaçãoexpandir submenu

 Galerias

 Contactos
Educação & Ensino de História Site desenvolvido com WordPress.com.
 Seguir


Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies

Você também pode gostar