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LITERATURA CATARINENSE

EM CENA
Questão1: Você tem o hábito de ler?
Questão 2: Se sua resposta for sim, o que costuma ler: literatura, didático
ou científico?
Questão 3: Você já leu algum livro de literatura? Se sim, qual?
Questão 4: Você prefere livro impresso ou digital?
Questão 5: Já teve a experiência de ler em aparelhos tecnológicos?
Questão 6: Já leu algum livro de escritores catarinenses? Como foi essa
experiência?
A literatura catarinense refere-se à produção literária originária do estado de Santa Catarina, na qual
abrange obras escritas por autores nascidos em Santa Catarina ou que tenham vivido e produzido
suas obras no estado, abordando temas relacionados à cultura, história, tradições e características
locais.

A produção literária catarinense é diversificada e contempla diversos gêneros, como poesia, prosa,
crônica, romance, conto, teatro, entre outros. Além disso, abrange obras em língua portuguesa, bem
como aquelas escritas em outras línguas ou dialetos presentes na região.

Ao longo do tempo, diversos escritores e poetas catarinenses se destacaram na cena literária


brasileira, contribuindo para a riqueza cultural e literária do país. É uma forma importante de
expressão artística que preserva e transmite as particularidades da história e identidade da região e
do seu povo.
A literatura em Santa Catarina tem como tema recorrente a imigração. Se comparado ao resto do
país o território catarinense foi alvo de um projeto de colonização bastante tardio e plural, e muitos
foram os povos incentivados a ocupar este território desde o século XVIII, provindos principalmente
do continente europeu. Ou seja, a miséria na Europa e a proliferação dos sem-terras era o estímulo
que empurrava alemães, italianos, poloneses, ucranianos, portugueses, libaneses dentre outros,
para o meio da selva a fim de lavrar o solo e afrontar os nativos, buscando melhores condições de
vida, a posse da terra e a segurança material. Afronta esta que derramou muito sangue e quase
exterminou povos e culturas como a Kaingang e a Xokleng, povos que agora procuram resgatar
seus valores, língua e cosmologia.
As principais características da literatura catarinense podem variar ao longo do tempo e com a
diversidade de autores e obras produzidas. No entanto, algumas características que
frequentemente estão presentes na literatura catarinense incluem:

1. Regionalismo: A literatura catarinense costuma valorizar as especificidades culturais, geográficas


e sociais do estado de Santa Catarina. Essa valorização da identidade regional pode estar
presente tanto nos temas abordados quanto nas formas de expressão utilizadas pelos escritores.

2. Natureza e paisagem: Devido à beleza natural da região, a literatura catarinense muitas vezes
destaca a rica paisagem, com suas praias, montanhas, rios e florestas. A natureza exuberante de
Santa Catarina pode servir como cenário ou metáfora nas obras literárias.

3. Memória e tradição: A literatura catarinense também busca preservar a memória histórica e as


tradições culturais do estado. Isso pode ser expresso através de narrativas que resgatam episódios
históricos relevantes, lendas, mitos e festas tradicionais.

4. Influências étnicas: Santa Catarina tem uma rica diversidade étnica, com influências de
imigrantes europeus, principalmente alemães, italianos e açorianos. Essas influências étnicas
muitas vezes se refletem na literatura local, seja através de personagens, temas ou até mesmo
idiomas.
5. Reflexão social: Como em toda literatura, a literatura catarinense também pode abordar
questões sociais e políticas pertinentes à realidade local e nacional. Os escritores catarinenses
podem se engajar em debates sobre desigualdades sociais, questões ambientais, imigração, entre
outros temas relevantes.

6. Resgate do folclore: O folclore é uma parte importante da cultura catarinense, com diversas
lendas e histórias populares transmitidas ao longo das gerações. A literatura catarinense muitas
vezes incorpora elementos do folclore, dando-lhes novas interpretações e significados.

7. Linguagem regional: Alguns escritores catarinenses podem incorporar termos e expressões do


dialeto local ou do sotaque regional em suas obras, enriquecendo a narrativa com a autenticidade
linguística da região.
Alguns autores importantes da literatura catarinense, que representam essas características, são:

1.Cruz e Sousa (1861-1898): Nascido em Desterro (atual Florianópolis), foi um dos mais
importantes poetas simbolistas brasileiros. Sua poesia aborda temas como a negritude, o
misticismo e a melancolia, com uma linguagem rica e simbólica.

2.Franklin Cascaes (1908-1983): Historiador, folclorista e escritor, Cascaes dedicou-se a registrar


as tradições e a cultura popular de Santa Catarina, especialmente a cultura açoriana, por meio de
suas pesquisas e obras literárias.

3.Sílvio Back (1936-): Escritor, cineasta e dramaturgo, Sílvio Back é conhecido por suas obras que
retratam aspectos históricos e sociais de Santa Catarina. Além disso, sua literatura dialoga com o
cinema e o teatro.
4.Salim Miguel (1924-2016): Escritor e professor, Salim Miguel escreveu diversos romances e
contos ambientados em Santa Catarina, explorando aspectos sociais e culturais do estado.

5.Lindolf Bell (1918-1998): Poeta, ensaísta e romancista, Bell foi um importante representante da
literatura catarinense contemporânea. Sua poesia lida com temas regionais e questões humanas
universais.

Esses são apenas alguns exemplos de autores da literatura catarinense, e há muitos outros
escritores talentosos que contribuíram e continuam contribuindo para a riqueza e diversidade
literária do estado.
Neste contexto, a literatura praticada em Santa Catarina, enquanto
manifestação social do seu tempo, reflete esse processo de ocupação do
território a partir de determinados olhares.

Ou seja, é uma literatura comprometida com uma concepção de civilização


própria, com um olhar próprio que nasce no bojo de identidades culturais
específicas, ou ainda, que reflete a interpretação de cada corrente migratória
sobre a sua história.

Escritores nascidos no interior de núcleos culturais germânicos escreveram


sobre a imigração germânica, o mesmo acontecendo com os escritores
nascidos ou criados dentro de outros núcleos, constituindo, na maioria dos
casos, uma literatura epopéica e ufanista.
A poesia mais famosa de Cruz e Sousa é, sem dúvida, o poema "Cisne Negro". Ele é
considerado um dos mais emblemáticos e representativos do poeta catarinense e é
frequentemente citado e estudado em diversas obras literárias e antologias.

"Cisne Negro" foi publicado pela primeira vez em 1893, na coletânea de poemas de Cruz
e Sousa chamada "Missal". Neste poema, o autor utiliza uma linguagem rebuscada e
simbólica típica do simbolismo, movimento literário do qual ele foi um dos principais
expoentes no Brasil.
Cisne negro das águas,
Quem te fez tão glorioso, Nesse poema, Cruz e Sousa utiliza a
Tão lúcido e tão nevado, figura do cisne negro como um
Quem te fez com esse gozo? símbolo de beleza e singularidade,
contrastando-o com o cisne branco
tradicionalmente associado à pureza
Quem te fez, cismar das mágoas, e elegância. O poema evoca uma
Em firmamento vagando, atmosfera lírica e misteriosa,
Num lago de luz brancura, características marcantes da poesia
Na intensidade rodando? simbolista, e revela a maestria do
poeta em explorar a musicalidade das
E com asas de luar, palavras e as imagens poéticas.
E com pernas de oiro fino,
Nas brancas asas do ar, O poema revela a sensibilidade do
poeta em explorar a musicalidade das
Nas pernas de luar fino?
palavras e criar imagens poéticas que
provocam a imaginação do leitor,
Quem te fez, na noite clara, convidando-o a refletir sobre os
Entre os lírios dos lagos mistérios da vida e da arte.
Tão singular, tão raro,
Tão especial, tão mago?
Franklin Cascaes
Se você mora em Florianópolis, provavelmente você já
ouviu falar sobre as lendas de bruxas e boitatás. Elas são
muito antigas e foram criadas pelos moradores da Ilha há
muito tempo.

Franklin Cascaes pesquisou e registrou essas lendas para


que não se perdessem com o crescimento acelerado da
cidade de Florianópolis.

Mas, quem foi Franklin Cascaes? Foi um artista que


nasceu e viveu em Florianópolis. Era filho de pescador e
desde criança amava as histórias que ouvia dos mais
velhos. Ele ia de canoa, carroça ou kombi até as praias e Foto: Sérgio Vignes Foto: Carlos Damião
os cantinhos mais isolados da Ilha, para ver como as - Acima Franklin Cascaes trabalhando com a modelagem em argila; e o Grafite,
pessoas viviam, como trabalhavam e se divertiam. Ouvia localizado no centro de Florianópolis, criado pelo artista Thiago Valdi,
homenageando este artista e pesquisador da cultura popular de Florianópolis.
as histórias que elas contavam, depois escrevia,
desenhava e fazia esculturas, inspirado por tudo aquilo.
Franklin Cascaes - Boitatá
Segundo Cascaes, o Boitatá era uma lenda de origem “Quem avista um
indígena, que na língua tupi significava: Mboy = cobra e Tatá Boitatá Deve ter muita
certeza De alcançar a
= fogo. Então Boitatá, em sua origem, quer dizer cobra de
sua casa Sem alcançar
fogo. Mas, pelo som da palavra “Mboy”, que lembra boi, os luz acesa Os antigos
moradores açorianos que viviam aqui começaram a chamar não mentiram O
de “Boitatá” e ele adquiriu um jeito mais bovino! Boitatá é verdadeiro Ele
nasce com frequência
Entre dezembro e
Franklin Cascaes não fez esculturas de Boitatás, ele janeiro
desenvolveu o tema exclusivamente através dos desenhos. Na Ilha de Santa
Catarina Onde o céu é
Veja alguns exemplos:
todo azul
Eles voaram em grandes
bandos Do extremo norte ao
sul”
- Quais sensações estes
Trecho do Boitatás
texto escrito despertam
por Cascaes em em você?
1960
- Se você visse um Boitatá destes, ficaria assustado?
- O que você achou mais interessante neles?

Nanquim sobre papel 1969 – acervo MarQue Nanquim sobre papel


Franklin Cascaes - Bruxas
E as Bruxas, como será que surgiram as histórias sobre
elas?
Segundo Cascaes, os colonizadores açorianos que vieram
para cá tinham medo porque as famílias moravam longe
umas das outras. Esse clima de isolamento favorecia as
visões de bruxas e boitatás. Além disso, fatos que
aconteciam e que eles não conseguiam explicar eram
atribuídos às bruxas. Diziam, por exemplo, que elas
frequentavam os pastos, davam nó nos rabos dos cavalos,
chupavam seu sangue e obrigavam os animais a galoparem
pelo espaço.
Segundo as lendas, as bruxas eram mulheres muito feias,
magras e antipáticas. Elas lançavam mau olhado e
Bruxa dando nós na crina e rabo de cavalos – 1973
transformavam-se em mariposas para entrar nas casas
pelo buraco da fechadura. Para afastar as bruxas, devia-se
usar dentes de alho no bolso e arruda na orelha.
Franklin Cascaes - Bruxas
Veja agora as ilustrações de Franklin Cascaes sobre estas histórias e, ao lado, as releituras destas ilustrações feitas
pela artista Vera Sabino alguns anos depois.

Percebam que é a mesma temática, mas cada


artista trabalha dentro de seu estilo e também
usando materiais diferentes.

- Gostou das ilustrações feitas por Franklin


Cascaes?
Bruxa dando nós na crina e rabo de cavalos – 1973 Mulheres Bruxas atacam cavalos – 1998
Nanquim sobre papel Tinta acrílica sobre eucatex
- Achou interessantes as releituras produzidas
por Vera Sabino?
- Você já conhecia algumas histórias sobre as
bruxas? Você pode perguntar para seus avós ou
pessoas mais velhas de sua família se eles
conhecem alguma história sobre as bruxas.
Depois conte o que você descobriu...

As Bruxas roubam a lancha baleeira de um pescador As Bruxas roubam a lancha baleeira de um pescador
Sem data - Nanquim sobre papel 1998 – Tinta acrílica sobre eucatex
Curiosidades

Vamos assistir às histórias recontadas


por Lieza Neves sobre as lendas de
bruxas de Florianópolis, a partir da obra
de Franklin Cascaes?

Clique aqui!

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