Você está na página 1de 3

Análise Comparativa

O problema do conhecimento foi colocado em dúvida desde a Antiguidade Grega, e pode ser definido pela
reprodução percecional e conceptual da realidade objetiva entre o sujeito e o objeto, onde o sujeito apreende
um objeto e o torna presente aos sentidos. Este interesse pela cultura clássica e as ideias do conhecimento
medieval do mundo, e moveram Descartes a concluir que que estas ideias eram incongruentes.
Mas o que é o conhecimento? Qual será a sua origem? Será que é possível conhecer? Este trabalho é uma
análise explicativa acerca de algumas teorias filosóficas do conhecimento, por meio do questionamento dos
filósofos que se destacaram na área: René Descartes; Emmanuel Kant e David Hume.
Existem três respostas filosóficas para estas questões: o racionalismo, o empirismo e o intelectualismo.

1) Racionalismo
Porquê Descartes contestou a compreensão medieval e forma explicar o mundo? Pois, ele considerava que
estas crenças não eram certeiras, visto que era possível duvidar da sua verdade, devido á base que as apoiava.
Descartes não aceitava que a experiência pudesse assegurar a verdade, sendo assim, não poderia ser
considerada uma base convicta para o conhecimento.
Tudo isto, levou a uma nova compreensão do mundo. Uma compreensão racionalista, que o conduz a elaborar
teses científicas, que são caracterizadas pela seguinte metáfora:
“Assim, a Filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a Metafísica, o tronco a Física, e os ramos (...) são
todas as outras ciências (...) entendendo por Moral a mais elevada e mais perfeita, porque pressupõe um
conhecimento integral das outras ciências, e é o último grau da sabedoria.
Ora, (...) a principal utilidade da Filosofia depende daquelas suas partes que são apreendidas em último
lugar.”1

2) O Conhecimento
René considerava ser possível retorquir a ideologia dos céticos, assim ele vai apresentar duas crenças: onde as
crenças das quais a sua verdade não causa qualquer tipo de dúvida, são conhecimento:
“Ora, não será necessário, (…) provar que todas elas são falsas, (…) não devo menos cuidadosamente
impedir-me de dar crédito ás coisas que não são inteiramente certas e indubitáveis, do que ás que nos parecem
manifestamente ser falsas, o menos motivo de dúvida que eu nelas encontrará bastara para me levar a rejeitar
todas.”2
- por exemplo, se uma determinada pessoa disser que Londres fica na Inglaterra, está a afirmar uma verdade
indubitável, mas se afirmar que pode tirar bom ou muito bom num teste, já não esta a dizer uma verdade
indubitável pois é uma probabilidade, pode ser que seja falsa e que nem obtenha nenhuma das classificações
referidas. A secundária, é o fundacionalismo, ou seja, recorremos a crenças básicas, que são autoevidentes
para justificar outras crenças, até atingirmos um ponto em que já não é possível fundamentá-las. Isto também
pode ser encarado como um contrapor ao argumento cético da regressão infinita, na medida em que é
possível obstar a regressão infinita, apenas é necessário deduzir verdades indubitáveis, através de outras
verdades.

1
Descartes, René. Meditações Concernentes à Primeira Filosofia As Quais a Existência de Deus e a Distinção
Real Entre A Alma E O Corpo do Homem São Demonstradas. Universidade Lisboa, sem data.
https://webpages.ciencias.ulisboa.pt/~ommartins/pdfs/medita%20coesmetaf.descartes.pdf.

2
Descartes, René. Princípios da Filosofia. Textos Filosóficos. Textos filosóficos. Lisboa: Edições 70, 2006.
3) Ideias
Uma ideia inata, pode ser definida como uma ideia que nasceu connosco e que nos foi colocada por Deus,
portanto não têm origem na experiência - por exemplo, as verdades autoevidentes. Outrossim existem as
ideias adventícias, que originam dos sentidos e as factícias, que nascem da nossa imaginação (como as figuras
mitológicas da Antiguidade Grega).

4) Dúvida Metódica
Descartes, para encontrar verdades indubitáveis, criou o seu método, e considerou que era preciso analisar
metodicamente todas as nossas crenças. Para ele, é possível que mesmo que duvidemos das nossas crenças,
que elas possam ser verdadeiras, mas como ele apenas procura verdades indubitáveis, qualquer levantamento
de dúvida, faz com que a crença seja recusada, assim ele vai descompor os fundamentos em que as crenças se
baseiam. As doutrinas nas quais não existe qualquer dúvida, são bases estáveis para basear o nosso
conhecimento. Mas Descartes, levanta várias dúvidas, como:

a) A Ilusão dos Sentidos


Descartes, considerava necessário duvidar dos nossos sentidos, visto que, estes nos fornecem ideias
divergentes, como por vezes acontece de termos ouvido algo que na realidade, era totalmente diferente.
“Tudo o que recebi, (…) aprendi-o dos sentidos ou pelos sentidos: ora, experimentei algumas vezes que
esses sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma
vez.”3

b) Sonho v.s. Vigília


“Quantas vezes ocorreu-me sonhar, (…), que estava junto ao fogo, embora estivesse inteiramente nu
dentro do meu leito? (…) o que ocorre no sono não parece ser tão claro nem tão distinto quanto tudo isso. Mas
pensando cuidadosamente nisso, lembro-me de ter sido muitas vezes enganado, quando dormia, por
semelhantes ilusões.”4
Neste excerto, Descartes apresenta que os nossos pensamentos quando estamos a sonhar, tem diversas
parecenças aos que temos quando estamos despertos, assim, não temos a certeza se uns são sonhos e outros
realidade. Isto leva á conclusão que não é possível fazer a distinção entre o sono e a vigília, e o perfeito
exemplo disso são os sonhos lúcidos.

c) O génio maligno
O filósofo, cria a capacidade de haver um certo “Deus” enganador, colocando em dúvida a nossa realidade,
pois este génio foi criado para enganar todo o nosso raciocínio mesmo em questões que aparentam ser
evidentes. Descartes, usa esta crença para provar que testes provenientes da razão, não são verdades
indubitáveis, visto que este “Deus” as pode ter criado.
Em suma, a dúvida metódica, tem o objetivo de libertar-nos de todo o tipo de preconceitos; retirar os sentidos
do nosso espírito; e encontrar crenças inatas que não nos façam duvidar.

5) O cogito

3
Descartes, René. Princípios da Filosofia. Textos Filosóficos. Textos filosóficos. Lisboa: Edições 70, 2006.

4
Descartes, René. Meditações Concernentes à Primeira Filosofia As Quais a Existência de Deus e a Distinção
Real Entre A Alma E O Corpo do Homem São Demonstradas. Universidade Lisboa, sem data.
https://webpages.ciencias.ulisboa.pt/~ommartins/pdfs/medita%20coesmetaf.descartes.pdf.
“Só podemos duvidar se existirmos; este é o primeiro conhecimento certo [que se pode adquirir]”5
O silogismo de Descartes, ratifica que existe pelo menos uma crença que é verdadeira pra que se possa
duvidar, e isto é a sua própria existência, mas este tipo de pensamento não consegue existir por si só então ele
conclui que existe uma entidade racional em que este pensamento ocorre - é daqui que ele conclui a existência
de Deus.
Essa entidade é a alma, a substância pensante, que pode afirmar “cogito, ergo sum” (“penso, logo existo”).
Esta certa substância não depende de nada para existir e tem como particularidade medular, o pensamento,
sendo assim uma verdade proveniente da razão.
Mas o que é o pensamento? Para René, é o que se passa na nossa mente, e que origina dos sentidos – os
órgãos sensoriais e objetos.

6) A Perfeição
Visto que o cogito reúne várias ideias, cuja origem é atribuída a objetos exteriores, também concentra outras
ideias como a de perfeição, assim, vai ser um fundamento para existência de Deus.
“[…], já que sou uma coisa pensante, e tenho em mim alguma idéia de Deus, qualquer que seja, enfim,
a causa que se atribua á minha natureza, cumpre necessariamente confessar que ela deve ser de igual modo
uma coisa pensante e possuir em si a idéia de todas as perfeições que atribuo à natureza divina.”6
Mas, ao contrário do que se pensa, a conceção de Deus, não tem aparição no cogito, uma vez que se o cogito
fosse a essência da perfeição, não era factível compreender as perfeições que Deus tem. Isto posto, apenas
Deus tem a veracidade essencial para ser o motivo da sua ideia.

7) As Críticas
Para criticar as teses cartesianas, destaca-se Davis Hume, empirista alemão que apresenta dois contratempos á
dúvida metódica. Começa por alegar que o uso da dúvida está adiante do que o Homem é versado. Finaliza
declarando que a tentativa de contrapor a dúvida seria um fracasso, pois iria-se recorrer ás características á
qual a dúvida se aplica.
David, considera que a ideia do “eu” é impossível de deter, e que todas as nossas teses são originadas das
impressões. Contudo, rejeita a possibilidade da experiência através de objetos, defendendo que a obtenção de
experiência vem das noções da nossa mente.

5
Descartes, René. Princípios da Filosofia. Textos Filosóficos. Textos filosóficos. Lisboa: Edições 70, 2006.

6
Descartes, René. Meditações Concernentes à Primeira Filosofia As Quais a Existência de Deus e a Distinção
Real Entre A Alma E O Corpo do Homem São Demonstradas. Universidade Lisboa, sem data.
https://webpages.ciencias.ulisboa.pt/~ommartins/pdfs/medita%20coesmetaf.descartes.pdf.

Você também pode gostar