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Definição de conhecimento
O conhecimento é uma relação entre um sujeito (quem conhece) e um objeto (aquilo que é
conhecido).
A crença é uma condição necessária do conhecimento, pois o conhecimento é uma convicção
do sujeito relativamente ao objeto. Mas a crenças podem ser falsas, o que se verifica em
discussões, em que existem muitas opiniões diversas e inconpatíveis sustentadas por
diferentes pessoas, algumas delas, por conseguinte devem estar erróneas. O verdadeiro e o
falso de qualquer crença dependem de algo exterior à crença. Ora, uma crença falsa não
corresponde a qualquer conhecimento, ainda que aquele que a possui julgue deter o
conhecimento,ou seja, as pessoas têm creças falsas que não se apercebem da sua falsidade,
vivem numa ilusão de que são verdadeiras e que têm conhecimento.
Como tal, a crença, embora sendo uma condição necessária para o conhecimento, não é uma
condição suficiente. Para haver conhecimento, para além de ser necessário que o sujeito
acredite em algo, como que essa crença seja verdadeira.
Mas conhecimento não se reduz à mera crença verdadeira, para ser conhecimento esta precisa
de estar devidadmente justificada.
Teoria do conhecimento
→ Ceticismo: Defende que o conhecimento não é possível, que a certeza, a verdade
objetiva não é possível. Argumentos dos céticos:
• Por mais fortes que sejam as nossas crenças e por melhores que pareçam as
nossas justificações, estas serão sempre insuficientes;
Há quem defenda que tanto o ceticismo absoluto como o mitigado são contraditórios. O
ceticismo absoluto contradiz-se no sentido em que ao defender que o conhecimento é
impossível, está a afirmar simultaneamente o conhecimento, visto que a sua conclusão
exprime um conhecimento. Com o mitigado, não há certeza, apenas probabilidade. Ora, sendo
que provável é aquilo que se aproxima do verdadeiro, ao renunciar o conceito de verdade,
renuncia-se o de probabilidade.
Todas as outras teorias referentes à teoria do conhecimento, contrariam esta hipótese, pois
afirmam a possibilidade de conhecer. Estas respostas ao ceticismo são teorias fundacionistas,
pois dizem existir fundamento do conhecimento. Para os fundacionistas a proposição “Toda a
justificação se infere de outras crenças” é falsa.
O fundacionismo de Descartes distingue crenças básicas (as que se justificam por si mesmas) e
não básicas.
René Descartes foi um importante dogmático, pois conseguiu contrariar a teoria dos céticos,
usando o próprio ceticismo. Para superar os argumentos dos céticos, ele procurou o
fundamento do conhecimento – uma crença básica, usando um método tão dedutivo, tão
seguro, como os raciocínios matemáticos.
Discurso do Método:
Mas agora, que resolvera dedicar-me apenas à descoberta da verdade, pensei que era
necessário proceder exatamente ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo
em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se após isso acaso ficaria qualquer
cousa nas minhas opiniões que fosse inteiramente indubitável.
Assim, porque os nossos sentidos nos enganam algumas vezes, eu quis supor que nada há que
seja tal como eles o fazem imaginar.E, porque há homens que se enganam ao raciocinar, até
nos mais simples temas de geometria, e neles cometem paralogismos, rejeitei como falsas,
visto estar sujeito a enganar-me como qualquer outro, todas as razões de que até então me
servira nas demonstrações.Finalmente, considerando que os pensamentos que temos quando
acordados nos podem ocorrer também quando dormimos, sem que neste caso nenhum seja
verdadeiro, resolvi supor que tudo o que até então encontrara acolhimento no meu espírito
não era mais verdadeiro que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo em seguida, notei que,
enquanto assim queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o pensava, necessariamente
era alguma cousa. E notando que esta verdade - eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa
que todas as extravagantes suposições dos céticos seriam impotentes para a abalar, julguei
que a podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava.
Depois, examinando atentamente que cousa eu era, e vendo que podia supor que não tinha
corpo e que não havia qualquer mundo ou qualquer lugar onde eu existisse; mas que, apesar
disso, não podia admitir que não existia; e que antes, pelo contrário, por isso mesmo que
pensava, ao duvidar da verdade das outras cousas, tinha de admitir como muito evidente e
muito certo que existia; ao passo que bastava que tivesse deixado de pensar para não ter já
nenhuma razão para crer que existia, ainda que tudo o que tinha imaginado fosse verdadeiro;
por isso, compreendi que era uma substância, cuja essência ou natureza é apenas o
pensamento, que para existir não tem necessidade de nenhum lugar nem depende de nenhuma
cousa material. De maneira que esse eu, isto é, a alma pela qual sou o que sou, é inteiramente
distinta do corpo, mais fácil mesmo de conhecer que este, o qual, embora não existisse, não
impediria que ela fosse o que é.
Ao passo que, voltando a examinar a ideia dum ser perfeito, notava que a existência está
contida nessa ideia, do mesmo modo, ou mais evidentemente ainda, que na dum triângulo está
compreendido serem os seus três ângulos iguais a dois retos, ou na esfera serem todos os seus
pontos equidistantes do centro; e que, por conseguinte, é pelo menos tão certo como qualquer
demonstração de geometria que Deus, que é esse ser perfeito, é ou existe.
Enfim, se há ainda quem não se persuada bem da existência de Deus e da alma com as razões
que apresentei, quero dizer-lhes que é menos certa a existência de todas as outras cousas, de
que se julgam talvez mais seguros, como ter um corpo, existirem astros e uma terra e outras
cousas semelhantes.
Na verdade, em primeiro lugar, aquilo mesmo que há pouco adotei como regra, isto é, que são
inteiramente verdadeiras as cousas que concebemos muito clara e distintamente, não é certo
senão porque Deus é ou existe, ser perfeito de que nos vem tudo que em nós existe*. Donde se
segue que as nossas ideias ou noções, cousas reais que provêm de Deus, não podem deixar de
ser verdadeiras na medida em que são claras e distintas.
Note-se que digo razão, e não imaginação ou sentidos.* Porque, embora vejamos o sol muito
claramente, não devemos julgar por isso que ele tenha a grandeza que lhe vemos; e podemos à
vontade imaginar distintamente uma cabeça de leão unida ao corpo duma cabra, sem que
tenhamos de concluir, por isso, que no mundo existem quimeras: porque a razão não garante
que seja verdadeiro o que assim vemos ou imaginamos. Mas garante-nos bem que todas as
nossas ideias ou noções devem ter algum fundamento verdadeiro; porque não seria possível
que Deus, que é inteiramente perfeito e verídico, as tivesse posto em nós sem isso.
Descartes regulou o método e, quatro fases: evidência, análise, síntese e enumeração, para
guiar a razão, orientando devidamente as operações fundamentais do espírito: intuição (ato de
apreensão direta e imediata de noções simples, evidentes e indubitáveis – ideias inatas) e
dedução (encadeamente das intuições, envolvendo um movimento do pensamento, desde os
princípios evidentes até às consequências necessárias – ideias adventícias).
Kant defendia que o nosso conhecimento da realidade é limitado pelo tempo e pelo espaço.
Sendo assim, só podemos conhecer os fenómenos – aquilo que nos é dado no tempo e no
espaço. Não podemos conhecer os seres que fazem parte do mundo intelogível – o númeno (a
coisa em si mesma, que apenas pode ser pensada, e que é incognoscível). “O espaço e tempo
são as formas puras do modo de perceber(...) É, pois, indubitavelmente certo e não apenas
possível ou verosímil, que o espaço e o tempo, equanto condições necessárias de toda a
experiência (externa e interna), são apenas condições meramente subjetivas da nossa intuição;
relativamente a essas condições, portanto, todos os objetos são simples fenómenos e não
coisas dadas por si desta maneira”.
→ Empirismo: Sustenta que a mente é “uma tábua rasa”, que as ideias provêm da
experiência sensível, “que nada está no pensamento que não tenha estado primeiramente nos
sentidos”. Ou seja, não existem conhecimentos inatos, todo o conhecimento humano deriva
da experiência. Para os empiristas os conhecimentos provém de juízos a posteriori: juízos cuja
verdade só pode ser conhecida através da experiência, dos sentidos. Estes sentidos não são
estritamente universais – porque admitem exceções, poendo não ser verdadeiros sempre e
em toda a parte – e, não sendo necessários, são contigentes – são verdadeiros, mas poderiam
ser falsos, e negá-los não implica entrar em contradição. Os juízos a posteriori são sempre
juízos sintéticos, isto é, sentidos cujo perdicado não está contido no conceito do sujeito. É
preciso algo mais do que o simples conceito do sujeito, é necessário recorrer à observação, à
experiência, para constatarmos a proposição. Estes juízos ampliam o conhecimento.
John Locke foi um representante desta escola, ele afirma que “os homens podem chegar a
todos os seus conhecimentos pelo simples uso das faculdades naturais e sem o auxílio de
qualquer impressão inata; e ainda podem atingir conhecimentos certos sem o recurso a tais
noções ou princípios originários. (…) Se todo o homem tem por si mesmo consciência de que
pensa e se aquilo a que o seu espírito se aplica, são as ideias que aí estão, não há dúvid ade
que os homens têm no seu espírito várias ideias”. Há pergunta “ De onde [o homem] tira todos
os materiais da razão e do conhecimento?”, Locke responde que é da experiência. “São as
observações que fazemos sobre os objetos exteriores e sensíveis ou sobre as operações
internas da nossa mente, de que nos apercebemos e sobre as quais nós próprios refletimos,
que fornecem à nossa mente a matéria de todos os seus pensamentos”. Locke desenvolveu o
psicologismo (análise e natureza psicológica) para avveriguar a génese empírica das ideias,
pela combinação e associação de ideias – de simples, para complexas e o contrário.
→ Realismo ingénuo: Conhecemos as coisas como elas são. Acreditamos numa ralação
de identidade entre as ideias e as coisas.