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O problema da definição do conhecimento divide-se em duas perguntas: O que é o

conhecimento? e será o conhecimento possível? Estas perguntas remetem-nos para uma


realidade em que pensamos e nos questionamos se realmente conhecemos algo, se o
conhecimento é real ou não. Podemos afirmar que o conhecimento é a capacidade de um
sujeito apreender certos aspetos da realidade a partir da relação que estabelece com o objeto
e de um conjunto de dados que lhe são fornecidos.

Em resposta a esta pergunta, Platão considera que só há conhecimento quando as crenças que
temos das coisas são simultaneamente verdadeiras e justificadas.

Todo o conhecimento pressupõe uma crença, pois é necessário acreditar naquilo que se
conhece; no entanto, a crença, apesar de necessária, não é condição suficiente pois não nos
garante que esse conhecimento seja verdadeiro.

A verdade é também uma condição necessária ao conhecimento, mas não suficiente, pois as
crenças verdadeiras poderão ter sido obtidas por mero acaso e não porque se sabe
antecipadamente; logo, necessita de uma justificação.

A justificação é uma condição necessária ao conhecimento, pois é a partir dela que


encontramos as razões e fundamentos que nos levam a acreditar que uma crença é verdadeira
e perceber que quem a defende não a formulou por mero acaso.

Então podemos concluir que a crença, a verdade e a justificação são as condições


simultaneamente necessárias e, em conjunto, suficientes para o conhecimento.

O ceticismo é perspetiva segundo a qual devemos suspender o juízo relativamente à verdade


ou falsidade de qualquer proposição, pois no geral as nossas pretensões de conhecimento são
injustificadas.

A argumentação cética baseia-se na ideia de que só temos conhecimento se tivermos crenças


justificadas e, uma vez que justificamos as nossas crenças com base noutras crenças, acabamos
sempre por cair numa cadeia de justificações, mas como as cadeias de justificação ou
terminam arbitrariamente numa crença injustifica, ou voltam-se sobre si mesmas de modo
viciosamente circular, ou regridem infinitamente, não são capazes de justificar seja o que for e,
por conseguinte, o conhecimento não é possível.

Os fundacionalistas rejeitam o ceticismo através da distinção entre dois tipos de crenças: as


crenças básicas e as crenças não básicas. Segundo esta perspetiva, as crenças básicas são
autoevidentes, isto é, não podem ser seriamente postas em causa, pois são de tal modo
evidentes que não precisam de ser justificadas por outras crenças, justificam-se a si mesmas.
As crenças não-básicas, pelo contrário, não são autoevidentes, são inferidas a partir de outras
crenças, justificam-se com base noutras crenças. Assim, segundo o fundacionalismo, visto que
crenças básicas não carecem de justificação, elas podem justificar as crenças não-básicas sem
que sejam necessárias justificações adicionais, tornando o conhecimento possível.
O conhecimento “a posteriori” é um conhecimento empírico, ou seja, está dependente da
experiência sensorial para aferir a sua verdade ou falsidade. A experiência sensorial advém
dos nossos sentidos. Enquanto conhecimento “a priori” não necessita da experiência para ser
justificado, tendo, portanto, origem no pensamento ou na razão que reside no sujeito (ser
humano).

Descartes, partindo de um princípio cético, tem a convicção de que é possível atingir um


conhecimento verdadeiro. Para esse efeito, recorreu ao método da dúvida metódica. Este
método consiste em duvidar de tudo aquilo que seja possível duvidar até encontrar algo que
não possa ser seriamente posto em causa, ou seja, uma crença básica, absolutamente certa e
indubitável, que possa ser utilizada como fundamento seguro para o conhecimento.

Por isto, conclui-se que a dúvida cartesiana é metódica, ou seja, é um meio utilizado para
alcançar a verdade. Além disso, como nada pode escapar à dúvida, esta é universal e também
hiperbólica (exagerada, indo além da própria realidade percebida). Embora, Descartes nada
exclua da dúvida, esta durará somente até se encontrar algum conhecimento certo, pois o
objetivo do filósofo é descobrir certezas, evidências que resistam á dúvida, sendo por isso
provisória.

Descartes apresentou várias razões para duvidar: as ilusões dos sentidos, a indistinção vigília-
sono, os erros do raciocínio e a Hipótese de um Génio Maligno.

O argumento das ilusões dos sentidos sustenta que, uma vez que os nossos sentidos nos
enganam algumas vezes, nunca podemos saber se nos estão a enganar ou não, portanto nunca
devemos confiar nas informações adquiridas através deles.

Segundo o argumento da indistinção vigília-sono, uma vez que a vivacidade e a intensidade de


certos sonhos nos convencem muitas vezes de que estamos a ter experiências reais, quando
na realidade estamos apenar a sonhar, não temos forma de distinguir as nossas experiências
de vigília daquelas que temos quando sonhamos, portanto não podemos constituir
conhecimento através da experiência sensível.

O argumento dos erros de raciocínio baseia-se na ideia de que, uma vez que todos podemos
cometer erros nos raciocínios mais simples, não podemos justificadamente acreditar em
crenças que tenham origem no nosso raciocínio.

Em alternativa à Hipótese do Deus Enganador Descartes concebeu a Hipótese do Génio


Maligno: um ser tão poderoso quanto perverso, que se diverte a usar os seus poderes para nos
induzir em erro relativamente a tudo e mais alguma coisa. Uma vez que o Génio Maligno não
é perfeito, não corremos risco de cair em contradição

O argumento do Génio Maligno diz-nos o seguinte: uma vez que não podemos saber se o
Génio Maligno existe ou não, a maioria das nossas crenças são falsas, ou, ainda que sejam
verdadeiras, são-no apenas por acaso (pois não temos nenhuma justificação para acreditar que
não se trata de mais uma das suas maquinações). Logo, não temos qualquer espécie de
conhecimento. Enquanto a Hipótese do Génio Maligno não for afastada, não podemos,
aparentemente, estar certos de nada.

Descartes mostra que ainda que eu não possa saber se estou, ou não, a ser engando por um
Génio Maligno, existe algo que posso saber com toda a certeza: Penso, logo, existo. Esta
crença, conhecida por cogito, não pode consistentemente posta em causa, pois para se poder
duvidar do quer que seja é preciso existir.

Assim, Descartes recusa o ceticismo.

Contudo, o cogito não é suficiente para assegurar Descartes de que tem um corpo, nem da
veracidade das suas experiências percetivas, porque, uma vez que pode imaginar que não tem
um corpo sem que isso implique que não existe, mas não pode duvidar que existe enquanto
ser pensante, Descartes conclui que é essencialmente uma substância pensante, isto é, uma
mente ou alma imaterial, que existe independentemente do corpo e que é de natureza
inteiramente distinta do mesmo. Esta perspetiva ficou conhecida como “dualismos mente-
corpo” (ou “dualismos cartesiano”).

Inspirado no cogito, Descartes adota o critério de verdade, que permite distinguir as ideias
verdadeiras das falsas, uma vez que consiste em aceitar apenas as coisas que apareçam ao
espírito tão clara e distintamente que nenhuma dúvida lhe possa resistir.

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