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Ao longo deste ensaio filosófico, procurarei clarificar o seguinte problema: “ A dúvida

cartesiana assemelha-se em todos os aspetos à dúvida cética original.”


Na minha opinião, a dúvida cartesiana não se equipara em todos os aspetos a duvida
cética, pois as mesmas defendem se em situações diferentes. Enquanto a dúvida
cartesiana, defendida por Descartes têm como objetivo provar a existência de crenças
justificadas e, por tanto, do conhecimento, refutando assim os argumentos céticos. Já
a duvida cética original, nega totalmente ou parcialmente a possibilidade de conhecer.
Os céticos tentam provar a inexistência do conhecimento a partir dos seus quatro
principais argumentos. O primeiro é o argumento da regressão da justificação, que de
acordo com o ceticismo, quando pretendemos justificar uma crença por intermédio de
outras crenças disponíveis estão disponíveis apenas três alternativas: ou regredimos
infinitamente na cadeia de justificações, ou paramos arbitrariamente numa crença não
justificada, ou raciocinamos em círculo. Nenhuma destas três alternativas resolvem o
embaraço da regressão da justificação. O segundo argumento é o da ilusão dos
sentidos, onde fala de como os sentidos às vezes enganam-nos, logo, podem enganar-
nos sempre. O terceiro argumento é o do sonho, que fala que não conseguimos
distinguir o sonho da vigila. E por fim o último argumento é o do cérebro numa cuba
que fala da possibilidade de sermos cérebros, iludidos relativamente a tudo, numa
cuba, ligados a um super computador. Resumindo, nenhum destes argumentos têm
conclusão, pois estaremos sempre em dúvida.
 A dúvida é o contrário da certeza. Duvidar é pensar, mas sem estar seguro da verdade
do que se pensa. Os céticos fazem da dúvida o estado último do pensamento. Os
dogmáticos, quase sempre, uma condição prévia.
Por outro lado, Descartes utiliza um método simples e infalível que coloca em prova
todas as nossas crenças, ou seja duvidando de todas elas. É uma espécie de teste
cético, sendo rejeitadas as crenças que temos razões para duvidar e aquelas crenças
que passarem nesse teste são impossíveis de duvidar, as tais crenças indubitáveis.
Descartes, utiliza os dois seguintes argumentos como forma de alcançar as crenças
indubitáveis, duvidando de todas elas. O primeiro argumento é o da ilusão dos sonhos,
que como já referido em cima, os sentidos enganam na, logo, nenhuma crença com
origem nos sentidos e indubitável. Já a segundo argumento fala sobre a possibilidade
de um génio maligno, uma vez que não podemos saber o Génio Maligno existe ou não,
a maioria das nossas crenças são falsas, ou, ainda que sejam verdadeiras, são no
apenas por acaso (pois não temos nenhuma justificação para acreditar que não se
trata de mais uma das suas maquinações). Enquanto a Hipótese do Génio Maligno não
for afastada, não podemos, aparentemente, estar certos de nada.
Descartes mostra que ainda que eu não possa saber se estou, ou não, a ser enganado
por um Génio Maligno, existe algo que posso saber com toda a certeza: Penso, logo,
existo. Esta crença, conhecida por cogito, não pode consistentemente ser posta em
causa, pois para se poder duvidar do que quer que seja é preciso existir. Assim,
Descartes refuta o ceticismo por redução ao absurdo: se fosse verdade que nada se
pode saber, então nem sequer poderíamos saber se existimos, mas é impossível
duvidar que existimos; logo, é falso que nada se pode saber.
Em suma, a dúvida cartesiana não se assemelha em todos os aspetos á dúvida cética
original, pois enquanto a dúvida cética nega totalmente a possibilidade de conhecer e
faz da dúvida o ultimo estado de pensamento. A dúvida cartesiana prova a existência
do conhecimento, duvidando de tudo até chegar a razão. E prova que e possível
conhecer através do cogito “penso, logo existo” que diz que ao colocarmos as nossas
crenças em dúvida, estamos a duvidar e duvidar é uma forma de pensar e se estamos a
pensar, então existimos.

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