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Síntese sobre o pensamento cartesiano-11º ano
1. Da Dúvida ao cogito
Os sentidos enganadores
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Síntese sobre o pensamento cartesiano-11º ano
• O primeiro argumento de Descartes contra a infalibilidade dos sentidos diz que estes
por vezes nos enganam : mas, se os sentidos por vezes nos enganam, não podemos
admiti-los como uma fonte de certeza. Se nos enganam algumas vezes, não podemos
estar certos de que não nos enganam sempre, ou, pelo menos, não é impossível que,
conduzam ao erro e à ilusão.
• São inúmeros os exemplos de erros em que os sentidos nos fazem incorrer: ao
observarmos uma linha de caminho de ferro junto aos carris, estes parecem unir-se no
horizonte; uma estátua de grande dimensão situada no cimo de um edifício pode
parecer mais pequena do que é; o sol parece mover-se no céu ao longo do dia, etc.
• Descartes mostra, assim, ser possível duvidar da existência do mundo físico se, para se
afirmar a sua existência nos basearmos apenas nos sentidos.
• A dúvida cartesiana é hiperbólica: coloca em questão as nossas crenças mais básicas
e estende a dúvida a aspectos, que do ponto de vista do senso comum não parece
razoável duvidar.
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Síntese sobre o pensamento cartesiano-11º ano
O Deus enganador
• O argumento dos sonhos deixa ainda de lado um aspecto importante. Não só é vulgar
pensarmos sobre uma realidade que julgamos captar através dos sentidos, como
refletimos e formulamos pensamentos acerca de números e de figuras geométricas. O
resultado de 2+ 2 é o mesmo quer estejamos a sonhar ou acordados. Assim, o
argumento dos sonhos não poderia afetar a nossa confiança nas proposições da
matemática. Mas será que uma proposição como 2+2= 4 está acima de qualquer
dúvida? Será que é impossível cometer um erro ao fazer cálculos? O terceiro
argumento, de Deus enganador tem por objetivo responder negativamente a estas
questões.
• Estas regras podem ter sido introduzidas com o objectivo de nos enganarmos. Se
formos vítimas de um Deus enganador e perverso( génio maligno), nada garante ser
impossível aceitarmos proposições falsas como verdadeiras.
• Com este argumento Descartes pretendeu mostrar que não basta seguir as regras da
adição, p.ex., para assegurar que os resultados sejam certos.
• Descartes quis mostrar que, apesar de evidentes, não é impossível que proposições
deste género sejam falsas, a menos que consigamos mostrar que não somos vítimas
de um Deus enganador. Ou seja: as proposições matemáticas e geométricas não são
fiáveis.
• Nem a crença na existência do mundo físico, nem as verdades da matemática e
geometria estão imunes à dúvida. Nada há que mereça ser reconhecido como
verdadeiro, pelo menos até a este ponto.
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Síntese sobre o pensamento cartesiano-11º ano
O cogito
2. Do cogito a Deus
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Síntese sobre o pensamento cartesiano-11º ano
O argumento da perfeição
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Síntese sobre o pensamento cartesiano-11º ano
• A ideia de um ser perfeito é inata, tendo sido colocada na mente por Deus.
• Por ideia inata, Descartes entende algo que descobrimos em nós próprios, e cuja
origem não podemos atribuir aos sentidos ou à imaginação, mas a Deus.
• Descartes pensou que a existência de Deus lhe oferecia a resposta para o problema do
conhecimento.
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Síntese sobre o pensamento cartesiano-11º ano
• Se Deus é perfeito não pode ser enganador. E se Deus não é enganador, o que a mente
concebe com clareza e distinção, não pode ser falso. Fica, assim, estabelecido o
princípio da veracidade divina
• Este princípio garante que o erro é contrário à natureza de Deus. A hipótese de nos
enganarmos ao aceitar como verdadeiro o que a mente concebe como evidente pode
ser afastada. Deus é o garante último da verdade, e a demonstração da sua existência
o núcleo do projecto cartesiano de justificação do conhecimento.
• Aplicando este princípio, Descartes sustenta que podemos confiar nas ideias que
concebemos com clareza e distinção, pois Deus não é enganador. O princípio da
veracidade divina garante que aquilo que é clara e distintamente concebido pela
mente não pode ser falso.
• Descartes atribui a Deus também as verdades matemáticas e geométricas, bem como
a existência das coisas corpóreas.
O ideal de ciência proposto por Descartes tem na sua base a tese de que aquilo que a mente
concebe com clareza e distinção (evidente) não pode ser falso. Este princípio da clareza tem na
sua base o princípio da veracidade divina, que, por sua vez, depende da existência de Deus.