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Epistemologia
É o estudo que se relaciona aos problemas do conhecimento, a teoria do
conhecimento. Trata de qual seria a natureza do conhecimento, sua origem, de
quais seriam suas limitações, por exemplo.
Nesse material será explicitado as principais correntes epistemológicas.
2.Ceticismo
O ceticismo tem diversos ramos. O ramo mais radical acredita que o
conhecimento é impossível, colocando a dúvida e a incerteza em tudo a sua
volta. No mais moderado, o cético admite apenas uma forma relativa de
conhecimento, reconhecendo os limites para se chegar a verdade. Alguns,
mesmo vendo a dificuldade que é para alcançar o verdadeiro conhecimento,
acreditam que não se deve abandonar a busca pela verdade.
3.O racionalismo
O racionalismo é uma corrente epistemológica que enfatiza a razão no
que tange a chegada ao verdadeiro conhecimento. Alguns exemplos de
racionalistas são: Spinoza, Leibniz e o principal representante que terá sua teoria
melhor explicitada adiante é Descartes. Esse pensamento surge na
modernidade, em meio a uma “crise europeia” (não material ou econômica, sim
no sentido do conhecimento).
3.3 René Descartes (1596-1650)
A nova ciência de Galileu e Copérnico levou o pensamento posterior a
uma situação limite. As antigas teses da física aristotélica caiam por terra,
contudo o novo modelo científico passava por um momento complicado,
tentando se afirmar, mas ao mesmo tempo enfrentando a clara rejeição de
grande parte da intelectualidade não aceitando abandonar as velhas certezas.
Descartes precisa então mostrar que o método da nova ciência não levará mais
ao erro da anterior, gerando então uma realidade favorável para que a razão se
se torna frutífera.
Antes de propriamente explorar as meditações e sua estrutura em
particular vale darmos alguma atenção ao método cartesiano propriamente dito.
Este método, considerando o que citamos acima busca evitar qualquer erro ou
engano. Descartes busca então princípios e regras gerais que permitam chegar
a um conhecimento seguro e indubitável. Como garantirá essa indubitabilidade
falaremos logo a seguir.
Neste trecho buscamos entender como Descartes compreende a construção
mesma do método, ou seja, qual sua base. Dado que dentre todas as ciências a
única que parecia ter demonstrações seguras e que não foi superada na
modernidade era a geometria, Descartes optou por emular o pensamento dos
geômetras, e buscar um método que a o contrário da lógica aristotélica fosse
marcado pela busca incessante de simplificação. Simplificar não é aqui deixar
algo de lado, é na verdade criar uma base de fácil desenvolvimento, para que
mesmo na complexificação se possa refazer o processo e compreendê-lo.
A simplificação cartesiana é composta de 4 procedimentos fundamentais:
Não aceitar uma coisa como verdadeira se esta não for evidente enquanto tal,
ou seja, não restar qualquer dúvida de sua certeza; para simplificar a análise dos
problemas dividir os mesmo em partes, o quanto for necessário, para evitar erro;
promover a síntese galgando certezas dos elementos mais simples aos mais
complexos; e por fim enumerar e revisar cada um dos processos, com intuito de
facilitar verificações futuras e garantir a si mesmo que o erro não ocorreu
- A dúvida hiperbólica
Como reconstruir a ciência em um momento onde tudo é dúvida?
Segundo Descartes, invertendo o papel da dúvida. Radicalizar a dúvida. Já que
se vivia em uma crise de confiança, para evitar futuros riscos é necessário
colocar tudo em dúvida, ao menos em um primeiro momento.
Vale ressaltar que colocar tudo em dúvida não é dizer que tudo é falso, é
apenas ressaltar que não se pode iniciar uma nova direção na ciência
presumindo que algo é verdadeiro, ou assumindo algo sem qualquer
comprovação. Por isso o autor suspende todas as certezas. Ele denomina essa
suspensão como a aplicação da dúvida hiperbólica (ou dúvida cartesiana),
esse termo aqui faz referência a noção mesma de exagero, por ressaltar que a
dúvida se estendeu a absolutamente todas as coisas. Deve ser feito então uma
checagem das fontes de nossas certezas, para não ficar preso a necessidade
de examinar as certezas uma a uma, e buscar encontrar dentre todas uma fonte
segura, que sobreviva a esta dúvida. Qualquer possibilidade de dúvida
invalidará, por sua vez, a fonte como um todo.
4.Empirismo
O empirismo é uma outra corrente epistemológica que valoriza os sentidos
e o papel da experiência no processo que leva ao conhecimento. Isso mostra
que os empiristas criticam diretamente a ideia de inatismo de Descartes. Alguns
pensadores desse ramo são Hume, Bacon, Berkeley e Locke, que será melhor
comentado posteriormente.
Adquiri algumas noções gerais relativas à Física, julguei que não podia mantê-
las ocultas, sem pecar grandemente contra a lei que nos obriga a procurar o bem
geral de todos os homens. Pois elas me fizeram ver que é possível chegar “Logo
que a conhecimentos que sejam úteis à vida e assim nos tornar como que
senhores e possuidores da natureza. O que é de desejar, não só para a invenção
de uma infinidade de utensílios, que permitiriam gozar, sem qualquer custo, os
frutos da terra e de todas as comodidades que nela se acham, mas
principalmente também para a conservação da saúde, que é sem dúvida o
primeiro bem e o fundamento de todos os outros bens desta vida.”
a) O conhecimento deve ser mantido oculto para evitar que seja empregado para
dominar a natureza.
b) O conhecimento da natureza satisfaz apenas ao intelecto e não é capaz de
alterar as condições da vida humana.
c) Nosso intelecto é incapaz de conhecer a natureza.
d) Devemos buscar o conhecimento exclusivamente pelo prazer de conhecer.
e) O conhecimento e o domínio da natureza devem ser empregados para
satisfazer as necessidades humanas e aperfeiçoar nossa existência.
4 (Uncisal 2011). No período moderno, emergiu uma escola filosófica que pôs
em questão as concepções inatistas e metafísicas de conhecimento. Para os
filósofos partidários dessa escola, o conhecimento é sempre decorrente da
experiência, jamais podendo existir ideias inatas. O nome dessa corrente
filosófica, bem como o nome de um de seus filósofos representativos são,
respectivamente:
a) inatismo; Descartes.
b) idealismo; Kant.
c) escolástica; Santo Agostinho.
d) empirismo; Locke.
e) metafísica; Platão.
6. (Ufu 2001) O comentário abaixo foi feito por Kant (1724-1804) para justificar
o início do novo estágio da filosofia moderna, almejado com a sua obra Crítica
da Razão Pura.
"Até agora se supôs que todo nosso conhecimento tinha que se regular pelos
objetos; porém, todas as tentativas de mediante conceitos estabelecer algo a
priori sobre os mesmos, através do que o nosso conhecimento seria ampliado,
fracassaram sob esta pressuposição."
(Kant. Crítica da Razão Pura. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p.14. Coleção "Os Pensadores")
TEXTO I
TEXTO II
9. (Enem 2013) Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular
pelos objetos; porém todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos,
algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse
pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão
melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular
pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).
10. (Ufsj 2012) Ao analisar o cogito ergo sum – penso, logo existo, de René
Descartes, conclui-se que
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo
empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que
impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer
impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
12. (Unimontes 2012) Como podemos conhecer? Eis uma questão central da
investigação filosófica. Uma das respostas mais radicais foi formulada pelo
filósofo francês René Descartes, que escreveu um texto que colaborou de
maneira significativa para a ciência moderna. Marque a alternativa que indica a
obra de René Descartes.
a) Manifesto do Partido Comunista.
b) Contrato Social.
c) Discurso do Método.
d) Paideia.
13. (Uel 2011) O principal problema de Descartes pode ser formulado do
seguinte modo: “Como poderemos garantir que o nosso conhecimento é
absolutamente seguro?” Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário
do cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, Descartes afirma: “[...]
engane-me quem puder, ainda assim jamais poderá fazer que eu nada seja
enquanto eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade eu não tenha
jamais existido, sendo verdade agora que eu existo [...]”
(DESCARTES. René. “Meditações Metafísicas”. Meditação Terceira, São Paulo: Nova Cultural,
1991. p. 182. Coleção Os Pensadores.)
a) inatismo; Descartes.
b) idealismo; Kant.
c) escolástica; Santo Agostinho.
d) empirismo; Locke.
e) metafísica; Platão.
15. (Unioeste 2010) “Se os que nos querem persuadir que há princípios inatos
não os tivessem compreendido em conjunto, mas considerado separadamente
os elementos a partir dos quais estas proposições são formuladas, não estariam,
talvez, tão dispostos a acreditar que elas eram inatas. Visto que, se as ideias das
quais são formadas essas verdades não fossem inatas, seria impossível que as
proposições formadas delas pudessem ser inatas, ou nosso conhecimento delas
ter nascido conosco. Se, pois, as ideias não são inatas, houve um tempo quando
a mente estava sem esses princípios e, desse modo, não seriam inatos, mas
derivados de alguma outra origem. Pois, se as próprias ideias não o são, não
pode haver conhecimento, assentimento, nem proposições mentais ou verbais a
respeito delas. […] De onde apreende a mente todos os materiais da razão e do
conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso
conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio
conhecimento. Empregada tanto nos objetos sensíveis externos como nas
operações internas de nossas mentes, que são por nós mesmos percebidas e
refletidas, nossa observação supre nossos entendimentos com todos os
materiais do pensamento.” (Locke)
Tendo presente o texto acima, é correto afirmar, segundo Locke, que
Resposta da questão 1
Resposta da questão 2
Gabarito: d
Resposta da questão 3
Gabarito: e
Resposta da questão 4
Gabarito: d
Resposta da Questão 5
Para resolver o impasse entre empiristas e racionalistas, Kant
desenvolveu sua teoria do conhecimento procurando compreender a própria
razão humana. Desta forma, Kant identificou três estruturas a priori da razão: a
estrutura da sensibilidade, a do entendimento e a da razão propriamente dita. É
através dessas estruturas que o sujeito pode conhecer alguma coisa.
Gabarito: d
Resposta da Questão 6:
A revolução copernicana realizada por Kant na filosofia diz respeito à forma
como ele soluciona a oposição entre inatismo e empirismo. Segundo Kant,
ambas as correntes consideravam que o conhecimento deveria ser regulado
pelos objetos. Kant desloca o olhar, passando a considerar a razão como centro
do conhecimento. É somente assim que ele pode considerar o que a razão pode
ou não pode conhecer, e de que forma ela conhece
Resposta da questão 7:
Como exemplo da radicalidade indicada pelo prof. Franklin Leopoldo e Silva, vale
mencionar que Descartes inicia a segunda meditação com a metáfora de um
homem submerso, ele diz: “a meditação que fiz ontem encheu-me de tantas
dúvidas, que doravante não está mais em meu alcance esquecê-las. E, no
entanto, não vejo de que maneira poderia resolvê-las; e, como se de súbito
tivesse caído em águas muito profundas, estou de tal modo surpreso que não
posso nem firmar meus pés no fundo, nem nadar para me manter à tona”. Essa
metáfora expõe um homem de mãos atadas; voltar para a situação anterior é
impossível, porém manter-se no meio do caminho também. A única opção é
manter-se trilhando o caminho da dúvida sistemática e generalizada, esperando
desse modo alcançar algum ponto firme o suficiente para ser possível apoiar os
pés, e nadar de volta para a superfície. Mantendo-se nesse caminho, o filósofo
busca o ponto que irá inaugurar uma cadeia de razões da qual ele não poderá
duvidar. O chão desse mar no qual o filósofo está submerso é esta única coisa
da qual ele não pode duvidar, mesmo se o gênio maligno estiver operando. Tal
certeza radical é a certeza sobre o fato de que se o gênio maligno perverte meus
pensamentos, ele nunca poderia perverter o próprio fato de que eu devo estar
pensando para que ele me engane. Penso, existo é a nova raiz que nutre a
modernidade.
Gabarito: b
Resposta da questão 9:
Uma vez que as sensações são fonte de engano, Descartes deduz a sua
existência, enquanto ser, a partir do ato de pensar, e não da matéria corporal.
Sendo assim, somente a alternativa [A] é correta.
Gabarito: a
Descartes tem como ponto de partida a busca de uma verdade que não pode
ser colocada em dúvida, por isso, começa duvidando de tudo, começando pelas
afirmações do senso comum, passando pelas autoridades, do testemunho dos
sentidos, até do mundo exterior, inclusive da realidade do seu corpo, no entanto,
só interrompe essa cadeia de dúvidas diante do seu próprio ser, do seu próprio
intelecto que duvida, pois não pode duvidar de que está duvidando, daí, a célebre
máxima cartesiana: “penso, logo, existo”.
Gabarito: e