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Resumos de filosofia

1. Problema da definição do conhecimento


A área da filosofia que se dedica a investigar a natureza, as fontes, o
alcance e os limites do conhecimento chama-se epistemologia.
Segundo a definição tripartida de conhecimento ou definição tradicional
de conhecimento existem três condições simultaneamente necessárias e
suficientes para o conhecimento:
 A crença;
 A verdade;
 A justificação.
Neste sentido, atitude adotada por um sujeito relativamente a uma
proposição, ou a atitude de achar que uma dada proposição é verdadeira.
Isto significa que a crença verdadeira também não é suficiente para o
conhecimento, e por isso, é necessário que essa crença se apoie em boas
razoes, ou seja, precisamos de uma justificação para acreditar na mesma.
Para Gettier, a definição tradicional de conhecimento apresenta as
condições necessárias, mas não suficientes para definir conhecimento

2. O problema da possibilidade do conhecimento


Ceticismo: Perspetiva que desafia a nossa pretensão de que sabemos seja
o que for pondo em causa a possibilidade do conhecimento.
Figuras do ceticismo: Pirro de Élis; Sexto Empírico.
Céticos radicais que acreditavam que o melhor a fazer era “suspender o
juízo” relativamente a todo e qualquer assunto.
Suspensão do juízo –Atitude adotada pelos céticos radicais que defendem
que não podemos afirmar nem negar nada acerca da realidade porque o
conhecimento não é possível (Ex: Eu não posso conhecer o mundo então
não posso afirmar nem negar nada acerca dele.)
Então, e quais são as razões que os céticos alegam para suspendermos o
juízo, isto é, para não podermos afirmar ou negar nada acerca da
realidade?
Argumentos para a suspensão do juízo:
1. Regressão infinita da justificação: todas as crenças recorrem a outras
para justificar seja o que for- não há crenças básicas ou fundacionais.
2. Os sentidos são enganadores: os sentidos engam-nos na maneira como
captamos a realidade, e quem nos engana uma vez, engana-nos sempre.
3. As nossas perceções são subjetivas: cada um apreende a realidade de
uma forma muito particular (exemplo da aula no exterior/ captação da
paisagem).

A resposta fundacionalista ao “deserto” deixado pelos céticos:


(ATENÇÃO É FUNDACIONALISMO-VEM DE FUNDAÇÃO E NÃO
“FUNCIONALIMO” - SERIA DE FUNÇÃO)
O fundacionalismo é uma perspetiva que defende que nem todas as
crenças se justificam com base noutras, isto é, acreditam na existência
básicas ou fundacionais que permitem “construir” o edifício do
conhecimento – lembrar o desenho edifício na aula-as fundações.
Os fundacionalistas clarificar este aspeto vão introduzir as crenças básicas
e as crenças não-básicas.
 As crenças básicas são autoevidentes, ou seja, justificam-se a si
mesmas.
 As crenças não-básicas não são autoevidentes, logo, justificam-se
com base noutras crenças
As crenças básicas representam uma base solida sobre a qual podemos
edificar as restantes crenças.
Alguns fundacionalistas são chamados de “racionalistas” pois dizem que
este tipo de crenças provém da razão, são crenças que podemos saber
que são verdadeiras através do pensamento, ou seja, conhecidas a priori
(independentemente da experiência sensível).
Outros são chamados de “empiristas” porque dizem que as crenças
básicas acerca do mundo provem da experiência, isto é, são crenças que
só podemos saber que são verdadeiras através dos nossos sentidos, ou
seja, conhecidas a posteriori (só podem ser conhecidas através da
experiência).
Conhecimento a priori e conhecimento a posteriori:
Conhecimento a priori: são preposições que podem ser reconhecidas
independentemente da experiência. (Ex: matemática; lógica e geometria)
Conhecimento a posteriori: são preposições que só podem ser
reconhecidas através da experiência sensível (Ex: física. Química, biologia,
história e geografia)

3. Descartes: a resposta racionalista


Descartes viveu num período (Séc. XVI-XVII) em que as velhas certezas
tradicionais foram postas em causa instalando-se um clima de ceticismo
generalizado. Este propôs-se a encontrar pelo menos uma crença que
fosse absolutamente certa e indubitável. Desenvolveu assim o
racionalismo cartesiano.
O projeto cartesiano:
O método de Descartes era a dúvida, ou seja, duvidar de tudo o que se
possa imaginar e averiguar o que resiste a esse processo. Este método
ficou conhecido por dúvida metódica.
A dúvida cartesiana é usada como método para alcançar o conhecimento
e provar a insustentabilidade do próprio ceticismo. Assim, ao contrário da
dúvida cética original que é um ponto de chegada (o desfecho inevitável
de um rigoroso processo de reflexão), a dúvida cartesiana é um ponto de
partida (um meio para alcançar a verdade). Sendo assim, vemos que não
se trata de uma suspensão permanente do juízo, mas sim de uma decisão
de considerar provisoriamente falso tudo o que seja minimamente
duvidoso.

A dúvida cartesiana apresenta 4 características fundamentais:


 Metódica – é usada como meio para chegar ao fim;
 Universal – a dúvida aplica-se a tudo aquilo que sujeita a mínima
dúvida;
 Provisória – a dúvida sobrevive ate ser encontrada a primeira
certeza;
 Hiperbólica – é uma dúvida exagerada, ampliada, elevada ao
extremo.
As razões para duvidar:
A ilusão dos sentidos (os sentidos são enganadores) – uma vez que os
nossos sentidos nos enganam algumas vezes nunca podemos saber se nos
estão a enganar ou não.
A indistinção vigília-sono (a fragilidade da nossa perceção) – por vezes,
acreditamos que estamos a ter uma determinada experiência, quando na
realidade estamos apenas a sonhar.
Erros de raciocínio (Descartes coloca mesmo em questão alguns
raciocínios matemáticos) – existe sempre a possibilidade de cometermos
certos erros mesmo em raciocínios aparentemente simples.
A hipótese do Génio do Maligno (a hipótese de um “Deus” enganador ou
a antítese de Deus) – Descartes coloca esta hipótese levando a dúvida ao
ponto mais extremo possível, isto é, alcançando uma dimensão metafisica.
Enquanto esta hipótese não for afastada, não podemos estar certos das
crenças que tem origem tanto na experiência como no raciocínio.
Cogito, ergo sum = Penso, logo existe
 1. º verdade
 Critério de verdade – “Só penso considerar como verdadeiro tudo
aquilo que se apresenta ao meu espírito de forma clara e distinta
tal como cogito se apresentou pela primeira vez”
 Crença fundacional
Os tipos de ideias:
 Adventícias – têm a sua origem na experiência
 Factícias – têm a sua origem na imaginação
 Inatas – já nasceram connosco e têm origem na razão
As provas para a existência de Deus
 A própria Ideia de ser perfeito que existe na nossa mente implica a
perfeição;
 Causa da ideia de perfeição tem origem no Ser Perfeito- Deus- ele
deixou-nos uma marca. (Marca impressa)
 Causa do ser imperfeito só pode ter origem no ser perfeito

Assim e provada a existência de Deus, Ele garante que:


 Podemos confiar nas nossas ideias claras e distintas atuais e
passadas;
 Podemos confiar nos nossos raciocínios apoiados em premissas
claras e distintas;
 Deus (é uma ideia distinta e clara) garante, Ele próprio, a clareza e a
distinção das ideias
Provada a existência de Deus e afastada a hipótese do género maligno,
Descartes, considera que podemos conhecer:
 As verdades matemáticas;
 Coisas materiais (mundo/realidade não é ilusória – as sensações
que temos dos objetos são provocadas por esses objetos).
Assim, Descartes, acredita que o conhecimento é possível e que Deus
garante a clareza e a distinção das nossas ideias sem estas serem afetadas
por qualquer outro ser metafisica
 Em suma, Descartes, defende que devemos usar a razão,
recorrendo sobretudo à lógica, geometria e matemática para
compreender a verdadeira natureza das coisas (racionalismo)

Críticas a Descartes
Uma das críticas que pode ser apresentada a Descartes é, no momento do
cogito, Descartes conseguir provar a existência de um ser pensante.
Muitos dos seus críticos consideram que cogito é uma conjunção de várias
ideias: há pensamento e há um e apenas um ser pensante a quem esse
pensamento pertence e esse ser pensante sou Eu. Contudo, com hipótese
do Génio Maligno Descartes não se encontrava em condições de afirmar
que havia um Eu, isto é, uma pessoa a quem aqueles pensamentos
pertenciam.
Assim, a crítica do cogito leva-nos a conclusão que é mais evidente a
existência de pensamento do que a existência de um Eu (ser pensante)
sobre a qual esses pensamentos repousam.
Nota: Descartes prova apenas a existência de pensamentos e não de um
ser pensante devido a hipótese de Génio Maligno.
Alguns críticos consideram que Descartes comete a chamada falácia da
circularidade ou da petição de princípio. Devido ao facto de apenas
considerarmos como verdadeira tudo aquilo que se apresenta ao intelecto
de uma forma clara e distinta. Contudo, Descartes, considera que quem
garante a clareza e a distinção das nossas ideias é Deus sendo Ele também
uma ideia clara e distinta.
Assim, a falácia da circularidade comete-se quando: quem garante a
clareza da distinção das ideias é Deus, e Deus é uma ideia clara e distinta.

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