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Epistemologia – parte da filosofia que estuda o conhecimento (Filosofia/Teoria do conhecimento).

Nela colocam-se três problemas: O que é o conhecimento? O conhecimento é possível? Qual a origem do conhecimento?
PROBLEMAS DO CONHECIMENTO:
Definição: definição tradicional do conhecimento No conhecimento, um sujeito (aquele que conhece) aprende
Possibilidade: um objeto (aquilo que é conhecido). Relação: um sujeito só é
o Ceticismo Radical sujeito em relação a um objeto e este só é objeto em relação
o A teoria de Descartes a um sujeito.
o A teoria de Hume Por vezes, o sujeito e o objeto coincidem. Isto acontece nos
Origem: casos de autoconhecimento, ou seja, quando alguém tenta
o A teoria de Descartes (racionalismo) se conhecer a si próprio.
o A teoria de Hume (empirismo)
TIPOS DE CONHECIMENTO:
> Conhecimento prático: o objeto de conhecimento é uma certa aptidão ou capacidade. O sujeito sabe realizar uma determinada
ação ou atividade. Ex.: Alice sabe andar de bicicleta. Alice sabe fazer chá. Alice consegue assobiar o hino nacional.
> Conhecimento por contacto: o sujeito conhece diretamente algo (através dos sentidos). O objeto de conhecimento são coisas
como lugares, animais, plantas… Ex.: Alice conhece o Museu Nacional de Arte Antiga. Alice conhece a directora da sua escola. Alice
conhece o seu corpo.
> Conhecimento proposicional: o objeto de conhecimento são proposições (pensamento expresso por frases declarativas), ou seja,
conhecer ideias. Ex.: Alice sabe que Platão foi um filósofo grego. Alice sabe que um soneto tem catorze versos. Alice compreende a
teoria da relatividade.
DEFINIÇÃO TRADICIONAL DE CONHECIMENTO:
Há uma definição antiga da autoria de Platão, segundo a qual o conhecimento consiste numa crença verdadeira justificada.
É uma definição tripartida, pois indica três condições necessárias para haver conhecimento: crença, verdade e justificação. Ou seja
um sujeito tem conhecimento proposicional de P se acreditar em P, se P for de facto verdadeira e se tiver uma justificação
adequada para acreditar em P.
Cada uma dessas condições é necessária e as três em conjunto são uma condição suficiente para haver conhecimento. Logo,
qualquer conhecimento é uma crença verdadeira justificada e qualquer crença verdadeira justificada é conhecimento.
DUAS MODALIDADES DE CONHECIMENTO PROPOSICIONAL: O PROBLEMA DA POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO:
Fontes do conhecimento proposicional: Existe três repostas a este problema:
 Pensamento – conhecimento a priori;  o cepticismo radical;
 Experiência – conhecimento a posteriori;  a perspetiva de René Descartes;
 a perspetiva de David Hume;

> CETICISMO
O ceticismo é uma perspetiva filosófica que responde que «não» à pergunta da possibilidade do conhecimento.
Divide-se em ceticismo radical e cepticismo moderado.
O ceticismo radical (ou ceticismo pirrónico, devido ao filósofo grego Pirro que considerava que não podíamos ter a certeza de nada
e que, portanto, não devemos afirmar nem que uma determinada ideia é verdadeira nem que é falsa – devemos suspender o juízo)
é global, pois duvida de todo e qualquer conhecimento.
O ceticismo moderado é regional ou localizado, isto é, duvida da possibilidade de conhecimento em algumas áreas, mas não noutras.
CETICISMO RADICAL
O ceticismo radical defende que não existe realmente conhecimento e que aquilo a que chamamos conhecimento não passa de
uma ilusão. Pode suceder-se que certas crenças que consideramos verdadeiras sejam, afinal, falsas ou mesmo que algumas sejam
verdadeiras, não estão justificadas. E, nestes casos, não serão conhecimento.
A posição do ceticismo radical pode ser expressa através do argumento (modus ponens):
Se as nossas crenças não estão justificadas, então não temos conhecimento.
As nossas crenças não estão justificadas.
Logo, não temos conhecimento.
O argumento é válido, mas será sólido? A questão reflete-se para a segunda premissa, que muitos filósofos tentaram defendê-la
através de vários argumentos.
> Argumento de regressão infinita da justificação.
A tentativa de justificar uma crença envolve sempre uma regressão infinita de justificação: cada crença precisa de uma justificação e
a justificação de uma nova justificação, numa regressão sem fim. Desse modo, nem a primeira nem qualquer uma das outras está
justificada e, por isso, nunca conseguimos justificações adequadas e com valor epistémico.
> Argumento dos enganos sensoriais
Baseia-se no facto de, por vezes, sermos enganados pelos sentidos. Por exemplo a ilusão ótica e ilusão auditiva. E isso compromete
a justificação das nossas crenças. Se os sentidos são enganadores, as justificações que proporcionam são inadequadas e sem valor
epistémico.
OBJEÇÃO AO CETICISMO RADICAL
Acusa-se que o ceticismo radical é contraditório, já que ao afirmar que não é possível conhecer, isto é, que não temos
conhecimento, estamos a afirmar que temos conhecimento de alguma coisa, ou seja, para afirmar isso assume-se o conhecimento
de não se conhecer.

> O RACIONALISMO DE DESCARTES


O filósofo Réne Descartes levou o ceticismo radical a sério e tentou refutá-lo, contrapondo-lhe argumentos melhores e procurando
mostrar que o conhecimento é possível.
Ao analisar o que tinha aprendido, nos seus estudos e nas suas leituras, Descartes considerou que a Filosofia e as ciências estavam
cheias de obscuridades e incertezas.
A PROCURA DE UM FUNDAMENTO
Descartes considerava que o facto de no conhecimento se encontrar incertezas fortalecia o ceticismo. Por isso, era preciso
distinguir as ideias concretas das incorretas, eliminar erros, clarificar as confusões e obscuridades e substituir as dúvidas por
certezas. Para isso era necessário estabelecer o fundamento do conhecimento.
Na demanda por esse fundamento, Descartes tentou encontrar pelo menos uma crença que fosse indubitável e básica.
Uma crença será indubitável se estiver acima de qualquer dúvida, se for totalmente certa, que permitia refutar o argumento dos
enganos sensoriais.
Uma crença será básica se a sua verdade for complemente evidente e não necessitar de uma justificação exterior, pois autojustifica-
se devido a essa enorme evidência, que permite refutar o argumento da regressão infinita da justifição.
DÚVIDA METÓDICA
Na sua demanda pelo fundamento do conhecimento, Descartes recorreu a um método chamado dúvida metódica.
Trata-se de duvidar de todas as crenças até encontrar uma que seja indubitável, ou seja, que resista a toda e qualquer dúvida.
Descartes propôs-se analisar as suas crenças e pô-las de lado, caso encontrasse nelas algum aspeto duvidoso. A análise só
terminaria quando encontrasse uma crença tão certa e tão obviamente verdadeira que resistisse a qualquer dúvida.
A dúvida cartesiana é uma dúvida voluntária: é exercida e não sofrida. Não é uma dúvida psicológica (isto é, realmente sentida),
mas sim um meio (ou método) de chegar à certeza – daí ser denominada dúvida metódica.
É uma dúvida teórica e não prática: faz sentido usá-la quando se pensa na possibilidade de conhecer, mas não na vida prática, pois
nesta não devemos perder demasiado tempo com dúvidas.
A dúvida metódica é também hiperbólica, ou seja exagerada. Descartes não vai considerar apenas dúvidas plausíveis e sensatas,
mas toda e qualquer dúvida (extremo).
Ao utilizar a dúvida metódica Descartes adota uma espécie de ceticismo provisório: usa as dúvidas dos céticos para chegar a uma
certeza que derrube o ceticismo.

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