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O setor agrário em Portugal

OCUPAÇÃO DO ESPAÇO

O sector agrícola, mantém algum peso na criação de emprego, e detém uma grande importância na ocupação do espaço e na
preservação da paisagem, constituindo mesmo a base económica essencial de alguns áreas acentuadamente rurais do país.
As áreas agrícola e florestal têm uma grande importância para muitas das regiões portuguesas uma vez que ocupam grande parte
do espaço.
 Na maioria dos municípios do Oeste, Baixo Alentejo e Alentejo Central, Douro e Terras de Trás-os-Montes, a ocupação
agrícola representa pelo menos 35% da área total;
 Na floresta destaca-se o Centro, onde muitos municípios têm mais de 60% do território ocupado com floresta.

CONTRIBUIÇÃO PARA A ECONOMIA NACIONAL

O setor agrário inclui a agricultura e a silvicultura, fornecedoras de matéria-prima às indústrias agroalimentares e florestais
formando o setor agroflorestal, que inclui as:
 Componente agroalimentar: Agricultura e indústrias alimentares: bebidas; tabaco; lacticínios; cacau; bacalhau; açúcar;
chá; cereais; preparação de pescado; azeite.
 Componente florestal: Silvicultura e indústrias florestais.

VAB (valor acrescentado bruto): valor bruto da produção deduzido dos custos do processo produtivo.

As regiões agrárias
As características naturais e humanas do território nacional permitiram a criação de nove regiões agrárias.
Regiões agrárias:

Entre douro e Minho


 Trás-os-Montes
 Beira litoral
 Beira interior
 Ribatejo e oeste
 Alentejo
 Algarve
 Região autónoma da madeira
 Região autónoma dos açores
Entre douro e Minho
 Trás-os-Montes
 Beira litoral
 Beira interior
 Ribatejo e oeste
 Alentejo
 Algarve
 Região autónoma da madeira
 Região autónoma dos açores
 Entre douro e Minho
 Trás-os-Montes
 Beira litoral
 Beira interior
 Ribatejo e oeste
 Alentejo
 Algarve
 Região Autónoma da Madeira
 Região Autónoma dos Açores

 Entre douro e Minho


 Trás-os-Montes
 Beira litoral
 Beira interior
 Ribatejo e oeste
 Alentejo
 Algarve
 Região autónoma da madeira
 Região autónoma dos açores
De dez em dez anos, o recenseamento agrícola recolhe informação sobre as estruturas agrárias e as respetivas produções
agrícolas. Com base nessas informações, é possível caracterizar a agricultura portuguesa.
Importa conhecer as principais características das regiões agrárias, para podermos compreender a agricultura que aí se pratica:
 A população portuguesa concentra-se sobretudo no litoral, que é mais urbanizado, contrastando com o interior, menos
povoado;
 O relevo é mais acidentado e tem maior altitude a norte do rio Tejo e na ilha da Madeira. A sul do Tejo e nos Açores tem
menor altitude;
 A temperatura diminui de sul para norte, com valores mais suaves no litoral e nos Açores e mais altos no sul do continente
e na Madeira
 A precipitação é mais elevada no norte litoral, nos Açores e na ilha da Madeira, com o interior continental, sobretudo a sul,
e o Porto Santo a serem os mais secos.
Fatores Condicionantes da Agricultura

A diversidade agrícola reflete a influência e a interação de um conjunto de fatores físicos ou naturais, bem como de fatores
humanos.
FATORES FÍSICOS OU NATURAIS

> Clima Menos favorável nas regiões agrárias do interior norte (TM e BI)
e do sul continental (ALE e ALG), devido a:
Favorável nas regiões agrárias do litoral (EDM,BL e RO) e nos
 Temperatura baixa no inverno, com neve (a altas altitudes) e
Açores, devido a:
geada frequentes, e alta no verão;
 Temperatura amena e baixa amplitude térmica
 Precipitação pouco abundante no inverno (exceto nas
anual;
montanhas onde chegam os ventos húmidos) e escassa no
 Precipitação abundante, sobretudo no inverno,
verão (ALE e ALG) com rico elevado de seca;
diminuindo de norte para sul e litoral para interior;
 Humidade relativa baixa, sobretudo no verão, que com
 Elevada humidade do ar.
temperaturas elevadas se criam condições para a ocorrência
de incêndios.
> Relevo

Mais favorável: Menos favorável:


 Nas regiões agrárias do litoral a norte do Tejo, com  Interior norte, com planaltos e montanhas acima dos 800
planícies onde morre a base das vertentes do interior metros;
montanhoso e onde os rios finalizam o seu curso;  na ilha da Madeira, quase toda de vertentes íngremes e
 No sul nas peneplanícies do Alentejo e no Algarve, nos vales vales estreitos.
das serras de pouca altitude e na fértil planície do litoral.

> Qualidades dos solos:

A maior ou menor qualidade varia com:


 as formações geológicas do subsolo, entre os quais as que deram origem aos sedimentos que se depositam;
 a altitude e declive do relevo:
 maior altitude e vertentes íngremes, favorece os processos de erosão, tornando os solos pobres, ou mesmo
inexistentes;
 menor altitude, como os vales entre vertentes, muitas vezes com cursos de água, e nas planícies dos rios, nos
cursos médio e inferior, favorece a deposição de grande quantidade de sedimentos minerais (do desgaste das
rochas) e orgânicos (restos de plantas e animais), formando solos profundos e espessos, de materiais finos e ricos
em nutrientes, muitos férteis.
 a vegetação, que, quando é mais diversa e de folha caduca, forma mais húmus e enriquece o solo.

> Disponibilidade de água:


A abundância ou escassez de água depende:
 do clima, pela maior ou menor abundância de precipitação;
 da presença de aquíferos subterrâneos, que alimentam nascentes e cursos de água;
 das características da rede hidrográfica, pela fertilidade das margens dos rios, que depositam sedimentos e disponibilizam
água doce para rega.
Em Portugal, os solos são mais férteis nas planícies do litoral e na extensa planície dos rios Tejo e Sado: têm mais sedimentos e
húmus, são mais espessos e, sobretudo no litoral norte, situam-se em regiões de maior precipitação e grande humidade relativa.

FATORES HUMANOS

> Históricos e culturais:


A grande fragmentação da propriedade do noroeste (EDM e BL) do país é resultado:
 do longo processo de povoamento, muito marcado pela fixação romana, e do parcelamento das terras pelo clero e
nobreza;
 do sistema de partilhas de heranças;
 de ser o proprietário a cultivar a terra.

O predomínio de grandes propriedades no Ribatejo e no Alentejo deve-se:


 à reconquista mais tardia e organizada, que terminou com a doação de vastos domínios aos nobres e à ordens religiosas
militares;
 à aquisição de vastas propriedades pela burguesia, para agricultura;
 dos trabalhadores serem assalariados.

> Povoamento e demografia:


No interior norte (TM e BI) o povoamento menos denso originou uma tradição de partilha comunitária das tarefas e as propriedades
agrícolas originando:
 Explorações de maior dimensão, mas inferior às do sul do país, e por isso a maior ou menor densidade de povoamento
tem impactos na dimensão das áreas agrícolas;
 A pobreza, que incentivou o êxodo rural e a emigração conduziu ao envelhecimento da população agrícola, condicionando
a substituição de gerações e a modernização agrícola.

> Políticas agrícolas:

A legislação, as orientações e as medidas das políticas agrícolas condicionam a agricultura porque:


 Influenciam as opções dos agricultores, relativamente às culturas;
 Regulamentam as práticas agrícolas, condicionando o uso de agroquímicos, estabelecendo quotas;
 Criam incentivos financeiros, apoiando determinadas opções políticas.

> Ciência e tecnologia:

A prática agrícola económica e ambientalmente sustentável é apoiada por progressos científicos e tecnológicos que permitiram:
 Permite aumentar a produção;
 Melhorar a qualidade dos produtos;
 Manter a qualidade dos solos.

Para tal, a ciência e a tecnologia desenvolvem técnicas e mecanismos de:


 Proteção das culturas, sem químicos nocivos;
 Irrigação, com a máxima poupança de água;
 Fertilização, sem degradação dos solos;
 Preservação ambiental, sem diminuir a produção.

> Económicos:

O objetivo da produção influencia as práticas agrícolas, pois:


 Na produção para autoconsumo, as explorações são de menor dimensão e, utilizam técnicas artesanais;
 Na produção para mercado as explorações são de maior dimensão e mais especializadas, utilizando tecnologia moderna,
para aumentar a produtividade e o rendimento.

Nos últimos 10 anos, deu-se um alargamento da superfície de regadio, devido ao aumento das culturas permanentes e ao
investimento na modernização, designadamente de pomares, vinhas e olivais, que passaram a ter rega gota a gota.
O Alentejo tem a maior área de regadio que tem aumentado graças ao alargamento das áreas de regadio do sistema global do
Alqueva.

 Entre douro e Minho


 Trás-os-Montes
 Beira litoral
 Beira interior
 Ribatejo e oeste
 Alentejo
 Algarve
 Região autónoma da madeira
 Região autóno
No entanto ainda são poucas as explorações de regadio que usam informação na gestão de rega: deteção remota (imagens de satélite
e drones), dados meteorológicos ou sondas que medem a humidade do solo.

Paisagens agrárias
DIFERENCIAÇÃO FUNCIONAL
O espaço rural ocupa grande parte do território português mas não é um espaço homogéneo. Importa distinguir:

Espaço rural: Área onde se desenvolvem as atividades agrícolas e outras ligadas à agricultura e todas as outras ligadas à população
como indústrias, serviços, etc.;

Espaço agrário: Espaço de produção agrícola, florestal e animal, pastagens, habitações, infraestruturas e equipamentos da
atividade agrícola;

Espaço agrícola: Área ocupada com produção vegetal e criação de animais;

Superfície Agrícola Utilizada (SAU): Área ocupada com produção vegetal.


MORFOLOGIA/ESTRUTURA AGRÁRIA
A morfologia agrária resulta da combinação dos sistemas de cultura com as características dos campos e o povoamento. As
paisagens agrárias tradicionais dividem-se em:

SISTEMA INTENSIVO SISTEMA EXTENSIVO


 Agricultura de subsistência (autoconsumo)  Agricultura de exportação (contribuição para a
 Áreas de abundância de água e solos ricos economia)
 Técnicas tradicionais/artesanais sem recurso a máquinas  Áreas com pouca água e solos pobres
 O solo é totalmente e continuamente ocupado  Utilização de novas tecnologias e máquinas
 Culturas de regadio em regime de policultura  Pratica-se a rotação de culturas com recurso ao pousio
 Localiza-se a norte do país em relevo acidentado (Beira  Culturas de sequeiro em regime de monocultura
Litoral (BL)/Entre Douro e Minho (EDM)) e na Região  Localiza-se nas regiões de relevo plano: TM, RO e ALE
Autónoma da Madeira (Trás-os-Montes, Ribatejo e Oeste, Alentejo)
 Terrenos de pequena dimensão (minifúndios), forma  Terrenos de grande dimensão (latifúndios), forma
irregular e com vedação  Campos fechados regular e sem vedação  Campos abertos
 Povoamento disperso – construções ou pequenos  Povoamento concentrado – associado à grande
núcleos de construções que estão relativamente propriedade ou latifúndio; os trabalhadores assalariados
afastados entre si, o que se explica pela estrutura de vivem em aldeias
propriedade (minifúndios)
Com a modernização da agricultura estes sistemas começaram a mudar, surgindo a agricultura superintensiva:
 domínio da monocultura de forma intensiva;
 muito mecanizada (menos trabalho humano e menor diversidade de técnicas, procedimentos e máquinas);
 aplicação de agroquímicos e regadio (culturas de sequeiro passam a ser regadas para maior qualidade e rapidez de
produção);
 agricultura de mercado, que procura produzir o máximo, com o mínimo de custos de produção e sem prejuízos;
 predomina no Alentejo (na área de regadio do Alqueva) e no Algarve.
Problemas ambientais causados pela agricultura superintensiva:
 degradação dos solos – a monocultura gera uma absorção contínua do mesmo tipo de nutrientes, destruindo o equilíbrio
natural dos solos e, como tal, fazendo diminuir a sua fertilidade.
 perda de biodiversidade – a ocupação agrícola em grande escala destrói ecossistemas locais e impede a interação de
espécies que se equilibravam mutuamente.
A agricultura utiliza cada vez mais tecnologia digital, como para o estudo dos solos e o aumento da precisão da sementeira e da
colheita:
 gestão da rega segundo a humidade do solo e do ar;
 aplicação dos agroquímicos na medida exata;
 vigilância, que evita a propagação de pragas e doenças;
 monitorização de saúde, alimentação dos animais, ambiente das instalações e estado dos prados
> Tudo é feito: no lugar certo; em tempo oportuno e na dose exata.
> Resulta em: zero desperdício; menor impacte ambiental; poupanças de recurso e redução de custos.
Surge então uma nova agricultura – agricultura de precisão – e que exige conhecimento técnico e científico onde usa os meios
digitais para aumentar a produção e reduzir os impactes ambientais e os custos de produção. Verifica-se também um novo perfil de
agricultor: profissional qualificado que gere a empresa com pessoal e serviços especializados.
Definições:
 Sistemas agrícolas: os produtos cultivados, com maior ou  Culturas de sequeiro: sem necessidade de rega.
menor necessidade de rega, a forma e a duração da  Rotação de culturas: terreno dividido em folhas (setores)
ocupação do solo. que, em cada ano, produzem uma cultura diferente, ficando
 Culturas de regadio: precisam de ser irrigadas. um folha em pousio.
 Regime de policultura: vários produtos cultivados  Pousio: folha (setor) em descanso, para o solo recuperar, ou
simultaneamente na mesma parcela, geralmente de com plantas que melhoram a fertilidade.
pequena dimensão e forma irregular, o que dificulta a  Parcelado: dividido.
mecanização.  Emparelhado: juntar terrenos.
Superfície Agrícola Utilizada (SAU):
ESTRUTURA E REPARTIÇÃO

A estrutura da Superfície Agrícola Utilizada (SAU) caracteriza-se a partir dos diferentes destinos dados ao território. O espaço pode
ser ocupado com:

> Terras aráveis: (BL, RO e RAM)


 Terras com produção vegetal - Culturas temporárias (com um ciclo vegetativo inferior a 1 ano);
 Retiradas da produção (p. ex: pousio), em boas condições agroambientais;
 Ocupadas com estufas ou cobertas por estruturas fixas ou móveis.

> Culturas permanentes: (TM, ALG e RAM)


 Ocupam as terras por mais de cinco anos, com repetidas colheitas;
 Normalmente ocupam grandes áreas, como a vinha, o olival e os pomares.

> Pastagens permanentes: (EDM, BI, ALE e RAA)


 Áreas com vegetação herbácea, espontânea ou semeada por mais de cinco anos;
 Destinam-se ao pasto de animais.
 SAU dos Açores (condições climáticas favorecem a criação de prados naturais e a criação de gado bovino - vacas);
 EDM, pelas mesmas razões + gado ovino (ovelhas);
 BI, áreas de montanha e por isso além do gado bovino existe também gado ovino e caprino;
 ALE, pelo investimento de prados artificiais, com modernos sistemas de rega, sobretudo para gado bovino e também ovino
e suíno;

> Hortas familiares: (BL e RAM)


 Ocupada com produtos hortícolas ou frutos;
 Destina-se sobretudo ao autoconsumo.

A repartição regional da SAU nacional reflete as desigualdades de relevo, densidade demográfica e dimensão dos campos:
 ALE é a maior das regiões agrárias e tem explorações de grande dimensão. O relevo aplanado e a fraca densidade
populacional explicam a enorme importância da SAU;
 TM, o relevo planáltico, a fraca densidade populacional e o povoamento concentrado explicam a segunda maior
percentagem de SAU;
 RO inclui a maior concentração demográfica. Apesar das explorações de grande dimensão, é apenas a terceira região em
SAU;
 Madeira, EMD e BL são regiões de pequena percentagem de SAU nacional, o que se deve à pequena dimensão, sobretudo
nas regiões autónomas, ao relevo acidentado e à maior densidade populacional.
FORMAS DE EXPLORAÇÃO DA SAU

As terras da SAU podem ser cultivadas por diferentes agentes, com implicações variadas.

> Conta própria (o agricultor é o proprietário da terra):


 Cuida e preserva os solos;
 Investe em melhoramentos fundiários (redes de drenagem e sistemas de rega permanentes);
 Participa na preservação da paisagem e da biodiversidade, na prevenção de incêndios, pois valoriza a propriedade.

> Arrendamento (o agricultor arrenda a terra ao proprietário):


 Pode provocar o esgotamento dos solos, pois procura tirar o máximo proveito;
 Evita o abandono das terras e contribui para a preservação da paisagem e a prevenção de incêndios.

As explorações agrícolas
No geral, tem-se verificado a diminuição do número de explorações e o aumento da dimensão das explorações e a SAU permanece
sensivelmente a mesma.

No Alentejo, prevalecem as explorações de grande dimensão que, outrora, constituíram vastos latifúndios. Por isso, a dimensão
média das explorações e a SAU média por exploração são muito maiores do que no resto do país, permitindo que, nesta região, se
concentre mais de metade da SAU nacional, apesar do menor número de explorações.
As explorações de pequena ou média dimensão que, geralmente, corresponde a minifúndios, predominam na BL, em EDM e na
Madeira. É por isso que, apesar do número mais elevado de explorações, detêm uma menor parte da SAU. A menor dimensão torna
menos viável a modernização, pois há máquinas que não podem ser utilizadas e, além disso, o pequeno agricultor tem menor
poder económico, além de não justificar investimentos elevados em tecnologia.

Exploração agrícola: unidade técnico-económica que utiliza fatores de produção (mão de obra, máquina, terrenos e outros) e que
satisfaz obrigatoriamente as condições seguintes:

1. Ter produção agrícola ou manter em boas condições agroambientais as terras que não utiliza para fins produtivos.
2. Atingir ou ultrapassar uma certa dimensão (área, número de animais).
3. Estar submetida a uma gestão única.
4. Ter localização bem determinada e identificável.

DIMENSÃO ECONÓMICA DAS EXPLORAÇÕES

O grande número de pequenas explorações condiciona a modernização agrícola, porque os pequenos agricultores têm menor
poder económico e, muitas vezes, menor qualificação. Assim, a sua capacidade de investimento e inovação é limitada. Ou seja, à
pequena dimensão física corresponde, geralmente, uma pequena dimensão económica.

Existe um maior número de explorações de muita pequena dimensão, no entanto, as explorações de grande dimensão são as que
mais contribuem para a economia (agricultura de mercado/exportação).

Em Portugal, a maioria dos produtores gere a exploração em nome próprio – produtor agrícola singular. Porém, regista-se um
aumento das explorações geridas por sociedades, sobretudo nas explorações com mais de 100 hectares de SAU.

Este crescimento de produção e da SAU das sociedades é considerado favorável, pois as sociedades fazem uma gestão mais
eficiente e têm maior dimensão, logo podem investir mais e ser mais competitivas.

Produtor agrícola: responsável jurídico e económico da exploração ou seu representante legal, que retira os benefícios e suporta as
eventuais perdas.

Sociedade: entidade moral constituída segundo os códigos comercial e civil. Pode ser uma sociedade por ações por quotas, em
nome colectivo ou outra.

Produção agrícola vegetal


AS PRINCIPAIS PRODUÇÕES

A produção agrícola, em volume e valor, varia com as condições meteorológicas do ano agrícola ou por outras causas, mas a
tendência geral é o aumento.

As principais produções referem-se a culturas bem adaptadas ao clima mediterrâneo como o olival/azeitonas, cereais para o grão,
vinha/uva para mesa e vinho e os principais frutos de casca rija, embora também se cultivem alguns frutos semitropicais, como o
kiwi.

Uma maior área de cultivo nem sempre tem maior produção (t), devido às diferentes características das culturas, dos solos e das
práticas agrícolas. Uma vinha ou um pomar ocupam mais espaço do que uma plantação de tomate ou uma estufa de hortícolas, que
têm maior densidade de ocupação. Por isso, as culturas em estufa, regra geral, têm uma elevada produtividade agrícola.

Produtividade agrícola: quantidade produzida por unidade de superfícies (t/ha).

AS PRINCIPAIS PRODUÇÕES POR REGIÃO

As culturas distribuem-se pelas regiões de acordo com as condições edafoclimáticas, embora as novas tecnologias e práticas
agrícolas (sistemas de rega, estufas, etc.) permitam uma menor dependência das condições climáticas e meteorológicas e o
alargamento das áreas geográficas de produção de certas culturas.

Condições edafoclimáticas: condições naturais de relevo, solos, geologia e clima (temperatura, amplitudes térmicas, precipitação,
humidade do ar, insolação, vento), às quais determinadas plantas estão adaptadas, tendo um bom desenvolvimento.

Açores milho forrag. Madeira  batata e banana Algarve  laranja Alentejo  tomate industrial
AML  tomate industrial Centro  milho forrag. e milho para grão Norte  milho forrag.

Em Portugal, a maioria das explorações tem uma especialização – dedica-se exclusiva ou maioritariamente à produção de uma
dada cultura ou produção animal, ou seja, tem uma orientação técnico-económica (OTE).

Orientação técnico-económica: determina-se pela contribuição de cada atividade para o Valor de Produção Padrão Total (VPPT) da
exploração.
A especialização da produção associa-se frequentemente à monocultura e à monopecuária, e apresenta vantagens importantes:
 simplifica o trabalho agrícola, devido à menor variedade de tarefas;
 exige menor diversidade de máquinas e equipamentos;
 reduz os custos de produção, pois apenas se investe num tipo de tecnologia, de adubo, etc.;
 aumenta a produtividade agrícola e o rendimento dos agricultores.

DISTRIBUIÇÃO DAS PRINCIPAIS OTE

A especialização também é condicionada pelas condições edafoclimáticas, pois aproveita as especificidades do clima, relevo e solos.

Explorações especializadas em:


 Cereais de regadio e de alagamento: litoral a norte do Tejo, ALG, São Miguel e ALE (rega artificial).
 Cereais de sequeiro e oleaginosas: ALE, BI e TM.
 Horticultura intensiva: EDM, BL, RO, ALG e RAM – áreas com grande humidade relativa e próximas de grandes centros
urbanos, que abastecem diariamente.
 Viticultura: evidencia a adaptação a diferentes castas às condições específicas de cada região (ex. Douro – vale encaixado,
quente e seco, vinhas em socalcos, e Pico – solos de lava que também veda os campos; ambos classificados como paisagens
Património da Humanidade).
 Fruticultura: em diferentes regiões, consoante a fruta e as condições que exige.
 Olivicultura: todo o sul, mas, sobretudo, no ALE interior, RO, BI e TM, áreas mais secas.

A produção agrícola animal


A atividade pecuária tem vindo a evoluir no sentido de uma maior dimensão média das explorações, o que é favorável para a
competitividade.

A redução do número de explorações e o aumento do número de cabeças explicam o aumento da dimensão média (nº cab/exp),
que favorece a produtividade.

A maior dimensão permite produzir-se em grande escala e ser-se mais competitivo no mercado internacional.

Regimes de produção pecuária:


 Intensivo – animais alimentados por rações e, geralmente, criados em espaços fechados ou confinados;
 Extensivo – animais criados ao ar livre e alimentados em pastagens. Por vezes, são recolhidos no inverno, mas são
alimentados por forragens cultivadas para esse fim;
 Semi-intensivo – conjugação dos dois regimes.

A produção de gado ovino e caprino, pouco exigente na alimentação, faz-se em regime extensivo, assim como o bovino, sobretudo
no Alentejo e nos Açores. O suíno é produzido, na sua maioria, em regime intensivo. Das aves, só uma minoria é criada em ar livre,
sendo a criação em gaiolas melhoradas e no solo a maior parte, verificando-se ainda a criação em sobreposição se gaiola
(prateleiras).

A produção animal e produtos derivados é desigual nas diferentes regiões agrárias, devido às suas características naturais e de
ocupação humana:
 A criação de bovinos na RAA é feita de modo tradicional, em regime extensivo, nos prados naturais das ilhas, sem rações.
 Em EDM sobressai o gado bovino, em que se inclui a raça barrosã.
 O ALE tem a maior produção, pela dimensão física e económica das explorações. A produção de ovinos associa-se ao montado
alentejano. Os bovinos são criados em prados semeados com recurso ao regadio (rega artificial).
 Em TM e na BI domina o gado ovino e caprino pois estão bem adaptados ao relevo de montanha e não requerem pastagens
com muitos nutrientes (menos exigentes na alimentação), e as raças de bovino autóctones (próprias da região).
 BL e RO constituem a maior parte da criação de suínos e de aves pois são carnes mais baratas e que por aí se situar uma grande
densidade populacional explica a sua superprodução.

População agrícola
COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO

A população ativa no setor agrícola tem vindo a diminuir, em parte devido à modernização da agricultura, que liberta mão de obra,
mas também porque os jovens adultos tendem a mudar-se para a cidade ou a trabalhar na cidade, continuando a residir no espaço
rural – êxodo agrícola.

População agrícola familiar: pessoas que fazem parte do agregado doméstico do produtor, trabalhem ou não na exploração, e
outros familiares que participam regularmente no trabalho agrícola da exploração.
A população agrícola familiar tem uma importância considerável, representando uma parte significativa da mão de obra na
agricultura.

Contratação de serviços: há empresas que alugam máquinas agrícolas e respetivos manobradores, que precisam de licença e
especialização. Acontece o mesmo com as tecnologias digitais

A mão de obra pode distribui-se em:


 MO familiar é mais importante na RAM, BL, EDM e BI, onde as explorações têm menor dimensão física e económica.
 MO não familiar é cerca de metade no RO e ALE, onde são as explorações geridas por sociedades ou grandes proprietários.
 Contratação de serviços é maior no ALG.

No norte do país (EDM, BL e BI) e na Madeira verifica-se MO familiar pois apresenta um sistema intensivo num minifúndio em que a
sua produção é destinada ao autoconsumo e é gerida por um produtor singular, e por isso não se justifica utilizar máquinas e novas
tecnologias para a agricultura.

No sul do país (ALE e ALG) verifica-se latifúndios com agricultura superintensiva em que a produção se destina a exportação e gerida
por uma sociedade agrícola e por isso utiliza novas tecnologias e mecanização contratação de serviços e MO não familiar.

ESTRUTURA ÉTARIA

Na população agrícola, os produtores singulares e dirigentes das sociedades têm maior relevância, pois são quem toma as decisões
mais importantes.

A população rural, sobretudo no interior, tem uma estrutura etária envelhecida. Porém, de 2009 a 2019, a idade média dos
produtores singulares e dirigentes das sociedades subiu um ano, menos quatro do que a da população total.

O movimento de retorno à vida rural é uma tendência que pode contribuir para revitalizar as áreas rurais.

NÍVEIS DE QUALIFICAÇÃO ESCOLAR E PROFISSIONAL

A estrutura etária e os níveis de qualificação influenciam muito a forma como se gerem as práticas agrícolas, a produtividade e a
sustentabilidade. Verifica-se que esses fatores são mais favoráveis nas sociedades agrícolas.

A chegada de pessoas mais jovens e qualificadas ao meio agrícola apresenta vantagens:


 têm maior capacidade de arriscar e investir, pois as qualificações dão-lhes conhecimento e confiança;
 têm mais perspetivas de futuro e mais energia física e mental;
 aderem à inovação, em práticas e tecnologias mais eficazes e sustentáveis, e às normas da UE, no domínio da segurança
ambientar e alimentar;
 têm mais acesso a informações e as TICS e por isso mais facilidade de concorrer aos apoios comunitários e nacionais.

FONTES DE RENDIMENTO DOS PRODUTOS SINGULARES

Em Portugal, apenas uma pequena parte dos produtores se dedica a tempo inteiro à exploração. Os restantes trabalham
simultaneamente noutras atividades (pluriatividade), o que lhes permite complementar o rendimento, geralmente abaixo, que
obtêm na exploração.

Pluriatividade – prática, em simultâneo, do trabalho na exploração e noutras atividades.

Plurirrendimento – acumulação do rendimento proveniente da exploração com o de outras atividades.

A principal origem dos rendimentos dos produtores singulares é a pensão rural/reforma o que reforça a ideia de uma população
envelhecida neste sector.

PROBLEMAS ESTRUTURAIS DA AGRICULTURA PORTUGUESA

Apesar dos progressos setor agrícola, nas últimas décadas, os problemas estruturais ainda condicionam aspetos técnicos,
organizativos e de inserção nos mercados. No entanto, assiste-se a uma importante dinâmica de mudança e, além disso, temos
potencialidades que poderão incrementar a produtividade com sustentabilidade.

Problema estrutural: faz parte da estrutura, das principais, características do setor, das que permanecem há muito e que demoram
mais tempo a mudar.

Problemas:
 predomínio de explorações de pequena dimensão física e económica;
 população agrícola envelhecida e com baixas qualificações;
 abandono das áreas rurais;
 défice de organização dos agricultores;
 dificuldade de competir nos mercados comunitário e de países terceiros.

Sinais de mudança:
 gradual aumento da dimensão média das explorações;
 crescimento do número de sociedades agrícolas;
 maiores áreas de regadio;
 aumento da idade média dos agricultores inferior ao da população total;
 “regresso” às áreas rurais de jovens com qualificações;
 aumento da formação profissional dos agricultores;
 aumento da especialização das explorações;
 aumento das exportações;
 diversificação das produções;
 expansão do comércio electrónico, mesmo entre pequenos produtores.

Podem ajudar:
 digitalização de processos agrícolas e bons resultados obtidos, que geram investimento e inovação;
 pluriatividade nas áreas com maior diversificação do emprego, que ajuda a evitar o abandono das áreas rurais;
 existência de recursos genéticos com vocação para o mercado;
 potencial de produção com qualidade diferenciada no azeite, vinho e hortofrutícolas.

OUTROS ASPETOS QUE PODEM CONDICIONAR O SETOR AGRÍCOLA

> O uso dos solos nem sempre respeita a sua aptidão natural: alguns com aptidão agrícola são utilizados para outros fins,
sobretudo urbanos, enquanto solos com limitações são cultivados. A ocupação com a atividade agrícola tem diminuído.

> As práticas incorretas ainda usadas por muitos agricultores, apesar das restrições normativas da UE, afetam a fertilidade e
degradam os solos:
 a utilização excessiva ou incorreta de fitofármacos degrada e polui os solos, diminuindo a sua fertilidade.
 a monocultura mobiliza continuamente os mesmos nutrientes e minerais, acabando por empobrecer o solo, além de levar
à perda de biodiversidade.
o pouco hábito de recorrer a estudos do solo e de ajustar o uso à sua aptidão natural, de modo a melhorar a
produção e a diminuir a utilização de fertilizantes artificiais.
 a excessiva mobilização dos solos e utilização das máquinas pesadas contribui para a dispersão dos materiais leves da
superfície, pelo vento (perda de solo), e para a compactação dos solos.

> A ligação da agricultura à indústria agroalimentar tem vindo a crescer.

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