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OCUPAÇÃO DO ESPAÇO
O sector agrícola, mantém algum peso na criação de emprego, e detém uma grande importância na ocupação do espaço e na
preservação da paisagem, constituindo mesmo a base económica essencial de alguns áreas acentuadamente rurais do país.
As áreas agrícola e florestal têm uma grande importância para muitas das regiões portuguesas uma vez que ocupam grande parte
do espaço.
Na maioria dos municípios do Oeste, Baixo Alentejo e Alentejo Central, Douro e Terras de Trás-os-Montes, a ocupação
agrícola representa pelo menos 35% da área total;
Na floresta destaca-se o Centro, onde muitos municípios têm mais de 60% do território ocupado com floresta.
O setor agrário inclui a agricultura e a silvicultura, fornecedoras de matéria-prima às indústrias agroalimentares e florestais
formando o setor agroflorestal, que inclui as:
Componente agroalimentar: Agricultura e indústrias alimentares: bebidas; tabaco; lacticínios; cacau; bacalhau; açúcar;
chá; cereais; preparação de pescado; azeite.
Componente florestal: Silvicultura e indústrias florestais.
VAB (valor acrescentado bruto): valor bruto da produção deduzido dos custos do processo produtivo.
As regiões agrárias
As características naturais e humanas do território nacional permitiram a criação de nove regiões agrárias.
Regiões agrárias:
A diversidade agrícola reflete a influência e a interação de um conjunto de fatores físicos ou naturais, bem como de fatores
humanos.
FATORES FÍSICOS OU NATURAIS
> Clima Menos favorável nas regiões agrárias do interior norte (TM e BI)
e do sul continental (ALE e ALG), devido a:
Favorável nas regiões agrárias do litoral (EDM,BL e RO) e nos
Temperatura baixa no inverno, com neve (a altas altitudes) e
Açores, devido a:
geada frequentes, e alta no verão;
Temperatura amena e baixa amplitude térmica
Precipitação pouco abundante no inverno (exceto nas
anual;
montanhas onde chegam os ventos húmidos) e escassa no
Precipitação abundante, sobretudo no inverno,
verão (ALE e ALG) com rico elevado de seca;
diminuindo de norte para sul e litoral para interior;
Humidade relativa baixa, sobretudo no verão, que com
Elevada humidade do ar.
temperaturas elevadas se criam condições para a ocorrência
de incêndios.
> Relevo
FATORES HUMANOS
A prática agrícola económica e ambientalmente sustentável é apoiada por progressos científicos e tecnológicos que permitiram:
Permite aumentar a produção;
Melhorar a qualidade dos produtos;
Manter a qualidade dos solos.
> Económicos:
Nos últimos 10 anos, deu-se um alargamento da superfície de regadio, devido ao aumento das culturas permanentes e ao
investimento na modernização, designadamente de pomares, vinhas e olivais, que passaram a ter rega gota a gota.
O Alentejo tem a maior área de regadio que tem aumentado graças ao alargamento das áreas de regadio do sistema global do
Alqueva.
Paisagens agrárias
DIFERENCIAÇÃO FUNCIONAL
O espaço rural ocupa grande parte do território português mas não é um espaço homogéneo. Importa distinguir:
Espaço rural: Área onde se desenvolvem as atividades agrícolas e outras ligadas à agricultura e todas as outras ligadas à população
como indústrias, serviços, etc.;
Espaço agrário: Espaço de produção agrícola, florestal e animal, pastagens, habitações, infraestruturas e equipamentos da
atividade agrícola;
A estrutura da Superfície Agrícola Utilizada (SAU) caracteriza-se a partir dos diferentes destinos dados ao território. O espaço pode
ser ocupado com:
A repartição regional da SAU nacional reflete as desigualdades de relevo, densidade demográfica e dimensão dos campos:
ALE é a maior das regiões agrárias e tem explorações de grande dimensão. O relevo aplanado e a fraca densidade
populacional explicam a enorme importância da SAU;
TM, o relevo planáltico, a fraca densidade populacional e o povoamento concentrado explicam a segunda maior
percentagem de SAU;
RO inclui a maior concentração demográfica. Apesar das explorações de grande dimensão, é apenas a terceira região em
SAU;
Madeira, EMD e BL são regiões de pequena percentagem de SAU nacional, o que se deve à pequena dimensão, sobretudo
nas regiões autónomas, ao relevo acidentado e à maior densidade populacional.
FORMAS DE EXPLORAÇÃO DA SAU
As terras da SAU podem ser cultivadas por diferentes agentes, com implicações variadas.
As explorações agrícolas
No geral, tem-se verificado a diminuição do número de explorações e o aumento da dimensão das explorações e a SAU permanece
sensivelmente a mesma.
No Alentejo, prevalecem as explorações de grande dimensão que, outrora, constituíram vastos latifúndios. Por isso, a dimensão
média das explorações e a SAU média por exploração são muito maiores do que no resto do país, permitindo que, nesta região, se
concentre mais de metade da SAU nacional, apesar do menor número de explorações.
As explorações de pequena ou média dimensão que, geralmente, corresponde a minifúndios, predominam na BL, em EDM e na
Madeira. É por isso que, apesar do número mais elevado de explorações, detêm uma menor parte da SAU. A menor dimensão torna
menos viável a modernização, pois há máquinas que não podem ser utilizadas e, além disso, o pequeno agricultor tem menor
poder económico, além de não justificar investimentos elevados em tecnologia.
Exploração agrícola: unidade técnico-económica que utiliza fatores de produção (mão de obra, máquina, terrenos e outros) e que
satisfaz obrigatoriamente as condições seguintes:
1. Ter produção agrícola ou manter em boas condições agroambientais as terras que não utiliza para fins produtivos.
2. Atingir ou ultrapassar uma certa dimensão (área, número de animais).
3. Estar submetida a uma gestão única.
4. Ter localização bem determinada e identificável.
O grande número de pequenas explorações condiciona a modernização agrícola, porque os pequenos agricultores têm menor
poder económico e, muitas vezes, menor qualificação. Assim, a sua capacidade de investimento e inovação é limitada. Ou seja, à
pequena dimensão física corresponde, geralmente, uma pequena dimensão económica.
Existe um maior número de explorações de muita pequena dimensão, no entanto, as explorações de grande dimensão são as que
mais contribuem para a economia (agricultura de mercado/exportação).
Em Portugal, a maioria dos produtores gere a exploração em nome próprio – produtor agrícola singular. Porém, regista-se um
aumento das explorações geridas por sociedades, sobretudo nas explorações com mais de 100 hectares de SAU.
Este crescimento de produção e da SAU das sociedades é considerado favorável, pois as sociedades fazem uma gestão mais
eficiente e têm maior dimensão, logo podem investir mais e ser mais competitivas.
Produtor agrícola: responsável jurídico e económico da exploração ou seu representante legal, que retira os benefícios e suporta as
eventuais perdas.
Sociedade: entidade moral constituída segundo os códigos comercial e civil. Pode ser uma sociedade por ações por quotas, em
nome colectivo ou outra.
A produção agrícola, em volume e valor, varia com as condições meteorológicas do ano agrícola ou por outras causas, mas a
tendência geral é o aumento.
As principais produções referem-se a culturas bem adaptadas ao clima mediterrâneo como o olival/azeitonas, cereais para o grão,
vinha/uva para mesa e vinho e os principais frutos de casca rija, embora também se cultivem alguns frutos semitropicais, como o
kiwi.
Uma maior área de cultivo nem sempre tem maior produção (t), devido às diferentes características das culturas, dos solos e das
práticas agrícolas. Uma vinha ou um pomar ocupam mais espaço do que uma plantação de tomate ou uma estufa de hortícolas, que
têm maior densidade de ocupação. Por isso, as culturas em estufa, regra geral, têm uma elevada produtividade agrícola.
As culturas distribuem-se pelas regiões de acordo com as condições edafoclimáticas, embora as novas tecnologias e práticas
agrícolas (sistemas de rega, estufas, etc.) permitam uma menor dependência das condições climáticas e meteorológicas e o
alargamento das áreas geográficas de produção de certas culturas.
Condições edafoclimáticas: condições naturais de relevo, solos, geologia e clima (temperatura, amplitudes térmicas, precipitação,
humidade do ar, insolação, vento), às quais determinadas plantas estão adaptadas, tendo um bom desenvolvimento.
Açores milho forrag. Madeira batata e banana Algarve laranja Alentejo tomate industrial
AML tomate industrial Centro milho forrag. e milho para grão Norte milho forrag.
Em Portugal, a maioria das explorações tem uma especialização – dedica-se exclusiva ou maioritariamente à produção de uma
dada cultura ou produção animal, ou seja, tem uma orientação técnico-económica (OTE).
Orientação técnico-económica: determina-se pela contribuição de cada atividade para o Valor de Produção Padrão Total (VPPT) da
exploração.
A especialização da produção associa-se frequentemente à monocultura e à monopecuária, e apresenta vantagens importantes:
simplifica o trabalho agrícola, devido à menor variedade de tarefas;
exige menor diversidade de máquinas e equipamentos;
reduz os custos de produção, pois apenas se investe num tipo de tecnologia, de adubo, etc.;
aumenta a produtividade agrícola e o rendimento dos agricultores.
A especialização também é condicionada pelas condições edafoclimáticas, pois aproveita as especificidades do clima, relevo e solos.
A redução do número de explorações e o aumento do número de cabeças explicam o aumento da dimensão média (nº cab/exp),
que favorece a produtividade.
A maior dimensão permite produzir-se em grande escala e ser-se mais competitivo no mercado internacional.
A produção de gado ovino e caprino, pouco exigente na alimentação, faz-se em regime extensivo, assim como o bovino, sobretudo
no Alentejo e nos Açores. O suíno é produzido, na sua maioria, em regime intensivo. Das aves, só uma minoria é criada em ar livre,
sendo a criação em gaiolas melhoradas e no solo a maior parte, verificando-se ainda a criação em sobreposição se gaiola
(prateleiras).
A produção animal e produtos derivados é desigual nas diferentes regiões agrárias, devido às suas características naturais e de
ocupação humana:
A criação de bovinos na RAA é feita de modo tradicional, em regime extensivo, nos prados naturais das ilhas, sem rações.
Em EDM sobressai o gado bovino, em que se inclui a raça barrosã.
O ALE tem a maior produção, pela dimensão física e económica das explorações. A produção de ovinos associa-se ao montado
alentejano. Os bovinos são criados em prados semeados com recurso ao regadio (rega artificial).
Em TM e na BI domina o gado ovino e caprino pois estão bem adaptados ao relevo de montanha e não requerem pastagens
com muitos nutrientes (menos exigentes na alimentação), e as raças de bovino autóctones (próprias da região).
BL e RO constituem a maior parte da criação de suínos e de aves pois são carnes mais baratas e que por aí se situar uma grande
densidade populacional explica a sua superprodução.
População agrícola
COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
A população ativa no setor agrícola tem vindo a diminuir, em parte devido à modernização da agricultura, que liberta mão de obra,
mas também porque os jovens adultos tendem a mudar-se para a cidade ou a trabalhar na cidade, continuando a residir no espaço
rural – êxodo agrícola.
População agrícola familiar: pessoas que fazem parte do agregado doméstico do produtor, trabalhem ou não na exploração, e
outros familiares que participam regularmente no trabalho agrícola da exploração.
A população agrícola familiar tem uma importância considerável, representando uma parte significativa da mão de obra na
agricultura.
Contratação de serviços: há empresas que alugam máquinas agrícolas e respetivos manobradores, que precisam de licença e
especialização. Acontece o mesmo com as tecnologias digitais
No norte do país (EDM, BL e BI) e na Madeira verifica-se MO familiar pois apresenta um sistema intensivo num minifúndio em que a
sua produção é destinada ao autoconsumo e é gerida por um produtor singular, e por isso não se justifica utilizar máquinas e novas
tecnologias para a agricultura.
No sul do país (ALE e ALG) verifica-se latifúndios com agricultura superintensiva em que a produção se destina a exportação e gerida
por uma sociedade agrícola e por isso utiliza novas tecnologias e mecanização contratação de serviços e MO não familiar.
ESTRUTURA ÉTARIA
Na população agrícola, os produtores singulares e dirigentes das sociedades têm maior relevância, pois são quem toma as decisões
mais importantes.
A população rural, sobretudo no interior, tem uma estrutura etária envelhecida. Porém, de 2009 a 2019, a idade média dos
produtores singulares e dirigentes das sociedades subiu um ano, menos quatro do que a da população total.
O movimento de retorno à vida rural é uma tendência que pode contribuir para revitalizar as áreas rurais.
A estrutura etária e os níveis de qualificação influenciam muito a forma como se gerem as práticas agrícolas, a produtividade e a
sustentabilidade. Verifica-se que esses fatores são mais favoráveis nas sociedades agrícolas.
Em Portugal, apenas uma pequena parte dos produtores se dedica a tempo inteiro à exploração. Os restantes trabalham
simultaneamente noutras atividades (pluriatividade), o que lhes permite complementar o rendimento, geralmente abaixo, que
obtêm na exploração.
A principal origem dos rendimentos dos produtores singulares é a pensão rural/reforma o que reforça a ideia de uma população
envelhecida neste sector.
Apesar dos progressos setor agrícola, nas últimas décadas, os problemas estruturais ainda condicionam aspetos técnicos,
organizativos e de inserção nos mercados. No entanto, assiste-se a uma importante dinâmica de mudança e, além disso, temos
potencialidades que poderão incrementar a produtividade com sustentabilidade.
Problema estrutural: faz parte da estrutura, das principais, características do setor, das que permanecem há muito e que demoram
mais tempo a mudar.
Problemas:
predomínio de explorações de pequena dimensão física e económica;
população agrícola envelhecida e com baixas qualificações;
abandono das áreas rurais;
défice de organização dos agricultores;
dificuldade de competir nos mercados comunitário e de países terceiros.
Sinais de mudança:
gradual aumento da dimensão média das explorações;
crescimento do número de sociedades agrícolas;
maiores áreas de regadio;
aumento da idade média dos agricultores inferior ao da população total;
“regresso” às áreas rurais de jovens com qualificações;
aumento da formação profissional dos agricultores;
aumento da especialização das explorações;
aumento das exportações;
diversificação das produções;
expansão do comércio electrónico, mesmo entre pequenos produtores.
Podem ajudar:
digitalização de processos agrícolas e bons resultados obtidos, que geram investimento e inovação;
pluriatividade nas áreas com maior diversificação do emprego, que ajuda a evitar o abandono das áreas rurais;
existência de recursos genéticos com vocação para o mercado;
potencial de produção com qualidade diferenciada no azeite, vinho e hortofrutícolas.
> O uso dos solos nem sempre respeita a sua aptidão natural: alguns com aptidão agrícola são utilizados para outros fins,
sobretudo urbanos, enquanto solos com limitações são cultivados. A ocupação com a atividade agrícola tem diminuído.
> As práticas incorretas ainda usadas por muitos agricultores, apesar das restrições normativas da UE, afetam a fertilidade e
degradam os solos:
a utilização excessiva ou incorreta de fitofármacos degrada e polui os solos, diminuindo a sua fertilidade.
a monocultura mobiliza continuamente os mesmos nutrientes e minerais, acabando por empobrecer o solo, além de levar
à perda de biodiversidade.
o pouco hábito de recorrer a estudos do solo e de ajustar o uso à sua aptidão natural, de modo a melhorar a
produção e a diminuir a utilização de fertilizantes artificiais.
a excessiva mobilização dos solos e utilização das máquinas pesadas contribui para a dispersão dos materiais leves da
superfície, pelo vento (perda de solo), e para a compactação dos solos.