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RESUMOS GEOGRAFIA

Agricultura é a atividade econômica que visa a produção de espécies vegetais e animais


com o fim de satisfazer necessidades humanas e para a indústria.
Em Portugal, a atividade agrícola tem vindo a perder importância no emprego e na criação
de riqueza, no entanto continua a ter algum peso na criação de emprego e tem uma grande
importância na ocupação do espaço e na conservação da paisagem, constituindo mesmo a base
económica de algumas áreas fundamentalmente áreas rurais.

As regiões agrárias

A grande diversidade de paisagens rurais existentes no nosso


país está na base de delimitação de nove regiões agrárias. As
características destas regiões refletem as
condições naturais e humanas do território.

A zona do Ribatejo Oeste é a região com os solos mais férteis,


logo é a região mais favorável para a prática da agricultura.

A atividade agrícola em Portugal conheceu desde os seus


primórdios, um quadro de condicionalismos que criou várias dificuldades que perduram até aos
nossos dias.

Condicionalismos naturais

Clima e recursos hídricos


As condições meteorológicas são um dos fatores que mais condicionam a agricultura no nosso
país, sobretudo pela Irregularidade da precipitação que caracteriza o clima português;
Existência de recursos hídricos superficiais como subterrâneos é fundamental para a produção
agrícola mas estes são mais abundantes em áreas onde a precipitação é maior e mais regular. O
armazenamento de água nas albufeiras aumenta o potencial agrícola das regiões ao permitir o
regadio e assim uma maior diversidade de culturas;
Isto leva a que se registe um claro contraste entre as regiões a norte e a sul do Tejo e a oeste ou
a leste da cordilheira central (serra da estrela).
O noroeste, a beira litoral e a região Oeste são climaticamente mais aptas a atividade agrícola. o
Alentejo devido ao clima seco, a produção é mais irregular.
Solo
❖ As características do solo dependem do clima, da natureza das rochas, da cobertura
vegetal e da sua topografia, entre outros fatores.
❖ A fertilidade do solo influencia diretamente a produção, tanto em quantidade como em
qualidade. Em Portugal os solos são pouco profundos e são escassos os que apresentam
boa visão agrícola, o que condiciona bastante a agricultura.
❖ A natureza das rochas também vai interferir no tipo de solos, os solos mais ricos situam-se
nas regiões onde predomina os granitos (noroeste e Beira interior) e os mais pobres são
os de xisto (Alentejo), argilas e arenitos (litoral do país).

Relevo
O relevo também é um fator muito relevante para a prática agrícola:
❖ A altitude influencia a temperatura condicionando as escolhas das espécies para o cultivo.
❖ O declive influencia a fertilidade dos solos e limita a utilização de máquinas.Onde
predomina um relevo plano (planícies aluviais) a fertilidade dos solos é maior tal como a
modernização das explorações devido à mecanização.Se o relevo é mais acidentado a
erosão acentua-se e os solos são mais pobres e as tarefas agrícolas são dificultadas e há
uma maior limitação do uso de máquinas e no aproveitamento e organização do espaço.

Fatores humanos
Densidade populacional
A densidade populacional em Portugal apresenta muitos contrastes…
Elevada densidade populacional no litoral sul algarvio e na faixa litoral entre Viana do Castelo e
Lisboa.
Baixa densidade populacional em todo o interior e litoral alentejano.
A ATIVIDADE AGRÍCOLA SÓ PODE DESENVOLVER-SE EM ÁREAS DE FRACA DENSIDADE
POPULACIONAL.

Nota:
Maior obstáculo/problema da agricultura é a pressão demográfica

O passado histórico
Conquista e povoamento em Portugal feito de norte para sul provocou maior concentração da
população no norte e centro

Estrutura fundiária
As assimetrias na densidade populacional sobretudo entre o norte e o sul, o litoral e o interior
refletem-se na divisão da propriedade no noroeste (minifúndio) e a existência de grandes
propriedades no Alentejo (latifúndio).
minifúndio: produção de pequena dimensão
latifúndio: produção de grande dimensão

Com o fim da lei do morgadio no século XIX, que reservava herança ao filho mais velho da família,
houve uma maior divisão da propriedade (parcelamento) o que dificulta a mecanização das
culturas.
A fragmentação foi mais visível a norte pela maior densidade populacional, pelo relevo acidentado
e abundância de da água, pela fertilidade natural dos solos e pelas partilha de heranças. No sul
predominam as grandes propriedades, este fator está relacionado com o relevo mais aplanado e
um clima mais seco e da menor qualidade dos solos.

notas:
Emparcelamento- junção de várias parcelas (junção de propriedades) o que contribui para a
introdução de máquinas.Os agricultores mais idosos abandonam a agricultura e os mais jovens
compram as suas propriedades. É mais fácil de fazer no sul pelo número reduzido de
propriedades

Objetivo da atividade agrícola


O objetivo da produção é outro fator que influencia a ocupação do solo.
❖ Quando a produção se destina autoconsumo explorações são geralmente de menor
dimensão onde é praticado um sistema de policultura, onde se continuam a usar técnicas
mais artesanais.
❖ Quando a produção se destina ao mercado ou para fins industriais ( tomate, beterraba ,
girassol…) as explorações são de maior dimensão e pratica-se um sistema de
monoculturas com recurso a tecnologias modernas que contribuem para uma maior
produtividade do trabalho do solo.

Políticas agrícolas
Orientações e medidas legislativas (nacionais e comunitárias) que são fatores de grande
importância já que influenciam as opções dos agricultores relativamente a…
❖ Produtos cultivados;
❖ Práticas agrícolas;
❖ Uso de produtos químicos;
Criam incentivos financeiros e apoiam a modernização da agricultura.

Apesar destes condicionantes pouco favoráveis Portugal tem sido considerado, desde há longos
anos, como um país eminentemente agrícola.
A exploração da terra e as atividades conexas têm tido sempre uma importância significativa,
tanto em termos sociais, como pelo seu contributo para a criação de riqueza.

As paisagens agrárias
O espaço rural ocupa uma parte significativa do território português e nele desenvolvem as
atividades agrícolas que têm cada vez maior expressão.
No espaço rural destaca-se o espaço agrário**. No espaço agrário individualizam-se:
→ O espaço agrícola- área utilizada para a produção vegetal e/ ou animal
→ A superfície agrícola utilizada (SAU)- é a área do espaço agrícola ocupada com culturas.

**Áreas ocupadas com a produção agrícola ( vegetal e animal), pastagens e florestas,


Habitações dos agricultores e ainda Infraestruturas e equipamentos associados à atividade
agrícola ( caminhos, canais de rega, estábulos etc.)
I- Morfologia agrária

Campos de pequena dimensão, fechados e Campos de grande dimensão, abertos e


irregulares: regulares:
- Beira Litoral; - Alentejo;
- Entre Douro e Minho; - Trás-os-Montes;
- Algarve; - Ribatejo.
- Madeira;
- Açores (algumas ilhas)

Nota:
Áreas montanhosas pouco favoráveis à agricultura porque:
- É difícil entre opção de máquinas
- maiores amplitudes térmicas anuais
- propriedades fragmentadas

Bocage- campos fechados


Openfield- campos abertos
No norte como há mais população há uma maior necessidade de limitar a propriedade ao
contrário do Alentejo que teve sempre menos população

II-Sistema de culturas

O sistema extensivo está associado aos campos de grande dimensão, regulares e abertos.
O sistema intensivo está associado à policultura; aos campos de pequena dimensão, irregulares
e fechados.

O sistema extensivo caracteriza-se:


❖ Dominante em trás-os-montes e no Alentejo
❖ Não há uma ocupação Permanente e contínua do solo
❖ Pratica-se a rotação de culturas onde a superfície agrícola é dividida em folhas que
Rotativamente são em cada ano ocupadas com culturas diferentes e por vezes Utiliza-se o
Pousio (folha permanente de descanso sem qualquer cultivo
❖ É praticado sobretudo em áreas de solos mais pobres e secos no verão
❖ Associado a monocultura e as culturas de sequeiro

O sistema intensivo caracteriza-se:


❖ O solo é total e continuamente ocupado e tradicionalmente é comum a policultura
❖ Por ser praticado em áreas de solo fértil, de relevo acidentado e de elevada pluviosidade,
estando associado a culturas de regadio;
❖ Por utilizar uma mão de obra numerosa;
❖ Por registar custos de produção elevados, devido à elevada mão de obra e à diversificação
de equipamentos agrícolas;

III- Povoamento rural


1. Disperso (Entre Douro e Minho, Madeira e Açores)
2. Concentrado (Alentejo)
3. Misto (Beira Litoral e Açores)

Distribuição, estrutura e formas de exploração da SAU


A superfície agrícola utilizada (SAU) é ocupada com diferentes culturas e engloba:
Terras aráveis- terras cultivadas destinadas à produção vegetal, terras retiradas da produção,
terras que sejam mantidas em boas condições agrícolas e ambientais e terras ocupadas por
estufas ou cobertas por estruturas fixas ou móveis.
Dentro das terras aráveis temos as culturas temporárias e o Pousio.
Culturas temporárias: aquelas cujo ciclo vegetativo não excede um ano e as que não sendo
anuais são ressemeadas com intervalos que não excedem os 5 anos
Pousio: áreas incluídas no afolhamento ou rotação, trabalhadas ou não, sem fornecer colheita
durante o ano agrícola, tendo em vista o melhoramento das superfícies.

Culturas permanentes: ocupa o solo durante um longo período e fornecem repetidas colheitas,
como um Olival, uma vinha, um pomar
Pastagens permanentes: áreas onde são semeadas espécies por um período superior a 5 anos,
destinadas ao pasto de gado
Horta familiar: superfície ocupada com produtos hortícolas ou Frutos destinados a autoconsumo

Nota:
Culturas temporárias- entre Douro e Minho e beira litoral porque:
- maior densidade populacional
- relevo plano (beira litoral)
- maior precipitação

A Superfície Agrícola Não Utilizada (SANU)-,edifícios, logradouros, caminhos, albufeiras, que


estão diretamente ligados à agricultura
Nota:
alfaia agrícola- ferramentas agrícolas
A repartição da SAU apresenta uma distribuição regional muito heterogénea.
A desigual distribuição da SAU deve-se não só à dimensão das regiões, mas também
às características do relevo e da ocupação humana. O relevo aplanado, a fraca densidade
populacional e o povoamento concentrado permitiu a existência de vastas extensões de áreas
cultivadas no Alentejo.
Nas regiões de relevo mais acidentado, mais densidade populacional e por povoamento
disperso, como a Madeira, Beira litoral, e Entre Douro e Minho, a área ocupada pela SAU é
menor.

A ocupação da SAU registou alterações significativas em Portugal nos últimos anos,


sobretudo com o aumento da área ocupada com pastagens permanentes e a diminuição das
culturas temporárias.
As mudanças na composição da SAU devem-se à instabilidade dos preços dos cereais e
também as políticas nacionais e comunitárias que se tornaram mais atrativas. Assim, muitas
terras aráveis foram convertidas em pastagens permanentes, por exemplo, no Alentejo.

O agricultor nem sempre é proprietário das terras que explora, pelo que podem considerar-se
duas principais formas de exploração da SAU

Conta própria Arrendamento

- O produtor é também o proprietário da - O produtor paga um valor ao proprietário


terra; da terra pela sua utilização;
- predomina em todas as regiões agrárias; - É mais comum nos Açores;
- contribui para a preservação dos solos, - Pode contribuir para acentuar o
pois o produtor procura preservar o que lhe esgotamento dos solos, pois o produtor
pertence; procura tirar o máximo proveito durante o
- facilita o investimento em melhoramentos contrato;
fundiários, como atenção de redes de - Evita o abandono das terras e, nesse
drenagem, a colocação de instalações de sentido, também contribui para a
rega permanentes etc.; apresentação da paisagem e para a
- contribui para a preservação da paisagem preservação de fogos;
e das espécies autóctones, a preservação
de fogos florestais, etc

Características das explorações agrícolas


A distribuição regional das explorações segundo o seu número evidencia o contraste norte-sul e
reflete as desigualdades no que respeita à sua dimensão

As explorações de pequena dimensão que, geralmente, correspondem a minifúndios,


predominam nas regiões agrárias da beira Litoral e de Entre Douro e Minho e também nas
regiões autónomas, sobretudo na Madeira (menor dimensão média do país)

No ribatejo e oeste e, particularmente, no Alentejo, prevalecem as explorações de grande


dimensão que, outrora, constituíam vastos latifúndios. Assim, apesar da vasta área agrícola, no
Alentejo o número de explorações é reduzido.
O grande número de pequenas explorações condiciona o desenvolvimento da agricultura,
pois limita a mecanização e a modernização dos sistemas de produção e reduz a dimensão
económica das explorações

Principais produções agrícolas


Últimas décadas tem-se mantido as principais produções agrícolas nacionais, vegetais e animais,
embora com variações.
Culturas forrageiras e Prados temporários**
Predominantes nas regiões do Alentejo, Entre Douro e Minho e na Beira Interior.
**cultura no pousio destinada à alimentação animal

Produção vegetal:
Desenvolve-se de forma variável pelo território nacional;
Compreende as culturas temporárias, as culturas permanentes, as hortas familiares e os prados e
pastagens permanentes;

Produções vegetais Tipo de cultura Regiões

Trigo (cereais) culturas temporarias Alentejo

Milho (cereais) culturas temporarias

Arroz (cereais) culturas temporárias Alentejo; Ribatejo e oeste;


Beira litoral

aveia culturas temporarias Alentejo

batata culturas temporarias Ribatejo e Oeste, Beira


Litoral; Trás-os-Montes;
Entre Douro e Minho

tomate para indústria culturas temporarias Ribatejo e Oeste

girassol para indústria culturas temporarias Alentejo

laranja (citrinos) cultura permanente Algarve

vinho culturas permanentes Entre Douro e Minho; Trás


os Montes e Ribatejo Oeste

azeitona para azeite (olival) culturas permanentes trás-os-montes e Alentejo

horticultura e floricultura culturas temporarias Ribatejo e Oeste e Alentejo

leguminosas secas (feijão; culturas temporarias Alentejo; Beira Litoral e


ervilhas… Entre Douro e Minho

Frutos tropicais (ananás; culturas permanentes Açores e Madeira


banana)

Frutos frescos (maçãs, Ribatejo e Oeste; Trás-os-


peras, pêssegos, cerejas Montes e Beira Interior

Duas culturas permanentes mais importantes são a vinha e o olival.


Produção animal
A pecuária está intimamente ligada à agricultura:
❖ A produção animal pode ser praticada sob a forma de pecuária intensiva ou extensiva…
❖ As espécies animais, são normalmente divididas em cinco grandes grupos: bovinos,
suínos, ovinos, caprinos e aves.

Cerca de 49% da SAU é ocupada por pastagens permanentes.


Muitas das terras destinadas ao pousio também são utilizadas para esse efeito.

Bovino- carne (gado bovino nao leiteiro) Alentejo

Bovino- leite (gado bovino leiteiro) Açores; Entre Douro e Minho

Suínos (suinocultura) Ribatejo e Oeste

Ovinos Alentejo

Caprinos Beira e Serra da Estrela

Aves Beira Litoral; Ribatejo e Oeste

Equino ou cavalar- cavalos

Silvicultura:
Portugal é um ótimo país para a produção de Silvicultura (floresta).
Atualmente, a área florestal portuguesa ascende aos 3,3 milhõe de hectares.Portugal possui uma
das maiores áreas florestadas da Europa (35,8 %).Cerca de 85% da floresta de Portugal é
propriedade privada e apenas 3% pertence ao Estado Português.
O eucalipto é a principal ocupação florestal do Continente em área; segue-se o sobreiro e o
pinheiro-bravo.

Vantagens:
❖ Produz matérias-primas e frutos, gerando emprego e riqueza:
❖ Proporciona ar puro e espaços de lazer;
❖ Contribuem para a preservação dos solos, a conservação da água, a regularização do
ciclo hidrológico, o armazenamento de carbono e a proteção da biodiversidade.
❖ produção de biomassa (energia renovável)
❖ turismo
Nota:
especies autoctonas- especies da zona

Na estrutura da produção vegetal, algumas culturas ganharam importância devido às opções nas
políticas agrícolas, nacional e comunitária, pelo seu papel na orientação dos produtores agrícolas,
sobretudo através dos subsídios.
A uma área de cultivo pode não corresponder maior produção, pois existem diferenças no
rendimento agrícola, que advêm das características das culturas, da fertilidade dos solos e das
tecnologias utilizadas.
Verifica-se uma tendência de especialização da agricultura em Portugal.

nota:
Agricultura de especialização: unidades de especialização que se especializam numa só cultura,
ou seja, o agricultor sé se dedica a uma cultura, especializa-se só naquilo.

A especialização produtiva apresenta vantagens para os produtores:


❖ simplifica o trabalho agrícola;
❖ exige menor diversidade de máquinas e equipamentos;
❖ reduz os custos de produção;
❖ aumenta a produtividade e os rendimentos dos agricultores;
Especialização das áreas agrárias:

Norte:
(Das culturas mais importantes às menos importantes da região)

● Entre-douro-e-minho: Viticultura; Bovinos de leite; Fruticultura.


● Trás-os-montes: Viticultura; Olivicultura; Frutos de casca rija.
● Beira Litoral: Viticultura; Bovinos de Leite.
● Beira Interior: Olivicultura; Ovinos, caprinos e diversos herbívoros; Fruticultura.

Principais OTE em percentagem Entre- Trás-os- Beira Litoral: Beira


das explorações especializadas na Douro-e- montes: Interior
região Minho:

(Bovinos Entre Douro e Minho - 16)

Sul:
(Das culturas mais importantes às menos importantes da região)

● Lisboa e Vale do Tejo: Fruticultura; Horticultura intensiva e floricultura; Horticultura extensiva;


orizicultura
● Alentejo: Olivicultura; Bovinos de carne; Cerealicultura; Horticultura intensiva e floricultura (mais
para o lado de Ribatejo e Oeste)
● Algarve: Citrinos (laranja principalmente); Frutos de casca rija
● Madeira: Fruticultura (banana principalmente); Viticultura
● Açores: Bovinos de leite; orizicultura.

Principais OTE em percentagem das Ribatejo Alentejo Algarve R. A. R. A.


explorações especializadas na e Açores Madeira
região Oeste

Produção Agrícola
A população ativa ocupada na agricultura tem vindo a diminuir devido à modernização da agricultura e às
ofertas de emprego mais atrativas em outros ramos de atividade.
Verificou-se assim um êxodo agrícola (transferência da mão-de-obra agrícola para outros setores,
ainda que mantendo a residência nas áreas rurais). A população agrícola familiar (conjunto de pessoas
que fazem parte do agregado doméstico do produtor e que por vezes trabalham nas explorações)
assume ainda uma importância considerável na população residente, principalmente nas duas regiões
autónomas.

O envelhecimento da população que se dedicava à agricultura tem vindo a acentuar-se, sendo a


idade média dos produtores agrícolas, em 2009, de 63 anos. Estes mesmos agricultores, para além de
envelhecidos, tinham um baixo nível de instrução e a transmissão de conhecimentos e experiências
de pais para filhos era ainda o modo principal da formação dos agricultores. Poucos foram os que
beneficiaram de formação profissional.

Eles três fatores, o envelhecimento, os baixos níveis de instrução e formação profissional constituem um
entrave ao desenvolvimento da agricultura, condicionando:
● A adesão a inovações (Tecnologia, métodos de cultivo, práticas amigas do ambiente,etc.).
● A capacidade de investir e arriscar
● Adaptação às normas comunitárias de produção de comercialização

Os nossos agricultores, sendo, maior parte muito envelhecidos, tinham uma grande dificuldade com
aprendizagem e utilização de tecnologias como máquinas (por exemplo tratores), que os ajudariam a
modernizar e aumentar a sua produção agrícola. Praticavam maioritariamente uma agricultura braçal e
destinada ao autoconsumo. Não queriam mudar as suas práticas de cultivo, até porque estas foram
provavelmente ensinadas aos agricultores pelos seus pais e serão ensinadas aos filhos dos mesmos. Esta
formação de gerações coloca em risco a evolução e a modernização da produção agrícola. Por estas
razões não nos adaptamos às normas comunitárias de produção de comercialização (Acervo Comunitário)
nem conseguimos competir (em termos comerciais) com outros países da Europa

Trabalho Agrícola

Em Portugal, a mão de obra agrícola é essencialmente familiar. Organização das explorações de tipo
familiar não dava praticamente lucro nenhum aos mercados nacionais ou internacionais pois a produção
destinava-se ao autoconsumo e podia ter uma relação com o mercado mínimo (podiam ser vendidos alguns
produtos que o agricultor não fosse consumir, em pequenas feiras vegetais).

As regiões agrárias em que assume maior


importância a mão de obra familiar são Entre
Douro e Minho e nas duas Regiões Autónomas.
As regiões que utilizam maior volume de trabalho
agrícola são: Entre Douro e Minho, Trás-dos-
Montes e Beira Litoral (predomina a olivicultura)
Figura 1 - nº de tratores por cada 100 hectares em
2009 de SAU - Superfície Agrícola Utilizada - (à
esquerda) e variação da percentagem de classes
de potências em cavalos vapor para o período
1999-2009 (à direita)
As regiões agrárias que empregam mais a mão
de obra não familiar são aquelas onde predominam
as explorações de grande dimensões e que
simultaneamente, são mais mecanizadas.
A região de Portugal continental onde é mais relevante a mão de obra não familiar é o Alentejo.

Como funciona a mecanização dependendo do relevo e do tamanho das explorações agrícolas?


R.: Numa região de latifúndios (propriedade agrícola de grande extensão) é muito mais facilmente
feita a introdução de máquinas nas explorações e, como é o caso do Alentejo, sendo as
propriedades maiores, vão ser preciso menos tratores e outras máquinas porque basta apenas 1
para cada exploração. Já nos minifúndios (propriedade agrícola de pequena extensão) a introdução
de máquinas é mais difícil (devido também ao relevo acidentado) e vão ser precisos mais tratores.
Vamos imaginar que temos um latifúndio com 100 hectares, independentemente do tamanho da
exploração, sendo ela apenas uma, só será necessária a utilização de um trator (até porque o relevo
é plano, permitindo o fácil acesso do trator a todos os cantos da exploração agrícola) porém, se
estivéssemos perante uma área de 100 hectares com 4 minifúndios, cada com 25 hectares seriam
necessários 4 tratores (um para cada agricultor).

Pluriatividade e Plurirrendimento

Pluriatividade: prática, em simultâneo, do trabalho na agricultura e noutras atividades. Surge como


alternativa para complementar o baixo rendimento proveniente da agricultura.
Plurirrendimento: acumulação dos rendimentos provenientes da agricultura com outras atividades,
contribuir para a redução do abandono das áreas rurais.

Este é um factor que pode contribuir para a fixação da população nas áreas rurais e poderá
constituir uma base económica alternativa invertendo a actual tendência de abandono das áreas
rurais.
Além da pluriatividade, outros fatores precisam ser modificados com vista à revitalização (modernização e
não abandono) do espaço rural.
A forma de exploração agrícola:
● Conta Própria - que domina o nosso país, onde o produtor é também proprietário da exploração.
● Arrendamento – as terras são exploradas por produtores mediante o pagamento de uma renda.
● A promoção de ações de emparcelamento – Junção de várias parcelas de diferentes
proprietários numa só, passando esta a ser explorada por um único produtor.
O emparcelamento assume uma importância fundamental para a melhoria do setor, na medida em que iria
permitir:
➔ um aumento significativo do rendimento e da produtividade agrícola;
➔ a mecanização de um maior número de explorações agrícolas;
➔ a melhoria das condições de vida dos agricultores;
➔ uma diminuição dos custos de produção através da obtenção de economias de escala;
➔ a introdução de novas espécies, rentáveis apenas em explorações de maior dimensão.

Desta forma podemos aumentar a dimensão média das propriedades dando-lhe maior rentabilidade
económica, permitindo a sua mecanização e diminuindo os incultos. No caso dos Latifúndios a divisão da
propriedade irá aumentar a área produtiva e minorar a terra abandonada.

O rendimento da maioria dos agregados familiares agrícolas provém principalmente de hoje de


atividades. As pensões e reformas ou a principal de origem dos rendimentos exteriores à exploração
(maior origem do rendimento do agregado doméstico dos
produtores agrícolas), o que se explica pelas características etárias
da população agrícola.
Desenvolvem-se ainda outras atividades não agrícolas que
complementam o rendimento dos agricultores (Como turismo
rural e atividades diretamente relacionadas - Madeira,
transformações dos produtos agrícolas alimentares - Madeira e
Ribatejo e Oeste, produção florestal - Beira Litoral/Beira Interior/
Algarve, prestação de serviços e produção de energias renováveis
- Madeira/ Ribatejo e Oeste) - devíamos apostar muito nestas
atividades.

Problemas estruturais da agricultura portuguesa


VER MANUAL - PÁGINA 34 (MUITO IMPORTANTE ESKADOTES)

Dependência externa

A produção agrícola nacional não permite satisfazer as necessidades de consumo interno e são
poucos os produtos alimentares em que o país revela capacidade de aprovisionamento (capacidade de
exportação de produtos, sendo a exportação maior que a importação)
Assim, a balança alimentar portuguesa é deficitária ( Importações > exportações) em grande parte dos
produtos, mantendo-se uma forte dependência externa.

A insuficiência da produção nacional não explica, só por si, o saldo negativo da balança
alimentar portuguesa. A livre circulação de mercadorias na União Europeia facilita a importação de
produtos agrícolas, mesmo daqueles em que o nosso país é autossuficiente. O consumidor procura
diversidade e qualidade e, além disso, há países, como a Espanha, onde os produtores beneficiam de
sistemas de produção mais modernos e de redes de distribuição mais organizadas e eficientes.
As modernas facilidades de transporte, a agressividade do marketing, a globalização da economia e o
aumento da exigência dos consumidores portugueses também favorecem a importação de produtos
agrícolas de outros países do mundo.

● Apesar dos condicionalismos físicos e humanos que influenciam a sua produtividade,


Portugal produziu a maior parte do que consumia em termos alimentares.
● A integração na União europeia (1986) a que se seguiu a abertura do mercado português
aos produtos agrícolas dos outros estados no início da década de 90 alterou completamente esta tendência.
● Esta quebra na tendência de auto-suficiência gerou um problema à agricultura portuguesa, o
de não conseguir escoar os seus produtos.
● A concorrência dos produtos estrangeiros mais baratos levou a um aumento cada vez maior
do consumo de produtos com origem nos países comunitários.

Esta situação gera duas consequências:

★ A diminuição dos preços dos produtos para os


consumidores FORTE DEPENDÊNCIA
★ A quebra do escoamento para os produtores e a EXTERNA EM
falência económica da actividade e sucessivo TERMOS ALIMENTARES
abandono da produção.

Níveis de rendimento e produtividade

Os problemas estruturais da agricultura portuguesa refletem-se nos níveis de rendimento


da atividade agrícola, que têm crescido abaixo da média comunitária.

Média comunitária : 114,9


Portugal: 89,0

Para avaliar os níveis de rendimento da agricultura são, habitualmente, utilizados indicadores definidos a
nível comunitário, dos quais se destaca o rendimento empresarial líquido (REL).

Os apoios comunitários influenciaram positivamente o rendimento da atividade agrícola


em Portugal que, no entanto, decaiu consideravelmente na última década.

Sugira uma explicação para a evolução do rendimento empresarial líquido da agricultura


após 1986 ( data de adesão de Portugal à UE) - apoios financeiros dados pela CEE para o aumento da
produção agrícola e rendimento do país.

A produtividade da agricultura relaciona o total de produção com a mão de obra utili


e depende de fatores como as condições naturais, a formação da mão de obra, as tecnolo
utilizadas, o grau de mecanização. Nos últimos decênios, verificou-se um crescimento sig
cativo da produtividade agrícola em Portugal

Rendimento empresarial líquido (REL) da agricultura: saldo contabilístico obtido adicionando ao excedente
líquido de exploração os juros recebidos pelas unidades agrícolas constituídas em sociedade e deduzindo
as rendas (isto é, rendas de terrenos e parcerias) e os juros pagos. Mede a remuneração do trabalho não
assalariado, das terras pertencentes às unidades e do capital
Produtividade: relação entre a quantidade produzida e a mão de obra utilizada, ou entre o valor da produção
e a mão de obra utilizada. Em termos estatísticos, a produtividade agrícola é medida dividindo o valor
acrescentado bruto (VAB) pelo volume de mão de obra agrícola (VMOA).

Mecanização crescente

Na última década os parques de explorações agrícolas foram reforçados com a quantia de 16 mil
tratores,sendo que mais de metade foram adquiridos por produtores de Trás-os-Montes.
Razões:
● Diminuição da mão de obra disponível e o aumento do custo da mesma
● Existência de apoios comunitários vocacionadas para as pequenas explorações agrícolas, que
maioritariamente foram conduzidos para a mecanização
O Alentejo regista 1 trator por cada 100 ha e a Beira Litoral 28 - VER APONTAMENTO DESTACADO A
NEGRITO NO TEMA “TRABALHO AGRÍCOLA”.

O incremento da mecanização é um dos objetivos do nosso país, tanto na agricultura como na


floresta.

Se este objetivo se realizar trará vantagens como:


● Economia de tempo: produziremos mais rápido e em maior quantidade do que se utilizarmos

técnicas braçais

● Redução da mão de obra: A escassez de mão de obra qualificada no campo quebra a ideia de que

a mecanização da agricultura retira vagas de emprego. Na verdade, a tecnologia também surge

para dar uma solução ao produtor rural que não encontra trabalhadores para realizar as diversas

tarefas da produção, sobretudo a colheita.

● Economia de recursos: A mecanização pode reduzir os custos da produção em cerca de 30%. a


diferença dos custos por saca ( de café) entre os métodos de colheita manual e os mecanizados foi
de 26%.
● Controle de qualidade: Os países têm vindo a preocupar-se mais em produzir alimentos, não

olhando à quantidade, mas sim à qualidade. As novas tecnologias aplicadas à atividade agrícola

são capazes de garantir maior qualidade aos produtos. Por exemplo, os métodos de colheita

impactam diretamente a integridade e a higiene dos grãos. Ao mecanizar essa etapa de produção,

evita-se que o produto entre em contato com a terra, o que poderia comprometer sua qualidade e

causar desperdício de alimentos.

UTILIZAÇÃO DO SOLO
Nas últimas décadas deram-se mudanças muito significativas nos usos do solo em Portugal.
Estas alterações prosseguem a ritmos variados e são determinadas por fatores diversos
condições naturais demográficas , sociais , políticas , ambientais….

A utilização dos solos nem sempre respeito a sua aptidão natural ( Portugal tem solos com
aptidão para a silvicultura mas utiliza grande para fins agrícolas)
Os solos aráveis são protegidos pela a Reserva Agrícola Nacional mas, ainda assim, alguns com
boa aptidão agrícola são utilizados para outros fins. Por outro lado, solos com limitações
acentuadas ou mesmo severas são utilizadas para agricultura.

O desenvolvimento de atividades agrícolas em solos pouco aptos para agricultura acaba


por compreender o rendimento da terra e dos agricultores e a sustentabilidade económica da
atividade. Este problema é ainda agravado por práticas em corretas que afetam a fertilidade
dos solos contribuem para a sua degradação.

Práticas agrícolas que infetam a qualidade dos solos


—> A Utilização executiva ou incorreta de fertilizantes químicos e pesticidas degrada e polui
os solos e diminui a sua fertilidade.
—> A prática da monocultura conduz ao empobrecimento e esgotamento de determinados
nutrientes do solo essenciais ao desenvolvimento das culturas.
—> A ausência de estudos do solo que permitam o ajustamento entre a aptidão e o seu uso e
que suportem as decisões de fertilização contribui para a sua degradação.
—> A excessiva mobilização dos solos, sobretudo e utilização de máquinas pesadas contribuir
para a tua como compactação.

Perante problemas com a redução da quantidade dos solos e a sua incorreta utilização, o
ordenamento territorial assume um papel de grande importância, uma vez que permitirá
adequar às diferentes utilizações do solo às sus aptidões naturais impedindo que por
exemplo se continua a ocupar o solos de grande qualidade e próprios para a agricultura com a
construção urbana e industrial.

A competitividade da agricultura portuguesa ainda afetada por fatores como:


● Condições meteorológicas irregulares e muitas vezes desfavoráveis,
● Características da população agrícola envelhecida e com baixo nível de instrução e de
formação profissional,
● Utilização ainda muito significativa de técnicas tradicionais,
● Predomínio de explorações de pequena dimensão,
● Elevados custos de produção incluindo custos de combustíveis e impostos superiores
aos da maioria dos países da União Europeia,
● Pesados encargos financeiros do crédito a que os agricultores têm sujeitar para
modernizar as suas explorações.

É fundamental acelerar o ajustamento estrutural do setor agrícola e apostar na modernização


e na orientação para o mercado , aproveitando todas as potencialidades endógenas.

Agricultura Portuguesa: (ver página do manual 40 o gráfico)


A integração da agricultura portuguesa na Política Agrícola Comum e as suas sucessivas
reformas transformaram a agricultura portuguesa, com efeitos
positivos e negativos para o setor. A mais recente reforma da PAC indica as prioridades que a
agricultura europeia deverá seguir nos próximos anos.
Portugal continuará a beneficiar de apoios financeiros que poderão contribuir para potencializar o
setor agrícola e promover o desenvolvimento rural.

.A POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM (PAC)


Os problemas da agricultura portuguesa, bem como as perspetivas de desenvolvimento futuro,
têm de ser compreendidos e equacionados no contexto da União Europeia, no âmbito da Política
Agrícola Comum – PAC.
A agricultura foi eleita como primeira prioridade no Tratado de Roma pois a produção agrícola
agroalimentar era insuficiente e também pela representatividade da agricultura no emprego e no
PIB dos sete países fundadores (Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Itália e Alemanha). Os
objetivos da PAC pretendiam responder às debilidades da agricultura europeia, que era
pouco desenvolvida, tinha uma fraca produtividade e não garantia o abastecimento interno.

OBJETIVOS DA PAC:

➔ Desenvolver a agricultura melhorando a produtividade.


➔ Melhorar o nível de vida dos agricultores.
➔ Garantir a segurança dos abastecimentos.
➔ Assegurar preços acessíveis aos cidadãos.
➔ Estabilizar os mercados.

PILARES/PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PAC: (importante)

Solidariedade financeira

● Criação de um Fundo Comunitário, o FEOGA – Fundo Europeu de Orientação e Garantia


Agrícola, para financiamento das medidas da PAC, o que permite um apoio financeiro à
agricultura.

Preferência comunitária

● Evitar a concorrência dos produtos estrangeiros, estabelecendo preços mínimos para as


importações e subsídios para as exportações, ou seja, dar preferência aos produtos da
UE. A isto podemos chamar de proteção aduaneira ou protecionismo.

Unicidade de mercado

● Estabelecer um mercado agrícola único, eliminando as barreiras alfandegárias entre os


Estados-Membros e harmonizando as regras sanitárias e as normas técnicas. Resumindo,
um único mercado, em que as regras são idênticas a todos os países membros.

O FEADER veio substituir o FEOGA, em 2005.


FEOGA - Fundo Europeu de Orientação Agrícola. Visava o desenvolvimento e a modernização da
agricultura europeia. Está dividida em:
➔ FEOGA – Orientação: financiava os programas e projetos destinados a melhorar as
estruturas agrícolas (construção de infraestruturas agrícolas, redimensionamento das
explorações, etc.)

➔ FEOGA – Garantia: financiava as despesas de regulação dos preços e dos mercados


(apoio aos agricultores, despesas de armazenamento, restituições às exportações, etc.)

FEADER – Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural, que financia os programas de


desenvolvimento rural de cada um dos países. Por exemplo, se eu quisesse construir um hotel num
espaço rural, o FEADER iria me dar um apoio financeiro, pois para o FEADER o importante é que as
coisas sejam desenvolvidas no espaço rural, pois este é multifuncional.

Principais progressos resultantes da aplicação da PAC:


➔ Grande crescimento da produção, que passou para o triplo, devido à introdução de
novos métodos produtivos e à utilização de fertilizantes artificiais.
➔ Redução da superfície e da mão de obra utilizada, devido sobretudo à mecanização.
➔ Aumento da produtividade agrícola e do rendimento dos agricultores, devido à
crescente mecanização, introdução de novas tecnologias e práticas de investigação
científica.

Principais problemas gerados pela aplicação da PAC:

➔ Criação de excedentes agrícolas em quantidades impossíveis de escoar nos mercados,


gerando custos muito elevados de armazenamento.
➔ Desajustamento entre a produção e as necessidades do mercado. A oferta tornou-se
maior que a procura.
➔ Peso muito elevado da PAC no orçamento comunitário, comprometendo o
desenvolvimento de outras políticas.
➔ Tensão entre os principais exportadores mundiais, devido às medidas protecionistas e
à política de incentivos à exportação.
➔ Graves problemas ambientais motivados pela intensificação das produções, com
utilização de numerosos produtos químicos.

PRINCIPAIS REFORMAS:

O desajustamento da PAC face aos mercados e os seus custos de funcionamento levaram a sucessivas
alterações na PAC, tendo sindo tomadas então algumas medidas de controlo de oferta.

1984
● Criação de um sistema de quotas, inicialmente aplicado ao setor do leite, que
estabeleceu um limite de produção para cada país com penalizações em caso de
superação.

1988
● Fixação de quantidades máximas garantidas (QMG) e de condições de descida
automática dos preços na proporção da quantidade excedida.
● Retirada, inicialmente voluntária e, depois, obrigatória de terras da produção, que afetou
sobretudo os cereais e as explorações com maior produção. Foi o chamado set-aside.
● Criação de incentivos à cessação da atividade agrícola e à reforma antecipada dos
agricultores.
● Limitação da superfície de cultivo/número de animais para os quais o agricultor tinha
direito a subsídios.
● Reconversão dos produtos excedentários, baseada na concessão de prémios aos
produtores que se comprometessem a reduzir a produção.

1992
Para reequilibrar a oferta e a procura:
● Diminuição dos preços agrícolas garantidos.
● Ajudas diretas aos produtores, desligadas da produção.
● Reformas antecipadas para os agricultores mais idosos.
● Orientação da produção para novas produções industriais ou energéticas.
● Incentivos à pluriatividade da população agrícola.

Para respeitar e preservar o ambiente:


● Promoção do pousio temporário.
● Incentivo à prática da agricultura biológica.
● Estímulo ao desenvolvimento da silvicultura.

1999 Agenda 2000 (documento sobre o conjunto de questões que, na época, se colocavam à
EU, no âmbito do alargamento e das políticas comuns.)

Prioridades:
● Segurança alimentar e bem-estar animal.
● Agricultura sustentável /preservação ambiental.
● Desenvolvimento rural – novo pilar da PAC.

Valorização da agricultura nas suas diferentes vertentes:


● Económica – pelo tradicional papel de produção e contributo para o crescimento
económico.
● Social – por ser a principal atividade e forma de sobrevivência de numerosas
comunidades rurais.
● Ambiental – pelo seu papel na conservação dos espaços, de proteção da biodiversidade
e de salvaguarda da paisagem.
● Ordenamento do território – porque ocupa grande parte do território e, por isso,
enquadra os restantes usos do solo.

Apesar da implementação destas medidas, isto não foi suficiente para resolver os problemas e por
isso surgiu uma nova reforma que veio reforçar a política de desenvolvimento rural, com a
criação do FEADER.

2003
● Orientação para a procura – A PAC passa a ter em conta os interesses dos
consumidores e dos contribuintes e, simultaneamente, confere aos agricultores da EU a
liberdade de produzirem o que o mercado pretende (ajustar a oferta à procura).
● Pagamento único por exploração – Mantêm-se alguns apoios diretos, por ação de cada
Estado-membro, mas os agricultores recebem um pagamento por exploração, desligado
da produção (mesmo que produzam muito ou pouco, recebem o mesmo por exploração).
● Princípio da condicionalidade – As ajudas ficam condicionadas ao respeito pelas
normas ambientais, segurança alimentar, fitossanidade (estado de saúde das espécies
vegetais) e bem-estar animal e à manutenção das superfícies agrícolas em boas
condições agronómicas e ambientais.

NOVOS DESAFIOS:

2009 - «Exame de Saúde da PAC» (com este exame, questões ambientais, como a
gestão dos recursos naturais e as alterações climáticas assumem mais importância.)
● LUTA CONTRA AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
● Proteção da biodiversidade.
● ENERGIAS RENOVÁVEIS
● Gestão da água.
● PROMOÇÃO DA INOVAÇÃO
● Reestruturação do setor leiteiro (não interessa a quantidade, mas a qualidade).

A última reforma veio ajustar e reforçar os objetivos anteriores, em particular os ambientais,


introduzindo outro, a simplificação, para facilitar o acesso dos pequenos agricultores aos fundos
comunitários:
➔ Promoção de uma agricultura mais ecológica:
➔ Garantia de uma distribuição mais justa dos fundos entre os agricultores de toda a EU;
➔ Aumento da competitividade dos agricultores europeus perante países terceiros;
➔ Simplificação dos instrumentos e dos mecanismos de pagamento e de controlo da
política agrícola, incluindo esquemas mais simples para os pequenos agricultores.

2013
DESAFIOS:
Económicos.
. Segurança alimentar;
. Instabilidade dos preços.
Ambientais.
. Emissão de gases de efeito de estufa;
. Degradação dos solos;
. Qualidade da água e do ar;
. Habitats e biodiversidade.
Territoriais
. Vitalidade das áreas rurais (desenvolvimento rural que permitia fixar população nas áreas
rurais e, consequentemente, atrair novas populações);
. Diversidade da agricultura.
OBJETIVOS:
➔ Competitividade reforçada – Produção alimentar viável.
➔ Sustentabilidade melhorada – Gestão sustentável dos recursos e ação climática.
➔ Maior eficácia – Desenvolvimento territorial equilibrado.

A INTEGRAÇÃO DA AGRICULTURA PORTUGUESA NA PAC


A agricultura portuguesa caracterizava-se por um grande atraso em relação aos países
comunitários, quando se iniciou, em 1997, o processo de adesão:

● Contribuía com 17% para a formação do PIB e 30% para o emprego.


● A produtividade e o rendimento eram muito inferiores aos dos restantes países-
membros.
● O investimento era muito reduzido e as técnicas pouco evoluídas;
● As infraestruturas agrícolas eram insuficientes e as características das estruturas
fundiárias (minifúndios que dificultavam a mecanização) dificultavam o
desenvolvimento do setor.
● Havia pouca experiência de concorrência nos mercados interno e externo.

Estas fragilidades da agricultura portuguesa foram reconhecidas no Programa da Pré-adesão e


no Tratado de Adesão, o que permitiu o benefício de condições especiais.

1ª fase – até 1990


· PORTUGAL BENEFICIOU DE CONDIÇÕES ESPECIAIS – Não estava sujeito às regras de
preços e mercados da PAC e teve incentivos financeiros da PEDAP – Programa Especial de
Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa – para corrigir as deficiências estruturais da
agricultura e melhorar as suas condições de produção e comercialização dos produtos.

2ª fase – de 1990 até 1999


· REFORMA DA PAC 1992 - Limitações impostas à produção, devidas ao excesso de produção,
contrastam com a necessidade de melhorar a produtividade agrícola em Portugal.
· CONCRETIZAÇÃO MERCADO ÚNICO 1993 - Exposição prematura do setor agrícola português à
concorrência externa.

● DIFICULDADES
➔ Sofreu limitações à produção, pelo sistema de quotas, na sequência de um
excesso de produção para o qual não havia contribuído.
➔ Foi desfavorecido pelo sistema de financiamento e de repartição dos apoios,
feito com base nos preços elevados para o consumidor e em função da
produtividade agrícola, do rendimento médio e da área de exploração, que
beneficiava os países que mais produziam e produtos que não tinham expressão
em Portugal.
➔ Os investimentos nos projetos cofinanciados por fundos comunitários levaram ao
endividamento de muitos agricultores, agravado pelas taxas de juro bancário
que, durante muito tempo, foram as mais elevadas da UE.

● PROGRESSOS
➔ Diminuição do número de explorações agrícolas para quase 40% e aumento
da sua dimensão média de 6,3 para 9,3 hectares. (emparcelamento e utilização de
máquinas).
➔ Aumento da produção e da produtividade.
➔ Redução da mão de obra agrícola.
➔ Crescimento do investimento em infraestruturas fundiárias, tecnologias e
formação profissional.
Desenvolvimento rural
Em Portugal o Desenvolvimento rural assenta em três programas, para o continente, para a
Região Autónoma dos Açores e da Madeira, integrando a rede rural nacional.

Prioridades da política de desenvolvimento rural:

-Promover a transferência de conhecimentos e a inovação nos setores agrícola e nas zonas


rurais.
-Melhorar a competitividade de todos os tipos de agricultura e reforçar a viabilidade das
explorações agrícolas.
-Promover as cadeias alimentares e a gestão do risco na agricultura
-Restaurar, preservar e melhorar os ecossistemas que dependem da agricultura e das florestas.
-promover a utilização eficiente dos recursos e apoiar a passagem para uma economia de baixo
teor de carbono e resistente às alterações climáticas nos setores agrícola, alimentar e florestal.
-inclusão social, redução da pobreza e desenvolvimento económico das zonas rurais

Estratégia de desenvolvimento rural


Pretende orientar para a autossuficiência e a sustentabilidade do território nacional.
A Estratégia de Desenvolvimento Rural apresenta como principais objetivos:
-desenvolver a produção agrícola e florestal sustentável em todo o território nacional.
-Aumentar a concentração da produção e da oferta.
-criação e distribuição de valor equitativa ao longo da cadeia de valor do setor agroalimentar.

Três objetivos operacionais:


Competitividade- privilegiar as opções produtivas da iniciativa privada com vista à criação de valor
acrescentado.
Organização estrutural: promover o aumento da dimensão e abrangência das organizações de
produtores e estruturas de concertação ao longo da cadeia alimentar.
Sustentabilidade: promover boas práticas e utilização sustentável dos recursos e valorização dos
territórios rurais.

Modernizando as explorações
A modernização dos meios de produção e de transformação é uma condição essencial para
aumentar a competitividade do setor agrícola português no mercado externo.
-investimento em tecnologia produtiva(máquinas, material de transporte, sistema de rega e de
controlo da temperatura, humidade ou dosagem de rações/fertilizantes etc.)
-melhoria das infraestruturas, como sistemas de drenagem, caminhos, armazenamento e
distribuição de água, etc.
-Aumento da dimensão das explorações, que pode conseguir-se pelo emparcelamento,
agrupando as parcelas, permitindo melhorar a organização da produção, rendibilizar os fatores de
produção e aumentar a produtividade.

Produzindo com qualidade


A produção deverá ser :
-orientada para as necessidades do mercado
-respeitar as preferências dos consumidores
-explorar vantagens e complementaridades
-apresentar novos produtos ou revalorizando produtos tradicionais.
-apostar em produtos que podem ser certificados.
Valorizando os recursos humanos

Rejuvenescimento da população agrícola:

- criação de condições de vida atrativas à fixação da população jovem nas áreas rurais
- disponibilização de ajudas e incentivos para que os jovens se possam dedicar a atividade
agrícola total ou parcialmente
- Incentivo as reformas antecipadas para agricultores que pretendam passar a gestão da
exploração para jovens
- agilização do processo de instalação de novos empresários privilegiando os mais jovens

Aumento do nível de instrução e qualificação:


- promoção de conhecimento e desenvolvimento de competências
- criação de polos de ensino profissional
- promoção do desenvolvimento de competências no domínio das TIC

Melhorar a organização

Outra forma de aumentar a competitividade é melhorando a organização e gestão das empresas


agrícolas o que se torna mais fácil através da associação dos produtores.
Permitem :
-A concentração da oferta
-aumento do valor acrescentado
-Escoamento da produção dos seus membros
-aumento da capacidade de negociação nos mercados.
-defender os interesses dos produtores
-aumentar a informação sobre os mercados e a adaptação da produção à procura.
-melhorar a promoção dos produtos
-otimizar recursos e equipamentos
-facilitar o acesso ao crédito e a aquisição de tecnologia
-proporcionar informação sobre novas técnicas e práticas de profusão,e possíveis projetos de
apoio financeiro
-facilitar acompanhamento técnico

Garantir a sustentabilidade

Impacte ambiental da atividade agrícola


Utilização de produtos químicos:utilização de insecticidas e pesticidas e a fertilização do solo com
nitratos e fosfatos, contamina os solos e os recursos hídricos, superficiais e subterrâneos.
Utilização intensiva
O menor recurso ao pousio e a maior frequência de mobilização do solo e da utilização de
maquinaria mais potente contribuem para a erosão dos solos e a diminuição da qualidade dos
habitats de muitas espécies.

Efluentes pecuários
Na pecuária, sobretudo no regime intensivo, os dejectos sólidos e líquidos e as águas de lavagem
têm graves impactes, sobretudo nos cursos de água para onde, muitas vezes, são lançados sem
qualquer tratamento.

A prática da agricultura biológica integra-se


na perspetiva de produzir com mais qualidade, preservando os recursos e protegendo o meio
natural, ou seja, de forma sustentável. O número de produtores que aderiram a este modo de
produção tem vindo a aumentar em Portugal.

A área ocupada em modo de produção biológica atinge valores:


Mais altos no Alentejo e Beira interior.
Mais baixos no Algarve e Beira litoral

O regadio permite a regularização das produções agrícolas e o aumento das produções


diminuindo a dependência dos ciclos temáticos.
É um fator de sustentabilidade ambiental pois assegura a conservação da biodiversidade a
mitigação e adaptação as alterações climáticas e a valorização das paisagens rurais

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