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1.

Identificar as transformações do mapa geopolítico da Europa e do Médio Oriente no pós-


guerra.
A 11 de novembro de 1918, o Armistício (rendição), assinado entre a França e a Alemanha, pôs fim
à I Guerra Mundial. Apesar das dificuldades, a esperança nos novos tempos estava patente nas palavras do
primeiro-ministro britânico, Lloyd George (1863--1945).
Como consequência da guerra, houve uma enorme transformação geopolítica no mundo, mais
concretamente, na Europa e no Médio Oriente (os vencedores redesenharam a nova geografia europeia
do pós-guerra).
Depois do Império Russo ter caído, as revoluções de 1917 puseram fim à monarquia e levaram à
implantação de um regime comunista e à retirada da Rússia da guerra; e era agora a vez dos Impérios
Austro-Húngaro, Alemão e Otomano. Em seu lugar, nasceram novos países que ampliam as suas
fronteiras e outros que perdem território dando origem a um novo mapa político, formaram-se novos
países com base nas nacionalidades - a Finlândia, a Estónia, a Letónia e a Lituânia (antes sob o domínio do
Império Russo); a Áustria, a Hungria e a Checoslováquia, em consequência do desmembramento do
Império Austro-Húngaro; a Jugoslávia integrou a Sérvia e os territórios dos chamados "eslavos do Sul"; a
Polónia ressurgiu como Estado independente. A Europa viu a sua importância a enfraquecer e os EUA
afirmaram-se como primeira potência mundial.
Com o fim do Império Otomano, tornaram-se independentes a Turquia, a Arménia e o Curdistão. A
redefinição do novo mapa político, possibilitou aos países vencedores ampliar o seu território. Os
vencidos viram as respetivas fronteiras recuar. Este conjunto de alterações deu lugar a nova distribuição
de forças políticas na Europa e no mundo.

2. Reconhecer a importância dos Catorze Pontos de Wilson no estabelecimento da paz.


A Conferência de Paz iniciou-se em Paris, a partir de janeiro de 1919 com o objetivo de
regulamentar a paz e de proceder à reorganização geopolítica do primeiro pós-guerra. As condições prévias
das negociações foram preparadas pelo presidente americano Woodrow Wilson.
Os Catorze Pontos apresentados por Wilson tornaram-se peça fundamental nas negociações e
deram aos EUA um papel central na nova ordem internacional. Os Catorze Pontos deram corpo à paz e
Wilson convidou tanto vencedores como vencidos a aceitar um acordo liberal e não punitivo, que visava
tornar o mundo seguro e garantir a paz. Wilson defendia, entre outras coisas, o respeito pelas
nacionalidades, a liberdade de navegação e trocas e a criação de uma liga de nações. Disto concretizam-se
acordos de paz assim como uma nova geografia política.
Os cinco primeiros pontos, do documento apresentado por Wilson, defendiam princípios gerais,
tais como: a diplomacia justa e transparente; a liberdade de navegação e a igualdade no acesso ao
comércio internacional; a promoção do desarmamento e a regulação das reivindicações coloniais. Os oito
pontos seguintes focavam os problemas que ficavam pendentes para o pós-guerra: a evacuação do
território russo e a liberdade da Rússia em decidir o seu destino; a restauração da soberania da Bélgica; a
devolução do território perdido pela França; a regularização das fronteiras italianas segundo o princípio das
nacionalidades; a concessão de independência aos povos do Império Austro-Húngaro; a restituição da
soberania das regiões turcas, com garantia de passagem para o mar, e a criação de um Estado polaco,
também com acesso ao mar. O último ponto defendia a constituição de uma associação de nações que
defendesse a independência e a segurança, tanto dos grandes como dos pequenos Estados.
Era com base nestes pressupostos que as negociações decorreriam. No entanto, não houve uma
verdadeira negociação entre vencedores e vencidos porque as potências vencedoras negociaram e
elaboraram os tratados de paz entre si. Com efeito, as sessões decisivas contaram apenas com os quatro
grandes vencedores - Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Itália, respetivamente representados por
Wilson, Clemenceau, Lloyd George e Orlando. Entre junho de 1919 e julho de 1920, foram assinados, em
localidades dos arredores de Paris, vários tratados de paz com os vencidos, na sequência dos quais foi
redesenhado um novo mapa político da Europa e do Médio Oriente: a 28 de junho de 1919, o Tratado de
Versalhes entre os Aliados e a Alemanha; em setembro do mesmo ano, foi assinado o Tratado de St.
Germain-en-Laye com a Áustria; em novembro de 1919, foi a vez do Tratado de Neuilly, com a Bulgária; em
junho de 1920, foi firmado, com a Hungria, o Tratado de Trianon; em agosto de 1920, assinou-se o Tratado
de Sèvres, com o Império Otomano.
O Tratado de Versalhes foi extremamente penalizador para a Alemanha, não só pelas perdas
territoriais, mas também por responsabilizar a Alemanha pela guerra. Assim, ficava obrigada ao pagamento
de reparações pelos danos causados aos países invadidos. Além do mais, o Tratado de Versalhes definiu
outras cláusulas destinadas a limitar o poderio económico alemão: era obrigada a fornecer à França, à
Bélgica, ao Luxemburgo e à Itália carvão; perdeu a maior parte da marinha mercante e de guerra e os
investimentos no estrangeiro, no valor de 7000 milhões de dólares, foram confiscados. Foi reduzida a sua
força militar, em número de efetivos; foi impedida de ter aviões, submarinos, tanques e artilharia pesada;
foi extinto o Estado-Maior alemão. Os responsáveis alemães foram considerados culpados por crimes de
guerra, devendo, por isso, ser julgados. Estas imposições infligiram um rude golpe no orgulho alemão,
deixando adivinhar futuras tensões.

3. Avaliar a importância do SDN.


A Sociedade das Nações (proposta pelo presidente Wilson) concretizou-se em 1919, com sede em
Genebra (Suíça), com a adesão de 32 países europeus e não-europeus, como sendo um organismo que
tivesse como função a salvaguarda da paz e segurança internacional, tendo objetivos manter as relações
internacionais abertas e francas, promover a redução dos desarmamento, fazer respeitar o direito
internacional e os tratados estabelecidos, e a resolução de conflitos pela via diplomática, impondo sanções
aos países que desrespeitassem esses princípios e assegurar a defesa de qualquer país membro alvo de
agressão.
Integrava ainda os seguintes organismos: Assembleia Geral, Conselho, Secretariado, Tribunal
Internacional de Justiça, Banco Internacional, Organização Internacional do Trabalho, Comissão
Permanente dos Mandatos.
(+) Fragilidades da SDN/Obstáculos a uma paz duradoura:
 Os vencidos nunca aceitaram os tratados de paz em cuja elaboração não tinham participado;
 Assumiu-se como uma organização dos países vencedores e era dominantemente europeia;
 Nenhum dos vencidos foi convidado para integrar a SDN (a Alemanha só aderiu em 1926 e a Rússia
em 1934);
 Nem todos os países vencedores ficaram satisfeitos com os tratados de paz;
 A redefinição de fronteiras não respeitou a questão das minorias nacionais resultando numa
multiplicidade de povos espalhados por vários países;
 Discordância em torno das “reparações de guerra” (indemnizações) – a França insistia nos
pagamentos por parte da Alemanha; os EUA discordavam, não aceitando que a reconstrução dos
vencedores se fizesse à custa da asfixia dos vencidos.
Desacreditada na sua autoridade, a Sociedade das Nações viu-se impedida de cumprir as suas
funções, sendo dissolvida em 1939.

4. Compreender a dependência da Europa face aos EUA depois do fim da Segunda Guerra
Mundial.
A I Guerra Mundial deixou a Europa arruinada, no plano humano e material (as infraestruturas
como vias férreas, estradas e pontes desapareceram e o elevado número de mortos reduziu a mão de obra
disponível). Isto resultou na necessidade de reconstrução de infraestruturas, de adaptação e modernização
das indústrias à economia; a urgência do relançamento da atividade agrícola; a inflação (aumento do nível
geral dos preços) e a implementação de medidas protecionistas (aumento das taxas aduaneiras). Os mais
atingidos foram os países vencidos. O velho continente perdeu a sua supremacia económica e financeira.
A reconversão da economia europeia dependeu tanto dos capitais americanos, como do
pagamento de reparações de guerra pela Alemanha aos Aliados. Assim, os países europeus podiam pagar
aos EUA os empréstimos adquiridos.
A multiplicação de notas em circulação, o aumento da procura, a falta de mercadorias e a
desvalorização da moeda fizeram crescer a inflação, ou seja, multiplicou os preços 3, 4, 5 vezes conforme os
países. A produção abrandou, os salários reduziram e aumentou o desemprego. A Alemanha foi o país
mais afetado e, para tentar travar a inflação e estabilizar a moeda, implementou uma reforma monetária,
em 1923, colocando em circulação uma nova moeda, o retenmark.
Na procura da estabilização monetária europeia, realizou-se, entre abril e maio de 1922, a
Conferência de Génova (os EUA não participaram), que tinha por objetivo instituir o Gold Exchange
Standard, isto é, as moedas nacionais passavam a ter uma relação fixa entre si. A convertibilidade das
moedas passava a ser feita em libras ou em dólares e não em ouro, que se afirmavam como moedas
de referência nas trocas internacionais.
Durante a Guerra, a Europa tornou-se extremamente dependente dos EUA, seu principal fornecedor;
assim, acumulou bastantes dívidas. Depois da guerra, os EUA emprestaram capitais para a reconstrução de
alguns países europeus. As exportações americanas para o velho continente (produtos industriais e
agrícolas) aumentaram. Assistiu-se, então, à ascensão dos EUA que consolidaram a sua posição como
primeira potência mundial, tanto a nível económico como financeiro.

5. Justificar a supremacia americana no mundo do pós-guerra.


Fornecedores dos países europeus e dos mercados mundiais, durante e depois da guerra, e
possuidores de uma elevada parcela do ouro mundial, os EUA apresentavam, em 1919, uma imagem de
sucesso, patente de uma prodigiosa capacidade de produção e na prosperidade da sua balança de
pagamentos.
Vários foram os fatores que contribuíram para a prosperidade americana: os processos de
racionalização do trabalho (taylorismo) e a concentração capitalista de empresas permitiu aos EUA
superarem a breve crise de 1920/21. Isto também criou a subida dos salários; o crescimento do setor
terciário; a concentração industrial e financeira; a produção em massa, apoiada pela maior disponibilidade
de recursos energéticos (eletricidade, petróleo), bem como de capitais. A produção de petróleo e de
eletricidade conheceu notáveis progressos, tal como a siderurgia e a química. Afirmou-se assim uma
sociedade de consumo.
A produção de petróleo e de electricidade conheceu notáveis progressos, tal como a siderurgia e a química.
Electrodomésticos e automóveis satisfaziam a febre consumista
Viveu-se o período dos "loucos anos 20" em que o modelo americano de consumo e de vida
conquistou a Europa. Generalizaram-se os bens de consumo, desde automóveis, fonógrafos e rádios, a
eletrodomésticos variados. Estes anos de prosperidade americana foram caracterizados por um clima de
otimismo e de confiança no capitalismo liberal.

6. Compreender a importância da Revolução de Outubro na afirmação de um novo tipo de


Estado.
Em Fevereiro de 1917, os sovietes (operários, soldados e camponeses) reúnem-se e organizam
manifestações, assaltando o Palácio de Inverno para derrubar o czarismo e levar czar Nicolau II a abdicar
da sua liderança.
Após esta ação, constitui-se o Governo Provisório liderado por Kerensky, que pretendia instaurar
uma democracia parlamentar do tipo ocidental e era favorável à continuação da Guerra com a Alemanha
pois acreditava que podia vencê-la, contudo isto não era do agrado de toda a gente, o que levou à
existência de uma dualidade de poderes, entre o mesmo governo referido e os sovietes que, mais tarde,
acabaram por agir.
Em Outubro inicia-se uma nova revolução. As milícias bolcheviques, designadas por Guardas
Vermelhos, assumem o controlo de pontos estratégicos da cidade de S. Petersburgo, assaltando o Palácio
de Inverno e derrubando o Governo Provisório nele sedado. Mais tarde, reunidos em congresso, os sovietes
entregavam o poder a um novo governo, composto exclusivamente por membros do partido bolchevique
que impuseram de imediato diversos decretos: o Conselho dos Comissários do Povo, onde se destacavam
os seguintes dirigentes: Lenine, com a presidência da Rússia; Trotsky, com a pasta de Guerra e Estaline,
com a pasta das Nacionalidades.
Foi então com a Revolução de Outubro que se iniciou a edificação da Rússia soviética. Neste
sentido, foram promulgados o Decreto sobre a paz e o Decreto sobre a terra, que concretizavam alguns dos
princípios defendidos por Lenine nas Teses de Abril.
Com estas medidas, a Rússia deixou de ser uma república liberal e burguesa, e tornou-se na
república dos sovietes (de deputados operários, soldados e camponeses), pelo que a democracia passava a
ser concebida como expressão dos interesses do proletariado.

7. Destacar o papel de Lenine na construção do novo Estado soviético.


A 1917 eram várias as tensões não só́ sociais como políticas que levaram a uma enorme instabilidade
na Rússia, também pela sua participação na I Guerra Mundial, o que levou a uma situação explosiva. Em
Outubro de 1917, a Rússia viveu uma Revolução que fez do país o primeiro estado socialista do mundo. Em
Marx buscaram a inspiração. Em Lenine encontraram o líder incontroverso e o grande responsável pela
implementação dos princípios marxistas à situação concreta da Rússia, uma sociedade dominantemente
camponesa, com um operariado pouco numeroso, devido ao atraso na industrialização e à tardia afirmação
do capitalismo. As suas ideias e a sua ação deram origem ao marxismo-leninismo, ideologia central na
construção da Rússia soviética. Segundo Lenine, a revolução deveria ser conduzida pelo
partido bolchevique, que assumia o poder político, pois era a vanguarda revolucionária que incarnava os
interesses do proletariado que, segundo o marxismo-leninismo, era composto pelos operários e
camponeses.
O marxismo-leninismo defendia a conquista do poder através da ditadura do proletariado que tinha
como objetivos: conquistar o poder político pelo proletariado; abolir a classe exploradora, a burguesia,
pondo fim à luta de classes; abolir a propriedade privada e nacionalizar os meios de produção, pondo fim
ao capitalismo.
O marxismo-leninismo, ao nível da estrutura económica e social, defendia um sistema de
propriedade coletiva dos meios de produção, em que o último estádio da evolução social seria a sociedade
sem classes, sem propriedade privada, com distribuição dos bens segundo as necessidades. Realizadas
estas transformações revolucionárias, o Estado deixaria de existir, de modo a alcançar o último estádio ou
etapa do socialismo, o comunismo.
O marxismo-leninismo defendia que a revolução proletária deveria ser internacional, não olhando
a fronteiras ou nacionalidades.
A implementação dos decretos revolucionários, apesar de corresponderem às exigências dos
sovietes, provocou muitas resistências e contestação em vários setores da sociedade (desde proprietários
a camponeses), pois as medidas implicavam alterações profundas na mentalidade, na sociedade e na
economia.
Então várias circunstâncias obstaculizaram as suas ações, nomeadamente a assinatura da paz com a
Alemanha e a retirada da Rússia com perdas significativas, a oposição de proprietários e empresários assim
como a débil adesão da população ao projeto bolchevique. Esta resistência levou a cabo uma Guerra Civil
terrível que durou desde 1918 a 1920 entre os “brancos” (opositores) e os “vermelhos” o que acabou por
custar a vida a 10 milhões de pessoas, tendo a grande maioria sofrido de fome, frio e epidemias. Os brancos
contavam com o apoio da Inglaterra, França, EUA e Japão e acabaram por sair vencedores.
A ditadura do proletariado vigorou e face aos sucedidos, Lenine viu-se obrigado a tomar um conjunto
de medidas conhecidas pelo nome Comunismo de Guerra:
 Queda da democracia dos sovietes;
 Nacionalização da economia e propriedade privada;
 Instauração do trabalho obrigatório dos 16 aos 50 anos;
 Proibição de todos os partidos políticos;
 Aumento do tempo do trabalho;
 Proibição da indisciplina.
O terror tinha sido instaurado. Os campos de concentração multiplicavam, tal como as execuções sumárias.
A vitória dos bolcheviques na Guerra Civil teve enormes custos.
A 1921, após violentos protestos, o Congresso dos Sovietes autorizou Lenine para inverter a marcha
da Revolução, lançando um programa económico através do qual fossem repostos níveis de produtividade
que garantissem à população a sua subsistência. O Comunismo de Guerra foi substituído por uma Nova
Política Económica (NEP). Foram várias as medidas tomadas:
 Recuperação agrícola:
 Substituição da requisição de cereais pela fixação de um imposto sobre a produção; assim, os
camponeses aumentaram as suas produções;
 Indústria: privatização da pequena e média indústria;
 Fomento do investimento estrangeiro;
 Suprimiu-se o trabalho obrigatório e atribuíram-se “prémios” de modo a estimular a produtividade;
 Existência de um mercado interno, dinamizando a economia.
Os resultados da NEP foram animadores e possibilitaram melhorias a nível económico. Socialmente,
afirmou-se o nepmen (novo tipo social, composto por pequenos industriais e comerciantes) e ressurgiram
os kulaks (pequenos proprietários rurais).

A democracia interna, como base no poder dos sovietes, deu lugar ao centralismo democrático:
 As bases do Partido Comunista elegiam os órgãos superiores da hierarquia do Estado e do partido;
 As decisões da cúpula eram cumpridas, de cima para baixo;
 Estado e partido confundiam-se, criando-se um sistema totalitário de partido-Estado.
Em 1922, foi criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

8. Caracterizar a sociedade de Antigo Regime.


Situação política: monarquia absoluta (o czar Nicolau II governava de forma autocrática).
Situação económica de profunda crise: a agricultura ocupava a maioria da população; com técnicas
rudimentares apresentava uma fraca produtividade; a indústria era pouco desenvolvida, dependente de
investimentos estrangeiros; o comércio era pouco dinâmico.
Situação social: domínio do clero e da nobreza, donos da maior parte das terras; camponeses muito
pobres e sobrecarregados com impostos; operários mal pagos, sem condições de trabalho, mas muito
reivindicativos; burguesia e nobreza liberal, defensores de abertura política e modernização do país.

9. Explicitar a importância dos decretos revolucionários.


O novo governo iniciou funções com a publicação dos decretos revolucionários que procuravam
responder às aspirações do povo e às reivindicações dos sovietes.
 Decreto sobre a paz: defendia o fim da guerra; estabelecia a negociação para uma paz sem
anexações nem indemnizações. A paz foi alcançada, no ano seguinte (3 de março de 1918), com a
assinatura do Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha e a Áustria-Hungria. Este tratado foi desfavorável
para a Rússia, na medida em que esta perdeu 34% do seu território.
 Decreto sobre a terra: determinou a abolição da propriedade fundiária/ grande propriedade e
reconheceu as terras que tinham sido confiscadas pelos comités de Camponeses. Com esta medida, os
bolcheviques procuraram garantir o apoio do campesinato russo. Foram ainda tomadas duas outras
medidas importantes como o Decreto do Controlo Operário e o Decreto das Nacionalidades.
 Decreto do Controlo Operário: instaurou o controlo operário nas fábricas,
 Decreto das Nacionalidades: reconheceu a igualdade e a soberania das diferentes nacionalidades
que compunham a Rússia Soviética.

10. Compreender o corte que se opera na mentalidade confiante e racionalista da sociedade


burguesa do início do século, devido ao choque da Primeira Guerra Mundial/11. Reconhecer
como principais vetores da mudança cultural, no limar do século, a emergência do relativismo
científico, a influência da psicanálise e a rutura com os cânones clássicos da arte europeia.
Em altura de prosperidade, a população achava que iriam ocorrer diversas transformações
positivas e iam alterar o mundo onde viviam, no entanto, devido ao choque da 1a Guerra Mundial toda a
confiança foi abalada. As transformações que decorreram da Primeira Guerra originaram uma nova
vivência social e modificaram profundamente os comportamentos e os valores, na década de 20, sobretudo
no mundo urbano ocidental, afirmando-se um novo modo de vida. Nas grandes cidades, apinhadas de
gente, num clima de paz e de recuperação económica, viveram-se os "loucos anos 20". Na verdade, o
impacto da destruição causada despertou a consciência de que era necessário viver a vida e aproveitá-la ao
máximo, adotando-se um ritmo de vida frenético.
A acessibilidade aos meios de comunicação generalizou um modo de vida onde o consumo, o ócio
e as distrações estavam presentes. Os automóveis que circulavam nas cidades, os dirigíveis e os aviões que
cruzavam os céus e os transatlânticos que atravessavam os mares encurtavam as distâncias e aproximavam
os países. Os EUA eram a grande potência, com um modelo de vida que influenciava a Europa - vivia-se
segundo o american way of life. Nova lorque e Paris assumiram-se como importantes centros culturais que
ditavam as modas e os gostos.
Nos "loucos anos 20" valorizava-se a juventude e consentiam-se excessos. É neste contexto de
mudanças na mentalidade, nos comportamentos e na sociabilidade que as mulheres cortam o cabelo à la
garçonne, largam os espartilhos, encurtam as saias até ao joelho e usam maquilhagem. A mulher dos anos
20, sobretudo das grandes cidades, trabalhava, saía à noite, frequentava os cabarés e os night-clubs,
fumava, bebia, conduzia automóveis e praticava desporto. A nova silhueta feminina tornou-se mais esguia,
com um corpo magro, sem curvas, abandonando o ideal de beleza de outrora. O corpo liberta-se, nos
vestidos leves e soltos, e a mulher assume uma postura menos rígida e formal. Esta liberdade individual
resultou numa nova forma de relacionamento entre os sexos: a flapper tornou-se o símbolo da mulher
urbana nas grandes cidades. Havia uma maior liberdade sexual, associada a uma nova mentalidade e a um
novo estilo de vida.

A Primeira Guerra Mundial provocou uma profunda transformação da sociedade, abalada pela
guerra, que procurava esquecer o passado. Os valores próprios da burguesia da segunda metade do
século XIX entraram definitivamente em crise. Deu-se lugar a uma nova vivência e a uma nova atitude
individual, mais descontraída e informal; que buscava o consumo, o ócio e o prazer em detrimento dos
valores do trabalho, do sacrifício e da poupança. No primeiro pós-guerra, acentuou-se o conflito de
gerações e de culturas, pois a nova geração, levada pelo ímpeto da modernidade, questionava as regras
sociais e os valores morais.
O que os pais da geração de 20 viam como virtudes, os filhos viam como defeitos; onde os filhos viam
qualidades, os pais viam vícios, decadência e destruição de valores. O futuro não era encarado por todos
da mesma forma - uns olhavam para ele de forma pessimista; outros de forma otimista. Os otimistas viam
a liberdade e a igualdade como sinónimo da modernidade e de uma sociedade melhor e mais justa. Os
pessimistas olhavam para o futuro com dúvida e com desconfiança, considerando que o mundo estava
decadente, e que a ausência de regras, o relativismo dos valores e o abandono da moral tradicional
conduziria ao fim da civilização ocidental. Muitos indivíduos são marcados pela anomia social, pois vivem
num sentimento de insatisfação face ao quotidiano, ou seja, com ausência de modelos e referências.

O papel da mulher alterou-se durante a década de 20, pois, durante a guerra, a mulher tinha
assumido um papel ativo, quer social, quer económico. Vários fatores contribuíram para essa mudança: a
mulher substituíra nas fábricas os homens que tinham ido para a guerra; já não era apenas a mãe e a
esposa, dependente da autoridade do marido; desempenhava o papel de chefe de família; trabalhava nas
fábricas e conduzia autocarros (funções que antes eram reservadas aos homens); conquistou
independência económica ao integrar o mercado de trabalho; usufruía também de maior liberdade na vida
doméstica, devido ao menor tempo gasto nas tarefas do lar (devido aos eletrodomésticos: máquina de
lavar, aspirador). Acabada a guerra, a mulher desejava manter a sua liberdade. O casamento tardio e o uso
dos primeiros contracetivos possibilitou o controlo da natalidade, contribuindo para a emancipação
feminina.
O feminismo ganhou um maior impacto, desde que, em 1903, Emmeline Pankhurst fundou, em
Inglaterra, a União Política e Social das Mulheres. A luta pela emancipação da mulher ganhou mais apoios e
visibilidade. Os protestos, muitas vezes violentos (greves de fome, prisões, interrupção das atividades
parlamentares, manifestações públicas, em que as ativistas se amarravam aos portões do Palácio de
Buckingham, recusa de pagar impostos), tornaram-se mais frequentes. Em Inglaterra, em 1918, foi
concedido o direito de voto às mulheres com mais de 30 anos.

No início do século XX, a conceção do Homem e do universo mudou radicalmente. Os princípios da


racionalidade e do positivismo que tinham regulado a ciência e o conhecimento do individuo foram postos
em causa por Sigmund Freud, com o conceito de inconsciente, e por Albert Einstein com a teoria da
relatividade.
Freud enunciou, ao longo da sua obra “A Interpretação dos Sonhos”, cinco conceitos que davam ao
Homem uma nova dimensão - o inconsciente, a repressão, a noção de sexualidade infantil, a líbido e a
divisão tripartida da mente. Nascia a psicanálise. Freud constatou que grande parte das ideias transmitidas
pelos seus pacientes, tinham um cariz sexual. Freud desenvolveu também a ideia de que a mente era
tripartida: o id representa o desejo inconsciente, orientado segundo o prazer; o ego permite ao indivíduo
viver em sociedade, guiado pela razão; o superego representa os valores e a moral da sociedade no
individuo. O sonho era um meio pelo qual o id se manifestava e, segundo Freud, através da análise dos
sonhos era possível chegar ao inconsciente. A noção de inconsciente conduziu a uma nova dimensão,
menos racional do indivíduo, o que teve consequências no modo como se passou a encarar, não só o
próprio Homem, mas também a cultura e a arte.
Em 1905, Albert Einstein publicou um conjunto de quatro artigos que mudaram a Física e a
conceção do espaço e do tempo. No primeiro artigo demonstrou a teoria dos quanta. No seu segundo
artigo, provou a existência das moléculas. Foi, contudo, o terceiro artigo que tornou Einstein um dos
cientistas mais célebres, com a apresentação da Teoria da Relatividade, que colocou em causa a física
newtoniana, pois defende que o espaço e o tempo não são absolutos, ou seja, o tempo pode diminuir ou
acelerar e o espaço não é fixo, mas flexível. O universo, moldado pela gravidade, tecido pela luz e curvado
pela matéria, é "elástico". Estas novas observações mostraram que o universo é muito maior do que
imaginamos.
Novos contributos de outros cientistas vieram ainda alterar os conceitos da física. Em 1911, Ernest
Rutherford conseguiu identificar a estrutura básica do átomo, dando origem à física nuclear. Esta noção fez
com que o universo deixasse de ser visto como partes de matéria para ser entendido como um agregado de
átomos, que podiam ser manipulados. O físico Neils Bohr iniciou um conjunto de estudos que permitiram
desenvolver a física quântica. Contribuiu para o avanço da física atómica e para a associação entre a física e
a química.
Ainda nos anos 20, Werner Heisenberg, físico alemão, formulou o princípio da incerteza, isto é, que
na realidade subatómica apenas era possível conhecer com precisão a velocidade ou a posição de uma
partícula em movimento, mas não ambas em simultâneo. O princípio da incerteza evidenciou que não era
possível conhecer o universo através do senso comum e que os modelos clássicos baseados em princípios e
certezas absolutas, tinham de ser postos de lado.

AS VANGUARDAS: RUTURAS COM OS CÂNONES DASARTES E DA LITERATURA


O modernismo é a expressão cultural e artística das sociedades modernas ocidentais. O modernismo
rompeu com a tradição académica que vigorou até ao século XIX. Encontrou as suas influências, no final
de oitocentos, em pintores como Paul Cézanne, Vincent van Gogh e Paul Gauguin, figuras determinantes
nos novos caminhos da arte do século XX.
As correntes modernistas, que difundiram de Paris e de Berlim, foram marcadas pelo contexto das
profundas transformações económicas, sociais, políticas, da mentalidade e da tecnologia, bem como pelo
impacto da Primeira Guerra Mundial. Apesar da diversidade das manifestações e perspetivas, as correntes
modernistas apresentam características comuns: rompem com o passado e com as tradições académicas;
contestam a sociedade burguesa; valorizam a subjetividade e a emotividade; recusam o realismo e buscam
o que está para além da realidade aparente; recebem contributos das novas conceções científicas do início
do século; valorizam a espontaneidade e a liberdade de criação; enaltecem a interioridade do artista.
Ligado ao conceito de modernismo está o de vanguarda cultural. Estes movimentos adotaram novas
formas de expressão que chocaram a sociedade burguesa e tradicional. Com efeito, as formas de expressão
artística modernista exigiam um maior entendimento e uma nova atitude estética, tornando as obras de
arte menos acessíveis ao grande público. O modernismo, marcado pela liberdade criadora, engloba várias
correntes artísticas que se desenvolveram nas primeiras décadas do século XX, por vezes em simultâneo.

Fauvismo
Em 1905, no Salão de Outono, teve lugar uma exposição que marcou a vanguarda na arte do século
XX. O crítico de arte, Louis Vauxcelles, perante as obras expostas, apelidou os novos pintores de fauves
(selvagens). Nesta exposição participaram, entre outros, Henri Matisse, André Derain e Maurice de
Vlaminck. Nascia o fauvismo, uma corrente artística francesa, que considerava a obra de arte como uma
criação autónoma, liberta dos cânones tradicionais. O fauvismo privilegiou o sentimento, a emoção e a
subjetividade do artista, e não procurou a representação da realidade. Pinta-se o que o pintor sente e não o
que vê. As cores e as formas são elementos caraterísticos do fauvismo, fruto do impulso do artista. A paleta
de cores era vibrante, com cores fortes; a pincelada era expressiva, uma vez que a pintura privilegiava os
sentimentos e procurava agora a autenticidade e a subjetividade artística. Em termos temáticos, os
pintores fauvistas manifestaram a sua ligação à natureza. As suas obras exaltavam a alegria de viver,
afastando temáticas sombrias, perturbadoras e angustiantes. A arte oriental e africana inspirou os pintores
fauvistas. Apesar do fauvismo ter tido uma existência curta (1905-1908), a sua influência resistiu noutras
correntes modernistas de vanguarda.

Expressionismo
A busca do sentido interior da arte desenvolveu-se com o expressionismo alemão, a partir de 1905,
inspirado nas obras de Vincent van Gogh e de Edvard Munch e ainda no fauvismo francês. Os precursores
do expressionismo alemão fundaram, no ano de 1905, em Dresden, o movimento conhecido como Die
Brücke (A Ponte) que, como movimento organizado, acabou em 1913.
O expressionismo alemão ligou-se ao movimento Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), criado em
Munique, em 1911, que marcou a arte alemã até 1914. Os artistas de Der Blaue Reiter defendiam a
transformação da representação do real e a criação de forma livre e genuína.
O expressionismo alemão fez uso de uma paleta de cores vivas, em contraste com tons sombrios,
preto e castanho e era feita de acordo com a expressão do sentimento dos artistas. Nesta corrente,
conseguimos ver figuras aprimoradas, com um caráter agressivo e violento, com uso de pormenores
chocantes, com a distorção das formas, encontrando beleza na fealdade, conferindo maior intensidade e
dramatismo às obras expressionistas. O expressionismo foi fortemente influenciado pela arte primitiva,
que os artistas consideravam estar liberta dos estereótipos e dos preconceitos sociais e, por isso, era pura e
autêntica, refletindo a verdadeira essência da criação artística.
O expressionismo criticou a sociedade burguesa. Como temáticas, os expressionistas elegeram,
dominantemente, cenas e temas dos ambientes urbanos, com a representação dos cabarés, das
dançarinas e das prostitutas, ou seja, assuntos marginais que, até à data, tinham estado afastados da
criação artística. Esta nova forma de criação afastava-se cada vez mais dos cânones tradicionais de beleza.
Na escultura expressionista, destacou-se, Wilhelm Lehmbruck que transpôs para as suas obras a
emoção e a sensibilidade melancólica. Na música, o expressionismo manifestou-se pela interioridade e
sentimentos do compositor.

Cubismo
Em 1907, Pablo Picasso, com a obra Les Demoi-selles d'Avignon, operou outra das grandes ruturas
na arte ocidental. O sentido volumétrico de Cézanne, inspirado na esfera, no cilindro e no cone, permitiu a
Picasso descobrir o caminho da geometrização das formas e da multiplicidade de perspetivas que terminou
no cubismo. A influência da arte tribal no cubismo foi determinante através da aplicação do conceito
rosto-máscara, na qual os artistas cubistas encontraram formas geométricas mais livres e autênticas. A
influência de Henri Rousseau fez-se sentir através da rutura com as técnicas tradicionais de
representação, pois os artistas modernos procuravam na sua pintura, livre de academismos, uma forma
mais pura, direta e sincera de criar.
O cubismo rejeitou a ideia de perspetiva linear, representando os objetos segundo múltiplos pontos
de vista, para que o observador os pudesse confrontar com a sua representação na tela. Os objetos na tela
surgiam fragmentados e distorcidos, representando frações da realidade. A decomposição dos objetos e do
espaço obrigou a uma nova conceção dos planos e da luz. A pintura perdeu a aproximação com o real.
Em simultâneo com Picasso, a descoberta e o desenvolvimento do cubismo contou também com o
trabalho de Georges Braque que, na sua obra Casas d'Estaque, datada de 1908, adotou a estética cubista.
O cubismo teve uma primeira fase, entre 1909 e 1911, o denominado cubismo analítico. Segundo
Picasso e Braque, a perspetiva assentava numa nova técnica, sugerida por linhas paralelas e por planos que
se intersetavam. O cubismo analítico assente na geometria, abandonava a representação tradicional da
realidade, captada pelo senso comum. Procurava, através de um objeto, representado de forma minuciosa
no plano bidimensional da tela (reduzindo as suas formas aos elementos geométricos), captar as suas
múltiplas perspetivas (simultaneidade), dando uma nova noção de espaço. Nesta fase, a paleta de cores era
monocromática, com tons de castanhos e cinzentos.
A segunda fase do cubismo, entre 1912 e 1914, ficou conhecida como cubismo sintético. Em 1912,
Picasso adotou a técnica da colagem que consistia em colar, na tela, elementos exteriores à pintura, como
recortes de jornais que formavam palavras ou ideias, cujo sentido era alterado, de modo a ganhar novos
significados. Usou ainda outros elementos como cordas, vidro, madeira ou tecidos que davam a ideia de
que os objetos existiam na tela, mas sem que estes lá estivessem na realidade.
A escultura cubista ganhou uma nova dimensão com o sentido de múltiplas perspetivas. Aleksandr
Archipenko e Jacques Lipchitz aplicaram novos materiais para reorganizarem a disposição dos volumes, e
fizeram uso das formas geométricas e das cores para alcançar uma nova perspetiva da realidade.

Futurismo
Em 1909 foi publicado o Manifesto Futurista por Filippo Marinetti que continha uma ideologia
estética que marcou a arte italiana e originou o futurismo.
Os artistas futuristas acreditavam fortemente no futuro, defendiam o progresso civilizacional e as
conquistas do novo século: a velocidade, a máquina e o desenvolvimento tecnológico. O futurismo foi um
movimento que contestava a sociedade de raiz aristocrática e burguesa da época, bem como as
instituições que perpetuavam a cultura tradicional e clássica. Os seus defensores propuseram a destruição
das bibliotecas, dos museus e das academias, com vista a começar tudo de novo.
O futurismo iniciou uma rebelião intelectual: o movimento desvalorizava as grandes obras do
passado e, em oposição, glorificava o automóvel, o avião, os sons e os cheiros da cidade, como símbolos de
modernidade e de progresso científico e tecnológico. O futurismo provocou choque e escândalo: criticou a
harmonia e o bom gosto e defendeu a experimentação na arte, explorando os novos contributos da ciência
e da técnica. Era um novo modo de encarar a vida e o mundo. Estas ideias passaram para o objeto
artístico: a velocidade, o dinamismo, a rutura com o passado foram transpostas para a tela, através da
representação dos corpos e de máquinas em ação, através de linhas e de formas unidas, como se
estivessem em movimento. O futurismo assimilou algumas técnicas do cubismo. Enquanto o cubismo
procurou inspiração nos modelos arcaicos e primitivos, o futurismo centrou-se na influência da agitação da
vida moderna.

Abstracionismo
O abstracionismo foi uma forma de expressão artística que anulou a representação exterior da
realidade e é considerada uma arte não figurativa, e não objetiva. Por isso, a abstração não permite ao
espetador reconhecer facilmente os temas e as figuras representados. O primeiro pintor abstracionista foi
Kandinsky. Os seus trabalhos resultaram de uma explosão de cores, de linhas e de formas, sem um
significado aparente. As suas obras revelam uma estreita ligação à música, evocando sons, timbres e
tonalidades, obtidas através das linhas e das cores. Kandinsky inaugurou o abstracionismo lírico, produto
da emoção e da expressão interior do artista.
A abstração, na Rússia, desenvolveu-se, por volta de 1915, com Kazimir Malevich por intermédio
do movimento artístico denominado suprematismo. O Manifesto Suprematista fez a defesa de uma maior
liberdade na pintura bem como a "supremacia" do sentimento puro na arte criativa. Iniciava-se uma nova
rutura na arte - a figuração e os objetos eram banidos e a arte passava a viver por si própria.
A partir de 1917-1918, durante os anos da revolução russa e da guerra civil, o suprematismo
atingiu uma nova fase, destacando-se na realização de cartazes (muitos de propaganda) como forma de
apoiar o novo regime soviético.
O abstracionismo geométrico desenvolveu-se com os holandeses Theo van Doesburg e Piet
Mondrian. Defenderam «a clareza, a certeza e a ordem" na arte, o uso de formas geométricas básicas e a
redução da paleta de cores (essencialmente primárias - vermelho, amarelo e azul), apenas
complementadas com o branco, o preto e o cinzento. Assim, combinando linhas e ângulos retos,
alcançavam o que consideravam ser a beleza universal. A forma assentou na geometria através da linha
reta, do retângulo e do cubo.

Dadaísmo
Em 1916, um grupo de artistas de várias nacionalidades, que se reunia em Zurique, no Cabaret
Voltaire, abalou profundamente os fundamentos da arte. Este grupo foi o fundador do dadaísmo, que
questionou, através da arte, a civilização nascida da guerra.
O dadaísmo pretendeu destruir os fundamentos das conceções estéticas. Foi uma arte que se
fundou no absurdo e no imprevisível, que ironizou e satirizou os valores estéticos da própria arte e, por
isso, o dadaísmo assumiu-se como uma provocação. Nesta medida, a arte tornou-se anti-arte. Foi uma
forma de anular a herança histórica e de iniciar o processo criativo a partir do zero - destruir para depois
construir.
Em termos técnicos, o dadaísmo fez uso de colagens de diferentes materiais e empregou o método
aleatório para a criação artística. O ready made de Marcel Duchamp assumiu-se como um ponto de
chegada da estética dadaísta, levando ao extremo as ideias revolucionárias sobre a arte. Utilizou objetos
de uso quotidiano, sem valor, simplesmente encontrados ao acaso, e transformou-os em objetos artísticos.
Esta técnica tinha subjacente a ideia de que era possível fazer arte a partir do nada.

Nova objetividade
Após a I Guerra Mundial, os problemas económicos, políticos e sociais provocaram fortes críticas e
conduziram à afirmação de uma Nova Objetividade. Esta corrente artística teve como principais
representantes George Grosz, Otto Dix e Max Bechmann. A desolação da guerra refletiu-se nas suas obras
através de uma crítica irónica e caricatural à situação da Alemanha no pós-guerra, apresentando de modo
satírico e grotesco, uma sociedade mergulhada no desespero e na tragédia da derrota.

Surrealismo
A publicação do Manifesto do Surrealismo, em 1924, por André Breton foi um acontecimento
cultural que deu origem ao surrealismo. Influenciado pela psicanálise e pela teoria dos sonhos de Freud,
para Breton, o indivíduo não se separava do seu inconsciente e alcançava-os, facilmente, através da
representação da imagem e da arte. O surrealismo foi o mais influente e duradouro dos movimentos de
vanguarda. O seu objetivo era fundir o inconsciente com o sonho, para criar uma nova sobrerrealidade - a
realidade surrealista.
Para os surrealistas, o inconsciente era a única forma de alcançar a originalidade e a autenticidade. O
surrealismo descobriu uma nova dimensão artística definida pelo domínio do inconsciente e pela
representação das imagens remotas da mente. Cada artista encontrou, assim, a sua própria forma de
representação da realidade. Uns e outros procuram a forma de revelar as imagens encerradas no
inconsciente de cada um.

As vanguardas: ruturas com os cânones da literatura


As vanguardas literárias modernistas refletiram as transformações que ocorreram na ciência e na
arte. As convicções tradicionais foram abaladas pela Primeira Guerra Mundial. A descoberta da importância
do inconsciente, a nova noção de espaço e de tempo refletiram-se na literatura, que procurou construir
outra realidade: os romances tornaram-se fragmentados, retratando parcelas dos personagens, do espaço
e do tempo, com a narração simultânea, que recua e avança no tempo. O herói foi substituído pelo anti-
herói que se revela nas suas fragilidades, assumindo um "Eu" instável, repleto de dúvidas e de
contradições.
O romance a poesia tornaram-se experimentais, e a necessidade de criar uma nova linguagem, de
romper com a tradição do século XIX levaram a que a literatura modernista se tornasse mais livre das
convenções formais (por exemplo, a nível da pontuação, da construção de frases, do uso de palavras e de
ideias sem nexo). O leitor passou a ter um papel ativo na construção do sentido da narrativa.

CONCEITOS:
 SOVIETE: É a palavra que em russo significa conselho ou assembleia, formado por delegados do
povo, soldados e operários, camponeses e marinheiros, que intervinham na sociedade e na
administração, desde as fábricas aos campos, por toda a Rússia. Este organismo, em 1905, tinha já
uma vertente revolucionária ao organizar greves.
 MARXISMO-LENINISMO: Designa a teoria política e económica, assente na doutrina marxista, que
Lenine desenvolveu e adaptou à realidade da Rússia. Tornou-se na ideologia do regime da Rússia
soviética, entre 1917 e 1991. Foi também uma ideologia e prática política adotada noutros países, a
partir da II Guerra Mundial.
 DITADURA DO PROLETARIADO: Designa a etapa intermédia antes do comunismo, em que o
proletariado toma o poder e põe fim ao capitalismo, apropriando-se dos meios de produção.
 COMUNISMO: Designa, na linguagem marxista-leninista, a etapa final na construção do socialismo,
com vista a edificar uma sociedade sem classes, na qual os meios de produção pertencem à
comunidade, deixando de haver desigualdades sociais, e em que o Estado deixaria de existir.
 ANOMIA SOCIAL: Designa o sentimento de vazio, de perda de raízes, em virtude das mudanças
sociais, provocadas pelo fim das normas e dos valores tradicionais de regulação da vida e da
sociedade.
 FEMINISMO: Designa o movimento que defende o estado de igualdade de direitos políticos,
económicos, culturais e sociais para as mulheres.
 RELATIVISMO: Designa a conceção de que o conhecimento é relativo, pois o tempo, o espaço, o
indivíduo e a cultura condicionam o conhecimento e a apreensão da realidade. As várias correntes de
pensamento, ligadas ao relativismo, têm como ponto comum a contestação da existência de uma
verdade absoluta, na ciência, nos valores, ou na cultura.
 MODERNISMO: Designa o movimento cultural e artista das sociedades ocidentais, nas primeiras
décadas do século XX (prolongou se até aos anos 50). Engloba várias tendências e gostos nos
domínios da arte, da arquitetura, da literatura e da música. Rompeu com a tradição académica e
inaugurou um novo sentido estético, baseado na liberdade de criação, na subjetividade e na força
emocional.
 VANGUARDA CULTURAL: Designa a rutura com a tradição artística e assenta na quebra de regras e
de convenções artísticas, levando até aos limites a liberdade e a capacidade criadora.
 PSICANÁLISE: Designa o método psicoterapêutico que explora o inconsciente do indivíduo, com vista
a encontrar as repressões reprimidas no inconsciente e que condicionam o comportamento.

Queda da produção activa;


Campos não produziam;
Fábricas, minas e frotas destruídas;
Finanças desorganizadas.
1.

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