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ONDE
INVESTIR
EM 2023
Fundos imobiliários, ações, dólar:
o que esperar ainda nesse ano
SUMÁRIO

Introdução 3

O que esperar até o fim de 2023 5

Dólar vai continuar nos R$ 5? 7

Hora de comprar? 9

Fundos Imobiliários (FII's) 11

Performance dos segmentos


de FIIs em 2023 13

Onde investir? 14

Fiagros 15

Fiagros ou ações
do agronegócio? 17

Renda fixa 19

Títulos pós-fixados 20

Títulos prefixados 21

Títulos de longo prazo 23

Ações 26

Criptomoedas 29
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 3

INTRODUÇÃO

No início deste ano, não faltavam preocupações para


os investidores: o terceiro mandato de Lula na presi-
dência, a recuperação econômica da China e os juros
no Brasil e nos Estados Unidos.
Da disciplina de gastos do novo governo ao mercado
de commodities, passando por eventuais ingerências
sobre companhias estatais e seus dividendos, o ano
começou nervoso, volátil e tateando sinais do que
estaria por vir.

No entanto, o primeiro semestre encerrou com Ibovespa


batendo recordes de recuperação e o dólar voltando
para a faixa dos R$ 5.

Quais são os fatores que estão levando à essa conflu-


ência de boas notícias? Conforme o panorama político-
-econômico se consolida, onde os analistas enxergam
as melhores oportunidades para seus investimentos?

Aproveite a leitura e bons investimentos!


O QUE ESPERAR
ATÉ O FIM DE
2023

Passados os primeiros seis


meses do ano e a valorização
do Ibovespa, investidores se
questionam onde investir
no segundo semestre.

ARTUR SCAFF
Estagiáro
do E-Investidor
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 5

Ricardo França, analista de investimentos da Ágora,


destaca diversos pontos para os investidores fica-
rem de olho no segundo semestre, com especial
enfoque para a Reforma Tributária.

Segundo ele, apesar da relevante alta vista no


Ibovespa, o mercado já se
antecipou a alguns direcio-
nadores, como os efeitos do
arcabouço fiscal e da queda
da Selic – atualmente em
13,25% ao ano e agora pre-
cisa de novos direciona-
dores, como o avanço das
reformas

França destacou que esse


pode ser um momento inte-
ressante para começar a
se expor na renda variá-
vel: “nossa bolsa é barata,
tem muitas oportunida-
des”, disse. “Agora é hora
de diversificar com renda
fixa e variável. Os juros vão seguir altos, mas com
a queda a bolsa deve melhorar”, completou.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 6

Outros pontos podem influenciar os investimentos


e a economia brasileira, como a política monetá-
ria nos EUA – onde o Fed tenta equilibrar os juros
entre o combate à inflação e não prejudicar a ati-
vidade econômica do país –, a guerra na Ucrânia e
a possível retomada da economia da China, maior
parceiro comercial do Brasil.

Para França, “levando em consideração o dólar de


longo prazo, ele pode ceder um pouco mais. Não
acho que ele deva gerar grandes retornos no longo
prazo, mas pode ser interessante para diversifica-
ção e ajudar no controle da volatilidade”.

Na renda variável, “o setor elétrico é uma boa opção


para o segundo semestre, como Copel, Eletrobras e
Taesa. Além dessas empresas, a Vale, que não teve
um bom desempenho neste início de ano, deve se
recuperar no segundo semestre. Com a queda nos
juros, o setor de varejo pode ser interessante tam-
bém”, disse.
DÓLAR VAI
CONTINUAR
NOS R$ 5?
A cotação do dólar passou por um
desvalorização no primeiro semestre
de 2023 que não se via há sete anos
no mercado brasileiro. A moeda
americana, que começou o ano a
R$ 5,23, acumulou uma queda de
9,25% até o fim de julho, quando
era cotada a R$ 4,72. Nos dois
primeiros dias de agosto, no
entanto, o dólar voltou
a casa dos R$ 4,80.

LUÍZA LANZA
Repórter
do E-Investidor
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 8

O grande destaque que estava pesando na cota-


ção era a reunião do Comitê de Política Monetária
(Copom) do dia 2 de agosto. O mercado aguardava
com muita expectativa a redução da taxa Selic em
0.5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, depois
de 12 meses de juros estacionados.

Trata-se de uma melhora brusca no humor com


que o mercado iniciou o ano em meio às incerte-
zas macroeconômicas globais e o novo governo no
Brasil. Agora, passada parte dessa instabilidade, o
País vem conseguindo se colocar como destino do
capital estrangeiro entre os emergentes.

Para o segundo semestre, no entanto, pairam algu-


mas dúvidas sobre a continuidade dessas quedas.A
projeção mais recente do Boletim Focus, por exem-
plo, indica um dólar a R$ 5 até o final do ano.

Gabriel Moraes, da Arcani Investimentos, destaca


que, embora o Focus reúna um resumo das expec-
tativas do mercado, ainda existe muita divergência
entre os agentes. Nem todos, diz ele, acreditam
que a tendência para o segundo semestre é de
valorização do dólar.

“Para o dólar se manter aos R$ 5, duas coisas pre-


cisam acontecer: os juros dos EUA ficarem altos
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 9

por mais tempo, o que atrai o dinheiro para lá; e


os juros do Brasil caírem muito rápido”, explica
Moraes. “Se o BC baixar os juros em uma velocidade
muito rápida, isso pode fazer o dólar se apreciar
de novo.”

Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nor-


deste da B&T Câmbio, explica que, por ora, não é
esperado que a decisão do Copom gere grandes
movimentos na cotação do dólar. “O início deste
ciclo de corte nos juros já está precificado pelo
mercado, e o impacto no câmbio, por enquanto,
tende a ser equilibrado pela melhor perspectiva
econômica local, que na semana passada teve a
nota de crédito elevada pela agência de classifi-
cação de risco Fitch Ratings”, diz.

HORA DE COMPRAR?
A cotação do dólar é uma das variáveis mais di-
fíceis de se prever no mercado, por isso especia-
listas não conseguem cravar o futuro da trajetória
da moeda. Ainda assim, para aqueles investidores
interessados em dolarizar o portfólio ou turistas
com viagens agendadas que precisam comprar a
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 10

moeda, a desvalorização atual pode indicar uma


boa janela de oportunidade.

A recomendação, no entanto, é sempre fazer múl-


tiplos aportes – ou seja, ir comprando aos poucos
para fazer um preço médio, sem tentar adivinhar
o futuro da cotação.

“Nós sempre indicamos que os clientes


façam suas compras em partes”, diz Hary-
ne Campos, da WIT Exchange. “o dólar ainda
tem margem para continuar em queda;
mas também temos fatores que podem
influenciar a alta da moeda, então indi-
camos que os clientes garantam parte de
suas compras para aproveitar a cotação.”
FUNDOS
IMOBILIÁRIOS

O início do corte nos juros sinaliza ao investidor que os próximos


meses serão de oportunidade para investir em fundos imobiliários.
Com o fim do ciclo de aperto monetário,
os ativos de renda variável, como os FIIs,
tendem a ficar mais atrativos do que
os de renda fixa que possuem sua
rentabilidade atrelada aos juros e
à inflação. O desempenho do IFIX
já aponta para essa tendência.

DANIEL ROCHA
Repórter
do E-Investidor
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 12

No acumulado de 2023, o índice que reúne os prin-


cipais fundos do mercado apresenta uma alta de
8,24%. Um levantamento da Monett mostra que,
mesmo com os recentes ganhos, a maioria dos FIIs
segue com preço abaixo do valor considerado justo
no mercado.

O movimento de recuperação era previsível, na ava-


liação de analistas, à medida em que os efeitos da
pandemia da covid-19 fossem mitigados e crescesse
a perspectiva de fim do ciclo de aperto monetário.

“Independentemente do ritmo desse


corte, devemos ter um ambiente mais
propício para ativos de risco, em que os
investidores deverão voltar a olhar para
instrumentos com maiores retornos”, diz
Alessandro Correia, da Vectis Gestão.

De acordo com o levantamento da Monett, todos os


segmentos de FIIs acumulam valorização de suas
cotas nos últimos seis meses. Além disso, a maioria
conseguiu pagar ao longo do primeiro semestre um
DY de quase 1% por mês aos cotistas.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 13

PERFORMANCE DOS
SEGMENTOS DE
FIIS EM 2023:
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 14

ONDE INVESTIR?
A mudança de cenário econômico com o início do
corte de juros, agora em 13,25% ao ano, abre uma
janela de oportunidades para os fundos de tijolo.
Segundo a Monett, a maioria dos segmentos desta
categoria segue com descontos de até 30%. Na
prática, isso significa que esses produtos ainda
têm um percurso de recuperação significativo.

Com esta perspectiva, Wellington Lourenço, da


Ágora, acredita que o investidor precisa dar prefe-
rência aos fundos de lajes corporativas por enxergar
um movimento gradual e consistente da retomada
dos modelos de trabalho presencial.

Os shoppings também devem estar no radar dos


investidores que pretendem fazer mudanças nos
seus portfólios, devido aos preços atrativos, mas o
analista da Ágora alerta para as mudanças no pa-
drão de consumo da população – hoje fortemente
voltado ao e-commerce – que podem afetar nos
rendimentos desses FIIs.
FIAGROS

Fundos do agro vão pagar menos dividendos


com o início do corte dos juros?

IURI GONÇALVES
Repórter colaborador
do E-Investidor
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 16

O bom desempenho do agronegócio e a expecta-


tiva de safras recorde em 2023 têm alimentado as
projeções de bons resultados para ativos relacio-
nados ao setor, incluindo os Fiagros.

Segundo levantamento de Einar Rivero, do Trade-


map, o Fiagro Eco (EGAF11) teve um dividend yield
de 9,31%, enquanto o Fiagro XP Ca (XPCA11) bateu
8,33% e o Fiagro Nch (NCRA11), 8,31%. Os dados são
referentes a 2023, até o começo do mês de junho.

O resultado pode ser explicado, em parte, pela


alta taxa de juros no País, já que os Fiagros são
compostos principalmente por produtos de crédito
como os Certificados de Recebimento do Agro-
negócio (CRAs), produtos de renda fixa com ren-
tabilidade associada ao Certificado de Depósitos
Interbancários (CDI), que normalmente acompanha
a taxa de juros.

“Toda essa pujança do setor realmente


acaba fortalecendo os Fiagros, que aca-
bam podendo comprar ativos eventual-
mente com um spread de crédito, uma
remuneração bastante interessante”,
explica Marcio Takaya, da Sparta.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 17

O analista avalia que em um cenário de redução


das taxas de juros, a taxa de remuneração de um
Fiagro seria relativamente maior comparada ao CDI.
“Hoje, uma carteira de CDI mais 4% corresponde a
cerca de 120% do CDI. Num cenário em que o CDI
caia para 8%, por exemplo, essa mesma carteira
equivaleria a 150% do CDI”, ilustra.

Opinião semelhante tem Maria Tereza Vendramini,


da AZ Quest: “mesmo para daqui 48 meses e com
queda da Selic, vemos os Fiagros ainda dando um
retorno muito bom, dando 130%, 140% do CDI”.

FIAGROS OU AÇÕES DO
AGRONEGÓCIO?
Em um cenário de redução das taxas de juros e
bom desempenho do setor agroindustrial, investi-
dores podem sentir dificuldade em compreender
qual seria o melhor caminho para o seu portfólio:
Fiagros ou ações de empresas do agro?

Essa decisão, no entanto, tem menos a ver com a


expectativa de desempenho e mais com o próprio
perfil do investidor. Apesar de serem investimentos
em renda variável, os Fiagros são compostos em
grande parte por produtos de renda fixa, consi-
derados mais previsíveis e seguros. O pagamento
dos créditos é priorizado pelas empresas antes da
distribuição dos lucros de dividendos.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 18

Além disso, os Fiagros pagam com maior recor-


rência, normalmente em dividendos mensais. Já
as empresas listadas em bolsa costumam pagar
dividendos em intervalos de tempo maiores, com
um valor distribuído mais incerto.

Já as ações são menos previsíveis, sendo que na


avaliação de compra, entram aspectos como expec-
tativa do preço de commodities, safras e atividade
de cada empresa avaliada.
De toda forma, o cenário de boas safras e quedas
de juros – reduzindo o custo do crédito – deve
beneficiar também as companhias do agronegócio
na Bolsa..
RENDA FIXA,
AÇÕES &
CRIPTOMOEDAS
Desde que o BC iniciou o ciclo de
aperto monetário, a renda fixa
voltou a figurar como a queridinha
dos portfólios. Não é para menos:
com pouquíssimo risco, ativos pós-
fixados como o Tesouro Selic estão
rendendo mais de 1% ao mês.

LUÍZA LANZA
Repórter
do E-Investidor
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 20

TÍTULOS
PÓS-FIXADOS
Esse cenário pode estar prestes a mudar. O mer-
cado já se movimenta em função do início do ciclo
de cortes na taxa Selic. Isso significa que o CDI,
que determina o rendimento dos títulos pós-fixa-
dos de renda fixa, vai diminuir — o que também
resultará em retornos menores nesses ativos.

“Acontecendo mesmo o corte de juros,


os investimentos pós-fixados inevita-
velmente vão ter uma queda em seu
desempenho”, destaca Pedro Despessel, do
Simpla Club. “O investidor que está com a carteira
muito concentrada nesses ativos vai sentir na sua
rentabilidade”, diz.

O maior otimismo frente a possibilidade de queda


na Selic tem feito inclusive muitos analistas reco-
mendarem uma maior alocação em títulos prefixa-
dos, que “travam” a rentabilidade no momento da
compra do título. Mas isso não significa também
que investidores devem abrir mão completamente
dos pós-fixados.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 21

Na visão de Ana Paula Carvalho, da AVG Capital,


ainda faz sentido manter a alocação em pós-fi-
xados. Ela explica que, por mais que haja novos
cortes na Selic, o investidor tem ao menos mais
um ano de meio de rendimentos de dois dígitos
em ativos considerados de baixo risco.

Odilon Costa, da SWM, também tem preferência


pela renda fixa pós-fixada. “Achamos preci-
pitado falar em um ‘range’ na carteira a
partir das curvas de juros. Entendemos
que um pouco de alocação pré possa
fazer sentido taticamente, mas olhando
estruturalmente ainda preferimos papéis
pós-fixados (CDI+ e %CDI) e híbridos
(IPCA+)”, destaca.

TÍTULOS PREFIXADOS
Por: Iuri Gonçalves | Repórter colaborador do E-Investidor

As taxas de rentabilidade dos títulos prefixados do


Tesouro Direto já haviam engatado um movimento
de queda em antecipação aos cortes na Selic. A
expectativa é de que os títulos não passem por
grandes oscilações nos próximos meses, mas o
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 22

cenário para títulos de mais longo prazo ainda


carrega incertezas.

De acordo com especialistas ouvidos pelo E-In-


vestidor, os títulos de curto prazo já precificaram
o arrefecimento da curva de juros. Hoje, o Tesouro
Prefixado 2026, título prefixado com vencimento
mais próximo no Tesouro Direto, paga uma renta-
bilidade de 10,02%.

“Nossa expectativa é de que a Selic


tenha uma redução para 12% até o final
deste ano e para 9,5% no ano que vem.
Portanto, não esperamos variação sig-
nificativa nas taxas prefixadas para os
títulos curtos, pois já embutem expec-
tativa semelhante”, explica Rafaela Vitória,
do Banco Inter.

O movimento de queda ocorre em um ano em que


os títulos prefixados do Tesouro Direto chegaram a
bater rentabilidades contratadas com margem de
13% ao ano no mês de fevereiro. Naquele momento,
o ativo pagava um prêmio de risco alto devido ao
receio do mercado em relação à política fiscal que
seria adotada pelo governo Lula. A partir de março,
o ativo passou a se valorizar e sua rentabilidade,
cair.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 23

“Ao longo de 2023, com o mercado ante-


cipando o início da flexibilização mone-
tária e o avanço das pautas econômicas,
com o novo arcabouço fiscal e início das
discussões da reforma tributária, obser-
vamos uma forte performance positiva
nesses títulos prefixados”, explica Ian Lima,
da Porto Asset Management.

Segundo ele, os títulos prefixados de curto prazo


possuem uma correlação maior com as políticas
monetárias. O especialista também acredita que
boa parte dos ganhos já foram incorporados no
preço atual, o que deve levar a taxas de contrata-
ção de 9,75% a 10% para o Tesouro Prefixado 2026
ao fim deste ano.

TÍTULOS DE
LONGO PRAZO
O cenário é um pouco diferente para os títulos com
vencimentos mais distantes. Em geral, a volatili-
dade desse tipo de ativo costuma ser maior e a
capacidade de lidar com a inflação, bem como a
política fiscal, podem impactar o desempenho do
ativo e a sua rentabilidade.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 24

Segundo Rafaela Vitória, como o cenário de médio


e longo prazo ainda carrega incerteza pelo lado
do risco fiscal, ou seja, a inflação poderia voltar a
subir e com isso interromper o ciclo de cortes, o
banco não aposta em quedas muito maiores nesse
momento para as taxas longas.

Normalmente os ativos com prazos de vencimento


mais longos pagam um prêmio maior devido ao
risco atrelado a segurar aquele investimento por
um tempo maior. Por esse motivo, Ian Lima acre-
dita que esses títulos devam terminar o ano com
uma rentabilidade entre 10% e 10,25%.

Para Paulo Ricardo dos Santos, da Blue3 Investi-


mentos, o comportamento dos preços dos bens e
serviços ainda pode impactar as expectativas, uma
vez que uma inflação maior que a meta, estipu-
lada em 3,25%, mas com tolerância até 4,5%, pode
fazer com que a Selic seja sustentada em níveis
elevados por mais tempo.

AINDA DÁ PARA SE POSICIONAR


EM PREFIXADOS?
Na avaliação de Lucas Queiroz, do Itaú, os títu-
los prefixados com prazo de vencimento curto
já atingiram um preço “justo”, pensando em um
cenário de taxas de juros a 9% no fim do próximo
ano. As incertezas em relação ao comportamento
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 25

da inflação, no entanto, ligam o alerta acerca dos


títulos com vencimentos mais distantes.

Para Queiroz, seria necessário um cenário econô-


mico bastante favorável, indicando taxas de juros
ainda menores do que 9%, para que os títulos de
longo prazo comprados com a rentabilidade atual
valessem a pena.

Somado a isso, no momento os títulos com ven-


cimentos mais longos pagam prêmios de risco
relativamente pequenos se comparados aos de
curto prazo. Hoje, o Tesouro Prefixado 2026 paga
uma rentabilidade de 10,02% ao ano e o Tesouro
Prefixado 2029 paga 10,67% ao ano.

Na Blue3, a recomendação também tem sido de


redução da exposição da carteira aos prefixados
após a janela de oportunidade de estresse na curva
de juros, que levou os títulos a rendimentos de 13%.
“Temos projeções de que continuam os
fechamentos da curva de juros para o
médio prazo. Estamos finalizando essa
janela de oportunidade para esse tipo
de ativo”, aponta Santos.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 26

OS MELHORES
SETORES DA BOLSA
PARA INVESTIR
AGORA E ATÉ O
FIM DE 2023
Por: Luiza Lanza | Repórter do E-Investidor

O primeiro semestre do ano na Bolsa de valores


brasileira vai ficar marcado pelo rali de valoriza-
ção nas últimas semanas de maio e junho. Com
perspectivas melhores no lado fiscal e dados mais
positivos de inflação, o mercado brasileiro passou
a precificar o início dos cortes na taxa Selic para
agosto. A expectativa mais otimista levou a uma
mudança brusca no humor e fez o Ibovespa rever-
ter as perdas do início do ano, com alta acumulada
de 8,5% até agosto.

Felipe Moura, da Finacap Investimentos, explica


que o corte nos juros será benéfico para a Bolsa
como um todo: “as empresas que vêm reportando
resultados mais sólidos tendem a continuar indo
bem-dado a melhora da conjuntura macro.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 27

Mas são aquelas que vinham sendo massacradas,


com valuations (valor do ativo) muito baixos em
função do cenário dos últimos anos, que tendem
a ter apreciações maiores de preço”.

“À medida que a Selic cai, as compa-


nhias pagam menos juros para bancos
e credores, aí sobra caixa para remune-
rar o acionista, fazer novos investimen-
tos, continuar o ritmo de crescimento,
por exemplo. Construtoras e varejistas
vão se beneficiar bastante no segundo
semestre”, afirma Hugo Baeta, da AF Invest.
Entre as principais escolhas de corretoras para
o varejo estão as ações da Arezzo (ARZZ3). Na
Guide Investimentos, a marca de calçados é tida
como um “modelo de negócios inteligente”, com
eficiência operacional competitiva e em ritmo de
aquisições e parcerias, que tem preço-alvo de R$
110 para os papéis.

ALÍVIO DAS DÍVIDAS


Quem também deve se beneficiar do recuo dos juros
na economia são as ações de setores com mar-
gem de endividamento maior, como as companhias
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 28

aéreas. Para Marcelo Citadin, da GT Capital, para


além dos movimentos que já aconteceram enquanto
o mercado antecipa o corte na Selic, essas empresas
ainda têm espaço para se beneficiar no momento
em que a redução dos juros realmente acontecer.

Entre as aéreas, o especialista dá destaque aos


papéis da Azul (AZUL4), que já sobe mais de 90%
no ano, disparada como a ação do Ibovespa que
mais se valorizou em 2023. “É um papel que
já andou bem, mas que ainda tem bas-
tante coisa para performar porque é uma
empresa bem endividada e que tem um
fluxo de caixa complicado”, diz. “ No curto
prazo, é o papel que mais veremos diferença.”

No caso específico da Vale, os resultados finan-


ceiros também jogaram contra. Os ganhos mais
modestos indicados no balanço referente ao pri-
meiro trimestre de 2023 resultaram no corte de
US$ 1,8 bilhão em dividendos, a maior redução de
pagamentos para acionistas em todo o mundo.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 29

CRIPTOMOEDAS
Por: Luiza Lanza | Repórter do E-Investidor

Com uma alta de 68,5% em 6 meses, o Bitcoin foi


o melhor investimento do primeiro semestre de
2023. O desempenho é quase dez vezes superior
ao Ibovespa, que subiu 7,61% no mesmo período.
A cotação da maior criptomoeda do mercado saiu
da casa de US$ 16 mil no início do ano para os
atuais US$ 29 mil.

Lendel Vaz Lucas, da iVi Technologies, vê uma


série de fatores que confluíram para este resul-
tado, principalmente com relação à maior previsi-
bilidade em relação ao ciclo de aperto monetário
nos Estados Unidos.

Com a melhora do cenário macroeconômico aju-


dando os ativos de risco, um halving no radar
para 2024 e outros avanços no mundo cripto em
discussão — como a crescente participação de
players institucionais no mercado —, especialistas
esperam um 2º semestre positivo para o bitcoin.

Na visão de Alexandre Ludolf, diretor de inves-


timentos da QR Asset Management, a principal
criptomoeda do mercado deve encerrar 2023
entre US$ 35 mil e US$ 40 mil.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 30

NOVA FEBRE NO
MUNDO CRIPTO?
As criptomoedas foram uma febre entre os inves-
tidores brasileiros nos últimos anos. A pesquisa
mais recente do Raio X do Investidor, realizada pela
Anbima mostra que a quantidade de brasileiros com
alocação em criptos (3%) é superior ao número de
investidores de ações (2%) – uma classe de ativos
presente no mercado há muito mais tempo.

Boa parte desses investidores foram atraídos pelas


histórias de ganhos estratosféricos que surgiram
quando a cotação do bitcoin atingiu um recorde
de US$ 68 mil em outubro de 2021. Quem tinha a
cripto na carteira há muitos anos, como aqueles
pioneiros que investiram quando o BTC ainda valia
“uma pizza”, conseguiu obter um retorno que difi-
cilmente é visto no mercado financeiro. Um movi-
mento de valorização que atraiu muitos investidores
para esse mercado nos últimos anos.

De outubro de 2021 para cá, no entanto, o interesse


por essa classe de ativos andou de lado à medida
que o “inverno cripto” se instaurou. Em 2022, o
bitcoin foi considerado o pior investimento do ano,
com uma queda acumulada de 66%.
Especial - Onde Investir até o fim de 2023 31

Outros fatores também contribuíram para afastar


investidores desse mercado no período: a quebra
da FTX, o colapso da Terra (LUNA), a desvaloriza-
ção das NTFs, além dos diferentes casos de gol-
pes envolvendo as criptomoedas. Relembre alguns
deles.

Para Alexandre Ludolf, da QR Asset, passados esses


eventos, ainda é possível observar um interesse de
investidores em relação à tese das criptomoedas,
especialmente no que diz respeito à aplicabilidade
das infraestruturas e à tokenização.

Mas o interesse dos brasileiros pelo tema vai voltar


ao auge? Somente quando as cotações também
voltarem a seu patamar histórico, opina Fabrícia
Tota, do Mercado Bitcoin. Segundo ele, o desem-
penho positivo do bitcoin no semestre ainda não
foi suficiente para atrair uma onda de novos inves-
tidores pessoa física para esse mercado.

“As pessoas costumam ficar ancoradas


em preços que já viram anteriormente.
Por mais que tenhamos uma alta signi-
ficativa ainda esse ano, somente a pos-
sibilidade de novas máximas históricas
devem trazer uma nova onda de inves-
tidores individuais”, diz Tota.
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NESTE MATERIAL:

Renato Vieira
Wladimir D'Andrade
Jenne Andrade
Daniel Rocha
estadaoinvestidor Luiza Lanza
Artur Nicoceli Hebert de Oliveira
Jorge Barbosa Design/Diagramação
Shagaly Ferreira
Valéria Bretas
einvestidor
Texto

Valéria Bretas
Edição

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