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5 DE JULHO DE 2023
nossos experts
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Fernando Ferreira, CFA Caio Megale


Head do Research Economista-Chefe
e Estrategista-Chefe

Jennie Li, CFA Marcella Ungaretti Paulo Gitz, CFA Danniela Eiger, CFA
Estrategista de Ações Head Research ESG Estrategista Global Co-Head de Equity
Research

Pedro Bruno Rodrigo Sgavioli, CFP Camilla Dolle Maria Fernanda Violatti
Co-Head de Equity Head de Alocação Head de Análise Head de Fundos
Research e fundos de Renda Fixa Listados

Andres Pardo André Vidal Bernardo Guttmann Júnia Gama Leonardo Alencar Lucas Laghi
Head de Estratégia Head de Óleo, Gás e Head do Setor Analista de Head Agro, Head Materiais Básicos
LatAm Petroquímicos Financeiro e de TMT Política Alimentos e Bebidas e Bens de Capital

Maíra Maldonado Paulo Gama Rafael Barros, CFA Victor Scalet Ygor Altero
Analista de Energia Analista de Head de Saúde Estrategista Macro e Head de
e Saneamento Política e Educação Analista de política Construção Civil
3

INTRODUÇÃO

Os sábios
recalculam
suas rotas
Na peça “As You Like It”, William Shakespeare escreveu que “o tolo acredita ser sábio, mas
um sábio se reconhece como um tolo”. No mercado, o tolo é aquele que tem certezas
absolutas e evita revisar suas perspectivas e convicções.

Na última edição do nosso relatório geral de expectativas, o “100 Dias de 2023: Onde
Investir Agora”, faltavam respostas sobre a política fiscal do novo governo e a Bolsa
brasileira vinha apresentando desempenho inferior aos pares globais. Porém, trouxemos
uma visão construtiva, baseada nos níveis atrativos de preços naquele momento. Meses
depois, o arcabouço fiscal está em fases finais de tramitação, começamos a vislumbrar o
desenho da reforma tributária e aguardamos o início do ciclo de afrouxamento da política
monetária — com o primeiro corte da Selic já em agosto.

Neste desenho, nossa bolsa vem apresentando fortes ganhos recentes, mas os preços
ainda seguem em níveis atrativos, na nossa visão. Isso é corroborado por dados
históricos, que mostram a Bolsa brasileira valorizando até três vezes mais que o CDI
durante períodos de ciclos de cortes de juros.

Globalmente, a postura dos bancos centrais continua dura, enquanto as economias têm
apresentado maior resiliência do que o esperado e a inflação vem desacelerando. Os
mercados globais tiveram desempenho forte nos últimos meses, puxado principalmente
pelo tema da Inteligência Artificial, e a expectativa de recessão continua não sendo uma
realidade. Mas, de maneira geral, é importante notar que o nível de preço da Bolsa
americana está elevado. Portanto, ao contrário do que vemos no Brasil, seguimos com
maior cautela para mercados globais, mantendo a preferência pela Renda Fixa nos EUA.

Nas próximas páginas, reunimos as revisões de expectativas dos nossos times de


estratégia, macroeconomia, política, alocação e análise de mercado. Recalculamos nossa
rota visando ajudar você a selecionar os melhores caminhos para os seus investimentos
nos próximos seis meses.

Boa leitura,
Fernando Ferreira e time Research XP
4

Sumário
01
Economia 5
Reequilíbrio global abre espaço para
afrouxamento monetário nos emergentes

02
Política 9
Alguns desafios superados; arrecadação em foco
03
Estratégia 11
Vários motivos para continuar otimista
com a Bolsa no Brasil
Estratégia Quant 14
Estratégia Internacional 16
04
ESG 18
Quatro principais tendências
05
Ações 21
Nossas perspectivas para cada setor da Bolsa

06 Renda Fixa 31
Cenário melhora, mas oportunidades ainda existem

07 Fundos Listados 32
Como se beneficiar em um contexto favorável

08 Alocação 37
Hora de ir ao ataque?

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5
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Economia: reequilíbrio global abre


espaço para afrouxamento monetário
nos mercados emergentes
Economia Por Andres Pardo e Francisco Nobre
6

Inflação global finalmente diminuindo, mas bancos centrais ainda não


encerraram os ciclos de aperto
A política monetária terá que permanecer restritiva por mais tempo nas economias desenvolvidas. Nos
Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) fez uma pausa em seu ciclo de aperto na reunião de junho, embora
tenha sinalizado que pretende aumentar um pouco mais os juros. Ainda assim, os “riscos de cauda”
parecem estar desaparecendo. Por um lado, a turbulência bancária diminuiu consideravelmente e as
expectativas de que o Fed seria forçado a cortar as taxas prematuramente se dissiparam. Apesar de a
inflação permanecer acima da meta, os últimos dados mostraram sinais mais convincentes de que o
processo desinflacionário está ganhando força, o que significa que as autoridades não precisarão apertar
ainda mais a política monetária.

Nosso cenário-base indica que o Fed não retomará seu ciclo de aperto e manterá o limite superior da taxa
dos Fed Funds estável em 5,25% até o final do ano. Esperamos que o banco central norte-americano
comece gradativamente a cortar as taxas no primeiro trimestre de 2024, encerrando o ano em 3,5%. No
entanto, os riscos estão inclinados para cima.

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) também parece estar se aproximando do fim do ciclo de aperto,
embora a rigidez do núcleo da inflação provavelmente force aumentos de juros nas duas próximas reuniões.
Enquanto isso, no Reino Unido, o núcleo da inflação manteve inesperadamente uma forte tendência de alta,
e o banco central local provavelmente terá que continuar seu ciclo de aperto até o final do ano. Ao todo, a
política monetária deve permanecer restritiva por mais tempo nos países desenvolvidos, e ainda esperamos
que essas economias entrem em recessão moderada no final de 2023 ou início de 2024.

A economia global deve enfraquecer em meio


a juros altos nos países desenvolvidos
(Taxa de juros anual (%))
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
-1,0
jul-21 out-21 jan-22 abr-22 jul-22 out-22 jan-23 abr-23 jul-23
EUA Zona do Euro Reino Unido
Fonte: Bloomberg, XP Research

Desaceleração da China ajuda a reduzir a inflação global, abrindo


espaço para afrouxamento monetário na América Latina
A China reabriu a economia, conforme o esperado, mas teve desempenho abaixo das projeções no primeiro
semestre. A produção industrial e as vendas no varejo decepcionaram recentemente, enquanto os setores
imobiliário e de comércio exterior – os principais impulsionadores do crescimento da China nos últimos anos
– permanecem fracos. Espera-se que o consumo pessoal se recupere firmemente devido à alta demanda
reprimida e à poupança acumulada, mas isso pode não ser suficiente para compensar a fraqueza em outros
setores. Consequentemente, o banco central chinês começou a reduzir suas taxas de juros de referência, e o
governo deve anunciar estímulos fiscais adicionais. Ainda assim, esses estímulos podem não ser suficientes,
e cresce o risco de a China não conseguir atingir sua meta de crescimento de 5%.
01 Economia 7

Retomada econômica da China ainda não é convincente


Importações e exportações (US$ bilhões, % a/a)

40
30
20
10
0
-10
-20
-30
ago-21 nov-21 fev-22 mai-22 ago-22 nov-22 fev-23 mai-23

Importações Exportações
Fonte: Bloomberg, XP Research.

Na América Latina, o processo desinflacionário ganha força e os bancos centrais tentam encontrar o
momento certo para começar a cortar os juros. A inflação ao consumidor está desacelerando de forma
gradual na maioria dos países da região, com as medidas de núcleo mostrando sinais mais claros de alívio.
Além disso, a inflação ao produtor recua de forma expressiva desde meados de 2022 e, mais recentemente,
ficou abaixo dos níveis pré-pandêmicos e até atingiu território negativo na maioria das economias. Espera-se
que a inflação na região continue diminuindo daqui para frente, devido à redução das restrições de oferta no
pós-pandemia e à desaceleração da demanda agregada, especialmente de bens.

Os bancos centrais estão mais confiantes de que a inflação está em queda, e provavelmente começarão a
cortar as taxas de juros nos próximos meses; mas o afrouxamento deve ser gradual, dado que a inflação
continua bem acima da meta. Acreditamos que os próximos países a iniciar seus ciclos de flexibilização
serão Chile (julho), Brasil (agosto) e Peru (agosto), enquanto os cortes de juros podem ter que esperar um
pouco mais na Colômbia (outubro ou dezembro) e no México (novembro).

Brasil: BC prepara flexibilização gradual, enquanto sustentabilidade


fiscal continua sendo um desafio apesar do novo arcabouço
Por Caio Megale, Rodolfo Margato, Alexandre Maluf e Tiago Sbardelotto
O reequilíbrio global e os preços ainda elevados das commodities tendem a beneficiar o Real. Vemos a taxa
de câmbio na faixa de 4,50-5,00 R$/US$ por enquanto. E mantemos uma previsão de R$/US$ 5,00 no final
do ano. A balança comercial brasileira apresenta superávits recordes, com destaque para a dinâmica da
demanda externa por bens primários, enquanto os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros diretos
permanecem bem acima da média histórica. Além disso, e com grande relevância, observamos uma
deflação global de custos, com a normalização das cadeias de produção e distribuição.

As expectativas para o crescimento do PIB foram revisadas para cima. O PIB do primeiro trimestre ficou
bem acima das projeções, impulsionado por setores menos sensíveis ao ciclo econômico — a safra recorde
de grãos foi destaque. Além disso, a desaceleração do consumo tem sido mais branda do que se pensava,
em linha com a resiliência do mercado de trabalho e maiores transferências de renda do governo. O
desemprego caiu para cerca de 8%, e o rendimento disponível real das famílias deverá crescer 5% este ano.
Nossa projeção para o crescimento do PIB em 2023 foi revisada para 2,2%, de 1% no semestre passado.
01 Economia 8

As estatísticas do mercado de crédito vêm se deteriorando, mas em ritmo compatível com o atual estágio
da política monetária. As concessões de crédito para empresas caíram significativamente no primeiro
semestre deste ano, corroborando nosso cenário de queda ainda maior nos investimentos daqui para
frente. Por sua vez, as concessões de crédito para pessoas físicas seguem em patamares elevados, com
crescente participação das linhas emergenciais. Acreditamos que a atividade doméstica continuará em
desaceleração até o primeiro semestre do ano que vem. Portanto, esperamos que o PIB de 2024 cresça 1%.

As contas públicas mostraram melhora desde o início do ano. O governo apresentou um arcabouço fiscal
que, apesar de depender do crescimento da receita, reduziu a probabilidade de cenários extremos.
Também, anunciou medidas para aumentar a arrecadação, que podem somar mais de R$ 250 bilhões, mas
muitas delas correm alto risco de não ser implementadas ou não atingir o valor estimado. Ainda assim,
esperamos agora resultado mais positivo para 2023: déficit primário do governo central de R$ 122 bilhões
(1,1% do PIB) e dívida bruta do governo geral de 75,8% do PIB. Os desafios permanecem, pois o governo
central precisa arrecadar cerca de R$ 100 bilhões adicionais para cumprir a meta de resultado primário de
2024.

A inflação surpreendeu para baixo pela primeira vez desde a pandemia. Em janeiro, projetávamos inflação
de 5,4% para este ano; e a estimativa foi elevada para 6,2% após dados desanimadores até abril. Hoje,
prevemos alta de 4,7%. A queda desde então tem sido impulsionada por eventos internos e externos,
afetando principalmente alimentos, bens industriais e bens administrados (principalmente gasolina). Esse
melhor desempenho deve ajudar a manter a inflação sob controle no curto prazo, embora não acreditemos
que o IPCA convirja para a meta de 3% tão cedo. Em horizontes mais longos, ainda vemos a
sustentabilidade fiscal como o principal risco para o Banco Central (BC).

Nesse cenário, e considerando sinalizações recentes do Copom, acreditamos que o BC iniciará um ciclo de
flexibilização monetária gradual em agosto. Há motivos para a política monetária ser um pouco menos
restritiva à frente: i) os preços ao produtor continuam a cair em muitos países, inclusive no Brasil; ii) o
mercado interno de crédito está em retração e os índices de inadimplência em alta, principalmente para
empresas; iii) taxa de câmbio 5% mais forte no acumulado do ano; iv) as expectativas de inflação (segundo
a Pesquisa Focus do BCB) vêm recuando; e v) o Conselho Monetário Nacional (CMN) manteve a meta de
inflação em 3%, alterando o sistema de ano-calendário para meta contínua. Nosso cenário básico
considera um corte de 0,25 p.p. na taxa Selic em agosto, seguido de cortes de 0,50 p.p., com a taxa básica
de juros chegando a 12,00% no final de 2023.

Projeções XP
2019 2020 2021 2022 2023 (P) 2024 (P)
Crescimento do PIB (var. real %) 1,2 -3,3 5,0 2,9 2,2 1,0
Taxa de desemprego (%, dessaz., fim de período) 11,5 14,7 11,7 8,3 8,5 9,0
IPCA (var. 12m %) 4,3 4,5 10,1 5,8 4,7 4,1
SELIC (% a.a, fim de período) 4,50 2,00 9,25 13,75 12,00 10,50
Taxa de Câmbio (R$/US$, fim de período) 4,03 5,20 5,58 5,28 5,00 5,15
Resultado primário do governo central (% PIB) -1,2 -9,8 -0,4 0,5 -1,2 -0,8
Resultado primário do setor público (% PIB) -1,0 -9,3 0,7 1,2 -1,0 -0,6
Dívida bruta - DBGG (% PIB) 74,3 86,9 78,8 73,5 76,3 79,2
Balança Comercial (US$ Bi) 35,2 50,4 61,4 61,7 73,0 64,5
Exportações (US$ Bi) 221,1 209,2 280,8 334,4 360,5 358,1
Importações (US$ Bi) 185,9 158,8 219,4 272,7 287,5 293,6
Conta Corrente (US$ Bi) -68,0 -28,2 -46,4 -55,7 -40,0 -48,0
Conta Corrente (% PIB) -3,6 -1,9 -2,8 -2,9 -1,8 -2,2
IDP (US$ Bi) 69,2 37,8 46,4 90,6 80,0 75,0
IDP (% PIB) 3,7 2,6 2,8 4,8 3,7 3,4
PIB Nominal (US$ Tri) 1,873 1,475 1,649 1,919 2,174 2,223
PIB Nominal (R$ Tri) 7,389 7,610 8,899 9,915 10,543 11,112
Fonte: IBGE, BCB, Bloomberg, XP.
9
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Política: alguns desafios já


superados, mas arrecadação
segue em foco
Política Por: Time XP Política
10

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerra os


primeiros seis meses de 2023 próximo de superar o
primeiro grande desafio de sua agenda econômica --
o de aprovar um novo marco fiscal –, mas ainda
olha para a frente com a necessidade de ampliar a
arrecadação da União e com a meta ambiciosa –
mas factível – de reformar o sistema tributário de
consumo.

Vitorioso por margem apertada no segundo turno da


disputa presidencial de 2022, Lula tentou evitar
perda excessiva de popularidade por meio da
expansão de gastos públicos ainda no período de
transição. A essa expansão fiscal, seguiram-se
medidas do Ministério da Fazenda para oferecer um
horizonte de sustentabilidade para a trajetória da
dívida. Ainda que com caráter expansionista, o
marco fiscal em vias de ser aprovado de maneira
definitiva pelo Legislativo (no momento desta
publicação) afastou o risco de cauda de descontrole
no crescimento dos gastos públicos. A articulação
para sua aprovação envolveu parcela do Congresso
para além da base governista e resulta em um texto
mais alinhado aos anseios do mercado do que o
inicialmente proposto pelo governo.

Para fazer frente a essa expansão, o governo segue agora sua batalha pela obtenção de receitas. As
medidas vêm sendo apresentadas pelo ministro Fernando Haddad desde o início do ano. Houve êxito em
parte delas – foram aprovadas no Congresso a que trata de preços de transferência, enviada ainda em 2022,
e a que reduz a base de cálculo para acúmulo de créditos de PIS Cofins, por exemplo; no Judiciário, o STJ
limitou o uso de benefícios de ICMS para reduzir o Imposto de Renda e a CSLL. Mas essas vitórias ainda
parecem insuficientes para alcançar os níveis de receitas necessários para que as metas estabelecidas
sejam alcançadas, e devemos ver ao longo do segundo semestre a continuidade da empreitada governista
por novas fontes de recursos.

Completa a lista de desafios do governo para a sequência do ano a discussão sobre a reforma da tributação
sobre consumo. O texto chega às duas semanas finais do primeiro semestre legislativo com expectativa
desafiadora, mas factível, de ser aprovado pela Câmara dos Deputados. O relatório apresentado ainda em
junho pelo deputado Aguinaldo Ribeiro empreende esforços para superar alguns de seus principais desafios,
como a questão federativa e a setorial, mas ainda carece de articulação nos próximos dias para poder ser
votado pelos deputados. À eventual aprovação pela Câmara, devem se seguir meses de discussão no
Senado no segundo semestre. Vencido o desafio, o governo deve mirar uma segunda fase da reforma,
focada em renda.

A segunda metade do ano começa, também, com peso reforçado para a linha defendida pelo atual time
econômico. Como escrevemos no último relatório, a Fazenda foi vitoriosa ao travar batalhas internas e com
parte do próprio PT, que chegou a defender políticas de caráter mais expansionista. Os resultados dessas
decisões, que são considerados exitosos pelo governo, e a perspectiva de início do ciclo de corte de juros já
em agosto reforçam a tendência de que Fernando Haddad continue dando as cartas na definição da agenda,
em que pese o discurso público do governo em muitas vezes ser mais alinhado ao do partido.

Em sua relação com o Congresso, Lula ainda trabalha na consolidação de uma base de sustentação que lhe
confira capacidade relevante de aprovação de matérias — até lá, ainda devem ser vistas demonstrações de
insatisfação vindas de deputados e senadores --, mas um alinhamento de interesses com a cúpula das
Casas deve permitir a implementação de pautas com caráter suprapartidário, como a reforma tributária ou
mesmo o arcabouço fiscal. Diante de um perfil ideológico mais à direita do que à esquerda pela primeira vez
desde o início da década de 1990, no entanto, Lula deve ter dificuldades em avançar em pautas que
signifiquem maior intervencionismo.
11
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Estratégia: vários motivos para


continuar otimista com a Bolsa
no Brasil
Estratégia 12
Por Fernando Ferreira e Jennie Li

Vários motivos para continuar otimista com a Bolsa no Brasil


Apesar de um início de ano fraco, as ações brasileiras terminaram o 1º semestre com um sólido
desempenho. Isso foi por uma combinação de: (i) melhora das perspectivas econômicas depois de dados
econômicos mais positivos do que esperado; (ii) redução dos ruídos políticos e riscos fiscais; e (iii) leituras
de inflação que melhoraram e expectativas de corte de juros em breve.

Com isso, o Ibovespa fechou o semestre com um forte desempenho de +7,6% em reais e +18,7% em dólar –
superando as bolsas globais. Olhando para frente, vemos um cenário muito positivo se materializando:
perspectivas de crescimento melhor do que o esperado, inflação mais baixa e taxas de juros menores.

Desempenho do Ibovespa vs. EUA e mercados globais


(Retornos em dólares, base = 100 em 30 dez. 2022)
125
S&P 500 (EUA)
Brasil (Ibovespa)
Mercados Globais (MSCI ACWI)
115

105

95

85
dez/22 jan/23 fev/23 mar/23 abr/23 mai/23 jun/23
Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 30/6/2023.

Embora o Ibovespa já tenha subido cerca de 20% desde suas mínimas, muitos questionam se o cenário
positivo à frente, especialmente taxas mais baixas de juros, já foi precificado. Achamos que não. Abaixo,
listamos vários motivos que podem levar o rali a durar mais um pouco:

1) O rali até agora aconteceu apesar de uma grande queda da maior ação do Ibovespa: O papel com o pior
desempenho no Ibovespa até agora neste ano foi VALE3, que caiu 26%. Nossos cálculos mostram que,
sem VALE3, o Ibovespa teria subido para 131 mil pontos em vez dos atuais 118 mil pontos;

2) Ações brasileiras tendem a ser positivas em ciclos de corte de juros: Nos últimos 20 anos, os índices
Ibovespa, MSCI Brazil (Bolsa brasileira em dólares), e Small Caps entregaram um retorno médio entre
30%-45% durante os ciclos de corte de juros;

3) Ainda há potencial para fluxos de capital estrangeiro mais fortes na Bolsa: Enquanto a entrada de
capital estrangeiro é positiva no acumulado do ano em R$ 20,8 bilhões, os dados mensais não têm sido
consistentes até o momento. Se o cenário doméstico continuar melhorando, um forte retorno do capital
estrangeiro pode ajudar a sustentar ainda mais a recuperação das ações brasileiras;

4) Os fluxos institucionais ainda não retornaram: Os investidores institucionais locais também têm ficado
de fora até agora, por uma combinação de sentimento negativo em relação à tomada de risco e saques
de clientes nos últimos meses. Caso o aumento do apetite a risco volte a aumentar, com os clientes
começando a tomar riscos também, um retorno da entrada de capital dos investidores institucionais
também será um importante suporte para o mercado;

5) Os investidores Pessoa Física (PF) ainda estão com pouca alocação em Bolsa, mas o sentimento já
tem ficado mais positivo: A nossa mais recente Pesquisa com Assessores apontou que: 76% dos
assessores indicaram que clientes ainda têm menos de 25% de sua carteira alocada em ações, porém,
49% deles sinalizaram que planejam aumentar sua exposição. Este foi um aumento significativo em
relação aos 9% do mês anterior e superior à média de apenas 17% dos últimos 12 meses;
03 Estratégia 13

6) Os níveis de posições vendidas seguem próximos dos máximos históricos: Os dados mais recentes
de posições vendidas em aberto continuam perto de seus níveis mais altos. Embora parte das
posições vendidas tenha sido fechada, os dados apontam que os investidores seguem posicionados
de forma cautelosa;
7) O valuation segue descontado: o Ibovespa é negociado a um Preço/Lucro (P/L) de 8,2x, equivalente
a 1 desvio-padrão abaixo de sua média histórica e com um desconto de 50% quando comparado às
ações globais.

Preço/Lucro relativo entre Ibovespa e mercados globais (MSCI ACWI)


Lucros projetados para os próximos 12 meses
100%
80%
60%
40%
20%
0%
-20%
-40% Média 15 anos: -26,3%
-60%
-80% Brasil com -50% de desconto em relação a ações globais

Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 30/6/2023.

Embora nossa perspectiva para o segundo semestre de 2023 seja positiva para o Brasil, destacamos
alguns riscos: Ainda existem riscos de recessão lá fora, que podem pesar nos preços das commodities,
além de riscos de retorno das incertezas do lado fiscal no Brasil, com a reforma tributária sendo o próximo
item da agenda, principalmente sua segunda parte que será focada em renda.

Nosso valor justo do Ibovespa é de 130.000 pontos para o final de 2023.

Com uma visão mais construtiva para a segunda metade do ano, temos as nossas Carteiras Recomendadas
posicionadas com mais risco. Temos exposição a setores voltados ao consumo, com nomes como Grupo
Mateus (GMAT3), Vulcabras (VULC3) e Cury (CURY3), que se beneficiam da queda de taxa de juros. Porém,
continuamos focados em Qualidade, com Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBSA3). Além disso, estamos
expostos a commodities por meio de PetrioRio (PRIO3), Petrobras (PETR4) e Irani (RANI3). Por outro lado,
reduzimos o peso em Vale (VALE3) devido a uma visão mais cautelosa em relação aos preços de minério de
ferro por conta de uma recuperação mais fraca dos setores imobiliários e de infraestrutura na China.

O valor justo para o Ibovespa é calculado como uma média de três metodologias: 1) um modelo de fluxo de
caixa descontado (DCF), que atualmente assume um WACC de 11,3%; 2) um modelo de P/E alvo, que
assume um múltiplo P/E de 9,0x, ainda abaixo da média histórica de 11x; e 3) um EV/EBITDA alvo de 5,5x,
também abaixo da média histórica de 6,5x.

Preço-alvo Ibovespa Preço Justo Comentários

Fluxo de caixa descontado 138.657 WACC 11,4% (tx de crescimento 5%)


Target P/L 12 meses 127.629 P/L 9,0x 2023
Target EV/EBITDA 132.728 EV/EBITDA 5,5x 2023
Média 133.005 Preço-alvo do Ibovespa para 2023
Preço atual 118.087
Potencial de alta 13%

Conheça nossas carteiras recomendadas de ações


Estratégia Quantitativa 14

Por Thales Carmo

Nossa perspectiva quantitativa é fortemente influenciada pelas projeções econômicas e de mercado do


nosso time de Research. Essas estimativas são o que moldam a nossa visão sobre a dinâmica do mercado
de ações, a qual expressamos por meio de fatores de estilo, e discutimos estratégias para auxiliar os
investidores a navegar nesses mercados.

O cenário macroeconômico nesse primeiro semestre de 2023 foi bem diferente do que projetado ao final de
2022. Esperava-se que o crescimento econômico desacelerasse este ano, e que as taxas de juros se
mantivessem estáveis, apesar da dinâmica favorável da inflação, pressionadas por crescentes riscos
fiscais. No entanto, embora os ativos brasileiros tenham atingido o pico de pessimismo no primeiro
trimestre, o cenário se tornou muito mais positivo nos últimos meses.

Como resultado, os setores que tiveram o pior desempenho em 2022 emergiram como os principais
destaques no primeiro semestre deste ano, indicando uma clara mudança nas preferências dos investidores
ao longo do ano. As ações brasileiras se saíram bem por conta das expectativas de futuros cortes de juros.
Isso apesar das fortes perdas da Vale (VALE3), maior componente do Ibovespa, puxada para baixo pela
reabertura mais lenta do que o esperado na China. Olhando pra fatores, destacaram-se no primeiro semestre
fatores risk-on, como Alto Crescimento, Baixa Qualidade e Small Caps.

Dinâmica do mercado no primeiro semestre de 2023


100%

Educação
Performance no 1º semestre de 2023

80%

60% Construção Civil


Propriedades Óleo, Gás e
Comerciais Petroquímicos
Transportes
40%
Agro Bancos
TMT
20% Varejo Inst. Financeiras
Ibovespa Elétricas
Saúde Saneamento
0% Alimentos & Bebidas
Bens de Capital Mineração &
Papel & Celulose Siderurgia
-20%

-40%
-40% -30% -20% -10% 0% 10% 20% 30% 40% 50%
Performance em 2022
Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 30/6/2023.

Reflexões para o segundo semestre sobre estratégias de fatores


Olhando para o segundo semestre de 2023, o time de Macro projeta um cenário favorável para o Brasil,
desenhando então uma perspectiva positiva para os preços dos ativos, em vez de uma perspectiva
disruptiva.

Embora o mercado já tenha, em grande parte, precificado a perspectiva de taxas de juros mais baixas no
Brasil, acreditamos que ainda existem oportunidades para grupos específicos de ações à medida que as
taxas continuam a diminuir. Conforme discutimos em nosso recente relatório ‘Keeping Up with the Rates’,
fatores que têm mais risco tendem a se beneficiar mais durante períodos de taxas caindo.
03 Estratégia Quantitativa 15

Com base em nosso cenário-base de um ciclo iminente de flexibilização de juros, temos preferência por
uma estratégica de ações focada em Crescimento e Small Caps, mas adotando uma abordagem seletiva de
Qualidade dentro desses fatores. Esperamos que esses estilos tenham um desempenho superior, desde
que o mercado continue a precificar taxas mais baixas no futuro.

Apesar da recente queda das ações de Momentum, ainda achamos que esse estilo deve se favorecer,
especialmente na presença de tendências e regimes estáveis e persistentes. Uma vez que as taxas de juros
mais baixas forem cortadas, não prevemos reversão ou mudança significativa na tendência até o fim do
ano, o que esperamos que seja positivo para o fator Momentum.

Por fim, preferimos reduzir a exposição ao fator Valor. No geral, ações de Valor são ligadas a commodities
e/ou exportadoras, que tendem a ser negativamente afetadas por preços mais baixos de materiais básicos,
dólar mais fraco e taxas de juros mais baixas. Em seu lugar, vemos outros fatores como mais bem
posicionados para se beneficiar do cenário que projetamos para o 2º semestre.

Estratégia de fatores
1,1 15

1,0
14
0,9
13
0,8 Crescimento vs Valor

0,7 12 Alto Risco vs Baixo Risco


Baixa Qualidade vs Alta Qualidade
0,6
11
Juros de 10 anos (direita)
0,5
10
0,4

0,3 9
Jun-21 Oct-21 Feb-22 Jun-22 Oct-22 Feb-23

Fonte: Bloomberg, XP Research

Invista com um clique com as carteiras automatizadas


Estratégia Internacional 16

Por Paulo Gitz e Maria Irene Jordão

Mercados escalando o muro de preocupações


Apesar da continuidade dos riscos que antevíamos para 2023, os mercados globais seguem com um tom
mais positivo e apresentaram uma sólida performance no primeiro semestre do ano. A Bolsa americana
subiu 15,9% (S&P 500), enquanto o índice mais focado em tecnologia, Nasdaq, subiu 38,7%. As bolsas
europeias também sobem cerca de 11,3% no ano, uma sólida performance. Enquanto isso, os mercados
emergentes continuam com uma performance inferior, subindo 4,4% no ano, muito por conta do mercado
chinês, que cai cerca de 3,9% no período.

Dentre os principais temas que guiaram a performance dos mercados na primeira metade de 2023,
destacamos:

(i) inteligência artificial, com a perspectiva de que as novas tecnologias possam aumentar a
produtividade das companhias;
(ii) incerteza quanto ao fim do ciclo de alta de juros pelos principais bancos centrais;
(iii) atividade econômica ainda resiliente nos EUA, adiando as projeções de recessão; e
(iv) reabertura chinesa e riscos geopolíticos influenciando a performance das commodities e ações
relacionadas.

EUA: bull market de volta ou rali de bear market?


A performance dos mercados nos Estados Unidos nos surpreendeu. Apesar do aumento de juros para além
das expectativas e das seguidas promessas de manter as taxas altas por bastante tempo, as ações
americanas tiveram fortes ganhos ao longo do segundo trimestre. Tiveram destaque as ações das grandes
empresas de tecnologia, levando os múltiplos, que já considerávamos esticados, a subir ainda mais. O
índice Preço/Lucro para os próximos 12 meses está 19,1x no S&P 500 e 26,9x no Nasdaq 100 e, apesar de
sabermos que valuation não é uma ferramenta de market timing, seguimos considerando uma assimetria de
risco x retorno ruim nas ações americanas no momento.

Expansão de múltiplos: Índice de Preço/Lucro do S&P 500 e


Nasdaq 100 tem forte alta no primeiro semestre
30
28 P/L S&P 500 P/L Nasdaq 100
26
24
22
20
18
16
14
12
10

Fonte: XP Research, Bloomberg


03 Estratégia Internacional 17

Destacamos três outros motivos que contribuíram para o rali recente da Bolsa americana:

(i) Posicionamento: muitos fundos fecharam posições vendidas e adicionaram exposição a ações em
virtude do forte movimento de alta, o que ajudou a gerar um fluxo comprador persistente;
(ii) Expectativa de final de ciclo do Fed: mesmo com a recente comunicação de que ainda podem ocorrer
até duas altas adicionais de juros, o mercado tem antecipado o final do ciclo; e
(iii) Liquidez: ao contrário do que se esperava, a liquidez no sistema financeiro aumentou ao longo do
semestre. Em primeiro lugar, o resgate aos bancos regionais em março e abril fez o Fed reverter a
contração do seu balanço (quantitative tightening). Além disso, o impasse com relação ao teto da
dívida americana fez o Tesouro americano retirar recursos da sua conta geral (TGA), o que teve um
efeito positivo para a liquidez. Após a solução do impasse, o Tesouro tem emitido dívidas para
recompor a TGA, mas os bancos têm aproveitado as altas taxas das T-Bills para "encarteirar" esses
títulos usando recursos que estavam “estacionados” nas operações de Reverse Repos do Fed e isso
anula os efeitos do Tesouro, em termos de liquidez. Importante notar a relação entre as métricas de
liquidez do sistema e os ativos de risco em geral.

S&P 500 (eixo à direita) x Estimativa de Liquidez (US$ trilhões)


7,0 4800
6,9 4700
6,8 4600
6,7 4500
6,6 4400
6,5 4300
6,4 4200
4100
6,3
4000
6,2
3900
6,1 3800
6,0 3700
5,9 3600
5,8 3500
5,7 3400
5,6 3300
5,5 3200
11/2022
12/2021

01/2022

02/2022

03/2022

04/2022

05/2022

06/2022

07/2022

08/2022

09/2022

10/2022

12/2022

01/2023

02/2023

03/2023

04/2023

05/2023

06/2023

07/2023
Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 30/6/2023.

China: Reabertura decepciona, mercados antecipam estímulos


Como dissemos na seção de Economia, a retomada da economia chinesa ficou aquém do antecipado no
primeiro semestre de 2023. Após quase três anos de lockdowns rígidos intermitentes, esperava-se que a
reabertura acelerasse a atividade, tendo em vista a demanda reprimida, a poupança acumulada e os
estímulos governamentais já em curso.

Em consequência disso, a Bolsa chinesa e os preços das commodities, em especial petróleo e metais
industriais, estão negativos no ano. Apesar da decepção com a performance, seguimos com uma postura
construtiva com a Bolsa chinesa pelos seguintes fatores: (i) há perspectiva de anúncio de novos estímulos
pelo governo chinês; (ii) momento diferente do ciclo econômico global, com crescimento acima do resto do
mundo e; (iii) ainda há espaço para que a reabertura produza efeitos.

Apesar de riscos geopolíticos ainda estarem no radar, como as recentes restrições à exportação de chips
pelos EUA e a questão da base militar chinesa em Cuba, as tensões entre as duas maiores potências
econômicas do mundo já podem ser consideradas estruturais e devem perdurar por muitos anos.
Momentos de maior e menor tensão podem ocorrer e, com isso, uma maior volatilidade. Ainda assim,
acreditamos que as superpotências têm condições de seguir competindo e buscando suas ambições
tecnológicas ao mesmo tempo que mantêm a cooperação comercial que beneficiou ambos os países nas
últimas décadas.
18
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ESG: as quatro principais


tendências para o semestre
ESG Por Marcella Ungaretti e Luiza Aguiar
19

As 4 principais tendências para o semestre


À medida que entramos no segundo semestre, vemos a integração dos fatores ESG crescendo e mostrando
resiliência e força. Os temas ESG são de longo prazo, mas alguns surgem de forma mais emergente,
ganhando impulso e atraindo o interesse de investidores e empresas ao redor do mundo. Com isso em
mente, analisamos os quatro principais temas que protagonizam a agenda nos últimos seis meses de 2023:
mercado de carbono; transição energética; avanço da regulamentação; e governança.

#1. Mercado de carbono: Novamente destaque. Como antecipamos em nosso relatório ‘Year Ahead: Top 5
tendências para 2023’, já era de se esperar que as discussões sobre crédito de carbono estivessem
presentes na pauta local ao longo deste ano. No mercado voluntário, a demanda pela compensação das
emissões de gases de efeito estufa ganha força, impulsionada principalmente pelo número crescente de
empresas com metas de descarbonização e net zero¹, enquanto a falta de transparência de um mercado em
desenvolvimento levanta questões que exigirão atenção dos investidores e das empresas adiante. Também
vimos atualizações importantes do lado do governo brasileiro sobre o desenvolvimento de um mercado
regulado no país, após alguns meses de espera. Segundo lideranças do governo, estima-se que o Brasil
possa ter ganho de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) com o mercado regulado de carbono, equivalente a
US$ 120 bilhões, além de contribuir para a redução de até 50% dos gases de efeito estufa até 2030.
Atualmente, um projeto de lei definindo a regulamentação do mercado, seguindo o modelo de "cap and
trade", está pronto e em análise por 17 ministérios, com estimativa de ser encaminhado para votação no
Senado no curto prazo, e acreditamos ser válido o acompanhamento dos próximos desdobramentos.

Evolução do tamanho do mercado voluntário em US$ MM [Mundo] 1.985


790
602 530
485 444 473
359 339 298 296 320
278
199 146
48 111
2014
2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021
#2. Transição energética: 'De repente, sempre em pauta'. Com a necessidade de acelerar os esforços para
reduzir as emissões globais, a transição energética tem sido colocada no centro da solução. Assim,
investidores gradualmente aumentam a exposição de portfólios a nomes relacionados à energia renovável,
conforme destacamos em ‘Como os investidores institucionais estão vendo o tema ESG?’. Sob outra
perspectiva, vemos número crescente de empresas aumentando investimentos em fontes de energia limpas,
como solar e eólica, hidrogênio verde (acesse nosso relatório temático) e soluções alternativas de baixo
carbono, com objetivo de se beneficiar das oportunidades frente à transição energética e, ao mesmo tempo,
diminuir os riscos climáticos. Em nossa visão, é provável que os investidores continuem pressionando as
empresas por papéis mais claros sobre metas e iniciativas a caminho da descarbonização, visando
gradualmente migrar para um portfólio menos intensivo em carbono.

Estimativa de crescimento da matriz energética [Brasil]


16% 17% 17% 18% 18%
12% 12% 13% 13% 14%
7% 7% 7% 7% 7%
17% 17% 17% 15% 15% 15% 14%
3% 5% 6% 9% 10% 11% 12% 52% 52%
8% 8% 8% 8% 51% 50% 49%
9% 8% 8% 8%
9% 11% 12% 12% 12% 13%

63% 61% 58% 57% 55% 55% 54% 52% 52% 51% 50% 49%

2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030

Hidroelétrica Eólica Biomassa Solar Outras fontes


Fonte: Ecosystem Marketplace; Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
¹Net zero é a sigla em inglês que significa compromisso de zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa.
ESG Por Marcella Ungaretti e Luiza Aguiar
20

As 4 principais tendências para o semestre


#3. Pressão regulatória: Das empresas às gestoras. Seguimos acreditando no desenvolvimento de
legislações e regras não facultativas para aumentar a transparência em iniciativas ESG e desenvolver a
agenda. Do ponto de vista das empresas, vemos com bons olhos a Resolução CVM nº 59/21, que definiu
regras mais rígidas para a divulgação ESG pelas companhias abertas, enquanto notamos um número
crescente delas reportando dados ESG voluntariamente durante a temporada de resultados, conforme
discutimos em nossa última nota. Já para as gestoras de recursos, destacamos o papel relatório
desempenhado pela Anbima, aprimorando as regras para classificação dos Fundos de Investimentos
Sustentáveis (IS), e estendendo suas políticas para outras classes de ativos. Em nossa visão, a legislação
brasileira está caminhando na direção certa, e esperamos mais por vir até o final do ano, seguindo um
esforço mundial para aumentar a divulgação de informações mais detalhadas, com o objetivo de permitir
aos investidores uma tomada de decisão mais eficaz, além de ajudar as empresas a adotarem diretrizes
mais assertivas para evitar riscos relacionados aos pilares (E), (S) e (G).

Número de Bolsas que exigem divulgação ESG [Mundo]


Divulgação facultativa Divulgação obrigatória

28
16 24
12

77 78 87
71

2016 2018 2020 2022

Evolução no número de signatários do PRI -


Princípios para o Investimento Responsável [Brasil]
116 125
101

56
37 42
20 26 27 28
8 10 13 16
2 6

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Fonte: Sustainable Stock Exchanges Initiative; Princípios para o Investimento Responsável.

#4. Governança: Mais do que nunca, um pilar crítico. Desde o início de 2023, vemos importantes melhorias
na governança das empresas brasileiras, principalmente por meio da eleição de novos membros, tanto para
a Diretoria Executiva, quanto para o Conselho de Administração. Entre os nomes, vale citar: CCR (CCRO3),
Assaí (ASAI3), Ambev (ABEV3) e Ambipar (AMBP3), entre outros exemplos. Conforme já mencionamos em
outras oportunidades, o pilar de governança tem alta materialidade para todas as empresas,
independentemente do setor. Além disso, vemos que manter fortes padrões da frente (G) também é
fundamental para alavancar o desempenho (E) e (S) – como mencionamos em nosso relatório ‘Bebendo da
fonte', os membros do Conselho também reconhecem cada vez mais a relevância de adotar uma forte
integração ESG aos olhos do mercado, em um movimento que vemos ganhar força pela frente.

Conheça nossa carteira recomendada ESG


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Ações: perspectivas para


cada setor da Bolsa
Ações 22

ALIMENTOS
Por Leonardo Alencar | Pedro Fonseca | Samuel Isaak

Temos uma visão otimista para as empresas de Alimentos da nossa cobertura. A principal razão para nossa
mudança de visão é o alívio nas pressões de custos após a queda nos preços das commodities, o que deve
se traduzir em descompressão de margens. Esperamos uma perspectiva mais favorável adiante, após vários
trimestres difíceis com margens apertadas devido a um ambiente de consumo desafiador no Brasil, além de
pressões de custo como resultado de interrupções na cadeia de suprimentos e preços altos de
commodities. Top Pick: M. Dias Branco (MDIA3)

AGRO – AÇÚCAR E ETANOL


Por Leonardo Alencar | Pedro Fonseca | Samuel Isaak

O setor de A&E é o nosso favorito da cobertura de Agro, Alimentos e Bebidas. Apesar da esperada
recuperação da produção brasileira de açúcar, a chegada do fenômeno natural El Niño, aliada a problemas
climáticos na Índia e a esperada diminuição da participação do país asiático no comércio de açúcar,
levaram os preços da commodity a estabelecer um patamar sólido acima de 25 cents/lb. Isso por si só já
gera uma perspectiva positiva para os players do setor, mas a esperada recuperação de produtividades (e,
portanto, maior diluição de custos), barateamento de frete e de insumos e melhores margens de etanol de
milho também indicam um bom momento à frente. Top pick: Raízen (RAIZ4),

AGRO – GRÃOS
Por Leonardo Alencar | Pedro Fonseca | Samuel Isaak

Apesar dos aumentos nas últimas semanas nos preços da soja e do milho, principalmente como resultado
de problemas climáticos nos EUA que levaram à seca em importantes áreas de cultivo, continuamos neutros
para as empresas produtoras da nossa cobertura (SLC e BrasilAgro). Isso deve levar a um alívio no curto
prazo, mas continuamos pessimistas para os preços das commodities agrícolas devido às safras recordes
no Brasil e à expectativa de recuperação da safra argentina devido ao El Niño. Para os players de serviços
agrícolas, cada história é diferente, mas as safras sólidas mencionadas no Brasil devem ser um gatilho de
volume e, portanto, esperamos que os players recém-listados (3Tentos, Vittia, Boa Safra e AgroGalaxy)
continuem seu caminho de crescimento.

BEBIDAS
Por Leonardo Alencar | Pedro Fonseca | Samuel Isaak

Estamos otimistas com a AmBev, pois prevemos que a descompressão das margens observada no 1T23
deve continuar nos próximos trimestres pelos preços mais baixos das commodities. Além disso, a AmBev
está apresentando um forte desempenho de receita líquida/hl, o qual projetamos que continue. O que deve
ajudar ainda mais na continuidade do processo de descompressão de margens, são as iniciativas assertivas
de gestão de receitas e transformação digital da AmBev, traduzidas principalmente pelo BEEs, plataforma
B2B da companhia.
05 Ações 23

BANCOS E INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS


Por Bernardo Guttman | Matheus Guimarães, CFA | Rafael Nobre

Se ao final de 2022 esperávamos um 2023 complicado, o primeiro semestre nos provou que os
desafios poderiam ser ainda maiores. O evento Americanas trouxe tensões para o mercado de crédito,
enquanto os eventos de quebra de bancos internacionais contribuíram ainda mais para o aumento da
percepção de risco em relação ao sistema financeiro.

Esses eventos nos cenários doméstico e internacional se somaram às nossas preocupações com
relação ao ambiente macroeconômico já desafiador. Entretanto, vemos um ano com maior seletividade
na concessão de crédito como um mitigador para o risco de inadimplência (tema dominante em 2022).
Isso somado a balanços saudáveis e carteiras de crédito que ainda crescem.

Apesar de todas as dificuldades, que poderiam sugerir resultados mais fracos para as instituições
financeiras, vimos algumas das empresas de nossa cobertura (principalmente BB, Itaú e Nu)
reportando números positivos no 4T22 e no 1T23. Acreditamos que o início do ciclo de afrouxamento
monetário ao longo do 2S23 tende a ser um vento de cauda para o setor, especialmente para as
empresas do segmento de mercado de capitais.

Em relação aos bancos incumbentes, a diversificação de suas fontes de receitas tende a colocá-los em
boa posição para navegar o cenário conturbado. Reafirmamos Itaú como nossa preferência na
cobertura. Em relação às fintechs, embora o cenário de juros ainda altos seja um desafio, as atenções
estarão voltadas para a maturação de suas operações e, consequentemente, o aumento da
monetização dos seus clientes. Top pick: Itaú (ITUB4)

BENS DE CAPITAL
Por Lucas Laghi | Fernanda Urbano

Vemos uma melhora significativa nas cadeias de suprimentos, perto de um nível normalizado. Quanto ao
segmento automotivo, notamos que as restrições de produção estão agora do lado da demanda, refletindo
altas taxas de financiamento e, para os veículos pesados, preços mais elevados após a implementação da
legislação de emissões Euro 6.

Esperamos uma potencial recuperação ao longo do segundo semestre, com o plano de incentivo do governo
federal à indústria como um vento a favor (apesar de impactos limitados). No segmento industrial,
esperamos a manutenção de boa demanda para produtos eletroeletrônicos industriais e equipamentos de
transmissão e distribuição no Brasil e América do Norte, com a produção de aeronaves comerciais
continuando a mostrar melhora à medida que a demanda por viagens aéreas se recupera. Por fim, vemos
um cenário um pouco melhor para o setor eólico, recuperando-se da inflação de custos e de gargalos de
produção (e com perspectivas de longo prazo construtivas).
05 Ações 24

CONSTRUÇÃO CIVIL
Por Ygor Altero

Baixa Renda: O primeiro semestre de 2023 tem sido positivo para o segmento de baixa renda em termos de
desempenho das ações, seguindo (i) um momento operacional positivo para a maioria das empresas; e (ii)
movimento de fechamento das curvas de juros longos impulsionando setores sensíveis às taxas de juros.
Além disso, destacamos as atualizações de junho de 2023 para o programa habitacional Minha Casa, Minha
Vida (MCMV) como um risco positivo para todas as empresas de baixa renda, expandindo o mercado
endereçável e aumentando a exposição das empresas ao programa MCMV, com financiamento saudável do
FGTS e taxas de juros atrativas.

Dito isso, esperamos que as empresas de baixa renda se beneficiem no segundo semestre de 2023 por (i)
desempenho robusto de lançamentos; (ii) vendas líquidas sólidas, levando a uma velocidade de vendas forte
(VSO); e (iii) potencial aumento de preços à medida que as empresas começam a incorporar as atualizações
do MCMV. Top Pick: Cury (CURY3)

Média e Alta Renda: Observamos um cenário misto no primeiro semestre de 2023 para o segmento de
média/alta renda, devido a uma combinação desafiadora de fatores, incluindo (i) pressão no financiamento
por meio da poupança (SBPE); (ii) menor poder de precificação, com taxas de juros mais altas impactando o
poder de compra dos consumidores; e (iii) níveis mais elevados de estoque em São Paulo. Embora
esperemos que esses fatores continuem relevantes no segundo semestre de 2023, vemos impactos
positivos no segmento de média/alta renda devido a (i) desaceleração dos custos de construção; (ii) vendas
líquidas saudáveis mantendo níveis razoáveis de velocidade de vendas (VSO); (iii) maior seletividade nos
novos lançamentos, focando na rentabilidade; e (iv) nível de distratos sob controle. Top Pick: Cyrela (CYRE3)

Shopping: Observamos um cenário positivo para os shoppings no primeiro semestre de 2023, devido a uma
combinação de fatores, incluindo (i) sólido desempenho operacional em todas as frentes; e (ii) a redução
das taxas de juros de longo prazo impulsionando setores sensíveis a taxas de juros (como shoppings e
propriedades). No segundo semestre de 2023, continuamos a ver um cenário positivo com base em (i)
expectativas de vendas positivas, ajudando a manter os custos de ocupação e as taxas de inadimplência
sob controle; (ii) manutenção do crescimento real do aluguel nas mesmas lojas (SSR), apoiando receitas de
aluguel robustas; e (iii) a redução das taxas de juros de longo prazo deve continuar beneficiando o
desempenho do setor. Continuamos a favorecer companhias com portfólios dominantes (MULT3 e IGTI11),
as quais ainda vemos espaço para crescimento, com foco no segmento de alto padrão devido a uma melhor
perspectiva de poder de compra do consumidor, apesar do cenário macroeconômico desafiador. Top Pick:
Multiplan (MULT3)
05 Ações 25

EDUCAÇÃO
Por Rafael Barros, CFA | Raphael Elage

O segmento presencial foi fortemente atingido pela pandemia, com as captações sendo negativamente
afetadas nos últimos dois anos. Mais recentemente, as captações mostraram sinais de recuperação, mas
ainda testemunhamos uma mudança do presencial para modelos de ensino híbridos ou totalmente digitais.
O desempenho dessa vertical é fundamental não apenas para entregar resultados financeiros, mas também
para fortalecer a posição estratégica das empresas de modo geral, impactando positivamente outros
segmentos.

Ao aumentar a participação do ensino digital em suas bases de alunos, as empresas estão trocando receita
por margens, dado que os tickets médios são menores, mas o modelo de negócio é muito escalável. Até
2022, a concorrência no segmento digital foi um ponto de atenção, com as empresas sendo comercialmente
agressivas, e perdendo cada vez mais a capacidade de aumentar preços. Do lado positivo, os resultados do
primeiro trimestre deste ano mostraram uma mudança para uma abordagem mais disciplinada em relação a
isso (destacamos a Yduqs e a Ânima nesse quesito), impulsionando tanto a receita quanto as margens.

As escolas de medicina seguem com desempenho excelente, aproveitando os benefícios de um cenário de


demanda excessiva - o que, por sua vez, gera taxas de inadimplência e evasão muito baixas, tickets médios
e margens altas e aumentos de preços resilientes. Temos uma visão um pouco cética em relação a esse
segmento, uma vez que o número de candidatos por vaga em escolas privadas vem diminuindo ano após
ano - o que pode pressionar os preços e margens no longo prazo. No entanto, no curto prazo, este segmento
deve continuar a ter um desempenho positivo sem muitas dificuldades.

A alta alavancagem financeira, combinada com altas taxas de juros, torna o balanço das empresas mais
arriscado, pressionando os lucros e os fluxos de caixa. Do lado positivo, a recente queda nas taxas de juros
de longo prazo e o aumento do apetite por risco dos investidores podem ser impulsionadores positivos para
as empresas de educação, que sofreram nos períodos anteriores com os efeitos exatamente opostos.

ENERGIA
Por Maíra Maldonado

O ano de 2023 tem sido um ano muito favorável em termos de hidrologia, o que resulta em projeções de
preços de energia mais baixos em curto, médio e longo prazos, impactando negativamente nomes com
portifólio descontratado. Por outro lado, o fenômeno El Niño pode ser uma alavanca para os recursos
eólicos na costa da região Nordeste, beneficiando as empresas com maior exposição a geração eólica. Em
relação à transmissão, será um ano de leilões com investimentos significativos, portanto, a qualidade da
alocação de capital continua sendo o ponto mais relevante.

Quanto às distribuidoras, todos os olhos estão em decisões regulatórias (por exemplo, renovação de
concessões) e importantes de revisões tarifárias. Preferimos histórias com riscos operacionais baixos,
balanços patrimoniais saudáveis, perspectivas claras de crescimento e risco-recompensa assimétrico.
Reiteramos, assim, Eletrobras (ELET3) e Equatorial (EQTL3) como nossas principais escolhas.
Top picks: Eletrobras (ELET3) e Equatorial (EQTL3)
05 Ações 26

FRIGORÍFICOS
Por Leonardo Alencar | Pedro Fonseca | Samuel Isaak

Devido à diversificação de proteínas e pegadas dos players, os frigoríficos em nossa cobertura estão
enfrentando um momento heterogêneo. Com muitas partes móveis, reiteramos o Minerva como nossa
escolha principal na cobertura, principalmente devido à exposição de sua pegada com o Brasil enfrentando
um momento muito positivo do ciclo do gado. O já mencionado bom momento da carne bovina no Brasil
não deve ser suficiente para compensar o cenário difícil nas operações da JBS e da Marfrig na América do
Norte, devido à redução da oferta de gado e custos mais baixos, que devem enfrentar o fundo do ciclo
apenas em 2024. Também na América do Norte, a perspectiva desequilibrada da carne suína SnD ainda
deve arrastar os resultados nos próximos trimestres, em nossa visão.

Para aves, tanto na América do Norte quanto na América do Sul, os preços mais baixos dos grãos devem
desencadear um impulso positivo à frente devido aos custos mais baixos. No entanto, uma perspectiva de
SnD desequilibrada está mantendo os preços baixos e não vemos sinais de ajustes de oferta. Portanto,
estamos cautelosamente otimistas em relação às operações avícolas dos frigoríficos em nossa área de
abrangência. Top Pick: JBS (JBSS3)

MÍDIA E TECNOLOGIA
Por Bernardo Guttmann | Marco Nardini

Para as empresas do setor de tecnologia, continuamos levemente otimistas com as ações das
empresas brasileiras. Vale ressaltar que as empresas sob nossa cobertura (TOTVS, Bemobi, Locaweb,
Intelbras, Positivo, Zenvia, Allied, Eletromidia e G2D) possuem dinâmicas e modelos de negócios
bastante distintos. Dado o ambiente atual de altas taxas de juros e financiamento restrito, estamos
cautelosos quando se refere a empresas altamente alavancadas. Em nossa cobertura, a maioria das
empresas parece estar menos exposta a riscos de refinanciamento, com exceção da Zenvia. No
entanto, se as taxas de juros caírem daqui para frente, as empresas de tecnologia poderão novamente
estar no centro das atenções, especialmente as ações de duration longo. Por enquanto, nossa top pick
do setor é a Totvs, que acaba de anunciar a aprovação pelo Bacen de sua JV com o Itaú, o que poderá
impulsionar seu segmento Techfin. Top Pick: Totvs (TOTS3)
05 Ações 27

MINERAÇÃO E SIDERURGIA
Lucas Laghi | Guilherme Nippes

O desempenho dos preços do minério de ferro desde o início do ano deveu-se principalmente às
expectativas da reabertura chinesa. No entanto, os dados do mercado imobiliário chinês mostraram uma
desaceleração, com estímulos fiscais para concluir as obras em andamento. Em nossa visão, (i) o setor
imobiliário não deve melhorar a ponto de sustentar a demanda por aço ao longo do ano; (ii) a infraestrutura
deve ficar menor que no ano passado; e (iii) temos muitas dúvidas sobre a sustentabilidade do estímulo ao
crédito. Além disso, temos visão cautelosa sobre os preços do minério de ferro. Para o aço, vemos espaço
para queda nos preços dos aços planos, já que a paridade está acima de 30%, enquanto os aços longos
estão em patamares normalizados. Para o alumínio, vemos um cenário de oferta e demanda relativamente
equilibrado no curto prazo, enquanto as empresas do setor ainda enfrentam margens baixas devido aos
custos mais altos dos insumos (petróleo, gás, carvão, soda, entre outros) que, a nosso ver, não devem
mudar no curto prazo. No geral, estamos mais negativos em minério de ferro e alumínio no curto prazo, e
um pouco mais positivos em aço.

Top pick: Gerdau (GGBR4)

ÓLEO E GÁS
Por André Vidal | Helena Kelm

No geral, a narrativa em torno dos preços do Brent permanece dividida entre o aparente equilíbrio apertado
entre oferta e demanda de petróleo à medida que avançamos para o segundo semestre em oposição aos
temores com uma recessão global que poderia afetar a demanda.

No cenário brasileiro, as ações da Petrobras subiram em seguida ao anúncio de dividendos após os


resultados do 1T23 e a nova política de preços de combustíveis. Mantemos nossa visão de que a empresa
está relativamente protegida do nível de intervenções que experimentou no passado. No entanto, projetamos
uma redução na geração de fluxo de caixa livre e uma menor distribuição de dividendos a partir de 2024,
embora ainda robustos.
Apesar dos ganhos recentes, a Petrobras ainda parece subvalorizada, mas ressaltamos que a assimetria de
valuation, comparada aos seus pares internacionais, diminuiu.

Enquanto isso, as empresas Juniores de O&G foram afetadas por fatores macro e microeconômicos,
incluindo taxas temporárias de exportação, inflação de custos e dificuldades operacionais na
implementação de seus planos de crescimento. No entanto, acreditamos que é hora de um retorno para as
juniores, uma vez que essas empresas devem experimentar aumento de produção, levando à alavancagem
operacional e geração de caixa. Neste contexto, a PRIO se destaca como a nossa Top Pick devido a uma
combinação de fatores:

(i) excelente histórico;


(ii) crescimento do EBITDA;
(iii) valuation atrativo;
(iv) forte geração de fluxo de caixa livre;
(v) potencial de consolidação do mercado offshore nos próximos anos.

Top pick: PRIO (PRIO3)


05 Ações 28

PAPEL E CELULOSE
Lucas Laghi | Guilherme Nippes

O início do ano foi marcado por interrupções de oferta, incluindo: (i) vários fechamentos no Canadá
(Canfor e Mercer), (ii) incêndios florestais que impactaram o abastecimento de madeira no Chile, bem
como o incêndio na fábrica da Arauco, e (iii) interrupções no fornecimento de madeira da Colúmbia
Britânica, entre outros. No entanto, esses problemas não foram suficientes para compensar a demanda
fraca, com mais expectativas de novas capacidades entrando no mercado este ano como risco
negativo para os preços da celulose (incluindo o projeto Mapa da Arauco e Paso de Los Toros da UPM,
que poderiam potencialmente adicionar 2,1 mi de toneladas de celulose de fibra curta nesse). Desde
meados de maio, notamos alguma melhora no mercado de celulose chinês, apesar do cenário ainda
desafiador na Europa e nos EUA. Da China, destacamos: (i) alguma melhora na demanda em maio,
impulsionada pela reposição de estoques entre pequenos/médios players; (ii) possíveis interrupções de
oferta, devido a fatores como redução na importação de cavacos de madeira do Vietnã, produção
doméstica limitada e fechamento de produtores de celulose de alto custo; e (iii) aumento das
importações chinesas de celulose de fibra curta. Para julho, esperamos outro aumento de US$ 30/t nos
preços de fibra curta, mas vemos espaço limitado para novos aumentos de preço. Além disso,
mantemos nossa visão de que as importações chinesas podem sustentar os preços durante a baixa do
ciclo. Para empresas, esperamos margens menores no segundo trimestre devido a preços mais baixos
e custos de insumos ainda altos. Em suma, destacamos: (i) baixos níveis de valuation para cias sob
nossa cobertura e (ii) propriedades de hedge de ações (exposição em USD), como uma característica
importante para investidores que buscam navegar no turbulento ambiente macroeconômico interno.

SAÚDE
Por Rafael Barros, CFA | Raphael Elage

Para as empresas de serviços de saúde, ainda vemos um cenário difícil de pagadores a prestadores. No
primeiro trimestre, os indicadores de sinistralidade em níveis historicamente altos continuaram em cerca de
90% para o mercado em geral (veja o nosso Monitor ANS) pelo terceiro trimestre consecutivo. Para reduzir a
sinistralidade e aumentar a lucratividade, as operadoras de planos de saúde têm insistido em fortes
aumentos de preços (veja a nossa nota do Hapvida Day), mas os resultados dessas iniciativas devem
começar a ficar mais claros gradualmente de maio em diante. No entanto, a sinistralidade do segundo
trimestre é sazonalmente mais alta T/T e, portanto, acreditamos que essas melhorias devam começar a
reduzir a sinistralidade durante o segundo semestre.

A Hypera parece estar no caminho certo para entregar o seu guidance de 2023, e não vemos motivos
relevantes para os resultados serem significativamente melhores ou piores do que os valores que a
empresa vem comunicando ao mercado. Quanto à Blau, a empresa ainda enfrenta dinâmicas difíceis nos
mercados de imunoglobulina e alfaepoetina, que representam uma parte significativa do seu resultado
consolidado. Por outro lado, novos medicamentos e mais volumes de outras linhas de receita podem
compensar parte desse impacto (veja nossa nota de reuniões com os executivos da Blau). Finalmente,
esperamos que a Viveo (i) continue focando em alavancar seu canal de serviços, (ii) continue ganhando
participação nas frentes de hospitais, clínicas e varejo e (iii) capture sinergias de fusões e aquisições
recentes - as quais a empresa parece estar à frente do que era esperado.

A alavancagem financeira é um ponto de atenção para a maioria das empresas de saúde em nossa
cobertura, visto que as despesas financeiras líquidas têm consumido constantemente uma grande parte dos
resultados operacionais. Por outro lado, o fechamento da curva de juros pode ter um impacto positivo.
05 Ações 29

TELECOMUNICAÇÕES
Por Bernardo Guttmann | Marco Nardini

Temos uma visão construtiva para o setor de Telecom, refletindo alguns importantes acontecimentos
ocorridos ao longo de 2022. O mais relevante foi a consolidação da telefonia móvel com a aquisição da Oi
Móvel pelas três operadoras (Vivo, TIM e Claro). O cenário competitivo está mais racional após a saída da Oi
Móvel, player mais agressivo. A queda da alíquota do ICMS, que caiu em média 10%, também deve contribuir
positivamente para que as operadoras consigam repassar a inflação em seus preços nos próximos anos
(por exemplo, a Vivo, maior player, já aumentou preços no início do ano nas linhas pós-pagas e controle). A
TIM é a operadora que mais se beneficia com a mudança de patamar com a incorporação dos ativos da Oi.
Portanto, vemos alguns gatilhos importantes para a precificação de ações. Entre os ISPs, apesar de um
cenário competitivo mais acirrado e da recente desaceleração do mercado de fibra, vemos alguns players
bem-posicionados em suas respectivas regiões e com avaliações com desconto, como Unifique e Desktop.
No atual ambiente de aperto monetário e altas taxas de juros, as fontes de financiamento tornaram-se mais
difíceis de obter e mais caras. Como resultado, é importante ficar de olho em empresas alavancadas como
DESK3 e BRIT3. Top pick: TIM (TIMS3)

TRANSPORTE
Por Pedro Bruno | Matheus Sant’Anna

Para o segmento de aluguel de veículos leves, acreditamos em um cenário com maior visibilidade para o
retorno sobre o capital investido. Os motivos são: (i) a maior disponibilidade de carros e melhores condições
de negociação com as montadoras; (ii) contínua normalização do segmento de seminovos e (iii) indicações
de uma recuperação macro podendo aumentar a demanda pelo RaC. Além disso, mantemos nossa visão de
que o segmento de aluguel de pesados apresenta muito espaço para crescimento e níveis de retorno
atrativos, uma vez que este é um grande mercado endereçável que ainda é “subpenetrado”.

Para a infraestrutura, esperamos que rodovias e portos continuem representando as principais


oportunidades do ponto de vista do pipeline de projetos, com diversos leilões esperados até o final do ano.
Além disso, existem diversas discussões em relação a temas importantes para o setor, como reequilíbrio de
contratos, relicitações e novos projetos. Ainda vemos um cenário agrícola positivo com safra recorde para
este ano e contínuo crescimento da produção nacional previsto para os próximos anos, ambos fatores que
podem contribuir para o crescimento de volumes e melhor precificação nos segmentos de ferrovias e
hidrovias.

Vemos ainda o setor aéreo em um processo de recuperação, com as companhias em melhor posição
financeira depois de terem reestruturados suas dívidas, tendo sucesso no aumento tarifário e o cenário
menos pressionado de custos após a queda do dólar e combustível.

Top picks: Vamos (VAMO3) e Localiza (RENT3), devido a suas posições competitivas dominantes nos
respectivos setores; e amplas oportunidades de crescimento com níveis atrativos de retorno. Também
vemos um cenário muito positivo para Rumo (RAIL3) e Santos Brasil (STBP3) pelo balanço favorável de
oferta e demanda em seus respectivos setores (tanto em terminais portuários como logística de
escoamento de grãos); cenário positivo para o incremento de tarifas acima da inflação e projetos
importantes de crescimento futuro para absorção da demanda marginal.
05 Ações 30

VAREJO
Por Danniela Eiger, CFA | Thiago Suedt | Gustavo Senday

O primeiro semestre de 2023 se provou desafiador para o setor de varejo, impactado por condições
macroeconômicas ainda desfavoráveis para o consumo, frente ao alto nível de endividamento e taxa de
juros e poder de compra restrito. Além disso, o setor foi pressionado após o evento Americanas, que levou a
uma postura mais conservadora dos bancos em relação a concessão e renovação de crédito. Por fim, a
maior parte das empresas contou com bases de comparação fortes, principalmente no 2º trimestre,
enquanto o setor de vestuário teve desafios de clima, por conta de um inverno mais brando.

Olhando para frente, esperamos uma melhora gradual no cenário macro, com uma inflação mais controlada
e expectativa do início do ciclo de cortes das taxas de juros em agosto, o que deve trazer alívio para os
consumidores e para empresas mais alavancadas. Além disso, o setor conta com uma base comparável
mais fraca por um contexto macro já bastante desafiador no 2º semestre de 2022 e eventos não recorrentes
desfavoráveis para o varejo (clima, eleições, Copa do Mundo), principalmente no 4º trimestre de 2022.
Podemos ver alguma reação positiva dos papéis em antecipação dessa dinâmica mais favorável ao longo
do 2º semestre.

Apesar da expectativa de uma melhora gradual no cenário ao longo dos últimos seis meses do ano,
continuamos a preferir empresas que

i. são resilientes, por conta do seu segmento ou público-alvo;

ii. contam com uma tendência sólida de resultados, principalmente puxada por crescimento orgânico
e/ou iniciativas internas;

iii. têm um histórico de entregas comprovado; e

iv. estão negociando a um nível de valuation atrativo. Reiteramos Grupo Soma (SOMA3), Vivara (VIVA3) e
Grupo Mateus (GMAT3) como nossas preferências no setor, enquanto Lojas Renner (LREN3) e Assai
(ASAI3) podem ser bons nomes para se posicionar para o 2º semestre, por conta da melhor dinâmica
de resultados e maior elasticidade às taxas de juros.

Top picks: Grupo Soma (SOMA3), Vivara (VIVA3) e Grupo Mateus (GMAT3)
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Renda Fixa: cenário melhora, mas


oportunidades ainda existem
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Renda Fixa Por Camilla Dolle, Mayara Rodrigues, Natalia Moura

Em apenas seis meses, o cenário na Renda Fixa


passou por mudanças significativas. Começamos o
ano indicando cautela devido aos riscos fiscais e,
logo depois, o caso Americanas elevou de forma
substancial a percepção de risco no mercado de
crédito. Esse evento foi seguido de outros, tanto no
mercado local quanto global.

Por outro lado, apontamos que, em momentos de


risco maior, as oportunidades tendem a surgir. Os
resgates nos fundos de crédito, motivados pelos
eventos citados acima, levaram os spreads
(prêmios) de crédito a subir significativamente nos
primeiros meses de 2023. O índice IDEX, da gestora
brasileira JGP, mostrou crescimento de mais de 100
pontos-base nos spreads, inclusive em títulos de
baixo risco.

Passado o primeiro semestre, no entanto, alguns riscos parecem ter se dissipado, ou ao menos diminuído. A
proposta do arcabouço fiscal foi bem recebida e levou à redução na percepção de risco fiscal por parte do
mercado. O ambiente mais benigno foi refletido na melhora da perspectiva do rating soberano pela S&P
Global, que se encontra agora em Positiva (indicando que a nota pode ser elevada nos próximos 12 a 18
meses).

Adicionalmente, o mercado de crédito privado passou a indicar menor aversão a risco de maneira gradual,
com queda nos spreads em cerca de 30 pontos-base no último mês. Apesar disso, mantemos nossa
recomendação de cautela, ao optar por títulos de empresas com boa qualidade de crédito,
preferencialmente de prazos (duration) não muito longos (de até cerca de cinco anos). Títulos públicos e
emissões bancárias (com atenção ao emissor e ao volume máximo de cobertura do FGC – Fundo
Garantidor de Créditos) complementam a carteira de Renda Fixa local.

Em termos de indexadores, com a melhora na percepção de risco e a expectativa de proximidade dos cortes
na taxa básica de juros, resultando em queda na curva de juros, os prefixados passam a figurar como uma
opção melhor do que nos últimos meses. Recomendamos atenção aos prazos, que devem se manter curtos
nestes casos. Os pós-fixados continuam a ser boa alternativa para alocação de caixa e recursos que
requeiram liquidez, especialmente devido ao patamar ainda elevado da Selic. Os títulos atrelados ao IPCA de
prazo médio a longo oferecem proteção contra a inflação, que deve permanecer acima da meta do Banco
Central, caso mantidos até o vencimento. A atenção à marcação a mercado é importante para títulos
prefixados e híbridos. Quanto mais longo o título, maior será a sensibilidade às oscilações de mercado
antes do vencimento.

Por fim, a Renda Fixa internacional se apresenta como uma opção de diversificação. Com o aumento
recente de juros pelo Fed, os títulos públicos soberanos dos EUA (as Treasuries) pagam taxas em torno de
3,5% a 5% ao ano, dependendo do prazo. Assim, é possível investir nesses ativos, conhecidos como “livres
de risco” (“risk free”), recebendo rentabilidades consideravelmente elevadas. No caso dos títulos
corporativos emitidos nos EUA, os bonds, assim como no mercado local, a cautela se faz necessária, sendo
mais aconselhável buscar ativos de emissores com boa qualidade de crédito (high grade).

A atenção nestes casos fica para o prazo do título. Devido ao risco de recessão ainda presente no país,
títulos mais longos podem pagar hoje rentabilidades mais baixas do que os curtos e, uma vez que
Treasuries e bonds são prefixados em sua maioria, apresentam maior volatilidade (marcação a mercado).
Há também o risco cambial — dado que são títulos denominados em dólares e nossa moeda pode oscilar
em relação à americana. Por outro lado, podem ser vistos como uma proteção da carteira de investimentos,
por ser uma moeda forte.

Assim, apesar da melhora do cenário para ativos de risco, continuamos a enxergar diversas oportunidades
na Renda Fixa, tanto no Brasil quanto no mercado internacional.
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Fundos Listados: como se


beneficiar de um contexto
favorável
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Fundos Listados Por Maria Fernanda Violatti

Diante das perspectivas de redução da taxa de juros Selic, o contexto é favorável para os fundos
imobiliários. Com a redução dos juros, é esperado que a classe se beneficie de uma maior demanda por
ativos imobiliários, uma vez que a compra de imóveis se torna mais viável financeiramente.

Fizemos uma análise do comportamento do IFIX, principal índice de fundos imobiliários, durante último ciclo
de cortes de juros no Brasil, no final de 2016. Para isso, levantamos o retorno nos 12 meses seguintes de
quem teria investido 30 ou 60 dias antes da data da primeira redução na Selic à época e os retornos de
quem fez o investimento 30 ou 60 dias depois do primeiro corte.

Nessas diferentes janelas, o retorno acumulado pelo IFIX foi bastante elevado, muitas vezes superior aos do
Ibovespa e do IMA-B. Isso acontece pois o mercado passa a ter uma perspectiva mais positiva para a
classe dos FIIs pelos efeitos positivos que os juros mais baixos têm no mercado imobiliário e na atividade
econômica como um todo, o que contribui inclusive para redução da aversão ao risco e consequente
aumento no valor das cotas dos fundos imobiliários, principalmente os de tijolo, à medida que o mercado
enxerga maior potencial de retorno.

Portanto, existem indícios de que o investidor não precisa necessariamente se antecipar demais ao ciclo de
corte de juros para capturar bons retornos dos fundos imobiliários nos meses seguintes,
mas sem dúvida existe um efeito positivo que pode ser explorado para uma maior alocação ou movimento
tático nos 30 a 60 dias antes ou depois da data do início do corte de Selic.

O retorno do IFIX considera que todos os dividendos distribuídos são reinvestidos nos próprios FIIs. Além
disso, reforçamos a importância de analisar diversos outros aspectos qualitativos e quantitativos antes de
escolher um ou mais fundos imobiliários.

Essa perspectiva positiva contribui para um aumento no valor das cotas dos fundos de tijolo, à medida que
o mercado enxerga maior potencial de retorno.

Já a classe de fundos de recebíveis (fundos de papel) também se encontra num cenário favorável, já que
grande parte desses fundos apresentam descontos e ainda possuem seus portfólios indexados em IPCA
(juro real)ou ao CDI, que ainda apresenta rentabilidade atrativa.

Retorno acumulado 12 meses em relação ao início


do ciclo de corte de juros
27%
22% 21%
20% 20% 20% 19%
19% 16%
15% 15% 16% 15% 15% 15%

D-60 D-30 D0 D+30 D+60


IFIX IMAB IBOV
07 Fundos Listados 35

FUNDOS
DE PAPEL
Apesar do processo desinflacionário recente, as projeções de IPCA continuam acima da meta. Com isso, a
política monetária deve seguir restritiva, ainda que não necessariamente no grau atual. Em geral, atualmente
a classe de recebíveis negocia com descontos em relação ao valor patrimonial.

Com isso, mantemos visão construtiva para os fundos de papel em 2023, com preferência aos fundos com
melhor relação risco retorno, ou high grade, e com portfólios indexados à inflação. É importante levar em
conta também o risco de crédito dos ativos imobiliários que integram a carteira de cada fundo, driver
relevante da performance deste segmento.

LOGÍSTICA

Esperamos a manutenção dos níveis baixos atuais de vacância nos imóveis do segmento, mantendo os
padrões de dividendos atuais, com ganhos graduais com o reajuste dos aluguéis pela inflação passada.
Esperamos, em particular, uma maior resiliência de ativos localizados em rodovias próximas à Região
Metropolitana de São Paulo e maiores centros consumidores.

No médio prazo, esperamos crescimento moderado do segmento de galpões logísticos, em linha com a
evolução do seu principal driver: o crescimento do PIB, especialmente o PIB do setor de varejo e logística, se
beneficiando também, em menor escala, do crescimento do comércio exterior. No que diz respeito às
varejistas, inquilinas relevantes nos galpões, vimos impactos pontuais e controlados, não caracterizando
como risco sistêmico na classe.

RENDA
URBANA
Os principais drivers dos FIIs deste segmento variam de acordo com o tipo de imóvel predominante. Devido
ao aumento da incerteza em relação à política econômica, riscos fiscais e trajetória dos juros, acreditamos
que os fundos com predominância de imóveis de varejo alimentar, em especial os expostos ao “atacarejo”,
apresentem melhor desempenho e mantenham dividendos mais estáveis e constantes. Ademais, mantemos
cautela em relação a fundos com maior exposição a inquilinos de consumo com situação de
endividamento mais pressionada.

HEDGE
FUNDS FII
A estratégia de investimentos desse tipo de fundo se baseia em trazer maior flexibilidade na alocação de
seu patrimônio líquido, buscando ativos com melhor posicionamento de acordo com o momento, ou seja,
possibilitando ao gestor explorar melhor o ciclo de cada ativo. O time de gestão possui grande relevância
nesse tipo de fundo, já que é necessário bastante conhecimento para acompanhar as melhores
oportunidades em cada um dos segmentos de suas alocações.

Além disso, um bom time de gestão busca retornos adicionais e boa rentabilidade (alfa) mesmo quando os
mercados não estão em alta. Portanto, acreditamos que essa classe de FIIs pode se beneficiar em cenários
distintos da economia.
07 Fundos Listados 36

SHOPPING LAJES
CENTER CORPORATIVAS
Apesar dos indicadores de fluxo de pessoas ainda Mantemos visão positiva para o médio prazo, com a
ter espaço para recuperação, as vendas nos perspectiva de maior resiliência para os ativos bem
shoppings apresentam crescimento em ritmo localizados e de alta qualidade, como os
menor do que o observado em 2022. A receita localizados na região Faria Lima/Vila Olímpia, em
desse segmento está associada aos aluguéis São Paulo, e por FIIs com gestores experientes no
variáveis atrelados aos níveis de vendas das lojas. mercado imobiliário e inquilinos de capacidade
Entendemos que FIIs com portfólios compostos por financeira sólida. Além disso, os fundamentos de
shoppings dominantes, que são a nossa longo prazo são sólidos para essa classe. Dito isso,
preferência, tendem a apresentar melhoria em seus a despeito do um cenário macro que ainda tem
indicadores de vendas. desafios, enxergamos o segmento de lajes
corporativas uma classe atrativa em fundos com
Com isso, é esperado um aumento nos proventos bons ativos e bem-localizados. Ademais, o excesso
pagos por esses fundos nos próximos meses, de pessimismo trazido pela pandemia e a disparada
possivelmente levando a um dividend yield acima da no preço de construção e do CEPAC geraram
média dos FIIs de shoppings integrantes do IFIX. oportunidades de comprar ativos bem localizados
por preço inferior ao custo de reposição.

FIAgro - FII
A visão para o setor agro se torna ainda mais construtiva diante das perspectivas de cortes de juros. É
importante acompanhar os desafios e oportunidades não só nos diferentes segmentos do agronegócio,
mas também a qual ponto específico da cadeia produtiva está se expondo por meio dos CRAs dos FIAgros.

A revenda de insumos, por exemplo, é a que mais sofre com a manutenção dos juros elevados. Nos
segmentos de açúcar e etanol, apesar das incertezas macroeconômicas, as perspectivas de melhora são
positivas. Para o setor de alimentos, o alívio nas pressões dos custos, referente à queda nos preços das
commodities, sustenta uma visão mais otimista. No setor de grãos, a perspectiva é neutra para os
produtores, considerando um alívio no curto prazo, devido ao aumento nos preços da soja e do milho, mas o
pessimismo persiste quanto aos preços das commodities agrícolas no geral.
Para os players de serviços, as expectativas são de crescimento associado à safra recorde no Brasil.
Esperamos que isso se converta em novas oportunidades de negócios para os FIAgros e maiores emissões
de CRAs ao longo do 2º semestre de 2023.

A dinâmica dos dividendos da maioria dos FIAgros atuais é similar à dos fundos de papel, já que seus
portfólios são formados basicamente por CRAs. A maior parte dos CRAs integrantes das carteiras dos
FIAgros são indexados ao CDI, que acompanha os movimentos da Selic. Com a perspectiva de redução
gradual da taxa de juros, o que deve manter os patamares elevados por pelo menos mais 12 ou 18 meses,
os FIAgros devem manter o alto nível atual de dividend yield médio em 2023.

Confira nossa carteira recomendada de FIIs atualizada


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Alocação:
hora de ir ao ataque?
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Alocação Por Rodrigo Sgavioli e Clara Sodré

Entramos na segunda metade de 2023 com uma perspectiva mais positiva para Renda Fixa Prefixada e
Renda Variável Brasil, os “cavalos” escolhidos para refletir nossa visão mais construtiva para Brasil.

Seguiremos com alocação em Renda Variável Global nas mínimas históricas, principalmente nas carteiras
de menor risco. Já a Renda Fixa Global, apesar de estar com retornos esperados nas suas máximas, ainda é
exposta a aberturas nas taxas de juros e nos spreads de crédito, principalmente para títulos de países
emergentes e high yield de países desenvolvidos. Por isso, a mudança de uma visão mais “neutra” para
“positiva” fica postergada em ao menos mais um trimestre.

Assim, neste segundo semestre, vamos mais ao ataque com ativos do mercado local e jogando mais no
meio de campo e na defesa com os ativos internacionais.

Perspectiva alocação curto/médio prazo


Classe de ativo
4º tri 2022 1º tri 2023 2º tri 2023 jul/23
Renda Fixa Pós Positiva Positiva Positiva Positiva

Renda Fixa Pré Neutra Neutra Positiva Positiva

Renda Fixa Inflação Positiva Positiva Positiva Positiva

Renda Fixa Global (hedge) Neutra Neutra Neutra Neutra

Multimercados Positiva Positiva Positiva Positiva

Multimercados Globais Positiva Positiva Positiva Positiva

Renda Variável Brasil Positiva Neutra Neutra Positiva

Renda Variável Global (hedge) Negativa Negativa Negativa Negativa

Renda Variável Global (sem hedge) Negativa Negativa Negativa Negativa

Alternativos/Ativos Reais Positiva Positiva Positiva Positiva

Alternativos/Commodities Neutra Neutra Neutra Neutra

Alternativos/Private Equity & VC Positiva Positiva Positiva Positiva

CONFIRA A SEGUIR COMO SE


POSICIONAR EM CADA CLASSE
DE ATIVOS
08 Alocação 39

RENDA FIXA LOCAL


Pós-fixado – O CDI médio dos próximos 12 meses
deve rodar entre 12,5% e 12,0%, o que ainda garante
mantermos a maior parcela da Renda Fixa local
nesse indexador nas carteiras de menor risco
(Precavida e Cautelosa). Apesar disso, buscamos
evitar concentração excessiva em ativos que
rendem puramente Selic ou 100% do CDI. Nas
carteiras de maior risco, equilibramos ainda mais a
alocação em renda fixa pós-fixada com os demais
indexadores (prefixado e IPCA+).

Prefixado – Ganhou maior exposição nas carteiras


no 2º trimestre de 2023 com perspectivas de um
cenário favorável para esse tipo de investimento,
que são os de proximidade de afrouxamento
monetário e maiores chances de uma inflação mais
baixa e mais controlada. O aumento de alocações
em prefixados normalmente deve ser realizado
quando existe uma visão mais construtiva para o
Brasil, como estamos agora.
Nos últimos três períodos de estabilidade da Selic antecedentes a um ciclo de queda (2011, 2015 e 2018),
os investidores que fizeram aportes em títulos prefixados em algum desses anos, sem resgatar, tiveram
rentabilidade maior que 150% do CDI após 2 anos, em média, considerando a marcação a mercado os
papéis. Destacamos que os prêmios estão cada vez menores nos vencimentos até 2026, mas que
continuam sendo nossa predileção pelos riscos associados ao prefixado muito longo.

Inflação – É o indexador predileto para Renda Fixa nas carteiras de mais risco (Energética e Destemida).
Historicamente, alocações em IPCA+ nos períodos de estabilidade da Selic e que antecederam ciclos de
queda de juros, como o que se aproxima, possuem maior probabilidade de obter rentabilidades acima do
CDI em prazos superiores a 2 ou 3 anos, principalmente quando as taxas dos títulos são adquiridas acima
de IPCA +5%. Com a redução dos riscos extremos ligados ao cenário fiscal brasileiro, estamos mais
construtivos com vencimentos acima de 2030, principalmente para alocação com visão de longo prazo.

Crédito Privado – A redução na percepção de risco vem permitindo uma normalização nos mercados
primário e secundário e consequente fechamento dos spreads de crédito, para emissões em CDI+ e IPCA+.
Esse ambiente tem sido mais favorável ao desempenho dos títulos (bancários e privados) e,
consequentemente, dos fundos de crédito privado, que inclusive já apresentaram menores fluxos de
resgates. De qualquer forma, as palavras da ordem seguem sendo seletividade, diversificação/pulverização
e monitoramento para exposições em crédito privado.

RENDA FIXA GLOBAL


Rendimentos (yields) das Treasuries seguem subindo, principalmente nos vencimentos mais curtos (até 2
anos), o que tem trazido boas oportunidades para investimentos em títulos públicos e privados (bonds), sem
necessidade de alongar demasiadamente prazos. Assim como no mercado local, a seletividade e
diversificação seguem sendo importantes, uma vez que os juros devem se manter altos por mais tempo,
impactando de forma bastante distinta emissores de diferentes setores e segmentos da economia e
geografias.

Não temos visto ainda aberturas relevantes nos spreads de crédito, mesmo dos títulos high yield e de
mercados emergentes, mas esse risco vai se tornando maior nos meses à frente, com empresas sendo
cada vez mais pressionadas por altos custos de empréstimos e encargos de dívida mais onerosos.
08 Alocação 40

Nesse ambiente, a busca por gestores de renda fixa/crédito globais pode ser um caminho para obter
retornos atrativos com maior diversificação de estratégias e pulverização de carteira. Vale destacar que a
classe segue apresentando correlação de curto prazo positiva em relação à renda variável global, mas ainda
tem comportamento distinto da renda fixa brasileira, ajudando na diversificação de riscos da parcela de
renda fixa como um todo.

M U LT I M E R C A D O S
São o primeiro passo para os investidores que possuem exposição somente em Renda Fixa e querem
começar a diversificar a carteira, tomar mais risco e buscar retornos superiores de médio/longo prazo.
Neste 2º trimestre de 2023, identificamos um aumento no nível de risco alocado pelos gestores dos fundos
em comparação ao começo de ano, com destaque para algumas das posições mais comuns entre eles,
(i) vendidos em dólar versus real;
(ii) comprados em ouro;
(iii) tomados em Treasury 2 anos (apostando na sua alta);
(iv) aplicados na Treasury 10 anos (apostando na sua queda) e;
(v) vendidos em Bolsa americana.

E é principalmente essa última posição que tem afetado negativamente a


performance de curto prazo dos multimercados, especialmente os Macro.
Sobre o Brasil, existe um menor pessimismo ou até algum otimismo, o que fez vários deles reduzirem ou
zerarem posições vendidas na Bolsa brasileira, ficando neutros ou levemente comprados. A recente melhora
de desempenho na Bolsa brasileira e ativos de risco locais foi mais bem capturada pela parcela de fundos
sistemáticos/quantitativos e Long & Short da carteira. Seguimos privilegiando gestores Macro, mas com
uma importante diversificação através de fundos sistemáticos/quantitativos e Long & Short.

R E N D A VA R I ÁV E L LO C A L
A combinação de taxas de juros nominais e reais mais baixas, maior visibilidade em relação aos gastos
fiscais e melhores perspectivas para a atividade econômica no Brasil vem trazendo um tom mais otimista
para os ativos brasileiros, inclusive para a Renda Variável. As principais altas recentes têm sido nos
setores mais sensíveis às taxas de juros e que vinham sofrendo bastante até poucos meses atrás:
Educação, Construtoras e Varejo. Essas altas se refletem, inclusive, na melhora do desempenho dos fundos
de ações das nossas carteiras que possuem maior exposição exatamente a esses papéis que são mais
sensíveis aos juros.

Entendemos que, mesmo com o rally mais recente, os ativos brasileiros seguem baratos em relação aos
seus pares globais, além de haver uma importante sublocação em ações brasileiras por parte de alguns
investidores, como os fundos multimercados locais, pessoas físicas e fundos de pensão. Por esse motivo,
resolvemos alterar a perspectiva da classe para positiva, aumentando também a exposição sugerida nas
carteiras. Riscos existem, mas os principais parecem estar mais controlados ou postergados: descontrole
fiscal, recessão global e maiores impactos por conta da reforma tributária. Dito isso, vemos espaço para o
Brasil seguir bem no curto/médio prazo, tanto em termos absolutos, quanto no relativo global.

R E N D A VA R I ÁV E L G LO B A L
A “tão aguardada” recessão da economia dos EUA parece estar sendo empurrada para frente, talvez para
meados de 2024. Mas, com um mercado imobiliário passando por grandes desafios, produção industrial
americana contraindo e estimativas de lucro das empresas em queda, com margens apertadas, fica difícil
imaginar que a maior economia do mundo conseguirá escapar de uma recessão -- mesmo que branda e não
tão duradoura -- antes de retomar o caminho do crescimento.
08 Alocação 41

As bolsas americanas parecem ainda ignorar esses dados e estão em bull market técnico, com altas acima
de 20% desde o seu piso mais recente. Quase toda essa alta está concentrada em alguns poucos papéis
dos setores de tecnologia e comunicações do S&P500 e Nasdaq, principalmente os que se favoreceram da
tese de Inteligência Artificial. Esse rally da maioria das bolsas globais na primeira metade de 2023 só reforça
a nossa tese de que sempre se faz necessária a exposição à renda variável global como diversificação de
um portfólio completo, mesmo que com posições menores quando as perspectivas são mais negativas.
Aquele investidor que zerou suas posições em bolsas globais, no pânico sobre uma possível recessão nos
EUA desde o ano passado, perdeu altas expressivas, que poderiam ter contribuído de forma pouco
correlacionada ao desempenho dos seus ativos brasileiros.

Portanto, além de preços de ações cada vez mais caros e políticas monetárias ainda precisando de algum
aperto adicional ou de mais tempo para fazerem efeitos nos países desenvolvidos, temos uma perspectiva
de curto prazo ainda bastante desafiadora para as ações globais. Por isso, mantivemos não só baixa
exposição à renda variável global nas carteiras, como sugerimos uma subalocação, principalmente para
investidores de curto prazo. Quanto à exposição regional, seguimos mais construtivos com mercados
emergentes, onde o Brasil se destaca.

A LT E R N AT I V O S
Seguimos construtivos com as teses mais ilíquidas e de longo prazo via fundos de Private Equity, Venture
Capital, Infraestrutura, Crédito Estruturado e Situações Especiais, pois apresentam maior relação com a
economia real e menor correlação com outros ativos financeiros. Além disso, em um cenário global mais
complexo, com uma provável recessão à frente e sem a abundância de liquidez de outros tempos, o capital
privado, seja via ações (Private Equity e Venture Capital), seja via dívida/crédito, pode representar uma
opção para as empresas captarem recursos, favorecendo a originação de bons ativos e/ou lançamentos de
novos produtos.

Entretanto, estudos sobre os resultados da jovem indústria de fundos alternativos do Brasil mostram que
mais do que nas outras classes de fundos líquidos, a escolha do gestor e dos fundos alternativos corretos
faz toda diferença entre estar no 1º quartil com ótimos resultados, comparáveis até mesmo aos pares
globais, e obter resultados medíocres ou até negativos. Portanto, a diligência para a escolha dos produtos
para esse tipo de alocação deve ser detalhada.

Em investimentos temáticos, por meio de instrumentos mais líquidos, ainda temos uma visão construtiva
para ativos reais, como fundos imobiliários de tijolos, além de commodities, principalmente energéticas e
agrícolas, transição energética e tecnologia.
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Benjamin Franklin
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gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor. 11. O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos
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exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma 12. A XP Investimentos se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos,
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e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte,
dos negócios e operações financeiras realizadas pela XP Investimentos. resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista
4) O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Resolução utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas
CVM nº 20/2021 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os
analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os
no relatório. eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas
5) Os analistas da XP Investimentos estão obrigados ao cumprimento de todas as regras Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com
previstas no Código de Conduta da APIMEC para o Analista de Valores Mobiliários e na utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas.
Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários da XP Investimentos. 14. Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título
6) O atendimento de nossos clientes é realizado por empregados da XP Investimentos ou por de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida,
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em conformidade com a Resolução CVM nº 16/2021, os quais encontram-se registrados alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de
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ANCORD. O agente autônomo de investimento não pode realizar consultoria, feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário
administração ou gestão de patrimônio de clientes, devendo atuar como intermediário e macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o
solicitar autorização prévia do cliente para a realização de qualquer operação no mercado desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas
de capitais. patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não
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investimento oferecidos pela XP Investimentos, utilizamos a metodologia de adequação 15. O investimento em opções é preferencialmente indicado para investidores de perfil
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nº 01 e do Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de mercado de opções, são negociados direitos de compra ou venda de um bem por preço
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de risco para cada perfil de investidor (conservador, moderado e agressivo), bem como vendedor tal como num acordo seguro. As operações com esses derivativos são
uma pontuação de risco para cada um dos produtos oferecidos pela XP Investimentos, de consideradas de risco muito alto por apresentarem altas relações de risco e retorno e
modo que todos os clientes possam ter acesso a todos os produtos, desde que dentro das algumas posições apresentarem a possibilidade de perdas superiores ao capital investido.
quantidades e limites da pontuação de risco definidas para o seu perfil. Antes de aplicar A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente
nos produtos e/ou contratar os serviços objeto deste material, é importante que você não está garantido neste tipo de produto.
verifique se a sua pontuação de risco atual comporta a aplicação nos produtos e/ou a 16. O investimento em termos são contratos para compra ou a venda de uma determinada
contratação dos serviços em questão, bem como se há limitações de volume, quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado. O prazo
concentração e/ou quantidade para a aplicação desejada. Você pode consultar essas do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores, obedecendo o prazo
informações diretamente no momento da transmissão da sua ordem ou, ainda, mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. O preço será o valor da ação
consultando o risco geral da sua carteira na tela de carteira (Visão Risco). Caso a sua adicionado de uma parcela correspondente aos juros – que são fixados livremente em
pontuação de risco atual não comporte a aplicação/contratação pretendida, ou caso mercado, em função do prazo do contrato. Toda transação a termo requer um depósito de
existam limitações em relação à quantidade e/ou volume financeiro para a referida garantia. Essas garantias são prestadas em duas formas: cobertura ou margem.
aplicação/contratação, isto significa que, com base na composição atual da sua carteira, 17. O investimento em Mercados Futuros embute riscos de perdas patrimoniais significativos.
esta aplicação/contratação não está adequada ao seu perfil. Em caso de dúvidas sobre o Commodity é um objeto ou determinante de preço de um contrato futuro ou outro
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investidor, consulte o FAQ. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário ou produto físico. É um investimento de risco muito alto, que contempla a possibilidade de
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simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes. PRÁTICAS PARA ATIVIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO NO
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