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Julia Wiltgen

Caro leitor,

O ano virou, mas uma série de incertezas


que deixavam o mercado tenso em 2022
continuam por aí: o fim da âncora fiscal
brasileira, a guerra entre Ucrânia e Rússia e a possível
desaceleração ou até recessão nas principais economias do
mundo são algumas delas.

Começamos 2023 com a perspectiva de um ano difícil no


exterior e de juros altos no Brasil, um cenário desafiador
para os investidores que desejam multiplicar seu patrimônio
e não apenas preservá-lo.

Sabemos como ninguém da dificuldade de se projetar o


futuro, e mesmo um horizonte de apenas um ano já é uma
eternidade quando falamos de previsões.

Mesmo assim, se é na virada do ano que os investidores mais


revisitam as suas carteiras de investimento, precisamos
ao menos saber, em linhas gerais, o que esperar para os
próximos 12 meses e por onde começar.

Aqui no Seu Dinheiro, a série Onde Investir é uma tradição.


Nossos repórteres conversam com diversas fontes de
mercado, como analistas, gestores e economistas, sobre as
melhores oportunidades de investimento nas principais
classes de ativos para o ano que se inicia.
Para 2023, como já é de costume, trazemos uma entrevista
com um economista renomado, Fábio Kanczuk, ex-
diretor do Banco Central e head de macroeconomia da
ASA Investments, para traçar um panorama geral do que o
investidor deve encontrar adiante.

Trazemos ainda textos com os ativos preferidos dos


especialistas nos mercados de ações, renda fixa, criptoativos,
fundos imobiliários e proteções, como ouro e dólar, além de
mercados internacionais.

Espero que goste. Bons investimentos!


Índice
06. CENÁRIO MACROECONÔMICO
CDI vira refúgio para se proteger de Lula ‘messiânico’, diz
Fábio Kanczuk, ex-diretor do BC

13. BOLSA
Na bolsa, ações de empresas resilientes e com forte
potencial de longo prazo são as indicações para o ano

22. BITCOIN E CRIPTOMOEDAS


Após ano difícil para o bitcoin (BTC), analistas enxergam
oportunidades em DeFis e outras criptomoedas ‘não
convencionais’

34. RENDA FIXA


Renda fixa é novamente o grande destaque do ano; veja
as melhores oportunidades
48. FII E IMÓVEIS
Fundos imobiliários de papel devem ser as estrelas do
ano, mas há oportunidades de lucro com tijolo — veja 17
FIIs para colocar na carteira

63. INVESTIMENTOS NO EXTERIOR


BDRs e ações estrangeiras podem ser boas opções,
mas apenas para quem tiver frieza para aguentar a
volatilidade

73. DÓLAR, OURO E PROTEÇÕES


Perigo de recessão global exige boa dose de proteção -
mas o dólar e o ouro não são a resposta
CDI vira refúgio para se proteger
de Lula ‘messiânico’, diz Fábio
Kanczuk, ex-diretor do BC
Para Kanczuk, a perspectiva de que o governo eleito será
mais gastador terá efeito inflacionário que força Selic a
ficar alta por mais tempo
Flávia Alemi
A resposta para a pergunta “onde investir em
2023” passa obrigatoriamente por um nome:
Luiz Inácio Lula da Silva. O petista assume o
cargo no dia 1º de janeiro, mas os movimentos
nas principais classes de ativos já reagem aos
primeiros sinais do governo que se inicia.

Depois de uma rápida lua de mel nos mercados nos


primeiros dias após as eleições, os ruídos provocados pelo
ambiente de incerteza que costuma marcar um governo de
transição deixaram os ânimos dos investidores à flor da pele.

Fábio Kanczuk, head de macroeconomia da ASA


Investments, está no grupo dos que ficaram pessimistas
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com o novo governo. Para o ex-diretor de política econômica
do Banco Central, o principal motivo para a revisão de cenário
foi a intenção do novo governo de aumentar os gastos além
do esperado, o que deve levar a uma deterioração fiscal em
meio a uma economia em desaceleração.

“Para a gente, foi uma mudança muito grande no que


estávamos enxergando. Apareceu um Lula messiânico, que
acha que sozinho consegue fazer as coisas acontecerem, que
ele não precisa se curvar ao mercado, à responsabilidade
fiscal”, disse Kanczuk, em entrevista ao Seu Dinheiro.

Nesse contexto, o economista diz que a melhor forma de o


investidor se proteger atende por três letras: CDI. Isso porque
a perspectiva de que os juros se mantenham em patamares
elevados deve tirar a atratividade tanto da bolsa como do
dólar.

Ponto de virada
O otimismo inicial do mercado com o futuro governo Lula
começou a entornar no dia 10 de novembro de 2022, de
acordo com Kanczuk.

Naquela quinta-feira, o mercado tremeu após o discurso de


Lula com críticas ao teto de gastos e a confirmação de Guido
Mantega, ex-ministro da Fazenda, na equipe de transição
do governo. Posteriormente, vale notar, Mantega teve de
renunciar à função por ter sido condenado pelo Tribunal de
Contas da União (TCU), situação que o impede de assumir
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cargos públicos.

Em meio a todo esse ruído, o ex-presidente do Banco Central


Henrique Meirelles — o ministro da Fazenda “dos sonhos” da
Faria Lima — disse num evento fechado do BTG Pactual que
estava pessimista com a economia e desejou boa sorte aos
investidores.

Naquele dia, que ficou conhecido como “Boa Sorte Day”, o


Índice Bovespa caiu 3,35%, enquanto o dólar à vista encerrou
a sessão em alta de 4,14%.

Novo governo, novos gastos


A crise na relação entre Lula e o mercado só piorou após a
apresentação da PEC da Transição, quando o governo eleito
pediu uma licença para gastar quase R$ 200 bilhões fora do
teto de gastos.

O argumento para o gasto bilionário é a necessidade de


cumprir com as promessas de campanha de manter o
Auxílio Brasil - que voltará a se chamar Bolsa Família - em R$
600 e pagar mais R$ 150 por criança até 6 anos.

Mas, nas contas do ex-diretor do BC, cerca de R$ 80 bilhões


seriam suficientes para Lula cumprir com as obrigações.

“Apertou demais no fiscal. Vai dar errado. A ambição dele


[Lula] é completamente descabida”, criticou Kanczuk, que
já prevê um aumento na carga tributária para o governo dar
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conta do aumento dos gastos.

O ex-BC ressalta, porém, que sua visão pessimista não é um


consenso entre os membros do mercado.

“A gente fala com um monte de economistas. Eles ainda


estão achando que não é bom, mas que dá para ir tocando.
Mas eu acho que não está numa situação que dá para tocar.
Meu cenário é realmente pessimista, de apostar contra.”

Para onde vão os juros?


E como esse cenário barulhento se reflete nos investimentos?
A resposta passa pelo futuro da taxa básica de juros (Selic).
Isso porque o ruído fiscal deixou as expectativas para os juros
embaralhadas.

Para parte dos economistas, a queda da Selic, antes prevista


para o primeiro semestre, foi apenas adiada para a segunda
metade de 2023.

Alguns gestores, no entanto, deixaram de acreditar num


corte dos juros e passaram a enxergar possibilidade de alta
na primeira metade do ano.

Não é o caso de Kanczuk, mas ele vê a manutenção das taxas


no patamar de 13,75% por um tempo estendido. Mas isso não
significa que ele esteja otimista.

“Para mim, o BC não deve subir os juros, mas vai mudar o


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balanço de risco, que é o segundo componente da política
monetária. O primeiro é prever a inflação”, afirmou.

Dessa forma, ele acredita que a melhor maneira de proteger


os investimentos é ficar exposto ao CDI. Ou seja, em
aplicações pós-fixadas, que acompanhem a variação da Selic.
É o caso, por exemplo, do Tesouro Selic e de CDBs de bancos
de primeira linha que paguem 100% do CDI.

Por mais que Kanczuk preveja a inflação surpreendendo para


cima, o juro real — ou seja, a diferença entre a taxa de juros e
a inflação — continuaria tornando mais vantajosos os títulos
indexados ao CDI do que ao IPCA.

Dólar mais alto não vai proteger


E se o dólar sempre costuma marcar presença na lista de
proteções, desta vez a história é um pouco diferente. De
acordo com o ex-BC, devemos ver o real se depreciando
ainda mais no ano que vem, o que levaria a moeda
americana ao patamar de R$ 5,80.

Mas, em relação ao nível que a divisa se encontra, Kanczuk


não vê vantagem em se expor à moeda americana devido ao
custo de oportunidade representado pelo CDI.

Em outras palavras, ao comprar dólar, é preciso “deixar na


mesa” um rendimento próximo a 13,75% garantido hoje pelas
aplicações pós-fixadas.

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“Comprar dólar seria uma péssima forma de expressar
pessimismo. Quer expressar? Vende bolsa, mas não compra
dólar”, afirmou.

De qualquer forma, vale lembrar que um portfólio


diversificado saudável costuma incluir uma parcela dos
investimentos expostos à divisa americana. No Seu Dinheiro,
levamos a sério o mantra “sempre tenha dólar na carteira”.

Seja como for, o contexto macroeconômico dos Estados


Unidos não é dos mais convidativos para uma alocação
maior na moeda norte-americana como oportunidade de
investimento.

Isso porque o rumo dos juros por lá também é uma


incógnita. O Federal Reserve tem enviado sinais mistos ao
mercado a cada semana, ora indicando que só afrouxará a
política monetária quando a inflação baixar, ora adotando
um tom mais comedido para evitar uma recessão no país.

“Se nossos modelos estiverem corretos, a inflação nos EUA


não volta para a meta. Ela deve ficar alta, em torno de 3,5%”,
destacou Kanczuk. A meta de inflação do Fed, vale destacar,
é de 2% no longo prazo.

Bolsa barata, hora de comprar ações? Não,


obrigado
Se é verdade que os juros devem ficar altos por mais tempo

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no contexto global, os ativos de risco, como ações, tendem
a ser penalizados. Nos últimos meses, foi comum ouvir
gestores dizerem que a bolsa brasileira está barata e que
agora é um bom momento para ir às compras.

Mas a visão de Kanczuk vai justamente na direção oposta: a


ASA Investments está vendida na bolsa brasileira. Ou seja, a
perspectiva é de que os ativos listados se desvalorizem ainda
mais.

Kanczuk é categórico: “se puder optar por sair da bolsa, saia”.

O conselho vale para as ações de forma geral. Mas, ainda


assim, o ex-BC admite que as empresas que focam no
mercado de baixa renda possam se beneficiar com o novo
governo, caso Lula cumpra com a promessa de ampliar o
programa de moradia popular Minha Casa Minha Vida.

O cenário para o investidor em 2023 não promete ser fácil,


mas quem ficar atento às oportunidades poderá ter um
resultado melhor do que o esperado. Confira ao longo desta
semana o dossiê de cada classe de ativos para ficar de olho
em 2023.

Flávia Alemi
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie e com MBA em Informações Econômico-
Financeiras e Mercado de Capitais pela FIA. Trabalhou na
Agência Estado/Broadcast e na S&P Global Platts.

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Na bolsa, ações de empresas
resilientes e com forte potencial de
longo prazo são as indicações para
o ano
A ordem para o ano é agir com cautela no mercado de
ações, evitando companhias endividadas e com forte
exposição à economia doméstica.
Jasmine Olga
Foi aos trancos e barrancos, mas o Ibovespa
conseguiu encerrar 2022 no azul — e foi na
contramão dos principais índices acionários
globais. Isso, no entanto, não significa que a
caminhada da bolsa no ano passado não foi
dolorida.

A alta de cerca de 5% do Ibovespa parece animadora, mas


esse número não conta a história inteira. A verdade é que os
últimos 12 meses foram complicados para a bolsa brasileira —
e a queda de mais de 12% do índice de small caps da B3, que
mede o desempenho das empresas de menor porte na B3, é

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um termômetro mais fiel do que foi 2022.

O primeiro trimestre começou positivo, com uma forte


injeção de dinheiro estrangeiro no país, mas o pique não
se manteve. Uma guerra na Europa, um cenário de aperto
monetário global, juros na casa dos 13% ao ano e uma eleição
presidencial foram apenas algumas das lombadas no meio
do caminho.

A maior parte dos fatores que pressionaram os negócios no


ano passado não desapareceram após a meia noite do dia 1º
de janeiro — e é por isso que 2023 deve ser um ano marcado
pela cautela.

Ricardo Peretti, estrategista da Santander Corretora, aponta


que caso as incertezas se dissipem no primeiro semestre, a
segunda metade do ano pode ser de recuperação, uma vez
que os ativos brasileiros se encontram em níveis descontados
de preço, com múltiplos muito abaixo da média histórica.

Mas, até lá, deve ser difícil ver alguma empolgação.

Apesar disso, os analistas parecem achar que ainda é cedo


para fazer diagnósticos mais ousados. A preocupação com
o rumo das contas públicas no futuro, marca dos últimos
meses do ano, levou a maior parte das casas de análise a
iniciarem a revisão de suas projeções para o Ibovespa no
próximo ano, atrasando a divulgação dos números.

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Esse pode não ser o melhor dos cenários para investimentos
arrojados, mas ainda existem boas oportunidades na bolsa —
ainda que a renda fixa seja atrativa.

Para o estrategista-chefe da XP Investimentos, Fernando


Ferreira, o patamar atual do Ibovespa — na faixa dos 110 mil
pontos — é atrativo e traz oportunidades mesmo com as
incertezas, já que o múltiplo preço/lucro da bolsa brasileira
está 40% abaixo da média dos últimos 15 anos.

Ou seja: há atratividade nas ações locais, com um prêmio


de risco (rentabilidade menos a taxa de juro real) de 8,9%,
superior à média histórica — uma oportunidade.

Bolsa: onde investir em 2023


Com os juros altos e o cenário ainda nebuloso no início do
próximo ano, os especialistas do mercado preferem trabalhar
com uma carteira de investimentos mais conservadora, de
olho em um horizonte mais longo de tempo — ainda que, em
momentos como esse, as boas oportunidades de assimetria
sejam mais numerosas.

Para Rafael Cota Maciel, da Inter Asset, o ideal é evitar


empresas muito endividadas, impactadas por mais tempo
pela alta da taxa de juros, e focar a composição da carteira
em ações líderes de seus setores, com forte potencial de
repasse de preço e características mais defensivas.

A BB Seguridade (BBSE3) foi uma empresa mencionada por


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quase todos os especialistas ouvidos pelo SD. O braço de
seguros do Banco do Brasil é visto com bons olhos, já que
os fortes investimentos em renda fixa garantem receitas
financeiras mais gordas para a seguradora.

Além disso, caso os temores de uma piora na inadimplência


do BB se confirmem, a companhia se beneficia de um
aumento dos prêmios de seguro.

Paulo Weicker, da Apex Capital, aponta que o papel


BBSE3, hoje, é negociado em níveis muito descontados,
principalmente diante das perspectivas de crescimento de
lucro e de outras linhas do balanço.

A seguradora só não foi mais citada do que a Weg (WEGE3)


— a grande queridinha do mercado, apesar de Weicker
destacar que ela não é exatamente uma ação barata.

A fabricante de equipamentos elétricos é vista como


uma das empresas mais resilientes da bolsa, entregando
resultados consistentes e crescimento robusto, mesmo em
meio à adversidade — o que eleva a confiança do mercado
na gestão da Weg.

Outro elemento que favorece as ações da companhia é


o potencial de se beneficiar do movimento de transição
energética, pauta que deve seguir em evidência pelas
próximas décadas.

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Ainda falando de opções mais conservadoras de
investimento, o setor elétrico aparece logo na sequência na
lista de preferência do mercado. Eletrobras (ELET6), CPFL
(CPFE3) e Equatorial (EQTL3) foram os nomes citados.

Confira outros papéis citados como boas opções pelos


especialistas:

• Arezzo (ARZZ3): empresa do setor de consumo, mas


com boa capacidade de precificação e blindagem contra
inflação pela exposição à alta renda (Inter Invest);

• Sabesp (SBSP3): os analistas acreditam que o momento


é favorável para uma privatização (Itaú, Apex);

• Fleury (FLRY3): preço atrativo em um setor que deve


continuar expandindo em 2023, com novas frentes de
atuação e beneficiado pelo envelhecimento da população
(Apex); e

• Assaí (ASAI3): varejo alimentar segue sendo favorecido


pela preferência dos consumidores para evitar os efeitos
da inflação. Oferta de ações do Casino, controlador
francês, também trouxe alguns aspectos positivos para a
empresa

Não tem como fugir


Ao falar da bolsa brasileira, é quase impossível desviar de dois

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temas: commodities e estatais.

O primeiro se deve à grande concentração de empresas


produtoras de matéria-prima na bolsa, correspondendo
a cerca de 30% da carteira total do Ibovespa — ou seja, o
desempenho do setor pode mudar completamente o rumo
do principal índice da bolsa.

Já o segundo se deve ao fato que duas das principais


empresas listadas hoje — Banco do Brasil (BBSA3) e
Petrobras (PETR4) — são de controle da União.

O risco relacionado ao mercado de commodities está no


crescimento da China. O país segue patinando para se livrar
das restrições econômicas impostas pelo coronavírus, o que
gera insegurança sobre a demanda.

Na leitura do Itaú BBA, o petróleo talvez seja a commodity


mais capaz de manter um preço atrativo no mercado, uma
vez que os mecanismos para a manutenção do valor do
barril são mais consolidados, principalmente por conta da
atuação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo
(Opep+).

Para Peretti, do Santander, as commodities continuam em


um patamar de preço que “ainda aceita certo desaforo”.
Apesar dos riscos, a Inter Invest, BlueLine e a Apex Capital
seguem otimistas com Vale (VALE3) como uma eventual
forma de se posicionar em commodities.

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A bolsa de olho em Brasília
No caso das estatais, o consenso parece ser “esperar para
ver”. Isso porque a maior parte dos analistas consultados
até acredita que o BB e a Petrobras estejam em patamares
atrativos de preço, mas a falta de clareza sobre o futuro das
duas companhias é um risco que não vale a pena correr.

“Eu não gosto de dormir com esse tipo de sócio [a União] que
acorda um dia e estava indo para o ponto A, mas decide ir
para o ponto B”, explica um gestor.

Na petroleira, o temor é que o novo governo altere a política


de preços da companhia e volte a fazer investimentos não-
estratégicos, o que deve comprimir as margens e reduzir
a distribuição de dividendos. No caso do Banco do Brasil, a
preocupação é com a carteira de crédito da companhia.

O braço de seguros do banco estatal, a BB Seguridade


(BBSE3), no entanto, é uma das ações favoritas dos
especialistas para 2023.

Outro assunto que não deve sair do radar dos investidores


é a possível tributação de dividendos. O novo governo já
sinalizou que irá priorizar uma reforma tributária e o assunto
estará na pauta.

Quando o assunto é dividendos, o setor bancário costuma


brilhar — os analistas acreditam que uma eventual mudança
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pode trazer impactos de curto prazo pela mudança de
estratégia adotada pelos investidores.

Victor Natal, do Itaú BBA, explica que dependendo do


desenho do novo imposto, os investidores irão buscar o
modelo fiscal mais eficiente para os seus investimentos — o
que pode passar por deixar de investir direto na bolsa para
fazer operações via fundo de investimentos, cuja tributação é
diferenciada.

No caso dos bancos, o Itaú (ITUB4) foi o papel mais citado,


devido ao seu potencial de navegar pelo cenário mais
desafiador para o crédito, mas o setor bancário — assim
como o de distribuidoras de energia e empresas boas
pagadoras de proventos, como a Ambev (ABEV3), devem ser
impactadas por eventuais mudanças na tributação.

Jasmine Olga
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela
Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro
de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

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Risco para todo lado… para onde


‘correr’?
As ações da bolsa brasileira não devem ser ignoradas
em 2023: há papéis sendo negociados abaixo da média
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histórica e pagando um bom prêmio de risco. No entanto, as
incertezas – políticas, econômicas, fiscais – tampouco passam
despercebidas pelo investidor.

Diante desse cenário, uma alternativa para buscar lucros e,


ao mesmo tempo, proteger o patrimônio de quedas bruscas,
é investir via fundos de ações.

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120 fundos de renda variável com foco na bolsa brasileira,
incluindo opções das gestoras Brasil Capital, Ibiuna, Kadima,
Alaska e também fundos baseados nas recomendações de
analistas da Empiricus Research.

Para quem gosta de operações rápidas na bolsa (em especial,


o day trade), a corretora conta com salas de trading com
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PLATAFORMA DESCOMPLICADA E INTUITIVA

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Após ano difícil para o bitcoin
(BTC), analistas enxergam
oportunidades em DeFis e outras
criptomoedas ‘não convencionais’
O cardápio de opções aumenta um pouco mais para o ano
que se inicia: com a disparada do bitcoin, outros tokens
(criptomoedas) devem se beneficiar também
Renan Sousa
Mais um ano se passou, e os investidores
recolhem os louros — ou cacos — dos
seus investimentos. E, para quem estava
posicionado em criptomoedas, o saldo pode
não ter sido dos melhores: o mercado como
um todo, afinal, sofreu praticamente por todos os últimos 12
meses.

As cotações da maior criptomoeda do mundo, o bitcoin


(BTC), caíram 63% em 2022. Nas máximas do ano, a moeda
digital atingiu os US$ 48.205; nas mínimas, tocou os US$
15.521.

22
Mas, como dizem: ano novo, vida nova. Analistas do mercado
estão com o sentimento de que “o pior já passou” no
mercado cripto e aumentam as apostas para 2023.

Quem acompanhou o último especial Onde Investir no 2º


Semestre de 2022, pode ter saído um pouco decepcionado
— as indicações de criptomoedas não saíram muito dos
óbvios bitcoin e ethereum (ETH).

No entanto, para os próximos 365 dias, o cardápio de opções


aumenta um pouco mais. Existe uma expectativa de
disparada dos preços do bitcoin — o que, por consequência,
também estimula a alta de outros tokens (criptomoedas).

Nome (ticker) Tipo Cotação atual Valor de


mercado
Bitcoin (BTC) Moeda US$ 16.751,07 US$ 322,24
bilhões
Ethereum Infraestrutura US$ 1.184 US$ 142,81
(ETH) bilhões
Polygon Infraestrutura US$ 0,758 US$ 7,16
(MATIC) bilhões
Solana (SOL) Infraestrutura US$ 12,32 US$ 4,52
bilhões
UniSwap DeFi US$ 5,33 US$ 4,02
(UNI) bilhões
Avalanche Infraestrutura US$ 12,00 US$ 3,74
(AVAX) bilhões

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Nome (ticker) Tipo Cotação atual Valor de
mercado
Chainlink Oráculo US$ 6,01 US$ 2,96
(LINK) bilhões
Cosmos Infraestrutura US$ 8,92 US$ 2,61
(ATOM) bilhões
GMX (GMX) DeFi US$ 45,46 US$ 8,44
milhões
Fontes: CryptoRank e Coin Market Cap

Ainda existem outros setores que empolgam com cautela os


analistas, como o de tokens não fungíveis (NFTs), Metaverso,
Web 3.0 e sistemas de armazenamento do tipo IPFS
(InterPlanetary File System, ou sistemas de armazenamento
interplanetário, numa tradução livre).

Mas esses projetos não têm criptomoedas específicas no


momento — e as razões para isto você confere a seguir.

O inverno das criptomoedas


Antes de dizer o que esperar de 2023, é preciso colocar
na mesa o que manteve bons projetos extremamente
descontados ao longo de 2022. Ainda que alguns motivos
permaneçam, a ausência de outros injeta otimismo no
mercado.

O ano começou com a expectativa de aumento dos juros nos


EUA. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano)
tinha a difícil missão de controlar a inflação galopante e
24
manter o desemprego baixo.

Assim, as taxas saíram da faixa de 0% a 0,75% para 4,25% a


4,50% ao ano. Ao mesmo tempo, o cenário macroeconômico
não ajudou os ativos de risco. A partir daí, o Longo Inverno
Cripto apenas se alongou com os eventos que se sucederam.
Relembre aqui alguns:

• Desaparecimento repentino do protocolo Terra (LUNA),


que drenou bilhões do mercado;

• A crise de liquidez fez com que projetos como Celsius,


Voyager e outras plataformas travassem os saques e
depósitos dos clientes;

• Um dos principais fundos de grande exposição ao


protocolo Terra (LUNA), o Three Arrows Capital (3AC),
também teve que encerrar suas atividades;

• Por fim, o mercado viu a queda de mais um gigante


com o colapso da FTX, já perto do fim do ano, que
culminou com a prisão do ex-CEO, Sam Bankman-Fried,
o SBF.

Todos esses eventos fizeram o valor global das criptomoedas


cair mais de 60% desde o início de 2022. O dreno total
chegou a US$ 1,2 trilhão nos últimos 12 meses.

25
Preferências dos analistas
Vale ressaltar que criptomoedas alternativas ao bitcoin
e ao ethereum — as chamadas altcoins — tendem a ter
uma volatilidade maior. Portanto, é preciso ressaltar que o
retorno é proporcional ao risco e que as perdas podem ser
substanciais.

Dito isto, para os especialistas consultados pela reportagem,


o inverno cripto “limpou” o mercado de projetos pouco
promissores ou que tinham uma má gestão de recursos.

Assim, boa parte dos protocolos que sobreviveram estão


relacionados à infraestrutura da tecnologia blockchain, os
chamados layer 2 (L2, ou de segunda camada).

Esses são projetos criados para solucionar algum dos três


problemas principais que existem em todas as blockchains:
escalabilidade, segurança e descentralização.

“Posições de L2 mais maduras também podem ser uma boa


aposta, como Polygon (MATIC). Os outros projetos, como
Arbitrum, Optimism (OP) e ZkSync e Starkware, podem
acabar se beneficiando também, mas mais por especulação,
já que seus tokenomics [“economia do token”, termo
técnico para avaliar como aquele protocolo se sustenta
financeiramente] ainda não são tão atrativos assim”, define
Rafael Castaneda, analista de blockchain e criptomoedas da
Mercurius Research.

26
As criptomoedas queridinhas dos analistas
O segmento de L2 ainda conta com projetos conhecidos,
como o ethereum, a segunda maior criptomoeda do mundo.
Em 2023, novas atualizações devem animar as cotações com
a implementação do sharding da rede. Os detalhes você
confere aqui.
Já as ethereum killers Solana (SOL) e Polkadot (DOT)
também empolgam. Apesar de não serem mais
consideradas as moedas com potencial para substituir o ETH,
os protocolos cresceram em número de usuários e criação
de projetos em suas blockchains. Com uma melhora geral do
mercado, os tokens têm grande potencial.

Fechando a lista com uma cripto não tão conhecida, o


protocolo Cosmos (ATOM) introduz o conceito de multichain.
Em resumo, ela pretende ser a via que conecta várias
blockchains e protocolos, de maneira mais rápida e segura
do que as pontes (bridges).

DeFis: da queda ao topo (?)


Outro setor que também empolga é o de finanças
descentralizadas (DeFi). Apesar da queda de mais de 90%
no valor estocado em contratos do gênero (Total Value
Locked, ou TVL), os que sobreviveram ao inverno saíram mais
resilientes, e os analistas enxergam um acúmulo de recursos
nesse segmento no médio prazo.

O destaque especial vai para o protocolo GMX (GMX),


27
citado por praticamente todos os analistas. Grosso modo, o
protocolo de exchange descentralizada (DEX, na sigla em
inglês) serve para negociação de contratos de DeFi.

Em um relatório publicado pela equipe de research de


criptomoedas da Empiricus, Vinicius Bazan, chefe da divisão,
e o analista Paulo Camargo destacam que a geração de
receitas desse protocolo é extremamente consistente, dando
margem para um crescimento sustentável e inclusão de
novos mecanismos de fluxo de caixa, como o staking, por
exemplo.

Como consequência, a valorização do token GMX também


está na perspectiva dos analistas.

Por último, o protocolo Uniswap (UNI) — tido como um


dos primeiros a implementar o sistema que criou as DEX
e trocas (swaps) automáticas — também foi um dos que
“sobreviveram”. Para o futuro, o protocolo deve estabelecer
um sistema de fee switch, que pode fazer o protocolo gerar
receita líquida para sustentar a DAO que organiza o projeto.

Gerenciamento e manuseio de dados


Esse é o mesmo motivo pelo qual sistemas de
armazenamento de informação do tipo IPFS (InterPlanetary
File System) também estão entre os destaques dos analistas.

Em linhas gerais, a tecnologia IPFS é uma maneira eficiente


e descentralizada de gerenciamento e armazenamento de
28
dados online.

O modelo foi emprestado do universo da web 2.0, mas


refinado com a entrada da blockchain no mundo digital,
permitindo uma maior segurança e análises de informações
com maior transparência, sem a necessidade de um ente
centralizador e controlador desses dados.

NFTs, Metaverso e Web 3.0 na geladeira


Assim como protocolos relacionados a IPFS, projetos em NFT
ou relacionados ao metaverso e à web 3.0 ainda são deixados
“de lado” pelos analistas.

Isso porque ainda existe um número muito grande de


projetos que surfaram a onda do bull market de 2021. Mas
são protocolos que não desenvolveram uma tokenomics
suficientemente clara ou razoável, na visão dos analistas.

Ou seja, ainda é preciso passar um “pente fino” no


mercado para separar bons e maus protocolos e fazer as
recomendações.

À exceção do Metaverso e da Web 3.0, existem aqueles que


defendem a tese de que os NFTs ainda têm chances de se
provarem bons investimentos, como explica André Franco,
chefe de research do Mercado Bitcoin (MB).

“Nós tivemos apenas o primeiro round dessa tese. Foi o


mesmo que aconteceu com o boom dos ICOs [oferta inicial
29
de tokens, o mesmo que IPO no universo das criptomoedas]
em 2017 e depois muitos foram a zero. Depois de uma queda
de 95% nos projetos, ainda existem aqueles 5% de NFTs que
tem alguma utilidade”, diz.

Nem tudo foi tragédia


Para o CIO da gestora de ativos digitais QR Asset, Alexandre
Ludolf, o período foi marcado por pressões nas cotações, mas
a tecnologia em si não “falhou” durante o ano.

“O mercado conseguiu fazer o The Merge do ethereum e


ainda foram criados novos projetos no último ano, então
o blockchain se provou muito resiliente nesse período”,
comenta.

Quem engrossa o coro a favor de um otimismo para 2023 é


Vinícius Bazan, da Empiricus.

“Projetos como ethereum, polkadot e polygon foram


povoados com novas tecnologias, como foi o caso dos zk
rollups”, diz, em referência à tecnologia que permite a
escalabilidade (crescimento) com aumento de velocidade
das transações em uma blockchain.

Leis de criptomoedas avançam em todo


mundo
Ainda existem outros eventos que estimulam o otimismo
no mercado de criptomoedas. O Brasil aprovou o primeiro
30
marco legal dos ativos digitais no final de 2022, o que animou
o setor como um todo.

Grandes grupos e países, como a União Europeia e os


Estados Unidos, também avançam nos debates sobre o
mercado de ativos digitais — especialmente após a falência
da FTX, os legisladores se viram diante da necessidade de
regular o setor.

A inclusão das criptomoedas no universo regulado dá


margem para a entrada de investidores e usuários, o que
tende a se refletir nas cotações à vista dos tokens.

Uma nova dinâmica das criptomoedas?


Por fim, o preço do bitcoin oscilava cada vez menos a cada
nova crise. Dados on-chain da rede da maior criptomoeda do
mundo mostram que a atividade da rede vem aumentando,
ainda que isso não reflita ainda no preço à vista.

Outras métricas, como criação de wallets e comportamento


do usuário, também chamaram a atenção em 2022.

Em outras palavras, o BTC se recuperava ou mantinha uma


estabilidade de preços com mais facilidade após cada baque
do setor.

Isso sustenta a tese de que a maior criptomoeda do mundo


pode ter formado um piso mais bem definido, o que
permite estimativas de preço e reações mais precisas. A
31
volatilidade dessa classe de ativos, porém, não deve sumir
tão cedo — alguns analistas acreditam que o sobe e desce
será permanente, já que é inerente à própria dinâmica das
moedas digitais.

Como última dica para 2023, vale lembrar que o setor de


criptomoedas é altamente arriscado e o investidor não deve
se expor desnecessariamente aos perigos deste universo. Os
especialistas recomendam alocar uma parcela de no máximo
5% do seu portfólio em ativos digitais.

Renan Sousa
É repórter do Seu Dinheiro. Cursa jornalismo na
Universidade de São Paulo (ECA-USP) e já passou pela
Editora Globo e SpaceMoney. Twitter: @RenanSSousa1

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Após o inverno, as criptomoedas


podem ser ‘aquecidas’ novamente?
O investimento em criptomoedas raramente é um
investimento “tranquilo”: o sobe e desce dos ativos é
característica praticamente intrínseca da classe. Qualquer
investidor que tenha vontade de entrar neste mercado
precisa estar preparado para isso.

Por isso mesmo é que os especialistas recomendam que seja


aplicada apenas uma pequena parcela do patrimônio nestas
moedas digitais.
32
Além disso, outra recomendação comum é que moedas mais
consolidadas, como o Bitcoin e Ethereum, ocupem maior
percentual da carteira.

Mas investir em cripto nem sempre é fácil. Tradicionalmente,


a aplicação deve ser feita através de uma exchange, uma
corretora específica de ativos digitais, e é preciso estar atento
às regras de segurança de armazenamento das moedas.

Uma maneira descomplicada de investir nessa classe é


através de fundos de investimentos de criptomoedas.
Através deles, você consegue, com um único aporte, se expor
a diversas moedas diferentes e sem se preocupar com as
burocracias da negociação via blockchain.

A Empiricus Investimentos foi uma das corretoras pioneiras


no mercado a oferecer esse tipo de aplicação. Lá, você
encontra fundos temáticos de Metaverso, DeFi, NFTs, entre
outros. Basta clicar no botão abaixo para saber mais:

QUERO INVESTIR EM CRIPTOMOEDAS DE FORMA


FÁCIL E RÁPIDA

33
Renda fixa é novamente o grande
destaque do ano; veja as melhores
oportunidades
Com a Selic estável em 13,75%, 2023 tem tudo para ser o
ano da renda fixa (de novo). Veja onde investir nessa classe
de ativos para proteger a carteira e também buscar bons
rendimentos.
Julia Wiltgen
A classe de ativos com alguns dos melhores
desempenhos de 2022 tem tudo para ser
novamente o destaque de 2023. Com a
incerteza prolongada no cenário econômico
internacional e o risco fiscal brasileiro, que
voltou a preocupar o mercado, a renda fixa continuará sendo
o porto seguro dos investidores.

No ano passado, com o aumento dos juros nos países


desenvolvidos e a continuidade da elevação da taxa Selic
por aqui, os ativos imobiliários e de renda variável sofreram,
enquanto a renda fixa passou a pagar cada vez mais,
atraindo os investidores locais.
34
Como resultado, vimos os ativos pós-fixados - aqueles
atrelados à Selic e ao CDI - obterem as maiores
rentabilidades do ano, entre todos os principais
investimentos.

Em 2023, essa busca por rentabilidade com segurança deve


continuar. E agora, com duas vantagens adicionais para o
investidor em renda fixa:

• A Selic deve permanecer estável em 13,75% por quase


todo o ano, podendo começar a diminuir apenas no fim
de 2023 ou início de 2024, expectativa majoritária do
mercado atualmente.

• A inflação diminuiu em relação ao ano passado, saindo


da crítica casa dos dois dígitos em períodos de 12 meses,
onde estava até meados de 2022, e deve permanecer
controlada, embora ainda elevada.

Nesta matéria, você vai ver onde investir em 2023 na renda


fixa, que tem tudo para ser, novamente, a classe de ativos
mais rentável do ano.

Onde investir na renda fixa em 2023


As duas grandes pedidas para 2023 na renda fixa, segundo os
especialistas ouvidos, são os títulos pós-fixados (e fundos que
neles investem) e aqueles que têm a remuneração atrelada

35
à inflação medida pelo IPCA, sejam eles públicos ou privados
- sendo que, no crédito privado, é melhor escolher aqueles
papéis e fundos considerados high grade, isto é, de baixo
risco de crédito.

Os pós-fixados devem se beneficiar de uma Selic elevada e


estável no topo do ciclo de alta de juros, com um bom ganho
real, isto é, acima da inflação, que deve se manter em um
dígito.

Já os papéis atrelados a índices de preços oferecem proteção


contra uma inflação ainda alta e podem se valorizar quando
os juros finalmente começarem a cair - o que vai acontecer
cedo ou tarde.

“Não há necessidade de se correr muito risco [neste ano].


Mesmo as carteiras de menor risco terão um bom retorno. O
mais importante é focar em ter ganho acima da inflação, e
em 2023 o CDI já oferece um ganho real natural”, diz André
Ximenez, superintendente de investimentos da Infinity.

Dois dos entrevistados também indicaram uma pitada de


prefixados na carteira, que acreditam estar num patamar
de remuneração muito atrativo para se lucrar com a futura
queda dos juros. A seguir, esmiuçamos cada uma dessas
recomendações.

Títulos públicos e bancários pós-fixados devem ser a


base da carteira de renda fixa

36
Títulos pós-fixados conservadores, como o título público
Tesouro Selic, os CDBs de bancos de primeira linha que
pagam 100% do CDI e os fundos Tesouro Selic de taxa zero,
já devem compor a parcela da carteira dedicada à reserva de
emergência.

Mas para além deste colchão financeiro mais básico, o


investidor pode deixar uma boa parcela da sua carteira
investida em pós-fixados em 2023 que não vai fazer feio.
“Os pós-fixados continuam sendo a grande bola da vez, em
especial para os investidores iniciantes”, diz Odilon Costa,
analista de renda fixa e crédito privado do BTG Pactual.

Com a continuidade da alta de juros nos países


desenvolvidos - com posterior estabilização das taxas num
patamar elevado -, a resiliência inflacionária no Brasil por
conta do perfil potencialmente mais gastador do novo
governo e o aumento do risco fiscal após o fim do teto de
gastos e a PEC da transição, a expectativa é de que a Selic se
mantenha em 13,75% por quase todo o ano e termine 2023
em 12,25%, segundo o primeiro boletim Focus do Banco
Central deste ano.

Já as demais classes de ativos devem experimentar bastante


dificuldade, o que pode levar os pós-fixados a repetirem o
desempenho de 2022, quando foram os investimentos mais
rentáveis de todo o período.

Diante das incertezas em relação ao crescimento econômico

37
mundial e ao novo governo brasileiro, vale, portanto, seguir a
dica de Fábio Kanczuk, entrevistado na nossa reportagem de
abertura da série Onde Investir, e se refugiar no CDI.

Os investidores mais conservadores também podem aderir,


sem medo, às Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de
Crédito do Agronegócio (LCAs) que pagam um percentual do
CDI. Saiba mais sobre esse tipo de investimento.

Embora não tenham liquidez diária, esses papéis podem


ter vencimentos de prazos diferentes e contam com
as vantagens de serem isentos de imposto de renda e
protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), assim
como a poupança e os CDBs.

Para quem quiser diversificar a carteira de pós-fixados e


buscar uma rentabilidade acima do CDI para aquela parcela
da carteira que superar a da reserva de emergência, André
Ximenez, da Infinity, recomenda também os fundos de renda
fixa de gestão ativa que fazem operações nos mercados de
juros, câmbio e inflação por meio de derivativos, mas sem
alavancagem.

Esses fundos podem ter diferentes níveis de volatilidade,


então o investidor precisa ficar de olho naquele que se
encaixa melhor no seu perfil. O mais bem-sucedido fundo
da Infinity no ano passado, o Tiger, é um fundo desse tipo e
rendeu quase 24% em 2022, sem investir em ativos de crédito
privado.

38
Trata-se de um investimento com mais risco que as
aplicações de renda fixa tradicional, como títulos públicos e
papéis emitidos por bancos, sem, no entanto, terem um risco
equiparável ao da renda variável.

Títulos públicos indexados à inflação oferecem bom


ponto de entrada

Para Odilon Costa, contudo, o investimento em pós-fixados


agora deve se restringir aos prazos mais curtos, uma vez que
a Selic já está no topo do ciclo de alta ou próxima dele.

Para prazos mais longos, o ideal é preferir os títulos públicos


indexados ao IPCA, que oferecem proteção contra uma
inflação ainda elevada e também podem se beneficiar da
futura queda nos juros, uma vez que a Selic vai ter que cair
em algum momento, senão a economia brasileira não resiste.

No ano passado, os títulos públicos atrelados à inflação de


prazos menores se saíram bem, com a queda dos juros
futuros mais curtos quando a alta da Selic começou a surtir
efeito na inflação.

Mais afetados pela política monetária, os papéis mais


curtos se valorizam quando o mercado já começa a ver, no
horizonte, uma parada na alta dos juros e uma consequente
queda das taxas, que pode ser decorrente do controle
inflacionário ou da necessidade de se estimular a economia,
por exemplo.
39
Por outro lado, os papéis mais longos do Tesouro Direto
ficaram entre os piores investimentos de 2022, uma vez
que são mais afetados pelo risco fiscal - e um aumento na
percepção desse risco pelo mercado jogou os juros futuros
longos lá para cima, derrubando os preços de mercado
desses títulos.

Para 2023, o cenário para os títulos públicos indexados à


inflação permanece mais ou menos o mesmo. Em todos
os vencimentos, o Tesouro IPCA+ está pagando uma
rentabilidade historicamente atrativa, superior a 6% ao ano
mais a variação da inflação oficial até o vencimento.

No entanto, os de médio prazo são considerados, pelos


especialistas ouvidos, os que oferecem melhor risco-retorno.
O risco-país ainda se mostra muito elevado com todas as
incertezas relacionadas ao novo governo, que ainda não se
mostrou lá muito responsável fiscalmente - fora o histórico
dos governos do PT nesta seara, que não favorece. Assim,
a alta volatilidade dos papéis mais longos traz um risco
adicional à carteira.

É por isso que André Ximenez, da Infinity, gosta dos títulos


Tesouro IPCA+ com vencimentos intermediários, como o
2028. Já Odilon Costa, do BTG, prefere aqueles que têm
duration ao redor de seis anos, o que coincide com os
vencimentos de 2028 a 2032.

40
Atualmente, apenas o 2029 e o 2032 estão disponíveis
para venda no Tesouro Direto, mas os demais podem ser
adquiridos no mercado secundário, via mesa de operações
das corretoras.

Mas pelo menos um entrevistado disse gostar de títulos


indexados à inflação de prazos mais longos, variando de dez a
doze anos. Luis Barone, responsável por Wealth Management
na Galapagos Capital, acredita que esses papéis têm grande
potencial de valorização, uma vez que os juros futuros longos
aumentaram no Brasil, mas caíram nos Estados Unidos,
que enfrentam risco de recessão após o aperto monetário
recente.

“Há um prêmio de risco hoje nessa parte da curva. Ainda


que tenhamos mais incerteza, é um prêmio exagerado”, diz
Barone.

Lembrando que, mesmo sendo voláteis, os títulos Tesouro


IPCA+ pagam exatamente a rentabilidade acordada no
vencimento. Então travar uma rentabilidade superior a 6%
ao ano acima da inflação por cinco, dez ou mesmo vinte
anos não é de modo algum um mau negócio. Para quem
está olhando para o longo prazo, é um bom momento para
comprar.

Uma pitada de prefixados na carteira

Mas se o grosso da carteira de renda fixa deve ficar alocado


em pós-fixados e indexados à inflação, dois especialistas
41
consultados citaram os títulos públicos prefixados como
uma boa “pimentinha” para essa porção do portfólio neste
momento.

A dinâmica de preços desses títulos é similar à dos


papéis indexados à inflação: se valorizam quando os juros
têm perspectiva de queda e se desvalorizam quando a
perspectiva é de alta, sendo os mais curtos mais afetados
pela política monetária, enquanto os mais longos são mais
ditados pelo risco fiscal.

Assim, os prés mais curtos tiveram bom desempenho em


2022, pelos mesmos motivos dos Tesouro IPCA+ de prazos
menores. E em 2023 podem fazer bonito de novo.

“Em poucos momentos da vida o investidor tem que ter


prefixados na carteira, e este é um deles”, diz Luis Barone, da
Galápagos.

Ele recomenda uma pitada de Tesouro Prefixado com prazos


de até quatro anos. Já Odilon Costa, do BTG, gosta daqueles
com vencimento até 2025 (ainda disponível para compra no
Tesouro Direto) e até mesmo dos títulos bancários prefixados,
como os CDBs.

Ambos acreditam que, mesmo com as incertezas à frente,


pode ter havido algum exagero na disparada dos juros
futuros nesses prazos. Afinal, ainda não é possível precisar
quando a Selic começará a cair - cenário que favorece os prés

42
-, mas esse movimento terá que começar em breve.

Crédito privado: prefira os títulos de baixo risco

No crédito privado - títulos de dívida emitidos por empresas,


como as debêntures, entre outros - valem as mesmas
recomendações de preferir, em 2023, os papéis atrelados ao
CDI e à inflação.

André Ximenez, da Infinity, por exemplo, gosta dos títulos


que pagam um retorno prefixado acima do CDI (CDI+) com
prazos mais curtos, dadas as incertezas fiscais; já Odilon
Costa, do BTG, diz para o investidor “olhar com carinho” para
os papéis que pagam um retorno acima do IPCA, que viram
uma fuga em massa dos investidores nos meses do ano
passado em que a inflação ficou negativa e, com isso, ficaram
com preços atrativos.

Entretanto, todos os especialistas ouvidos ressaltaram a


importância de optar por papéis high grade, isto é, emitidos
por empresas com baixo risco de crédito e alta previsibilidade
de geração de caixa.

Isso porque, embora as empresas brasileiras no geral não


estejam tão endividadas nem sejam más pagadoras, a Selic
elevada torna suas dívidas caras - e, como já foi dito, ainda
não sabemos por quanto tempo os juros permanecerão nos
patamares atuais.

Em matéria de setores, Luis Barone, da Galapagos, gosta


43
dos títulos emitidos pelas empresas do agronegócio, “mais
imune” aos fatores macroeconômicos locais e com receitas
em dólares. “Alimento é algo que nunca se deixa de vender”,
diz.

Já Odilon Costa recomenda que o investidor prefira


setores regulados, como saneamento básico, energia e
concessões públicas como um todo, além de commodities.
“Evite empresas muito alavancadas e expostas ao cenário
macroeconômico, como o varejo ou o setor imobiliário,
principalmente o de desenvolvimento, a menos que a
companhia tenha alguma vantagem específica”, diz.

Para o analista do BTG, retornos de CDI + 1%, CDI + 1,5% e IPCA


+ 7% em debêntures emitidas por empresas com os perfis
recomendados já são “excelentes taxas para o nível atual”.
“Buscar mais do que isso não valeria tanto a pena”, observa.

Fundos podem ser as melhores pedidas no crédito


privado

Para o investidor pessoa física, investir em crédito privado


diretamente pode ser desafiador, pela dificuldade de se fazer
uma boa análise de crédito, a baixa liquidez de muitos papéis
e o fato de que muitas emissões acabam ficando restritas a
quem tem muitos recursos para investir.

Nesse sentido, investir por meio de fundos pode ser uma


ótima pedida, pois o investidor conta com gestão profissional
para a escolha dos ativos, investimento inicial acessível,
44
grande diversificação e, muitas vezes, uma liquidez bem
maior.

Para Christopher Smith, sócio e gestor da Capitânia, gestora


especializada em fundos de crédito privado e uma das
mais bem-sucedidas do mercado nesta área, em 2023 o
investimento nesse tipo de ativo pela pessoa física deveria
focar em três espécies de fundos:

• Os fundos de crédito privado abertos (oferecidos por


plataformas de investimento) que tenham janelas de
resgate longas, de 45 dias ou mais a partir do pedido de
resgate. Para ele, trata-se de uma parte importante do
portfólio de qualquer investidor em qualquer cenário.

• Fundos listados de debêntures de infraestrutura, os


FI-Infra, que podem pagar dividendos periódicos e são
isentos de imposto de renda, tanto sobre os rendimentos
distribuídos quanto sobre a valorização da cota. Eles são
fundos fechados, com cotas negociadas em bolsa, assim
como os fundos imobiliários. Leia mais sobre os FI-Infra
aqui.

• Fundos imobiliários (FII) que investem em Certificados


de Recebíveis Imobiliários (CRI), títulos de crédito privado
atrelados ao setor imobiliário e isentos de IR para a pessoa
física. Como todo fundo desse tipo, os chamados “fundos
de papel” também distribuem rendimentos isentos de IR
e têm cotas negociadas em bolsa. Na nossa reportagem

45
sobre fundos imobiliários da série Onde Investir, falaremos
mais sobre eles.

“A pessoa física pode escolher cinco ou seis FI-


Infra e cinco ou seis FII de papel, que têm uma
volatilidade um pouco mais palatável para esse
tipo de investidor”, diz Smith.

Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças
Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto
de Administração (FIA). Trabalhou com produção de
reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais
de Exame.com, na Editora Abril.

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Nem toda renda fixa é igual…


2022 foi o ano em que a renda fixa voltou aos holofotes dos
investidores. O motivo? A alta da Selic e da inflação, que
afetam diretamente o CDI e o IPCA, dois dos indexadores que
norteiam a rentabilidade de muitos títulos.

Ainda assim, não é toda renda fixa que vale a pena.

Existem títulos “premium” que acabam ficando


escondidos nas prateleiras de bancos e corretoras – às

46
vezes, só os clientes mais endinheirados têm acesso a essas
oportunidades com rentabilidade “turbinada”.

Na Empiricus Investimentos, a história é outra: todos os


clientes podem acessar e investir nos títulos “premium”
dentro da plataforma. É também possível se cadastrar
gratuitamente para receber alertas de quando as melhores
ofertas entrarem na prateleira. Entenda melhor clicando no
botão abaixo:

QUERO INVESTIR EM TÍTULOS DE RENDA FIXA ‘PREMIUM’


E RECEBER ALERTAS DAS MELHORES OFERTAS

47
Fundos imobiliários de papel
devem ser as estrelas do ano, mas
há oportunidades de lucro com
tijolo — veja 17 FIIs para colocar na
carteira
Os fundos de tijolo, cujo patrimônio está em ativos reais,
ficarão às margens do tabuleiro para quem busca posições
mais seguras; mas para quem quer FIIs com bons portfólios
e desconto nas cotas, as melhores opções podem estar
nesse segmento.
Larissa Vitória
O banco imobiliário é um dos jogos de
tabuleiros mais populares do país. E sua
enorme fama deve-se ao fato de que ele
consiste em brincar com um dos investimentos
favoritos do brasileiro: acumular propriedades
como casas, hotéis ou empresas.

Os imóveis rendem pagamento de aluguéis toda vez que


outro jogador passa por lá. O objetivo final é enriquecer, e
48
ganha o jogo quem não for à falência.

Os fundos imobiliários (FIIs) também funcionam assim.


A diferença — além de usar dinheiro de verdade — é que,
ao invés de comprar diretamente os imóveis, o investidor
adquire as cotas dos fundos na bolsa de valores.

Mas a meta é a mesma: receber os aluguéis, que aqui são


distribuídos na forma de dividendos mensais e isentos de
Imposto de Renda, para proteger e engordar o patrimônio.

E, em 2022, essa indústria enfim avançou algumas casas no


tabuleiro. Após dois anos consecutivos de queda, o IFIX —
índice que reúne os principais FIIs da B3 — encerrou o ano
passado com um avanço de 2,22%.

Será que os fundos imobiliários vão emendar mais um


ano positivo em 2023, continuando a render frutos para os
brasileiros? Se sim, quais os mais recomendados para vencer
no tabuleiro dos FIIs?

Juros são a chave para o desempenho dos


fundos imobiliários
Assim como outros ativos de renda variável, os fundos
imobiliários são afetados por fatores macroeconômicos.
E, no caso dos FIIs, os juros são um dos elementos mais
importantes para o desempenho no mercado secundário.

49
Isso porque a trajetória da taxa Selic e, principalmente, da
curva de juros futuros podem diminuir a atratividade dessa
classe de ativos; eles alteram também as expectativas para
as taxas de financiamentos imobiliários, um dos pilares da
indústria.

“Para onde caminhará o mercado de fundos imobiliários


em 2023? Depende dos juros. E para onde vão os juros em
2023? Depende do Lula”, resume André Freitas, CEO e CIO
da Hedge Investments, em referência ao presidente recém-
empossado Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O temor é que a intenção do novo governo de aumentar os


gastos além do esperado possa levar a uma deterioração
fiscal e a um novo ciclo de aperto nos juros — confira aqui as
previsões de cenário macroeconômico para 2023.

Papel ou tijolo?
Por outro lado, outro efeito dos juros nos fundos imobiliários
pode ser positivo para uma classe de ativos específica, o
segmento de papel ou de Recebíveis Imobiliários, que investe
em títulos de crédito ligados ao setor.

Isso porque a rentabilidade deste tipo de FII pode estar


atrelada à inflação, normalmente por meio do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou aos
juros, com ativos indexados ao CDI.

O indicador acompanha de perto os movimentos da Selic e,


50
em caso de aperto, — ou mesmo de manutenção da taxa nos
patamares atuais —, deve garantir uma rentabilidade elevada
ao cotista.

“Os ativos financeiros são de novo a bola da vez porque esse


é um call mais seguro, com menos volatilidade. Os fundos
indexados ao CDI vão surfar bons proventos em uma janela
de 12 a 18 meses”, afirma Marcelo Potenza, analista do Itaú
BBA.

Além disso, os ativos ligados ao IPCA também não devem


ser descartados, segundo Caio Araújo, analista da Empiricus,
pois devem ajudar a proteger o capital dos investidores das
turbulências do cenário macro.

Nesse contexto, os fundos de tijolo, cujo patrimônio está em


ativos reais como galpões, escritórios e shoppings centers,
ficarão às margens do tabuleiro para quem busca posições
mais seguras.

Mas para quem quer FIIs com bons portfólios e desconto


nas cotas, as melhores opções podem estar nesse segmento,
de acordo com Fabio Carvalho, sócio da Alianza: “Fundos
de crédito recuperam-se mais rápido porque transmitem
rapidamente a inflação para os dividendos, mas não estão
tão baratos quanto alguns fundos de tijolo.”

Essa estratégia, porém, é mais indicada para quem investe


com foco no longo prazo. “Não vemos um mercado que

51
trará gatilho para que FIIs de tijolo subam muito rápido no
primeiro semestre”, destaca Ricardo Almendra, CEO da RBR.

Como é a carteira ideal de fundos


imobiliários?
Ficou confuso na hora de escolher entre a segurança do
papel e as oportunidades do tijolo? A boa notícia é que você
não precisa optar por apenas uma dessas duas classes na
hora de montar sua carteira.

Freitas, da Hedge Investments, relembra que a diversificação


é um dos princípios fundamentais dos investimentos para
mitigar riscos e maximizar os potenciais de ganhos. O
executivo também sugere uma alocação com base em suas
perspectivas para este ano.

“Como os fundos de papel são próximos da


renda fixa, eu faria um mix de carteira com 40%
de fundos de fundos, classe bem descontada
e com um dividend yield alto, ao redor de 11%.
Temperaria essa mistura com 20% de FIIs
corporativos, outro segmento que está barato.”

Os fundos imobiliários de papel preferidos


para 2023
Para a parcela da carteira destinada ao papel — na
52
proporção sugerida por Freitas, ou outra mais confortável
para o investidor —, os fundos ligados ao CDI são os mais
recomendados pelos especialistas consultados pelo Seu
Dinheiro.

O Kinea Rendimentos Imobiliários (KNCR11) cujo


portfólio está 96,9% alocado no indexador, foi citado pelos
representantes da Devant, RBR e Itaú BBA. De acordo com
Marcelo Potenza, analista da última casa, quem apostar nele
não deve sofrer estresse em 2023.

Almendra, da RBR, e França, da Devant, também indicam


outro fundo da Kinea para este ano, o Kinea Índice de Preços
(KNIP11). Aqui, o foco da carteira são os ativos indexados
à inflação, com o FII 94,8% alocado ao Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O KNIP11 é uma boa opção para quem busca fundos de


papel com cotas descontadas. O fundo sofreu no mercado
secundário com a deflação do IPCA registrada entre julho e
setembro e negocia cerca de 5% abaixo do valor patrimonial
das cotas. “É como se comprasse uma nota de R$ 100 por R$
95, indica o CEO da RBR.

Além dos fundos da Kinea, outros dois ativos são apontados


pelos especialistas como promissores para este ano. Araújo,
da Empiricus, lista o RBR Rendimento High Grade (RBRR11)
por ser de uma casa tradicional de crédito, apresentar uma
carteira equilibrada e negociar com desconto.

53
Já França recomenda um fundo da casa, o Devant
Recebíveis Imobiliários (DEVA11), também pelo “desconto
exagerado”. O gestor diz que o resultado tende a melhorar
com o reaquecimento da inflação.

O que esperar dos fundos imobiliários de


tijolo?
Já para a fatia da carteira reservada para os fundos de tijolo,
os especialistas divergem sobre qual seria a melhor opção.

Assim como André Freitas, da Hedge, Rodrigo França


acredita que a forma mais barata de comprar tijolo é por
meio dos fundos de fundos. “Às vezes o desconto chega
a 20% ou 25%, em alguns casos até 30%, considerando os
valores de mercado e patrimonial dos FOFs.”

Já Araújo, da Empiricus, destaca a logística como uma das


classes mais promissoras para 2023.

“O setor já performa bem há algum tempo,


com os níveis de vacância em patamares
mínimos e preços reajustados com frequência
nas principais regiões do Brasil. Vemos também
uma expansão na infraestrutura logística do
país para além de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais, o que mostra o potencial tanto
54
para o empreendedor quanto para o locatário”

Freitas menciona ainda as lajes corporativas entre seus


favoritos. “Imóvel é hedge [proteção] contra a inflação, de
certa forma, porque os aluguéis são indexados a ela, e muitos
fundos negociam abaixo do custo de reposição.”

Vale relembrar que o custo de reposição é o valor necessário


para desenvolver novamente os imóveis do portfólio.

Araújo enxerga o desconto nos fundos de laje com bons


olhos, mas aconselha cautela aos investidores. “A saída de
locatários diminuiu, mas a demanda continua lenta e a
vacância próxima às máximas históricas.”

A única unanimidade entre os gestores e analistas é que,


apesar da recuperação dos indicadores no último ano,
os fundos de shopping não estão em um bom ponto de
entrada. Ricardo Almendra, da RBR, argumenta que, para
quem quer investir no setor, as ações de administradoras de
shoppings listadas na B3 “estão muito mais baratas”.

Já a renda urbana, outro segmento ligado ao consumo, é


mais bem-avaliada pelos especialistas. “O setor se destacou
pela força dos contratos atípicos e as principais gestoras têm
sido bem sucedidas na reciclagem de portfólio”, argumenta
Caio Araújo.

Fundos de logística, lajes corporativas,


55
FOFs, shoppings e renda urbana para
investir em 2023
Traçadas as perspectivas para os principais segmentos de
fundos de tijolo, veja abaixo as recomendações para cada
uma das classes.

Em logística, o destaque é o VBI Logístico (LVBI11), indicado


por Devant e Itaú BBA. O fundo possui 10 ativos no portfólio,
vacância física de 2,4% e um dividend yield anualizado de
8,8%.

Ainda dentro do segmento de logística, o BTG Pactual


Logística (BTLG11) é o escolhido por Caio Araújo. O analista da
Empiricus destaca que este não é o fundo mais descontado
do mercado, mas tem conseguido girar a carteira e gerar
renda para os cotistas de outras maneiras.

Em lajes corporativas, o nome mais citado é o do VBI Prime


Properties (PVBI11), que foi recomendado por RBR e Itaú
BBA. O FII tem participações em quatro ativos considerados
“de boa qualidade e localização”, além de uma vacância física
atualmente zerada.

Os especialistas citam ainda outros cinco fundos promissores


dentro do segmento. São eles: CSHG Prime Offices (HGPO11),
JS Real Estate Multigestão (JSRE11), Rio Bravo Renda
Corporativa (RCRB11), RBR Properties (RBRP11) e Tellus
Properties (TEPP11).

56
Já a lista de recomendações de FOFs menor. Marcelo
Potenza, do Itaú BBA, indica o RBR Alpha Fundo de Fundos
(RBRF11) pela estratégia flexível que possibilita ao gestor mais
liberdade para balancear o portfólio em momentos difíceis
para a indústria.

Caio Araújo, por outro lado, menciona o BTG Pactual Fundo


de Fundos (BCFF11). O FII é destaque para o especialistas
da Empiricus pela “parcela interessante de crédito” que
apresenta em seu portfólio.

Apesar das ressalvas para os FIIs shoppings, os analistas da


Empiricus e do Itaú BBA afirmam que o HSI Malls (HSML11)
ainda deve chamar a atenção do mercado pelo desconto
nas cotas, a eficiência operacional da gestão nos shoppings
centers e o dividend yield médio de 9% nos últimos 12 meses.

Por fim, no segmento de renda urbana, o analista do Itaú


BBA recomenda o CSGH Renda Urbana (HGRU11) como uma
boa pedida para os investidores. Dono de imóveis do varejo
alimentício, vestuário e do setor educacional, o fundo entrega
um dividend yield de 8,1%.

Especialistas ainda têm um pé atrás com


os Fiagros
Além dos principais segmentos de fundos imobiliários,
os especialistas consultados pelo Seu Dinheiro revelaram

57
sua visão sobre os Fundos de Investimento nas Cadeias
Produtivas Agroindustriais (Fiagros), o “primo caipira” dos
FIIs.

Assim como os parentes da cidade, os Fiagros congregam


recursos de vários investidores para a aplicação em ativos
de investimentos do agronegócio, sejam eles de natureza
imobiliária rural ou de atividades relacionadas à produção do
setor.

O produto é apresentado em três categorias: direitos


creditórios (Fiagro-FIDC), participações (Fiagro-FIP) e
imobiliário (Fiagro-FII). Essa última é a que vale para nós, já
que as cotas dos dois primeiros só podem ser distribuídas
para investidores qualificados, enquanto o Fiagro-FII está
disponível ao varejo.

A estrutura é parecida com a dos FIIs, e é possível até separá-


los entre fundos de tijolo — ou terras e imóveis do agro, nesse
caso — e papel, focados em Certificados de Recebíveis do
Agronegócio (CRAs).

Para André Freitas, da Hedge, essa segunda classe deve ir tão


bem quanto os fundos de CRI. Mas o CEO e CIO da gestora
faz um alerta para os perigos dos Fiagros do tipo high
yield, que oferecem retornos maiores para operações mais
arriscadas.

Até mesmo os Fiagros do tipo high grade, com risco de

58
crédito mais controlado, não são recomendados por Ricardo
Almendra. “Tenho a impressão de que os investidores não
conhecem o risco das operações, que são mais high yield do
que as taxas mostram”, diz o CEO da RBR.

Uma das maiores ameaças é justamente a distância entre os


cotistas e as operações. “É mais difícil você acompanhar um
CRA que tem uma garantia lá no Mato Grosso, por exemplo”,
ressalta Marcelo Potenza, do Itaú BBA.

O analista da Empiricus faz coro aos avisos sobre o patamar


elevado de risco dos Fiagros, mas revela seu top pick do
segmento: o Kinea Crédito Agro (KNAC11). A carteira do
fundo é composta por 13 CRAs com garantias em 10 estados
brasileiros e majoritariamente indexados ao CDI.

Investimento direto em imóveis é uma boa


opção para 2023?
Com tantos fatores a considerar na hora de montar
uma carteira de FIIs, parte da população ainda prefere
o investimento ao estilo banco imobiliário — ou seja,
comprando diretamente imóveis como apartamentos, casas
e salas comerciais para locação ou venda com ganho de
capital.

Contudo, essa modalidade de investimentos é cada vez


menos recomendada. Isso porque a liquidez é menor e a
burocracia maior do que no investimento por meio de FIIs.

59
Ainda assim, o mercado segue aquecido. O valor de locação
residencial na cidade de São Paulo subiu 11,17% entre
dezembro de 2021 e novembro do ano passado, segundo
dados do Secovi-SP.

Os destaques de novembro foram os imóveis de dois


dormitórios, que registraram um aumento de 2,20%. Os
empreendimentos de três dormitórios subiram 1,8% no
mesmo período, enquanto o crescimento médio do aluguel
de um quarto foi de 1,5% no mês.

Segundo Ely Wertheim, presidente do Secovi, o mercado


deve seguir estável neste ano e o momento é bom para
quem quer investir em imóveis.

“A taxa Selic hoje é maior que a taxa de juros


de um financiamento bancário para comprar
imóvel. O mercado de locação residencial está
se desenvolvendo muito com novas empresas
e ferramentas para administração dos
empreendimentos. Na área comercial vemos
também uma recuperação forte da ocupação
dos espaços”

O momento é ainda mais oportuno para quem está com o


dinheiro na mão e pode negociar os preços. Neste caso, os
leilões bancários são uma alternativa para comprar imóveis
60
pagando somas abaixo do valor de mercado.

Mas o advogado e especialista em direito imobiliário Marcelo


Tapai destaca que é preciso tomar alguns cuidados com
empreendimentos leiloados.

Uma das principais precauções, por exemplo, é consultar


certidões e débitos de empresas ligadas às pessoas físicas
que vendem os imóveis usados para certificar-se de que eles
não poderão ser envolvidos em futuros imbróglios judiciais.

Veja outros pontos essenciais a considerar na hora de


comprar o imóvel:

• Localização na cidade;

• Estrutura do empreendimento;

• Rental yield, métrica usada pelo setor para calcular o


retorno que um investidor provavelmente obterá por
meio do aluguel, elevado;

• Estado da documentação;

• Histórico de entrega e a qualidade dos imóveis da


construtora, para empreendimentos na planta.

Larissa Vitória
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo na

61
Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo portal
SpaceMoney e pelo departamento de imprensa do Instituto
de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

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FIIs: renda de aluguel sem ter


imóveis
Os fundos imobiliários cumprem um papel importante na
carteira de investimentos: o de gerar renda passiva de forma
descomplicada.

Mas é claro que, para ter esse dinheiro a mais caindo na


conta, é preciso fazer uma boa seleção de FIIs. Na Empiricus
Investimentos, todos os investidores recebem, como cortesia,
relatórios com recomendações de fundos promissores. A
análise é feita pelo analista Caio Araujo, responsável pela
carteira de FIIs da Empiricus Research.

Para aqueles investidores que preferem a praticidade


de fazer um aporte só, há a possibilidade de investir em
FoF’s (fundos de fundos) de FIIs – também disponíveis na
plataforma da Empiricus Investimentos.

Acesse todas essas oportunidades clicando no botão abaixo:

QUERO RECEBER RECOMENDAÇÕES DE


BONS FIIs PARA INVESTIR
62
BDRs e ações estrangeiras podem
ser boas opções, mas apenas para
quem tiver frieza para aguentar a
volatilidade
Companhias de qualidade, especialmente setores e
empresas com bom histórico de lucros, estão entre as
melhores opções para quem deseja investir em ações no
exterior
Ana Carolina Neira
Há seis meses, muitas das discussões sobre
investimentos em ações passavam pela ideia
de que uma recessão global era praticamente
inevitável. Hoje, essa possibilidade já não é
mais tão óbvia assim, especialmente na maior
economia global — os Estados Unidos. Ainda assim, juros e
inflação altos parecem uma combinação mais duradoura do
que era imaginado, o que também vai impactar diretamente
na maneira como você investirá seu dinheiro nos próximos
meses.

63
Para quem mira em BDRs (recibos de ações) e ações
estrangeiras, os tempos já foram mais fáceis. Hoje, há quase
um consenso de que poucas classes de ativos parecem mais
atraentes do que a renda fixa. Mas vale a máxima: olhar na
direção contrária àquela que todo mundo já observa pode
ser muito vantajoso para quem tiver uma estratégia bem
desenhada.

Por isso, se você chegou até aqui pensando em investir no


exterior ou em BDRs, posso te dizer que há oportunidades
no radar, com a possibilidade de bons ganhos lá na frente
— mas, antes, será preciso ter estômago para encarar a
volatilidade.

De maneira geral, os especialistas veem com bons olhos


BDRs e ações de empresas de tecnologia, como Amazon
(AMZO34), Alphabet (GOGL34) e Apple (AAPL34); além do
setor de petróleo e gás, com nomes como Chevron (CHVX34)
e Exxon Mobil (EXXO34).

O segmento financeiro, com Visa (VISA34) e grandes


bancos, que incluem Goldman Sachs (GSGI34) e JP Morgan
(JPMC34), também é citado entre as boas oportunidades. Há
também alguns nomes pontuais no varejo, como Coca Cola
(COCA4), Procter & Gamble (PGCO34) e Johnson & Johnson
(JNJB34).

Vale lembrar também que momentos de incerteza


doméstica, como vemos nessa transição de governo,

64
exigem ainda mais diversificação geográfica, com olhos não
apenas em rentabilidade, mas também proteção.

A alocação no exterior, seja via BDRs ou ações gringas, tende


a ser importante para quem busca diversificação da carteira,
redução de riscos e mais oportunidades de investimento.
E algo que facilitou muito a vida do investidor nos últimos
anos é o acesso facilitado aos BDRs: a bolsa brasileira conta
atualmente com 828 ativos do tipo, a maior parte deles de
companhias americanas.

Neste especial, vamos trazer um panorama para os BDRs


e ações estrangeiras, com alternativas mais promissoras.
Mas é claro que também há opções mais simples, como o
investimento em ETFs — os chamados fundos de índice —,
um ativo negociado em bolsa que replica uma carteira de
investimentos.

Assim, é possível comprar “um espelho” do S&P 500 ou do


Nasdaq, por exemplo, sem muita complicação.

Como foi o ano das bolsas


O mercado de ações não fez os olhos de muita gente
brilhar no ano passado, com exceção de estratégias e ativos
específicos. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira,
teve ganhos de 4,7% no acumulado de 2022, encerrando aos
109.735 pontos.

Já os três principais índices de Wall Street encerraram o ano


65
com as maiores perdas anuais desde a crise financeira de
2008.

O S&P 500 recuou 20%, enquanto o Dow Jones caiu 9,40% e


o Nasdaq tombou mais de 33%, demonstrando que o cenário
externo não está para brincadeira.

Mas apesar do sentimento ruim que esses números trazem,


outra máxima do mercado diz que é nos momentos de baixa
que os investidores podem encontrar o que há de melhor por
um preço atraente.

E, como você também já deve ter escutado por aí, ninguém


colhe frutos no mercado acionário em dois ou três meses. O
negócio é comprar com visão de longo prazo, na expectativa
de ultrapassar esse mar revolto de hoje.

“Enquanto ainda houver atuação do Fed,


ainda haverá uma espada na cabeça do
setor de ações”
A frase acima é de Roberto Shinkai, gestor de renda variável
da Bradesco Asset. Mas, calma: apesar das palavras de
impacto, nem tudo está perdido.

Muita gente ficou sem saber para onde olhar nos últimos
meses ao tentar analisar qualquer cenário macroeconômico
e suas consequências para a renda variável.

66
Até mesmo os profissionais da área se viram confusos pela
falta de previsibilidade sobre o futuro, quadro que se agravou
diante da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

A boa notícia é que hoje é menos difícil fazer essa leitura


e, portanto, direcionar seus investimentos. É praticamente
consenso no mercado que as taxas de juros e a inflação
chegaram ao seu pico nas principais economias do mundo —
ou algo muito próximo disso.

Ainda é bem cedo para falar em queda de um desses dois


elementos, o que deve trazer uma volatilidade natural para
2023. Mas saber que juros e inflação podem ter parado de
avançar em ritmo acelerado e que vão pelo menos estacionar
ao longo do ano pode ajudar.

Ou seja: o cenário não é brilhante e perfeito, ainda há


pressão no mercado de ações. Mas, sem dúvida, já tivemos
momentos piores.

Para Marcelo Toledo, economista-chefe da Bradesco Asset,


2023 deve ser marcado pelo fim dos ajustes realizados pelos
bancos centrais mundo afora com o objetivo de combater a
inflação. Isso, por si só, traz alívio.

“Essa deve ser a principal mudança para o ano que vem


quando falamos em inflação e juros. Não porque eles devem
cair, mas a primeira deve estabilizar, parando o juros”, diz.

67
Ele projeta, ainda, o fim do ciclo de dólar forte, algo que
tende a ser benéfico para os preços dos ativos de risco.

Saindo do macro e indo para o micro


Se a leitura do lado macroeconômico está um pouco menos
nebulosa, é hora de olhar para os fundamentos das empresas
para formular qualquer decisão de investimento.

Assim, é possível fazer algumas apostas.

Gestores concordam que a melhor saída para quem quiser


se arriscar investindo em ativos no exterior é observar
companhias de qualidade, especialmente setores e empresas
com bom histórico de lucros e capacidade de repassar a
inflação.

Setores defensivos e com bons pagamentos de dividendos


também merecem atenção.

São destaque ainda as empresas de energia, especialmente


petroleiras. Aqui, o principal risco vem dos fatores
macroeconômicos, que podem afetar a cotação do petróleo
no mercado e, por consequência, afetar o balanço dessas
companhias independente de seus fundamentos. Mas as
empresas em si souberam atravessar bem o período da
pandemia e apresentaram resultados robustos nos últimos
trimestres.

Já os setores mais cíclicos e sensíveis à atividade econômica


68
devem ser evitados, como consumo e imobiliário. Esse grupo
é mais penalizado pelas economias mais fracas, alta de juros
e menor poder de compra das famílias.

“Um ponto essencial é buscar proteção contra a inflação, que


está alta no mundo inteiro. Empresas de saúde e serviços
públicos, por exemplo, têm conseguido repassar preços e são
boas defesas em períodos voláteis”, explica Rodrigo Araújo,
estrategista-chefe de investimentos da Global X ETFs para
América Latina.

Hoje, ele afirma olhar mais para as teses de resiliência e


crescimento disponíveis no exterior, assim como os setores
específicos de infraestrutura e energia limpa.

Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter Research,


recomenda também atenção com os balanços das empresas
antes da tomada de decisão.

Para ela, revisões de lucro e cortes de preço-alvo serão


vistos ao longo do primeiro semestre do próximo ano,
especialmente porque alguns desses preços já não refletem
a realidade. Logo, a bolsa americana pode ficar um pouco
mais pressionada.

“Pelo lado positivo sempre tem quem passe bem por esse
cenário, como o setor financeiro. Com juros altos por mais
tempo, a receita deles é favorecida e compensa outras
linhas”, diz, destacando os grandes bancos.

69
É um pensamento semelhante ao de William Castro Alves,
estrategista-chefe da Avenue. Para ele, ainda que os bancos
sofram especialmente com a inadimplência, os papéis já
caíram bastante nos últimos meses.

“Mesmo que ainda haja perspectiva de aumento da


inadimplência, eu diria que o mercado já antecipou bastante
coisa. Os setores financeiro e de tecnologia podem ter um
ponto de entrada interessante ao longo dos próximos meses
por causa disso”, afirma.

As melhores localizações para ações


estrangeiras
Ao comentarem a melhor localização para direcionar seus
investimentos, os Estados Unidos surgem no topo da lista
de alguns gestores. Em relatório recente, por exemplo,
o BTG Pactual apontou que o mercado global pode
voltar a apresentar apetite ao risco nos próximos meses,
especialmente com a melhora nos números de inflação e
avanço do ciclo monetário nos Estados Unidos.

Assim, o banco segue alocando no mercado americano em


busca de diversificação geográfica.

Para Nicholas McCarthy, CIO do Itaú Unibanco, os próximos


meses podem guardar boas oportunidades em países
emergentes.

70
“Esse grupo como um todo pode ser uma boa opção para
investir diante da desvalorização do dólar. Quando olho
os Estados Unidos estou mais neutro, nem otimista, nem
pessimista porque já tem muita coisa precificada e as
empresas devem ter lucro menor”, diz.

Também em relatório, a XP se mostrou mais cautelosa com


os Estados Unidos para os próximos meses. A visão é baseada
nas projeções de lucros consideradas “muito otimistas” para
as empresas, o discurso contracionista do Federal Reserve
(Fed) diante da economia ainda resiliente e valuations
considerados não atraentes pela equipe frente ao aumento
do juro real no país.

A Europa, por sua vez, é praticamente descartada pela


maior parte dos bancos e gestores, já que as chances de
uma recessão são grandes e ainda não estão totalmente
precificadas nas projeções de lucro das empresas. A crise
energética é outro fator de preocupação para o continente.

Ana Carolina Neira


Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero com
especialização em Macroeconomia e Finanças (FGV) e
pós-graduação em Mercado Financeiro e de Capitais
(PUC-Minas). Com passagens pelo portal R7, revista IstoÉ
e os jornais DCI, Agora SP (Grupo Folha), Estadão e Valor
Econômico, também trabalhou na comunicação estratégica
de gestoras do mercado financeiro.

71
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Buscar lucros em moeda forte é


bem mais simples do que você
imagina
A volatilidade não é uma exclusividade da bolsa brasileira
para 2023. Lá fora, o sobe e desce também deve marcar
presença. No entanto, o investimento no exterior
permanece sendo uma “carta na manga”, principalmente
para os investidores brasileiros.

Isso porque se expor a outras bolsas é uma forma de


proteção do patrimônio.

Na Empiricus Investimentos, além de poder investir em BDRs


e ETFs através do home broker, há 90 fundos com exposição
global disponíveis para os investidores. Com apenas R$
100, você já pode buscar lucros nas maiores economias do
mundo.

Veja mais e conheça todas as opções disponíveis clicando no


botão abaixo:

QUERO INVESTIR NAS MAIORES ECONOMIAS


DO MUNDO COM APENAS R$ 100

72
Perigo de recessão global exige
boa dose de proteção - mas o dólar
e o ouro não são a resposta
Em tempos de Selic de dois dígitos, a renda fixa supera o
dólar como principal opção para proteger seu portfólio dos
riscos de recessão
Flávia Alemi
Antes de o Brasil começar a subir os juros,
no final de 2021, era comum ouvir gestores,
analistas e influenciadores nas redes sociais
recomendando que os investidores montassem
parte do seu portfólio com alguma exposição
ao dólar.

A estratégia de diversificação, algo sempre recomendado


por planejadores financeiros, servia como “proteção contra
o risco-Brasil”. Ou seja, caso acontecesse um solavanco na
economia local, parte dos efeitos negativos poderia ser
mitigada com o investimento em dólar.

O ouro, outro ativo que sempre volta à moda quando aparece


73
uma crise, também teve sua chance de brilhar logo no
começo da pandemia.

E se é verdade a premissa de que o mundo caminha para
uma recessão, agora, mais do que nunca, seria o momento
para proteger seus investimentos com dólar e ouro, certo?

Bem… não é bem assim.

Apesar do Seu Dinheiro levar a sério o mantra “sempre tenha


dólar na carteira”, não importa qual seja a cotação, alguns
gestores estão achando difícil recomendar o investimento na
moeda com o intuito de proteção - e isso está diretamente
ligado à Selic.

Custo de oportunidade entre dólar e renda


fixa
Com a taxa básica de juros da economia brasileira em 13,75%
ao ano, o investidor não precisa ir muito longe para encontrar
retornos polpudos e seguros: basta abrir o Tesouro Direto
para perceber que está difícil para qualquer outra classe de
ativos competir com esses retornos.

Aliás, você pode conferir o panorama completo que a Julia


Wiltgen escreveu sobre os melhores investimentos em
renda fixa aqui.

E, como os títulos públicos são um dos investimentos menos

74
arriscados, eles já servem de proteção na carteira.

“Existe uma chance não desprezível de que o Banco Central


não só não corte, como tenha que subir os juros [neste ano].
Ficar em ativos que acompanham a Selic tende a ser uma
alocação de recursos mais tranquila e confortável para o
patrimônio dos investidores”, recomenda Fabiano Godoi,
sócio e CIO da Kairós Capital.

Já Alfredo Menezes, sócio-fundador da gestora de fundos


Armor Capital, não acredita em novo aumento dos juros,
mas acha que papéis indexados à inflação, especialmente os
isentos de imposto, como debêntures de infraestrutura, são a
melhor pedida.

“O melhor ativo defensivo é realmente o papel


indexado à inflação e isento. Depois disso, é ficar
no CDI com liquidez”, disse Menezes.

Seja qual for a renda fixa escolhida, o fato é apenas um: com
juros beirando os 14% ao ano, o custo de oportunidade de
se proteger com dólar agora é muito grande. Mas, se você
vive no Brasil, é importante ter em mente a necessidade de
diversificação.

Dólar depende da sua cesta de consumo


De acordo com o gestor da Armor, se você vive num país
emergente, deveria ter uma poupança no exterior que
75
corresponda a, no mínimo, 20% do seu portfólio.

Godoi, da Kairós, diz que o cálculo dessa fatia deve levar


em consideração o quanto da sua cesta de consumo está
atrelada ao dólar. Supondo que você faça viagens para o
exterior com frequência, por exemplo, é razoável ter parte do
patrimônio dolarizado.

Mas há várias formas de se expor ao dólar. Uma delas é


comprando ações de empresas americanas, como a Ana
Carolina Neira explicou na reportagem sobre investimento
no exterior.

Em algumas plataformas de investimento também é


possível encontrar títulos de dívida de empresas americanas
(debêntures) pagando um prêmio interessante.

Outra maneira de investir em dólar é por meio de fundos


cambiais. Nesse caso, o ideal é aplicar nos produtos com
a menor taxa de administração possível. Veja a seguir as
indicações da equipe da Empiricus:

• BTG Dólar - Taxa de administração: 0,10%

• Vitreo Dólar - Taxa de administração: 0,05%

• Vitreo Moedas Life -Taxa de administração: 0,05%

Se tudo isso parece muito complicado, há sempre a opção

76
de comprar a moeda em si - ou delegar para gestores
experientes.

Fundos multimercado podem ajudar a


diversificar
Os fundos multimercado aparecem como uma opção de
diversificação por terem mandatos que permitem navegar
por diferentes cenários. No ano passado, em que a bolsa
passou por aperto, eles foram o destaque na indústria de
fundos, superando, inclusive, os retornos dos fundos de renda
fixa.

Segundo a Anbima, a rentabilidade acumulada dos


multimercados macro alcançou 17% no ano passado,
desempenho acima dos principais indicadores de referência.
Os multimercados livres, que não possuem obrigatoriamente
o compromisso de concentração em nenhuma estratégia
específica, não foram tão bem quanto seus pares, mas, ainda
assim, acumularam ganhos de 9,4% em 2022.

Porém, os dados mostram que os investidores não


aproveitaram essa rentabilidade exuberante. Isto porque
os fundos multimercados também foram os que sofreram
maior resgate de toda a indústria de fundos no ano passado,
com R$ 87,6 bilhões.

Ouro
Poucos gestores gostam de ter ouro na carteira - Menezes, da
77
Armor, diz que não gosta nem nos dentes.

A rejeição ao metal se explica pela ausência de remuneração


na forma de juros, pois o investidor só ganha se vender a
um preço maior do que comprou. E, se comparar o preço
da commodity no dia 1º de janeiro de 2022 com o dia 31 de
dezembro de 2022, o metal ficou de lado.

“Não gosto de ouro. Teria que subir ao longo do tempo


para valer a pena e não há uma demanda para isso”, disse
Leonardo Rufino, da Mantaro Capital.

Já Godoi, da Kairós, pondera que assim como os juros altos


jogam contra o dólar, o mesmo vale para o ouro.

Mas vale destacar que a Verde Asset, de Luis Stuhlberger,


ficou com posição comprada no metal na maior parte de
2022. A gestora não quis dar entrevista, mas a informação
consta nas cartas mensais do principal fundo da casa.

Se Stuhlberger gosta de investir em ouro, talvez devemos


ficar de olho no comportamento do metal.

Flávia Alemi
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie e com MBA em Informações Econômico-
Financeiras e Mercado de Capitais pela FIA.
Trabalhou na Agência Estado/Broadcast e na S&P Global
Platts.

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Investir em dólar e ouro nunca fez


mal a ninguém
Ainda que o dólar e o ouro estejam “perdendo” para a renda
fixa em termos de proteção para o patrimônio, é fato que
os dois ativos têm um histórico como hedges notáveis para
qualquer carteira diversificada.

Na Empiricus Investimentos, você pode aportar em fundos


de dólar, ouro, prata e outras moedas fortes com valores a
partir de R$ 1.000 e taxas de administração bem amigáveis
ao bolso. Algumas das aplicações possibilitam o resgate do
dinheiro no mesmo dia em que é solicitado.

Saiba mais detalhes clicando no botão abaixo:

QUERO INVESTIR EM DÓLAR, OURO E


OUTRAS MOEDAS FORTES

79
Créditos
Esse conteúdo foi produzido pela
equipe do Seu Dinheiro.

Saiba mais sobre o projeto aqui.

Reportagem Edição
Flávia Alemi Vinícius Pinheiro
Jasmine Olga
Renan Sousa Design e
Julia Wiltgen Diagramação
Larissa Vitória Andrei Morais
Ana Carolina Neira Brenda Silva

Coordenação Imagens
Vinícius Pinheiro Freepik

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