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GUIA

SUMÁRIO

3 Uma bússola para investir no novo ano

4 O que esperar do Ibovespa em 2023

6 As ações para ter na carteira neste ano

8 Ações que pagam dividendos, os portos “mais seguros” da Bolsa

10 FII de “papel” ou de “tijolo” para encarar os juros altos?

12 Fiagros para apostar no agronegócio brasileiro

14 As melhores opções do Tesouro Direto para o ano da renda fixa

16 As novidades para quem aposta na renda fixa privada

18 Volatilidade leva multimercados ao topo das preferências

20 Para onde vai o dólar?

23 Os ETFs mais promissores para o ano

25 Os melhores BDRs para ter exposição aos mercados globais

27 Vale a pena investir em criptomoedas agora?

2
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Uma bússola para


investir no novo ano
Para os investidores, 2023 começou marcado pela dúvida. Qual será a política econômica
do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Que características terá
o arcabouço fiscal que substituirá o teto de gastos? Até quando os juros vão subir
nos Estados Unidos? Haverá recessão nos países desenvolvidos? A China vai voltar a
crescer com vigor? Os problemas contábeis identificados no balanço da Americanas vão
contaminar outras empresas?

A resposta para cada pergunta é uma peça que ajuda a compor a percepção dos agentes
financeiros sobre qual será o comportamento dos mercados ao longo do ano. Até aqui,
no entanto, poucas delas são conhecidas – e, portanto, há margem para que seus
desdobramentos provoquem volatilidade no pregão da Bolsa, no mercado de juros, nas
negociações de moedas, e por aí vai.

Então, como investir de modo a proteger o patrimônio do sobe-e-desce dos ativos e, ao


mesmo tempo, aproveitar as oportunidades para potencializar o retorno?

Onde Investir 2023 é uma das iniciativas do InfoMoney para ajudar você a identificar
as melhores formas de alocar os recursos, respeitando seu perfil de risco e objetivos
financeiros. Este e-book apresenta a visão de dezenas de especialistas do mercado para o
ano e suas recomendações de investimentos.

Aproveite a leitura para aprender ainda mais sobre as diferentes alternativas de


investimentos e conferir as sugestões de grandes gestores e analistas sobre o que fazer
com seu dinheiro nos próximos meses.

Bons investimentos!

3
O que esperar do
Ibovespa em 2023

As primeiras semanas de 2023 foram de fiscal abrirá espaço para cortes nas taxas
volatilidade no mercado. O Ibovespa variou de juros em 2023”.
entre quedas, em reação às ações iniciais
do novo governo (ou à ausência delas), e O cenário-base do JP Morgan para o
altas, impulsionadas pela chegada maciça Ibovespa é que termine o ano em 130 mil
dos investidores estrangeiros. pontos. Apesar do ruído sobre a política
fiscal da nova administração, há uma
Para o decorrer do ano, a maior parte dos razoável chance de algum tipo de arranjo
analistas projeta que o Ibovespa vá subir. que permita taxas de juros mais baixas,
Casas como XP, Bradesco BBI e Ativa dizem os analistas.
esperam que o índice termine 2023 aos 125
mil pontos, enquanto Safra e JP Morgan “Vemos um ambiente global realmente
chegam a estimar 130 mil pontos até lá. único para o Brasil neste momento”, dizem
em relatório, destacando a reabertura da
“Lá fora, os riscos de recessão ainda China e a proximidade do fim do ciclo de
permanecem altos em meio a juros alta de juros nos Estados Unidos. “Mais
das principais economias em território importante, podemos estar vendo o fim
contracionista [para conter a inflação], o do regime de dólar forte, e não vimos isso
que pode levar a novas revisões de lucros desde 2014 na América Latina”.
das empresas para baixo”, diz Fernando
Ferreira, estrategista-chefe e head de Entre os pessimistas, o Morgan Stanley
research da XP, em relatório. “Na economia é um dos mais cautelosos: rebaixou a
doméstica, a trajetória de política fiscal perspectiva para o Brasil de overweight para
ainda é bastante incerta, o que deve manter neutro. Embora projetem um Ibovespa aos
a volatilidade no mercado em alta”. 125 mil pontos, os analistas apostam em
contas fiscais mais frouxas a partir deste
Já o Bradesco BBI destaca ter reduzido ano, levando a juros elevados, rendimentos
a exposição em Brasil (e aumentado em reais maiores nos títulos de renda fixa e
México) na carteira de América Latina desinteresse pelo valuation aparentemente
– mesmo assim, a perspectiva para o atrativo das ações locais. “Se estivermos
mercado doméstico ainda é acima da corretos em nossa avaliação, os próximos
média (overweight). Para os analistas, “a anos devem ser bons para os ativos de renda
principal preocupação é se o novo quadro fixa brasileiros, mas não para as ações”.

4
As projeções dos analistas para o Ibovespa em 2023

Casa de análise Projeção

Genial 109.700
Citi 120.000
XP 125.000
Morgan Stanley 125.000
Bradesco BBI 125.000
Safra 130.000
JPMorgan 130.000
BB Investimentos 133.000
Guide Investimentos 150.000
Média 127.522

Fonte: Instituições financeiras

5
As ações para ter na
carteira neste ano
Após um ano em que certos papéis do seg- Capital, argumenta que a ação pode ser
mento de commodities conseguiram subir uma alternativa.
mais de 80% – caso da PetroReconcavo
(RECV3) –, ventos favoráveis vindos da Segundo ele, o crescimento econômico
China tendem a animar as empresas de mais baixo do País aliado à cotação elevada
matérias-primas e renovar o brilho de al- do dólar – ainda que estável – tende a favo-
gumas ações. recer viagens internas e diminuir o fluxo de
pacotes para fora.
A retomada da China, com a volta dos in-
vestimentos em infraestrutura; o avanço no “A CVC tem mais barganha com as com-
processo de transição energética; e a “des- panhias locais e há uma migração da con-
globalização” também podem favorecer centração de receita para linhas em que ela
empresas do setor industrial, na avaliação tem margem mais alta”, explica Giacomo.
dos especialistas ouvidos pelo InfoMoney.
No segmento de commodities, os desta-
A lista de apostas para 2023 inclui ainda ques ficam com CBA (CBAV3) e PetroRe-
ações ligadas ao consumo – mas são casos concavo (RECV3). Na avaliação de Ricardo
pontuais, especialmente diante da sombra Vieira, CEO da Logos Capital, a CBA pode
que passou a pairar sobre o setor após a se beneficiar da volta de estímulos com
revelação de inconsistências contábeis de foco em consumo na China.
R$ 20 bilhões no balanço da Americanas
(AMER3). Segundo gestores e analistas, as Já a PetroReconcavo é uma das indicações
ações do segmento ainda podem patinar, de Werner Roger, CIO da Trígono Capital,
com retornos reservados para o próximo ano. assim como os papéis da Ferbasa (FESA4).
Para ele, um dos destaques da PetroRecon-
Uma delas é a CVC (CVCB3), que teve um cavo é estar entrando no segmento de gás.
2022 especialmente duro, caindo 67%. Para “É um produto nobre e há a pretensão de
este ano, Bruno Di Giacomo, CIO da Nero fazer mais termelétricas a gás no País”, diz.

6
A petroleira também vem se destacando ra, a expectativa é de que os negócios
com uma onda de aquisições. Em dezem- maturem e a empresa consiga voltar às
bro, anunciou a compra da Maha Brasil, que distribuições robustas.
opera no segmento de óleo e gás, por US$
138 milhões (o negócio demanda aprova- Outra aposta é a Mahle Metal Leve (LEVE3).
ção do Cade, o Conselho Administrativo de Roger lembra que a empresa não está en-
Defesa Econômica). dividada e apresenta uma reserva de cerca
de R$ 180 milhões que ainda poderia pagar
Outra “queridinha” do setor é a Prio. Rela- em dividendos. Seus cálculos são de que a
tório da XP pontua que a empresa supe- companhia poderia oferecer cerca de 20%
rou o Ibovespa, apesar do recuo nos pre- em dividend yield.
ços do petróleo no último semestre e de
ruídos de governança.

127.522
A visão dos analistas da XP é
de que a produção da Prio deve
mais que dobrar nos próximos
anos, fazendo dela a melhor

pontos
junior oil brasileira.

No setor industrial, a preferência de Roger,


da Trígono, é por companhias de menor va- é a média das projeções de
lor de mercado (smalls caps), como a Tupy
nove casas de análise para
(TUPY3), fabricante líder de blocos e cabe-
çotes de motores. o Ibovespa em 2023

Segundo o gestor, a companhia pagou me-


nos dividendos nos últimos tempos por-
que fez duas grandes aquisições. Ago-

As principais indicações dos gestores

Empresa Ticker Retorno em 2022 (%)

Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) CBAV3 -13,40


CVC CVCB3 -66,64
Ferbasa FESA4 21,85
Mahle Metal Leve LEVE3 17,83
PetroReconcavo RECV3 81,97
Sabesp SBSP3 45,22
Tupy TUPY3 38,14

Fonte: Felipe Taylor (MAG), Felipe Vella (Ativa), Leandro Saliba (AF Invest), Flávio Obs: Retorno acumulado até 29/12/21
Aragão (051 Capital), relatórios de corretoras, Economatica

7
Ações que pagam
dividendos, os portos
“mais seguros” da Bolsa
O ano é novo, mas para quem investe com As seguradoras só precisarão gastar es-
foco em dividendos os fundamentos são os ses valores se o seguro for acionado, em
mesmos. Setores perenes, cujas atividades caso de sinistro. Até lá, o dinheiro perma-
se mantém mesmo em momentos de reces- nece rendendo. Por este motivo, quando
são, são conhecidos como “portos seguros” a Selic sobe, o lucro – e os dividendos –
e estão entre os mais recomendados. tendem a aumentar.

Seguradoras, bancos e empresas de ener- A BB Seguridade distribui dividendos em


gia elétrica, com destaque para transmis- fevereiro e agosto e recentemente, diz Ser-
soras, são as empresas que devem ofere- gio Biz, analista do GuiaInvest, anunciou
cer os melhores dividendos. que deve destinar 95% do lucro (payout)
de 2022 para proventos.
Os juros elevados e a inflação ainda alta levam
Daniel Nigri, da Dica de Hoje Research, a evi- O analista prevê bons ganhos puxados
tar empresas endividadas. Ele prefere compa- pelo resultado operacional na área de se-
nhias de setores tradicionais e com boa gera- guros e corretagem, com um dividend yield
ção de caixa. Confira três ações promissoras de 9,5% em 2023.
para estratégias de dividendos neste ano:
Taesa (TAEE11)
BB Seguridade (BBES3)
A transmissora Taesa figurou entre as dez
O cenário de juros elevados pode beneficiar maiores pagadoras de dividendos da Bol-
a BB Seguridade – que, embora seja uma sa em 2022. Luan Alves, head de equity
estatal, não carrega a sombra da interferên- da VG Research, define a companhia como
cia do governo, como a Petrobras (PETR4). uma espécie de “título público” da Bolsa,
por ter um modelo de negócios resiliente
A fartura das empresas de seguros vem e de baixo risco.
em boa parte do chamado float financeiro:
mensalmente, as empresas arrecadam os “Os contratos das linhas de transmissão
“prêmios” – os valores pagos pelos clientes são de longo prazo, entre 20 e 30 anos, e
que adquirem seguros – e os mantêm inves- reajustados pela inflação anualmente”, ex-
tidos, geralmente em papéis de renda fixa plica. Ele projeta dividend yield de 9,5%
de alta liquidez. para TAEE11 neste ano.

8
O mercado considerava que as ações da ABC Brasil navega em um mar mais calmo.
Taesa estavam caras quando negociavam Seu público é o middle market, empresas
perto dos R$ 45 – mas em janeiro elas esta- com faturamento anual entre R$ 30 e R$
vam cotadas perto dos R$ 35, lembra Alves. 100 milhões, lembra Nigri.

Nigri destaca os novos investimentos que “Este segmento já representa a maior quan-
entraram em operação entre 2021 e 2022, tidade de clientes da rede, mas apenas 12%
e outros em construção que irão adicio- da carteira de crédito expandida”, diz. Nigri
nar ainda mais receita nos próximos anos. projeta dividend yield de 8% para o ABC
“Desde setembro de 2021, a Taesa tem R$ Brasil em 2023.
1,1 bilhão extra por ano”, aponta.
Outra vantagem, segundo Biz, é o supor-
ABC Brasil (ABCB4) te operacional e de crédito oferecido pelo
controlador estrangeiro – Arab Banking Cor-
Enquanto “bancões” sofrem com aumen- poration, um dos maiores conglomerados
to da inadimplência das pessoas físicas, o financeiros do Oriente Médio.

As 3 principais sugestões dos especialistas

Empresa Ticker Retorno em 2022 (%)

BB Seguridade BBSE3 74,88


Taesa TAEE11 6,87
ABC Brasil ABCB4 33,36

Fontes: Dica de Hoje Research, VG Research, Ouro Preto Investimentos, GuiaInvest,


Guide Investimentos, Monett, Nord Research e TradeMap.

9
FII de “papel” ou de “tijolo”
para encarar os juros altos?
O ano passado foi repleto de desafios para atratividade – como ocorreu quando houve
os fundos imobiliários – e, se a lista de obs- deflação em 2022.
táculos diminuiu em 2023, o que não mu-
dou é a necessidade de o investidor atentar “O que deve ser observado pelos investi-
aos fatores que influenciam as operações e dores é se o atual patamar [da taxa Selic]
cotações dos FIIs. se manterá e, possivelmente, se a taxa co-
meçará a cair em breve”, observa Michele
De uma forma geral, as preocupações se Costa, sócia da Brio Investimentos. “Taxas
concentram principalmente nas incertezas mais elevadas, portanto, são benéficas
em torno do equilíbrio fiscal do País, que para os fundos de ‘papel’, com títulos inde-
podem influenciar a taxa básica de juros xados ao CDI”.
da economia, a Selic – fator decisivo para
o comportamento dos fundos imobiliários. Neste momento, o mercado financeiro teme
que um possível aumento de gastos no go-
Quanto mais elevada a Selic – atualmen- verno do presidente Luiz Inácio Lula da Sil-
te em 13,75% ao ano – mais rentável fica a va exija do Banco Central a manutenção do
renda fixa, que acaba atraindo os investi- atual patamar da Selic por mais tempo do
dores da renda variável, inclusive de fun- que o esperado.
dos imobiliários.
Por isso, os fundos de “papel” estão entre
A parcela do mercado de FIIs que está blin- os preferidos para 2023, segundo os ana-
dada da elevação dos juros são os fundos listas ouvidos pelo InfoMoney. Mas há es-
de “papel”, que investem em títulos de ren- paço também para os FIIs de “tijolo”, que
da fixa atrelados a índices de inflação ou investem diretamente em imóveis físicos e
à taxa do CDI, indicador da renda fixa que ganham com os aluguéis que eles arreca-
acompanha a variação da Selic. dam – mas não sem uma dose de emoção.

Desta forma, quando a inflação ou os juros Nos últimos anos, os fundos de “tijolo” ti-
sobem, a receita dos FIIs de “papel” ten- veram as receitas comprometidas pelas
de a crescer, elevando o volume de divi- restrições impostas durante a pandemia da
dendos distribuídos. E o contrário também Covid-19, especialmente as carteiras volta-
é verdadeiro. Em períodos de queda dos das para shoppings e escritórios, empreen-
indexadores, essa classe de ativo acaba dimentos com circulação de pessoas redu-
reduzindo os rendimentos e perdendo a zida no período.

10
“Os fundos de ‘tijolo’ acabam potencial- Muitos fundos de “tijolo” estão negociando
mente sofrendo mais do que os de ‘papel’ abaixo do valor patrimonial – considerado
[com a expectativa de juros elevados du- o valor justo das carteiras. Isso representa
rante um período maior], fazendo com que uma oportunidade para o investidor dada a
a expectativa de retomada do segmento, qualidade dos portfólios destas carteiras,
que estava em curso, possa ser posterga- entre elas, as preferidas do mercado para
da”, avalia Maria Fernanda Violatti, analis- 2023 nos segmentos de shopping, renda
ta de FIIs da XP. urbana, híbridos e logística.

Os 5 FIIs mais recomendados pelos especialistas

Empresa Ticker Retorno em 2022 (%)

Bresco Logística BRCO11 5,53


Kinea Renda Imobiliária KNRI11 11,82
Vinci Shopping Centers VISC11 12,00
CSHG Recebíveis Imobiliários HGCR11 10,13
TRX Real Estate TRXF11 16,35

Fonte: Suno, Eleven Financial, XP, Clube FII, Levante, Inter, relatórios de
corretoras e Economatica (dados coletados em 27/12/2022)

11
Fiagros para apostar no
agronegócio brasileiro
A possibilidade de capturar ganhos com a estima um dividend yield (taxa de retorno
manutenção dos juros em patamares eleva- com dividendos) de aproximadamente 17%
dos reforça a aposta do mercado nos Fia- ao ano para o fundo.
gros (fundos de investimento nas cadeias
agroindustriais). Em termos setoriais, o portfólio do VGIA11
está dividido principalmente em distribui-
No radar dos especialistas, três fundos se doras de insumos agrícolas (47%) e coope-
destacam em um segmento que se expan- rativas (45%)
diu no ano passado. Os Fiagros já somam
patrimônio acima de R$ 10 bilhões, sendo Kinea Crédito Agro (KNCA11)
a maioria deles do tipo “papel”, investindo
em certificados de recebíveis do agrone- Com mais de 16 mil cotistas, o Kinea Crédi-
gócio (CRA). to Agro (KNCA11) é um dos maiores Fiagros,
com patrimônio de quase R$ 1 bilhão. Sua
Valora CRA (VGIA11) carteira é composta por 92% de CRAs, 6%
de LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e 2%
Com patrimônio líquido de R$ 698 milhões, de caixa.
o Valora CRA investe em um portfólio de 25
CRAs, sendo 100% deles indexados à taxa A maior parte dos títulos do KNCA11 – 45%
do CDI (índice de referência da renda fixa). – está ligada ao setor de açúcar e etanol. Já
20% dos papéis têm origem na produção de
“Para 2023, esperamos proventos mensais insumos e 10%, no ramo de fruticultura.
médios entre R$ 0,12 e R$ 0,16 por cota”,
prevê Maria Fernanda Violatti, analista da “Consideramos favorável a relação de risco
XP, considerando a perspectiva de manu- e retorno do fundo, dado fatores como ex-
tenção dos juros em patamar elevado. Ela posição ao CDI, qualidade de gestão e ta-

12
manho do portfólio”, diz Caio Araújo, analis-
ta da Empiricus. O dividend yield do fundo
nos últimos 12 meses foi de 14,4%.

Riza Fiagro (RZAG11)

Mais de 70% da carteira do Riza Fiagro


(RZAG11) está alocada em um grupo de 20
CRAs, também 100% atrelados à taxa do
CDI. A posição deve se beneficiar do atual
cenário macroeconômico e da expectativa
para o agronegócio em 2023.

“Apesar do cenário macroeconômico mun-


dial ser desafiador, as projeções para o
agronegócio brasileiro são bastante posi-
tivas, com safras e exportação recordes”,
diz Bruno Santana, CEO da Kijani Investi-
mentos. “A manutenção da taxa de juros
e as boas perspectivas para o setor neste
ano devem continuar atraindo os investi-
dores para os Fiagros”.

84% das garantias dos títulos investidos


pelo RZAG11 estão no segmento de grãos.
Neste recorte, a cultura da soja responde
pela maior parte, 52%. O dividend yield do
fundo nos últimos 12 meses superou 15%.

R$
10
bilhões
é o patrimônio líquido
atingido pelos Fiagros em
dezembro de 2022

13
As melhores opções do
Tesouro Direto para o
ano da renda fixa

A renda fixa atraiu holofotes no ano pas- Dadas as perspectivas para a Selic, o cená-
sado, com a Selic aos 13,75% ao ano. E os rio é de juros reais (descontada a inflação)
ganhos podem se repetir porque, ao que também elevados em 2023 – o que torna os
tudo indica, os juros permanecerão altos títulos indexados à inflação (ou Tesouro
nos próximos meses. Mas quais são os me- IPCA+) atraentes para os investidores mais
lhores títulos públicos para surfar esse bom arrojados.
momento?
“A percepção é reforçada pelo atual viés de
Para quem investe por meio do Tesouro Di- alta da inflação, tendo em vista a incerte-
reto, o que não pode faltar são os títulos za sobre a política fiscal do novo governo”,
públicos pós-fixados – ou Tesouro Selic. diz Yamamoto, que recomenda papéis com
Eles acompanham a variação da taxa bási- vencimento intermediário, com uma com-
ca de juros e, por isso, são uma opção con- posição de risco e retorno mais atraente do
siderada segura que terá performance de que os longos.
dois dígitos neste ano, diz Alexandre Satoru
Yamamoto, analista de renda fixa da Levan- A visão de Camilla Dolle, head de research
te Investimentos. de renda fixa da XP, é parecida. “Encurta-
mos os prazos dos títulos. E tiramos o Te-
As projeções dos economistas compiladas souro IPCA+ 2035 da carteira por conta da
pelo Banco Central no Relatório Focus su- volatilidade”, diz. O título de inflação mais
gerem que a Selic terminará o ano acima de curto disponível no Tesouro Direto é o Te-
12% ao ano. “Até o Banco Central já admi- souro IPCA+ 2029.
te a possibilidade de volta do ciclo de alta,
a depender das consequências da política Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa
fiscal do novo governo”, diz Yamamoto. “É para pessoa física do Itaú BBA, reforça que
recomendável que pelo menos uma parte em períodos de volatilidade é preciso ficar
da carteira de qualquer investidor seja alo- de olho nos prazos. Porém, não descarta
cada em títulos pós-fixados, com bom ren- papéis de inflação com vencimentos mais
dimento e praticamente zero volatilidade”. longos, como o Tesouro IPCA+ 2035.

14
2,1
milhões
é o número de investidores
com saldo em aplicações
no Tesouro Direto

“Quem quer uma rentabilidade maior e


aceita correr um risco na mesma proporção
pode optar por ele”, avalia.

Os títulos prefixados (Tesouro Prefixado)


são tidos como os mais arriscados no Te-
souro Direto – afinal, se o estresse dos mer-
cados levar os juros para cima ao longo do
ano, a remuneração predefinida pode aca-
bar ficando defasada.

Mesmo assim, eles são mantidos entre as


recomendações de alguns especialistas
– ainda que em uma proporção menor do
que a de pós-fixados e atrelados à inflação.
Novamente, a escolha é pelos papéis com
prazo menor, como o Tesouro Prefixado
2026, que tem o vencimento mais curto do
Tesouro Direto.

Para Queiroz, do Itaú BBA, os títulos pre-


fixados são adequados para quem aposta
que a economia americana vai esfriar e o
ciclo de alta de juros, parar no primeiro tri-
mestre. Em algum momento, as taxas cai-
rão em outros países desenvolvidos – e aqui
no Brasil também. “É um prazo bom porque
traz tranquilidade”, diz.

15
As novidades para quem
aposta na renda fixa privada
Se no Tesouro Direto as opções de investi- aquisição do papel. E, muitas vezes, esse
mentos são limitadas, no mercado de crédi- valor não coincide com o que efetivamente
to privado elas se mostram cada vez mais é precificado pelos agentes financeiros nos
numerosas e variadas. Aí entram desde os ambientes de negociação.
populares CDBs e as atrativas LCIs e LCAs
(letras de crédito imobiliário e do agrone- Por isso, a marcação a mercado é conside-
gócio), até as sofisticadas debêntures, os rada uma ferramenta de transparência para
CRIs e os CRAs (certificados de recebíveis os investidores – ainda que, em alguns mo-
imobiliários e do agronegócio). mentos, possa provocar um susto ou outro.
Especialmente se a rentabilidade aparecer
Uma mudança regulatória importante, ali- negativa em alguma situação.
ás, deve colocar parte desses papéis em
evidência ao longo de 2023. Desde o pri- A mudança vale para CRIs, CRAs, debêntu-
meiro dia útil do ano, corretoras e bancos res e títulos públicos adquiridos via tesoura-
precisam “marcar a mercado” o valor de ria. Já os CDBs, LCIs e LCAs seguirão sendo
alguns papéis que, até então, eram marca- marcados na curva, já que são emitidos por
dos “na curva”. instituições financeiras que garantem a re-
compra dos papéis com base nesse critério.
A marcação a mercado permite que inves-
tidores consigam acompanhar, dia a dia, Além da questão regulatória, papéis de ren-
quanto valem os papéis que comprou. Isso da fixa privada devem chamar atenção por
porque o processo nada mais é do que a um outro motivo, este muito mais óbvio: a
atualização do valor dos títulos segundo remuneração que proporcionam, em geral
os preços pelos quais estão sendo nego- superior à dos títulos públicos, dado o risco
ciados no mercado. de crédito maior dos emissores.

Já um título marcado na curva tem seu va- Dados os ganhos adicionais obtidos nos
lor atualizado todo dia pela mesma taxa ativos isentos de Imposto de Renda, es-
contratada pelo investidor no momento da ses investimentos ganham destaque nas

16
carteiras recomendadas de renda fixa. As
letras de crédito, os certificados de recebí-
veis e as debêntures incentivadas (utiliza-
das para levantar recursos para projetos de
infraestrutura) são as preferências de Vitor
Amor Wolfgram, analista de crédito privado
da Levante Investimentos.

Mas é preciso ter atenção na hora de es-


colher os melhores papéis. Diante das in-
certezas no mercado doméstico e externo,
investir em renda fixa por meio de fundos –
no lugar de diretamente nos papéis – pode
ser uma alternativa.

“Optar por papéis de empresas abaixo da


primeira linha, ou seja, companhias que
podem passar por algum aperto, mas que
vão superar esse ciclo ruim da economia,
pode render remunerações elevadas com
risco relativamente baixo”, diz Wolfgram.
Mas deixar essa escolha para os gestores
profissionais é mais seguro, em sua visão.
Trata-se de uma estratégia apenas para in-
vestidores experientes e com perfil de risco
adequado, ressalta.

R$
457
bilhões
foi o valor captado com
instrumentos de renda
fixa no mercado de
capitais em 2022

17
Volatilidade leva
multimercados ao topo das
preferências dos especialistas

A sangria que tomou conta da indústria de O Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA),
fundos de investimentos em 2022 escon- que reúne multimercados de gestão ativa,
deu retornos relevantes de algumas clas- teve a melhor rentabilidade entre 13 classes
ses, como a dos multimercados. de aplicações financeiras em 2022.

Segundo especialistas, ainda é difícil cravar O retorno real (descontada a inflação) do


quando os resgates vão cessar, mas estar IHFA foi de 7,45%, acima dos 6,24% do CDI
posicionado em ativos que conseguem na- (taxa de referência na renda fixa) e de ou-
vegar bem em períodos de grande volati- tros índices, segundo dados do TradeMap.
lidade – como deve ser o caso neste ano
– pode ser a chave para manter a carteira Alguns tipos de multimercado tiveram de-
no campo positivo. sempenhos especialmente positivos, como
os chamados “macro”, que, na média, ren-
A classe “queridinha” entre os alocadores é deram quase 17% no ano passado.
a dos multimercados, que possuem flexibi-
lidade e capacidade de operar em cenários Para João Arthur Almeida, CIO da Suno We-
de maior incerteza. alth, a tendência segue positiva neste ano.
“O insumo do gestor macro é a volatilidade,
A indicação vale tanto para investidores o que vai ocorrer”, alerta.
perfil conservador (20% da carteira) quan-
to agressivo (40% da carteira), na avaliação Parte relevante dos ganhos passados veio
de Patrícia Palomo, head de investimentos da aposta na alta de juros nos Estados Uni-
da Unicred do Brasil. dos – a taxa básica saiu de zero e virou o
ano na faixa entre 4,25% e 4,5%.
“Os multimercados têm feito um trabalho de
buscar assimetrias, conseguindo navegar Para 2023, a expectativa é de que posições
bem em ambiente inflacionário e de desva- vendidas em bolsa americana – beneficiadas
lorização cambial”, destaca. em cenários de queda das ações – garantam
retorno, diz Marcio Fontes, gestor do fun-

18
do ASA Hedge, um dos multimercados mais
rentáveis, com ganhos de 39% em 2022.

Posições compradas em petróleo (be-


neficiadas pela alta da commodity) são
outra aposta, funcionando como prote-
ção se a bolsa acabar subindo, em vez
de cair, diz Fontes.

Além de multimercados do tipo macro, Pa-


trícia, da Unicred, recomenda que o inves-
tidor invista em um mix de estratégias des-
correlacionadas entre si.

Ganham relevância tanto os fundos quan-


titativos (geridos a partir de algoritmos)
quanto os long and short, em que o gestor
compra certos ativos (long) e vende outros
(short) para lucrar com o desempenho rela-
tivo entre eles.

Antes de iniciar a alocação, porém, é fun-


damental avaliar o desempenho dos ges-
tores em várias janelas de tempo para
entender como o fundo se comportou em
cenários distintos.

“Uma alocação equilibrada, em diferen-


tes estilos de gestão, reduz o potencial
de impacto negativo no portfólio”, explica
Renato Santaniello, gestor da Santander
Asset Management.

19
Para onde vai o dólar?
Costuma-se dizer que o câmbio é o covei- remediar os impactos sociais da doença
ro da reputação dos economistas, dadas as teve a inflação como efeito colateral.
dificuldades para projetar os rumos do dó-
lar – e os incontáveis erros daí decorrentes. Para conter a alta dos preços, o Fed (Fe-
deral Reserve, banco central dos Estados
No ano passado, aos trancos e barrancos, o Unidos) vem elevando os juros – o que afe-
real se fortaleceu perante o dólar, que caiu ta a economia mundial, por desestimular o
cerca de 5%, cotado perto dos R$ 5,30. Na consumo na maior economia global. Além
máxima do ano, no entanto, chegou a se disso, os rendimentos maiores oferecidos
aproximar dos R$ 5,70 – enquanto a mínima pelos títulos americanos atraem um fluxo
foi aos R$ 4,60. de capital que poderia seguir para países
emergentes, como o Brasil.
No segundo semestre, a volatilidade dimi-
nuiu consideravelmente, e a moeda ameri- A elevação dos juros nos EUA ainda não
cana basicamente variou no intervalo entre terminou, o que poderia aprofundar o mo-
R$ 5 e R$ 5,50. vimento. Os especialistas, porém, apontam
que o nível da Selic brasileira, atualmente
As mudanças bruscas têm como pano de em 13,75% ao ano, mantém um diferencial
fundo as incertezas que se instalaram, no de juros ainda grande – e, por isso, o real
Brasil e no mundo, desde o início da pande- teria “gordura” a queimar.
mia de Covid-19.
“Mesmo se as taxas americanas forem para
O combo composto pelo corte de produção 5%, os juros reais iriam para zero se a inflação
nas cadeias globais, com parte da popula- cair para 5%. Teremos ainda juros reais dife-
ção presa em casa, e pelos estímulos eco- renciadas por aqui”, diz José Raymundo Faria
nômicos despejados pelos governos para Junior, diretor da Wagner Investimentos.

20
O Bank of America espera que o dólar termi- Já o Itaú BBA projeta o câmbio em R$ 5,50
ne 2023 aos R$ 5,40, mencionando o cresci- no mesmo período. “Ressaltamos que, ain-
mento dos riscos inflacionários no Brasil, em da que o cenário externo se mostre mais
meio a uma esperada política fiscal expan- benigno, um nível de prêmio de risco local
sionista do governo Luiz Inácio Lula da Silva. elevado pode impactar a possibilidade de
O Credit Suisse tem a mesma projeção. apreciação adicional da moeda”, diz um re-
latório da instituição.

Cotação do dólar (R$) Fonte: Eikon


6

5,5703
5,4154
5,3041
5,2562 5,283
5,1599 5,1734 5,1831

4,9721 5,1791 5,1851


5

4,739 4,7315
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30

Como diversificar dolarizando os investimentos?

As incertezas de 2023, com a economia glo- “O dólar como estratégia de proteção e di-
bal fragilizada e o risco fiscal trazendo pre- versificação faz todo sentido”, diz Wander
ocupações no mercado brasileiro, reabrem Vicente, planejador na Fiduc. “Mas é pre-
a discussão sobre proteger o patrimônio em ciso ter em mente que as modalidades de
moeda forte. De um lado, a alta dos juros investimento têm características próprias,
nos Estados Unidos tende a atrair recursos com vantagens e desvantagens compara-
e puxar o dólar para cima, mas especialistas tivas”. Conheça cinco delas:
alertam que o momento exige cuidado.

Fundos cambiais
São uma das primeiras alternativas mencionadas para investir em dólar. Os fundos de-
vem alocar ao menos 80% do patrimônio em ativos ligados à moeda e à variação cambial.
Entre as vantagens está a gestão profissional, liquidez e baixo valor de entrada.

21
Fundos de índices (ETFs)
Os ETFs são outra opção. Mas o interessado precisa escolher um fundo que siga um refe-
rencial no exterior com exposição à variação cambial – diferente dos que não incorporam
esse efeito.

Um conhecido ETF de mercado internacional – com variação cambial – é o IVVB11, atre-


lado ao S&P 500, um dos principais índices de ações dos EUA.

“A vantagem é a diversificação [já que a alocação é em uma cesta de ativos] a um custo


reduzido, além da facilidade de negociação”, diz Vicente.

BDRs (Brazilian depositary receipts)


Os BDRs da B3 são recibos lastreados em ações emitidas no exterior. O risco fica con-
centrando no ativo escolhido, cujo preço varia segundo o câmbio e os valores negocia-
dos no exterior. Demanda, portanto, conhecimento sobre a empresa escolhida.

Uma vantagem é o custo, pois o investidor evita pagar taxas na compra e venda de mo-
edas estrangeiras, como o IOF de 1,1% e o spread (ganho da corretora de câmbio), em
torno de 2%.

Conta no exterior
Nos últimos anos, abrir uma conta no exterior tornou-se mais acessível. Em meio à des-
confiança em torno da política fiscal do novo governo, o movimento se intensificou.

Alocar parte do patrimônio em ativos internacionais como forma de diversificação é bem-


-visto pelos especialistas – que, no entanto, chamam a atenção para os excessos.

Comprar bonds, títulos de renda fixa que estão mais rentáveis após a alta de juros, é uma
opção. “O recurso fica em moeda forte num mercado maduro”, diz Diego Correia, head da XP.

Bruno Di Giacomo, CIO da Nero Capital, também é favorável à estratégia de dolarizar o


investimento, mas considera que o timing atual não é o mais apropriado. A razão é a expec-
tativa de recessão, após 14 anos de expansão das economias desenvolvidas.

Mercado futuro de dólar


De volta à B3, existem minicontratos futuros atrelados à moeda americana. Na prática,
são acordos de compra e venda de dólar que serão liquidados no futuro. “É um tipo de
investimento mais especulativo, sim”, comenta Vicente. “E tudo bem. Existe também para
isso.” O acesso é simples e os ativos possuem grande liquidez.

22
Os ETFs mais promissores
para o ano

A seleção criteriosa de ativos é palavra-cha- No entanto, o cenário ainda nebuloso para


ve para 2023, e isso vale também para in- os principais índices de ações e fundos
vestimentos em ETFs, os fundos de índice. imobiliários da Bolsa pode prejudicar ETFs
como o BOVA11 (que replica o Ibovespa) e
Esse tipo de fundo replica o desempenho o XFIX11 (atrelado ao Ifix, índice de fundos
de índices de ações, renda fixa, mercados imobiliários), aponta relatório da Levante.
internacionais e até criptomoedas. Mais de
630 mil investidores negociam ETFs na B3, Por isso, alguns especialistas veem pers-
dos quais 80% são pessoas físicas. pectivas melhores em nichos específicos.
Vinicius Lima, sócio e diretor comercial da
Para 2023, especialista ouvidos pelo gestora Trígono Capital, por exemplo, cita
InfoMoney apostam em ETFs focados os ETFs atrelados a índices de small caps
na renda variável doméstica, mas com (empresas de menor valor de mercado).
perfis segmentados.
Mais sensíveis às flutuações dos juros, es-
De forma geral, no apagar das luzes de sas companhias podem ser uma alternativa
2022, as ações do Ibovespa eram nego- para quem busca capturar ganhos quando a
ciadas com 40% de desconto em relação queda da Selic começar, diz Lucas Carvalho,
à média dos últimos 15 anos, segundo Fer- chefe de análise de investimentos da Toro.
nando Ferreira, estrategista-chefe e head
de research da XP. Carvalho observa oportunidades ainda em
ETFs que investem em boas pagadoras de
“O prêmio de risco – que compara os rendi- dividendos.
mentos da renda variável com os da renda
fixa – mostra que as ações brasileiras estão Essas empresas, explica o especialista,
baratas mesmo considerando o alto nível são geralmente mais sólidas e já estão em
das taxas de juros”, diz Ferreira. um estágio avançado de maturidade. Entre

23
630
mil
é o número de investidores
que compram ETFs na B3

elas, estão negócios do segmento finan-


ceiro, seguradoras e utilities (saneamento
e eletricidade).

Para quem busca diversificação, ETFs que


têm como referência ativos internacionais
podem ajudar a mitigar riscos domésticos.
Na lista estão opções como o IVVB11, que
acompanha o mercado de ações ameri-
cano, ou o XINA11, que segue índice de
ações chinesas.

Mas atenção: é preciso ter em mente que


2023 reserva volatilidade também nos Es-
tados Unidos, dado que o Fed (Federal Re-
serve, banco central americano) ainda não
encerrou o ciclo de alta dos juros iniciado
em 2022.

Também é preciso considerar a liquidez dos


ETFs. Apenas 15 fundos de índice tiveram
volume médio diário de negociação acima
de R$ 5 milhões em 2022, segundo dados
da TradeMap.

24
Os melhores BDRs
para ter exposição
aos mercados globais
Se seu receio está nos riscos do mercado É bom lembrar, no entanto, que o contrário
doméstico, os BDRs (Brazilian Depositary também é verdadeiro. Em caso de valoriza-
Receipts) – recibos de ações listadas em ção do real, os recibos de ações estrangei-
bolsas estrangeiras e negociados na B3 – ras sofrerão.
podem ser uma opção.
Quais BDRs apresentam a melhor relação
Embora o investimento não seja uma com- de risco e retorno para investir em 2023? O
pra direta de ações – e, sim, do recibo que InfoMoney coletou as recomendações de 11
representa o papel no país onde se encontra instituições, e três papéis se destacaram.
– os BDRs permitem ter exposição a merca-
dos globais. Um deles é o BDR do JP Morgan (JPMC34),
maior banco americano e quinto maior do
Essa diversificação demanda cautela em mundo. Para Guilherme Morais e Lucas
2023, por conta da inflação nos Estados Schwarz, analistas da VG Research, o JP
Unidos, que já fez os juros no país alcança- Morgan é uma opção para quem busca di-
rem a faixa de 4,25% a 4,5% ao ano. videndos em dólar, dado seu balanço forte e
gestão conservadora.
Se as taxas subirem muito além dos 5% pre-
cificados pelo mercado, a economia ame- Contudo, eles destacam que não há grande
ricana pode enfrentar uma recessão forte, margem para valorização das ações. “Pro-
prejudicando os ativos de risco. jetamos um dividend yield de cerca de 2%
para 2023”.
Outro aspecto que influencia os preços dos
BDRs é o câmbio. No Brasil, a percepção de Um BDR citado para quem busca valoriza-
risco fiscal, político e institucional mantém o ção é o da Alphabet (GOGL34), controladora
dólar cotado acima de R$ 5. Se o movimento do Google. Guilherme Gentile, head de aná-
persistir, o real pode desvalorizar ainda mais, lise da Dividendos.me, destaca que, após a
aumentando o retorno dos BDRs. queda de quase 40% das ações em 2022, a

25
empresa está descontada e pode ter retor- American Express, Gilette e até Apple.
nos acima da média do mercado. “O cres-
cimento esperado é de 12% nos próximos Segundo Jennie Li, estrategista de ações
anos”, afirma. da XP, a Berkshire atrai investidores pelo
compromisso de Buffett com a gestão
Os BDRs da Berkshire Hathaway (BERK34), transparente e a governança corporati-
controlada pelo megainvestidor Warren va. “Nem todos sabem, mas cerca de 80%
Buffett, também são citados. A holding tem das receitas vêm de seguros e 20%,
um histórico de investimento sólido e de de transporte ferroviário e geração
sucesso em empresas como Coca-Cola, de energia”, explica.

As principais indicações dos gestores

Empresa Ticker Setor

JP Morgan JPMC34 Financeiro


Alphabet GOGL34 Tecnologia
Berkshire Hathaway BERK34 Financeiro

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Vale a pena investir em
criptomoedas agora?

Cotado a US$ 47 mil no início de 2022, o Bit- Bitcoin (BTC)


coin encerrou o ano a US$ 16,5 mil. Analistas
projetam que 2023 seguirá sendo desafia- Analistas apontam que o Bitcoin deverá
dor para ativos de risco como as criptomo- estar no portfólio dos investidores mais
edas – mas o fundo do mercado pode estar propensos ao risco em 2023. Mesmo le-
mais próximo do que se espera. vando em conta o cenário macroeconô-
mico desafiador, a queda da criptomoeda
A projeção de especialistas ainda é de turbu- é vista como profunda demais. Por isso, o
lência, especialmente no primeiro semestre. movimento poderá reverter-se rapidamen-
Muito do movimento reflete a elevação dos te diante do menor sinal de guinada na po-
juros americanos, que, além de atingir espe- lítica de juros americana.
cialmente as ações de empresas de tecnolo-
gia, também prejudica os ativos digitais. Tanto para Pereira, da Bitget, quanto para o
trader Vinícius Terranova, o piso das cota-
No entanto, Fernando Pereira, analista gráfi- ções do Bitcoin pode ficar entre US$ 9 mil
co da Bitget, lembra que crises como a pro- ou US$ 12 mil, ainda na primeira metade do
vocada pela falência da exchange FTX in- ano. A partir daí, o que se espera é uma rá-
tensificaram as perdas do Bitcoin, piorando pida recuperação.
um desempenho que, na sua visão, poderia
não ter sido tão ruim. Ethereum (ETH)

Por isso, analistas ouvidos pelo InfoMoney “O Ethereum é a compra mais óbvia do crip-
acreditam que o Bitcoin e pelo menos outras tomercado inteiro”, aponta Helena Margari-
três criptomoedas voltarão a receber aten- do, cofundadora da Monett. Segundo ela,
ção dos investidores neste ano. Confira: movimentos como o “merge” – atualização

27
da rede ocorrida em 2022 – reduziram o vo-
lume de moedas em circulação no início do
ano. “Em termos de expectativa de valoriza-
ção, isso é muito grande”, explica.

Helena diz que a quantidade de soluções de-


senvolvidas em Ethereum continua crescen-
do, em parte porque aspirantes a rivais não
pegaram – como a Cardano (ADA) e a Solana
(SOL). “Tudo o que tem relevância em cripto
está sendo construído em Ethereum”, diz.

Polygon (MATIC)

A tese de que o Ethereum seguirá relevan-


te em 2023 traz consigo a possibilidade de
ganhos nos tokens das chamadas redes de
segunda camada, que ajudam a desafogar
a blockchain do ETH em momentos de pi-
cos de uso.

O maior expoente dessa categoria é a Poly-


gon (MATIC), que oferece transações rá-
pidas e baratas, compatibilidade com o
Ethereum e ainda vem experimentando tec-
nologias avançadas de criptografia. Ela vem
se tornando a escolha de muitas empresas
para emissão de tokens

Chainlink (LINK)

Outra criptomoeda que está no radar dos


analistas é a LINK, do projeto Chainlink,
que reina sozinho no segmento de orácu-
lo, com repositórios descentralizados e
confiáveis para oferecer dados a projetos
em blockchain.

“Os dados providos pela Chainlink são usados


por todo mundo, é um projeto com muito uso.
A moeda sofreu? Sofreu, mas justamente por
isso está interessante”, avalia Terranova.

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O ebook Onde Investir 2023 foi
produzido pelo InfoMoney, com textos
de Bruna Furlani, Katherine Rivas,
Lara Rizério, Márcio Anaya, Neide
Martingo, Paulo Alves, Vitor Azevedo e
Wellington Carvalho, edição de Mariana
Segala e design de Leo Albertino.

O InfoMoney preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por
sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se
responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

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