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(Getty Images)
Enquanto o investidor brasileiro viu a bolsa local minguar quase 12% em 2021, nos
Estados Unidos a situação foi completamente diferente. Com 70 pregões de fechamentos
recordes – perdendo apenas o ano de 1995, que teve 77 –, o índice americano S&P 500 só
trouxe, praticamente, alegria para os investidores.
Mais do que isso, ao menos dez empresas – com destaque para as companhias dos setores
de energia e ligados à saúde – registraram valorizações acima dos 100% em 2021 (veja
tabela mais abaixo), ajudando o índice, de forma consolidada, a avançar mais de 26,89%
sobre 2020.
Dessa forma, o S&P 500 chegou ao terceiro ano consecutivo de valorização anual, assim
como os índices Dow Jones e Nasdaq, que encerraram 2021 com altas, respectivamente,
de 18,73% e quase 21,39%.
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Foi o ano ainda das Big Techs – Apple (AAPL34), Microsoft (MSFT34), Alphabet
(GOGL34), Amazon (AMZO34) e Meta, antiga Facebook (FBOK34) – superarem, de
forma conjunta, um valor de mercado acima dos US$ 10 trilhões.
Por trás destes resultados esteve o avanço da vacinação contra Covid ao longo de 2021. A
variante ômicron diminuiu o ímpeto comprador das bolsas no final do ano, mas não o
suficiente para que os recordes deixassem de ser estabelecidos na bolsa americana.
Segundo relatório da XP, o lucro por ação das empresas americanas deve avançar 43% em
2021, após uma queda de 13% em 2020. A FactSet, segundo a CNBC, estima alta de 45%
dos lucro em 2021 – maior nível em 13 anos.
“2021 foi um ano muito bom, mas não necessariamente atípico”, destaca o analista de
ações internacionais da XP, Vinícius Araújo. Entre 1928 e 2020, foram ao menos 35 anos
em que o retorno do S&P superou a faixa dos 20%.
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“Há cinco trimestres consecutivos as empresas apresentam resultados positivos, mas,
mesmo com margens positivas, os múltiplos de preço sobre o lucro estão esticados”, ressalta
Araújo.
Assim, a projeção da XP é de que o S&P 500 encerre 2022 aos 4.900 pontos – o índice
terminou 2021 aos 4.766 pontos –, o que implicaria numa valorização próxima a 2,8%.
Riscos no horizonte?
Para o JP Morgan, porém, não há razão para temer que a alta que impulsionou as ações
dos Estados Unidos para recordes sucessivos em 2021 termine em breve.
Na avaliação da instituição, a recuperação tem sido cada vez mais impulsionada por um
grupo restrito de empresas com grande capitalização de mercado – transformando-as
num porto-seguro.
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Paypal Hldg Inc -18,01 2.267.033
“Há uma concentração histórica nas gigantes da tecnologia. Algumas delas podem estar
entre os maiores monopólios que a humanidade já viu”, comenta Roberto Attuch, CEO da
OHM Research.
Outro fator de atenção se encontra na inflação, o que influencia diretamente nas decisões
de política monetária do banco central americano, o Federal Reserve (Fed).
“Ano contra ano, o resultado da inflação deve ficar melhor em 2022, mesmo que a
inflação ainda esteja acima da meta do Fed”, diz Attuch. “É fácil criticar o Fed, mas
estamos saindo de um evento que acontece a cada 100 anos”, reforça, em relação aos
impactos excepcionais da pandemia.
Segundo Araújo, mesmo que ocorram três elevações dos juros em 2022, como vem sendo
previsto pelo mercado, as taxas, ainda assim, permaneceriam historicamente baixas, em
níveis que manteriam, por exemplo, as ações de crescimento atrativas.
Leia também: Inflação pode corroer lucros do S&P 500, alertam estrategista
Entretanto, analistas de Wall Street não se incomodam com a perspectiva da pressão dos
preços e projetam aumento dos lucros para empresas do S&P 500 de quase 9% em 2022,
para US$ 220,40 por ação.
Ainda assim, mesmo com essa expansão, o índice é negociado a uma relação preço/lucro
futura de quase 22, bem no topo da faixa histórica e em nível que sugere risco caso os
resultados não atinjam a marca.
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Destaques do S&P em 2021
No topo do ranking das maiores valorizações estiveram empresas ligadas ao setor de
energia, especialmente as petroleiras, por conta da alta do preço da commodity.
Enquanto o petróleo do tipo Brent valorizou-se 53%, a cotação do WTI avançou 57%,
levando ambos ao melhor desempenho desde 2009, quando os preços dispararam mais
de 70%
“Com essa alta, naturalmente é de se esperar que essas empresas lucrem mais, o que acaba
se refletindo no preço de suas ações”, diz César Crivelli, sócio da Nord Research.
Este cenário foi corroborado pelo fato de que a OPEP (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) decidir não ampliar sua produção, gerando pressão sobre os
preços.
Junte essa escassez a mais pessoas precisando de energia, e você explica a alta (dos
preços). Possivelmente o preço do barril hoje será a nossa referência para o curto e médio
prazo”, conclui.
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Extra Space Storage Inc 93,24 116.492
Saúde
Para Crivelli, muitos investidores ainda não precificaram adequadamente essa nova fonte
de receita das empresas de biotecnologia.
“Com cientistas e governos falando sobre a necessidade de uma terceira ou até quarta dose
para reforço do sistema imunológico, é possível que a vacina da Covid-19 passe a ser uma
receita recorrente para as biotechs. É como a vacina da gripe, que temos todos os anos.
Possivelmente, o mesmo aconteça com a Covid, e isso ainda não está no preço das ações”,
observa Crivelli.
Tecnologia
Além dela, Advanced Micro Devices, Broadcom e Qualcomm também registraram altas,
respectivamente, de 59%, 56% e 22%. Esse grupo de companhias se beneficia da
tendência, cada vez mais forte, de pessoas mais conectadas aos seus aparelhos.
“Há uma população crescente que joga videogames e está integrada ao mundo dos
criptoativos e metaverso. Tudo isso ajuda a impulsionar a demanda por chips
semicondutores e, por consequência, alavanca o desempenho das empresas produtoras”,
diz Araújo.
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Empresa Retorno Volume médio
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