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AULA TEÓRICA 3
Estudo das Contas de Disponibilidades
Introdução
Esta lição trata das contas Caixa, Bancos e Outros Instrumentos Financeiros1,
conjuntamente designadas por disponibilidades ou meios financeiros. Ao longo da lição
são descritas as principais características destas contas no seio das contas patrimoniais,
bem como são abordados os aspectos de sua movimentação, com enfâse para a
compreensão da folha de caixa e da reconciliação bancária como mapas de suporte
contabilístico para caixa e bancos, respectivamente. Adicionalmente a lição aborda de
forma breve o tratamento das diferenças de câmbio que de certa forma acabam influindo
o assunto sobre disponibilidades pelo facto das empresas não apenas usarem a moeda
nacional nas suas transações mas também as moedas estrageiras. Contudo, todas estas
abordagens são feitas a luz das disposições do PGC-NIRF, concretamente a NCRF
(Norma de Contabilidade e de Relato Financeiro) 25 – Instrumentos Financeiros e
complementarmente a NCRF 23 – Efeito de alterações em taxas de câmbio.
1
Válido apenas para o PGC-NIRF, não aplicável ao PGC-PE (Plano Geral de Contabilidade para Pequenas Empresas).
2
Liquidez – capacidade de um activo converter-se facilmente em dinheiro para solver compromisso.s
3
Inferior a um (1) ano.
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Dinheiro
Depósitos bancários
Papel comercial
Contas, letras e empréstimos a receber e a pagar
Títulos de divida e capital próprio
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A liquidez da empresa também é medida pelo período de tempo necessário para que os
activos da empresa se convertam em dinheiro.
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Activo Passivo
Activo Corrente Passivo Corrente
Disponibilidade5: Caixa Fornecedores
4
Esta conta não se aplica ao PGC-PE (Plano Geral de Contabilidade para Pequenas Empresas), apenas ao PGC-NIRF
5
Activos mais líquidos, disponíveis para liquidar compromissos de curto prazo. Activos de maior rotação.
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A tabela acima ilustra como os activos e passivos estão dispostos por ordem de liquidez,
ou seja, apresenta os prazos de conversão de activos e passivos para dinheiro ou para
o prazo de pagamento, respectivamente. As disponibilidades são os activos mais
líquidos, sendo que podem ser designados por caixa e equivalentes de caixa.
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Não superior a três (3) meses, a contar da data da emissão do título
7
Exemplo:
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Em moeda nacional ou estrangeira
9
Um vale postal é um meio de pagamento, um documento emitido pelos correios que pode ser convertido em
dinheiro, tal como um cheque de um banco sem necessitar que o emissor e o receptor possuam uma conta
bancária.
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ser tratados nas respectivas contas como dívidas a receber ou custos diferidos10, selos
de correio11, títulos representativos de pré-pagamentos (refeição, combustíveis, etc.),
Vales de caixa12, entre outros.
A movimentação da conta 1.1 Caixa depende da existência ou não do fundo fixo de caixa.
Portanto, quando não houver fundo fixo de caixa:
Debita-se:
10
Custos diferidos – porque os cheques emitidos por terceiros a favor da empresa que são devolvidos pelo banco,
constituem uma incerteza de que a empresa realizará esse activo, devendo assim a empresa admitir
contabilisticamente como um gasto a reconhecer (assunto por aprofundar em lições subsequentes).
11
Selo de correio – é um papel adesivo que prova o pagamento de uma taxa por serviços postais.
12
Vale de caixa – é um documento representativo de valores concedidos a terceiros a título de empréstimo, nem
que seja por curto prazo de tempo, pois o risco de não ser restituído é eminente.
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Credita-se:
Para a constituição do fundo fixo de caixa, deve ser criada uma subconta de caixa para
uma respectiva unidade, que deve ser debitada pelo valor do fundo, cujo saldo
permanece inalterado. Quando os valores são justificados, emite-se um novo cheque
pelo valor dos justificativos apresentados, por débito às contas onde o dinheiro foi
aplicado e por contrapartida de bancos, sem utilizar a conta 1.1 Caixa. Este processo é
contabilizado da seguinte forma:
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A folha de caixa constitui um documento que é preparado para cada unidade física de
caixa de uma entidade e constitui um quadro resumo das movimentações de caixa
durante um período, normalmente de um (1) mês. Com este documento os movimentos
de caixa podem ser controlados e também permitir uma contabilização mais fidedigna.
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O modelo acima ilustrado não constitui um padrão obrigatório, mas sim o modelo mais
simples e usual de preparar a folha de caixa. Para cada operação que envolve caixa13
deve se identificar se trata-se de recebimento ou pagamento, incluir a data do
movimento, a sua contrapartida que é a conta que faz o caixa creditar ou debitar e o
respectivo valor do movimento.
13
No seu sentido mais restrito (sem incluir depósitos bancários)
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Credita-se:
Contudo, tal como a conta caixa, esta conta é debitada por todas as operações que
originarem um aumento do saldo e creditada pelas operações que o reduzem.
Por princípio, o saldo desta conta deve ser devedor ou nulo. O saldo credor desta conta
é possível em situações excepcionais, quando houver concessão de crédito por parte de
um banco, chamado “autorização de descoberto”. Se for credor, a subconta respectiva
deve ser segregada das restantes e ser apresentada no passivo do balanço.
14
Controlo Interno – resumidamente constitui o conjunto de políticas e procedimentos internos de gestão de uma
organização
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uma empresa passa por bancos. Se a reconciliação bancaria for feita e não evidenciar
movimentos pendentes quer para empresa quer pelo banco diminui significativamente
os erros na informação financeira, quer por parte da empresa, quer do banco, ou fraude.
Devem ser feitas regularmente, pelo menos uma vez por mês.
1 Sub-total A B C D
2 Saldo Reconciliado E = A-B F = D-C
3 Total (1+2) A B+E C+F D
Legenda:
O saldo apurado, tanto da empresa assim como do banco devem ser iguais (E = F).
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Esta conta tem como objectivo reconhecer todos os instrumentos financeiros diferentes
de caixa e bancos mensurados ao justo valor15 através de resultados de acordo com a
NCRF 25 – Instrumentos Financeiros.
A classe onde está inserida a conta 1.3 outros instrumentos financeiros (a classe das
disponibilidades) destina-se a registar os meios mais líquidos que a empresa dispõe para
solver os seus compromissos financeiros de curto prazo, esta conta deve compreender
aplicações financeiras de curto prazo (com um prazo de maturidade inferior a 3 meses)
tais como, por exemplo, acções e obrigações transacionáveis num mercado activo de
capitais16, onde os investimentos possam ser rapidamente convertíveis em dinheiro.
15
Justo valor – é a quantia pela qual um activo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras
e interessadas numa transacção de boa fé.
16
Mercado activo – é um Mercado onde todas as condições seguintes existem: (a) os itens negociados no mercado
são homogéneos, (b) podem ser encontrados a todo o tempo compradores e vendedores interessados, e (c) os
preços estão disponíveis ao público.
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Esta conta pode ter uma natureza devedora ou credora, de acordo com o tipo de
instrumento financeiro e o justo valor atribuído ao instrumento financeiro. Deverá ser
movimentada, por classificação apropriada em cada uma das subcontas da seguinte
forma:
Debita-se:
Credita-se:
Debita-se:
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Alienação – por outras palavras, venda ou transmissão.
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Credita-se:
As diferenças de câmbio surgem quando uma empresa usa moedas estrangeiras18 nas
suas transações, por outro lado pode-se dizer que quando a moeda funcional19 é
diferente da moeda de apresentação20 estas situações surgem.
18
Moeda estrangeira – Moeda que não é moeda funcional.
19
Moeda funcional – Moeda do ambiente económico principal no qual a entidade opera.
20
Moeda de apresentação – Moeda na qual as demonstrações financeiras são apresentadas.
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Exemplo: uma entidade moçambicana adquiriu a prazo uma máquina para reforçar o
conjunto de seu equipamento básico, junto de um fornecedor estrangeiro (de Portugal)
que lhe facturou 10,000.00 Euros (€). Sendo que a moeda funcional da entidade que
adquiriu a máquina é o Metical (MZN), esta factura deveria ser contabilisticamente
tratada como segue:
Compra 43.50MT
Venda 44.75MT
Por uma questão de simplificação, não assumimos o IVA (Imposto sobre o Valor
Acrescentado) nesta operação. Assim, a entidade moçambicana deve reconhecer nas
suas contas a factura da seguinte forma:
Débito Crédito
1 À data da factura
3.2 Activos Tangíveis
3.2.2 Equipamento básico 447,500.00
a 4.6 Outros credores
4.6.1 Fornecedores de Investimento de Capital
4.6.1.1 Conta corrente 447,500.00
P/ Aquisição da Máquina
Para compreender este lançamento são a baixo retiradas duas ilações essenciais:
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àquela data, o que faria com que a entidade moçambicana, comprasse os Euros
para liquidar a divida, pelo câmbio de venda apresentado na tabela “compra e
venda”.
2) No momento inicial os activos ou passivos são contabilisticamente registados pelo
câmbio da data da transação (no momento inicial).
Assim, o exemplo acima mostra como deve ser feito o reconhecimento inicial de
transacções em moeda estrangeira. No entanto, a NCRF 23 – Efeito de alterações em
taxas de câmbio também prevê o reconhecimento subsequente das transacções em
moeda estrangeira que resume-se na tabela que se segue:
21
Itens monetários – Unidades monetárias detidas, bem como activos a receber e passivos a pagar num número
fixado ou determinável de unidades monetárias.
22
Itens não monetários – constituem a ausência de um direito de receber (ou de uma obrigação de pagar) um
número fixo ou determinável de unidades monetárias como, por exemplo, quantias pagas antecipadamente de bens
e serviços (como rendas antecipadas), activos intangíveis, inventários, activos tangíveis, entre outros.
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Caixa e bancos são itens monetários, e são inicialmente registados pelo câmbio a data
da transacção e subsequentemente registados pelo câmbio à data do balanço. A
actualização destes itens monetários a data do balanço pode dar origem a diferenças de
câmbio favoráveis ou desfavoráveis, conforme seja um ganho ou um aumento,
respectivamente.
23
Derivado – Instrumento financeiro ou outro contrato que tem as três (3) características seguintes: (a) o seu valor
altera-se como resposta a alteração numa taxa de juro, preço de instrumento financeiro, preço de produto, taxa de
câmbio, índices de preços ou de taxas, notação de crédito ou índice de crédito, ou outra variável não financeira, a
variável não seja específica de uma das partes do contrato; (b) não requer qualquer investimento líquido inicial, ou
requer um investimento líquido inicial que é inferior ao que seria exigido para outros tipos de contrato
expectavelmente uma resposta semelhante às alterações nos factores de mercado; é liquidado numa data futura.
24
Resultados – refere-se às contas de gastos e rendimentos.
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25
Pelo menos numa perspectiva académica.
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6) A conta 1.3 Outros instrumentos pode apresentar tanto saldos devedores, assim
como credores, conforme seja o instrumento financeiro e o justo valor lhe
atribuído.
Bibliografia
http://www.vidaeconomica.pt/sites/all/files/editions/pdf/pdf_ve%3Ace_ed9-
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