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DELEGAÇÃO DE MONTEPUEZ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA


CURSO DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL – 4º Ano - EaD

Disciplina: CONTABILIDADE GERAL 2° Semestre


Docente: RAMOS A. RAMOS Textos de Apoio

1. ESTUDO GERAL DA CONTA


1.1. Conceitos
No quotidiano ouvimos afirmações deste tipo:
“Recebo mensalmente um extracto da minha conta bancaria”.
“Este mês ainda não chegou a conta do telefone”.
“A conta do supermercado é cada vez maior”.

Em contabilidade designa-se por conta o conjunto dos valores patrimoniais que apresentam
características idênticas.

Assim, constituirão uma conta, por exemplo;


O conjunto de meios de pagamentos existentes em contas a vista nos bancos – depósitos a ordem.
O conjunto de bens comercializáveis, pertencentes a uma empresa – mercadorias.
O conjunto das dívidas a pagar a terceiros, provocadas pelo fornecimento de bens comercializáveis –
fornecedores.
O conjunto de lucros de anos anteriores retidos nas empresas, provenientes de aplicações de
resultados – reservas.

Já foi referido que o património de uma empresa é constituído por um grande e complexo de
elementos e natureza de bens.
Com todos esses elementos podem ser mensuráveis ou seja traduzidos numa unidade de valor comum,
isto é, transforma-se as matérias ou os objectos em valores possibilitando a sua mensurabilidade
que é o mesmo a comparação entre si. Um televisor e um livro apresentam-se com características
diferentes mas graças a sua quantificação (tradução na mesma unidade) podem facilmente serem
comparáveis.

É graças a essa quantificação que o trabalho contabilístico se pode levar em consideração ou adiante.
Sem aquela, ele seria de difícil execução como também perderia o seu significado na medida que se
recendia a um conjunto de elementos em que sem os quais não seria possível estabelecer qualquer
relação. Dai que consoante sua natureza ou função que desempenham a empresa, os valores
patrimoniais possam ser agrupados em classes com características comuns.
Chegamos assim a noção de Conta que podemos definir como um conjunto de elementos patrimoniais
expressos em unidades de valor.

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Por: Ramos A. Ramos Contabilidade Geral UP-MTZ-AGE-4° Ano
Conta é um resumo de elementos patrimoniais com determinadas características comuns e
específicas.
A conta representa uma classe de valores ou elementos patrimoniais, mas a sua disposição é tal que
permite registar todas as variações sofridas por esses elementos.

Uma conta é um recurso contábil para reunir sob um único item todos os eventos e valores
patrimoniais de mesma natureza. Ex: a conta do Banco Santos reúne todos os movimentos, depósitos
e retiradas de dinheiro realizadas no Banco de investimento de Moçambique; a conta Veículos
informa os movimentos, compras e vendas, de veículos. (Toyota de Moçambique).

Conta é o registro de débitos e créditos da mesma natureza, identificados por um título que
qualifica um componente do património ou uma variação patrimonial.

Partes constituintes da conta


Numa conta há a considerar:
O título (denominação própria)
O valor (extensão)

A conta ou o objecto da conta caracteriza-se através do seu título, do ponto de vista, compreensão
ou conteúdo e da sua extensão ou valor.

O título consiste na palavra ou expressão do que se designa conta ou classe de valores. Deve ser tal
que revele imediatamente a natureza dos elementos que o compõem, isto é, nos leva a conhecer o seu
conteúdo. Tem como finalidade identificar a conta e distingui-lo de todos os outros pelo que será
fixo e imutável. Deve ser claro no que respeita a característica comum dos elementos a que diz
respeito e deã logo uma ideia sobre o seu ponto de vista. Exemplos: mercadorias, deposito a ordem,
fornecimento de serviços externos…

O ponto de vista diz respeito ao aspecto qualitativo da conta. Consiste no conjunto de


características comuns a todos os elementos contidos ou agrupados na classe. Assim, por exemplo, a
compreensão da conta caixa consiste nos meios de pagamentos existentes em cofre e os cheques.

Vejamos um exemplo: os escritores das empresas estão geralmente com os imoveis diversos como
tais secretarias estantes, cadeiras e outros. Todos elementos possuem características comuns de se
destinarem com indispensável apetrechamento dos escritórios.

O valor representa a qualidade expressa em unidades monetárias contidas na conta no momento em


que se analisa.

A extensão, prende-se com o aspecto quantitativo da conta e respeita ao valor da conta expresso em
unidades monetárias ou em outra espécie.

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Se o título é fixo e é imutável a extensão já não é, pelo contrário constitui elemento variado da
conta na medida em que os elementos patrimoniais que o engloba, estão sujeitos as avaliações
continuas provocadas pelas operações realizadas.

A conta constitui a base de toda escrituração pois é a partir dela que se desenvolve todo o trabalho
contabilístico. Sendo assim a conta deve obedecer a requisitos próprios a seguir indicadas:

- A consistência, no que refere ao ponto de vista e ao título.

- Homogeneidade segundo a qual uma conta só deve conter elementos que obedecem a
característica comum que ela define. Assim, a dívida de um cliente à empresa, nunca poderá ser
registada numa conta que não indique uma dívida a receber, ou seja, a conta em que aquela for
registada deve incluir apenas os elementos que possuam a mesma característica: valores que a
empresa tem direito a receber.

- Integridade segundo a qual todos elementos que gozam da características comuns por ela definida
devem ser incluídos. Deste modo a conta Mercadorias, deverá incluir todos os tipos de mercadorias
transaccionadas pela empresa, assim como as suas variações.

Em suma, a conta deve ser homogenia e integral dado que só devera admitir os movimentos ligados
com a respectiva classe de valores não excluindo qualquer deles.

1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS


Em conformidade com a natureza dos elementos que constituem o património, as contas poderão
classificar-se em:

Conta de valores concretos e contas de valores abstractos – as primeiras respeitam ao


património, são as contas do activo e passivo; as segundas referem-se a expressão numérica do valor
do património, são as contas do capital próprio ou situação liquida.

Contas colectivas e contas elementares - as primeiras, também designadas de acumulativas, são


formadas pelas contas da mesma natureza, como por exemplo, clientes, fornecedores, depósito a
ordem, etc.; as segundas, também apelidadas de singulares, são as que contem um único elemento,
isto é, que não se podem se subdividir noutras mais simples, como é o caso, por exemplo: Azeite
extra. Carlos Lopes, etc.

Contas subsidiarias e contas divisionárias – as primeiras são aquelas onde se registam,


provisoriamente, os factos respeitantes a outras contas do mesmo grau, chamada conta principal. As
contas subsidiarias aparecem no Razão juntamente com as contas em que se integram, mas estas
figuram no balanco e aquelas não. As contas divisionárias ou subcontas, são divisões das contas
colectivas.

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Por exemplo:
1.2. BANCOS
1.2.1. – BIM
1.2.1.1. – MTN
1.2.1.2. – USD
1.2.2. BCI

A distinção entre as contas subsidiarias e contas divisionárias pode ser feita quanto ao grau e
quanto a mecânica. Assim, enquanto as primeiras (subsidiarias) são de grau correspondente a
respectiva conta principal, as contas divisionárias são de grau imediato ao das respectivas contas
colectivas.

Quanto a mecânica. Os factos patrimoniais são registados nas contas subsidiarias as contas
principais periodicamente por transferência de saldo periodicamente.

Contas Mistas e Contas a Ordem – as primeiras sãos as que reúnem elementos patrimoniais de
natureza diferente. É o caso, por exemplo: da conta Outros Devedores e credores que reúne contas
do activo e do passivo; as contas a ordem, são as que na altura não alteram o valor do património mas
que mais tarde o poderão alterar. É o caso, por exemplo: das contas letras descontadas.

As contas dizem-se do 1º, 2º e 3º grau grão conforme sejam subdivisões de outros ou inversamente
integração nelas.
Contas do 1º grau, 2º grau, 3º grau, etc… as primeiras só as que evidenciam directa e imediatamente
a decomposição do activo, do passivo e do capital próprio, as de 2º grau são as que resultam do
desdobramento das contas do 1º grau e assim sucessivamente.

Exemplo:

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Em suma: as contas são classificadas em dois grupos: patrimoniais e de resultado.

Patrimoniais: representam os elementos activos e passivos (bens, direitos, obrigações e situação


líquida).
Ex: Caixa, Letras a Receber, Fornecedores, Empréstimos, Capital Social.

Resultado: registram as variações patrimoniais e demonstram o resultado do exercício (receitas e


despesas).
Ex: Salários, Juros Passivos, Receitas Financeiras.

1.3. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS CONTAS


Para registar e seguir as variações operadas nas diversas contas ou classes de valores usam-se
quadros ou mapas – também chamados de contas – que apresentam disposições mais ou menos
normalizadas e com um maior ou menor número de colunas.

Cada conta corresponde um gráfico ou quadro o qual constitui o dispositivo prático para acompanhar
as suas variações quantitativas. Inscrevendo-se neste quadro a extensão (o valor) inicial da conta e
as variações seguintes consegue-se saber a qualquer momento o valor dos elementos patrimoniais
que agrupam.

No aspecto gráfico a conta apresenta-se normalmente em forma de um T, sobre o traço horizontal


indica-se o título da conta podendo-se ainda distinguir um lado esquerdo e um lado direito.

Nas contas em dispositivo horizontal ou em T, o lado esquerdo designa-se por “Debito” ou “Deve” (D)
e o lado direito por “Haver” (H) ou “Credito” (C). Assim, as importâncias anotadas ou a anotar no lado
esquerdo dizem-se débitos e as a importâncias registadas ou a registar no lado oposto chamam-se
créditos.

Em suma: a conta é a representação gráfica da relação débito e crédito de um determinado fato


administrativo. Graficamente, podemos representá-la na forma da letra T, a qual chamamos de Conta
em T ou Razão.

Os valores registados no débito denominam-se de débitos e os registados no crédito denominam-se


créditos.

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1.4. TERMOS TÉCNICOS, NATUREZA E SALDO DAS CONTAS
São diversos os termos técnicos utilizados no uso das contas, entre os quais podemos citar:

Título da conta - é a denominação da conta. É o nome da conta.


Abrir uma conta - significa iniciar a sua escrituração.

Debitar uma conta significa efectuar um lançamento na parte esquerda da conta ou seja lado do
debito; Creditar uma conta corresponde a fazer um lançamento na parte direita, isto é, no lado do
crédito.

As contas devedoras (aplicação) são as representativas dos bens, direitos, despesas e custos.
Possuem permanentemente saldo devedor, devendo ser primeiro debitadas e depois creditadas.
Ex: Caixa, Bancos, Mercadorias, Salários e Custos dos produtos vendidos.

As contas credoras são as representativas das obrigações, do património líquido, das receitas e dos
ganhos. Possuem permanentemente saldo credor, devendo ser primeiro creditadas e depois
debitadas. Ex: salários a pagar, imposto a pagar, fornecedores e juros recebidos.

A diferença entre o débito e o crédito é denominada de saldo.

Balancear uma conta consiste em comparar o seu débito com o seu crédito e a diferença, chama-se
saldo da conta (s), este por sua vez é definido como sendo a diferença entre o débito e o crédito
num determinado momento. Logo:
D – C = S
Três situações se podem verificar:
a) D > C => Sd (saldo devedor);
b) D = C => a conta não tem saldo e diz-se saldada;
c) D < C => Sc (saldo credor)

Uma vez determinado o saldo, este adiciona-se ao lado cuja a soma for de menor valor obtendo-se
assim uma igualdade entre os dois lados da conta.
Atendendo as três hipóteses teremos:

a) D > C => Sd donde D = C + Sd


b) D = C => So donde D=C
c) D < C => Sc donde D + Sc = C

Uma conta sem saldo diz-se saldada.

Saldar uma conta consiste em lançar o saldo por forma a que o total do debito seja igual ao total do
credito da conta.

Conferir ou verificar uma conta - significa examinar a sua exactidão.

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Fechar uma conta corresponde a somar as colunas dos valores do débito e do crédito, depois de a
conta estar saldada, o débito e o crédito, sublinhando com dois traços cada soma o que se designa
por trancar a conta. Nestas condições as contas dizem-se fechadas.

Reabrir uma conta consiste em inscreve o saldo da conta antiga na coluna do débito da nova conta,
se o saldo na conta antiga era devedor, ou na coluna do crédito se era credor.

Transferir uma conta - significa levar o seu saldo a débito ou a crédito de outra conta.

1.5. MÉTODO DIGRÁFICO OU LEI DE MOVIMENTAÇÃO DAS CONTAS


Os factos patrimoniais implicam variações nos valores patrimoniais e portanto nas contas. Tais
variações contudo não poderão se manter sempre o principio de igualdade do balanco, este que é a
base da contabilização de partidas dobradas. A + Sp = C + Sa

Daqui se infere que qualquer facto patrimonial implica sempre a variação do dever ou mais contas e
dai a regra fundamental das partidas dobradas ou digrafia (movimentação de mínimo 2 contas).

O método digráfico ou das partidas dobradas, data do seculo XV, havendo que afirme que o frade
franciscano luca paccioli (autor de uma monumental enciclopédia matemática “summa de arithmetica
proportioni et propornalita”, na qual inclui o tratactus de computis et scripturios” – 1494, que foi a
primeira obra impressa de doutrina contabilística) foi o seu inventor.

“A variação de uma conta e’ sempre equilibrando pela variação de outra ou outras contas”.

Segundo este método, todo o débito numa conta origina o crédito noutra ou noutras e vice-versa,
cada facto patrimonial determina um registo em duas ou mais contas, por forma a que ao valor de
cada débito (ou créditos corresponde sempre um crédito (ou créditos) de igual valor.

O balanco é a conta da máxima generalidade, dele podem extrair-se as naturezas das várias contas e
assim teremos;

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Em face deste esquema podem enunciar-se as seguintes regras para movimentação das contas, uma
vez se conhecem onde as extensões iniciais e as variações devem ser registadas. Essas regras são as
seguintes:

As Contas do Activo são debitadas pela extensão inicial e pelos aumentos de extensão e credita-se
pelas diminuições de extensão.

As Contas do Passivo e do Capital Próprio inicial são creditadas pela extensão inicial e pelos
aumentos de extensão e debitadas pelas diminuições de extensão;

As contas passivas são creditadas quando o património assume obrigações e debitada quando as
liquida. O património líquido, como complemento do passivo para igualar ao activo, obedece ao mesmo
mecanismo das demais contas passivas, ou seja, suas contas são creditadas quando há aumento de
património, e debitadas quando há redução, isto é, as contas do passivo e da situação líquida inicial
debitam-se pelas diminuições; creditam-se pela extensão inicial e pelos aumentos.

As Contas do Capital Próprio adquirido são debitadas pelos custos e perdas e creditadas pelos
proveitos e ganhos.

As contas das despesas são debitadas, pois representam redução do seu património líquido, enquanto
as contas de receitas são creditadas, pois representam o aumento do património líquido, isto é, As
contas de situação líquida adquirida, isto é, as contas de resultados debitam-se pelos custos
(encargos) e, creditam-se pelos proveitos (ganhos).

As contas de Custos são debitadas, sempre que se suporta um custo.

As contas de Proveitos são creditadas sempre que se obtém um proveito.

Natureza Para o Saldo


Das Contas Do Saldo Aumentar Diminuir
Activo = Bens e Direitos Devedor Débitos Créditos
Passivo = Obrigações Credor Créditos Débitos
Património Líquido Credor Créditos Débitos
Receitas Credor Créditos Débitos
Despesas e Custos Devedor Débitos Créditos

O saldo da conta corresponde à sua extensão, ou valor, num determinado momento.

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