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Sumário

1. Sistema Financeiro e Mercado Financeiro ....................................................................... 1

2. Bolsa de Valores e Corretoras .................................................................................................. 6

3. Instrumentos financeiros ........................................................................................................... 11

4. Modalidades operacionais ....................................................................................................... 26

5. Margem e alavancagem ........................................................................................................... 32

6. Liquidez e volatilidade ...............................................................................................................34

7. Tipos de análises usadas no mercado financeiro ...................................................... 37

8. Tipos de estudos e gráficos ..................................................................................................... 39

9. Candlesticks (Gráfico de Velas) ............................................................................................43

10. Teoria dos mercados (Dow e Elliot) .................................................................................. 46

11. Wyckoff ................................................................................................................................................. 61

12. As 3 leis de mercado..................................................................................................................... 65

13. As 4 fases do mercado ................................................................................................................ 71

14. Estruturas de Wyckoff ................................................................................................................. 75

15. PHI, a matemática de Deus (Proporção Áurea) ......................................................... 94


1. Sistema Financeiro e Mercado Financeiro

Antes de iniciarmos o assunto de Sistema Financeiro, propriamente, é


importante considerarmos a definição de Ambiente Econômico. O Ambiente
Econômico consiste, basicamente, no ambiente da economia em que são
estabelecidas as relações entre produção, emprego, renda e consumo – os 4 pilares
fundamentais da economia.
A partir dessa definição, podemos falar em Economia Real, que é o ambiente
econômico em que são produzidos e comercializados os bens e serviços. Uma
parte da Economia Real é tangível, pois é o ambiente em que são produzidos e
comercializados os bens duráveis, semiduráveis, alimentos, vestuário etc. Já a
parte intangível da Economia Real consiste na prestação de serviços, tais como
educação, saúde, transportes etc.
Da Economia Real, surge um outro ambiente econômico que chamamos de
Economia Monetária. Trata-se do ambiente em que circula o fluxo monetário (ou
fluxo financeiro) decorrente das transações realizadas entre os agentes
econômicos na Economia Real.
Também podemos dividir a Economia Monetária em suas partes tangível e
intangível. A parte tangível da Economia Monetária é representada pelo papel moeda
e cartões eletrônicos de débito e crédito. Já a parte intangível, compreende as
transferências eletrônicas efetuadas pela internet. A relação entre a Economia Real
e a Economia Monetária se dá, justamente, por meio do Sistema Financeiro.

“O Sistema Financeiro, portanto, pode ser entendido como um conjunto de


Instituições Financeiras e Instrumentos Financeiros que visam, em última
análise, transferir recursos dos agentes econômicos (pessoas, empresas,
governo) superavitários, para os deficitários.”
Professor Alexandre Assaf Neto em Mercado Financeiro.

Essa transferência de recursos acontece por meio de um processo de


intermediação financeira. Uma instituição financeira (um banco comercial, por
exemplo) capta recursos de clientes superavitários.

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Essa captação acontece, por exemplo, via investimentos em produtos de renda
fixa, como CDBs. Isso gera para a instituição financeira uma obrigação (passivo),
pois, no futuro, terá de devolver o dinheiro do poupador acrescido de juros.
Essa mesma instituição financeira concede crédito a clientes deficitários (com
necessidade de recursos), por meio de, por exemplo, empréstimos bancários. Essas
operações de empréstimo geram direitos para a instituição financeira, que, no
futuro, receberá de volta do cliente o dinheiro emprestado, acrescido de juros.

Cliente com necessidade Cliente com excedente de


de recursos financeiros recursos financeiros

Empréstimo / Captação de Investidores Renda Fixa e


recurso Variável

INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
Concessão de Crédito (direitos) Captação de Recursos (obrigações)

Fig. 1: A intermediação financeira

Mercado Financeiro é como se denomina todo o universo que envolve as


operações de compra e venda de ativos financeiros, tais como valores mobiliários
(ações, obrigações etc.), mercadorias (pedras preciosas, commodities etc.) e
câmbio. É todo o ambiente em que ocorrem as operações de investimentos
financeiros. Existem mercados gerais, onde muitos produtos são comercializados,
e mercados especializados, onde apenas um tipo de mercadoria é negociada.
Os mercados funcionam colocando compradores e vendedores interessados
em um ativo financeiro em comum, num mesmo “local”, tornando assim mais fácil
a liquidação dos negócios entre as contrapartes.
Um ativo é um termo básico utilizado para expressar os bens, valores, créditos,
direitos e assemelhados que formam o patrimônio de uma pessoa singular ou
coletiva e que são avaliados pelos respectivos custos. Também são conhecidos por
serem tudo aquilo que gera, de algum modo, renda para o seu possuidor.

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Na Contabilidade existem vários tipos de ativo considerados, entre eles os
Ativos Financeiros. Logo, Ativo Financeiro é todo ativo não físico (intangível), que
tem valor, tem padronização, é derivado de uma reivindicação contratual e pode
ser negociado no mercado financeiro, em função de sua estrutura.
Normalmente costumam ser mais líquidos que os ativos tangíveis. Os Ativos
Financeiros são, em sua maioria, ações, contratos futuros, contratos a termo,
moedas e câmbio, opções, títulos públicos e privados.

CMN

BACEN CVM Órgão

Normativo
Instituições Normativo
financeiras
Entidades
captadoras de
depósitos à vista Bolsa de Valores Supervisoras
Bolsa de Futuros
Demais
instituições
financeiras
Operadores Intermediação

Outros intermediários financeiros e


administradores de recursos de terceiros

Fig. 2: Composição do Sistema Financeiro Brasileiro, também


conhecido como Sistema Financeiro Nacional

O Conselho Monetário Nacional (CMN) constitui a autoridade maior na estrutura


do SFN com as funções de definir a meta de inflação; fixar diretrizes e as normas da
política cambial; fixar diretrizes visando o equilíbrio do Balanço de Pagamentos;
regular o funcionamento das instituições financeiras e equiparadas; fixar capital
mínimo e normas de contabilização; acionar medidas de prevenção ou correção de

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desequilíbrios; disciplinar o crédito e orientar na aplicação dos recursos; regular o
redesconto e as operações no mercado aberto. O CMN é composto, de acordo com a
MP-870 de 01/01/2019, pelo Ministro da Economia, o Presidente do Bacen e o
Secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia.
O Banco Central (BACEN) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da
Economia. Suas principais atividades e funções são a condução da política
monetária do país; em especial a regulação da taxa de juros; condução da política
cambial; regulação, fiscalização e supervisão das instituições financeiras que
compõe o SFN; emissor e recolhedor de moeda nacional; atua como banco para
operações diretas com outras instituições financeiras oferecendo recursos e
liquidez às instituições; e depositário do governo federal (banco do governo) e
gestor das reservas internacionais do país. O BACEN também atua como
Secretaria-Executiva do CMN e torna públicas todas as resoluções do CMN. É ainda
responsabilidade da autarquia divulgar o calendário das reuniões do Comitê de
Política Monetária (COPOM).
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) É uma autarquia vinculada ao
Ministério da Economia, instituída pela Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976. A CVM
regulamenta e supervisiona o mercado acionário; incentiva a prática de poupança
neste mercado; estimula e fiscaliza o funcionamento das bolsas de valores e das
instituições financeiras operadoras do mercado acionário; assegura por meio de
instruções normativas a lisura nas operações de compra/venda de valores
mobiliários; e protege os investidores minoritários.

Atenção!

As corretoras de títulos e valores mobiliário, ao contrário do que muitos


acreditam, são supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN
1.655, de 1989), não tendo nenhuma supervisão direta da CVM.

Por fim, ainda existe a Câmara de Liquidação e Custódia (Clearing).


Instituições responsáveis por trazer segurança ao mercado financeiro, evitando a
inadimplência de qualquer parte e garantindo a execução, liquidação e

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pagamento, segurança, transparência e velocidade dos negócios realizados.
Responsáveis por custodiar (guardar), calcular o valor das obrigações, repasse dos
ativos financeiros aos novos adquirentes, repasse dos valores líquidos aos
vendedores e a liquidação final do negócio.
Atualmente existem dois sistemas independentes responsáveis por custódia e
liquidação no Brasil. O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC),
responsável pela custódia e liquidação de Títulos Públicos Federais negociados no
mercado interbancário ou mercado de balcão; e a Clearing B3, responsável por
custodiar e liquidar os ativos negociados no ambiente da Bolsa de Valores, bem
como o registro de títulos de renda fixa e derivativos no mercado de balcão.

Atenção!

A Clearing da B3 surgiu da fusão que deu origem a B3 e incluiu dentro da


mesma estrutura as antigas Central de Liquidação e Custódia (CETIP) e a
Câmara de Ações da Bovespa.

Exercício Proposto #1:

a) Qual a diferença entre Sistema Financeiro e Mercado


Financeiro?

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2. Bolsa de Valores e Corretoras

A bolsa de valores é um ambiente de negociação no qual investidores podem


comprar ou vender seus títulos emitidos por empresas, sejam elas com capitais
públicos, mistos ou privados, além de diversos outros instrumentos financeiros.
Para ter uma ideia mais clara do que é a bolsa, é possível fazer uma analogia.
Imagine um ambiente em que ocorre um leilão de diversas mercadorias, onde
compradores e vendedores se encontram para negociar um “preço justo” (ou
melhor oferta de compra e venda) por estes produtos. Quando comprador e
vendedor concordam no preço, o negócio é fechado, os valores transferidos para o
vendedor e o produto transferido para o comprador.
O objetivo das bolsas de valores, como infraestrutura/plataforma de negócios é
criar um ambiente seguro e organizado, garantindo que compradores e
vendedores liquidem seus negócios de maneira eficiente, rápida, prática e sem
inadimplência de nenhuma das partes. Nesse caso, a Bolsa também exerce o papel
de garantidora do negócio, realizando os ajustes e liquidações financeiras
necessárias as partes.
Nos primórdios, as Bolsas de Valores funcionavam com um pregão viva-voz.
Isso porque os operadores ficavam em um grande salão dentro da bolsa de valores
(apelidado de floor), separados em grupos chamados de pits de negociação, em
função do ativo que estavam negociando e de suas ofertas de compra ou de venda.
Nesse ambiente, os operadores literalmente gritavam suas ofertas e faziam
vários gestos característicos, que eram sinais de ofertas de compra, ou ofertas de
venda e suas respectivas quantidades de um determinado ativo financeiro, na
expectativa de buscar um contraparte para negociá-los, caso houvesse um
interesse em comum no mesmo nível de preços. Estas ofertas eram registradas
em um grande quadro elevado para que ficasse visível por todos no salão. Esse
registro ficou conhecido como “pendurar ordens na pedra”, uma referência ao que
parecia o grande quadro negro onde eram registradas as ofertas.

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Figs. 3 e 4: À esquerda, pregão viva-voz. À direita, pregão eletrônico.

Com o avanço da tecnologia, o registro manual das cotações no quadro foi


substituído por um placar eletrônico. Anos depois, o próprio pregão viva-voz foi
totalmente substituído por um sistema totalmente eletrônico, encerrando, assim,
as atividades de floor das Bolsa de Valores.
Atualmente, quase todas as Bolsas de Valores do mundo inteiro operam
através de um sistema de pregão eletrônico, onde o registro de ofertas é feito em
sistema eletrônico, por meio de terminais instalados nas corretoras de valores e
sob a responsabilidade destas.
As Bolsas de Valores são regulamentadas e fiscalizadas pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), explicado anteriormente. Existe o caso chamado de
Mercado de Balcão, onde as negociações ocorrem fora das Bolsas de Valores e só
depois os negócios são registrados.

Fig. 5: Comparação entre os anos 1990 e 2010

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As Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVMs) e as Distribuidoras de
Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs) são instituições financeiras que tem como
atividade principal ou acessória a intermediação de operações nos mercados
regulamentados de valores mobiliários, como é o caso dos mercados de bolsa e de
balcão (organizado ou não).
Esse serviço consiste na execução (intermediação) de ordens de compra e de
venda de valores mobiliários para seus clientes, mas também pode-se incluir, entre
as atividades por elas oferecidas:

o A disponibilização de informações de análise de investimentos;


o A administração de carteiras de valores mobiliários (inclusive fundos de
investimentos); e
o A prestação de serviços de custódia e outras (algumas dessas atividades
dependem de autorizações específicas).

Para uma pessoa física ou jurídica operar na Bolsa de Valores, é necessária e


obrigatória a intermediação de uma corretora autorizada, sendo que, no Brasil, sua
constituição depende de autorização do BACEN e o exercício de sua atividade
depende de autorização do CVM.
Em geral, as corretoras cobram uma taxa pela custódia dos títulos. A taxa pode
ser devida pela custódia, independentemente da movimentação dos ativos. Além
da taxa de custódia, em geral paga-se à corretora um determinado preço por
operação que pode ser um percentual do valor da transação, um valor fixo por
operação, ou ainda uma quantia mensal fixa, chamada de taxa de corretagem.
Tradicionalmente, existem duas formas de se investir através de uma corretora
de valores: a) mesa de operações, onde o investidor deve enviar suas ordens
através do telefone, ou chat; e b) Home Broker, ou plataformas de operação, onde
o investidor envia suas ordens através de uma plataforma de negociação
conectada à internet. Em larga maioria, o mercado de varejo se utiliza das
plataformas de negociação para realizar suas operações, em função da facilidade,
agilidade e custos operacionais reduzidos.
A seguir, na Fig. 6, é possível entender de maneira simples e didática o processo
de negociação onde todos estes agentes, mencionados até agora, atuam de

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maneira conjunta para liquidar uma negociação entre duas partes, de um ativo
específico, por um preço justo para ambas as partes.
O investidor/especulador (seja comprador ou vendedor), usa sua plataforma de
negociação para enviar uma ordem de compra, ou venda para a corretora. Esta,
por sua vez, organiza e envia esta ordem para a Bolsa de Valores.
Na Bolsa de Valores, as ordens de compra e de venda são recebidas e
organizadas de acordo com o ativo, mas também de acordo com o nível de preço
aceite por cada parte.
Dentro da Bolsa de Valores (sistema), quando uma ordem de compra encontra
uma ordem de venda em um preço, em que ambas as partes concordam em
negociar, o negócio é fechado e registrado. Ao final do pregão, e com a interferência
das câmaras de liquidação e custódia, o balanço será fechado, os ajustes financeiros
entre as partes realizados e os ativos transferidos para as partes compradoras.

Atenção!

Quando se diz que os ativos são transferidos aos novo titulares, na verdade é o
registro destes ativos, que hoje são nominais e não mais cartulares, ou ao
portador, em nome dos novos proprietários. Mas estes ativos continuam
custodiados nas Câmaras de Custódia ligadas a Bolsa de Valores.

Atualmente existe apenas uma principal Bolsa de Valores no Brasil, a B3 (Brasil


Bolsa Balcão), que foi a fusão entre as antigas BM&F (Bolsa de Mercadorias e
Futuros), Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e, por último, a união destas
duas à Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos (CETIP). A B3 é uma
empresa privada de capital aberta.
Por outro lado, existem 13 principais Bolsas de Valores nos Estados Unidos.
Reflexo do tamanho e da maturidade do mercado financeiro norte-americano.
No caso das corretoras, existem em torno de 90 corretoras de valores no Brasil,
ao passo que nos Estados Unidos elas se dão aos milhares, de diversos portes e
especialidades.

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Ordem de
compra

Investidora Corretora Agente de liquidação e


custódia

Ordem de
venda
Investidor Corretora Bolsa de Valores

Fig. 6: Processo de negociação na Bolsa de Valores

Exercício Proposto #2:

a) Pesquise quantas Bolsas de Valores existem no Brasil e


quantas existem nos Estados Unidos;
b) Pesquise quais são as maiores e melhores corretoras de
valores no Brasil.

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3. Instrumentos financeiros

Todo e qualquer contrato que gere um ativo financeiro para uma parte
enquanto, para a segunda parte, é gerado um passivo financeiro ou um
instrumento patrimonial. São títulos e contratos financeiros, padronizados e
negociados no mercado financeiro, entre duas partes, gerando um direito para
uma parte e uma obrigação para outra parte.
Existem uma variedade considerável de instrumentos financeiros. Títulos da
dívida pública, títulos de dívidas de empresas privadas e privadas, certificados de
instituições financeiros referentes a tomada de empréstimos, notas promissórias,
ações de companhias, contratos futuros e derivativos, além de outros.
Os instrumentos financeiros também têm diferentes objetivos entre eles.
Financiamento e captação de recursos, empréstimos, investimento, hedge (travas)
e especulação financeira. É importante conhecer cada um dos instrumentos
financeiros, no caso de sua estratégia e uso específicos.
Este treinamento foi estruturado para trabalhar com 3 tipos de instrumentos
financeiros, no mercado financeiro brasileiro. Índice Futuro, Dólar Futuro e Ações,
com o foco em especulação financeira de curto prazo (DayTrading). Falaremos
detalhadamente em cada uma destes instrumentos, a seguir.

Índice Futuro e Dólar Futuro são instrumentos financeiros considerados


contratos derivativos futuros (ou Contratos de Futuros).
Os contratos de futuros são contratos de compra e venda padronizados,
notadamente no que se refere às características do produto negociado, conforme
regulamentação da Bolsa. Através desses contratos, as partes compradora e
vendedora se comprometem a comprar e vender determinada quantidade de um
ativo financeiro ou ativo “real” (bens tangíveis), em uma data futura, a um preço
predeterminado. Por serem padronizados, os contratos futuros são negociáveis
em bolsa. Constituem a base do chamado mercado futuro ou mercado de futuros.

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Os contratos futuros são utilizados tanto para a proteção (hedge) quanto para a
especulação.
Por exemplo, se um produtor de milho está com seus estoques cheios, mas por
qualquer motivo acredita que o preço do milho em uma data futuro poderia sofrer
uma desvalorização, este produtor poderia vender contratos futuros de milho para
se proteger. Neste caso, se o preço do milho realmente caísse o produtor estaria
perdendo dinheiro no valor do seu produto físico, mas em contrapartida estaria
ganhando dinheiro com a venda do seu contrato futuro. O contrário funciona do
mesmo modo. Esse é um exemplo de hedge feito com contratos futuros. No caso
dos especuladores, estes apenas apostam – baseados em suas análises – na
probabilidade de o preço futuro do ativo subir, ou cair, mas não possuem o ativo
físico ou base.
Os contratos futuros negociados em Bolsa de Valores, em sua maioria, têm
liquidação financeira. Ou seja, ao final da negociação é feito um ajuste (acerto)
financeiro de débito, ou crédito direto às partes que negociaram, relativos à
variação de preço que ocorreu durante a negociação. Uma das partes terá que
pagar a outra parte um valor financeiro. Em alguns poucos casos, a negociação de
um contrato futuro pode ter liquidação física, como é o caso do Ouro e do Café, na
Bolsa brasileira. Neste caso o comprador, caso opte pela liquidação física, receberá
o produto físico referente a negociação realizada, enquanto a contraparte também
se obriga a entregar o produto físico ao comprador.
Estes instrumentos são também considerados Derivativos. Como o próprio
nome diz, derivativo é um instrumento financeiro (contrato) no qual se estabelece
um valor econômico do seu valor temporal (pagamento futuro), baseado num
ativo base como referência. Grosso modo, é um instrumento financeiro que deriva
de outro instrumento financeiro como ativo base para sua precificação. Esse ativo
base pode ser um título financeiro (ação, obrigação etc.), um valor financeiro
(índices, juros, classificação de crédito etc.), ou um valor materialista (matéria-
prima, divisas, commodities etc.).

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Os principais tipos de contratos derivativos são: a) a termo; b) futuros; c) de
Opção; d) Swaps. Como dito anteriormente, neste treinamento apenas utilizamos
os contratos futuros de índice e dólar.
Referente ao Índice Futuro que iremos utilizar como instrumento para as
nossas operações, ele é um derivativo do Índice Bovespa. O Índice Bovespa,
conhecido como Ibovespa ou IBOV, é o mais importante indicador do
desempenho médio das cotações das ações de uma quantidade determinada de
empresas negociadas na B3. O valor atual representa a quantia, em moeda
corrente, de uma carteira teórica de ações. Estas ações, em conjunto, representam
80% do volume transacionado nos doze meses anteriores à formação da carteira.
Como critério adicional, exige-se que a ação apresente, no mínimo, 80% de
presença nos pregões do período. Para que sua representatividade se mantenha
ao longo do tempo, a composição da carteira teórica é reavaliada a cada quatro
meses. Essa reavaliação é feita com base nos últimos 12 meses onde são verificadas
alterações na participação de cada ação. A carteira atual do Ibovespa, válida de
janeiro a abril de 2019, é composta por 65 ações, de 61 empresas, pois Bradesco,
Eletrobras, Gerdau e Petrobras aparecem com dois tipos de papéis.
Portanto, o Contrato Futuro de Ibovespa possibilita que o mercado negocie as
expectativas futuras do mercado de ações, sem a necessidade de realizar a compra de
toda a cesta de ações que compõem o índice e ficar exposto à variação do indicador.
A precificação do contrato futuro de Índice leva em conta o preço atual do ativo
base (neste caso o IBOV), acrescido pela taxa de juros referente o tempo de
restante até o vencimento do contrato. Daremos exemplos disso mais adiante,
quando falarmos dos vencimentos. Por agora é importante saber que existe,
portanto, uma diferença de preço entre o ativo base (IBOV) e o índice futuro, tendo,
portanto, o índice futuro, normalmente, um preço maior que o IBOV. Portanto, a
relação básica entre o mercado futuro e o mercado à vista é a seguinte:

Índice Futuro = Ibovespa * (1 + i)


(i = taxa de juros no período)

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Quanto maior o tempo até o vencimento maior será o “i” e, consequentemente,
maior será a diferença entre a cotação do Índice Futuro e o Ibovespa.
Usando os mesmos conceitos descritos até aqui, podemos entender o contrato
de Dólar futuro do mesmo modo. É um derivativo que tem como ativo base o Dólar
à vista (spot). Também carrega essa diferença de preços entre o ativo futuro e o
ativo à vista. O conceito do instrumento financeiro portanto é o mesmo, tendo sua
diferença apenas em relação ao padrão do contrato, valor e datas de vencimento.
Falaremos tudo isso logo mais adiante.
Em relação aos contratos futuros Índice e Dólar, mais algumas informações
finais são importantes de serem tratadas aqui. A primeira delas é em relação aos
tipos de contratos. Nestes dois casos existem o que chamamos de “contrato cheio”
e “contrato mini”. A diferença é relativa ao valor do ativo e à margem de garantia
requerida para operação. Inicialmente só havia o contrato cheio de índice e o
contrato cheio de dólar. Com a chegada de pessoas físicas e pequenos investidores
na Bolsa de Valores, que dispunham de pouco capital, e para facilitar o acesso
deste perfil de operadores no mercado, a B3 criou os minicontratos futuros de
índice e dólar, que seguem os moldes do contrato padrão (cheio), mas com o valor
de apenas 20% do contrato cheio. A segunda questão é a quantidade mínima a ser
negociada. No caso dos contratos cheios é um lote mínimo padrão de 5 contratos.
No caso do minicontrato, o lote mínimo é de apenas 1 contrato.
Mais um dado importante em relação aos contratos futuros é referente ao seu
vencimento. Quando falamos que se trata de um contrato futuro, como já foi
explicado, estamos nos referindo ao valor financeiro que deverá ser liquidado em
uma data futura. Portanto, o ativo que negociamos no presente momento tem
vencimento numa data futura predeterminada. Por exemplo, imagine que
estamos no mês de novembro/2020, mas o contrato que estamos negociando é
referente ao mês de dezembro/2020. Após essa data final, esse contrato atual se
encerra e dá-se início a um novo contrato futuro.
No índice futuro, o vencimento ocorre bimestralmente, sempre na quarta-feira
mais próximo do dia 15, dos meses pares (fevereiro, abril, junho, outubro,

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dezembro). No Dólar Futuro, o vencimento acontece todo primeiro dia útil de
todos os meses do ano, de janeiro a dezembro.
Por último, a nomenclatura dos ativos futuros de índice e dólar se dão da
seguinte maneira: o código referente ao ativo negociado + a letra referente ao mês
do vencimento + o ano. Exemplo a seguir seria de um contrato cheio de índice,
com vencimento para dezembro de 2020. Ficaria do seguinte modo: INDZ20.
Deste modo, o código para o Contrato Futuro de Índice é IND. O código para o
minicontrato Futuro de Índice é WIN. O código para o Contrato Futuro de Dólar é
DOL. E o código do minicontrato futuro de dólar é WDO.
Os meses de vencimento para os Contratos Futuros de Índice e suas respectivas
letras são Fevereiro (G), Abril (J), Junho (M), Agosto (Q), Outubro (V) e Dezembro (Z).
Os meses de vencimento para os Contratos Futuros de Dólar e suas respectivas
letras são Janeiro (F), Fevereiro (G), Março (H), Abril (J), Maio (K), Junho (M), Julho
(N), Agosto (Q), Setembro (U), Outubro (V), Novembro (X) e Dezembro (Z).
Por último, falaremos sobre o padrão de valores de cada um dos contratos futuros.
No Contrato Futuro de Índice a cotação deste contrato futuro é estabelecida em real
brasileiro e expressa em pontos por Real, onde um ponto equivale à R$ 1,00. Ou seja,
se a cotação do índice é de 90 mil pontos, este também será o valor do contrato cheio.
Como já dissemos anteriormente, no caso dos minicontratos, portanto, seriam 20%
(1/5 parte) deste valor, logo R$ 0,20 (vinte centavos). No Contrato Futuro de Índice a
variação mínima de apregoação (tick) é de 5 pontos. Ou seja, a variação do ativo se dá
de 5 em 5 pontos, para cima, ou para baixo. Sendo assim, a cada um tick de variação
no contrato cheio representa R$ 5,00, enquanto no minicontrato é R$ 1,00.
O objeto de negociação do Dólar Futuro é a taxa de câmbio de reais por dólar dos
Estados Unidos, para entrega pronta, contratada nos termos da Resolução 1.690/90, do
Conselho Monetário Nacional (CMN). A taxa de câmbio é a relação entre duas moedas,
neste caso, o dólar e o real. Um dólar tem sua cotação em reais, que varia a cada
momento, de acordo com a disponibilidade de dólares no país, o fluxo de entrada da
moeda gerado com a exportação e a importação de bens e serviços, os investimentos
estrangeiros no país, as remessas de moeda para o exterior, a tendência de negociação
dessa moeda no mercado interno (compra ou venda), dentre outros.

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Também interferem na cotação as condições econômicas, a ação do Banco
Central e, no cenário externo, as taxas de juros internacionais, que podem
determinar a entrada ou a saída de investidores no país. Assim, se a quantidade de
certa moeda necessária para se comprar outra aumentar, diz-se que essa moeda
se desvalorizou em relação à outra. Quando a quantidade necessária para a
compra cai, esta moeda se valorizou em relação à outra. A cotação do contrato
futuro de Dólar é expressa em reais por US$ 1.000,00 (mil dólares). Cada contrato
de Dólar Futuro equivale à negociação de US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares).
No Contrato Futuro de Dólar a variação mínima de apregoação (tick) é de meio
(0,5) ponto, algo que representaria 5 centavos de dólar. Cada ponto de variação
para o Contrato Cheio é referente a R$ 50,00, enquanto cada ponto de variação no
minicontrato de dólar representa R$ 10,00.
Os horários de negociação dos ativos futuros na B3 seguem deste modo:
8:55am (leilão de abertura); 9:00am (abertura oficial); 17:55pm (leilão de
fechamento); 18:00pm (encerramento das negociações). Alguns dias, por situações
especificas da formação dos preços teóricos, os leilões de abertura e fechamento
podem se estender por alguns minutos além do horário determinado.
Exemplos dos conceitos até aqui:

Taxa de câmbio de Reais (BRL) por Dólar Comercial


Objeto de negociação
(USD).
Código de negociação WDO
USD 10.000,00 (dez mil dólares dos Estados Unidos
Tamanho do contrato
da América).
Cotação BRL por USD 1.000,00.
Variação mínima de
BRL 0,50 por USD 1.000,00.
apregoação
Lote padrão 1 contrato.
Sessão de negociação anterior à data de
Último dia de negociação
vencimento.
Data de vencimento 1º dia útil do mês de vencimento do contrato.
Meses de vencimento Todos os meses.
Liquidação no vencimento Financeira.

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Taxa de câmbio de Reais (BRL) por Dólar Comercial
Objeto de negociação
(USD).
Código de negociação DOL
USD 50.000,00 (cinquenta mil dólares dos Estados
Tamanho do contrato
Unidos da América).
Cotação BRL por USD 1.000,00
Variação mínima de
BRL 0,50 por USD 1.000,00.
apregoação
Lote padrão 5 contratos.
Sessão de negociação anterior à data de
Último dia de negociação
vencimento.
Data de vencimento 1º dia útil do mês de vencimento.
Meses de vencimento Todos os meses.
Liquidação no vencimento Financeira.

Objeto de negociação Ibovespa.


Código de negociação IND
Contrato Futuro de Ibovespa multiplicado pelo
Tamanho do contrato valor em reais de cada ponto, sendo cada ponto
equivalente a R$ 1,00.
Cotação Ponto de índice.
Variação mínima de
5 pontos de índice.
apregoação
Lote padrão 5 contratos.
Quarta-feira mais próxima do dia 15 do mês de
Último dia de negociação
vencimento.
Quarta-feira mais próxima do dia 15 do mês de
vencimento. Caso não haja sessão de negociação, a
Data de vencimento
data de vencimento será a próxima sessão de
negociação.
Meses de vencimento Meses pares.
Liquidação no vencimento Financeira.

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Objeto de negociação Ibovespa.
Código de negociação WIN
Contrato Futuro de Ibovespa multiplicado pelo
Tamanho do contrato valor em reais de cada ponto sendo que, cada ponto
será de R$ 0,20.
Cotação Pontos de índice.
Variação mínima de
5 pontos de índice.
apregoação
Lote padrão 1 contrato.
Quarta-feira mais próxima do dia 15 do mês de
Último dia de negociação
vencimento.
Quarta-feira mais próxima do dia 15 do mês de
vencimento. Caso não houver sessão de
Data de vencimento
negociação, a data de vencimento será a próxima
sessão de negociação.
Meses de vencimento Meses pares.
Liquidação no vencimento Financeira.

Mês Código

DOL X 20 Janeiro F
Fevereiro G
Março H
Abril J
Código Ano
Maio K
Junho M
Mês de vencimento
Julho N
Agosto Q
Setembro U
Outubro V
Novembro X
Dezembro Z

18
Exemplos da variação de preços e resultados em cada um dos
tipos de ativos

- IND - Compra de 1 lote (5 contratos) ao preço de 98.000 pontos


Após alguns minutos a posição é encerrada ao preço de 98.100 pontos

98.100 – 98.000 = 100 pontos × (5 contratos × 1 real por ponto) = 500 reais

- WIN - Compra de 1 lote (1 contrato) ao preço de 98.000 pontos


Após alguns minutos a posição é encerrada ao preço de 98.100 pontos

98.100 – 98.000 = 100 pontos × (1 contratos × 0.20 centavos por ponto) = 20 reais

- DOL - Compra de 1 lote (5 contratos) ao preço de 3.797,00


Após alguns minutos a posição é encerrada ao preço de 3.799,50

3.799,50 – 3.797,00 = 2,5 pontos × (5 contratos × 50 reais) = 625 reais

- WDO - Compra de 1 lote (1 contrato) ao preço de 3.797,00


Após alguns minutos a posição é encerrada ao preço de 3.799,50

3.799,50 – 3.797,00 = 2,5 pontos × (1 contratos × 10 reais) = 25 reais

Importante!

Nos cálculos acima realizados, caso a variação fosse contrária a posição inicial
(os preços caíssem) o resultado seria negativo, na mesma proporção.

A partir de agora, e para finalizar esse tópico, falaremos das ações. Vale lembrar
que a abordagem operacional proposta neste treinamento também pode ser
usada para operações de DayTrading em ações, desde que sejam aquelas ações
com alta liquidez.
A abordagem aqui proposta não foi desenhada para operações de
SwingTrading. Porém, alguns conceitos mais simples podem ser adaptados para
operações de SwingTrading em ações. Também por este motivo não entraremos
em conceitos como IPO (APO), Proventos, Bonificação e Subscrição,

19
Desdobramento e Grupamento, Aluguel e Termo. Todos esses conceitos devem
ser abordados para estratégias de médio/longo prazo, mas são dispensáveis para
estratégias de DayTrading.
Ação é a menor parcela do capital social das companhias ou sociedades por
ações. É, portanto, um título patrimonial e, como tal, concede aos seus titulares, os
acionistas, todos os direitos e deveres de um sócio, no limite das ações possuídas.
A ação é um valor mobiliário, expressamente previsto em lei.
No entanto, apesar de todas as companhias ou sociedades terem o seu capital
dividido em ações, somente as ações emitidas por companhias registradas na
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as chamadas companhias abertas, podem
ser negociadas publicamente no mercado de valores mobiliários. Atualmente, as
ações são predominantemente escriturais, sem emissão de certificado físico,
mantidas em contas de depósito, em nome dos titulares e em instituição
contratada pela companhia para a prestação desse serviço, em que a propriedade
é comprovada através de extrato de posição acionária.
As ações devem ser sempre nominativas, não mais sendo permitida, desde
1990, a emissão e a negociação de ações ao portador ou endossáveis. O “tamanho
da ação”, ou seja, o percentual societário na empresa ao qual ela corresponde,
depende do número de ações emitidas pela companhia. Se uma empresa emitiu
100 ações e elas correspondem a 100% do capital social, então, cada ação
representa 1% do patrimônio da companhia.
As ações negociadas em bolsa são representadas por códigos, também
conhecidos no mercado como “ticker”. É por meio deles que são feitas as
negociações. A formulação desses códigos é feita com base em um padrão de
números e letras que ajudam a identificar a empresa e o tipo de ação
correspondente ao código. Os códigos das ações são compostos por quatro letras
e um número. As quatro letras, geralmente, fazem referência ao nome da
companhia emissora. Por exemplo, ações da Petrobras são negociadas sob o
código “PETR”, e ações da Vale têm o código “VALE”. Há casos em que não há uma
referência direta. As ações da empresa de alimentos Minerva, por exemplo, têm

20
como código “BEEF”. Os números indicam os diferentes tipos de papel, a saber:
ações ordinárias, preferenciais, BDRs, ETFs, Units, dentre outros.

O quadro a seguir contém exemplos de códigos de ações:

Tipo do Ativo Código Exemplo


Direitos Ordinários 1 SULA1
Direitos Preferenciais 2 SULA2
Ações Ordinárias (ON) 3 SULA3
Ações Preferenciais (PN) 4 SULA4
Ações Preferenciais Classe A 5 SULA5
Ações Preferenciais Classe B 6 SULA6
Ações Preferenciais Classe C 7 SULA7
Ações Preferenciais Classe D 8 SULA8
Recibos Ordinários 9 SULA9
Recibos Preferenciais 10 SULA10
Units (pacote de ações ON + PN ou pacote de BDRs), BDR, ETF
11 SULA11
e FII

Quando falamos de Ações Ordinárias, o detentor tem direito a comparecer às


assembleias da companhia e votar assuntos de seu interesse. O voto do investidor,
no entanto, terá peso diretamente proporcional ao poder acionário que ele tiver.
Ações Preferenciais dá a seu detentor preferência no recebimento dos
proventos, ou no reembolso do capital em caso de liquidação da companhia. As
ações preferenciais, via de regra, não dão ao acionista direito a voto em assembleia.
Há ainda uma subdivisão das ações preferenciais entre preferencial classe A (PNA)
e preferencial classe B (PNB). As diferenças entre esses dois tipos de ações variam
de empresa para empresa. Geralmente, ações PN Classe A possuem certas
vantagens, mas as características que distinguem uma ação PNA de uma PNB
variam de acordo com o que é definido no estatuto da companhia.
Units é um certificado de depósito de ações. Mais especificamente,
representam um pacote de ações ON e PN em um mesmo ativo, sendo que essa

21
quantidade varia de acordo com a empresa. Exemplo: SANB11, units do banco
Santander que englobam uma ação ON e uma ação PN. Vale ressaltar que as units
terminam com o código 11, mas nem todo código terminado com o número 11 pode
ser considerado uma unit, já que outros ativos também se enquadram nessa
categoria, tais como os ETFs e os BDRs.
BDRs (Brazilian Depositary Receipt), ou certificado de depósito de valores
mobiliários, é um valor mobiliário emitido no Brasil que representa outro valor
mobiliário emitido por companhias abertas (ou assemelhadas) com sede no
exterior. Grosso modo, são ações estrangeiras negociadas na bolsa brasileira.
A possibilidade de ganho no mercado acionário se dá de dois modos: a)
valorização da cotação das ações; e b) participando dos lucros da companhia,
através do recebimento de proventos. No nosso caso, neste treinamento, nosso
foco será a situação A.
As ações se movimentam em uma variação mínima de apregoação (tick) de R$
0,01 (1 centavo). E a proporção percentual de cada tick de variação é calculado em
relação ao preço atual da ação. Por exemplo, se uma ação custa 10 reais e sofre
uma variação para 11 reais, o preço dessa ação oscilou 10%.

Exemplo da variação de preço e resultado de uma operação em ação

- PETR4 – Petrobrás PN

Comprei ações de PETR4 ao preço de 19,41 reais e liquidei minha operação ao preço de 19,84.

19,84 – 19,41 = 0,43 centavos = 2.21%

Normalmente, as ações são negociadas em lotes de 100 unidades. Esse é o padrão


do mercado brasileiro. Porém, pensando em investidores de pequeno porte, a Bolsa
de Valores também negocia os chamados lotes fracionados. Que são ações que você
pode adquirir de uma em uma unidade, sem a necessidade de absorver um lote
inteiro de 100 unidades. A característica é ter a letra F na formação do ticker da ação,
como no exemplo a seguir. Supostamente uma ação da empresa Vale do Rio Doce,
no mercado fracionário seria definida pelo ticker VALE3F.

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Existem duas diferenças em relação aos contratos futuros e às ações que são
de suma importância para as operações nestes ativos, mas que são amplamente
ignoradas (especialmente por aqueles que tem pouco ou nenhum conhecimento
técnico e de viés mais institucional). São eles o Ajuste Diário e a Rolagem de
Contratos Futuros. Ambos ocorrem nos mercados futuros, mas não acontecem no
mercado de ações e fazem total diferença do ponto de vista operacional e até
mesmo como precaução para os operadores.
O Ajuste Diário é uma equalização automática da posição dos players que
operam nos mercados futuros, com posições que são carregadas por mais de um
dia (SwingTrading ou Position). Normalmente, pela própria estrutura dos
mercados futuros e seu objetivo maior, as posições de grandes players
institucionais são carregadas por vários dias e até vários meses. Ao final de cada
dia, a Bolsa de Valores verifica quem teve prejuízo ou lucro e o acerto financeiro é
realizado no dia útil seguinte, diretamente na conta do operador. Quem investe no
Mercado Futuro sabe que está negociando contratos com vencimento lá na frente.
Dessa maneira, quem investe pode ganhar ou sofrer prejuízos durante esse
período por causa das variações do mercado.
O ajuste diário é exatamente o ajuste financeiro – que pode ser de crédito ou
débito – executado nas contas de compradores e vendedores desse mercado
todos os dias, em função do preço de ajuste do dia anterior. Esse é um mecanismo
de proteção e tem o objetivo de evitar inadimplências. Quem ganha, logo recebe.
Do mesmo modo, quem perde deve quitar seu débito.
Ou seja, se você teve um dia lucrativo, receberá seus ganhos e poderá utilizá-los
da maneira que desejar no primeiro dia útil subsequente. Por outro lado, em caso de
perda, é preciso cobrir o débito, pagando o prejuízo. Perceba que a ideia central é
proteger todos os participantes e corretoras de valores, garantindo que o sistema
sempre opere de forma equilibrada. Por isso, aqueles que não pagam o ajuste diário
são considerados inadimplentes e têm suas margens de garantia executadas. Nos
Mercados Futuros a variação diária de um ativo é calculada a partir do Ajuste Diário e
não do fechamento do dia. Diferentemente do mercado de ações que usa o
Fechamento do dia (último negócio do dia).

23
Imagine que você comprou 1 contrato futuro de mini dólar em 10/09/18 a 4.080
pontos. Neste dia, o preço de ajuste foi de 4.094 pontos. Assim, a diferença de
pontos foi de:

4.094,00 – 4.080,00 = 14,00 (valores em pontos)

Como no contrato de mini dólar cada ponto vale R$ 10,00, essa diferença de
pontos corresponde:

14,00 pontos × R$10,00 = R$140,00

O valor de R$140,00 seria creditado na conta da sua corretora no dia 11/09/18.


No dia seguinte, portanto, após ter sofrido o ajuste financeiro, o ponto correto
da sua posição é o mesmo valor do Ajuste Diário. Para o dia seguinte este será o
ponto de referência de onde você está posicionado no mercado e será a referência
usada para o próximo ajuste, caso carregue novamente um dia a mais.
Caso no dia seguinte o Ajuste fosse calculado em 4.078,50, o cálculo final seria o
seguinte:

4.078,50 – 4.094 = –15,50 (valores em pontos)


–15,50 pontos × R$10,00 = R$ –150,50

O valor de R$ 150,50 seria debitado da conta da sua corretora.


Outro aspecto que é bom reforçar é que, após o vencimento de uma série de
um contrato futuro, uma nova série (contrato) é aberta e a anterior é encerrada. As
posições que estão em aberto devem ser transferidas do contrato que acaba de
vencer para o novo contrato que se inicia, uma vez que o contrato antigo não será
mais negociado de nenhum modo.
As operações de rolagem de contrato futuro, também chamadas de spread
calendário, consistem na negociação de dois vencimentos para um mesmo contrato
futuro. Esse tipo de operação também está ligado à ideia de prorrogação. Ela é
realizada quando o investidor quer se prevenir, com relação à possibilidade de mudar
a data de vencimento do contrato. Dessa forma, ele tem a escolha de liquidar o
contrato no prazo mais curto ou, se for mais conveniente, optar pelo prazo mais longo.

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Em resumo, se por algum motivo o player quer/precisa continuar mantendo a
posição naquele ativo futuro e o contrato venceu, este player deve zerar sua
posição no contrato vencido e abrir uma nova posição no contrato que se inicia.
Para isso a bolsa cria um ativo específico para fazer essa rolagem, calculando o
spread entre os contratos (diferença de preços), para que os players possam migrar
suas posições para o novo contrato. A taxa cobrada por esse tipo de operação é
chamada de Taxa de Rolagem.
Haja vista que nossa abordagem aqui é essencialmente voltada para o
DayTrading, não aprofundaremos nestes dois tópicos finais (Ajuste e Rolagem). O
Ajuste veremos mais adiante, já que ele servirá como um parâmetro operacional,
mas apenas em se considerando o nível de preço, como região importante de
interesse de negociação. Já a rolagem não utilizaremos em nenhum momento
neste treinamento.
Esses assuntos foram pontuados para apontar que estes dois parâmetros não
acontecem no mercado de ações, uma vez que as ações se tratam de títulos (um
ativo que designa propriedade) e não de contratos (obrigações e direitos futuros e
unicamente financeiros).

Exercício Proposto #3:

a) Busque informações adicionais sobre o Ajuste Diário e sua


importância para os mercados futuros.
b) Faça uma tabela de apoio com a letras dos vencimentos do
Índice Futuro e do Dólar Futuro, em relação aos meses e
deixe fixado na sua estação de trabalho, para consulta se
necessário.
c) Pesquise quais são as 8 principais ações que compõe o
IBOV e determine quais são Preferenciais e quais são
Ordinárias.

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4. Modalidades operacionais

DayTrading, day(-)trade ou intraday trading (do inglês, literalmente: compra e


venda no mesmo dia), é uma modalidade de negociação utilizada em mercados
financeiros (como bolsa de valores), que tem por objetivo a obtenção de lucro com
a oscilação de preço, ao longo do dia, de ativos financeiros.
O especulador, profissional ou amador, de day trading é chamado de day
trader. Tal atividade ganhou impulso com o estabelecimento de bolsas como a
NASDAQ (cuja primeira sessão ocorreu em 1971), e de plataformas de negociação
eletrônicas, que se tornaram populares pela internet, ao final da década de 1990.
O day trading consiste na compra e venda, ou venda e recompra de um mesmo
ativo financeiro (que pode se tratar de ações, derivativos, commodities ou moedas)
no mesmo dia, pelo mesmo especulador ou por meio de uma mesma sociedade
corretora. Dependendo do prazo entre a compra e venda diferentes, termos
específicos, como Scalping são empregados para caracterizar a operação. Neste
contexto, negócios de arbitragem são, na maioria, efetuados entre segundos, ou
até centésimos ou mesmo milésimos de segundos, como no caso das chamadas
Operações de Alta Frequência (em inglês HFT, High Frequency Trading).
Em resumo, sempre que você abre operações no mercado financeiro e encerra
estas mesmas operações no mesmo dia, você está fazendo um DayTrading. Não
apenas especuladores realizam esta modalidade operacional. O DayTrading é
prática comum em fundos de investimento, especialmente os Hedge Funds,
aqueles que trabalham com arbitragem de todo tipo (e até bancos quando fazem
o famoso CDI) fazem-no com encerramento diário, porque tem obrigatoriedade
de fechar o caixa diário positivo, ou seja, mesmo os bancos, ao contrário que muita
gente possa imaginar, trabalham na maior parte do tempo com operações que
são Intradiárias (DayTrading).
Swing trading é uma estratégia de negociação especulativa em mercados
financeiros onde um ativo negociável é mantido por um ou mais dias em um
esforço para lucrar com as mudanças de preço ou “oscilações”. Uma posição de
swing trading é normalmente mantida por mais tempo do que uma posição de

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day trading, mas mais curta do que estratégias de investimento como Position
Size ou Buy’n Hold, que podem ser mantidas por meses ou anos. Os lucros podem
ser obtidos comprando um ativo ou vendendo a descoberto.
O Position Trading vai um pouco além e se caracteriza por uma operação que
é mantida por muitas semanas, ou até muitos meses. A expectativa ainda é
especulativa e tem o objetivo de obter lucro com a valorização do ativo (ganho de
capital), do mesmo modo que as anteriores. Os operadores de Position Trading
estão menos preocupados com as flutuações curtas no preço e mais preocupados
com a tendência principal do ativo em questão. Normalmente realizam poucas
operações, mas tem a tendência de concentrar em ativos mais propícios à
volatilidade e potencial de grandes movimentações. A partir desta abordagem
operacional, os operadores tendem a começarem a utilizar algum nível de análise
fundamentalista (falaremos adiante sobre os tipos de análise), especialmente ao
market share da empresa e sua capacidade de gerar lucro.
As estratégias de DayTrading, Swing Trading e Position Trading têm por
objetivo a geração de renda ativa e recorrente, mas depende diretamente da
performance do operador.
Buy’n Hold quer dizer, na tradução fiel, comprar e segurar. Isso define essa
estratégia, que não é mais apenas de especulação financeira (apesar de também
ainda manter algum nível especulativo). Nesta abordagem, o operador – que agora
se torna um investidor – faz análises, tem objetivos e espera resultados diferentes.
Normalmente, os investidores que se utilizam desta abordagem usam, quase
que exclusivamente, a análise fundamentalista (em especial a de Fluxo de Caixa
Projetado/Descontado ou Valuation), tem o objetivo maior de acumular
patrimônio e construir riqueza, além de ter sua maior expectativa de retorno sobre
os proventos das empresas e não apenas no valor patrimonial das ações. É uma
estratégia baseada na ideia de que, no longo prazo, os mercados financeiros têm
uma boa taxa de retorno, mesmo considerando que possui uma alta volatilidade.
Indica que os investidores nunca vão receber tais retornos caso resgatem os
investimentos após uma queda. Esse ponto de vista considera que tentar prever o
mercado (a ideia de que é possível entrar no mercado quando os preços estão

27
baixos e sair quando estiverem altos, por exemplo) não funciona e que tentar
prever resulta em perdas, pelo menos para pequenos investidores, e, por isso, é
melhor simplesmente comprar e segurar, haja vista que o tempo é um fator
importante demais para ser desconsiderado. Um argumento para essa estratégia
é a hipótese do mercado eficiente (EMH): se o valor médio de cada título financeiro
é determinado o tempo todo, então não existe razão para vendê-lo. Investidores
mais clássicos defendem que você nunca deve vender um título, a menos que
precise do dinheiro (caixa), por algum motivo específico.
Outro tema importante e que causa confusão, especialmente em quem está
no início da caminhada no mercado financeiro, é o fato de conseguirmos realizar
operações direcionais, mesmo sem estar na posse do ativo (salvo raras exceções
em função do tempo da operação).
É normal que se entenda que podemos comprar alguma coisa e revender por
um preço mais caro, obtendo lucro através da diferença de preços existente nesta
operação hipotética. Posso, por exemplo, viajar para os Estados Unidos, comprar
um tênis pelo preço de 100 reais (convertendo para dólares) e, de volta ao Brasil,
revendê-lo por 200 reais. Meu lucro seria de 100 reais. Obviamente eu teria
despesas “operacionais” com o custo da viagem, impostos etc. Mas eu teria obtido
lucro nessa operação.
Essa diferença de preços, no mercado financeiro, damos o nome de spread.
Mas também é possível vender algo e recomprar mais barato e também obter o
lucro desta diferença (spread). Esta é, para muitos que ainda não estão
acostumados com o mercado, uma lógica um pouco mais complicada de
entender, mas que a partir de hoje você vai ver como fica simples com o exemplo
que daremos.
Vamos ao mesmo exemplo do tênis, mas desta vez o cenário é um pouco
diferente. Você percebeu que, por alguma questão econômica, estão faltando
tênis no mercado brasileiro e a demanda por este produto subiu bastante, fazendo
os preços também subirem. Você, entretanto, sabe que existem alguns poucos
fornecedores que têm estoque e estão precisando muito de dinheiro e, por isso,
estão vendendo os tênis a um preço inferior ao preço de mercado.

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Você, então, faz a proposta a um amigo de vendê-lo um tênis pelo preço de 250
reais, mas faz o compromisso de entregar o tênis somente amanhã à noite. Vocês
fecham o acordo e ele te paga adiantado 250 reais, no compromisso que receberá
o tênis amanhã à noite. Você, de posse dos 250 reais, vai correr o mercado para
tentar achar um tênis por um preço menor que isso.
Suponhamos que, após alguns contatos, você consiga comprar o tênis por 200 reais
e entregue-o amanhã à noite. Você terá obtido um lucro de 50 reais, que é a diferença
entre os 250 reais que você vendeu o tênis e os 200 reais que você o comprou. Assim
também pode ser feito nos mercados, especialmente quando se opera DayTrading.
Você pode operar “comprado” do mesmo modo que opera “vendido” e o seu
lucro/prejuízo será sempre a diferença de preços entre as duas posições.
Existe uma diferença entre os mercados futuros e o mercado à vista (ações)
quando operamos vendidos e carregamos aas operações por mais de um dia, ou
seja, quando não são operações de DayTrading.
No caso dos futuros, como já demonstramos anteriormente, você sofrerá uma
Ajuste Diário (financeiro). No caso das ações, quando se vende uma ação sem
possuí-la, dizemos que você vendeu “a descoberto”. Se for uma operação de
DayTrading, toda a posição é encerrada e há uma liquidação financeira ao final do
dia. Mas quando você precisa ficar posicionado por mais um dia em uma ação, e por
esta se tratar de um título, uma posse e a propriedade desta posse ter que ser
transferida ao novo proprietário, no outro dia você será obrigado a “alugar” a ação
de alguém para entregá-la a quem comprou de você. Não entraremos mais fundo
nesse aspecto em função deste treinamento estar focado em operações de
DayTrading.
Quando se opera com estratégias de DayTrading os custos operacionais são,
praticamente os mesmos, independentemente do ativo, ou tipo de mercado. Os
custos são:
o Taxa de Corretagem: Esse é o valor que a corretora cobra para intermediar as
operações entre o investidor e a Bolsa de Valores. Ela pode variar de uma
corretora para outra, dependendo da forma como é definida, mas, quando o
assunto é Day Trade, o modo de precificação mais comum é um valor fixo por

29
operação, seja esta de compra ou de venda. O valor fixo por operação realizada
funciona do seguinte modo: suponhamos que, na Corretora X, o preço da taxa
de corretagem por operação é de R$ 9,00. Nesse contexto, se você emitir uma
ordem de compra de 100 ações ou, uma ordem de compra para 1 mil ações, irá
pagar o mesmo valor de corretagem. Isso significa que não importa o tamanho
do lote de ações ou contratos emitidos em uma ordem, pois o que conta é o
número de operações executadas. Atualmente, os ativos futuros costumam ter
taxas de corretagem muito menores que os ativos à vista.
o ISS: O Imposto Sobre Serviço, imposto de caráter municipal sobre serviço
prestado, é pago juntamente com a taxa de corretagem, uma vez que incide
sobre ela. É cobrado um valor máximo 5% da taxa de corretagem e sua
referência é o município de São Paulo, onde fica a BM&FBOVESPA. Ou seja, caso
a Corretora X cobre R$ 9,00 de corretagem por lote de ação, o valor do ISS
incidido será de, no máximo, R$ 0,45, por exemplo.
o Emolumentos: Os emolumentos são as taxas de negociação e liquidação,
cobradas diretamente pela BM&FBOVESPA e pela Companhia Brasileira de
Liquidação e Custódia, a CBLC, (atualmente apenas B3) sobre o volume
financeiro negociado. É possível verificar o percentual cobrado nas taxas de
liquidação e negociação, no site da B3, nas páginas sobre Tarifas de Ações e
Fundos de Investimento, Tarifas Ibovespa e Tarifas de Dólar.
o Taxa de custódia: É um dos custos do Day Trade cobrados mensalmente sobre
o valor total da carteira de investimentos, tendo como objetivo a manutenção
dela. Essa taxa pode ser isenta conforme a corretora ou tipo de investimento.
Para essa taxa, o percentual cobrado sobre o valor da carteira aumenta
conforme cresce o valor investido.
o Imposto de Renda: O Imposto de Renda na Bolsa deve ser declarado por todos
os investidores que realizam operações em ativos da B3. Ao contrário das
operações normais, não existe isenção em aplicações abaixo de R$ 20.000. O
investidor será tributado em 20% em cima de qualquer lucro,
independentemente do valor.

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Observação 1:

Algumas corretoras podem isentar seus clientes de Taxa de Corretagem e Taxa


de Custódia, a depender da quantidade de operações realizadas em um período
contratado.

Observação 2:

A perdas passadas referentes às operações de DayTrading podem servir como


abatimento no Imposto de Renda para ganhos futuros, desde que em mesmo
código operacional (DayTrading apenas com DayTrading).

Exercício Proposto #4:

a) Compare a avaliação dos clientes entre corretoras que têm


corretagem zero, das que cobram alguma corretagem;
b) Entenda, mais profundamente, como funciona o aluguel de
ações, seus custos e funcionalidades.

31
5. Margem e Alavancagem

A Margem de Garantia nada mais é que um valor que deve estar depositado
na corretora para cobrir operações no mercado financeiro e deve estar disponível
antes da operação ser aberta. Esse valor serve como garantia de que, havendo
prejuízos, você conseguirá arcar com eles.
Essa é uma prática muito similar aos depósitos de caução em contratos de
aluguel de imóveis, por exemplo. As margens de garantia variam de um ativo para
o outro. Assim, você precisa contar com diferentes valores para investir em ações
ou contratos futuros, por exemplo. O prazo escolhido também é um fator
importante no cálculo da margem de garantia. Normalmente, a margem exigida
para os contratos futuros é bem menor do que as exigidas para o mercado à vista
e variam bastante entre as corretoras.
Esse valor não precisa estar necessariamente em dinheiro, ele também pode ser
em Títulos, Ações, CDB, Letras de Crédito e de Câmbio etc. A disponibilidade em
aceitar instrumentos financeiros como margem de garantia deve ser consultado em
cada corretora. É importante ressaltar que, caso a corretora aceite instrumentos
financeiros como margem de garantia, haverá um deságio (desconto) do valor total
dos ativos e apenas um percentual deste total será disponibilizado como margem de
garantia (esse desconto também é diferente entre as corretoras e dependente do tipo
de instrumento financeiro oferecido como garantia).
Apesar de não se tratar do caso neste treinamento, é importantíssimo lembrar
que caso o operador, por qualquer motivo, precise manter uma posição por mais
de um dia, haverá uma Chamada de Margem. Ou seja, a margem de garantia
exigida aumenta consideravelmente, para garantir a liquidação da posição e a não
inadimplência entre as partes. Essa é uma exigência da Bolsa de Valores e não
mais da corretora de valores.
Seguindo na mesma linha, a Alavancagem é o potencial de negócios que você
pode realizar com a margem de garantia que você tornou disponível na corretora.
Em outras palavras, o valor do negócio que você é permitido realizar com o mínimo
de recursos financeiros possíveis. Por exemplo, se a corretora te pede uma

32
margem de 500 reais por cada minicontrato de índice que você quer negociar,
sabendo que cada minicontrato de índice futuro custa 19.000 reais, você estaria
negociando um ativo financeiro que tem o preço de 19 mil reais utilizando apenas
500 reais para abrir a negociação.
Imagine uma situação hipotética onde que você possui, portanto, 500 reais de
margem de garantia e compre um minicontrato de índice ao preço de 19 mil reais.
Vamos entender que esse ativo teve uma valorização de 1%, ou seja, 190 reais. Se
você tivesse operado sem nenhuma alavancagem, ou seja, fosse preciso
desembolsar o valor de 19 mil reais para negociar este contrato, seu rendimento
final teria sido os mesmos 1%. Porém, como você trabalhou alavancado e o ativo
teve uma valorização de 1%, mas você só precisou investir 500 reais, seu
rendimento final seria 190 reais em relação aos 500 reais que você investiu, o que
traria um retorno de 38%, aproximadamente. Esse é o poder da alavancagem.
Porém, é importante lembrar que o mesmo potencial de ganhos que a
alavancagem traz, também ocorre no caso de um possível prejuízo financeiro. A
alavancagem vai acelerar e aumentar consideravelmente o valor do prejuízo, caso
os preços oscilem contra sua posição. Por isso, a importância de aprender a
calcular a alavancagem correta em cada posição de cada ativo que se quer operar
(trataremos disso detalhadamente mais adiante, quando falarmos sobre
Gerenciamento de Risco).

Exercício Proposto #5:

a) Pesquise qual corretora cobra a menor margem para


operar futuro de índice e dólar e qual cobra a maior
margem para operar estes ativos.
b) Pesquise sobre a margem para operar ações no DayTrading
e perceba a diferença para os ativos futuros.

33
6. Liquidez e volatilidade

Liquidez é um conceito econômico que considera a facilidade com que um


ativo pode ser convertido no meio de troca da economia, ou seja, é a facilidade
com que ele pode ser convertido em dinheiro. O grau de agilidade de conversão
de um investimento sem perda significativa de seu valor mede sua liquidez.
No mercado financeiro, e especialmente nas negociações em Bolsas de
Valores, o conceito é o mesmo. Dizemos que um ativo tem alta liquidez quando a
negociação é praticamente instantânea, quando uma oferta de compra ou venda
é enviada ao mercado.
Ao contrário, quando o mercado tem pouca liquidez é porque tem poucas ofertas
por nível de preço para dar contraparte e fechar a negociação. Enquanto um ativo
com alta liquidez tem muitas ofertas por nível de preço. Logo, fica mais fácil negociar
um ativo mais líquido e mais difícil negociar um ativo com pouca liquidez.
A liquidez pode ser medida analisando o volume médio de negociações em um
intervalo de tempo. Quando maior o volume médio negociado indica que maior
liquidez há naquele ativo, ou seja, há mais players interessados em negociar aquele
ativo a todo tempo. Ao contrário, um volume médio pequeno demonstra um ativo
com baixa liquidez. Outra questão apontada tem a ver com a variação do preço
(alta ou baixa), conhecida como volatilidade e que trataremos a seguir. Os
conceitos de volatilidade e liquidez estão intimamente relacionados.
Volatilidade, na área financeira, é uma medida de dispersão dos retornos de
um ativo financeiro no mercado. Quanto mais o preço de uma ação varia num
período curto de tempo, maior o risco de se ganhar ou perder dinheiro negociando
esta ação, e, por isso, a volatilidade é uma medida de risco.
A volatilidade é uma variável que mostra a intensidade e a frequência das oscilações
nas cotações de um ativo financeiro, o qual pode ser ação, título, fundo de investimento
ou ainda, de índices das bolsas de valores considerando um determinado período de

34
tempo. Esta variável (a volatilidade) é um dos parâmetros mais frequentemente
utilizados como forma de mensurar o risco de um ativo considerado.
De forma mais simples, a volatilidade é o quanto o preço de um ativo financeiro
sofre variação (sobe ou desce) dentro de um intervalo de tempo. Quanto maior a
variação do preço, dizemos que o ativo é mais volátil.
A relação entre estes dois conceitos gera uma correlação negativa e constante. A
principal causa da alta volatilidade de um ativo é sua baixa liquidez, e vice versa. Isso
se dá porque quando um player precisa negociar aquele ativo, este mesmo player
não encontra liquidez no mesmo nível de preço para toda a sua oferta de compra ou
venda. Com isso, este player precisa aceitar o deslocamento do preço em função de
buscar liquidez para preencher todas as suas ofertas e liquidar sua posição.
Imagine que você queira comprar uma dúzia de canetas por um real, mas
canetas estejam escassas no mercado atual. Você busca a mercado todas as
canetas que puder comprar e encontra 1 caneta sendo vendida a 1 real, 1 caneta
sendo vendida a 2 reais, 1 caneta sendo vendida a 3 reais, 4 canetas sendo vendidas
a 4 reais e 5 canetas sendo vendidas a 5 reais.
Se você realmente quiser comprar todas as canetas, você vai comprá-las a
preços diferentes e, no fim, terá provocado um movimento no preço de mercado
de canetas, pelo simples fato que não havia canetas suficientes – lei de oferta e
demanda. Além disso, o seu preço médio sofreu alterações consideráveis, haja vista
que está bem acima do que o preço de 1 real que você espera negociar as 12
canetas inicialmente.
Esse é outro fator a considerar e que entra no conceito de agressão, que
falaremos mais adiante nesse treinamento. Quando algum ativo tem baixa
liquidez e é preciso comprar esse ativo com urgência, é preciso piorar meu preço
de compra, agredindo os vendedores que estão vendendo a preços superiores,
comprando mais caro e piorando o meu preço de compra. Do outro lado, quando
desejo vender algo que tem pouca demanda, mas tenho urgência da venda,
preciso agredir os compradores que estão comprando a preços mais reduzidos,
vendendo mais barato e piorando o meu preço de venda.

35
Exercício Proposto #6:

a) Pesquise qual o ativo mais líquido e compare sua


volatilidade diária, entre Índice Futuro e o Dólar Futuro.
b) Descubra quais as ações mais líquidas que compõem o
IBOV.

36
7. Tipos de análises usadas no mercado financeiro

Existem basicamente 4 tipos de análises usadas para o mercado financeiro, seja


de futuros, ou ações. Análise Gráfica, Análise Técnica, Análise Técnica Discricionária
e Análise Fundamentalista. Obviamente que servem a objetivos diferentes, mas
também são escolhidas sob a preferência dos operadores em relação a seus
objetivos.
A Análise Fundamentalista e as Análises Técnica ou Discricionária são usadas
em conjunto em alguns casos, na tentativa de otimizar a entrada nas negociações.
A Análise Gráfica consiste em estudar o preço dos ativos ao longo do tempo,
por meio de gráficos que representam a movimentação dos preços, para
identificar padrões gráficos passados que poderiam, na maioria das vezes, se
repetir no futuro. Esses padrões podem ser formações de figuras geométricas
criadas ao longo do tempo nos preços, que tem o intuito de prever um possível
movimento dos preços. Ou até mesmo padrões únicos formados por gráficos de
barras, ou caixa, como os candlesticks. De todo modo, esta análise usa tão somente
os gráficos para tentar determinar o movimento dos preços e desconsidera todas
as outras informações referentes a volume, tempo e fluxo de ordens.
A Análise Técnica consiste em uma análise que usa como base a análise
gráfica, mas inclui diversos indicadores de preço, tempo, volume e fluxo de ordens,
dos mais variados tipos, como ferramenta para tentar detectar antecipadamente
os possíveis movimentos dos ativos financeiros negociados na bolsa. O analista
técnico acredita que indicadores podem dar uma vantagem competitiva nas
negociações, ajudando na tomada de decisão de abrir, ou não, uma operação.
Análise Técnica Discricionária é aquela que opera além de um conjunto de
regras conhecido como “setup”, mas também opera sinais por contexto de mercado.
Para se tornar um Trader Discricionário, é necessário conhecimento e vivência de
mercado, pois as decisões operacionais estão todas em suas mãos com base no
conjunto de aspectos objetivos e subjetivos em seu plano de trade. É uma evolução
da Análise Técnica, onde inclui-se também análise de sentimento de mercado, fatores
de macro economia e política e análise de fluxo de ordens. As decisões, ao contrário

37
das análises anteriores, são totalmente dependentes do contexto de mercado e não
tem sistemas “engessados” e padrões fixos. Ao invés disso, existem abordagens
diferentes para cada situação diferente que o mercado apresenta.
Por fim, a Análise Fundamentalista (ou Análise Fundamental) é a análise da
situação financeira, econômica e mercadológica de uma empresa, um setor ou
dado econômico, uma commodity ou uma moeda e suas expectativas e projeções
para o futuro.
A Análise Fundamentalista busca, basicamente, avaliar a saúde financeira das
empresas, projetar seus resultados futuros e determinar o preço justo para as suas
ações. Para isso, os analistas levam em consideração os chamados fundamentos
da empresa, isto é, todos os fatores macro e microeconômicos que influenciam no
seu desempenho. A partir de uma minuciosa análise de todos eles, é possível
projetar os resultados da companhia no longo prazo, em geral num período de
cinco a dez anos:
“A análise fundamentalista é uma foto do momento da empresa,
que permite aos analistas tentar projetar o futuro”.
— Samy Dana, professor de finanças da FGV-SP

A análise fundamental é amplamente (pra não dizer que exclusivamente)


utilizada para investimentos de longo prazo – as estratégias que tratamos
anteriormente como Position Trading ou Buy’n Hold, onde o investidor tem a
intenção de ser tornar “sócio” da empresa, quando adquiri suas ações e
permanecer com estas por um longo período de tempo, ou por tempo
indeterminado.
As análises gráfica, técnica e discricionária são usadas, em sua maioria, para
operações de curto e médio prazo, sendo que para esta última modalidade, alguns
analistas podem fazer uma análise conjunta usando a análise fundamentalista e
técnica (ou discricionária) juntas, com o intuito de escolherem melhores ativos
(com melhores fundamentos), mas também num timing melhor de entrada nas
operações nestes ativos.

38
8. Tipos de estudos e gráficos

Existem diversos estudos gráficos e tipos de gráficos diferentes. Vamos pontuar nesse
manual os modelos mais conhecidos. Porém, neste treinamento utilizaremos como
padrão o gráfico de Candlesticks e, em alguns momentos específicos, o gráfico de Linha.
A movimentação dos ativos financeiros nas Bolsa de Valores é representada por
um gráfico dentro de um eixo cartesiano, determinando a relação entre preço e
tempo. Ou seja, a evolução dos preços em um determinado período no tempo.
Esse período pode variar a escolha do operar e baseado no que este que analisar
e sua estratégia. Esse período ou intervalo de tempo tem o nome de Time Frames, ou
Tempos Gráficos, e representam um intervalo de tempo que pode variar de minutos
e horas, até dias, semanas e meses (fato é que é possível analisar um ativo em
qualquer tempo gráfico, desde que esse tenha histórico de negócios suficiente).
Ou seja, podemos ter gráficos de 1 minuto, onde cada estudo mostra o
comportamento dos preços dentro de um intervalo de um minuto, gráficos de 1
dia (do mesmo modo), de 1 semana, 1 mês etc. É possível configurar os estudos
gráficos em qualquer tempo que o operador desejar.
Além de preço e tempo, a outra informação fornecida pelos mercados financeiros
é o volume de negócios, que também é medido dentro de um intervalo de tempo.
Portanto, é de extrema importância reforçar o fato que as bolsas de valores do mundo
inteiro só fornecem 3 informações: Preço, Tempo e Volume. Todo o resto de
indicadores, estudos e análises são oriundas de um destes 3 fatores, ou eles em
conjunto. Logo, ignorar 1 ou mais destes fatores incorre em um erro grosseiro e
praticamente nos restringe de informações sobre o comportamento dos preços do
ativo que queremos negociar.

39
Diferentes tipos de estudos gráficos

Gráfico de Ponto Figura

Gráfico de Barras

40
Gráfico de Renko

Gráfico de Kagi

41
Gráfico de Linha

Um gráfico de linha liga os preços de fechamento de uma ação em um


intervalo de tempo determinado. Cada inflexão da linha representa o fechamento
dos preços dentro daquele intervalo de tempo determinado. Por fechamento
entende-se o último negócio realizado naquele intervalo de tempo.
Os gráficos de Candlesticks trataremos de forma mais detalhada na próxima
aula, por se tratar do tipo de gráfico que utilizaremos como padrão para esse
treinamento.

Exercício Proposto #7:

a) Pesquise mais informações sobre os gráficos de Linha e de


Barra.

42
9. Candlesticks (Gráfico de Velas)

Candlestick é uma técnica de análise gráfica de mercado, criada no Japão em


meados do século XVIII, nas antigas bolsas de arroz de Osaka. Os diferentes
padrões formados pelos candles ajudavam a analisar os preços dos contratos
futuros de arroz. Há controvérsias em relação ao seu idealizador ter sido um trader
japonês da época chamado Munehisa Homma, ou se Homma teria sido apenas
quem popularizou o uso deste estilo gráfico.

Fig. 7: Bolsa de arroz de Osaka

Os candles usam padrões de cores, para auxiliar na identificação da direção


momentânea dos preços, bem como usam padrões de formação, também para
identificar possíveis movimentos direcionais, como reversões nos preços, ou a
continuidade dos movimentos.
Um gráfico de candle é caracterizado pelas formas retangulares verticalizadas
e padronizadas, em formato de velas. Nas extremidades do retângulo pode haver
linhas (também chamadas de “pavios”), que representam os preços máximos e
mínimos ofertados pelo ativo naquele candle.
Esse formato de gráfico permite que o trader tenha informações sobre a
abertura e o fechamento do mercado, assim como a máxima e a mínima – tudo

43
de acordo com a periodicidade definida previamente, ou seja cada candle
representa a movimentação dos preços dentro de intervalo de tempo
determinado (1 minuto, 5 minutos, diário, mensal etc.).
Sobre o padrão de cores, o mais usado no mercado é um candle verde para
representar movimentos de alta nos preços, ou seja, quer dizer que o preço de
fechamento foi superior ao preço de abertura. E vermelhos para representar
movimentos de baixa, quando o preço de fechamento é inferior ao preço de abertura.
Abaixo é possível entender didaticamente a representação de um gráfico de
candles, com todos os componentes que explicamos até agora.

Candlestick Candlestick

de Alta de Baixa

Máximo Máximo

Fechamento Abertura

Abertura Fechamento

Mínimo Mínimo

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A distância entre a máxima e mínima de um candle, ou seja, o
intervalo/variação de preços é chamada tecnicamente de spread.
No decorrer desse treinamento vamos aprofundar na análise de algumas
formações de candles, especialmente em conjunto com a leitura de volume, onde
entraremos profunda e detalhadamente nas questões operacionais usando essa
ferramenta.

Exercício Proposto #8:

a) Quantos são os tipos de padrões de candles e quais os mais


conhecidos?

45
10. Teoria dos mercados (Dow e Elliot)

Importante!
Antes de iniciarmos esse capítulo, é necessária a introdução de alguns conceitos
e termos técnicos, os quais serão utilizados sempre, de agora em diante. São eles:

o Tendência: movimento direcional nos preços de um ativo, formando movimentos


em forma de ondas com movimentos de expansão e movimentos de correção
(pivôs), confirmados pela formação de topos e fundos consecutivos;
o Tendência de Alta: movimento direcional de alta nos preços, formados por pivôs
de alta e que, por sua vez, são formados por topos e fundos ascendentes;

o Tendência de Baixa: movimento direcional de queda nos preços, formados por


pivôs de baixa e que, por sua vez, são formados por topos e fundos descendentes;

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o Pivôs: unidade de movimento de uma tendência, formado por uma onda de
expansão e uma onda de correção onde, após isso, os preços rompem o extremo
no movimento de expansão, dando sequência a um novo movimento;
o Onda de Expansão: movimento a favor da direção principal dos preços,
normalmente com força, dando continuidade ao movimento;
o Onda de Correção: movimento contrário à direção principal dos preços,
normalmente com menos força, normalmente indicando realizações parciais das
posições dos players, ou testes de oferta ou demanda, antes de retomarem o
movimento principal. Em alguns casos, caso haja confirmação do volume, podem
indicar sentimento de giro de mercado, que iremos tratar com detalhes em
capítulos adiante neste treinamento.

No início da era moderna dos mercados financeiros existiram 5 atores


principais, considerados os criadores das análises técnicas e apelidados de os 5
titãs do mercado. Neste treinamento, vamos usar conceitos de 3 deles.
Porém, todas as análises técnicas de todos os tipos criadas até hoje estão
fundamentadas sob os conceitos de duas principais e mais importantes figuras do
mercado: Charles Dow e Nelson Elliott. Fica praticamente impossível entender
mais profundamente as análises técnicas sem antes estudar a base que foi
construída por estes dois mestres. Sabendo os conceitos das teorias criadas por
estes autores, mesmo que básicos, pode mudar completamente seu
entendimento sobre o mercado financeiro a movimentação dos preços.

Fig. 8: À esquerda, Charles Dow. À direita, Nelson Eliott

47
Charles Henry Dow foi um jornalista estado-unidense, cofundador da Dow
Jones & Company juntamente com Edward Jones e Charles Bergstresser. Dow
também fundou o The Wall Street Journal, que se tornou uma das mais
respeitáveis publicações sobre economia do mundo. Ele também inventou o
famoso Dow Jones Industrial Average como parte de sua pesquisa sobre o
movimento dos mercados. Ele desenvolveu uma série de princípios para entender
e analisar o comportamento dos mercados na qual posteriormente se tornou
conhecida como a Teoria de Dow. Existem 6 princípios básicos em que a teoria
de Dow está fundamentada:

1. Os índices descontam tudo: índices como o Dow Jones, S&P500 e Ibovespa,


já refletem todo o consenso do mercado sobre o passado, o presente e o
futuro. Uma vez que o mercado é rápido em precificar e se ajustar a
quaisquer eventos e fatores que acontecem, incorporando tudo isso ao
movimento dos preços. Ou seja, mesmo não conseguindo prever o futuro,
os movimentos dos preços assimilam e se ajustam a tudo mais rápido que
quaisquer outras formas de análise, pelo simples fato de fazerem isso
imediatamente em tempo real. No fim, os estudiosos da Teoria de Dow
chegaram à conclusão que, indo mais fundo ao que disse Dow, os padrões
de movimentação dos preços (portanto, os gráficos) contam tudo que está
acontecendo no mercado e é a informação mais imediata entre todas.

2. Os mercados se movem em tendências: e se movem em 3 tendências


principais. As tendências podem ser de alta ou de baixa. Por sua vez, as
tendências podem ser primárias, secundárias e terciárias, segundo sua
duração. A tendência primária é a principal, representa o movimento mais
longo do mercado. As tendências secundárias são as correções e reações do
mercado podendo retomar 1/3 a 2/3 do movimento anterior. Já as
tendências terciárias são as correções e reações menores. Os parâmetros de
tempo e tamanho estão relacionados ao tempo que estamos analisando e
tem que ser contextualizadas dentro da teoria Fractal (que trataremos a
seguir, nesse capítulo), mas têm a mesma dinâmica exata.

48
3. Princípio da confirmação: no início, Dow tratou de dizer que os índices
deveriam ambos confirmarem as tendências, ou seja serem coerentes e
convergentes em seu direcional. Mais tarde ficou entendido que, qualquer
que fosse o ativo analisado, haveria mais segurança na análise da direção
dos preços se as tendências em diferentes fractais (time frames) estivessem
convergentes e validassem umas às outras.

4. Volume Convergente: Dow também afirmou categoricamente que o


volume deveria confirmar os movimentos dos preços, estivessem eles em
continuidade de movimentos ou em reversão destes movimentos. Quando
o mercado tem a expectativa de mudar a direção, haverá um aumento
expressivo no volume das negociações. Dow acreditava que volumes
menores eram apenas algum vendedor ou comprador agressivo, e que para
mudar uma tendência precisava que um bom volume confirmasse.
Enquanto não houver um volume alto confirmando a mudança de
tendência, vale a tendência anterior.

5. Tudo tem a ver com o fechamento: Dow afirmava também que todos os
estudos e análises deveriam ser feitos baseado no fechamento dos preços e
não levando em conta os valores de máximas e mínimas dos preços. Assim
seria as médias, Linhas de Tendência e quaisquer outros estudos.

6. A tendência é vigente até que seja substituída por outra oposta: até que os
índices se confirmem, considera-se que a tendência antiga segue em vigor,
apesar dos sinais aparentes de mudança. Ou seja, uma tendência será válida
até que realmente haja a reversão desta. Pode parecer algo óbvio, mas é
absolutamente profundo e importante e você verá mais adiante, neste
treinamento, que entender esse princípio pode trazer resultados muito
interessantes, uma vez que este princípio procura evitar a prematura troca
de posição (comprada ou vendida).

49
Atenção!

Vale lembra que Dow nunca se propôs a prever as tendências do mercado com
sua teoria. Ao invés disso, seu objetivo é capturar somente uma grande
proporção dos movimentos realmente importantes do mercado, identificando
as tendências com as devidas confirmações.

Ralph Nelson Elliott foi um contador e autor americano, cujo estudo de dados
do mercado de ações o levou a desenvolver o Princípio da Onda, uma forma de
análise técnica que identifica tendências nos mercados financeiros. Ele propôs que
os preços de mercado se desdobrassem em padrões específicos, que os
praticantes hoje chamam de ondas de Elliott.
No início da década de 1930, Elliott começou seu estudo sistemático de 75 anos
de dados do mercado de ações, incluindo gráficos de índices com incrementos
que variam de anual a meia hora. Em agosto de 1938, ele detalhou os resultados
de seus estudos publicando seu terceiro livro (escrito em colaboração com Charles
J. Collins), intitulado The Wave Principle. Elliott afirmou que, embora os preços do
mercado de ações possam parecer aleatórios e imprevisíveis, eles na verdade
seguem leis naturais previsíveis e podem ser medidos e previstos usando números
de Fibonacci. Logo após a publicação de The Wave Principle, a revista Financial
World contratou Elliott para escrever doze artigos (com o mesmo título de seu
livro) descrevendo seu novo método de previsão de mercado.
No início dos anos 1940, Elliott expandiu sua teoria para se aplicar a todos os
comportamentos humanos coletivos. Seu último trabalho importante foi o mais
abrangente: Nature's Law: The Secret of the Universe, publicado em junho de 1946,
dois anos antes de sua morte. Elliott afirmou que “porque o homem está sujeito a
procedimentos rítmicos, os cálculos relacionados com suas atividades podem ser
projetados em um futuro distante com uma justificativa e uma certeza até então
inatingíveis”.
Nos anos após a morte de Elliott, outros profissionais (incluindo Charles Collins,
Hamilton Bolton, Richard Russell e AJ Frost) continuaram a usar o princípio da
onda e fornecer previsões aos investidores. Frost e Robert Prechter escreveram

50
Elliott Wave Principle, publicado em 1978 (Prechter conheceu os trabalhos de
Elliott enquanto trabalhava como técnico de mercado na Merrill Lynch; sua
proeminência como previsor durante o mercado em alta da década de 1980
ajudou a trazer ao princípio de onda de Elliott sua maior exposição àquela época).
O princípio da onda de Elliott é uma forma de análise técnica que os traders
financeiros usam para analisar os ciclos do mercado financeiro e prever tendências
de mercado, identificando extremos na psicologia do investidor, altos e baixos nos
preços e outros fatores coletivos.
O princípio de Elliott Wave postula que a psicologia do investidor coletivo, ou
comportamento de massa (rebanho), se move entre o otimismo e o pessimismo em
sequências naturais. Essas oscilações de humor criam padrões evidenciados nos
movimentos de preços dos mercados em todos os graus de tendência ou escala de tempo.
No modelo de Elliott, os preços de mercado alternam entre uma fase impulsiva
ou motivadora e uma fase corretiva em todas as escalas de tempo de tendência,
como mostra a ilustração. Os impulsos são sempre subdivididos em um conjunto
de 5 ondas de grau inferior, alternando novamente entre o motivo e o caráter
corretivo, de modo que as ondas 1, 3 e 5 são impulsos e as ondas 2 e 4 são retraços
menores das ondas 1 e 3.
Ondas corretivas subdividir em 3 ondas de menor grau começando com um
impulso de contra tendência de cinco ondas, um retrace e outro impulso. Em um
mercado baixista, a tendência dominante é de queda, então o padrão é inverso –
cinco ondas para baixo e três para cima. As ondas motrizes sempre se movem com
a tendência, enquanto as ondas corretivas se movem contra ela.

51
Os padrões se ligam para formar estruturas de cinco e três ondas, que são a
base de estruturas de ondas auto similares de tamanho crescente ou grau mais
alto. Observe o mais baixo dos três ciclos idealizados.
Na primeira pequena sequência de cinco ondas, as ondas 1, 3 e 5 são o motivo,
enquanto as ondas 2 e 4 são corretivas. Isso sinaliza que o movimento da onda um
grau acima é para cima. Também sinaliza o início da primeira pequena sequência
corretiva de três ondas.
Depois das cinco ondas iniciais para cima e três ondas para baixo, a sequência
começa novamente e a geometria fractal auto similar começa a se desdobrar de acordo
com a estrutura de cinco e três ondas que está subjacente um grau acima. O padrão de
motivo concluído inclui 89 ondas, seguido por um padrão corretivo completo de 55
ondas. Cada grau de um padrão em um mercado financeiro tem um nome.
Os praticantes usam símbolos para cada onda para indicar função e grau –
números para ondas motrizes, letras para ondas corretivas (mostradas na mais alta
das três séries idealizadas de estruturas ou graus de onda). Os graus são relativos;
eles são definidos pela forma, não por tamanho absoluto ou duração. Ondas do
mesmo grau podem ter tamanhos e/ou durações muito diferentes.
A classificação de uma onda em qualquer grau específico pode variar, embora
os praticantes geralmente concordem com a ordem padrão dos graus como
Grande Superciclo, superciclo, Ciclo, Primário, Intermediário, Menor, Minuto,
Minuette e Subminuette, todos sob influência do contexto fractal analisado.
Os analistas das ondas de Elliott sustentam que cada onda individual tem sua
própria assinatura ou característica, que normalmente reflete a psicologia do
momento. Compreender essas personalidades é a chave para a aplicação do
Princípio da Onda; eles são definidos a seguir. (As definições pressupõem um
mercado em alta de ações; as características se aplicam ao contrário nos mercados
em baixa).

52
Padrão de cinco ondas (tendência dominante)
Onda 1: A onda um é raramente óbvia no seu começo. Quando a primeira onda
de um novo mercado de alta começa, quase todas as notícias fundamentalistas
são negativas. A tendência anterior é considerada fortemente em vigor. Os
analistas fundamentais continuam revisando para baixo suas estimativas de
lucros; a economia, provavelmente, não parece forte. Pesquisas de opinião são
decididamente de baixa, as opções de venda estão em voga e a volatilidade
implícita no mercado de ações é alta. O volume pode aumentar um pouco nas
subidas de preço, mas não o suficiente para alertar muitos analistas técnicos.
Onda 2: A onda dois corrige a onda um, mas nunca pode se estender além do
ponto inicial da onda um. Normalmente, as notícias ainda são ruins. À medida
que os preços testam novamente o mínimo anterior, o sentimento de baixa
cresce rapidamente, e a “multidão” se lembra com orgulho de tudo que o
mercado em baixa ainda está profundamente abrigado. Ainda assim, alguns
sinais positivos aparecem para quem está procurando: o volume deve ser menor
durante a onda dois do que durante a onda um, os preços geralmente não
recuam mais de 61,8% dos ganhos da onda um e os preços devem cair um
padrão de três ondas
Onda 3: a onda três é geralmente a maior e mais poderosa onda de uma
tendência (embora algumas pesquisas sugiram que, nos mercados de
commodities, a onda cinco é a maior). A notícia agora é positiva e analistas
fundamentais começam a aumentar as estimativas de lucro. Os preços sobem
rapidamente, as correções são de curta duração e pouco profundas. Qualquer
pessoa que queira “recuar” provavelmente sentirá falta do barco. Quando a
terceira onda começa, as notícias provavelmente ainda estão em baixa, e a
maioria dos participantes do mercado permanece negativa; mas pelo ponto
médio da onda três, “a multidão” frequentemente se junta à nova tendência de
alta. A onda três geralmente estende a onda um em uma proporção de 1,618:1.
Onda 4: A onda quatro é claramente corretiva. Os preços podem desviar-se para
os lados por um período prolongado, e a onda quatro geralmente recua menos

53
de 38,2% da onda três. O volume está bem abaixo do da onda três. Este é um
bom lugar para comprar um retorno, se você entender o potencial à frente da
onda 5. Ainda assim, as quartas ondas são muitas vezes frustrantes por causa de
sua falta de progresso na tendência maior.
Onda 5: A onda cinco é a etapa final na direção da tendência dominante. As
notícias são quase universalmente positivas e todos estão otimistas.
Infelizmente, é nesse momento que muitos investidores médios finalmente
compram, logo antes do topo. O volume geralmente é menor na onda cinco do
que na onda três, e muitos indicadores de momentum começam a mostrar
divergências (os preços atingem uma nova máxima, mas os indicadores não
atingem um novo pico). No final de um grande mercado em alta, os ursos podem
muito bem ser ridicularizados (lembre-se de como foram recebidas as previsões
para uma alta no mercado de ações em 2000).

Padrão de três ondas (tendência corretiva)


Onda A: Normalmente, as correções são mais difíceis de identificar do que os
movimentos de impulso. Na onda A de um mercado em baixa, as notícias
fundamentais geralmente ainda são positivas. A maioria dos analistas veem a
queda como uma correção em um mercado em alta ainda ativo. Alguns
indicadores técnicos que acompanham a onda A incluem aumento de volume,
aumento da volatilidade implícita nos mercados de opções e, possivelmente, uma
curva mais alta nos contratos em aberto nos mercados de futuros relacionados.
Onda B: Os preços revertem em alta, o que muitos veem como uma retomada
do mercado em alta, agora há muito extinto. Aqueles familiarizados com a
análise técnica clássica podem ver o pico como o ombro direito de um padrão
de inversão de cabeça e ombros. O volume durante a onda B deve ser menor do
que na onda A. Neste ponto, os fundamentos provavelmente não estão mais
melhorando, mas provavelmente ainda não se tornaram negativos
Onda C: Os preços movem-se impulsivamente mais baixos em cinco ondas. O
volume aumenta e, na terceira etapa da onda C, quase todo mundo percebe que

54
um mercado em baixa está firmemente entrincheirado. A onda C é tipicamente
pelo menos tão grande quanto a onda A e geralmente se estende até 1.618 vezes
a onda A ou além.

O modelo de mercado de Elliott depende muito da observação de gráficos de preços.


Os profissionais estudam o desenvolvimento de tendências para distinguir as ondas e
estruturas das ondas e discernir o que os preços podem fazer a seguir; portanto, a
aplicação do Princípio da Onda é uma forma de reconhecimento de padrões.
As estruturas que Elliott descreveu também atendem à definição comum de fractal
(padrões auto semelhantes que aparecem em cada grau de tendência). Os praticantes
da onda de Elliott dizem que, assim como os fractais de ocorrência natural muitas vezes
se expandem e ficam mais complexos com o tempo, o modelo mostra que a psicologia
humana coletiva se desenvolve em padrões naturais, por meio de decisões de compra
e venda refletidas nos preços de mercado: “É como se fôssemos de alguma forma
programados por matemática. Concha do mar, galáxia, floco de neve ou humano:
estamos todos presos na mesma ordem”.
Em matemática, um fractal é um subconjunto auto similar do espaço
euclidiano cuja dimensão fractal excede estritamente sua dimensão topológica.
Fractais aparecem iguais em níveis diferentes, conforme ilustrado em ampliações
sucessivas do conjunto de Mandelbrot. Fractais exibem padrões semelhantes em
escalas cada vez menores chamadas de autossimilaridade, também conhecida
como expansão de simetria ou desdobramento de simetria; se essa replicação for
exatamente a mesma em todas as escalas, como na esponja de Menger, é
chamado de auto similar afim.
A geometria fractal está dentro do ramo matemático da teoria da medida. O
consenso é que os fractais teóricos são infinitamente auto similares, iterados e
construtos matemáticos detalhados com dimensões fractais – ou seja, são padrões
idênticos em todas as escalas.
Fractais não se limitam a padrões geométricos, mas também podem descrever
processos no tempo. Padrões fractais com vários graus de autossimilaridade foram
renderizados ou estudados em imagens, estruturas e sons e encontrados na

55
natureza, tecnologia, arte, arquitetura e direito. Fractais são de particular
relevância no campo da teoria do caos, uma vez que os gráficos da maioria dos
processos caóticos são fractais. Um bom exemplo de modelo fractal é um antigo
brinquedo chamado de matryoshka, ou boneca russa. Que eram bonecas
menores dentro de bonecas maiores, sucessivamente.
O Fractal, nas análises técnicas, podem ser entendidos de 2 modos: a) por
diferentes tempos gráficos; ou b) por tamanhos diferentes de movimentos dentro
de outros movimentos. Simples assim!

Figs. 9 e 10: À esquerda, couve-flor e brócolis (imagem fractal). À direita,


átomo ou galáxia? (imagem fractal).

Além da Teoria Fractal Elliott também fundamental a maior parte de sua teoria
nas projeções de Phi, ou sequência de Fibonacci, como ficou mais conhecida.
Elliott concluiu que “a série de soma de Fibonacci é a base do princípio da onda”.

Atenção!

A teoria de Phi será tratada separadamente, na sequência deste capítulo. Essa


teoria será usada neste treinamento para outra abordagem operacional.

Números da sequência de Fibonacci surgem repetidamente nas estruturas de


ondas de Elliott, incluindo ondas motrizes (1, 3, 5), um único ciclo completo (8
ondas) e os padrões completos (89 ondas) e corretivos (55 ondas). Elliott
desenvolveu seu modelo de mercado antes de perceber que ele reflete a

56
sequência de Fibonacci. “Quando descobri a ação do Princípio da Onda nas
tendências de mercado, nunca tinha ouvido falar da Série Fibonacci ou do
Diagrama Pitagórico”.
A sequência de Fibonacci também está intimamente ligada à proporção de ouro
(1,618). Os praticantes normalmente usam esse índice e os índices relacionados para
estabelecer níveis de suporte e resistência para ondas de mercado, ou seja, os pontos
de preço que ajudam a definir os parâmetros de uma tendência.
Apesar de tudo que foi descrito até agora parecer complicado e assustador,
podemos provar para você que pode ser mais simples do que você imagina. E, após
ter conhecimento desta explicação que daremos abaixo, você conseguirá resumir
toda a teoria de Dow e Elliott em 5 pontos principais. Note agora como, sabendo
profundamente os conceitos e como operacionalizá-los, as coisas podem se tornar
absurdamente lógicas e simples. Então, vamos ao que interessa:

1. O mercado se movimenta em ondas que formam tendências de preços e tem


sua importância medida de acordo com o fractal analisado;

2. Existem, portanto, movimentos dentro de movimentos, dentro de


movimentos, dentro de movimentos... o que seria a mesma coisa de dizer que
existem tendências, dentro de tendências, dentro de tendências, dentro de
tendências...

3. As ondas se mantêm válidas até que os movimentos do mercado mudem de


direção e criem novas ondas, em diferentes fractais;

4. As ondas posteriores têm que respeitar os limites das ondas anteriores. Caso
isso não ocorra existe a invalidação de movimentos anteriores e uma
necessidade de reanalisar os movimentos e ondas válidas;

5. A onda 3 não precisa ser o maior entre as 5, mas não pode ser a mais curta
entre elas.

57
Importante!

Em muitos casos, a correção da onda 4 costuma ser disforme e pode ocorrer de


não ter o formato de uma correção, mas sim ter o formato de uma consolidação
(mais ou menos longa). Isso é algo que devemos estar atentos e deve ser
percebido para que tenhamos ainda mais eficiente na contagem e
determinação das ondas válidas. Como no exemplo da imagem a seguir:

A seguir você verá ilustrações para cada um dos tópicos que pontuamos agora.

1)

58
2)

3)

59
4)

5)

Exercício Proposto #9:

a) Identifique, em um gráfico, os movimentos da teoria de


Elliot.
b) Tente identificar tendências primárias, secundárias e
terciárias, de acordo com o fractal (inclusive mudando o
tempo gráfico).

60
11. Wyckoff
Teoria e história: Richard Demille Wyckoff (1873-1934)
foi uma autoridade de reconhecimento mundial no
mercado financeiro, fundador e editor da Wall Street
Magazine (uma das revista mais famosos sobre mercado
financeiro de todos os tempos; chegou a ter 100 mil
assinantes em 1910), editor da revista Stock Market
Technique e considerado, ao lado de Elliott, Dow, Gann e
Merrill como um dos titãs da análise técnica.
Wyckoff ganhou tanto dinheiro utilizando sua metodologia, que chegou a
comprar uma propriedade 2,5 hectares com uma mansão ao lado do fundador da
General Motors, Alfred Sloan, nos subúrbios de Nova Iorque. Algo considerado
único para os padrões da época.

Fig. 11: Propriedade de Richard D. Wyckoff em Long Island,


vizinho de Alfred P. Sloan e dos Sinclairs

À medida que se tornava um dos homens mais ricos do mundo, para a época,
Wyckoff também se tornou um filantropo e altruísta sobre as verdades de Wall
Street. Ele voltou sua total atenção a sua principal paixão e vocação: educar e ensinar.
Com essa proposta de ensinar expor para todos as verdades dos bastidores do

61
mercado financeiro, Wyckoff lançou Batedores de carteiras e como se livrar deles
(tradução livre), em 1922. Isso mexeu muito com o orgulho dos grandes barões do
mercado e Wyckoff teria, com isso, cavado sua própria sepultura.
Na sua insaciável busca como estudioso, educador e trader, especialmente nos
mercados de ação e commodities, Wyckoff queria a todo custo entender qual era a
lógica por trás dos movimentos do mercado. Através de conversas, entrevistas e
muita pesquisa com os traders mais famosos e bem-sucedidos da época, ele
fundamental e estruturou sua metodologia, que mais tarde viria a ser sabotada,
esquecida na história e escondida do público a todo custo.
Durante sua vida de estudos, Wyckoff teve grandes mestres. Ele foi o único na
história que trabalhou diretamente com Jesse Livermore, E. H. Harriman, James R.
Keene, Otto Kahn e J. P. Morgan, nomes que estão entre os maiores operadores de
mercado de todos os tempos.
As pesquisas de Wyckoff resultaram no levantamento de características comuns
entre os grandes investidores que eram realmente vencedores no mercado. Ele
analisou detalhadamente as operações e padrões desses operadores e achou um
ponto perfeito onde o risco retorno das operações era otimizado. Com base nisso,
também criou padrões específicos de posicionamento dos stop-losses, regras de
gerenciamento de risco e técnicas detalhadas de rastreamento do perfil de mercado
(tendência, consolidação ou reversão). A metodologia de Wyckoff foi construída
sobre a razão de “por que” e “como” o interesse dos players profissionais atuavam e
influenciavam na formação e movimentação dos preços. Neste ponto vem uma das
grandes definições que marcaram a história e o nome de Richard Wyckoff: a
definição de O Homem Composto (The Composite Operator). Algumas vezes,
Wyckoff também se referia ao “homem composto” como o Smart Money.
Na ideia de Richard Wyckoff, o Homem Composto era a noção de que aqueles que
realmente tinham a capacidade de fazer os preços de deslocarem para onde
quisessem e/ou precisassem eram poucos, mas sempre usavam a mesma lógica de
atuação, porque sabiam de verdade as regras do jogo e o jogo por detrás do jogo
(palavras do próprio Wyckoff em suas literaturas). Ele acreditava, portanto, que um
bom operador de mercado deveria ser capaz de considerar toda a história contada

62
pelo preço e pelo volume como sendo a expressão, vontade, ou intenção de uma
única mente. Uma vez que pensássemos igual ao Smart Money, seríamos capazes
de atuar em harmonia com esse “homem composto”.

“[...] todos os movimentos do mercado, em quaisquer ativos, deveriam ser


analisados como se fossem o resultado da atuação de um único grande
operador. Vamos chamá-lo de O Homem Composto. Esse homem composto,
em teoria, está nos bastidores do mercado e manipula a tudo à sua própria
vontade contra aqueles que não entendem essa lógica e não sabem o jogo que
estão jogando; e para ter enormes lucros, uma vez que entendem como
manipular as regras.”
Richard D. Wyckoff em Stock Market Science and Technique, seção 9, p.1-2.

No fim, tudo que Wyckoff tentou foi expor essa lógica aos traders de varejo para
que estes aprendessem como jogar o mesmo jogo que o homem composto. Esse
era o desejo de Wyckoff como educador. De fato, ele dizia que não importava se o
mercado como eram os movimentos do mercado, estes sempre seriam o resultado
final do interesse, da atuação e da manipulação do Smart Money sobre a lei de Oferta
e Demanda nos mercados (falaremos dessa lei mais adiante). Ou seja, nada no
mercado era aleatório, ou acidental, absolutamente nada. Nestes termos, o mercado
não tem nada de eficiente, como se costuma dizer por aí.
Wyckoff foi quem primeiro entendeu que a preparação para um importante
movimento no mercado levava um tempo considerável. Um grande player
institucional não consegue se posicionar no mercado de uma vez só, por uma
questão muito simples: liquidez! Falaremos disso em detalhes mais adiante, ainda
nesse capítulo.

“Richard Wyckoff foi o pioneiro a estudar, compreender e tentar ensinar a lógica


que era usada pelos grandes players nos bastidores do mercado, mas mantida
escondida propositalmente da maioria. Ninguém, até os dias atuais, conseguiu
descrever esse espetáculo com mais autoridade e propriedade do que Sr.
Wyckoff. Que partiu de um office boy em corretoras de Wall Street e se tornou
uma das maiores mentes do mercado financeiro de todos os tempos, fazendo
sucesso e fortuna.”

63
Warren Buffett, oráculo de Omaha.

Para sua própria tristeza, quando Wyckoff começou a revelar suas descobertas ao
público comum, os grandes players, Bancos, fundos, o Smart Money, começou a
sabotar Wyckoff. A pressão foi tanta que sua revista foi a falência e seu material de
pesquisa, livros e artigos foram quase todos retirados de circulação e Richard Demille
Wyckoff, apesar de ter sido talvez o maior nome do mercado financeiro de todos os
tempos, por conta de suas descobertas, morreu quase desconhecido do grande
público. Ainda hoje, mesmo com alguns pesquisadores terem recuperado grande
parte da obra de Wyckoff, seu material ainda é muito desconhecido e caro, o que
restringe o acesso do grande público.
O Wyckoff Stock Market Institute, instituto educacional criado pelo próprio
Wyckoff e mantido até os dias de hoje nos Estados Unidos, tenta disseminar essa
informação e manter viva a memória e o nome daquele que criou a mais eficiente
método de análise técnica de mercado de todos os tempos, Richard Wyckoff. Ainda
assim, o instituto ainda luta contra a rejeição e a sabotagem feitas pelo Smart Money
contra a metodologia de Wyckoff, mesmo atualmente.
Adiante, trataremos das leis determinadas por Wyckoff, sobre as quais sua teoria
foi desenvolvida. Também falaremos mais profundamente sobre a lógica descoberta
por Wyckoff, que anos mais tarde foi apelidada de Metagame (uma referência à
teoria dos Jogos de Nash). E, por fim, aprenderemos sobre as famosas estruturas de
Wyckoff, suas definições e todo o seu operacional.

Exercício Proposto #10:

a) Busque informações das técnicas utilizadas pelos outros


dois titãs do mercado, cujo material não trataremos neste
treinamento (Merrill e Gann).

64
12. As 3 leis de mercado

12.1 Oferta vs. Demanda

Em Economia, Lei da Oferta e Procura é um modelo de determinação de preços


num mercado. Num mercado em concorrência perfeita, os agentes econômicos
tomam decisões que variam o preço até que este seja tal que a quantidade
procurada seja igual à quantidade oferecida, resultando daí um equilíbrio econômico
em que não há incentivos para a alteração de quantidades ou preços.
Nos períodos em que a oferta de um bem ou serviço excede a procura (ou demanda),
seu preço tende a cair. Já em períodos nos quais a procura (ou demanda) passa a superar
a oferta, a tendência é o aumento do preço. Ou seja, se a oferta é maior que a procura,
os preços diminuem; se a procura é maior que a oferta, os preços aumentam.
A estabilização da relação entre a oferta e a procura leva, em primeira análise, a
uma estabilização do preço. Uma possível concorrência, por exemplo, pode
desequilibrar essas relações, provocando alterações de preço. A Lei da Oferta e da
Procura busca estabilizar a oferta e procura de um determinado bem ou serviço.
Oferta é a quantidade do produto disponível em mercado, enquanto procura é o
interesse existente em relação ao mesmo.
A oferta depende do preço, da quantidade, da tecnologia utilizada na fabricação
entre outras coisas relacionadas aos produtos e serviços. A procura é influenciada
pela preferência do consumidor final, a compatibilidade entre preço e qualidade e a
facilidade de compra do produto. Ao contrário do que pode parecer a princípio, o
comportamento da sociedade não é influenciado apenas pelos preços. O preço de
um produto pode ser um estímulo positivo ou negativo para que os consumidores
adquiram os serviços que necessitam, mas não é o único.
Existem outros elementos a serem considerados nesta equação, entre eles:
• Os desejos e necessidades das pessoas;
• O poder de compra;
• A disponibilidade dos serviços (concorrência);

65
• Existência de produtos complementares ou substitutos;

• A capacidade das empresas de produzirem determinadas mercadorias com o


nível tecnológico desejado.

Da mesma forma que a oferta exerce uma influência sobre a procura dos
consumidores, a frequência com que as pessoas buscam determinados produtos
também pode aumentar e diminuir os preços dos bens e serviços.

A demanda demonstra a quantidade que os possíveis compradores estariam


dispostos a comprar para cada preço unitário do bem. A lei da demanda diz que,
regra geral, o preço e a quantidade demandada num determinado mercado estão
inversamente relacionados. Por outras palavras, quanto mais alto for o preço de um
produto, menos pessoas estarão dispostas ou poderão comprá-lo. Quando o preço
de um bem sobe, o poder de compra geral diminui (efeito renda) e os consumidores
mudam para bens mais baratos, ou limitam o consumo.
Oferta é a relação entre o preço de um bem e a quantidade que os fornecedores
colocam à venda para cada preço desse bem. A oferta é tipicamente representada
como uma relação diretamente proporcional entre preço e quantidade. Por outras
palavras, quanto maior for o preço pelo qual uma mercadoria pode ser vendida, mais
produtores estarão dispostos a fornecê-la. O preço alto incentiva a produção. Em
oposição, para um preço abaixo do equilíbrio, há uma falta de bens ofertados em

66
comparação com a quantidade demandada pelo mercado. Isso faz com que o preço
suba. O modelo de oferta e demanda prevê que, para curvas de oferta e demanda
dadas, o preço e quantidade irão se estabilizar no preço em que a quantidade
ofertada é igual à quantidade demandada. Esse ponto é a intersecção das duas
curvas no gráfico acima, o equilíbrio do mercado.
A oferta e demanda são usadas para explicar o comportamento dos mercados de
concorrência perfeita, mas sua utilidade como modelo de referência é extensível a
qualquer outro tipo de mercado. A oferta e demanda também pode ser generalizada
para explicar a economia como um todo.
Vamos a um exemplo prático, para encerrar esta lei e compreendê-la por inteiro.
Imagine que você mora em uma pequena cidade do interior e fabrica um bolo que
é uma antiga receita de família. Nesta cidade apenas você fabrica esse bolo. Porém,
toda a cidade sempre quer comprar esse bolo de você a qualquer custo e você
sempre tem mais pedidos do que consegue fabricar. Ou seja, a procura, a Demanda,
por seu produto é muito superior à Oferta (quantidade máxima que você consegue
produzir). Sendo assim, você há de concordar que pode vender o bolo a um preço
mais alto, obtendo mais lucro nas vendas, haja vista que a procura pelo seu produto
é alta e a oferta é baixa.
Mas imaginemos agora que o seu irmão, que também conhece essa receita
secreta, também comece a fabricar o mesmo bolo para revender e fabrique a mesma
quantidade que você fabrica atualmente. Desta vez teremos um aumento
considerável na produção e, portanto, na Oferta, mas as pessoas da cidade que
consomem o produto não aumentaram, logo a Demanda pelo produto continua
igual. Quando você tentar vender seu produto as pessoas vão começar a questionar
o preço alto, uma vez que, agora, tem mais alguém no mercado que está vendendo
o mesmo produto por um preço inferior, um preço mais justo. Neste cenário, onde a
Oferta está aumentada e a Demanda diminuída, os preços também tendem a
diminuir e se ajustarem a novos níveis, mais baixos.
Portanto, essa é a mais básica, porém mais poderosa lei de mercado. São as
pressões de Oferta e Demanda que provocam o deslocamento dos preços. E no
mercado financeiro também acontece desta forma. Mais adiante veremos como a

67
busca por liquidez também atua em conjunto com essas forças para provocar o
movimento e a formação dos preços.
Atenção!

Voltaremos a tratar da Lei de Oferta e Demanda quando estivermos falando


sobre o VSA. Lá, você verá a Lei de Oferta e Demanda atuando diretamente na
movimentação e formação dos preços, para criar os gráficos os padrões de
movimentação dos preços que analisamos.

12.2 Esforço vs. Resultado

Essa lei causa um pouco de desentendimento porque, à primeira vista, muitos


tendem a crer que ela tem a ver com a Teoria de Pareto (ou Diagrama de Pareto). Porém,
em se tratando de mercado financeiros, Wyckoff percebeu algo que foi muito além.
Relacionando a leitura do volume como confirmação da intenção dos players e da
movimentação e formação dos preços, Wyckoff descobriu que o mercado funcionava
como uma balança. Fundamentado, então, pela Lei da Física de Ação e Reação, ele
constatou que um esforço “deveria” produzir um resultado de tamanho coerente, ou
que um resultado “deveria” ser proporcional ao esforço empreendido. Logo,
teoricamente, um esforço maior deveria causar um movimento maior e de mais longa
duração, enquanto um esforço mais leve seria refletido em um movimento menor e de
mais curta duração.
Indo mais fundo nessa questão, Wyckoff, então, notou que quando essa
balança se desequilibrava, ou seja, quando o resultado não estava coerente, ou
simétrico, ou proporcional ao esforço, isso deixaria um rastro de uma intenção
secreta do Smart Money. Ou seja, quando havia um resultado expressivo demais,
porém originado por um esforço pequeno, aquilo não era aleatório e trazia uma
informação escondida da intenção dos grandes players (ou da falta de intenção
deles em negociar o mercado). Do mesmo modo quando havia um esforço muito
significativo, mas produzindo um efeito quase insignificante. Isso também era um
sinal da intenção do Smart Money. São estas desarmonias que mais chamavam a

68
atenção de Wyckoff em relação à intenção dos grandes players, especialmente
em momentos em que se intentava mudar a direção dos preços.
A maneira de medir o Esforço versus Resultado é, portanto, analisando em
conjunto a quantidade de volume em relação a movimentação provocada nos
preços. O Esforço, portanto, seria o volume, validando a movimentação dos preços,
o que seria o resultado. O objetivo final seria avaliar estas harmonias e
desarmonias na formação e movimentação dos preços.
Sabendo dessa informação agora, você consegue compreender por que os
grandes nomes da análise técnica acreditavam ser impossível analisar apenas os
gráficos, sem usar o volume como validação dos movimentos dos preços.
Mantenha esse conceito em mente que mais adiante iremos contextualizar
diretamente na formação dos preços e na formação dos movimentos do mercado.
Assim, ficará absolutamente simples identificar estas reações quando você
percebê-las acontecendo no mercado.

12.3 Causa e efeito

Com base nas descobertas de como as leis anteriores influenciavam a


movimentação e formação dos preços no mercado financeiro, e sabendo tudo que
sabia sobre o jogo nos bastidores e a intenção dos grandes players, Wyckoff se baseou
no princípio da Causalidade e chegou à conclusão que, em função do tamanho das suas
posições e porque eles precisariam de liquidez para negociar toda a sua posição, o Smart
Money tinha um comportamento específico de execuções no mercado. Um padrão de
comportamento que era repetido todas as vezes para que fosse possível obter a liquidez
necessária para negociar suas ordens. Mais que isso, esse padrão de comportamento
formava um padrão constante que também se repetia e podia ser, portanto, rastreado,
identificado e medido em função da sua eficiência estatística.
A causa é a atuação do Smart Money (grandes players) montando suas posições no
mercado. Em função destes players operarem grandes blocos de ordens, eles precisam
realizar como se fossem manobras nos preços e ativos. Essas manobras (atuação passiva
e ativa) do Smart Money são a causa do comportamento dos preços (price action).

69
É a atuação do Smart Money no mercado, manipulando as ordens em regiões de
oferta e demanda, com a finalidade de montarem suas posições no mercado, que causa
toda a movimentação dos preços e, por consequência, todos os padrões gráficos.
Logo, os padrões formados nos preços, que hoje é amplamente difundido em forma
de figuras geométricas da análise técnica (que existem as centenas, com os mais variados
nomes) são os efeitos. E os efeitos (padrões gráficos) se repetem, porque essas manobras
têm uma lógica que precisa ser respeitada em função do Smart Money conseguir a
liquidez e preços necessários para executar suas intenções no mercado. Qualquer coisa
que fuja a essa lógica estaria indo contra a própria atuação deles mesmos.
Portanto, as estruturas gráficas (padrões) nada mais são que a representação,
ou efeito, da atividade do Smart Money manipulando o mercado a seu favor, para
conseguir atuar de forma pesada, porém milimétrica na negociação dos ativos.
Mais adiante, apresentaremos essa descoberta em detalhes, a qual o Wyckoff
chamou de Estruturas de Wyckoff e como operacionalizá-las.

Exercício Proposto #11:

a) Busque imagens de diversos padrões de figuras gráficas


usadas atualmente pela análise gráfica e analise-os
cautelosamente.

70
13. As 4 fases do mercado

Wyckoff aprendeu tudo sobre a teoria de Dow e seus ensinamentos, inclusive as 3


leis de mercado citadas anteriormente e as fases de mercado, que indicavam a raiz
da manipulação dos grandes players. Ambos, Dow e Wyckoff, atribuíam ao mercado
a analogia que a movimentação dos grandes players no mercado e suas
manipulações podiam ser comparadas a campanhas militares executadas por um
grande general de um grande exército.
Foi Dow que definiu inicialmente que o mercado se movimentava em 3 fases, as
quais chamou de acumulação, participação e distribuição. Após estudar
profundamente a teoria de Dow e aperfeiçoá-la, com base em tudo que havia
percebido Wyckoff ampliou a teoria para 4 fases de mercado, sendo elas: Acumulação,
Tendência de Alta (Mark Up), Distribuição, Tendência de Baixa (Mark Down).
Os grandes players, o Smart Money, atuam de maneira mais robusta nas fases de
acumulação e distribuição, onde montam ou desmontam suas posições, e extraem
seus maiores lucros durante as fases de tendência de alta e tendência de baixa.
A fase de Acumulação é o processo no qual os grandes players institucionais e
profissionais compram, pouco a pouco, absorvendo toda a oferta existente, de maneira
mais passiva quanto possível, para que os preços não se desloquem e eles possam
comprar tudo que precisam comprar ao menor preço possível. Eles continuarão a
absorver tudo que puderem, até que a oferta desaparece totalmente, ou em sua maior
parte, diminuindo consideravelmente a resistência que os preços teriam ao tentar
subir, dando então lugar a uma fase altista de mercado. É chamada de fase de
Acumulação justamente porque os players estão montando posições compradoras e,
portanto, acumulando o máximo de ativos possíveis, antes de deixar que o mercado
suba. Normalmente ocorre em cenários de pânico extremo, onde todo o mercado
quer vender seus ativos e, por isso, há liquidez suficiente para a compra.
A fase de Distribuição é o processo no qual o Smart Money desmonta sua posição
compradora, vendendo e distribuindo seus ativos àqueles que querem comprá-los.
Podem também, em alguns casos, montar posições vendedoras, como explicamos no
módulo anterior sobre operar vendido. Do mesmo modo que a fase de acumulação,

71
na Distribuição também os players a utilizam aos poucos e modo mais passivo quanto
possível, consumindo toda a demanda que existe, até que esta não tenha mais
capacidade de sustentar a alta dos preços e estes se desloquem para baixo, caindo,
negociando em níveis inferiores.
O intervalo entre estas duas principais fases estariam as fases de tendência. Logo,
após uma Acumulação viria um Tendência de Alta e após uma Distribuição viria uma
Tendência de Baixa.
As Tendências são movimentos direcionais, de grande amplitude, que seguem por
premissa as regras das leis de Dow e Elliott em relação a sequência de eventos, como
explicamos anteriormente. Tendência de Alta é quando temos os preços negociando
a níveis superiores continuamente e Tendência de Baixa é quando temos os preços
negociando a níveis inferiores continuamente.
Os processos de Acumulação e Distribuição se dão em forma daquilo que
chamamos de Consolidação. A Consolidação é quando os preços ficam oscilando
entre uma faixa de preços (que pode variar em qualquer tamanho) sem evoluir para
um movimento direcional claro e definitivo.
Na imagem a seguir, você pode ver claramente todas estas fases, bem como os
movimentos de Tendência e Consolidação, que são as Acumulações e Distribuições.

Fig. 12: Fases do mercado

72
Neste ponto, gostaríamos de fazer uma contribuição particular a Teoria de
Wyckoff que, após todos estes anos, foi uma constatação nossa (Felipe e Bruno),
após muita observação e teste, e que pode auxiliar sobremaneira no
entendimento das fases, especialmente quando estivermos operacionalizando as
estratégias adiante neste treinamento e precisarmos identificar o perfil de
mercado para escolher a abordagem que será utilizada (operações em
consolidação, reversão, ou continuidade de tendência).
Concluímos que, ampliando a percepção sobre a Lei de Causa e Efeito, as
Tendências são, portanto, o efeito resultante das Acumulações e Distribuições,
as quais são então a causa.
Por fim, para fecharmos o entendimento das quase-fases de mercado, alguns
estudiosos de Wyckoff também sinalizaram algo que poderiam ser subfases e que
estariam no meio das Tendência. As estas pequenas estruturas de continuidade
deram o nome de Re-Acumulação e Re-Distribuição. Estes níveis seriam regiões
estratégicas e específicas onde os grandes players poderiam realizar liquidações
parciais, diminuindo suas posições, mas não encerrando totalmente, com o
intuito de testar a Oferta e Demanda de mercado, para tomarem a decisão de
continuarem posicionados e o quanto da sua posição manteriam alocado.
Abaixo, há uma representação destas subfases. É importante notar que elas
configuram o mesmo padrão das fases principais, porém são menores e também
costumam ter duas “armadilhas” (conceito que trataremos adiante nas Estruturas
de Wyckoff). É importante ressaltar que o método original não tratava dessas
subfases. Elas são contribuições de estudiosos e autores que as conceberam
posteriormente ao tratado de Wyckoff já haver sido completado. Portanto, podem
ser encontradas em algumas fontes, bem como pode não ser encontradas nos
livros dos autores mais clássicos.

73
Subfases: Re-Acumulação e Re-Distribuição

Exercício Proposto #12:

a) Identifique nos gráficos as fases do mercado de acordo


com Wyckoff, em diferentes ativos e diferentes tempos
gráficos.

74
14. Estruturas de Wyckoff

Agora que desenvolvemos quase que totalmente a teoria de Wyckoff, vamos


passar para a parte mais famosa e fundamental pela qual Wyckoff é conhecido: as
Estruturas de Wyckoff.
Algo que pouca gente desconhece é que do mesmo modo que Dow definiu as 3
fases de mercado e Wyckoff evoluiu a teoria para 4 fases, foi também outro estudioso
e autor que contribuiu para a evolução do que conhecemos hoje como a Estrutura
de Wyckoff, com suas 5 fases distintas. O Dr. Hank Pruden, Professor Doutor da Escola
de Negócios Golden Gate da Universidade de San Francisco (EUA), a maior
autoridade do mundo nas teorias de Richard Wyckoff, foi o responsável por
modernizar a teoria e criar as subdivisões do que hoje conhecemos por Estrutura de
Wyckoff. O Dr. Hank Pruden é seguidor dos ensinamentos de Robert Evans, que foi
o primeiro grande discípulo de Richard Wyckoff.
A seguir estudaremos cada uma destas fases, suas características específicas, a
relação com o volume e questões operacionais.
A Estrutura de Wyckoff se desenvolve em 5 fases distintas, mas conectadas, que
vão se formando de maneira sequencial. São elas as fases A, B, C, D e E. É fato que
nem todas as vezes o mercado de desenrola de modo tão claro e didático, mas uma
vez que você entender a lógica da formação das estruturas verá quão nítida e simples
é para verificá-las. Recomendamos, no início do seu desenvolvimento, focar apenas
nas formações didáticas e básicas, sem variações. E só mais adiante se preocupar em
entender as possíveis variações das estruturas.
Também dentro de cada uma destas fases existem pontos específicos que
representam comportamentos específicos na movimentação e formação de preços,
com algumas variações a depender se estamos nos referindo a uma Acumulação, ou
uma Distribuição.
No caso de uma Acumulação, na fase A encontramos o Preliminary Support (PS),
Selling Climax (SC), Automatic Rally (AR) e Secondary Test (ST). Na fase B teremos
outro Secondary Test (ST); nesta fase é comum que tenhamos vários ST. Na fase C

75
veremos um Spring e outro Secondary Test (ST). Na fase D teremos um ou vários Last
Point of Support (LPS), o Sign of Strength (SOS) e o Jump Across the Creek (JAC) com
um Back Up (BU). Por fim, na fase E poderemos ter um último Back Up (BU), que
também é chamado PullBack e a partir daí o mercado parte para um spike formando
o Mark Up, ou Tendência de Alta.

Na Distribuição, em sua fase A teremos o Preliminary Supply (PSy), o Buying


Climax (BC), um Automatic Reaction (AR) e um Secondary Test (ST). Na Fase B
podemos ter um ou vários Sign of Weakness (SOW) e um outro, ou vários Secondary
Test (ST). Também pode ser que haja ainda na fase B um UpThrust (UT). Na fase C,
em alguns casos, poderemos perceber um UpThrust After Distribution (UTAD) e
outro Secondary Test (ST). Na fase D o mercado avançará para o Last Point os Supply
(LPSy) LPSy que pode haver um ou vários, depois teremos um Sign of Weakness
(SOW), junto com um Break the Ice (BTI) e um Back Up (BU). Por fim o mercado
irrompe para a fase E onde poderemos ter mais um Back Up (BU), também chamado
de Pullback, para dar forma a um spike de baixa, um Mark Down, ou Tendência de
Baixa.

76
Você foi capaz de notar que a sequência de eventos das duas estruturas respeita
a mesma lógica e a mesma disposição. Isso ocorre, como já explicamos, por que os
grandes players só têm um modo eficiente para se movimentarem para gerarem a
liquidez necessária para negociarem as posições gigantescas que tem. Do contrário,
sua capacidade de negociação ficaria comprometida. Sabendo disso, vamos detalhar
cada fase de modo geral, sabendo que são geradas pelos mesmos termos, mudando
apenas de direção. Você acompanhará as explicações a seguir, validando com as
imagens acima, referentes as estruturas e suas fases. Você verá que, uma vez que
entender a lógica, tudo fará um sentido absurdo e você começará a identificar
facilmente estas estruturas nos preços.
A Fase A é aquela que vem de uma Tendência forte (alta ou baixa). Nesta primeira
fase a Oferta (tendência de baixa), ou Demanda (tendência de alta) têm o controle.
Na tendência de baixa, chegará um momento em que o preço estará
suficientemente baixo a ponto de atrair o Smart Money, que começará a comprar,
pouco a pouco, dando início a um processo de acumulação e manutenção dos
preços em níveis mais estáveis, com o intuito de conseguir absorver tudo que
precisam sem que os preços variem muito. Na tendência de alta ocorre também que
os preços começam a ficar altos o bastante fazendo com que os grandes players

77
tenham interesse de realizar o lucro das suas posições e começando a vender
mercado, dando início a um processo de distribuição.
Dentro da Fase A, o indício mais claro que a demanda (tendência de baixa), ou
a Oferta (Tendência de Alta), estão se posicionando com intenção definitiva e
decisiva é o que Wyckoff chamou de Volume de Parada, que normalmente
veremos acontecer nos eventos Clímax (Buying Clímax ou Selling Clímax). Esse é
um dos padrões mais significativos para nos ajudar a detectar a ação do Smart
Money. É normalmente um movimento forte, mas que é abruptamente
interrompido e tem uma entrada de volume fora do normal, demonstrando que
os grandes players entraram no jogo (comprando-SC, ou vendendo-BC) de
maneira muita intensa; o que significa que estão absorvendo os negócios. Podem
ser sinalizados por um só candle ou por uma sequência deles formando nova
mínima (SC) ou formando nova máxima (BC).
De qualquer modo, a característica primordial é o aumento de volume fora do
normal, indicando absorção significativa por parte dos grandes players. Todo esse
comportamento assusta o mercado e provoca uma sensação de que o
movimento vai continuar ainda mais forte, gerando liquidez para a posição
contrária necessária do Smart Money. Após esse evento, e em função da forte
absorção provocada pelo Smart Money, os preços tendem a corrigir mais forte
resultando na formação de um AR (Automatic Rally, no caso de uma Acumulação,
ou um Automatic Reaction, no caso de uma Distribuição). Estes dois pontos
determinarão o range principal que dará forma a Estrutura de Wyckoff. Por fim,
temos o primeiro Secondary Test (ST), muito relevante aliás porque é o que valida
a autenticidade dos movimentos de parada (SC e BC). É a confirmação da
desistência ou da diminuição da pressão de Oferta ou Demanda, em seus
respectivos cenários, que vinham conduzindo os preços até então.
A Fase B começa quando os preços começam a oscilarem dentro do range
estabelecido anteriormente entre o SC/BC e o AR. É um momento crítico porque
a pressão entre Oferta e Demanda tende a se equilibrar, dominada e controlada
pelos grandes players, para manter os preços o mais estáveis quanto possível, para
que o Smart Money possa acumular, ou distribuir o máximo possível da sua

78
posição sem que os preços mudem (muito) de nível de preço. É normal que haja
uma diminuição do volume. É um forte indicador que os grandes players estão
realmente controlando a situação quando os preços trabalham bem definidos
dentro do range, principalmente respeitando o extremo controlado pelo Smart
Money, por exemplo no caso de uma Acumulação os players impedirão os preços
de caírem e no caso de uma Distribuição eles impedirão os preços de subirem.
Chama atenção também que frequentemente, quando os preços se aproximem
da máxima ou da mínima da estrutura, há um aumento de negócios (acréscimo
de volume), forçando os preços a voltarem para dentro do range.

Importante!

Como você pode notar, estamos analisando o volume sempre em termos gerais
e relativos, em função do seu contexto mais recente e sobre o movimento dos
preços. Esta é a forma correta de analisarmos o volume dentro da teoria de
Wyckoff para a formação das estruturas, nunca de maneira pontual em um
candle apenas (salvo raras exceções em que este candle único figure como
formador definitivo e claro para o movimento). O que nos interessa é o aumento
ou a diminuição relativa do volume na formação dos movimentos (máximas,
mínimas, defesas e rompimentos).

Na Fase C, os preços ainda se encontram presos dentro do range que forma a


estrutura. Wyckoff chegou a mencionar algumas vezes que quanto mais tempo
durasse essa lateralização (consolidação) dos preços, mas potencial de
movimento teria quando os preços tomassem um direcional; é como se numa
visão da física os preços estivessem concentrando energia e assim que
explodissem quanto mais energia concentrada, maior o potencial do movimento
(Lei de Causa e Efeito; momentum e amplitude). Mas antes que isso aconteça, os
grandes players precisam testar o fim das forças de oferta ou demanda e se elas
se exauriram por completo (testar a Oferta no caso de Distribuição e testar a
Demanda no caso de uma Acumulação).

79
Na verdade, o intuito disto é “limpar” o resto de Oferta e Demanda que há,
como movimento final antes dos preços tomarem uma nova direção. Para estes
testes, os grandes players criam as chamadas “armadilhas”, detectando aquilo
que talvez tenha sido uma das maiores descobertas de Wyckoff para determinar
uma possível direção futura dos preços. Nesse ponto ocorrem as famosas Bull
Traps (armadilhas para touros; de Alta), ou as Bear Traps (armadilhas para ursos;
de Baixa). Wyckoff apelidou essas armadilhas como Spring no caso de uma
Acumulação e UpThrust no caso de uma Distribuição.
No primeiro caso, os players têm a intenção de testar se ainda há oferta no
mercado, por isso forçam os preços para baixo da estrutura, blefando contra o
mercado como se o mercado fosse continuar caindo. Isso provoca duas situações:
aqueles últimos que ainda tinham algo para vender são consumidos e absorvidos
pelas compras do Smart Money; e, se por qualquer motivo, o Smart Money
detectar ainda alguma pressão considerável de Oferta (venda) no mercado, os
grandes players param de absorver os preços e deixam que os preços caiam ainda
mais, reiniciando um processo de acumulação em níveis de preços mais inferiores,
o que no fim acaba sendo ainda mais interessante para os grandes players porque
eles conseguem comprar mais barato ainda.
No segundo caso, do UpThrust, a lógica é exatamente igual, porém desta vez
os grandes players estão testando a Demanda do mercado. Mas teremos o
mesmo comportamento, pelas mesmas razões. Após as armadilhas ainda
veremos um Secondary Test (ST) que será a confirmação necessária da armadilha
que foi criada anteriormente no mercado. Muitos operadores mencionam que
este é o melhor momento para abrir uma posição, alegando que agora há
informações substancialmente confiáveis nos preços, após os eventos Clímax
(volume de parada) e as armadilhas. O argumento é que seria o menor risco
possível, com o maior potencial de ganho.
O movimento de retorno das armadilhas, devolvendo os preços para dentro do
canal, normalmente apresenta algum esforço considerável (aumento de volume),
indicando a intenção dos grandes players, quanto maior for a intenção de giro de
mercado (sentimento de giro de mercado). Já o Secondary Test ideal desta fase

80
terá um decréscimo considerável de volume quando testa os limites da estrutura,
mas mostrará um acréscimo de volume nítido quando retomar a direção para
dentro da estrutura.

Importante!

Spring e UpThrust são partes cruciais para o entendimento da teoria de


Wyckoff e a formação das estruturas. Estas armadilhas, em função do seu
caráter e objetivo, em sua grande maioria são detectadas com o volume
drasticamente diminuído.
Ou seja, temos a renovação de máxima, ou mínima (UpThrust e Spring,
respectivamente), mas ao mesmo tempo temos a nítida demonstração da falta
de interesse em negociar além destas regiões. Isso nos mostra não apenas uma
divergência na formação dos preços (a renovação e o rompimento) de extremos
de movimentos, com também indica claramente um processo que definimos
como Exaustão.

Na Fase D é onde se tem a confirmação definitiva de que os grandes players


venceram a batalha e que a situação, tanto de Oferta quanto de Demanda, está
controlada e será comandada por eles. Agora, falta apenas mais uma última
barreira a ser conquistada antes dos preços tomarem um novo direcional e
explodirem para os movimentos de tendência. Essa última barreira está localizada
no extremo da estrutura (acima, no caso de uma acumulação e abaixo no caso de
uma distribuição). Começam a ocorrer os Sign of Strenght (SOS) na Acumulação,
mostrando força e impulsão no movimento e potencializando esse movimento
quanto mais são acionados stops de quem ficou “travado” nas posições anteriores.
Os preços são empurrados cada vez mais acima e tentam romper a máxima da
estrutura como primeira tentativa de evoluírem para uma tendência forte, em
função do desequilíbrio forte de Oferta e Demanda (neste caso pressão maior de
Demanda). Essa tentativa de romper a máxima do canal foi apelidada por Robert
Evans com o nome engraçado de Jump Across the Creek (JAC). Evans, que era um
aficionado por metáforas, quis comparar esse momento específico como se fosse

81
um menino que vinha percorrendo um caminho pela floresta e se deparasse com
um riacho que oferecesse um último obstáculo antes de chegar ao ponto final da
caminhada.
De acordo com Evans, este menino (os preços) teria que percorrer ao longo do
riacho até achar um ponto que oferece menor quantidade de água para
atravessar (menor resistência; oferta, neste caso). Encontrando esse ponto deverá
fazer um último esforço para “atravessar o riacho”, e assim retomar o caminho
sem nenhum esforço mais. Nesse cenário o JAC demonstra um aumento de
volume bem concreto, intencional e jogando os preços para fora da estrutura.
Por último, e como dizia categoricamente o próprio Wyckoff, nunca deveríamos
entrar no mercado nas impulsões de mercado, mas sempre sim nas correções, onde
estão os melhores momentos em relação ao custo-benefício. Portanto, se por
alguma razão o operador houvesse decidido não entrar no Spring, ou no ST do
Spring, ou em algum ponto após, o ponto mais ideal seria esperar que os preços
corrigissem o movimento de impulsão do JAC, formando um Back Up (que também
pode ser chamado de Pull Back). E mesmo a correção para o Back Up seria ideal se
corrigisse ao menos 50% do movimento impulsivo do JAC e/ou usasse o extremo da
estrutura como ponto de parada (suporte) dos preços. Durante todo o movimento
que impulsiona os preços até o JAC, dentro ainda da estrutura, os preços formam
incontáveis Last Point of Support (LPS), que são pullbacks que vão confirmando
ainda mais a pressão de Demanda e servindo como pontos de sustentação para que
os preços não retornem mais a níveis inferiores.
Usando a mesma lógica da Fase D criada na acumulação, da mesma forma ocorre
na Distribuição. Apenas as nomenclaturas que mudam, unicamente para distinguir
as estruturas em relação ao direcional que os preços intentam tomar. O que é o JAC
para a se chamar Break the Ice (BTI), o que era SOS agora entende-se como Sign of
Weakness (SOW, e demonstra fraqueza ao invés de força) e o que antes eram LPS
agora são Last Point os Supply (LPSy). Imagine-se apenas espelhando toda a
dinâmica dos preços e todo o detalhamento que fizemos anteriormente agora para
uma estrutura de Distribuição.

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A última é a Fase E, onde todos já sabem que a manipulação da oferta e demanda
feita pelos grandes players logrou êxito. A partir desse momento o mercado tomará
uma tendência definida e seguirá em movimentos de ondas, com expansões e
correções, como já explicamos, cabendo aos operadores apenas gerenciar suas
posições em relação ao risco e alavancagem (realizações parciais e realavancagens,
quando convier).
Após a Tendência atingir seu nível máximo de interesse, tudo recomeçaria, para
uma Acumulação ou para uma Distribuição e esta seria a sequência de formação e
movimentação dos preços, indefinidamente no tempo. A única forma de não se
apresentarem as estruturas de Wyckoff seria se, por algum motivo, os players
tivessem tanta urgência em negociar que decidissem por tomar o mercado sem
tempo para montar, ou desmontar suas posições. Quando isso acontece é provocado
um movimento conhecido no mercado financeiro como recuperação (ou retorno)
em V. Tanto em um movimento de alta (recuperação econômica), quanto num
movimento de queda (crises e recessões; que mais se pareceria com um V invertido).
O próprio nome já determina a forma do movimento, mas deixarei um exemplo em
imagem logo a seguir. Adiante, trataremos desse conceito de urgência.

Importante!

Um detalhe imprescindível a ser pontuado é em relação ao que o Wyckoff


chamava de Shake Out. Estes são situações extremas de aumento de
volatilidade abrupta que chacoalham o mercado bruscamente e se tornam
altamente perigosas para os operadores. Ocorrem especialmente em conjunto
com a liberação de relatórios e índices econômicos importantes, intervenções
dos bancos centrais, eventos inesperados e a abertura de alguns mercados. São
tão incomuns que tem, além de um aumento abrupto de volatilidade, também
um aumento descomunal de volume.
Wyckoff dizia que estas manobras serviam para expulsar do mercado aqueles
que haviam se posicionado corretamente, ou estimular a entrar no mercado
aqueles que ainda estavam de fora. Enfim, tudo pela liquidez necessária,

83
“varrendo os stops” como disse Wyckoff. Mas trouxemos isso para sinalizar algo
muito importante na identificação das estruturas.
Dissemos anteriormente que as armadilhas teriam a características de mostrar
baixo volume relativo. Mas em alguns casos podem ocorrer que as armadilhas
sejam realizadas por shake outs, o que inverteria ao outro extremo esse cenário.
Mas o fato é que a lógica e a intenção das armadilhas ainda permanecem as
mesmas. Portanto, podemos determinar que armadilhas não podem deixar
dúvidas. Ou terão volume relativo diminuído, ou serão shake outs de mercado.
Em ambos os casos, não deixam dúvidas.

“Os grandes players forçaram os preços a cair até o nível de preço onde estavam
os stops. Se a manobra tivesse êxito, o mercado veria seus stops saltar pelos ares
enquanto nossos clientes, a quem chamávamos de piratas, fechariam
rapidamente seus negócios, fazendo os preços subirem rapidamente para já
realizarem seus lucros. Vejam, fazíamos os preços se deslocarem de 110 até 107,
onde estavam os stops, para fazê-los retomar rapidamente a marca de 110 ou
112, fechando as operações rapidamente com 3 a 5 pontos de lucro”.
D. Wyckoff, 1931.

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É importante lembrar, assim como o próprio Wyckoff sem deixou claro, que o
mercado não é uma receita de bolo e não tem a obrigação de “desenhar”
didaticamente seus padrões 100% do tempo. Costumamos dizer que o mercado é
contextual (ou seja, depende de todo o resto de uma cadeia de eventos que estão
acontecendo naquele exato momento), não é aleatório (uma vez que é totalmente
manipulado em favor daqueles que sabem jogar o jogo; o Smart Money), não são
eficientes como se costuma acreditar por aí (haja vista que os preços não se corrigem
sozinhos, mas o fazem por duas razões claras: a) urgência para negociar; e b) busca
por liquidez) e são sistemas complexas, mas não complicados (complexo apenas
quer dizer que existem várias variáveis para analisar, mas que colocadas em um
sistema organizado não necessariamente precisam ser difíceis). Apesar destes
fatores a Teoria de Wyckoff é reconhecida inclusive por grandes bancos e fundos de
investimentos, como a mais completa e eficiente análise técnica de mercado
financeiro entre todas que já foram criadas.
Sabendo disso tudo vamos ao que, na nossa opinião, foi a maior descoberta de
Richard Wyckoff. Muito além até mesmo da criação de suas estruturas, que são
indiscutivelmente importantíssimas. A lógica que ele descobriu, usada pelo Smart
Money para se movimentar pelo mercado sem chamar a atenção. Antes de todos os
outros sequer imaginarem, Wyckoff descobriu que o mercado se move por
manipulação (interesse), urgência e em busca de liquidez.
Como dissemos a pouco anteriormente, o único contexto em que o mercado não
constrói as estruturas de Wyckoff é quando há urgência. Nesse caso os preços têm
um comportamento apelidado pelos operadores e economistas como retorno em V
(um V invertido quando se trata de uma queda em decorrência de uma crise, ou
recessão, por exemplo). A imagem anterior mostra esses exemplos de urgência
claramente. Mas veremos um exemplo que um professor que tivemos nos ensinou
e que demonstra de maneira muito didática esse cenário.
Imagine que um gestor de um fundo fez uma análise minuciosa da empresa ALFA
Petróleo e Gás S.A. e constatou que a empresa é sólida, líder de mercado, tem um
ótimo lucro e tem uma projeção de fluxo de caixa interessante para os próximos 10
anos, além de pagar ótimos proventos (entre dividendos e JSCP). Em resumo, tem

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todos os fundamentos necessários de uma excelente empresa, na qual um fundo
investiria para o longo prazo, na perspectiva da valorização patrimonial. Além do
mais, o preço das ações está justo e em um bom momento para compra.
Esse gestor, então, liga para o seu broker e, após explicar todos os fatores, juntos
estabelecem um preço de compra ótimo. O gestor quer absorver uma enorme
posição desse papel (ativo)... tão grande que seria impossível ir a mercado e comprar
tudo de uma vez. Caso o broker/operador enviasse ao mercado uma ordem de
compra dessa magnitude, provocaria um movimento tão acentuado e rápido nos
preços que nem mesmo ele conseguiria comprar tudo que gostaria antes que tudo
ficasse caro demais.
Lembre-se que é questão de Oferta e Demanda. Além disso, imagine que você
percebesse que um grande player quer comprar uma quantidade gigantesca de
algum ativo, sem maiores explicações. Você venderia seus ativos, na iminência de
que esse Smart Money e suas imensas posições fizessem o mercado se valorizar
fortemente? Não! E por fim ainda tem o fato de que o preço de aquisição precisa ser
o mais próximo do valor estabelecido pelo gestor, para que os cálculos em relação
Beta da carteira de investimentos, Hedges e outros fatores compensem uma posição
tão grande neste ativo.
Para fazer isso, o broker começa a jogar um jogo de estratégia complexo e
melindroso que requer uma habilidade e conhecimento de mercado profundos,
para conseguir a liquidez necessária para executar toda a posição do seu cliente,
mantendo os preços imóveis o maior tempo possível. Esse broker vai precisar
convencer o mercado a vender toda essa quantidade de ativos que ele quer comprar.
Num jogo de esconder e de paciência, ele terá que manipular tudo que houver no
cenário para atingir esse objetivo.
O broker pode ligar para outros brokers dizendo que há um cliente grande
interessado em vender uma grande quantidade desse papel, perguntado para esse
outro broker se há algo de estranho acontecendo, gerando o começo de pânico por
algum evento desconhecido que pode estar por vir; isso se espalharia rapidamente
no mercado e provocaria um aumento na oferta, com muitos operadores querendo
vender seus ativos.

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O gestor também poderia usar contatos com revistas e canais de comunicação
especializados para espalhar notícias e fatos distorcidos, na intenção de gerar pânico
e provocar um movimento de liquidação pesado no mercado em geral, com a venda
massiva de ativo. O operador poderia também usar parte do capital para começar a
vender agressivamente o ativo (contrariando seus próprios interesses) para provocar
uma correção forte no ativo e poder recomprá-lo em maior quantidade a níveis de
preços inferiores. Outra manobra seria o operador comprar várias pequenas posições
usando várias corretoras diferentes, ou até várias bolsas diferentes (a depender do
país), sem deixar o mercado perceber sua real intenção e nem mesmo que está por
trás das compras. Usar robôs e algoritmos de execução para fazer compras
programadas e calculadas de acordo com tempo e volume dos mercados, usar
derivativos para realizar compras sintéticas e indiretas em parte da posição e mais
uma infinidade de estratégias que deixaria o mais ardiloso dos generais espantado.
Todas essas manipulações sobre os cenários, os preços e as ordens fazem parte do
arsenal dos grandes players no mercado. Você consegue notar que neste cenário
hipotético o player não tem urgência, mas está preocupado, na verdade, com o preço
médio que sua posição terá quando terminar de comprar tudo. Este é o caso em que
as estruturas de Wyckoff (com suas fases) são formadas. São esses os rastros que os
grandes players deixam quando manipulam o mercado para montar e desmontar
suas posições. Esse foi o grande trunfo da descoberta de Richard Wyckoff.
No entanto, imagine tudo isso novamente, mas em um outro cenário onde o
gestor ligue para o seu broker/operador e diga que teve informações que a empresa
ALFA Petróleo e Gás S.A. descobriu o maior poço de petróleo do mundo e o mais
barato para extrair e vai anunciar isso em 15 dias. As ações têm o potencial de
valorização de mais de 100%.
O gestor então diz para o broker ir a mercado e comprar tudo que conseguir
comprar, não importa o preço (desde que não ultrapasse 70% do preço de
projeção final). Notou como neste caso há urgência na compra? Esse é o cenário
que citamos sobre urgência, anteriormente. Não há tempo para montagens,
posições, manobras e estratégias. Simplesmente o operador vai começar a
comprar tudo que conseguir a qualquer preço (o que chamamos de agredir o

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mercado) provocando, inevitavelmente, um deslocamento forte e rápido nos
preços (um movimento em V). Pura lei de Oferta e Demanda.
Embora, no primeiro exemplo, o Smart Money tenha usado seu conhecimento
do jogo para manipular essa lei e todas as outras. No fim, o que é preciso entender
é que o mercado é um jogo de soma zero, ou seja, para alguém comprar alguém
precisa querer vender e vice versa. O mercado, ou pelo menos aqueles que
mandam nele, precisa de liquidez e se movimenta em busca de achar a liquidez
necessária para negociar. Wyckoff aprendeu isso presencialmente quando
trabalhou para os maiores especuladores da sua época.
Todas essas manobras e estratégias para manipular o jogo e “garantir a vitória”
foram identificadas, aprendidas e documentadas por Richard Wyckoff muitos anos
antes do que qualquer outra personalidade ter nem ao menos pensado que isso seria
possível no mercado financeiro. A lógica do Smart Money, manipulando dos
bastidores (behind the scenes) como disse o próprio Wyckoff, é o que anos mais tarde
alguns autores quiseram dar o nome de Metagame (Metajogo), sem saberem que o
verdadeiro descobridor desse universo foi Richard Wyckoff, décadas antes.
O Metagame é uma teoria criada por Nigel Howard na década de 1960 como
uma reconstrução da teoria dos jogos de Nash em uma base não quantitativa, na
esperança de que fizesse assim um sentido mais prático e intuitivo. A análise do
metagame reflete sobre um problema em termos de questões de decisão e partes
interessadas que podem exercer diferentes opções para obter controle sobre
essas questões.
A análise revela quais são os cenários prováveis e quem tem o poder de
controlar o curso dos eventos. A aplicação prática da teoria do metagame é
baseada no método de análise de opções, inicialmente aplicado para estudar
problemas como a corrida armamentista estratégica e a proliferação nuclear.
Howard, em sua teoria, fala do termo game about the game (que seria algo
como o jogo por trás do jogo) e define qualquer abordagem a um jogo que
transcende ou opera fora das regras prescritas do jogo, usa fatores externos para
afetar o jogo ou vai além dos supostos limites ou ambiente definido pelo jogo.
Metagame também pode se referir a um jogo que funciona para criar ou

88
modificar as regras de um subjogo. Assim, podemos jogar um metagame
selecionando quais regras serão aplicadas durante o jogo em si.
Inicialmente usado em modelos matemáticos, passou a ser usado em jogos de
estratégias e ganhou espaço rapidamente nas mesas de poker e BlackJack onde,
depois disso, se encaixou perfeitamente no mercado financeiro e vem sendo
usado desde então para explicar certas manobras e estratégias usadas por
grandes players institucionais para conseguirem realizar tudo aquilo que
explicamos até agora.
Por qualquer motivo que o leitor queira pensar, mesmo com todo o acesso à
informação, muito deste material ainda é mantido fora do alcance do grande
público e quando alguém tenta disseminar esse conteúdo de maneira mais
massiva é rapidamente interrompido e descredibilizado. Há chances reais que isso
aconteça com este aqui também, mas é nossa obrigação moral tentar.
Uns dos modelos da teoria do metagame mais famosos, voltado exclusivamente
para o mercado financeiro, foi descrito pelo Dr. Andrew Smith e é muito pouco
conhecido. A seguir transcreveremos os trechos que explicam em detalhes a visão
do Dr. Andrew Smith em relação ao metagame no mercado financeiro.

“O metajogo é o maior motivador de ações dos grandes “players” (players é como são chamados
os operadores que operam no mercado financeiro ativamente, entende-se como grandes players,
operadores de bancos, instituições financeiras e fundos de investimentos que possuem muito
capital operacional e por isso influenciam os movimentos dos preços no mercado).
Isso quer dizer que os principais operadores do mercado financeiro, que tem mais volume
operacional e consequentemente, mais influenciam os movimentos dos preços em curtos
espaços de tempo não estão se baseando nas mesmas ferramentas de análise de um trader
pequeno, exemplo: pessoa física ou proprietary trader.
O trader amador (de varejo) busca montar uma estratégia baseando se apenas em análise
gráfica e técnica simples, independente se ela seja feita olhando somente gráficos ou livro de
ofertas (tape reading). Enquanto o trader profissional, elabora uma estratégia baseando-se em
diversos fatores externos como por exemplo, macro economia, operações de hedge e
principalmente posição financeira e o padrão de execução que está sendo usado por outros
players institucionais.
O trader experiente precisa saber o que mercado está pensando, quais são as possibilidades,
como todos os outros players podem querer agir, como os grandes players vão montar sua

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estratégia para conseguir ter uma vantagem e lucrar; para reforçar, lucrar no mercado
financeiro as vezes pode significar fazer com que outro player tenha prejuízo, para isso além de
comprar e vender, ele precisa “enganar” os outros players menores a fazerem o contrário do
que eles, sendo assim, irão comprar quando mercado está em baixa e vender quando o
mercado está em alta. Soa perfeito, mas de fato, como um trader iniciante, sem as ferramentas
profissionais de um trader institucional, sem as informações dos grandes bancos, consegue
saber quais seriam as possibilidades de estratégias dos grandes players?
Vamos pensar em um simples exemplo, quando qualquer trader iniciante começa a estudar
análises de mercado, provavelmente o primeiro material que se depara é com análises gráficas.
Normalmente este é o mais vasto material disponível para traders iniciantes, a principal razão
disto é que este tipo de análise é a mais simples de entender em um curto prazo de tempo, ver
desenhos se mexendo para cima e para baixo faz sentido para qualquer pessoa com o mínimo
de estudo. Não que este material seja inútil, mas o metajogo ou a psicologia por de trás do
movimento dos preços no gráfico é o que realmente importa, e este tipo de leitura, é algo
distinto que dificilmente vai ser dominado por um trader que não sabe da existência de todas
as possibilidades de estratégias e diferentes players que estão operando o mesmo ativo.
Para tornar o exemplo ainda mais claro, vamos usar a estratégia de rompimento de
máximas e mínimas. Como definição básica da estratégia, é traçado pontos no gráfico onde o
preço atingiu em seguida reverteu, este preço no momento da reversão, quando alcançado
mais de uma vez tanto em queda quanto na alta, são chamados de pontos de suporte e
resistência. É bastante simples de explicar para qualquer novato como traçar linhas de suporte
e resistência em um gráfico e é neste tipo de análise que mora o perigo. O complemento da
estratégia seria que se o preço do ativo atingiu aquela linha de suporte ou resistência várias
vezes e reverteu, quando atingir novamente e não mais reverter, deve- se fazer a compra ou a
venda na direção do rompimento com a expectativa de que o preço do ativo continue na
mesma tendência, concluindo o trade quando o preço atingir um próximo ponto com
possibilidade de reverter baseado no histórico passado do ativo, obtendo-se lucro. Ou em caso
de o preço não continuar em tendência após o rompimento e volte a reverter, deve-se sair da
operação com prejuízo o mais rápido possível para evitar maiores perdas.
Agora, vamos analisar a mesma estratégia do ponto de vista dos grandes players, que tem
como uma das estratégias usar de todo o seu “poder” financeiro para “enganar” o mercado
quando necessário e conseguir comprar mais barato e/ou vender mais caro, ou seja, usar o
metajogo ao seu favor.
Desse modo, vamos criar a seguinte suposição, um grande player analisou por diversos
fatores econômicos em informações da equipe de seu banco que existe grande possibilidade
de uma demanda grande de compra no Dólar devido à desvalorização do Real Brasileiro

90
somado a outras análises e critérios. Com isto em mente este trader precisa comprar muitos
contratos de Dólar no menor preço que conseguir para vender a hora que a demanda de
compra for clara suficiente para todo o resto do mercado e o valor começar a subir. Pelo volume
de compra que este player possui, se ele decidir começar a comprar contratos de Dólar o mais
rápido possível, todo o resto do mercado irá visualizar facilmente que existe uma alta intensa
no Dólar devido ao volume de sua compra e irão começar a comprar também obrigando-o a
comprar mais caro para conseguir completar todo o volume que necessita, o que faria ter
menos lucro no momento da venda. Mas antes de começar a comprar, este trader experiente
percebe que o Dólar está próximo de um ponto de reversão ou suporte e que se cair até este
ponto e romper, pode criar expectativa no mercado de uma continuidade na tendência de
queda do Dólar.
Desta forma, este trader experiente sabe que se conseguir usar o seu potencial financeiro
para vender agressivamente contratos de Dólar até que este ponto de suporte seja rompido,
outros inúmeros traders vão começar a vender por acreditarem na continuidade do
movimento, gerando duas situações que favorecem sua estratégia: 1) Queda no valor do Dólar
e possibilidade de comprar em um valor menor, que favorece sua venda futura; e 2) volume de
vendedores suficientes para completar toda a quantidade que ele precisa comprar conforme
seu volume financeiro disponível. Simplesmente, umas das estratégias que este trader pode
usar é, como exemplo, usar metade do seu potencial financeiro, criar uma demanda de venda
grande no Dólar, derrubando o valor da cotação e em seguida, assim que o resto do mercado
começasse a vender acreditando na queda, usar 100% do seu potencial financeiro na compra,
interrompendo o movimento de queda, gerando um movimento de alta.
As reações dos traders iniciantes que não conseguirem perceber este tipo de estratégia
sendo executada por um grande player vai ser de confusão, pânico etc. Perceba que o trader
iniciante que executa cegamente a estratégia de rompimento, irá vender no rompimento da
mínima prevendo uma continuidade na queda do Dólar e conforme perceber que sua
expectativa não se concretiza, somada a sua confusão e insegurança de não entender o que
está acontecendo começará a ficar preocupado com sua perda financeira, fechando sua
posição de venda quando não mais aguentar o prejuízo, gerando uma nova demanda de
compra no Dólar, junto com outros muitos traders que fizeram a mesma análise. Neste
momento, quando nenhum outro trader aguentar mais o prejuízo financeiro e quando
começarem a ver o preço do Dólar disparar em alta e tomarem a decisão de comprar, o grande
player consegue começar a vender com lucro sua posição de compra que realizou logo que
gerou o rompimento da mínima, “enganando” todo o resto do mercado.
Logicamente, este é um exemplo de uma das possibilidades, levando em conta a suposição que
apenas um grande player conseguiria gerar todo este movimento. Mas o que acontece de fato, é

91
que em todos os ativos existem muitos players, e em diferentes momentos as opiniões e análises
deles divergem um do outro, o que pode gerar outras situações que tornam o mercado ainda mais
complicado. Para exemplificar quão complicada a situação pode ficar, vamos usar uma
continuidade do exemplo anterior. Suponha-se agora que o grande player que foi citado no
primeiro exemplo, que deseja comprar o Dólar e para isso decidiu derrubar a cotação e conseguir
comprar em um valor inferior, começou criar demanda de venda fazendo que a cotação chegue
cada vez mais próximo da mínima que era seu objetivo para persuadir o mercado a acreditar na
queda do Dólar.
Porém, outro grande player já havia iniciado sua compra com parte do seu capital disponível, e
ao perceber que o mercado está caindo e que está tendo prejuízo na sua posição, visualiza que se
a cotação diminuir até certo nível, ele será obrigado a zerar sua posição pois poderá correr o risco
de exceder o limite de perda permitida pela sua instituição. Desta forma, ele prepara-se para mudar
sua estratégia e encontrar uma forma de segurar a queda do Dólar usando todo o seu potencial
financeiro para evitar este prejuízo.
Pela experiência do trader ele analisa o histórico do ativo e percebe que existe um ponto de
reversão/suporte que pode atrair o mercado a comprar o Dólar acreditando na reversão de
queda, coincidentemente, este ponto é o mesmo que outros players querem romper para
conseguirem comprar o Dólar num valor mais baixo como no exemplo anterior. Então se
iniciada a briga dos mercados e que gera todo o caos e dificuldades de um trader iniciante
entender as oscilações dos preços.
Continuando no exemplo, assim que o Dólar se aproxima deste ponto de suporte, este
grande player que busca evitar prejuízo na posição iniciada, começa a comprar mais
agressivamente, tentando atrair outros players do mercado a acreditarem que a partir daquele
ponto a cotação não continuará a cair, podendo reverter em alta novamente e para isso ele
usará todo o seu potencial financeiro, o problema é que o outro player já está vendido em um
grande volume, e se os preços voltarem a subir antes do seu objetivo de compra, ele terá um
prejuízo, então por sua vez, este também decide usar o resto do seu potencial financeiro
disponível para vender ainda mais, fazendo com que o player que está na outra ponta fica sem
capital para continuar comprando, sendo obrigado a deixar o valor da cotação continuar a cair,
até que aconteça o rompimento, e se de fato isso acontecer, ele será obrigado a zerar toda a
sua posição para evitar que seu prejuízo seja maior que o permitido pela sua instituição.
Ficou claro, neste momento, que o lado que tiver mais capital irá fazer o lado com menos
capital ceder até o ponto que não aguente mais o prejuízo e seja obrigado a liquidar sua
posição gerando lucro para o lado vencedor, como já descrito no começo da situação”.
Metagame: entenda a mente dos profissionais. Dr. Andrew Smith, 2011.

92
Sempre quando for iniciar uma operação, pense antes: se eu tivesse capital para
impactar o mercado, como eu iniciaria minha operação? Aqueles que dominam o
mercado querem sempre comprar mais barato e vender mais caro e farão qualquer
esforço para conseguir a liquidez necessária para realizar isto, pelo simples fato que
isso potencializa seu lucro. Essa é, no fim das contas, a regra primordial do Meta
Game e da manipulação de mercado. E vai fazer ainda mais sentido quando
tratarmos da parte de análise de sentimento e das abordagens operacionais,
especialmente os padrões de execução.
E por que tudo isso é tão importante assim? Como isso pode ser
operacionalizado? Uma vez que você entenda essa lógica, saiba como agem os
grandes players, conheça suas manobras e consiga rastrear suas atuações no
mercado vai perceber, rapidamente, que o mercado vai começar a fazer sentido e,
por incrível que possa parecer, começará a ficar relativamente fácil atuar nele. Pelo
simples fato que então você estará seguindo as pessoas certas e se beneficiando
disso. Nesse momento você vai perceber que está nadando entre os tubarões; que
está saindo para caçar junto com eles.

Exercício Proposto #13:

a) Identifique nos gráficos, em vários ativos e tempos gráficos


diferentes, as estruturas de Wyckoff, inclusive levando em
consideração a análise de volume e marque suas fases.
b) Procure eventos onde manipulações aconteceram no
mercado financeiro, por exemplo, balanços positivos de
empresas e o preço das ações caem, ou notícias ruins, mas
os preços sobem. Note como isso é mais frequente do que
você imagina.

93
15. PHI, a matemática de Deus (Proporção Áurea)

Atenção!

É importante entender minimamente os conceitos da Teoria de Phi, uma vez


que utilizaremos o Fibonacci como um dos nossos parâmetros operacionais.

O PHI é, talvez, o número mais importante da nossa existência. Não apenas no


contexto mercadológico, mas universal e divinamente falando. Considero o PHI a
matemática de Deus, tamanha sua importância para TUDO que ocorre em todo
o universo e em tudo que nele está inserido, na natureza e em todos os processos
da vida. A Proporção Áurea, ou Média Áurea, foi determinado matematicamente
e intitulado com PHI. Existem centenas de milhares de exemplos que poderiam
ser detalhados da aplicabilidade do PHI em tudo e em todas as áreas, mas hoje
vamos direcionar nosso estudo na aplicação de PHI para o mercado financeiro. Ao
final, deixarei a recomendação de alguns livros com informações verdadeiramente
valiosas sobre esse assunto.
A partir de agora te convido para uma viagem profunda para entendermos
com PHI se aplica ao mercado financeiro e, principalmente a relação delicada de
PHI com seu principal campo de execução: o ser humano.
PHI está presente desde a estrutura de partículas atômicas, nosso DNA, até na
forma, proporção e comportamento das galáxias. Sendo que, na verdade, ambas
têm as mesmas proporções, em esquadro fractal.
PHI tem duas funções básicas na natureza. O primeiro é avanço quantitativo,
mais conhecida popularmente como projeções. Um crescimento progressivo
onde as proporções vão se adicionando com amplitude e frequência controladas,
buscando sempre um padrão estável. É, talvez, sua mais importante aplicação. O
segundo é conhecido como agrupamento de fractais. Neste segundo caso,
podemos nos referir como o uso eficaz do espaço-tempo. Ambas as funções têm
aplicabilidade no mercado financeiro, embora o avanço quantitativo seja
consideravelmente mais eficiente, mesmo que pouquíssimo utilizado atualmente,

94
do modo correto, muito em função da falta de conhecimento específico sobre a
utilização desses padrões.
PHI é um número. Abaixo está sua representação numérica aproximada, visto
que se trata de um número irracional, ou seja, nunca se repete a parte decimal.
Mas para torná-lo aplicável, iremos arredondá-lo para o número abaixo.

PHI = 1.618

Já o inverso do PHI, também chamado de PHI pequeno, representado na


equação abaixo, resulta em seu fractal menor e é descrito com letras minúsculas.

phi = 1 / PHI = 0,618

É muito comum vermos esses dois valores, ou proporções atuando no mercado


financeiro. Consideramos ferramentas fundamentais para os analistas e
operadores, desde que usadas nos contextos e lugares corretos.
Temos também os Exponenciais de PHI, que é quando elevamos o PHI a
potencial de números inteiros. Os quais também são frequentemente
encontrados em utilização no mercado financeiro.

PHI 1,1618 0,618 phi


PHI² 2,618 0,318 phi²
PHI³ 4,236 0,236 phi³

É importante termos conhecimento não apenas sobre PHI, mas também sobre
PHI quadrado e PHI ao cubo, bem como o inverso desses números. Seguindo a
tabela acima sabemos, então, quais são cada um desses números e seus
respectivos inversos. Especificamente o PHI ao cubo tem uma característica e
importância diferentes, que serão explicadas adiantes.
O PHI tem uma característica muito interessante: é o único número onde o
produto e a diferença resultam em 1.

PHI × phi = 1
PHI – phi = 1

95
Isso quer dizer que PHI é o único número que é capaz de igualar processos
acumulativos, sendo eles adicionadores ou multiplicadores, resultando sempre
em uma unidade. Mais adiante veremos que isso está intimamente relacionado à
estabilidade do sistema, ou dos sistemas. Curioso saber que é o único número no
universo inteiro que tem esta característica.
Vamos aplicar um exemplo prático destas proporções. Na tabela do lado esquerdo
estarão os PHI elevados aos potenciais de números inteiros. Isso é o que chamamos de
PHI Exponencial. Na sequência podemos notar algo super interessante que ocorre
quando eu trabalho essas proporções de forma específica e correspondente.

PHI 1,000 1,000 + 1,618 = 2,618


PHI¹ 1,618 1,618 + 2,618 = 4,236
PHI² 2,618
2,618 + 4,236 = 6,854
PHI³ 4,236
PHI⁴ 6,854 4,236 + 6,854 = 11,089
PHI⁵ 11,089 6,854 + 11,089 = 29,030
PHI⁶ 29,030 11,089 + 29,030 = ...

O que ocorre é que esse processo exponencial, representado no lado esquerdo, gera
o mesmo resultado do processo aditivo, representado no lado direito. Isso nos prova
que o PHI tem uma capacidade sublime de igualar processos, tanto exponenciais
quanto aditivos. É o único número no universo com essa peculiar capacidade.
Já mencionamos o avanço quantitativo como uma das principais funções de
PHI e agora vamos exemplificar isso melhor. Abaixo você vai encontrar uma tabela
com PHI elevado aos exponenciais de números inteiros.

PHI0 PHI¹ PHI² PHI³ PHI⁴ PHI⁵ PHI⁶ PHI⁷ PHI⁸ PHI⁹

1 1,6 2,6 4,2 6,8 11,1 17,9 29 47 76

Digamos que pudéssemos ajustar esses números até seus correspondentes


inteiros mais próximos.

1 2 3 4 7 11 18 29 47 76

96
Agora, faremos um pequeno truque para exemplificar uma interessante série
de avanço de caráter aditivo. Trocaremos o primeiro número pelo segundo. A
nova série ficará então:

2 1 3 4 7 11 18 29 47 76

Após ter trocado de lugar os dois primeiros dígitos, começaremos o exercício


realizando a somatória dos números, sequencialmente. Vocês verão, portanto, um
exemplo de avanço quantitativo de caráter aditivo. Isso quer dizer que o próximo
número será sempre o resultado da soma dos dois números anteriores. Essa série não
é muito conhecida, especialmente na esfera dos mercados financeiros, e tem o nome
de série LUCAS, em uma referência ao matemático François Édouard Anatole Lucas
(1842-91) e é considerada uma derivação da sequência de Fibonacci. Embora quase
desconhecida é a série que mais se aproxima do próprio PHI, sendo então de suma
importância entendê-la. Podemos dizer então que a série LUCAS é uma série de
números inteiros, que representa PHI em seus exponenciais.

2+1=3
1+3=4
3+4=7
4 + 7 = 11
7 + 11 = 18... e por aí, adiante.

Em uma outra perspectiva e como prova de que PHI está na série LUCAS,
podemos criar um outro modelo, dividindo qualquer número da série pelo seu
anterior. O resultado, portanto, deverá ser PHI.

76 / 47 = 1,618 47 / 29 = 1,618 11 / 7 = 1,618

Mas e se dividíssemos qualquer número pelo penúltimo número anteriormente a


ele? Esse resultado seria correspondente a PHI². E seguindo essa lógica, se dividirmos
qualquer pelo ser antepenúltimo o resultado será PHI³. Essa lógica é infinita e pode
ser projetada no espaço-tempo indefinidamente. Isso prova também que podemos
alcançar PHI e todos os exponenciais de PHI dentro da série LUCAS.

PHI² 76 / 29 = 2,618 11 / 4 = 2,618


PHI³ 76 / 18 = 4,236 29 / 7 = 4,236

97
Mas e quanto ao tão famoso e respeitado FIBONACCI? Todo mundo conhece,
ou já ouviu falar na Sequência de Fibonacci. Especialmente dentro do mundo
financeiro o Fibonacci é muito usado e discutido, sob diversas formas e
aplicabilidades, por analistas de todas as vertentes e escolas, todos conhecem
bem a Sequência Fibonacci.
FIBONACCI é uma outra série descoberta e descrita por Leonardo de Pisa, um
matemático italiano da idade média. Esse matemático desenvolveu essa série
após ter lido um livro muito importante e famoso da época chamado Os
elementos, escrito pelo grego Euclides, 18 séculos antes. Euclides contava sobre
um importante número na natureza, o qual ele apelidava com a letra grega Phi
(ϕ). Muito parecida com a série LUCAS, a Sequência de Fibonacci também é um
resultado gerado pela somatória de dois números anteriores. Embora a
Sequência de Fibonacci tenha seu início diferente.

0 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89 144

As duas séries podem ser consideradas “irmãs”, apenas tem seus dois primeiros
dígitos diferentes, porém respeitam, no fim, as mesmas proporções. E o processo
que eles seguem também é exatamente o mesmo.
Existe uma crença por uma parte considerável de analistas técnicos que esta
sequência é quem “manda” no mercado financeiro. Que o Fibonacci manda na
geometria dos preços e no timing do gráfico. E é exatamente aí onde está toda a
confusão. Não é o Fibonacci quem “manda” nessas coisas. Usando um
conhecimento de mercado, podemos dizer que Fibonacci é apenas um derivativo.
Como já dissemos, Fibonacci é uma sequência de números baseados em um
avanço quantitativo. É também um derivativo porque quem manda nesta série
é o PHI. Ou seja, Fibonacci também respeita essa proporção; o PHI. Do mesmo
modo que na série LUCAS, dividindo-se qualquer número pelo seu anterior, o
resultado sempre será PHI. Dividindo qualquer número pelo penúltimo,
chegamos em PHI². E dividindo um número pelo seu antepenúltimo,
encontramos PHI³. Abaixo mostramos alguns exemplos, respectivamente.

98
Independente de quaisquer números selecionados, essas regras sempre se
aplicam e sempre obtêm os mesmos resultados, indefinidamente.

PHI 144 / 89 = 1,618


PHI² 89 / 34 = 2,618
PHI³ 21 / 5 = 4,236

Agora iremos falar sobre algo quase desconhecido fora do mundo acadêmico
e ignorado no mercado financeiro; a série G. Na verdade, nunca ouvimos falar
desta série no mundo financeiro, apesar de ser algo bastante comum e usual no
meio acadêmico matemático. Descobrimos isso ainda quando estudávamos a
matemática do PHI. A série G é algo muito intrigante e servirá como evidência
para comprovar que o que manda no mercado não é Fibonacci, mas o próprio
PHI; a proporção divina.
A série G é um avanço quantitativo baseado em dois números aleatórios.
Abaixo seguem um exemplo de algo que, provavelmente você não sabia e vai
deixá-lo bastante intrigado. Vamos começa nossa sequência com 4 e 9.
Inicialmente seguiremos o mesmo processo ADITIVO para criarmos os próximos
números. Ou seja, somando um número ao seu anterior.

4 9 13 22 35 47 82 129 211

4 + 9 = 13
9 + 13 = 22
13 + 22 = 35...

O mesmo processo que é feito nas séries de LUCAS e FIBONACCI gera esse
incrível resultado. E para comprovar podemos fazer o processo de dividir qualquer
destes números pelo seu anterior, resultando em PHI, dividir qualquer número
pelo seu penúltimo para alcançar PHI², ou mesmo dividir um número pelo seu
antepenúltimo, o que resulta em PHI³.
Portanto, qual a conclusão que chegamos do que realmente é importante?
Quando a série LUCAS foi estabelecida, esta começou com o próprio PHI elevado
a seus exponenciais de números inteiros, portanto PHI estava dentro da série
LUCAS. Quando estudamos a sequência de Fibonacci, começamos com os
números 0 e 1 e seguimos com o processo ADITIVO. Além da relação com seus

99
exponenciais. E mesmo com números aleatórios PHI é justamente à proporção
que coordena o processo. Isso significa que no processo de avanço quantitativo
o que realmente importa e quem realmente manda é o PHI, e não Fibonacci. O
denominador comum de todo processo de avanço quantitativo, independente
da série que identificamos, é PHI.
Então PHI é supremo e superior. Euclides dizia, a 15 séculos antes do próprio
Fibonacci, que qualquer série G, respeita essas proporções de PHI. Fibonacci é
apenas mais uma das milhares de séries, porém o mais eficiente. Isso torna
Fibonacci uma ferramenta muito importante e merecedora de seu lugar de
destaque. Essa não é a questão. Fato importante a se apreender é que,
independente da série, o avanço quantitativo é governado por PHI e seus
derivativos (PHI, exponenciais e inversos).
Vamos resolver a questão, vez por todas. Fibonacci é importante, claro. LUCAS
é o próprio PHI elevado a seus exponenciais e série G é quaisquer dois números.
Portanto, quem manda é o PHI. PHI é o criador, as séries são criaturas. Logo PHI
é mais importante.
Revendo a primeira tabela com PHI, seus exponenciais e seus inversos, veremos
que esses números são muito comuns no mercado financeiro. É possível também
admitirmos outros derivativos do PHI, como mostrados na tabela abaixo.

inverso
PHI⁰´⁵ 0,786 1,271
1 - PHI⁰´⁵ 0,214 N/A
média 0,500 2

Podemos considerar, por exemplo a raiz quadrada de PHI e seu inverso


correspondente, além de alguns ajustes, subtraindo 1 de PHI, ou tirando uma
média etc. Estes são números que também veremos no cenário financeiro, apesar
de menos frequentes.
0,786 é um número muito importante em termos de força. O espelho desse
número, 0,214. E sempre teremos a média, a qual iremos explicar adiante, devido
a sua importância. Por exemplo, por muitas vezes observamos que o preço chega

100
no meio de algum lugar para só então decidir se vai continuar e para que lado vai
continuar. Por isso essa questão da média é bastante importante.
Se fizermos a avaliação criteriosa de alguns exemplos matemáticos de avanço
quantitativo, o que realmente podemos definir por isto? Nada mais é do que “um
novo crescimento sobre uma estrutura já existente”, seguindo essas regras
matemáticas do PHI. Ou seja, simplificando são projeções feitas a partir de um
ponto no espaço-tempo que respeita as proporções de PHI.
O avanço quantitativo tem dois tipos, ou poderíamos dizer dois extremos.
O primeiro seria o Crescimento Linear, tal qual se constrói uma barreira colocando
pedra sobre pedra, em um ritmo bastante controlado e lento. Normalmente um
processo bem estável, porém mais lento. Em segundo podemos ter o
Crescimento Exponencial. O exemplo perfeito para isso seria uma explosão, onde
os compostos químicos de uma dinamite, por exemplo, são estimulados e, de
repente, seguem um processo exponencial, gerando uma pequena centelha, mas
que provoca todo o resultado extremo. Esse caso normalmente é um processo
rápido, porém altamente instável.
E é justamente nesse ponto que conseguimos compreender a “magia” do PHI.
PHI é o único número, ou proporção, onde os processos aditivos e exponenciais
são iguais. Lembre anteriormente que quando elevamos PHI aos seus
exponenciais, ou somatório desses números geraram o mesmo resultado.
Podemos concluir que tanto o processo exponencial quanto o processo aditivo
para o PHI são iguais! PHI é o único número na natureza com essa capacidade.
Mas porque isso é tão importante?
Sabemos que a natureza não desperdiça nada, muito menos tempo ou energia,
massa, espaço... parece que estamos sempre concorrendo com aqueles ao nosso
redor por recursos, tempo, enfim. Isso poderia dar uma vantagem ao concorrente.
No mundo animal isso fica muito claro como os animais precisam competir entre
si por recursos, comida, água, território etc.
O fato de o PHI conseguir igualar processos exponenciais e aditivos significa
que o PHI é capaz de governar processos rápidos, porém estáveis e eficientes.

101
Vamos pensar. Quando nosso corpo cresce cada célula cresce sobre uma
estrutura que já existia antes; uma matriz. Isso é um processo aditivo. Porém, esses
processos precisam ser estáveis dentro do corpo. De outro modo, morreríamos. Para
continuarmos vivendo e evoluindo como espécie precisamos ter processos
evolutivos estáveis. Portanto, a natureza utiliza de todos os seus recursos para
construir o corpo humano de uma maneira mais eficiente, porém de modo estável.
Assim funciona tudo e todos os processos na natureza e no universo. Voltando a
comparação da explosão, não podemos explodir se quisermos continuar vivendo,
mas precisamos de um certo “fogo” para continuarmos vivendo. O entendimento do
equilíbrio entre esses processos estáveis e processos eficientes no espaço-tempo. E
o PHI é o único número capaz de realizar esta façanha.
O mercado financeiro exibe um avanço quantitativo através de um processo
aditivo. Cada vez que alguém negocia algo (compra ou vende), essa transação
gerará um histórico que será gravado sobre o histórico anterior. Outro modo de
entender isso é a seguinte: aquilo que ocorre em um gráfico com timeframe de
um minuto é colocado sobre o que está acontecendo no gráfico de cinco minutos,
e assim por diante. O gráfico de cinco minutos faz parte do gráfico de quinze
minutos. E o que ocorre no gráfico de quinze minutos está somado ao resultado
do que ocorreu no gráfico de sessenta minutos. Ou seja, todas as vezes que
negociamos no mercado, essas negociações são projetadas acima do que veio
anteriormente. Isso é avanço quantitativo. Concluímos que se o mercado
financeiro se organiza dentro dos padrões de avanço quantitativo e este, por sua
vez, é governado por PHI, é algo lógico vermos evidências nítidas da proporção
PHI no comportamento dos preços.
Já falamos anteriormente sobre o crescimento linear, que é estável, porém lento
e o crescimento exponencial, que é instável, porém rápido. Falamos também sobre
a capacidade do PHI de governar esses dois processos. Isso nos leva a crer que é
preciso ter um limite de estabilidade. Precisa existir um momento onde a natureza
para e pensa: “se eu tentar crescer mais rápido do que isso, vou perder estabilidade.”
Portanto, existe um limiar entre a estabilidade e a velocidade do avanço.

102
14 11,089

12

10 9
6,854
8 7

6 4,236
2,618
4 3
1,618
2 1

y=1,618 elevado a X (exponencial) y=1,618x - 0,618 (linear) y=x (linear)

O gráfico acima mostra PHI em processos lineares e PHI em processos


exponenciais. O processo linear é a linha laranja, isso é PHI somado a eles mesmo.
Ou seja, cada vez que desejamos avançar somamos PHI (1,618) ao número atual.
Se cria um padrão linear que nunca muda, de mesmo ritmo e alta estabilidade.
Porém podemos notar que a linha azul é o PHI exponencial. Note que, até PHI³
o ritmo do processo de PHI linear é equivalente ao ritmo de processo do PHI
exponencial. Após PHI³ vemos o gráfico exponencial acelerando muito forte, o
ritmo começa a ganhar muita aceleração e o gráfico ganha muita inclinação. E
qual o resultado de tudo isso? Se formos lógicos o suficiente, PHI³ (4,236)
representa o limite da estabilidade entre os processos aditivos e exponenciais
do PHI. E dado o fato que estamos sempre pensando em termos fractais (Teoria
Fractal será explicada em outro momento), o inverso de PHI³ (0,236) também tem
a função de marcador de regiões de limite de estabilidade.
Precisamos refletir e entender bem esse conceito, porque isso é muito importante.
Se o processo de crescimento linear com caráter aditivo é estável, porém lento e o
processo de crescimento exponencial é instável, porém rápido, é possível comparar as
duas curvas e perceber onde essa curva exponencial começa a perder a sua

103
estabilidade. Isso acontece exatamente quando o crescimento atinge as proporções
de PHI³, ou inversamente proporcional quando atinge proporções de seu inverso.
Por fim, precisamos entender que, contrário ao que somos ensinados a crer, os
preços se comportam conforme nossa percepção de limites de estabilidade
governados por estas proporções. Sabendo que o processo de especulação, ou
seja, o ato de compra e venda de algo, ocorre dentro de níveis de estabilidade e
instabilidade e se queremos achar os lugares onde os preços estão perdendo sua
estabilidade (mudando de comportamento, ou de direção), essas proporções
podem nos avisar dessas regiões dentro espaço-tempo (ou preço-tempo). E isso
é possível detectar nitidamente nos gráficos. Vamos assistir de modo recorrente
os limites da estabilidade do comportamento dos preços são governados por
determinadas proporções, uma vez que isso governo tudo, inclusive o modo como
nosso cérebro funciona, as proporções que temos intrínsecas em nossas mentes,
os padrões comportamentais aos quais reagimos e, por fim, a maneira como
entendemos e reagimos a tudo a nossa volta. Não seria diferente de como quando
atuamos no mercado e diante dos gráficos e preços.
Uma vez que o mercado financeiro é um eixo cartesiano virtual entre preço e
tempo, prova disso tudo explicado acima é quando colocamos em teste essas
proporções no tempo. Por exemplo, PHI³, ou seu inverso (4,236 ou 0,236) separam
o número de dias na semana e no número de dias no mês. A proporção de 24
horas em um dia, ou as quatro estações dentro de um ano, e seus ritmos. O
batimento cardíaco basal de um ser humano deve ter a proporção de PHI³ em
relação ao limite do esforço cardíaco aceitável (dados da Organização Mundial de
Saúde). Você sabia que seu DNA apresenta essa mesma proporção? O DNA tem
sua geometria em proporções exatas de PHI, PHI² e PHI³. Suas proporções físicas
tendem para o belo quanto mais estas respeitarem PHI. O número de ossos que
existem em seu corpo está em proporção de PHI² com seus músculos, para
conseguir sustentá-los. A temperatura ideal de conforto para nós é algo entre 23
e 24 graus celsius, que é exatamente a relação de PHI³ em relação ao ponto de
ebulição da água que está em 100 graus celsius (se não conseguiu entender a
relação, lembre-se que mais 75% do nosso corpo é composto por água).

104
Porém, dentre tudo isso uma coisa é importantíssimo ressaltar. Não existe nada que se
baseie em proporções além de PHI³. Em tudo que PHI, seus derivativos e inversos estão
coordenando, PHI³ é o limite. O limite até onde os sistemas ainda se mantêm estáveis.
Após PHI³ os sistemas atingem a instabilidade; para além de PHI³ entramos no CAOS.
Mas o que tudo isso está sendo abordado? Simplesmente porque temos esses
padrões como regras nas nossas mentes, mesmo que inconscientemente.
Olhamos para o mundo e nosso cérebro enxerga esses padrões, mesmo sem
pensarmos neles ativamente. Como são os seres humanos que atuam no
mercado financeiro, são os seres humanos que compram e vendem no mercado,
que especulam, o comportamento dos preços nada mais é do que o reflexo do
comportamento do grupo de seres humanos que estão atuando no mercado
naquele exato instante. Logo, o gráfico reflete todos esses padrões e proporções
porque elas são a matemática que regem nossas vidas e nossas decisões.

Vamos fazer um intervalo para citar algo que pontuamos no início e que, talvez, você
ainda esteja se questionando qual a relação com tudo isso: a média, 0,500, ou seu
inverso que é 2, ou 200. Observamos que dentro dos movimentos que compõe estas
projeções, existe uma tendência de que o movimento faça uma pequena pausa na
metade do caminho. Isso também é algo visceral relacionado ao comportamento
humano. Estou partindo do começo, preciso terminar no final, então eu paro no meio
para conferir se estou na direção correta. O copo está meio vazio, ou meio cheio... Onde
estamos no processo em relação aos nossos objetivos... esse lugar no meio é importante
para o ser humano, psicologicamente falando. É um ponto onde decidimos se vamos
precisar de mais energia para continuarmos adiante, ou se voltamos para onde
começamos, a fim de tomar um caminho diferente. A palavra energia foi usada
propositalmente por estar muito bem contextualizada com o mercado financeiro. Ou
seja, quando os preços saem de um determinado ponto em direção a um alvo qualquer,
quando os preços atingem o meio dessa distância, haverá uma pausa para instalação
de um processo decisório: injetamos mais energia (volume) e vamos adiante até o alvo,
ou se voltamos para trás, de onde começamos, a fim de corrigir possíveis decisões
equivocadas. Em qualquer análise de qualquer gráfico você conseguirá perceber
facilmente que esse comportamento dos preços é bem presente e nítido.

105
Um exemplo prático dessa questão, podemos demonstrar no esquema acima. O que
temos é um eixo cartesiano comum, representado por distância (que no mercado
financeiro é o preço) e tempo. Digamos que vamos fazer uma viagem e precisamos sair
de um ponto A até um ponto B. Lembrando que essa distância sempre terá, de algum
modo uma relação com as proporções de PHI e seus exponenciais, uma vez que
tratamos aqui de um avanço quantitativo de uma determinada distância, no tempo.
Esse é um processo natural do comportamento humano. Indo de um lugar a outro e
parando no meio para fazer uma avaliação. Vamos dizer que nesse exemplo você está
saindo do Brasil e indo até os Estados Unidos. Quando chega ao meio do caminho você
descobre que está ocorrendo um furacão no hemisfério norte, coincidente com sua rota.
Nesse ponto você precisa avaliar se tem os recursos e habilidades necessárias para
continuar a viagem, ou se seria mais estratégico voltar ao Brasil. O “meio do caminho”
seria, estrategicamente, o melhor custo-benefício. Isso acontece no mercado financeiro
em 100% das vezes. Vamos dizer que os preços começam a subir. O mercado entendeu
que existe uma base (suporte) que conteve os preços e que, a partir daí, os investidores
começaram a comprar, esperando que os preços atinjam um determinado alvo (preço
futuro). Ao longo do caminho, aqueles que compraram começam a pensar que, talvez,
algumas condições tenham mudado, sejam elas técnicas, fundamentais, econômicas,
ou mesmo a proximidade do alvo e começam a avaliar se vale a pena o risco manter
essa posição, ou não. E o meio do caminho é, como dito anteriormente, o melhor custo-
benefício para medir esse risco. O mercado está eternamente nessa luta entre os URSOS
e os TOUROS. Isso é um exemplo claro e básico para mostrar o porquê a média é algo
tão importante de levarmos em consideração, em meio a isso tudo.

No espaço-tempo os preços sempre alcançarão todas as projeções, uma vez


que a frequência do mercado está também sob os fundamentos fractais. Isso
significa que, de algum modo, todas as proporções que tenham sido uma vez
criadas, serão “respeitadas” e atingidas.

O que temos visto atualmente, especialmente no mercado financeiro, é que os


especuladores e investidores tem buscado, cada vez mais, descobrir o Santo
Graal. Para isso tem usado diversas leituras e análises. Porém, o problema que
tem ocorrido é que, pela falta de estudos e conhecimento correto, essas leituras e
análises tem, na maioria das vezes, sido feitas da maneira errada, usando critérios
errados, contextos errados e conceitos errados. Isso nos traz o fato de que “não é
o que se usa, mas como se usa” que gera um resultado positivo. As proporções de
PHI, principalmente na série de Fibonacci, funcionam perfeitamente. O que tem
levado muito a desacreditarem dessas proporções é são as regras, os contextos e
os conceito errados que vêm utilizando com essa ferramenta tão valiosa e

106
altamente eficiente. Por vezes complicando, por vezes simplificando demais, mas
na maioria das vezes usando de uma forma totalmente distorcida dos conceitos
primordiais e das premissas básicas dessas teorias. Costumamos dizer nos
bastidores que a grande maioria das pessoas que usam Fibonacci atualmente –
ao menos aquelas que o aplicam ao mercado financeiro – o usam de uma forma
que nem o próprio Fibonacci usava.
Agora que já sabemos que essas proporções existem e como elas funcionam
mostraremos, a partir de agora, o modo correto do uso dessa ferramenta, aplicada
dentro dos padrões reais e seguindo suas premissas verdadeiras. Usada da forma
correta, os resultados são espantadores. Não apenas devido a sua simplicidade,
mas também seu alto nível de acerto e precisão.
Mas antes disso, gostaríamos de fazer uma breve pausa apenas para adverti-lo
e chamar a atenção para o cuidado do uso de indicadores de toda sorte, tal qual
existem hoje disponíveis no mercado financeiro. Não somos adversos ao uso de
indicadores. Ao contrário, acreditamos que tudo aquilo que pode ser usado para
nos possibilitar uma vantagem de negociação é muito bem-vindo. Inclusive,
temos os nossos de eleição, os quais nos ajudam a tomar decisões mais precisas
e rápidas. Porém, o que ocorre é que a grande maioria dos indicadores não
funciona por um único motivo; um pequeno grande detalhe: a massiva maioria
dos indicadores pode sofrer uma variação de 50% do seu tamanho (atividade)
e ainda não apresentar nenhuma mudança dos principais comportamentos
dos preços; tendência ou consolidação!
Quando descobrimos isso, esse fato mudou todo o nosso entendimento sobre
análise técnica, uma vez que nos foi provado que não havia quase nenhuma precisão na
maioria dos indicadores disponíveis atualmente. Precisaríamos olhar o mercado de
outra forma. De uma forma que ninguém enxerga, ou da mesma forma que enxergam
aqueles que são os controladores do mercado. Mas isso é uma outra história.

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