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Mercado de Capitais

Capítulo 1 – O Sistema Financeiro


O Sistema Financeiro
O Sistema Financeiro é o conjunto de agentes, mercados,
instrumentos e infra-estruturas através das quais os
agentes de mercado obtêm fundos para as suas atividades e
aplicam as suas poupanças.

Agentes:
 as famílias,
 as empresas,
 as instituições não empresariais,
 os governos e
 as entidades externas (não residentes)
Através da definição constata-se que:

A função principal do sistema financeiro é a canalização de


fundos de indivíduos, setores de atividade ou de países que os
têm em excesso para indivíduos, setores e países que deles têm
carência.

Nota:
Existe um amplo consenso na literatura económica de que um
sistema financeiro desenvolvido e eficiente é crucial para que as
economias possam aproveitar o potencial da inovação,
permitindo um aumento da produtividade e do crescimento.
TIPOS DE SISTEMA FINANCEIRO

Podemos distinguir dois tipos de Sistema Financeiro:

 Os sistemas assentes nos mercados de capitais:


Exemplo: EUA e Reino Unido

 Os sistemas assentes no mercado bancário:


Exemplo: Alemanha, França e Japão
O Sistema Financeiro é formado por agentes, mercados,
instrumentos e infra-estruturas.

Fundos

Mercado Financeiro
Aforradores / Investidores
Devedores / Investidores
em Instrumentos Intermediários em Ativos Reais
Financeiros Financeiros (Agentes com Carência de
(Agentes com Excesso de
Fundos)
Fundos) • Bancos Comerciais
• Bancos de Investimento
• Companhias de Seguros
• Famílias
• Famílias • Sociedades Corretoras
• Empresas
• Empresas • Fundos de Pensões
• Governo
• Governo • Fundos de Investimento
• Entidades
• Entidades •etc
Supranacionais
Supranacionais

Ativos Financeiros
Os agentes do mercado são os aforradores e investidores
em instrumentos financeiros (agentes com excesso de
fundos), os devedores e os investidores em activos reais
(agentes com carência de fundos) e os intermediários
financeiros que estabelecem a ligação entre os primeiros e
os segundos.

As infra-estruturas financeiras, são o conjunto de


instituições que facilitam a actuação dos intermediários
financeiros e o funcionamento do mercado financeiro e que
estabelecem os sistemas de pagamento, os direitos de
propriedade, um efetivo sistema legal e a regulação do
sector financeiro.
Os Agentes do Sistema Financeiro
As famílias, as empresas, os governos e as entidades
externas tais como governos estrangeiros e as organizações
supranacionais, como por exemplo o Banco Mundial e o
Fundo Monetário Internacional, …

…podem, num dado momento, ter planos de investimento de


montantes inferiores às suas capacidades de poupança e,
por essa razão, classificarem-se como aforradores e …

…noutro momento, terem pretensões de investimento


superiores à sua capacidade de geração de fundos, sendo
nestas circunstâncias agentes devedores ou investidores.
As famílias são normalmente agentes aforradores
enquanto os governos são entidades carecidas de fundos.

As empresas são entidades alternadamente carecidas de


fundos quando pretendem implementar projetos de
investimento, e agentes com excesso de fundos em
períodos de menores oportunidades de investimento.
Os intermediários financeiros são instituições ou
empresas que desenvolvem actividades de mediação entre
aforradores / investidores em activos financeiros e
devedores/ investidores em activos reais, para que tenham
sido expressamente autorizadas pelas autoridades
reguladoras.

Estas instituições agem perante os aforradores na qualidade


de investidores, aceitando por exemplo, depósitos e
colocam-se perante os investidores na qualidade de
aforradores, comprando por exemplo, ações e obrigações.
O Sistema
Financeiro

Um sistema financeiro existe para assegurar a


canalização das poupanças dos agentes excedentários
(aforradores) disponibilizando-as posteriormente aos
agentes deficitários (devedores) que queiram realizar
investimentos em ativos reais, e ainda gerir os riscos
intrínsecas ao financiamento.

O sistema financeiro integra três setores:


 Bancário
 Segurador
 Intermediários Financeiros
O sistema bancário é constituído por:
Autoridades monetárias;
Bancos comerciais
Bancos de investimento
Instituições financeiras internacionais;
Instituições parabancárias (agências de câmbios, sociedades
de capital de risco, etc);

O sistema segurador é constituído pelas


companhias de seguro e resseguro;

Os intermediários de valores mobiliários são as bolsas de


valores mobiliários, de mercadorias e de derivados.
Um bom sistema financeiro é caracterizado pelos seguintes
elementos:

 Solidez a nível das finanças públicas;

 Estabilidade monetária;

 Uma diversidade de bancos com diferentes orientações;

 Excelente funcionamento dos mercados de valores


mobiliários.
São duas as funções essenciais de um sistema financeiro:

 Intermediação financeira
Mobilização da poupança;
Alocação dos recursos financeiros no tempo e no espaço;
Gestão de riscos;
Seleção e monitorização de empresas;

 Produção e divulgação de informação:


A presença de informação assimétrica causa ineficiência
económica.
Ela pode ocasionar problemas de selecção adversa e de risco
moral, o que pode pôr em risco o funcionamento dos mercados
O papel do Estado
A intervenção do Estado é substancial e ocorre nos seguintes
domínios:

 Proteção dos investidores

 Regulação do sistema bancário e de outras instituições financeiras


como as companhias de seguros e os fundos de pensões

 Regulação do mercado de capitais e limitação de certas transações

 Participação como importante intermediário financeiro

 Condução da política monetária por parte do Banco Central

 Emprestador de último recurso e garante do funcionamento do


sistema financeiro em situações de crise (função desempenhada
também pelo Banco Central)
Proteção dos investidores

No que respeita à proteção dos investidores, o governo


regula no sentido de assegurar os direitos dos acionistas
que não tem o controlo da empresa e os direitos dos
credores.

Relativamente aos primeiros, a regulação procura


assegurar a qualidade da gestão através de princípios e
através do estabelecimento de regras para a efetiva
disponibilização de informação fidedigna, possibilidade
de recurso aos tribunais contra abusos e expropriação por
parte dos gestores, leis que protegem os acionistas
minoritários, permitindo a este grupo uma melhor
monitorização dos seus investimentos.
Relativamente aos segundos, a regulação estabelece leis de
falência que podem possibilitar a substituição dos
gestores, permitir a apropriação de ativos colaterais, dar
prioridade aos credores ou assegurar decisões rápidas
pelos tribunais.

Uma efetiva proteção dos investidores requer também uma


efetiva aplicação destas regras através dos tribunais e das
agências reguladoras.

Alguns autores afirmam que, em geral, verifica-se que os


mercados de capitais são mais desenvolvidos e as empresas
são maiores e mais valiosas, em mercados onde existe uma
forte proteção dos investidores.
Regulação do Sistema Bancário

No domínio da regulação do sistema bancário, o governo


procura implementar normas de funcionamento mais
apertadas do que aquelas que se aplicam a outras
instituições, uma vez que problemas neste setor são
susceptíves de perturbar os sistemas de pagamento e de
crédito, afetando consequentemente toda a economia.

O governo estabelece:
requisitos mínimos de reservas de capital,
legislação que enquadra a entrada de bancos estrangeiros,
medidas tendentes a promover a concorrência, etc.
Regulação do Mercado de Capitais

No que se refere à regulação do mercado de capitais, o


governo estabelece legislação que regula, por exemplo, a
negociação de ativos em bolsa de valores.

Nomeadamente estabelece:
a) regras de admissão à negociação;
b) contínua disponibilização de informação fidedigna,
suficiente, e em tempo útil, que seja relevante para informar
da decisão de compra ou de venda;
c) vigilância contínua da negociação no sentido de detetar
práticas fraudulentas como insider trading ou a manipulação
do mercado.
O Estado intervém, igualmente, restringindo a negociação
no sentido de estabilizar o preço dos ativos financeiros.

As restrições à negociação têm como objetivo dois aspetos


fundamentais:
a redução das situações de pânico que precipitam a queda
acentuada do preço dos títulos;
o desencorajamento da especulação.
Participação como importante intermediário
financeiro
O Estado não só regula os mercados financeiros, como
intervém como um importante intermediário financeiro.

Esta intervenção é normalmente destinada a solucionar o


problema de existência de informação assimétrica no
sistema financeiro.

Neste âmbito, o governo implementa programas de crédito


subsidiado destinado a setores preferenciais, como
pequenas e médias empresas, empresas exportadoras,
agricultura ou habitação.
Condução da política monetária

Os poderes públicos intervém, pela via da política


monetária através do Banco Central, controlando as taxas
de juro no sentido de afetar a taxa de inflação e atenuar a
flutuação cíclica da economia.
Emprestador de ultimo recurso
O Estado e o Banco Central intervém, também, em
situações de crise no sistema financeiro através das
seguintes medidas:

a) Assegurando o contínuo acesso dos bancos solventes à


liquidez.

 Durante crises sistémicas o Banco Central procura


emprestar a bancos solventes e procura evitar subsidiar
bancos insolventes.
b) Relativamente às Instituições Financeiras que tenham
uma reduzida probabilidade de sobreviver, o Governo
deve promover a sua liquidação, ou se a falência de uma
instituição representar pela sua dimensão um risco
sistémico para o sistema financeiro, o Governo atua
normalmente promovendo:
i. viabilização de fusões e aquisições e transferências dos seus
ativos e passivos para bancos solventes;
ii. a sua nacionalização;
iii. recapitalização dos bancos, por exemplo, através de uma
injeção de capital
c) Também, quando a intervenção através da cedência de
liquidez se revela insuficiente para estabilizar o mecado
monetário, o governo intervém através da
disponibilização de garantias sobre empréstimos dos
bancos, para restabelecer o funcionamento do mercado
interbancário e cria ou estende as garantias dos
depositantes.

d) Compra de ativos tóxicos aos bancos através, por


exemplo, de leilões de compra ou de venda e criação de
instituições que assegurem a gestão de ativos depreciados
detidos pelos bancos.

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