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Mercado de Capitais

Capítulo 3 –O Investimento em
instrumentos Financeiros
O investimento em Ativos Financeiros
Convêm fazer em primeiro lugar a distinção entre
investimentos em ativos reais e em ativos financeiros
Investimentos Financeiros vs Reais
Investimento significa “sacrificar algo hoje” para obter
“benefícios no futuro”.

Os investimentos podem ser reais ou financeiros.

Os investimentos são reais quando envolvem algum ativo


tangível, como uma casa, um computador, uma fábrica, etc.

Os investimentos são financeiros quando envolvem


contratos legais, que prometem benefícios futuros, em
determinadas condições.
As ações e as obrigações são exemplos de ativos financeiros.
Exemplo 1
Quando eu compro uma casa, estou a fazer um investimento
real.

Se eu pedir um empréstimo para pagar a casa, o contrato de


empréstimo que eu assino com o banco é um título
financeiro.

O banco a quem eu peço emprestado está a fazer um


investimento financeiro.

O banco está a adquirir um ativo financeiro, eu estou a


vender.
Exemplo 2

Quando uma empresa decide construir uma fábrica onde


vai produzir um novo produto está a fazer um investimento
real.

Se a empresa emitir ações para financiar este investimento,


quem comprar as ações estará a fazer um investimento
financeiro.
Conclusão

O agente com carência de fundos (Devedor) é um

Emitente de ativos financeiros

O agente com excesso de fundos (Aforrador) é um

Investidor em ativos financeiros


Ativos Financeiros & Instrumentos
derivados
Existem dois tipos fundamentais de instrumentos financeiros:

Ativos financeiros (também chamados valores mobiliários)

Produtos derivados

Instrumentos Financeiros

Valores Mobiliários

Produtos Derivados
Ativos financeiros são direitos sobre rendimentos gerados
por ativos reais, não sendo mais do que meros registos que
apenas indiretamente contribuem para a capacidade
produtiva da economia.

São valores mobiliários que conferem ao seu titular um


direito de crédito, como o caso das obrigações, ou um
direito de propriedade sobre a entidade emitente, como o
caso das ações.

Valores mobiliários são documentos emitidos por empresas ou


outras entidades, em grande quantidade, que representam
direitos e deveres, podendo ser comprados e vendidos,
nomeadamente na Bolsa.
Para as empresas que os emitem, representam uma forma
de financiamento alternativa ao crédito bancário.

Para os investidores, são um modo de aplicação de


poupanças alternativo aos depósitos bancários e a outros
produtos financeiros, que se caracteriza por oferecer níveis
diferentes de risco e rendibilidade.
Exemplos de valores mobiliários:

1. Ações
2. Obrigações
3. Unidades de Participação em Fundos de Investimento
4. Unidades de titularização de créditos.
5. Títulos de Participação
6. Direitos destacados dos valores mobiliários
7. Warrants Autónomos
8. Certificados
9. Valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis
10. Valores mobiliários convertíveis por opção do emitente
(reverse convertibles)
11. Valores mobiliários condicionados por eventos de
crédito (credit linked notes)
Ações
São valores mobiliários que representam uma parcela do capital social de
uma sociedade anónima.

Ao adquirir ações, o investidor passa a ser sócio (acionista)


da empresa, o que significa que tem acesso aos benefícios
dessa empresa, mas também aos seus riscos.

Os direitos do acionista variam em função do número e da


categoria de ações detidas.

Existem diversos tipos de ações, sendo as mais comuns as


ações ordinárias.
Direitos
As ações conferem aos investidores, nomeadamente, o direito:

 Estar presente nas reuniões da Assembleia Geral e a votar, nas


condições estipuladas no contrato da sociedade
 A ser informado sobre os negócios da sociedade, em
determinadas condições
 A participar nos lucros da sociedade e a receber dividendos, na
proporção das ações detidas
 A receber a quota de liquidação quando a sociedade seja extinta
e na medida em que existam bens no seu património a distribuir
após o pagamento de todos os credores
 A decidir quanto à preferência na subscrição de novas ações,
quando da realização de aumentos de capital social por
entradas em dinheiro
Nota:

Nos estatutos das sociedades podem encontrar-se outros


direitos e deveres dos investidores, bem como, limitações
ao exercício do direito de voto.

As sociedades com ações cotadas na bolsa são obrigadas a


divulgar os seus estatutos no respectivo site na internet.
Obrigações
Obrigações são valores mobiliários que representam uma parte de um
empréstimo contraído por uma empresa ou entidade junto dos
investidores.

Podem emitir obrigações as sociedades anónimas, as


sociedades por quotas, o Estado, as autarquias locais e outras
entidades (como as cooperativas).

Ter obrigações significa, portanto, ser credor de um emitente.

Decorrido um determinado período, o investidor terá direito a


receber o valor que inicialmente investiu (a não ser que a
obrigação seja perpétua) e, periodicamente, receberá juros, se
estes tiverem sido acordados.
Tipos de Obrigações

Consoante os tipos de obrigações, são fixados, no


momento da emissão:

O valor nominal, que corresponde ao valor que será


reembolsado no final do respectivo prazo.

O prazo do empréstimo e, por conseguinte, a duração das


obrigações;

A existência e periodicidade do pagamento de juros;

A taxa de juro aplicável (fixa ou variável).


Risco de Crédito
O investidor deve ter em atenção que o investimento em
obrigações pode constituir uma alternativa aos depósitos
bancários, em termos de rendibilidade, mas incorpora risco
de crédito,

ou seja,

existe a possibilidade de o investidor não receber o valor


investido e/ou os juros, se o emitente enfrentar dificuldades
financeiras ou entrar em insolvência.
Direitos
As obrigações conferem aos investidores, nomeadamente, o
direito:

 Receber um juro com a periodicidade fixada ou no fim do


prazo de empréstimo, conforme o que tiver sido estabelecido
no momento da emissão
 A ser informado sobre os negócios da sociedade, em
determinadas condições
 A ter conhecimento das decisões dos acionistas e participar
nas assembleias-gerais através da nomeação de um
representante comum dos obrigacionistas
 A ser informado quanto ao andamento dos negócios da
sociedade, através do representante comum dos
obrigacionistas
Unidades de participação
Unidades de participação são valores mobiliários, sem valor nominal,
que correspondem a uma das parcelas em que se divide o património de
um fundo de investimento.

Os fundos de investimento são organismos de investimento


coletivo, constituídos pelas poupanças de vários
investidores.

O conjunto dessas poupanças constitui um património


dividido em partes iguais, com as mesmas características e
sem valor nominal, designadas por unidades de
participação.
Unidades de titularização de créditos
Os fundos de titularização de créditos são organismos de investimento
colectivo tal como os fundos de investimento, constituídos pelas poupanças
de vários investidores, cujo património é composto por créditos.

À semelhança das unidades de participação, as unidades de


titularização são as parcelas em que se divide o património
de um fundo de titularização de créditos, cujo valor nominal
é definido no regulamento de gestão do fundo.

Podem existir unidades de titularização de diferentes


categorias (que conferem direitos iguais entre si mas
diferentes das demais), por exemplo, de acordo com o grau
de preferência no pagamento dos rendimentos periódicos ou
no reembolso do valor nominal.
Títulos de participação
Títulos de participação são valores mobiliários tendencialmente perpétuos,
que conferem direito a uma remuneração com duas componentes: uma fixa
e outra variável, ambas determinadas sobre uma percentagem do valor
nominal do título de participação.

Os títulos de participação podem ser emitidos por empresas


públicas e por sociedades anónimas detidas
maioritariamente pelo Estado.

O valor nominal dos títulos de participação é o valor


inscrito no título ou no registo, que corresponde ao
montante do empréstimo e só excepcionalmente será
restituído ao investidor, servindo de base ao cálculo da
remuneração fixa e variável.
Direitos

Direito conferidos aos detentores de títulos de participação

 Receber uma remuneração anual, composta pela parte fixa


e pela parte variável
 Tomar conhecimento dos negócios das entidades que os
emitem, nos mesmos termos previstos para os acionistas
 Reunir e deliberar em assembleia de detentores de títulos de
participação para apreciar assuntos de interesse comum
 Eleger um representante comum dos detentores de títulos
de participação, que os representa perante a sociedade

Os títulos de participação só são reembolsáveis se as entidades que os emitem o


decidirem, mas nunca antes de terem decorridos 10 anos desde a sua emissão, ou se
essas entidades entrarem em falência.
Direitos destacados dos valores mobiliários
Alguns valores mobiliários conferem direitos que podem ser destacados e
negociados separadamente, por exemplo, em bolsa. Estes direitos
destacados são valores mobiliários e têm como principal característica o
prazo de duração muito curto.

Exemplos:
 Direitos de subscrição
 Direitos de incorporação.
Direitos de subscrição
Quando as sociedades decidem aumentar o capital social através da
emissão de novas ações, os investidores que já detenham ações dessa
sociedade terão, em regra, preferência na compra das que serão emitidas.

Das ações existentes são destacados novos valores


mobiliários, chamados direitos de subscrição. Estes valores
mobiliários são negociados separadamente das ações,
normalmente durante um mês, e conferem aos investidores
o direito a subscrever novas ações da sociedade, ao preço
que for fixado na deliberação de emissão.

No fim do período em que podem ser negociados ou


exercidos, os direitos de subscrição caducam, deixando de
existir.
Direitos de incorporação
Todas as empresas podem destinar anualmente uma parte dos lucros para
constituição de reservas, devendo a reserva atingir pelo menos 1/5 do
capital social. Essa reserva pode ser incorporada no capital social, dando
lugar à emissão de novas ações e à atribuição de “direitos de incorporação”
aos acionistas.

Ao contrário do que sucede nos direitos de subscrição,


nos direitos de incorporação o titular não tem de pagar
para receber as ações.

Os direitos de incorporação podem, nalgumas


situações, ser negociados autonomamente.
Outros valores mobiliários mais complexos e menos
comuns
Além dos valores mobiliários tipicamente conhecidos e
apresentados na seção anterior, existem, igualmente,
outros valores mobiliários de natureza mais complexa e
menos comuns em CaboVerde, tais como:
Warrants autónomos
Warrants autónomos são valores mobiliários com uma duração limitada,
que conferem ao investidor um direito sobre outros valores mobiliários ou
ativos financeiros, designados “ativos subjacentes”.

• Os warrants podem ser emitidos por bancos, por sociedades


de investimento, pelo Estado, por sociedades anónimas
(desde que os ativos subjacentes sejam valores
mobiliários próprios) e por outras instituições de crédito e
sociedades financeiras de corretagem previamente
autorizadas pelo Banco de Cabo Verde.

• Podem, ainda, emitir warrants autónomos, as entidades que


tenham uma garantia prestada por outra entidade idónea.
O conceito de ativo subjacente abrange,
nomeadamente, ações, obrigações, índices bolsistas,
taxas de juro ou taxas de câmbio.
Exemplo:
Uma emissão de warrants autónomos sobre ações pode
conferir ao investidor o direito a comprar ou a vender essas
ações numa data pré-determinada.

O investidor tem sempre a possibilidade de optar por


exercer ou não o seu direito.
O warrant confere, portanto, um direito e não uma
obrigação.
Direitos

Direito conferidos aos investidores:

 A comprar o ativo subjacente


 A subscrever o ativo subjacente
 A vender o ativo subjacente
 A receber uma diferença em dinheiro entre dois preços – o
preço do ativo subjacente no momento de exercício e o
preço de exercício

TIPOS DE WARRANTS:
existem warrants de compra (ou call warrants) e warrants de venda (ou put
warrants). Nos primeiros, é conferido ao detentor o direito a comprar o ativo
subjacente, enquanto nos segundos é conferido o direito a vender o ativo
subjacente.
Certificados
Os certificados são valores mobiliários, emitidos por Bancos ou Sociedades
de investimento, que têm uma duração limitada e atribuem aos
investidores o direito a receber em dinheiro o valor de um ativo subjacente
numa data determinada, nas condições fixadas na deliberação da emissão.

Contudo, pode ser estabelecido pela empresa que os


emite:
Um limite máximo dos ganhos que cada investidor pode
obter;
A garantia de recebimento de um valor mínimo, ou seja, a
garantia de que cada investidor vai sempre receber uma
determinada quantia fixa, que pode ser igual, inferior ou
superior ao valor inicialmente investido;
Que o valor do ativo subjacente não seja apurado num único
momento, mas em diferentes momentos no tempo.
VM obrigatoriamente convertíveis
Os valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis são valores, emitidos
pelos Bancos e outras entidades autorizadas pela AGMVM, com duração
limitada que obrigam a empresa que os emite a entregar ao investidor,
numa determinada data, uma quantidade de ações ou obrigações.

As ações ou obrigações a entregar ao investidor são


emitidas pela mesma empresa que emite o valor
mobiliário obrigatoriamente convertível ou por outra
empresa integrada no seu grupo.
VM Convertíveis por opção do emitente
(Reverse convertibles)

Os valores mobiliários convertíveis por opção do emitente são valores


mobiliários, emitidos por Bancos e outras entidades autorizadas pela
AGMVM, com uma duração limitada, que dão à empresa que os emite a
possibilidade de escolher entre:

(i) entregar ao investidor uma determinada quantia em dinheiro,


correspondente ao valor nominal do valor mobiliário; ou
(ii) entregar ao investidor uma determinada quantidade de ações ou obrigações
ou o respectivo valor em dinheiro na data fixada para a entrega.
As ações e obrigações só podem ser entregues ao investidor se o
valor do ativo subjacente for inferior ao valor de referência
fixado na altura da emissão.

À semelhança dos certificados e dos valores mobiliários


obrigatoriamente convertíveis, o investimento em valores
mobiliários convertíveis por opção do emitente pode implicar a
perda total do montante investido.

Apesar de o investidor só poder vir a receber ações ou


obrigações, o ativo subjacente aos valores mobiliários
convertíveis por opção do emitente pode ser constituído por
ações e obrigações (as que podem ser entregues ou outras),
índices de valores mobiliários, índices de índices ou cabazes de
mobiliários.
VM condicionados por eventos de crédito
(Credit Linked Notes)
Os valores mobiliários condicionados por eventos de crédito, emitidos por
Bancos e outras entidades autorizadas pela AGMVM, têm duração
limitada e conferem aos investidores o direito a receber, numa data
previamente fixada, uma quantia em dinheiro ou valores mobiliários
representativos da dívida de uma empresa, desde que se verifiquem
determinados eventos (chamados eventos de crédito). .

Estes eventos de crédito são definidos nas condições da


emissão pela entidade que emite os valores mobiliários.
Os eventos de crédito podem ser, por exemplo, situações
em que uma empresa não cumpra as suas obrigações de
pagamento relativas a empréstimos obrigacionistas ou a
determinados contratos.
São valores mobiliários representativos da dívida de uma
empresa, por exemplo, as obrigações.

Podem ser entregues ao investidor valores mobiliários que


sejam representativos da dívida de uma empresa diferente
da empresa emitente dos valores mobiliários
condicionados por eventos de crédito, desde que sejam
negociados em bolsa.
Derivados

Os produtos derivados são uma importante classe de


instrumentos financeiros que oferecem proteção contra
vários tipos de risco e permitem estratégias inovadoras de
arbitragem e de investimento.

Um derivado é um contrato celebrado no momento presente entre um


comprador e um vendedor relativamente a uma transação a ser liquidada
no futuro.

Derivados:
 NÃO são valores mobiliários
 Mas alguns SÃO transacionados em bolsa
Os produtos derivados são instrumentos financeiros cujo
valor flutua com o preço do ativo subjacente que pode ser
ações, obrigações, hipotecas, taxas de juro, ou índices de
ações.

O mercado de derivados engloba


os contratos forward,
os futuros,
as opções,
os swaps e
ainda produtos derivados de crédito como os credit default
swaps (CDS).
Futuros
Existem produtos financeiros que permitem aos
investidores:
 Por um lado, controlar o risco e assegurar a rendibilidade do investimento,
garantindo o preço de um bem no futuro;
 Por outro lado, tirar partido de uma previsão sobre a evolução dos preços.

Permitem também ao investidor precaver-se quando a


previsão é a de descida dos preços.

Este tipo de contratos designa-se “contratos de futuros”.

São, portanto, contratos padronizados de compra e venda a prazo, pelo


qual duas partes (o comprador e o vendedor) acordam um preço relativo a
uma transação futura de determinado produto ou ativo.
Exemplo

 Um investidor que tenha hoje 100 ações cuja cotação é 1.000$, pode
celebrar hoje um contrato em que assume a obrigação de as vender,
passados 12 meses a 1.100$, procurando não só evitar uma eventual
descida da cotação das ações, mas também assegurar uma rendibilidade
de 100$ nesse período descontada do preço do contrato.

 Outro investidor que preveja uma subida da cotação das mesmas ações,
no prazo de 12 meses, para 1.200$, pode também celebrar hoje um
contrato em que assume a obrigação de comprar essas ações no final
dos 12 meses a 1.100$.

 Se a sua expetativa se confirmar e não tivesse celebrado este contrato,


para adquirir as ações, o investidor teria de as comprar em bolsa
pagando 1.200$. Celebrando este contrato e tendo assumido o
compromisso de as comprar a 1.100$, o investidor pode tirar partido da
sua previsão e beneficiar da diferença entre esse valor e a cotação,
acrescido do preço pago pelo contrato.
Opções
São contratos estabelecidos entre duas partes, através dos quais o
comprador adquire o direito de comprar (opção de compra ou call option)
ou de vender (opção de venda ou put option) um ativo (ativo subjacente),
durante um certo período de tempo, por um preço estabelecido no
momento de celebração do contrato (o preço de exercício), pagando para
isso um prémio.

Da definição de opção podem distinguir-se quatro


posições possíveis que o investidor pode assumir num
investimento desse tipo, em particular:

Comprador/ Vendedor de uma opção de compra

Comprador/ Vendedor de uma opção de venda


CALL PUT
(Opção de Compra) (Opção de Venda)
Paga o prémio e adquire o Paga o prémio e adquire o
Comprador direito de comprar um ativo direito de vender um ativo ao
ao preço de exercício. preço de exercício.
Recebe o prémio e assume o Recebe o prémio e assume o
Vendedor compromisso de vender um compromisso de comprar um
ativo ao preço de exercício. ativo ao preço de exercício .
Exemplo 1 - PUT

 Retomando o mesmo exemplo, um investidor que tenha


hoje 100 ações cuja cotação é 1.000$, pode celebrar hoje
um contrato que lhe confira o direito a vender, se assim
o entender, passados 12 meses a 1.100$.

 Se a cotação das ações se mantiver ou descer no final desse


período, o investidor, descontando o valor pago pelo contrato,
poderá vender as ações assegurando uma determinada
rendibilidade.

 Se, pelo contrário, a cotação das ações subir poderá optar por
não as vender a esse preço, efetuando a venda, na bolsa a uma
cotação mais elevada.
Exemplo 2 - CALL

 Outro investidor que preveja uma subida da cotação das


mesmas ações, no prazo de 12 meses, para 1.200$, pode
também celebrar hoje um contrato que lhe confira o
direito de comprar essas ações no final dos 12 meses a
1.100$.

 Se a sua expetativa se confirmar e não tiver celebrado este


contrato, para adquirir as ações o investidor terá que as comprar
em bolsa pagando 1.200$ pelas mesmas.

 Celebrando este contrato, o investidor poderá comprá-las a


1.100$, tirando partido da sua previsão e beneficiando da
diferença entre esse valor e a cotação, ou seja, 100$, descontado
do preço pago pelo contrato.
 Caso as cotações desçam, o investidor pode optar por não
comprar, perdendo, nesse caso, o preço pago pelo contrato.
AS DIFERENÇAS ENTRE OPÇÕES E FUTUROS

 A principal diferença entre os contratos de futuros e os contratos de


opções reside na fixação ou não de obrigações para as partes:

 Nos futuros, tanto o comprador como o vendedor do contrato


assumem a obrigação de comprar ou vender o ativo subjacente (por
exemplo ações, taxas de juro ou taxas de câmbio) numa data futura a
um preço estabelecido no presente;

 Nas opções, o comprador do contrato (que paga o prémio) não


assume nenhuma obrigação, adquirindo apenas o direito a comprar
ou vender o ativo subjacente.
 A obrigação é exclusiva do vendedor do contrato (que recebe o
prémio), que fica sujeito à opção tomada pela outra parte (de comprar
ou vender).
Os contratos de futuros e de opções são chamados
instrumentos financeiros derivados porque:
i. não são valores mobiliários (a sua natureza e a forma como
são negociados são diferentes); e
ii. são criados com base noutro valor, ou dito de outra forma,
são “derivados de outros valores” (o ativo subjacente).

Os instrumentos financeiros derivados são negociados em


mercados especiais – os mercados a prazo.

Há valores mobiliários que apresentam muitas semelhanças


com os contratos de opção, como os warrants autónomos.
Atenção

Uma confusão habitual é a seguinte:


Valores mobiliários Ativos transacionados em Bolsa

 Alguns são valores mobiliários


 Alguns são transacionados em bolsa.

 È importante perceber bem o que distingue os valores mobiliários


dos valores não mobiliários (Existência de uma Entidade
Emitente)

 É importante perceber que há valores mobiliários não negociados


em bolsa (como por exemplo, as ações de empresas não cotadas)
e que há valores transacionados em bolsa que não são valores
mobiliários (como por exemplo, os futuros e as opções)
Conclusão

 Existe uma grande variedade de instrumentos financeiros


 Com perfis muito diferente de risco e rendibilidade

 Além dos valores mobiliários, podem ser negociados em bolsa


instrumentos financeiros derivados (nomeadamente, futuros e
opções).

 Neste momento este tipo de instrumentos não é negociado na


Bolsa de Cabo Verde.

 Podem ser emitidos outros valores mobiliários além dos aqui


descritos, pelo que o investidor deve informar-se sempre sobre as
caraterísticas de cada instrumento antes de o adquirir.
Investimento em Instrumentos Financeiros

Quando se pondera efetuar investimentos financeiros há


princípios e caraterísticas básicas dos ativos e dos
investidores que devem ser tidos em conta.

Primeiro:
 devem-se considerar os objetivos prosseguidos pelos
investidores, que podem ser, por exemplo para os investidores
particulares, o adiamento do consumo, a acumulação de fundos
para aquisição de um bem de consumo duradouro como um
automóvel ou de um bem de investimento como uma casa, o
financiamento da educação dos filhos, a proteção contra
emergências como desemprego ou problemas de saúde, ou
ainda a constituição de uma empresa.
Segundo:
A escolha do ativo ou ativos financeiros, dependerá em
segundo lugar do grau de aversão ao risco do investidor.
Com os mesmos objetivos definidos para os seus
investimentos, investidores mais propensos ao risco
procuram ativos com maiores rendibilidades, embora à custa
de um maior risco, em comparação com investidores mais
avessos ao risco que sacrificam rentabilidade em favor de
um menor risco.
Terceiro:
Em terceiro lugar a idade, a riqueza e as perspetivas de
obtenção de rendimento futuro desempenham um papel
fundamental na seleção da classe de ativos.

Investidores mais jovens poderão investir uma maior


percentagem do seu portefólio em ações, que historicamente
têm oferecido rentabilidades superiores a outros ativos, mas
que dado o seu elevado risco serão mais indicados como
investimento a longo prazo.
Investidores mais próximos da idade da reforma, com
perspetivas de redução dos seus rendimentos no futuro, e
mais expostos à possibilidade de um bear market deverão
investir uma maior percentagem do seu portefólio em ativos
com menos risco, como depósitos a prazo e obrigações.
Funções dos Ativos Financeiros
São duas as funções desempenhadas pelos ativos
financeiros:

1) Servem de suporte contratual à transferência de poupança


gerada pelos agentes excedentários para financiar
investimentos em ativos reais dos agentes deficitários.

2) Transferência/partilha de risco da esfera individual do


emitente para a esfera individual do investidor
O grau de partilha de risco entre o emitente e o investidor é
função da natureza dos direitos conferidos pelo ativo
direitos de capital têm um risco superior aos direitos de
dívida

A existência de informação assimétrica entre o emitente e o


investidor é um problema relevante associado a
transferência de risco.

Nota:
Na prática não há como anular a presença de informação
assimétrica numa decisão de investimento. O emitente
saberá sempre mais sobre si próprio que o investidor.
Propriedades dos Ativos Financeiros
 Os ativos financeiros servem de suporte à transferência de
fundos de agentes que os têm em excesso para agentes que
deles necessitam para investir em ativos reais.

 Os ativos financeiros têm determinadas caraterísticas


(propriedades) que influenciam as preferências do investidor,
nomeadamente:
 Liquidez,
 Rendimento,
 Risco,
 Complexidade
 Reversibilidade
 Convertibilidade
 Moeda de denominação
 Maturidade e
 Tratamento fiscal.
Liquidez
 A liquidez diz respeito à possibilidade de um ativo financeiro ser
convertido de forma rápida e com baixo custo em meios imediatos
de pagamento e que são considerados moeda em sentido estrito.

 A liquidez é uma propriedade muito relevante quando se pondera o


investimento num ativo financeiro.

 Pode-se dizer que a liquidez é a velocidade e facilidade com que


um ativo pode ser transformado em moeda.

 O grau de liquidez de um ativo depende:


Da rapidez do processo de conversão do ativo em moeda;
Dos custos associados ao processo de conversão;
 Do nível de certeza relativo ao preço que o ativo pode ser convertido
em moeda.
Rendimento
Os ativos financeiros proporcionam rendimento (embora
também possam originar perdas) ao investidor.

Esses rendimentos podem ser monetários, como no caso de


juros periódicos pagos por uma obrigação e pelo dividendo
distribuído no caso de uma ação, ou podem ser não monetários
como opções para aquisições de mais ações ou outros ativos.

O rendimento pode classificar-se como real ou nominal,


conforme se tem em conta ou não a taxa de inflação, e em
líquido ou ilíquido conforme se considerem ou não os
impostos.
Risco
O risco é a propriedade básica dos ativos financeiros e um
determinante muito importante do seu valor e rendibilidade.

O risco de um ativo financeiro ocorre quando a rendibilidade


proporcionada no futuro não é conhecida.

Risco = Incerteza
O risco pode ser quantificado usando uma medida da
variabilidade das rendibilidades , como o desvio padrão (a mais
utilizada) ou outra como a dimensão do intervalo das
rendibilidades possíveis.

Em geral, a taxa de rendibilidade requerida pelos investidores


é uma função positiva do risco associado aos investimentos.
Complexidade
 Um ativo financeiro é complexo quando engloba dois ou mais
ativos considerados básicos.

 Exemplo:
 Obrigação convertível em ação
 Este ativo combina caraterísticas de uma obrigação clássica com caraterísticas
das ações ordinárias.

 Para avaliar este tipo de ativo complexo, deve-se fazer a sua


decomposição nos ativos básicos que o compõem, avaliá-los
individualmente, e o valor final do ativo complexo será a
agregação dos valores dos ativos básicos.

 É graças à inovação/engennharia financeira que surgiram estes


ativos complexos.
Reversibilidade
É a possibilidade de o investidor poder reverter o seu
investimento e tentar recuperar o seu investimento (ou
parte dele).

Nem todos os ativos garantem a revesibilidade total e


imediata do investimento

Exemplo:
Depósitos a prazo garantem, geralmente, a totalidade do
investimento
Outros ativos podem não garantir a totalidade do
investimento
Convertibilidade
É a possibilidade de converter (transformar) um ativo num
outro ativo.
Pode ser da mesma natureza (ou categoria) ou de natureza
distinta:

Exemplo:
1) Obrigação do tipo A convertível em obrigação tipo B do
mesmo emitente
2) Obrigação convertível em ações

Os detalhes da conversão geralmente vêm incluídas na


ficha técnica do produto.
Moeda de denominação
É a unidade monetária pela qual o ativo é emitido.

Exemplo:
Geralmente, em Cabo Verde, os ativos são emitidos na moeda
nacional, mas é possível que algum atio seja emitido numa
moeda estrangeira, n
Maturidade
Quando se investe em ativos financeiros deve-se ter em conta a
duração do investimento, ou seja, a sua maturidade.

Designa-se por maturidade o intervalo de tempo até à data


em que o activo proporciona o seu último pagamento, ou até
à data em que o seu detentor pode exigir a liquidação.

Existem ativos financeiros, onde a maturidade pode variar entre


um dia e algumas décadas, no caso de obrigações clássicas.
Existem ainda alguns ativos sem maturidade completamente
definida como as obrigações com opções incorporadas e outros
emitidos sem maturidade como as ações ou as perpetuidades.
Tratamento Fiscal
É importante ter ainda em conta aspectos de natureza fiscal
dos ativos financeiros.

Por exemplo, o tratamento fiscal diferenciado entre ganhos


de capital e dividendos, ou entre ganhos de capital de curto
prazo e de longo prazo podem ter implicações no processo
de investimento.

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