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Fechamento de Balanço © - 1

FECHAMENTO DE BALANÇO ©
Autor: Paulo Henrique Teixeira

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SUMÁRIO

I – LUCRO REAL

1. APURAÇÃO DO LUCRO REAL


1.1 Momento de opção pelo regime de tributação
1.2 Obrigatoriedade da apuração pelo lucro real anual ou trimestral
1.3 Limitação da compensação do prejuízo fiscal e da base negativa da CSSL
1.4 Lucro Real Trimestral
1.5 Lucro Real Anual
1.5.1 Com base no faturamento, acrescido das demais receitas.
1.5.2 Com base em Balancetes de Suspensão ou Redução do Imposto.
1.5.3 Alíquotas e adicional do Imposto de Renda
1.6 Lucro Real Anual – Contribuição social sobre o lucro
1.6.1 Apuração Anual da CSLL, com recolhimentos mensais sobre a base de cálculo estimada
1.6.2 Balanços de Suspensão ou Redução no Pagamento da CSLL
1.6.3 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - alíquotas
1.6. 4 Informações na DCTF

2. REVISÃO NAS CONTAS DO DISPONÍVEL


2.1 Balanço de Abertura – mudança do Lucro Presumido/Simples para o Lucro Real
2.2 Documentos e lançamentos que influenciam no pagamento do Imposto de Renda, relativos às
contas Caixa e Bancos
2.3 Diferença entre a contabilização dos rendimentos da Renda Fixa e Renda Variável e o
reflexo tributário

3. REVISÃO NAS CONTAS DO REALIZÁVEL A CURTO PRAZO


3.1 Duplicatas a Receber - Clientes
3.1.1 Revisões nas contas de duplicatas a receber para evitar a contabilização a maior de receitas
3.1.2 Duplicatas que podem ser baixadas como perdas e reduzir o lucro tributável
3.1.3 Comissões dedutíveis na venda com cartões de crédito e encargos financeiros de bancos
sobre duplicatas a receber
3.2 Adiantamentos e outros créditos
3.2.1 Adiantamento a fornecedor pendente de nota fiscal – efeitos fiscais
3.2.2 Acerto de adiantamento de viagens até 31.12 – efeitos tributários
3.2.3 Adiantamento a Funcionários

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3.2.4 Outros créditos – redução do lucro tributável


3.2.5 Despesas antecipadas
3.3 VARIAÇÕES CAMBIAIS E ATUALIZAÇÕES DE CRÉDITOS
3.3.1Variação Cambial – aspectos tributários
3.3.2 Contabilização da atualização de créditos de anos anteriores -evitando a tributação
3.4 IMPOSTOS A RECUPERAR
3.4.1 Revisão das contas de retenção de Imposto de Renda e de outros tributos
3.4.2 Compensação de tributos federais de espécies diferentes
3.4.3 Atualização dos Tributos pagos a maior ou indevidamente pela Selic
3.4.4 Saldo credor do ICMS/IPI

4. ESTOQUES
4.1 Análise nas contas de estoque
4.2 AVALIAÇÃO DAS MERCADORIAS P/ REVENDA E MATÉRIAS-PRIMAS
4.2.1 Custo Médio
4.2.2 PEPS
4.2.3 Custo arbitrado de Mercadorias e Matérias Primas
4.3 AVALIAÇÃO DO CUSTO DE PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS
4.3.1 Custo integrado e coordenado com o restante da escrituração contábil
4.3.2 Custo Padrão
4.3.3 Custo Arbitrado

5. ATIVO NÃO CIRCULANTE


5.1 Créditos Realizáveis
5.2 Depósitos judiciais e outros créditos realizáveis – não atualização
5.3 Contabilização de incentivos fiscais
5.4 Baixa de ativos fictícios
5.5 Empréstimos de mútuo

6. ATIVO INVESTIMENTOS
6.1 Investimentos relevantes em Coligadas/Controladas
6.2 Investimentos não relevantes

7. ATIVO IMOBILIZADO
7.1 Considerações gerais e taxas de depreciação
7.2 Bens usados – à taxa maior de depreciação
7.3 Depreciação acelerada contábil (em função dos turnos)
7.4 Depreciação acelerada – 100% - para benfeitorias e máquinas que aumentem a produtividade
da empresa
7.5 Diferimento da tributação na alienação de bens do ativo permanente
7.6 Bens de pequenos valores
7.7 Reavaliação de bens
7.8 Ajuste de Avaliação Patrimonial
7.9 Depreciação acelerada Indústrias que fabricam bens de capital
7.10 Depreciação acelerada fabricantes de veículos e autopeças
7.11 Depreciação Acelerada incentivada – créditos CSLL, PIS E COFINS – na aquisição de
máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos

7A – ATIVO INTANGÍVEL

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8. ATIVO DIFERIDO
8.1 Considerações Gerais

9. PASSIVO CIRCULANTE
9.1 FORNECEDORES
9.1.1 Revisão nas contas de fornecedores
9.1.2 Notas fiscais não contabilizadas - dedução do IRPJ e CSSL
9.1.3 Notas fiscais emitidas no exercício seguinte e a sua dedutibilidade no Balanço
9.1.4 Encargos financeiros lançados indevidamente nas contas de fornecedores - dedutibilidade
9.2 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
9.2.1 Juros e atualização monetária – dedutibilidade pelo regime de competência
9.2.2 IOF
9.2.3 Contabilização de variações monetárias passivas – redução do lucro tributável
9.3 TRIBUTOS NÃO RECOLHIDOS ATÉ A DATA DO BALANÇO
9.3.1 Tributos não contabilizados – dedução do lucro tributável
9.3.2 Juros e multas de mora sobre tributos não pagos – redução do IRPJ e CSSL
9.3.3 Dedutibilidade das Multas e juros de mora por atraso do IRPJ e CSSL
9.4 PARCELAMENTOS DE TRIBUTOS
9.4.1 Juros sobre parcelamentos - regime de competência
9.4.2 Dedutibilidade dos tributos, multas e juros parcelados e não contabilizados
9.5 CONTAS A PAGAR
9.5.1 Obrigações contabilizadas pelo regime de caixa e dedutíveis pelo regime de competência
no balanço
1.Água, luz, telefone
2. Seguros de vida, acidentes e outros pagos mensalmente
3. Seguros de cargas e transportes de mercadorias
4. Despesas de Leasing
5. Aluguel a pagar
6. Notas fiscais emitidas no início do ano posterior, mas referentes a serviços do ano do
encerramento do balanço
7. Notas fiscais referentes ao encerramento do balanço, mas pagas e contabilizadas no mês
seguinte ao encerramento do balanço
8. Outras despesas referentes ao exercício que devem ser apropriadas pelo regime de
competência e pagas no exercício seguinte
9. Comissão a pagar a representantes comerciais, desde que líquida e certa
10. Comissões a pagar sobre vendas com cartão de crédito (taxa cartão de crédito e juros
antecipação cartão de créditos).
9.5.2 Consórcios Contemplados a pagar – dedução dos valores ativados e variações monetárias
9.6 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO
9.7 PROVISÕES TRABALHISTAS E ENCARGOS DEDUTÍVEIS
9.7.1 Provisão de férias e encargos
9.7.2 Provisão de 13º salário e encargos sociais
9.7.3 Participação dos trabalhadores nos lucros
9.7.4 Reclamatórias trabalhistas

10. PASSIVO NÃO CIRCULANTE


10.1 Regras gerais
10.2 Contratos e parcelamentos a longo prazo – dedutibilidade das variações monetárias, juros,
multas e encargos

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11. RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS


11.1 Considerações
11.2 Diferença entre faturamento antecipado e entrega futura

12. PATRIMÔNIO LÍQUIDO


12.1 Revisão das contas do Patrimônio Líquido

13. RECEITAS
13.1 Receita Operacional Bruta
13.2 Conferência das Receitas com os livros fiscais
13.3 Vale pedágio
13.4 Receitas de contratos com entidades governamentais - diferimento do lucro
13.5 Receitas de contratos a longo prazo

14.CUSTOS E DESPESAS
14.1 CUSTOS
14.1.1Custo de produção = (MP + MO + GGF)
14.1.2 Diferença entre custos e despesas
14.1.3 Análise nas contas de Custos
14.1.4 Revisão nas contas de Custos
14.2 DESPESAS
14.2.1 Classificação das despesas
14.2.2 Revisão nas contas de despesas

15. DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS


15.1 Lucros distribuídos aos sócios após o encerramento do exercício
15.2 Lucros distribuídos aos sócios antes do encerramento do exercício
15.3 A distribuição de lucros apurados não sofre a incidência do INSS de 20%.
15.4 Distribuição de lucros ou dividendos por pessoa jurídica em débito para com a Fazenda
Nacional

16.COMPENSAÇÕES AO LUCRO REAL - PREJUÍZOS FISCAIS


16.1 Prejuízo fiscal x prejuízo contábil
16.2 Compensação de prejuízos não operacionais
16.3 Compensação de prejuízos: incorporação, fusão e cisão
16.4 Compensação de prejuízos – tributação pelo lucro presumido e retorno ao Lucro Real
16.5 Compensação contábil de prejuízos

17. ADIÇÕES E EXCLUSÕES AO LUCRO REAL


17.1 Livro LALUR
17.2 Adições ao Lucro Real - parte “A” do LALUR
17.3 Exclusões ao Lucro Real – parte “A” do LALUR

18. ADIÇÕES E EXCLUSÕES À BASE DE CÁLCULO DA CSLL


18.1 Adições
18.2 Exclusões

19. LIVROS OBRIGATÓRIOS PARA FINS DO LUCRO REAL


19.1 Livros Obrigatórios
19.2 Sistema Escritural Eletrônico

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19.3 Hipóteses de arbitramento do lucro por falta de escrituração contábil


19.4 Livros fiscais obrigatórios em função da Legislação do ISS, ICMS e IPI

19 A – OBRIGATORIEDADE DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL DIGITAL

20. OMISSÃO DE RECEITA


20.1 Saldo Credor de Caixa, Falta de Escrituração de Pagamento, Manutenção no Passivo de
Obrigações Pagas e Falta de Comprovação do Passivo
20.2 Suprimentos de Caixa
20.3 Falta de Emissão de Nota Fiscal
20.4 Arbitramento da Receita por Indícios de Omissão
20.5 Levantamento Quantitativo por Espécie
20.6 Depósitos Bancários
20.7 Tratamento Tributário

21. PAT – PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR

22. DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA - CRÉDITO DA CSLL, PIS E COFINS

II – LUCRO PRESUMIDO

23. ASPECTOS GERAIS DO LUCRO PRESUMIDO


23.1 Momento de opção pelo regime de tributação
23.2 Opção pelo Lucro Presumido
23.3 Cálculo do PIS e COFINS influenciam na escolha da tributação mais favorável à empresa
23.4 Base de cálculo do imposto
23.5 Valores acrescidos à Base de Cálculo
23.6 Alíquota e adicional
23.7 Contribuição social sobre o Lucro Presumido – base de cálculo e alíquotas

24. PROCEDIMENTOS PARA A APURAÇÃO DO LUCRO PRESUMIDO


24.1 Conferência das Receitas com os livros fiscais
24.2 Deduções da Receita Bruta que reduzem cálculo do Lucro Presumido
24.3 Demais Receitas que não compõem a base de cálculo do Lucro Presumido

25. LUCRO PRESUMIDO - REGIME DE CAIXA


25.1 Regime de Caixa – tributação por ocasião do recebimento
25.2 Vantagem da tributação do lucro presumido pelo regime de caixa
25.3 O que é o regime de caixa?
25.4 Qual é a base legal para este procedimento?
25.5 Como fica a Contabilidade pelo Regime de Caixa? Não bagunça?
25.6 E a base legal?
25.7 Em qual conta contábil serão controlados os recebimentos?
25.8 E a duplicata não recebida? Como fica a tributação?

26. LUCRO PRESUMIDO - DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS


26.1 Qual a diferença entre distribuir o Lucro Presumido com base na Contabilidade Regular e
no Livro Caixa?
a) Regra pelo livro caixa
b) Regra pela escrituração contábil

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26.2 Qual é a base legal para distribuir o lucro presumido com base no Balanço Contábil?
26.3 Pode ser distribuído o lucro presumido antes do encerramento do balanço?
26.4 Incide o INSS sobre a distribuição antecipada de lucros?
26.5 Distribuição de lucros ou dividendos por pessoa jurídica em débito para com a Fazenda
Nacional

27. ENQUADRAMENTO DAS ATIVIDADES NAS ALÍQUOTAS

28. LIVROS OBRIGATÓRIOS - LUCRO PRESUMIDO

III – SIMPLES NACIONAL

29. SIMPLES NACIONAL


29.1 Lucro distribuído
29.2 Escrituração, no livro caixa, da retirada dos lucros
29.3 Incentivos fiscais, crédito de IPI E ICMS

IV – LUCRO ARBITRADO

30. LUCRO ARBITRADO


30.1 Qual é a diferença entre o fisco arbitrar o lucro da empresa e a própria empresa arbitrar o
seu lucro?
30.2 Auto-arbitramento do lucro quando a empresa é optante pelo lucro real e o lucro arbitrado é
opção mais econômica
30.3 Percentuais de arbitramento sobre o faturamento

V – DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

31. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (FINANCEIRAS) OBRIGATÓRIAS


31.1 Balanço Patrimonial - BP
31.2 Demonstração de Resultado do Exercício - DRE
31.3 Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados – DLPA
31.4 Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos - DOAR
31.5 Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC
31.6 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido - DMPL
31.7 Demonstração Valor Agregado - DVA
31.8 Notas Explicativas
31.8.1 Modelo de Notas Explicativas

Carta de Responsabilidade da Administração

Guarda de Documentos Digitais

SIGLAS UTILIZADAS:

CLT: Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei 5.452/43)


COFINS: Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Lei Complementar
70/1991)
CPMF: Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (Lei 9.311/1996)
CSL ou CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (Lei 7.689/1988)

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DCTF - Declaração de Débitos e Créditos Tributários


ICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (Lei Complementar
87/1996)
GPS: Guia da Previdência Social
IN: Instrução Normativa
INSS: Instituto Nacional de Seguridade Social
IR: Imposto de Renda
IRF: Imposto de Renda na Fonte
IRPF: Imposto de Renda – Pessoa Física
IRPJ: Imposto de Renda – Pessoa Jurídica
ISS: Imposto sobre Serviços (Lei Complementar 116/2003)
LALUR: Livro de Apuração do Lucro Real
LC: Lei Complementar
OS: Ordem de Serviço
PIS: Programa de Integração Social (Lei Complementar 7/1970)
PERDCOMP – Declaração de Compensação de Tributos Federais
RFB: Receita Federal do Brasil
RIPI: Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (Decreto 4.544/2002)
RIR: Regulamento do Imposto de Renda
RPS: Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/1999)
SRF: Secretaria da Receita Federal
TJLP: Taxa de Juros a Longo Prazo

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INTRODUÇÃO

A ciência contábil, por meio da mensuração do patrimônio e do resultado da empresa, tem


diversas finalidades probantes:

- prova a favor da empresa no processo tributário;


- provas nos processos de recuperação judicial e falência;
- prova a favor da empresa contra fraude a credores (despersonalização jurídica);
- prova a boa-fé;
- provas em perícias judiciais.

Por isso, a contabilidade deve expressar a realidade das transações empresariais, registrar
adequadamente os atos e fatos da empresa, com a finalidade de se firmar prova a favor da
empresa.

Por experiência, como auditor independente, empresas vêm recolhendo tributos a maior, por não
observarem as normas e princípios contábeis. Não olham a Contabilidade como ciência, com o
intuito de interpretá-la juntamente com as outras ciências, mas sim mais uma exigência
burocrática legal desapercebida entre os empresários e os próprios profissionais da área.

Observar os princípios contábeis, a Lei 6.404/76, o Código Civil Brasileiro, as Resoluções do


CFC e a legislação tributária são fundamentais para que o encerramento do Balanço reste
adequado e espelhe economia de tributos, sobretudo Imposto de Renda e Contribuição Social.

Postulados, Princípios e Convenções Contábeis

Toda a ciência tem seus princípios, também chamados de postulados ou convenções, funcionam
como pilares ou norteadores que direcionam a interpretação. Então como a Contabilidade é uma
ciência, entendê-los é fundamental para a adequação das Demonstrações Contábeis, abaixo
citamos os mais usuais:

a) Postulado Contábil da Entidade: define a entidade contábil, dando, a esta vida e personalidade
própria. A Entidade (empresa) não se confunde com a pessoa física do sócio (pessoas distintas).
b) Postulado Contábil da Continuidade: determina que a entidade é um empreendimento em
andamento, com intenção de existência indefinida, ou por tempo de duração indeterminado,
devendo sobreviver aos seus próprios fundadores e ter seu patrimônio avaliado pela sua
potencialidade de gerar benefícios futuros (lucros), e não pela sua capacidade imediata de ser útil
somente à entidade.
c) Princípio do Custo como Base de Valor: sua aplicação é importante para a Contabilidade na
medida em que ele descarta a possibilidade do uso de valores subjetivos para o registro dos bens,
estabelecendo que seja utilizado o valor que a entidade sacrificou no momento de sua aquisição.
d) Princípio da Realização da Receita e Confrontação da Despesa: determina o momento em que
a receita deve ser considerada como realizada para compor o resultado do exercício social. Da
mesma forma, determina que a despesa que foi necessária à obtenção daquela receita seja
igualmente confrontada na apuração do resultado.
e) Princípio do Denominador Comum Monetário: estabelece que a Contabilidade seja processada
em uma única moeda (R$), oferecendo maior consistência aos registros e maior confiabilidade às
informações constantes nos relatórios contábeis.
f) Princípio da Competência: estabelece que as receitas e as despesas devem ser atribuídas aos
períodos de sua ocorrência, independentemente de recebimento e pagamento. A receita ou a

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despesas deve ser contabilizada no momento em que ela foi incorrida (aconteceu) e não quando
foi recebida ou paga, respectivamente.
g) Convenção da Objetividade: o profissional deve procurar sempre exercer a Contabilidade de
forma objetiva, não se deixando levar por sentimentos ou expectativas de administradores ou
qualquer pessoa que venha a influenciar no seu trabalho e os registros devem estar baseados,
sempre que possível, em documentos que comprovem a ocorrência do fato administrativo.
g) Convenção da Consistência: os relatórios devem ser elaborados com a forma e o conteúdo das
informações consistentes, para facilitar sua interpretação e análise pelos diversos usuários.
h) Convenção do Conservadorismo (ou da prudência): é preferível ter expectativa de prejuízo e a
entidade apresentar resultados positivos, ou seja, se houver duas opções igualmente válidas deve-
se optar sempre por aquela que acusa um menor valor para os ativos e para as receitas e o maior
valor para os passivos e para as despesas.

Leis e Normas

a) Lei 6.404/76

Todo o sistema contábil e de fechamento de balanço brasileiro são obrigatórios, pois constam na
Lei 6.404/76 e deve ser observado pelas empresas.

Classificação das contas patrimoniais a partir de 04.12.2008

1) no ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos
nelas registrados, nos seguintes grupos:

- Ativo Circulante;

- Ativo Não Circulante, este composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos,
imobilizado e intangível.

Base: MP 449/2008, art. 36, convalidada pelo art. 37, da Lei 11.941/2009, que alterou o art. 178
da Lei 6.404/76.

Nota: até 04.12.2008, as contas do ativo eram classificadas em:


- Ativo Circulante;
- Ativo Realizável a Longo Prazo;
- Ativo Permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado, ativo intangível e ativo diferido.

2) no passivo, as contas serão dispostas e serão classificadas nos seguintes grupos:

- Passivo Circulante;

- Passivo Não-Circulante e

- Patrimônio Líquido, este dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação
patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.

Base: MP 449/2008, art. 36, convalidada pelo art. 37 da Lei 11.941/2009, que alterou o art. 178
da Lei 6.404/76.

Nota: até 04.12.2008, as contas do passivo eram classificadas em:

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- Passivo Circulante;
- Passivo Exigível a Longo Prazo;
- Resultados de Exercícios Futuros;
- Patrimônio Líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial,
reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.

Demonstrativo gráfico:

Para exercícios encerrados a partir de 04/12/2008:

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE CIRCULANTE

NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

INVESTIMENTOS

IMOBILIZADO

INTANGÍVEL

Para exercícios encerrados até 04/12/2008:

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

PERMANENTE RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

De acordo com o art. 178, da Lei 6.404/76, no balanço, as contas serão classificadas segundo os
elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
análise da situação financeira da companhia.

No ATIVO, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos
nelas registrados, nos seguintes grupos:

I - ativo circulante; e (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008, convalidada pelo art. 37
da Lei 11.941/2009)

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II - ativo não-circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado
e intangível. (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008, convalidada pelo art. 37 da Lei
11.941/2009)

No PASSIVO, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:

a) passivo circulante;
b) passivo não circulante;
b) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação
patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.

Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão
classificados separadamente.

Como dispõe o art. 179 da Lei 6.404/76, as contas do ATIVO serão classificadas do seguinte
modo:

 ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social


subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte;
 ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício
seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a
sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no
lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da
companhia;
 investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de
qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à
manutenção da atividade da companhia ou da empresa;
 ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa
finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os
benefícios, riscos e controle desses bens; (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
 intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção
da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio
adquirido.

Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social,
a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo.

Consoante art. 180 da Lei 6.404/76 as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para
aquisição de direitos do ativo não-circulante, serão classificadas:

 passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e


 passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no
parágrafo único do art. 179.

Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social,
a classificação no circulante ou não circulante terá por base o prazo desse ciclo.

Classificação do Patrimônio Líquido

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A classificação do Patrimônio Líquido compreende:

 A conta do capital social, que discrimina o montante subscrito e, por dedução, a


parcela ainda não realizada.
 Reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de
ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem
valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social,
inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; b) o
produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;
 Reserva de capital: o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto
não capitalizado (saldos até 31.12.1995).
 Ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do
exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou
diminuições de valores atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência
da sua avaliação a valor justo.
 Reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia.
 As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta
do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.

Critérios de Avaliação do Ativo

Os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios:

a) as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e


títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo:
 pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou
disponíveis para venda; e
 pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme
disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização,
quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos
de crédito;
b) os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia,
assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo
custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de
mercado, quando este for inferior;
c) os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, ressalvado o
disposto nos artigos 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para
perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada
como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo
para a companhia, de ações ou quotas bonificadas;
d) os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender
às perdas prováveis na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição
ao valor de mercado, quando este for inferior;
e) os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo
da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão;
f) os direitos classificados no intangível, pelo custo incorrido na aquisição deduzido do
saldo da respectiva conta de amortização;
g) os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor
presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante.

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Fechamento de Balanço © - 13

Considera-se valor justo:

a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço pelo qual possam ser
repostos, mediante compra no mercado;
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de realização mediante venda
no mercado, deduzidos os impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a
margem de lucro;
c) dos investimentos, o valor líquido pelo qual possam ser alienados a terceiros.
d) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo,
decorrente de transação não compulsória realizada entre partes independentes; e, na
ausência de um mercado ativo para um determinado instrumento financeiro:
1) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro
instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares;
2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros
de natureza, prazo e risco similares; ou
3) o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de
instrumentos financeiros.

A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada
periodicamente nas contas de:
a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens
físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou
obsolescência;
b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de
direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou
exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou
contratualmente limitado;
c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de
direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa
exploração.

A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados
no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam:

I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper


os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não
poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor; ou
II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica
estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização.

Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de
mercado, quando esse for o costume mercantil aceito pela técnica contábil.

Critérios de Avaliação do Passivo

No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios:


I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive Imposto sobre a
Renda a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado
até a data do balanço;

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Fechamento de Balanço © - 14

II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão


convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço;
III - as obrigações, encargos e riscos classificados no passivo não circulante serão ajustados
ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante.

Critério de Avaliação em Operações Societárias

No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em


outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão
avaliados pelo método da equivalência patrimonial.

Demonstração do Resultado

A demonstração do resultado do exercício discriminará:

I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os


impostos;
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e
o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as
despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
IV - o lucro ou prejuízo operacional, as demais receitas e despesas;
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e da CSLL;
VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e
as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados;
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.

Na determinação do resultado do exercício serão computados:

a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em


moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas
receitas e rendimentos.

b) Normas de Balanço - Código Civil Brasileiro

O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa
e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará,
distintamente, o ativo e o passivo (art. 1.188).

O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o


balanço patrimonial (art. 1.189).

É garantido o sigilo da escrituração contábil, conforme art. 1.190, exceto em caso de


fiscalizações tributárias.

c) Regulamento do Imposto de Renda

No “Regulamento do Imposto de Renda”, constam as principais regulamentações sobre o


Imposto de Renda e normas de registro das receitas, despesas e custos.

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Fechamento de Balanço © - 15

Para acessar a íntegra desta norma, baixe para seu computador o arquivo respectivo em
https://guiatributario.files.wordpress.com/2018/11/regulamento-do-imposto-de-renda-20181.pdf.

d) Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade

As Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade normatizam a contabilização das variações


patrimoniais e aspectos específicos de contas e seus grupos respectivos.

Para acompanhar as mudanças nas referidas Resoluções, sugere-se acompanhá-las, através do


site www.normaslegais.com.br.

PARTE I - LUCRO REAL

1. APURAÇÃO DO LUCRO REAL ANUAL OU TRIMESTRAL

1.1 MOMENTO DE OPÇÃO PELO REGIME DE TRIBUTAÇÃO

A opção pelo lucro real anual, lucro real trimestral ou lucro presumido será manifestado pelo
pagamento da 1ª quota de qualquer um dos regimes, mediante DARF, sendo que a legislação não
permite mudar a forma de tributação durante o ano-calendário (art.13, Lei 9.718/1998).

Por isso, é fundamental uma análise detalhada de qual é a melhor forma de tributação, antes do
pagamento da 1ª quota do Imposto, pois se a empresa optou pelo lucro real (anual ou trimestral)
não poderá modificar no ano-calendário para o lucro presumido e vice-versa.

Lembrando que a opção de tributação feita para o Imposto de Renda deve ser a mesma para a
Contribuição Social sobre o Lucro.

1.2 OBRIGATORIEDADE DA APURAÇÃO PELO LUCRO REAL ANUAL OU


TRIMESTRAL

Estão obrigadas a apurar o lucro real, conforme art. 14 da Lei 9.718/98, as seguintes empresas:

a) cuja receita total, no ano calendário anterior, seja superior ao limite anual de receita bruta, ou
proporcional ao número de meses do período, quando inferior a doze meses;
b) cujas atividades sejam de instituições financeiras ou equiparadas;
c) que tiverem lucros, rendimentos ou ganho de capital oriundos do exterior;
d) que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção
ou redução do imposto;
e) que, no decorrer do ano calendário, tenha efetuado pagamento mensal pelo regime de
estimativa, inclusive mediante balanço ou balancete de suspensão ou redução do imposto;
f) cuja atividade seja de “factoring”.

As demais empresas que não se enquadrarem em nenhuma das situações acima previstas podem
optar pelo lucro presumido, caso for a melhor alternativa.

1.3 LIMITAÇÃO DA COMPENSAÇÃO DO PREJUÍZO FISCAL E DA BASE


NEGATIVA DA CSSL – LUCRO REAL TRIMESTRAL OU ANUAL

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Fechamento de Balanço © - 16

A partir de 01 de janeiro de 1996, a compensação do prejuízo fiscal (IRPJ) e da base negativa da


contribuição social sobre o lucro está limitada a 30% do lucro do exercício após adições e
exclusões do lucro real.

Assim se a empresa teve prejuízos fiscais em anos anteriores de R$ 150.000,00 e no ano apurou
lucro de R$ 110.000,00, poderá compensar apenas 30% do lucro deste ano - ou seja compensa
apenas R$ 33.000,00 do prejuízo fiscal anterior - devendo pagar IRPJ e CSSL sobre R$
77.000,00 (110.000,00 - 33.000,00).

1.4 LUCRO REAL TRIMESTRAL

A empresa que optar por esse regime de lucro real deverá a cada trimestre do ano (31/mar.,
30/jun., 30/set. e 31/dez.) levantar balanço acumulado no período trimestral e definitivamente
apurar o Imposto de Renda e a Contribuição Social.

Estatisticamente a opção pelo lucro real trimestral é a menos vantajosa devido ao fato de que
empresa fica limitada em compensar os prejuízos fiscais dentro do próprio ano em 30% do seu
lucro. Exemplo:

No 1º Trimestre Prejuízo Fiscal de R$ 300.000,00


No 2º Trimestre Prejuízo Fiscal de R$ 50.000,00
No 3º Trimestre Prejuízo Fiscal de R$ 50.000,00
No 4º Trimestre Lucro Fiscal de R$ 400.000,00

No 4º Trimestre a empresa poderá compensar somente R$ 120.000,00 (30% de R$400.000,00),


ficando, assim, um lucro tributável de R$ 280.000,00 (400.000,00 – 120.000,00), incidindo sobre
esse valor o Imposto de Renda + Adicional e a Contribuição Social sobre o Lucro, totalizando
um desembolso R$ 89.200,00 (9% CSSL + 25% IRPJ –6.000,00 (limite isenção adicional
IRPJ)).

Porém, se a opção fosse pelo lucro real ANUAL a compensação do prejuízo dentro do próprio
ano seria automática, pois pelo lucro real anual o resultado é apurado acumuladamente dentro do
exercício (janeiro a dezembro), sendo o resultado tributável do ano calendário igual a zero,
inexistindo o pagamento de IRPJ e CSSL.

O único benefício que o Lucro Real Trimestral em relação ao Lucro Real Anual proporciona é
quando a empresa tem lucro em todos os trimestres do ano, assim paga o imposto de renda e a
contribuição social a cada trimestre e tem a opção em dividi-los em 03 quotas iguais, sendo cada
quota superior a R$ 1.000,00, acrescidas pela variação da SELIC (art. 5º da Lei 9.430/96).
Porém é muito arriscado prever que a empresa terá lucro fiscal em todos os trimestres do
exercício.

1.5 LUCRO REAL ANUAL – IMPOSTO DE RENDA

O lucro Real Anual será apurado no período compreendido de janeiro a dezembro de cada ano,
sendo que a empresa, MENSALMENTE, terá que pagar ou demonstrar que não há imposto de
renda e a contribuição social sobre o lucro calculado por estimativa, optando pelas seguintes
alternativas:

1.5.1 Com base no faturamento, acrescido das demais receitas.

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Com base no resultado do somatório de um percentual aplicado sobre a receita bruta do mês,
acrescidos do ganho de capital e demais receitas. Os percentuais aplicáveis sobre a receita bruta
variam de acordo com a atividade da pessoa jurídica e constam no artigo 15 da Lei nº 9.249/95:

 8% na venda de mercadorias e produtos;


 1,6% na revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico
carburante e gás natural;
 16% na prestação de serviços de transporte, exceto o de cargas que é 8%;
 16% para as Instituições Financeiras e equiparadas;
 16% na prestação de serviços em geral pelas pessoas jurídicas com receita bruta anual
até R$ 120.000,00, exceto serviços hospitalares, de transporte e de profissões
regulamentadas (art. 40, Lei nº 9.250/95);
 32% na prestação de serviços;
 38,4% nas operações de empréstimo, de financiamento e de desconto de títulos de
crédito realizadas por Empresa Simples de Crédito (ESC) – Lei Complementar
167/2019.

Observação: As demais receitas (juros auferidos, descontos obtidos, etc.) e ganhos de capital
comporão a base de cálculo sem qualquer redução (100% do valor apurado).

Para fins de cálculo da contribuição social s/ o lucro por estimativa deverá somar o percentual
sobre a receita bruta do mês, acrescidos do ganho de capital e demais receitas, variando os
percentuais de acordo com as seguintes atividades:

 12% na venda de mercadorias e produtos - art. 29 e 30 da Lei 9.430/1996;


 32% na prestação de serviços em geral – art. 22 da Lei 10.684/2003;
 38,4% nas operações de empréstimo, de financiamento e de desconto de títulos de crédito
realizadas por Empresa Simples de Crédito (ESC) – Lei Complementar 167/2019.

Observação: As demais receitas (juros auferidos, descontos obtidos, etc.) e ganhos de capital
comporão a base de cálculo sem qualquer redução (100% do valor apurado).

1.5.2 Com base em Balancetes de Suspensão ou Redução do Imposto.

A empresa poderá também reduzir ou suspender o pagamento do Imposto de Renda e da


Contribuição Social de cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes
mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional (art. 2º
da Lei 9430/96) da seguinte forma:

b.1) Redução

A redução ocorre quando a empresa, em um determinado mês, demonstra que o valor apurado do
imposto menos o valor já pago durante o período acumulado é inferior ao cálculo pela estimativa
como base na receita, como citado no item “a”.

Exemplo:

-Valor do Imposto devido com base nos percentuais aplicado sobre a Receita no mês de junho=
R$ 30.000,00

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-Valor do Imposto apurado com base no balancete acumulado de jan. a jun. = R$ 40.000,00
-Valor do imposto pago, retido ou compensado de jan a jun. = R$ 25.000,00
-Saldo a pagar no mês de junho (40.000,00- 25.000,00) = R$ 15.000,00
-Se a optar pelo balancete de redução haverá um desembolso de apenas R$ 15.000,00, ao invés
de R$ 30.000,00.

No mês de junho, a forma mais viável é a opção pelo pagamento com base no balancete de
redução de janeiro a junho, apesar de apurar 40.000,00 de imposto, serão deduzidos os impostos
já pagos, retidos ou compensados nos respectivos meses (25.000,00), restando saldo a pagar de
apenas R$ 15.000,00. Sendo que o recolhimento com base na receita bruta custaria para a
empresa R$ 30.000,00, pois os valores pagos nos meses anteriores não podem ser deduzidos, por
não comporem a base de cálculo do mês. Esse estudo deve ser feito a cada mês do ano, levando
em conta também a possibilidade de suspensão do imposto que será visto no item seguinte.

Observação:

 O mesmo critério adotado para o cálculo do Imposto de Renda deverá ser também adotado
para a Contribuição Social sobre o Lucro, por isso deve ser analisada a melhor alternativa
calculando os dois tributos.
 O balancete utilizado para suspender ou reduzir deverá ser transcrito no Livro Diário.

b.2) Suspensão

A suspensão do recolhimento do imposto ocorre quando a empresa demonstra através de


balancete que em um determinado mês, o resultado acumulado de janeiro até esse mês, resultou
em prejuízo fiscal, inexistindo imposto a pagar, como exemplo:

1. Prejuízo contábil de R$ 150.320,00, conforme balancete contábil levantado em 30/jun.


(resultado acumulado de janeiro a junho)
2. Adições ao lucro real - R$ 30.150,00
3. Prejuízo fiscal ->150.320,00 – 30.150,00 = 120.170,00
4. Como houve prejuízo fiscal no mês de junho (resultado acumulado de janeiro a junho),
não há IRPJ nem CSSL a recolher neste mês, sendo necessário apenas a transcrição do
Prejuízo no LALUR e manter balancete no Diário Contábil, comprovante o resultado.

A outra forma de suspensão do recolhimento do imposto e da contribuição social ocorre quando


a empresa demonstra através de balancete, com resultado acumulado, que os valores pagos nos
meses anteriores são superiores ao valor do imposto apurado nesse mês, como exemplo:

1. No Balancete do mês julho, que contempla o resultado acumulado de janeiro a julho,


apurou-se um imposto a pagar de R$ 35.000,00, porém nos meses de janeiro a junho a
empresa já recolheu imposto no valor de R$ 40.000,00, ou seja, R$ 5.000,00 a mais do
que o devido, com isso poderá suspender o pagamento em julho.

Observação:
 O mesmo critério adotado para o cálculo do Imposto de Renda deverá ser adotado para a
Contribuição Social sobre o Lucro, por isso deve ser analisada a melhor alternativa
calculando os dois tributos.
 O balancete utilizado para suspender ou reduzir deverá ser transcrito no Livro Diário.

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A apuração pelo Lucro Real Anual, apesar de ter mais detalhes e ser mais trabalhosa, compensa
pela vantagem tributária em relação ao Lucro Real Trimestral.

1.5.3 Alíquotas e Adicional do Imposto de Renda

A pessoa jurídica, seja comercial ou civil o seu objeto, pagará o imposto à alíquota de 15%
(quinze por cento) sobre o lucro real, presumido ou arbitrado, apurado de conformidade com o
Regulamento.

A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder ao valor resultante da multiplicação
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração,
sujeita-se à incidência de adicional de imposto à alíquota de 10% (dez por cento).

O adicional de que trata este item será pago juntamente com o imposto de renda apurado pela
aplicação da alíquota geral de 15%.

Exemplo:

Lucro Real de R$ 110.000 no 1º trimestre:

a) IRPJ a alíquota normal = R$ 110.000 x 15% = R$ 16.500


b) IRPJ Adicional = R$ 110.000 do Lucro Real menos R$ 60.000 (R$ 20.000 x período de
apuração de 3 meses) x 10% = R$ 5.000

Valor Devido (a + b) = R$ 16.500 + R$ 5.000 = R$ 21.500.

1.6 LUCRO REAL ANUAL – CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO

A contribuição social sobre o lucro (CSLL), apurada pelo lucro real anual se dá por duas opções:

a) com base no faturamento mensal da empresa acrescidas das demais receitas (estimativa);
b) com base em balanços/balancetes de suspensão ou redução acumulados mensalmente,
devendo a opção ser a mesma opção do IRPJ.

1.6.1 Apuração Anual da CSLL, com recolhimentos mensais sobre a base de cálculo
estimada

Nas atividades desenvolvidas por pessoas jurídicas de natureza comercial, industrial ou de


prestação de serviços, a base de CSLL apurada por estimativa será a soma dos valores
correspondente aos percentuais abaixo da receita bruta auferida, excluídas as vendas canceladas,
as devoluções de vendas, os descontos incondicionais concedidos e os impostos não cumulativos
cobrados destacadamente do comprador dos quais o vendedor dos bens ou prestador de serviços
seja mero depositário:

 12% na venda de mercadorias, produtos (art. 29 e 30 da Lei 9.430/1996);


 32% na prestação de serviços em geral (Lei 10.684/2003, art. 22): intermediação de
negócios, administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de
qualquer natureza;
 38,4% nas operações de empréstimo, de financiamento e de desconto de títulos de crédito
realizadas por Empresa Simples de Crédito (ESC) – Lei Complementar 167/2019.

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Exemplos:

Faturamento por venda de MERCADORIAS E PRODUTOS: R$ 400.000,00:


Base de Cálculo = R$ 400.000,00 x 12% = R$ 48.000,00

Faturamento por venda de SERVIÇOS: R$ 200.000,00


Base de Cálculo = R$ 200.000,00 x 32% = R$ 64.000,00

O percentual acima será acrescido pela totalidade (100%) das demais receitas:

1. Ganhos de capital (lucros) obtidos na alienação de bens do ativo permanente e de


aplicações em ouro não caracterizado como ativo financeiro.
2. Rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e ganhos líquidos de operações
financeiras de renda variável (ações, swap, etc.).
3. Demais receitas e resultados positivos não abrangidos anteriormente (como juros e
descontos obtidos, aluguéis, etc.), inclusive juros remuneratórios do capital próprio,
recebido pela empresa da qual seja sócia ou acionista.

Exemplo:

Descrição Dados Base de cálculo

Faturamento 2.000.000,00 x 12% 240.000,00


Juros aplicação financeira 2.500,00
Ganho de capital 25.000,00
Juros Selic 3.000,00
Total Base de Cálculo 270.500,00
Alíquota 9%
Valor da CSLL a pagar 24.345,00

1.6.2 Balanços de Suspensão ou Redução no Pagamento da CSLL

A mesma forma de tributação adotada, pela pessoa jurídica, para fins de apuração do imposto de
renda, deve ser adotada para fins de apuração da CSLL.

Assim, a pessoa jurídica que levantou balanço ou balancete para suspender ou reduzir o
pagamento do imposto de renda, em determinado mês do ano-calendário, deve apurar a base de
cálculo da CSLL sobre o resultado do período apurado nesse mesmo balanço, ajustada pelas
adições determinadas, pelas exclusões permitidas e pelas compensações de base de cálculo
negativa da CSLL, observados os limites definidos na legislação pertinente.

1.6.3 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – alíquota:

9% (nove por cento) a partir de 01.02.2000.

1.6.4 Informações na DCTF

Os valores das estimativas mensais deverão ser informados na Declaração de Débitos e Créditos
Tributários - DCTF, observados os códigos respectivos.

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Da mesma forma, eventual saldo de imposto de renda a pagar apurado no ajuste anual em 31 de
dezembro de cada ano deverá ser informado na DCTF.

2. REVISÃO NAS CONTAS DO DISPONÍVEL

O Ativo Circulante é composto pelos bens e direitos que irão ser convertidos em dinheiro, no
prazo de até 12 (doze) meses. Divide-se nos subgrupos: disponível, realizável a curto prazo,
estoques e despesas antecipadas.

O disponível é composto pelas exigibilidades imediatas, representadas pelas contas de caixa,


banco conta movimento, cheques para cobrança e aplicações financeiras.

2.1 BALANÇO DE ABERTURA MUDANÇA DO LUCRO PRESUMIDO/SIMPLES


PARA O LUCRO REAL

Ocorrendo a mudança de regime tributário, do Simples ou lucro presumido para lucro real, a
pessoa jurídica que não manteve escrituração contábil fica obrigada a realizar levantamento
patrimonial no dia 1o de janeiro seguinte ao do último período-base em que foi tributada pelo
lucro presumido, a fim de proceder a balanço de abertura e iniciar a escrituração contábil.

Exemplo:

DESCRIÇÃO DÉBITO CRÉDITO


R$ R$

Banco conta Movimento 10.000,00


Duplicatas a Receber 100.000,00
Estoques 25.000,00
Construções e Benfeitorias 20.000,00
Veículos 15.000,00
(-) Depreciação Acumulada 5.000,00
Fornecedores 20.000,00
Obrigações Tributárias 10.000,00
Financiamentos 6.000,00
Obrigações Trabalhistas 4.000,00
Outras Contas a Pagar 2.500,00
Capital Social 80.000,00
Lucros / Prejuízos Acumulados 42.500,00
Total dos Lançamentos 170.000,00 170.000,00

O levantamento patrimonial deverá incluir todos os bens do ativo, o patrimônio líquido e as


obrigações.

No ativo deverão ser inventariados o dinheiro em caixa e em bancos, as mercadorias, os


produtos, as matérias primas, as duplicatas a receber, os bens do ativo permanente, etc.

No passivo deverão ser arroladas todas as obrigações e no patrimônio líquido o capital registrado
e a diferença (devedora ou credora) do ativo menos o passivo exigível e capital social.

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Este levantamento pode resultar, na prática, uma ótima oportunidade de planejamento fiscal.
Vejamos como:

 As empresas industriais podem arbitrar os produtos acabados em 70% do maior preço de


venda do ano anterior, gerando com isso um estoque maior para ser baixado como custo
das vendas no ano que optou pelo Lucro Real.

 As empresas de serviços podem contabilizar todos os serviços em andamento, conforme


o custo apurado nos mesmos, gerando com isso um estoque maior de serviços para ser
baixado como custo das vendas no ano que optou pelo Lucro Real.

 As duplicatas a receber seriam integralmente contabilizadas, mesmo aquelas cujos


créditos estão vencidos há mais de 6 meses, para permitir dedução como despesa de
créditos incobráveis.

 As despesas pagas antecipadamente (aluguéis, seguros, etc.) poderão ser ativadas no


grupo de despesas do exercício seguinte, gerando despesas dedutíveis.

 Os bens do ativo permanente, que receberam benfeitorias ou acréscimos, poderão ser


contabilizados pelos seus valores acrescidos, gerando maiores despesas de depreciação
nos exercícios subsequentes.

 Os valores desembolsados a título de obtenção de direitos, como fundo de comércio,


marcas e patentes, direitos de exploração, licenças, autorizações ou concessões, que são
amortizáveis.

Os ajustes exemplificados não geram receita tributável no ano anterior, quando a empresa estava
no Lucro Presumido, mas podem gerar despesas ou custos dedutíveis, no ano subsequente,
quando a empresa optou pelo Lucro Real (economia de IRPJ e CSLL até 34% do valor
contabilizado).

2.2 DOCUMENTOS E LANÇAMENTOS QUE INFLUENCIAM NO PAGAMENTO DO


IMPOSTO DE RENDA, RELATIVOS ÀS CONTAS CAIXA E BANCOS

Os saldos contábeis devem ser conciliados com os boletins de caixa. Sendo que as divergências
apuradas deverão ser conciliadas. Analisar todos os documentos constantes dos boletins de caixa
referente ao mês de dezembro ou de alguns dias do mês, conforme a necessidade.

Os saldos dos bancos constantes no balancete contábil deverão estar em conformidade com os
extratos bancários e/ou conciliações apresentadas pela empresa.

Os cheques e depósitos, constantes na conciliação bancária, devem ser checados se realmente


constam no extrato bancário do período subsequente. Exemplo: O cheque que consta pendente
de desconto, na conciliação bancária de dezembro/20X1, deve estar compensado nos meses de
janeiro ou fevereiro de 20X2.

As pendências de longa data nas conciliações bancárias precisam confrontadas com relatórios de
outros setores;

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Fechamento de Balanço © - 23

Constatar se nos meses seguintes, ao do encerramento do balancete e balanço existem despesas


pagas de meses ou ano anteriores e que estão sendo contabilizadas pelo pagamento, mas devem
ser contabilizadas pelo Regime de Competência, tais como:

1. Notas fiscais de despesas, acertos de viagens funcionários e sócios.


2. Água, luz, telefone.
3. Pagamento de despesas de dezembro com cheques compensados apenas no mês seguinte.
4. CPMF da última semana do mês e debitada no mês seguinte.
5. Juros e Encargos financeiros da conta corrente e conta garantida, bem como despesas
bancárias.
6. IOF cobrado sobre empréstimos e financiamentos.
7. Outras despesas pagas em 20X3, ano seguinte ao encerramento do balanço, as quais se
referem aos meses de novembro e dezembro de 20X2, e que foram contabilizadas nos
meses de sua competência (novembro/dezembro-20X2).

Proceder o ajuste, de modo que a empresa observe o regime de competência. Esse procedimento
fará com que a empresa pague menos IRPJ e CSSL.

Exemplo da Contabilização das despesas de água de dezembro/20X1, paga em janeiro/20X2:


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Contabilização da fatura pela Competência


31/12/20X1 Despesas/custos - Valor fatura Sanepar –ref. Água do mês 2.310,25
Resultado de dezembro/20X1
31/12/20X1 Contas a Pagar - Valor fatura Sanepar –ref. Água do mês 2.310,25
Passivo de dezembro/20X1

2.3 DIFERENÇA ENTRE A CONTABILIZAÇÃO DOS RENDIMENTOS DA RENDA


FIXA E RENDA VARIÁVEL E O REFLEXO TRIBUTÁRIO

Os saldos contábeis das aplicações financeiras deverão estar conferidos com os referidos extratos
de aplicações financeiras.

Se não houver o extrato atualizado, com o documento da efetiva aplicação, apropriando os


rendimentos proporcionalmente até a data do encerramento do balanço, nos casos de renda fixa.
IMPORTANTE: verificar comentários, neste item, sobre renda fixa e variável.

Conciliar com os respectivos extratos, se está sendo contabilizado o IRRF sobre rendimentos
das aplicações financeiras, na conta de Impostos a Recuperar, o qual será reduzido do IRPJ.
Como se trata de imposto de renda retido que será deduzido do IRPJ.

É comum a falta da contabilização da retenção do I.R. das aplicações financeiras, trazendo


prejuízo tributário, o que deve ser evitado.

Lembrete: A Instituição Financeira deverá enviar à empresa o Comprovante de Retenção do


imposto de renda.

a) Renda Fixa

Os rendimentos das aplicações financeiras de Renda Fixa devem ser apropriados até 31 de
dezembro, pois seus rendimentos são considerados líquidos e certos.

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Esses rendimentos devem ser apropriados “pro-rata tempore“, segundo o regime de competência,
ou seja, conforme o número de dias até a data do término do Balanço. Um exemplo: juros pré-
fixados (CDB), com vencimento em 28.01.20X8. Se o CDB foi aplicado em 29.12.20X8,
somente 2/30 da receita deve ser apropriada ao resultado de 20X7.

Exemplo:

Aplicação CDB em 29/12/20X1, no valor de R$ 1.000.000,00, a ser resgatável em 28/01/20X2,


pelo valor de R$ 1.030.000,00.
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Contabilização dos Rendimentos em 31/12/20X1


31/12/20X1 Aplicação CDB - Ativo Valor rendimentos aplic. CDB ref 02 dias
Circulante 2.000,00
31/12/20X1 Rendimento Aplic. Valor rendimentos aplic. CDB ref 02 dias
Financ- Resultado 2.000,00

A apropriação restante, R$ 28.000,00, deve ser contabilizada no mês de janeiro de 20X2.

b) Renda variável

Os rendimentos de aplicações financeiras de renda variável (indexadas à Bolsa, ao Ouro, ao


Dólar, etc.) devem ser registrados na data do respectivo resgate, pelo fato de serem consideradas
aplicações de risco, não sendo garantido o rendimento.

Na data do balanço, 31.12.20X1, não é considerado líquido nem certo o ganho, pois a qualquer
momento pode ocorrer desvalorização da aplicação em função da indexação a um título de
rendimento variável. O rendimento deve apenas ser mensurado por ocasião do resgate. Assim, se
difere da renda fixa, pois naquela o rendimento já é definitivamente estipulado.

Exemplos:

1. Aplicação em Fundos de Investimentos indexada à variação da Bolsa de Valores, Dólar e


Ouro.
2. Aplicação em Fundos de Investimentos administrados pelos Bancos, na qual a empresa
corre risco. Aplicações em fundos de investimentos que não têm garantido os seus
rendimentos, o cliente participa do risco.

O registro contábil de um rendimento incerto fere o Princípio Contábil do Conservadorismo, pois


a empresa registrando tal valor estará avaliando a maior seus ativos sem que se tenha certeza da
sua realização. Outro efeito tributário negativo é o de que a empresa apropriaria o suposto
rendimento num período sem o aproveitamento do IRRF, o qual é retido por ocasião do resgate.

Pelo exposto, as aplicações em renda variável, constantes no balanço de 31.12.20X1, não devem
ter seus rendimentos contabilizados até àquela data, e sim, na data do efetivo resgate.

3. REVISÃO NAS CONTAS DO REALIZÁVEL A CURTO PRAZO

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No Ativo Realizável a Curto Prazo registra-se os direitos a receber no prazo de até 12 (doze)
meses, representados pelas seguintes contas Duplicatas a Receber, Impostos a Recuperar e outros
Créditos.

3.1 DUPLICATAS A RECEBER

3.1.1 Revisões nas contas de duplicatas a receber para evitar a contabilização a maior de
receitas

A conta de duplicatas a receber deve estar conciliada com o relatório de contas a receber. A cada
período ou fechamento de balanço é imprescindível solicitar ao financeiro da empresa a posição
das duplicatas a receber naquela data (31.12.20X1), esse procedimento evita erros contábeis, por
exemplo, o lançamento a maior de Receitas que proporciona o pagamento a maior de tributos
(PIS, COFINS, IRPJ, CSSL, ICMS, Simples e outros).

A falta de conferência dos saldos consignados na Contabilidade com os saldos do Relatório de


Contas a Receber, torna a Contabilidade sem consistência, inexata, sem merecer confiança. Na
maioria das vezes, o setor de Contas a Receber não emite a cada final de mês o referido relatório
e passando a data citada o sistema não retroage.

A Contabilidade fará a conciliação contábil e as diferenças conciliadas serão anotadas num


formulário de Composição de Saldo.

Normalmente esta conta é representativa e se não houver um relatório paralelo a Contabilidade


que confirme os saldos nela constantes, as contas desse grupo ficam sem confiança.

Conferir se o saldo da conta de Duplicatas a Receber (ou Clientes) constante no balancete


contábil está em conformidade com o Relatório de Duplicatas a Receber do setor financeiro:

 Por amostragem, selecionar clientes;


 Efetuar testes de recebimento subsequente (nos meses seguintes a data base do
balancete, verificar se o crédito ou depósito em conta corrente referente ao recebimento
das duplicatas analisadas);
 As duplicatas selecionadas para os testes, e ainda não recebidas até a data da realização
dos trabalhos, também, conferir o valor e data de vencimento com a efetiva nota fiscal;
 Investigar as diferenças existentes entre o balancete e o Relatório de Duplicatas a
receber;

Alternativamente, inexistindo Relatório de Duplicatas a Receber do setor financeiro, por


amostragem, selecionar os clientes mais representativos e efetuar o teste de recebimentos
subsequentes ou verificar a emissão da nota fiscal;

A grande dificuldade na análise desta conta ocorre quando a empresa não emite a cada final de
mês o Relatório de Contas a Receber e ainda é feito o registro apenas em uma conta contábil.

A chance de ocorrer erros é enorme (receita contabilizada a maior, recebimento ou fatura não
contabilizada, etc.), não há possibilidade de efetuar qualquer análise.

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Para dirimir a dúvida sobre a contabilização a maior ou a menor das Receitas pode-se confrontar
a Receita constante no balancete com os Livros de saída de Mercadorias ou Produtos (ICMS/IPI)
e de Serviços (ISS), atendo-se aos grupos:

 5.101 a 5.125; 5.35; 5.401 a 5.405; (no estado)


 6.101 a 6.125; 6.35; 6.401 a 6.405; (interestadual)
 7.101 a 7.125; 7.35; 7.401 a 7.405; (exportação)

Observar que muitas operações de saídas não são receitas, exemplos: simples remessa,
devolução de compras, transferências, venda do imobilizado, retorno, doação, amostra, etc.

De certa forma, não há a certeza de que a conta cliente esteja correta, porém, pelo procedimento
acima, afasta-se a hipótese de serem contabilizadas receitas a maior.

3.1.2 Duplicatas e outros créditos que podem ser baixados como perdas e reduzir o lucro
tributável

Análise importante é relativa aos créditos (tais como duplicatas a receber, cheques em cobrança,
notas promissórias, etc.) não recebidos podem ser baixados como perda (despesa dedutível) para
efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL.

Poderão ser registrados como perda os créditos decorrentes de operações com pessoas ou
empresas não ligadas, conforme artigos 9º a 12 da Lei 9.430/1996.

Esse procedimento é facultativo, ou seja, não é obrigatório. Recomenda-se fazer o registro da


referida despesa dentro dos critérios legais assim que possível, visando assim economia tributária
no pagamento do IRPJ e CSLL no lucro real.

REGRAS GERAIS

Para os contratos inadimplidos a partir da data de publicação da Medida Provisória


656/2014 (08.10.2014), convertida na Lei 13.097/2015, poderão ser registrados como perda os
créditos:

I - em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença


emanada do Poder Judiciário;

II - sem garantia, de valor:

a) até R$ 15.000,00 (quinze mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses,
independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;
b) acima de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) até R$ 100.000,00 (cem mil reais), por
operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos
judiciais para o seu recebimento, mantida a cobrança administrativa; e
c) superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais), vencidos há mais de um ano, desde que
iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

III - com garantia, vencidos há mais de dois anos, de valor:

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a) até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), independentemente de iniciados os


procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; e
b) superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), desde que iniciados e mantidos os
procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; e

IV - contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica em concordata ou recuperação judicial,


relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar.

Nota: a concordata foi substituída pela recuperação judicial na nova lei de falências (Lei
11.101/2005). Entretanto, não há alterações de procedimentos para dedução dos créditos não
garantidos.

CONTABILIZAÇÃO

O registro contábil das perdas será efetuado a débito de conta de resultado e a crédito:

a) da conta que registra o crédito, quando este não tiver garantia e seu valor for de até R$
15.000,00, por operação, e estiver vencido há mais de seis meses, independentemente de
iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

b) de conta redutora do crédito, nas demais hipóteses.

Os valores registrados na conta redutora do crédito poderão ser baixados definitivamente em


contrapartida à conta que registre o crédito, a partir do período de apuração em que se completar
cinco anos do vencimento do crédito sem que o mesmo tenha sido liquidado pelo devedor (Lei
9.430/1996, art. 10, § 4º).

Exemplo:

a) Registro das duplicatas vencidas há mais de 6 meses, sem garantia, dentro do limite de valor.
A baixa é direta à conta de duplicatas a receber:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

31/12/X1 Perdas no Recebimento Vlr dupl. 1010, vcto 28/06/X1 não


de Duplicatas- recebida do cliente XY 4.950,00
Despesas
31/12/X1 Duplicatas a Receber- Vlr baixa dupl. 1010, vcto 28/06/X1 não
Ativo Circulante recebida do cliente XY 4.950,00

b) Registro nas demais hipóteses:


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

31/12/X1 Perdas no Recebimento Vlr dupl. 521, vcto 29/11/X0 não recebida
de Duplicatas- do cliente YZ 25.000,00
Despesas
31/12/X1 (-) Créditos Incobráveis Vlr baixa dupl. 521, vcto 29/11/X0 não
(conta Redutora de recebida do cliente YZ 25.000,00
Duplicatas a Receber)

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Nas duas formas de contabilização é importante individualizar, duplicata por duplicata, no


lançamento da perda, para ficar evidenciado qual a duplicata que está sendo baixada como perda,
pois em uma fiscalização a mesma será identificada facilmente.

Os valores registrados na conta redutora dos créditos poderão ser baixados definitivamente da
escrituração contábil, a partir do momento em que se completar cinco anos do vencimento do
crédito sem que o mesmo tenha sido liquidado pelo devedor.

3.1.3 Comissões dedutíveis na venda com cartões de crédito e encargos financeiros de


bancos sobre duplicatas a receber

Apropriar as comissões sobre vendas por cartões de crédito e outras despesas. Tais taxas devem
ser contabilizadas, por ocasião da venda, e não somente por ocasião da liberação (crédito) do
valor na conta corrente da empresa.

O registro contábil será feito da seguinte forma:


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

31/12/X1 Despesas de Vendas Vlr comissões s/ vendas por cartões de


Comissões s/ Cartões de crédito 1.200,00
Crédito
31/12/X1 Valores a Receber – Vlr comissões s/ vendas por cartões de
Cartões de Crédito crédito 1.200,00

3.14 – Ajuste a Valor Presente

Com as normas internacionais de contabilidade e a aplicação de novas regras contábeis aos


balanços das empresas do Brasil, presentes na Lei 11.638/2007 e alterações subsequentes, há
necessidade de se ajustar, a valor presente, os créditos a receber (como duplicatas, cartões de
crédito e notas promissórias).

Uma das contas merecedoras de atenção especial é relativa aos cartões de crédito a receber.
Prática comum no comércio varejista, o parcelamento das compras com cartão, sem juros ao
consumidor, em 2, 3, 5, 10 ou mais parcelas exige a análise de valor presente destas contas.

O ajuste deverá ser procedido considerando a taxa média de desconto para tais operações. O
BACEN, em seu site, divulga uma relação de taxas médias das instituições financeiras.

O cálculo será aplicado sobre o valor a receber e exponenciado segundo o prazo de recebimento.

Exemplo:

Valores de créditos a receber: R$ 10.000,00

Prazo médio dos recebimentos: 3 meses

Taxa aplicável (taxa aleatória, verificar no site do BACEN a taxa mais próxima da data de 31 de
dezembro, aplicável à operação): 1,84% ao mês.

Fator de ajuste:

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(1 + (1,84%))^3 = 1,056

Então temos:
valor futuro dos créditos: R$ 10.000,00
dividido por fator de ajuste a valor presente: 1,056
igual a: valor presente dos recebimentos de cartão: R$ 9.467,71.

A diferença entre o valor contábil e o valor presente (R$ 10.000,00 – R$ 9.467,71 = R$ 532,29)
constituirá ajuste a valor presente, debitando-se uma conta de resultado e creditando-se uma
conta retificadora do ativo ajustado:

D – Ajuste de Avaliação Patrimonial (Resultado – Conta Redutora de Receita de Vendas)


C – AVP - Receita Financeira a Apropriar (Conta Retificadora - Ativo Circulante)
R$ 532,29

Nota: para fins de apuração do IRPJ e CSLL, tais ajustes não são dedutíveis na apuração da base
de cálculo dos respectivos tributos. Também a reversão ao resultado não se constituirá receita
tributável. Sugere-se manter controle de tais saldos, para fins de correta aplicação das normas do
IRPJ e CSLL.

3.2 ADIANTAMENTOS E OUTROS CRÉDITOS

As contas de Adiantamentos e Outros Créditos devem ser conciliadas no sentido de verificar


pendências existentes de longa data, as quais não refletem a posição consignada no balancete,
bem como atentar para a documentação suporte dos lançamentos contábeis, tais como: contratos,
recibos, notas fiscais e outros.

A conciliação é procedida com suporte em relatórios do Setor Financeiro, se o Financeiro não


souber o motivo e a destinação dos valores, algo está errado nos saldos (ou no setor financeiro),
no que tange a adiantamentos e as respectivas prestações de contas. Os adiantamentos salariais e
empréstimos a empregados devem ser conciliados com os relatórios do Setor de Pessoal.

Os empréstimos e outras transações devem estar suportados por contratos e outros documentos
hábeis.

3.2.1 Adiantamento a fornecedor pendente de nota fiscal – efeitos fiscais

Realizada conciliação da conta de adiantamentos, pode-se verificar se há adiantamentos


pendentes de fornecedores que ainda não emitiram nota fiscal. Há fornecedores que atrasam
propositalmente a emissão da nota fiscal, visando postergar o seu imposto.

Solicitar ao fornecedor a emissão da nota fiscal no período de competência do gasto. Ou seja, o


fornecedor emite a nota fiscal, por exemplo, com data de 03.01.20X2, porém, no corpo da nota
fiscal, mencionar que o serviço prestado se refere ao mês de dezembro de 20X1.

O setor de Financeiro e o de Contabilidade devem cobrar dos setores envolvidos a emissão das
notas fiscais no exercício e não no exercício seguinte. Ou imediatamente no mês seguinte do
fechamento do balanço, desde que conste na nota fiscal que o serviço ou despesa se refere ao

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mês e ano anterior. Exemplo: 200 almoços referentes ao mês de Dez/X1 (data de emissão da nota
fiscal: 10/01/20X2).

Consequentemente a nota fiscal pode ser contabilizada no mês de dezembro de 20X1, mês de
competência do serviço prestado. Assim, ocasionando economia de IRPJ e CSSL.

3.2.2 Acerto de adiantamento de viagens até 31.12 – efeitos tributários

Também, ocorre situação em que o funcionário não prestou contas, até o final de
dezembro/20X1, do dinheiro adiantado referente aos gastos das viagens.

É aconselhável, além de acertos periódicos, que a gerência adote o procedimento em que todos
os adiantamentos deverão ser prestados contas até a data de 31.12, para que não fique pendência
alguma no encerramento do exercício. A pendência significa despesa não apropriada no
exercício e por esse motivo há desembolso tributário.

3.2.3 Adiantamento a Funcionários

Confirmar os saldos constantes na Contabilidade com posição do Setor de Pessoal.

3.2.4 Outros créditos – redução do lucro tributável

Verificar relação de cheques pré-datados, examiná-los e verificar os recebimentos subsequentes.


Os cheques e as notas promissórias seguem a mesma regra de dedutibilidade das duplicatas a
receber, quando não recebidos.

As empresas recebem muitos cheques, para pagamento à vista ou pré-datados, os quais não
podem ser descontados por falta de fundos. Esses cheques podem ser baixados como perda,
obedecendo a prazos e critérios de dedutibilidade das duplicatas a receber, constante no item
3.1.2. O mesmo ocorre com notas promissórias vencidas e não recebidas.

Para a consistência contábil do lançamento é recomendado fazer relação dos cheques, fotocopiá-
los (pela fotocópia é possível identificar a data de emissão do cheque e o carimbo bancário que o
mesmo foi para a compensação, porém foi devolvido), bem como efetuar o lançamento
individualizado dos cheques na Contabilidade. Para fins de contagem do prazo para dedução
como perda, deve-se verificar a data de emissão do cheque.

Conciliar o saldo contábil com os documentos suportes.

3.2.5 Despesas antecipadas


Conferir os cálculos constantes nas planilhas de apropriação das despesas antecipadas, no sentido
de validar os saldos em função do valor da contratação e do prazo de vigência da cobertura:
 Prêmios de seguro;
 Aluguel pago antecipadamente;
 Assinaturas e anuidades;
 Antecipação de comissões e prêmios.

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As despesas do exercício seguinte (ou despesas antecipadas) serão apresentadas no balanço pelas
importâncias aplicadas, diminuídas das apropriações efetuadas no período, de forma a obedecer
ao regime de competência.

A apropriação das despesas relacionadas neste grupo deve ser feita ao resultado do período a que
corresponderem e não ao período em que foram pagas, mediante controles auxiliares, com as
informações relativas aos valores pagos e às parcelas a serem apropriadas.

3.3 VARIAÇÕES CAMBIAIS E ATUALIZAÇÕES DE CRÉDITOS

3.3.1 Variação Cambial – Aspectos Tributários

À opção do contribuinte, as variações cambiais ocorridas serão tributáveis, para fins de apuração
do PIS, COFINS, IR e CSLL, a partir de sua realização, retroativamente a 01.01.1999.

Poderá ser excluída a parcela das receitas financeiras decorrentes da variação monetária dos
direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, submetida à
tributação, segundo o regime de competência, relativa a períodos compreendidos no ano-
calendário de 1999 em diante, excedente ao valor da variação monetária efetivamente realizada,
ainda que a operação correspondente já tenha sido liquidada.

Assim, se o contribuinte recolheu valores a maior, pela observância do regime de competência,


poderá compensar tais valores, devidamente corrigidos pela SELIC, com recolhimentos futuros
do mesmo tributo.

Bases: artigos 30 e 31 – Medida Provisória 2158-35/2001.

Contabilização:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Rendimentos variação cambial


31/10/20X1 Créditos a Receber em Valor variação cambial Créditos a
moeda estrangeira – Ativo receber em moeda estrangeira 50.000,00
Circulante
31/10/20X1 Receita – Variação Valor variação cambial Créditos a
Cambial Ativa receber em moeda estrangeira 50.000,00

Exclusão no Lalur:

Exclusão no Lalur referente parcela da variação cambial ativa no valor de R$ 50.000,00


contabilizada como receita no mês de outubro/20X1 e não recebida. Obs.: a empresa optante
pelo lucro real, através de balancete, suspendeu o pagamento de IRPJ e CSSL.

PARTE A – REGISTRO DOS AJUSTES DO LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

DATA HISTÓRICO ADIÇÕES EXCLUSÕES


31/10/X1 Demonstração do Lucro Real
1. Lucro contábil antes IRPJ e CSSL 40.000,00
2. Adições - -
3. Exclusões (50.000,00)

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3.1 Parcela dos rendimentos de variação


cambial não recebida em 31/10/X1 50.000,00
4. Prejuízo Real em 31/10/X1 (10.000,00)

Além de diminuir o IRPJ e a CSSL, o valor não recebido deverá ser excluído também da base de
cálculo do PIS e da COFINS.

No final do exercício, em 31/12/20X1, além da exclusão no Lalur na parte A, deve-se preencher


também a parte B, pois esta exclusão influenciará resultados futuros, isto é, o valor deve ser
adicionado ao lucro real, na data o recebimento:

PARTE B- CONTROLE DE VALORES QUE CONSTITUIRÃO AJUSTE DO


LUCRO LÍQUIDO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

CONTA VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA

DATA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO SALDO


31/12/20X1 Vlr. parcela rendimento variação cambial
ativa não recebida 50.000,00 50.000,00

No exercício, em que o valor for efetuado o pagamento, a variação cambial ativa deve ser
adicionada ao lucro real.

3.3.2 Contabilização da atualização de créditos de anos anteriores evitando a tributação

Quando um crédito não é atualização por vários anos, pode gerar Imposto de Renda e CSSL no
período em que foi atualizado. Isso ocorre, por exemplo, com a taxa Selic, que atualiza os
tributos Federais.

A empresa tem um crédito de Imposto de Renda a recuperar referente ao ano de 20X5, e no ano
de 20X9 precisa atualizá-lo para compensar, não tendo sido atualizado nos anos anteriores. No
entanto, no ano-calendário de 20x9, está com lucro contábil e qualquer lançamento nas contas de
resultados a título de receita gera IRPJ e CSSL.

Porém se no ano de 20X5 houve prejuízo fiscal, poderão ser feitos os seguintes lançamentos:

1) Atualização 20X6

Contabilidade:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

30/12/X9 IRPJ a recuperar 20X4 - Valor atualização IRPJ-20X6 a


Ativo Circulante compensar pela taxa SELIC ref. ao
período de jan. a dez/20X6 7.520,00
30/12/X9 Lucros/Prejuízos Valor atualização IRPJ-20X6 a
Acumulado – Patrimônio compensar pela taxa SELIC ref. ao
Líquido período de jan.a dez/20X6 7.520,00

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Através destes lançamentos contábeis não haverá a incidência de Imposto de Renda e nem
CSSL, devendo apenas ajustar prejuízo fiscal de cada ano no Livro LALUR (Livro de Apuração
do Lucro Real).

Os valores são ajustados pelo regime de competência, em cada período a que se referem,
utilizando-se o LALUR, não é necessário alterar os registros contábeis dos referidos períodos.

Lalur:

PARTE B- CONTROLE DE VALORES QUE CONSTITUIRÃO AJUSTE DO


LUCRO LÍQUIDO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

CONTA PREJUÍZO FISCAL DO ANO DE 20X6

DATA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO SALDO


31/12/20X9 Valor prejuízo fiscal do ano de 20X6 100.000,00 100.000,00
31/12/20X9 Valor atualização Selic s/ IRPJ a recuperar
ref ao ano de 20X6 7.520,00 92.480,00

2) Atualização de 20X9:

Contabilidade:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

30/12/X9 IRPJ a recuperar –20X6 Valor atualização IRPJ-20X6 a


Ativo Circulante compensar pela taxa SELIC ref ao
período de jan a dez/20X9 8.000,00
30/12/X9 Variação Monetária Ativa- Valor atualização IRPJ-20X6 a
Receitas Financeiras compensar pela taxa SELIC ref ao
período de jan a dez/20X9 8.000,00

Apenas sobre o valor da atualização pela SELIC relativo ao ano de 20X9 haverá a incidência do
Imposto de Renda e da CSSL.

3.4 IMPOSTOS A RECUPERAR

3.4.1 Revisão das contas de retenção de Imposto de Renda e de outros tributos

Conciliar, através da nota fiscal ou extrato de aplicação financeira, os valores contabilizados


como Imposto de Renda retido na fonte.

Essa conferência deve ser minuciosa, valor por valor, pois esses valores serão deduzidos do
Imposto a Pagar, e não existindo o referido crédito a empresa será autuada.

Conferir se o imposto de renda retido está devidamente contabilizado na conta de Impostos a


Recuperar.

Ocorrem situações em que o IRRF não é contabilizado e nem deduzido do Imposto a pagar,
também, em outros casos o IRRF é indevidamente contabilizado como despesa da empresa.

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As observações acima também são válidas para o PIS, a COFINS e a CSSL retida na fonte.

Conferir o cálculo da atualização pela SELIC dos tributos federais de anos anteriores ou pagos a
maior.

Solicitar o comprovante de rendimentos pagos ou creditados, das empresas que efetuaram a


retenção, o qual deve ser fornecido pelas empresas que realizaram a retenção.

O citado comprovante é indispensável para comprovar as retenções e será solicitado em eventual


fiscalização ou comprovação dos créditos perante a Receita Federal.

3.4.2 Compensação de tributos federais de espécies diferentes

Além de analisar se os tributos federais estão sendo atualizados pela SELIC, deve ser verificado
se os tributos federais pagos a maior ou crédito de anos anteriores estão sendo compensados,
independentemente de sua espécie, bem como conferir se as compensações estão corretas,
através do preenchimento adequado da PERDCOMP, observando o seguinte:

O saldo negativo do IRPJ e CSSL (valores pagos a maior que o devido) bem como o PIS,
COFINS, IPI, ITR e demais tributos federais administrados pela RFB poderão ser compensados
com tributos federais de diferentes espécies, mediante Declaração de Compensação
(PER/DCOMP), via internet.

Essa compensação é automática, cabendo a Receita Federal posterior verificação para constatar a
existência do crédito compensado.

O saldo negativo do IRPJ e CSLL, pagos a maior por ocasião da suspensão ou redução do
balanço/balancete referente ao ano relativo ao fechamento do balanço, podem ser compensados
com os mesmos ou com outros tributos a partir do mês de janeiro do ano seguinte, mediante
PER/DCOMP - Ato Declaratório SRF 3/2000.

Os tributos pagos indevidamente podem ser compensados a partir do dia do pagamento indevido.

Exemplo: o valor da DARF a pagar é de R$ 1.000,00 e vencimento 31.10, conforme informado


DCTF, no entanto, por engano foi pago R$ 1.800,00. Os R$ 800,00 excedentes podem ser
compensados a partir de 31.10, com tributos administrados pela Receita Federal, mediante
PER/DCOMP.

Nota: eventual saldo credor do IPI poderá ser compensado com IRPJ, CSLL, PIS e COFINS a
pagar.

3.4.3 Atualização dos Tributos pagos a maior ou indevidamente pela Selic

A atualização pela SELIC dos tributos pagos a maior ou indevidamente é calculada a partir da
data em que o tributo foi pago a maior (PIS, COFINS, IRRF, IPI, ITR).

A atualização do IRPJ e da CSSL pagos a maior deverá ser efetuado a partir do dia seguinte ao
do encerramento do trimestre (31/mar., 30/jun./, 30/set. e 31/dez.) quando a opção for pelo lucro
real trimestral ou a partir do dia seguinte ao encerramento anual (31/dez.) quando a opção for
pelo Lucro Real Anual.

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Contabilidade:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

30/12/09 IRPJ a recuperar – Ativo Valor atualização IRPJ a compensar pela


Circulante taxa SELIC ref ao período de jan a dez
7.000,00
30/12/09 Variação Monetária Ativa- Valor atualização IRPJ a compensar pela
Receitas Financeiras taxa SELIC ref ao período de jan a dez
7.000,00

3.4.4 Saldo credor do ICMS, IPI

Confrontar o saldo credor do ICMS constante na contabilidade, com o Livro de Apuração do


ICMS e respectivas conciliações.

Confrontar o saldo contábil do IPI com o Livro de Apuração do IPI e respectivas conciliações.

4. ESTOQUES

Representam os bens destinados à venda e que variam de acordo com a atividade da entidade.
Exemplo: produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas e mercadorias.

4.1 ANÁLISE NAS CONTAS DE ESTOQUE

A conta de estoque deve estar conferindo obrigatoriamente com o total da posição do Inventário
a cada trimestre (Lucro Real Trimestral) ou fechamento anual do balanço (Lucro Real Anual,
Lucro Presumido e Simples).

Se a empresa apura o Imposto de Renda anual com suspensão ou redução, mês a mês deve
manter um relatório de estoque não sendo necessário o registro no Livro de Inventário, porém ao
final do exercício – 31.12, deverá manter registrado o Livro de Inventário, o qual deve estar em
conformidade com as respectivas contas de estoque na contabilidade.

A empresa deve atentar para o preço unitário de cada mercadoria ou produto, podendo avaliar as
mercadorias compradas para revenda pelo valor das últimas aquisições menos o ICMS.

No caso de fabricação de produtos a matéria-prima pode ser avaliada pelo preço das últimas
aquisições menos o ICMS e IPI, os produtos acabados avaliados por 70% do maior preço de
venda (sem deduzir o ICMS) e os produtos em elaboração avaliados por 56% do maior preço de
venda (sem deduzir o ICMS).

O estoque pode ser avaliado com base em registros contábeis, o chamado preço médio das
últimas aquisições menos os impostos recuperáveis (PEPS e Custo Padrão).

As contas de estoque estão ligadas diretamente como Custo de Mercadoria Vendidas, Custo de
Produtos Produzidos e de Serviços Prestados.

Assim, quanto maior o valor registrado no estoque (superavaliação) maior será o lucro,
consequentemente maior será o IRPJ e CSLL a pagar; e quanto menor o valor registrado no

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estoque (subavaliação) menor será o lucro e por consequência menor o IRPJ e CSLL, os quais
são calculados em função do lucro.

4.2 AVALIAÇÃO DAS MERCADORIAS PARA REVENDA E DAS MATÉRIAS-


PRIMAS

4.2.1 Custo Médio

O Custo médio, para as mercadorias revendidas e matérias primas, o qual será determinado pelo
registro permanente de estoques, sendo que não fazem parte do custo de aquisição os impostos
recuperáveis, os quais a empresa tem o direito ao crédito (ICMS, IPI, PIS, COFINS), sendo
acrescido o seguro e o transporte.

Obs.: na indústria o IPI é recuperável, porém em uma empresa que revende mercadoria o IPI não
é recuperável, devendo ser parte integrante do custo da empresa.

O PN CST 6/1979 dispõe que as saídas podem registradas unicamente no fim de cada mês, desde
que avaliadas ao preço médio que, sem considerar o lançamento de baixa, se verificar naquele
mês.

Exemplo:

Adotando-se a baixa (saída), somente ao final do mês, em um único lote:

DATA ENTRADA SAÍDA SALDO


QT QTD UN. QTD
DE UN. R$ TOTAL R$ E R$ TOTAL R$ E UN. R$ TOTAL R$
30/11/20X8 1.000 5,0000 5.000,00

01/12/20X8 150 6,00 900,00 1.150 5,1304 5.900,00

05/12/20X8 200 8,00 1.600,00 1.350 5,5556 7.500,00

10/12/20X8 50 9,00 450,00 1.400 5,6786 7.950,00

20/12/20X8 100 7,00 700,00 1.500 5,7667 8.650,00

28/12/20X8 150 5,00 750,00 1.650 5,6970 9.400,00


31/12/20X8 1.350 5,6970 7.690,91 300 5,6970 1.709,09

Observe-se que, a cada entrada, o custo médio variou, mas a baixa (saída) foi efetivada num
único lote, alterando desta forma o Custo da Mercadoria Vendida. Porém, pode ser adotado o
sistema que calcule diariamente o custo da baixa.

4.2.2 PEPS

Se a empresa não mantiver o registro permanente de estoque poderá avaliar o estoque das
mercadorias e matérias-primas pelo preço das últimas aquisições menos os impostos
recuperáveis - ICMS, IPI, PIS e COFINS-, também chamado de PEPS.

PEPS - o primeiro que entra é o primeiro que sai. Também conhecido como FIFO (sigla, em
inglês, de “first in, first out”).

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Este método é admitido pela legislação fiscal (item 2.2 do PN CST 6/1979).

Vamos exemplificar, utilizando a mesma movimentação que apresentamos no custo médio. Pelo
PEPS, a avaliação do CMV ficaria:

DATA ENTRADA SAÍDA SALDO


QTDE UN.R$ TOTAL R$ QTDE UN.R$ TOTAL R$ QTDE UN.R$ TOTAL R$
30/11/20X8 1.000 5,00 5.000,00
01/12/20X8 150 6,00 900,00 150 6,00 900,00
1.000 5,00 5.000,00
03/12/20X8 300 5,00 1.500,00 150 6,00 900,00
700 5,00 3.500,00
05/12/20X8 200 8,00 1.600,00
200 8,00 1.600,00 150 6,00 900,00
700 5,00 3.500,00
08/12/20X8 200 8,00 1.600,00
500 5,00 2.500,00 150 6,00 900,00
200 5,00 1.000,00
50 9,00 450,00
10/12/20X8
200 8,00 1.600,00
50 9,00 450,00 150 6,00 900,00
200 5,00 1.000,00
15/12/20X8 50 9,00 450,00
200 5,00 1.000,00 200 8,00 1.600,00
150 6,00 900,00
100 7,00 700,00
20/12/20X8
50 9,00 450,00
100 7,00 700,00 200 8,00 1.600,00
150 6,00 900,00
26/12/20X8 150 6,00 900,00 100 7,00 700,00
100 8,00 800,00 50 9,00 450,00
100 8,00 800,00
150 5,00 750,00
28/12/20X8
100 7,00 700,00
150 5,00 750,00 50 9,00 450,00
100 8,00 800,00
31/12/20X8 150 5,00 750,00
100 8,00 800,00 100 7,00 700,00
50 9,00 450,00

SOMAS 650 4.400,00 1.350 7.500,00 300 1.900,00

Como se observa na movimentação acima, os estoques finais pelo método PEPS foram de R$
1.900,00 (se fosse pelo custo médio o estoque final seria de R$ 1.709,09).

4.2.3 Custo arbitrado de Mercadorias e Matérias Primas

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A empresa poderá também avaliar o estoque pelo custo arbitrado, no qual as mercadorias serão
avaliadas em 70% do maior preço de vendas desse produto no período-base, não sendo permitida
a exclusão do ICMS.

Exemplo:

Valor do maior preço de venda – conforme nota fiscal - R$ 88,00, por unidade.

Em 31.12.20X8, fez-se o inventário e constatou-se a existência de 780 unidades desse produto.

Cálculo:

R$ 88,00 x 70% = R$ 62,00

Avaliação do estoque: 780 unidades x R$ 62,00 = R$ 48.360,00

4.3 AVALIAÇÃO DO CUSTO DE PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS

4.3.1 Custo integrado e coordenado com o restante da escrituração contábil

O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente:

I – o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou


consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior;
II – o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e
guarda das instalações de produção;
III – os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados
na produção;
IV – os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção;
V – os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção.

A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a cinco por cento do custo total
dos produtos vendidos no período de apuração anterior, poderá ser registrada diretamente como
custo (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 2º).

Nota: para fins contábeis, é necessário separar, por contas distintas, os respectivos gastos, a fim
de determinar a composição dos custos de produção.

A contabilização de gastos em contas de despesas operacionais, por exemplo, irá se refletir na


composição dos custos dos produtos vendidos e dos estoques de produtos em elaboração e
acabados.

A Matéria-Prima (MP), também chamada de Material Direto, representa todo o material


incorporado ao produto que está sendo fabricado, inclusive a embalagem. Neste custo,
computam-se o frete e o transporte, quando pagos pelo adquirente.

A Mão-de-Obra Direta (MO) é representada pelos salários devidos ao pessoal que trabalha
diretamente no produto.

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Fechamento de Balanço © - 39

Os Gastos Gerais de Fabricação (GCF), também denominados de Despesas Indiretas de


Fabricação, representam todos os custos relacionados com a produção, necessários à fabricação,
porém, não identificáveis diretamente com a unidade produzida.

Como exemplo, podemos citar os materiais indiretos, a mão de obra de supervisão, aluguéis e
arrendamento mercantil dos bens de produção, o seguro do estabelecimento industrial, as
depreciações das máquinas industriais, energia elétrica, manutenção dos bens, vigilância,
limpeza, etc.

Uma equação bastante simples que visualiza o custo de produção unitário, poderia ser assim
obtida:

Custo unitário de produção = (MP + MO + GGF): número de unidades produzidas

Evidentemente que, para situações reais, haverá necessidade de cálculos e rateios relativos ás
linhas de produção e aos diversos produtos fabricados, acrescido dos estoques em elaboração
anteriores e descontados os estoques em elaboração atual, etc.

Os produtos em fabricação e acabados serão avaliados pelo custo de produção, sendo observado
a exigência de contabilidade de custos integrado e coordenado com o restante da escrituração
contábil.

Considera-se sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da


escrituração aquele:

I – apoiado em valores originados da escrituração contábil (matéria-prima, mão-de-obra


direta, custos gerais de fabricação);
II – que permite determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor dos estoques de
matérias-primas e outros materiais, produtos em elaboração e produtos acabados;
III – apoiado em livros auxiliares, fichas, folhas contínuas, ou mapas de apropriação ou
rateio, tidos em boa guarda e de registros coincidentes com aqueles constantes da
escrituração principal;
IV – que permite avaliar os estoques existentes na data de encerramento do período de
apropriação de resultados segundo os custos efetivamente incorridos.

4.3.2 Custo Padrão

O custo-padrão é um custo pré-atribuído, tomado como base para o registro da produção antes da
determinação do custo efetivo.

Algumas características essenciais do método de custeio padrão são:

1. Prefixação de seu valor, com base no histórico ou em metas a serem perseguidas pela
empresa;
2. Pode ser utilizado pela contabilidade, desde que se ajuste, periodicamente, suas variações para
acompanhar seu valor efetivo real (pelo método do custo por absorção).
3. Permite maior facilidade de apuração de balancetes, sendo muito utilizado nas empresas que
precisam grande agilidade de dados contábeis.

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O item 37 da NPC 2 – Pronunciamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil -


IBRACON nº 2 de 30/04/1999, admite o custo-padrão, desde que ajustado periodicamente, nos
seguintes termos:

“Custos-padrão são também aceitáveis se revisados e reajustados periodicamente,


sempre que ocorrerem alterações significativas nos custos dos materiais, dos salários, ou
no próprio processo de fabricação, de forma a refletir as condições correntes. Na data
do balanço, o custo-padrão deve ser ajustado ao real.”

Também o Parecer Normativo CST nº 6/79, exige que se faça o ajuste periódico na contabilidade
entre o método de custeio padrão e custeio integral, como descrito no item 3.5:

“3.5. No caso em que a empresa apure custos com base em padrões pré-estabelecidos
(custo-padrão), como instrumento de controle de gestão, deverá cuidar no sentido de que
o padrão incorpore todos os elementos constitutivos atrás referidos, e que a avaliação
final dos estoques (imputações dos padrões mais ou menos as variações de custos) não
discrepe da que seria obtida com o emprego do custo real. Particularmente, a
distribuição das variações entre os produtos (em processo e acabados) em estoque e o
custo dos produtos vendidos deve ser feito a intervalos não superiores a três meses ou
em intervalo de maior duração, desde que não expedido qualquer um dos prazos
seguintes: (1) o exercício social; (2) o ciclo usual de produção, entendido como tal o
tempo normalmente despendido no processo industrial do produto avaliado. Essas
variações, aliás, haverão que ser identificadas a nível de item final de estoque, para
permitir verificação do critério de neutralidade do sistema adotado de custos sobre a
valoração dos inventários.”

Exemplo de cálculo do custo padrão:

Produto: Placa de concreto pré-fabricado 1,5m x 2,0m

Custo Custo
Unitário Padrão
Materiais Quant. Unid. R$ R$
cimento 0,5 sc 18,00 9,00
areia 0,2 m3 7,00 1,40
ferro 4,2mm 1,0 barra 10,00 10,00
ferro 6,0 mm 1,0 barra 20,00 20,00
pedra 0,2 m3 7,00 1,40
Subtotal 41,80

Mão -de Obra direta


horas/homem 2 horas 4,50 9,00
Subtotal 9,00

Gastos Gerais rateio


Energia Elétrica 3 rateio 1 3,00
Água 2 rateio 1 2,00
Depreciação 4 rateio 1 4,00
Manutenção 5 rateio 1 5,00
outros 7 rateio 1 7,00

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Subtotal 21,00

Total Custo Padrão de Fabricação R$ 71,80

Os cálculos deverão ser feitos, no caso da fabricação de pré-moldados, pelo Engenheiro Civil,
demonstrados em forma de laudos (planilhas demonstrativas), assinados e revisados
trimestralmente.

Não havendo significativa modificação de um trimestre para o outro, poderá ser feita nova
avaliação no máximo a cada término de exercício social, conforme item 3.5, do Parecer
Normativo CST nº 6/79.

Depois de apurado o Custo Padrão, para fins de avaliação e movimentação do estoque poderá ser
adotado o Custo Médio ou o PEPS.

4.3.3 Custo arbitrado

Se a escrituração do contribuinte não satisfizer às condições de apuração de custos exigidos, os


estoques deverão ser avaliados:

1) Os de materiais em processamento, por uma vez e meia o maior custo das matérias-
primas adquiridas no período de apuração, ou em oitenta por cento do valor dos produtos
acabados;

2) Os dos produtos acabados, em setenta por cento do maior preço de venda no período de
apuração.

Para aplicação do disposto no item 2, o valor dos produtos acabados deverá ser determinado
tomando por base o preço de venda, sem exclusão de qualquer parcela a título de ICMS.

O disposto deverá ser reconhecido na escrituração comercial.

Exemplo:

A Placa de concreto pré-fabricado 1,5m x 2,0m é vendida por R$ 150,00 a unidade, estando
inserido nesse preço 10% do IPI, no valor de R$ 15,00. O cálculo do estoque pelo arbitramento
do custo será:

Valor do preço de venda 150,00


(-) IPI 15,00
Base de cálculo 135,00
Percentual de arbitramento 70%
Valor do custo arbitrado 94,50

Observação: somente o IPI será deduzido do preço praticado do produto. Os demais impostos,
como o ICMS, serão mantidos na base de cálculo do custo arbitrado

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Os materiais em processamento (também chamados de “produtos em elaboração”) serão


avaliados por uma vez e meia o maior custo das matérias-primas adquiridas no período-base, ou
em 80% do valor dos produtos acabados (o que equivale dizer a 56% do maior preço de venda).

Exemplo:

Produto em elaboração
Valor do preço de venda 150,00
(-) IPI 15,00
Base de cálculo 135,00
Percentual de arbitramento 70%
Valor do custo arbitrado 94,50
Percentual do arbitramento
Produto em elaboração 80%
Valor custo arbitrado 75,60

O produto em elaboração equivale dizer 80% do valor do produto elaborado ou 56 % do preço de


venda do produto. (R$ 135,00 x 56% = 75,60).

5. ATIVO NÃO CIRCULANTE

O Ativo Não Circulante é composto pelos direitos que serão recebidos após o término do
exercício seguinte, isto é, após 12 (doze) meses.

Exemplo: notas promissórias e créditos a receber (+12 meses), empréstimos a sócios e depósitos
judiciais para garantia em juízo.

5.1 CRÉDITOS REALIZÁVEIS

Independentemente do prazo, ainda, são classificadas neste grupo, de acordo com a Lei nº
6.404/76, as seguintes contas: adiantamentos a sócios, adiantamentos a acionistas, empréstimos
às coligadas, empréstimos à controladas, etc.

Nas contas do Não Circulante (Realizável a Longo Prazo), deve-se verificar se os saldos estão
suportados por documentos hábeis e planilhas de controle dos créditos.

Exemplo: se o pagamento do contrato de mútuo está suportado por recibo, contrato etc., bem
assim, em planilhas de apropriação de encargos financeiros.

5.2 DEPÓSITOS JUDICIAIS E OUTROS CRÉDITOS REALIZÁVEIS – NÃO


ATUALIZAÇÃO

Pela convenção do conservadorismo (ou da prudência) as contingências ativas ou os ganhos


contingentes não devem ser registrados.

Somente quando estiver efetivamente assegurada a sua obtenção ou recuperação é que devem ser
reconhecidos.

Contingência é uma condição ou situação cujo resultado final, favorável ou desfavorável,


somente será confirmado caso ocorram, ou não ocorram, um ou mais eventos futuros incertos.

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Para fins tributários, esta mesma situação viabiliza que as receitas futuras que dependem de
resultado incerto somente venham a ser reconhecidas por ocasião de sua efetiva disponibilização
econômica ou jurídica (art. 43 do CTN).

Como exemplo: a obtenção de juros sobre depósitos judiciais em garantia de instância, enquanto
não definitiva a lide em favor do depositante os valores não deverão ser contabilizados como
receita, evitando assim, o recolhimento do PIS, COFINS, IRPJ e CSSL.

5.3 CONTABILIZAÇÃO DE INCENTIVOS FISCAIS

A correta contabilização de incentivos fiscais permite que se obtenha economia fiscal (além do
benefício já utilizado). Isto porque as subvenções para investimento, inclusive mediante isenção
ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de
empreendimentos econômicos e as doações feitas pelo poder público não serão computadas na
determinação do lucro real, desde que seja registrada em reserva de lucros a que se refere o art.
195-A da Lei 6.404/1976.

Esta reserva de incentivos fiscais somente poderá ser utilizada para:

I - absorção de prejuízos, desde que anteriormente já tenham sido totalmente absorvidas as


demais Reservas de Lucros, com exceção da Reserva Legal; ou

II - aumento do capital social.

Na hipótese de utilização para absorção de prejuízos, a pessoa jurídica deverá recompor a reserva
à medida que forem apurados lucros nos períodos subsequentes.

Exemplo:

Empresa recebeu subvenção para investimento, no ano de 2XX0 de R$ 1.000.000,00, e utilizou o


valor para compensar prejuízos contábeis anteriores.

Deverá, num primeiro momento, registrar a constituição de reserva de incentivos fiscais,


mediante transferência da conta transitória do patrimônio líquido que contém o resultado do
exercício:

D – Lucro Acumulado a Destinar (Patrimônio Líquido)


C – Reservas de Incentivos Fiscais (Patrimônio Líquido)
R$ 1.000.000,00
Histórico: formação da reserva de incentivos fiscais n/exercício.

Em seguida, realiza a compensação com os prejuízos acumulados:

D - Reservas de Incentivos Fiscais (Patrimônio Líquido)


C – Prejuízos Acumulados (Patrimônio Líquido)
R$ 1.000.000,00
Histórico: pela compensação da reserva de incentivos fiscais c/ prejuízos.

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No Livro de Apuração do Lucro Real, deverá excluir, no ano de 2XX0, o valor de R$


1.000.000,00, a título de formação de reserva de incentivos fiscais.

Posteriormente, no ano de 2XX1, houve lucro contábil de R$ 5.000.000,00. Deverá, então,


proceder à reconstituição da reserva de incentivos fiscais, desta forma:

D – Lucros ou Prejuízos Acumulados (Patrimônio Líquido)


C – Reservas de Incentivos Fiscais (Patrimônio Líquido)
R$ 1.000.000,00
Histórico: recomposição da reserva de incentivos fiscais do exercício de 2XX0.

5.4 BAIXA DE ATIVOS FICTÍCIOS

Muitas empresas detêm, em sua contabilidade, contas que geram despesas tributárias.

São contas que podem estar sendo atualizadas (variação monetária e juros) sem base que suporte
o registro.

Uma receita financeira/ano de R$ 10.000,00 pode ter um custo tributário de até R$ 3.865,00/ano
(IRPJ, CSL, PIS e COFINS) – considerando-se uma empresa tributada pelo lucro real.

Muitas destas contas são heranças de balanços anteriores. A maioria delas não tem respaldo
(documentação) contábil.

Nesta hipótese, é cabível a baixa, por inexistência de documentação suporte. Inexistindo o ativo,
inexiste a receita financeira, e também o custo tributário. Recomenda-se documentar a baixa com
laudo de perito contábil, indicando a inexistência da documentação pertinente.

Contabilidade:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

30/12/X9 Lucros/Prejuízos Vlr baixa empréstimo compulsório por


Acumulados- Patrimônio inexistência do referido ativo conforme
Líquido Laudo 45.000,00
30/12/X9 Empréstimos Vlr baixa empréstimo compulsório por
compulsórios - Ativo inexistência do referido ativo conforme
Realizável Longo Prazo Laudo 45.000,00

5.5 EMPRÉSTIMOS DE MÚTUO

MÚTUO EQUIPARADO À RENDA FIXA PARA FINS DE RETENÇÃO DE


IMPOSTO DE RENDA

Para fins tributários a legislação divide o mercado em duas espécies: mercado de renda fixa e
mercado de renda variável.

São também tributados como aplicações financeiras de renda fixa os rendimentos auferidos:

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Fechamento de Balanço © - 45

- pela entrega de recursos a pessoa jurídica, sob qualquer forma e a qualquer título,
independentemente de a fonte pagadora ser ou não instituição autorizada a funcionar pelo Banco
Central do Brasil;
- nas operações de mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica
e pessoa física.

Alíquotas de Imposto de Renda na Fonte - IRRF

Conforme dispõe o art. 5º da Lei 9.779/1999, os rendimentos auferidos em qualquer aplicação ou


operação financeira de renda fixa ou de renda variável sujeitam-se à incidência do imposto de
renda na fonte, mesmo no caso das operações de cobertura (hedge), realizadas por meio de
operações de swap e outras, nos mercados de derivativos.

Retenção na Fonte - Alíquotas Regressivas

Ressalvadas as exceções determinadas na legislação, em regra, as aplicações e operações


financeiras de renda fixa ou de renda variável realizadas a partir de 1º de janeiro de 2005,
sujeitam-se à incidência do imposto de renda na fonte às seguintes alíquotas:

a) 22,5% (vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento), em aplicações com prazo de até 180
(cento e oitenta) dias;
b) 20% (vinte por cento), em aplicações com prazo de 181 (cento e oitenta e um) dias até 360
(trezentos e sessenta) dias;
c) 17,5% (dezessete inteiros e cinco décimos por cento), em aplicações com prazo de 361
(trezentos e sessenta e um) dias até 720 (setecentos e vinte) dias;
d) 15% (quinze por cento), em aplicações com prazo acima de 720 (setecentos e vinte) dias.

Fundamentação: art. 1º da Lei n° 11.033/2004.

Momento da Retenção e Recolhimento

No caso de mútuo entre pessoas jurídicas, a incidência do imposto na fonte ocorre inclusive
quando a operação for realizada entre empresas controladoras, controladas, coligadas e
interligadas.

Nas operações de mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e
pessoa física em que o prazo de pagamento seja indeterminado, a alíquota do imposto sobre a
renda na fonte é de 22,5% (vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento).

O imposto será retido no ato do pagamento dos rendimentos, ou da alienação do título ou da


aplicação, nas operações de mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre
pessoa jurídica e pessoa física.

É responsável pela retenção do imposto:

a) a pessoa jurídica que efetuar o pagamento dos rendimentos;


b) a pessoa jurídica mutuante quando o mutuário for pessoa física;
c) a pessoa jurídica que receber os recursos do cedente, nas operações de transferência de
dívidas;

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Fechamento de Balanço © - 46

d) a instituição ou entidade que, embora não seja fonte pagadora original, faça o
pagamento dos rendimentos ao beneficiário final.

Incidência de IOF

O IOF incide sobre as operações de crédito realizadas por instituições financeiras, por empresas
de factoring e entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física.

O fato gerador do IOF é a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação,
ou sua colocação à disposição do interessado e é incidente sobre o saldo devedor diário apurado
no último dia de cada mês.

As regras para cobrança do IOF estão estabelecidas no respectivo regulamento.

6. ATIVO NÃO CIRCULANTE

O ativo não circulante será composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos,
imobilizado e intangível, deixando de existir a anterior classificação “ativo permanente” (que
vigorava até 04.12.2008).

Graficamente:

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE CIRCULANTE

NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

INVESTIMENTOS

IMOBILIZADO

INTANGÍVEL

Na verdade, desaparece apenas a nomenclatura Ativo Permanente, permanecendo as contas


contábeis existentes, só que reclassificadas dentro dos novos grupos do ativo não circulante.

6.1 INVESTIMENTOS

Investimentos: são todas as aplicações de recursos que não tem por finalidade o objetivo
principal da entidade.

Exemplos: imóveis para aluguel, terrenos para expansão, ações em outras empresas, participação
em empresas coligadas, participação em empresas controladas e obras de arte.

6.2 INVESTIMENTOS EM COLIGADAS/CONTROLADAS

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Fechamento de Balanço © - 47

Os Investimentos relevantes em coligadas ou controladas estão avaliados pelo método da


equivalência patrimonial; quando houver a obrigação solicitar o Balanço Patrimonial às
empresas investidas para efetuar os lançamentos contábeis, lembrando que sobre o resultado
positivo da equivalência patrimonial não incide tributação (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS) e no
caso de resultado negativo são indedutíveis para fins de IRPJ e CSLL.

REGRAS DE AVALIAÇÃO

Por força da Lei 11.638/2007, que alterou o art. 248 da Lei 6.404/1976 , a partir de 01.01.2008, a
obrigatoriedade de avaliar pelo método da equivalência patrimonial atinge os investimentos
em coligadas sobre cuja administração tenha influência significativa, ou de que participe com
20% (vinte por cento) ou mais do capital votante, em controladas e em outras sociedades que
façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum.

Exemplo de Avaliação pela Equivalência Patrimonial:

1. A empresa “A” tem 80% do capital social da empresa “B”, sendo um investimento
relevante;
2. No Balanço da empresa “A” deve constar o resultado da participação na empresa “B”, a
chamada equivalência Patrimonial;
3. O cálculo é efetuado sobre o valor do Patrimônio Líquido da empresa “B” (patrimônio
líquido = Capital Social + Reservas + Lucros/prejuízos acumulados);
4. Após apurado o Resultado do ano na empresa “B”, o Patrimônio Líquido é de R$
1.000.000,00;
5. Calcula-se 80% de 1.000.000,00 = 800.000,00. Esse é o valor da participação na empresa
“B”;
6. Então, se na empresa “A”, havia um saldo de R$ 600.000,00, deverá ser feito um ajuste
de R$ 200.000,00, para que o saldo feche com os R$ 800.000,00;
7. O valor de R$ 200.000,00 é chamado de resultado da equivalência patrimonial, sobre o
qual não haverá incidência de IRPJ nem CSLL, será excluído do lucro real, através do
LALUR.

Se o resultado da equivalência patrimonial for negativo, do mesmo modo, o valor será


adicionado ao lucro real, ou seja, o resultado não tem efeito na apuração do Lucro Real,
Presumido ou Arbitrado.

O resultado não deverá ser refletido no Balanço se o Investimento não for relevante ou se o valor
do Patrimônio Líquido da empresa investida (em nosso exemplo a empresa “B”) apresentar o
Patrimônio Líquido Negativo.

Em síntese, havendo relevância no investimento em outra empresa, o Patrimônio Líquido da


investida deve constar no Balanço da empresa investidora, proporcionalmente à participação no
capital social.

6.3 INVESTIMENTOS NÃO RELEVANTES

Por força da Lei 11.638/2007, que alterou o art. 248 da Lei 6.404/1976, a partir de 01.01.2008,
não estão obrigados em avaliar pelo método da equivalência patrimonial que atinge os
investimentos em coligadas sobre cuja administração tenha influência significativa, ou de que
participe com percentual INFERIOR a 20% (vinte por cento) do capital votante, em

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Fechamento de Balanço © - 48

controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle
comum.

Esses valores deverão permanecer com os saldos originais dos investimentos, quaisquer
lançamentos de ajuste, por ocasião de equivalência patrimonial, serão tributados pelo IRPJ e pela
CSSL.

7. ATIVO IMOBILIZADO

Imobilizado: representam as aplicações de recursos em bens instrumentais que servem de meios


para que a entidade alcance seus objetivos. Os bens materiais sofrem depreciação, os bens
imateriais (programas de computador) sofrem amortização e jazidas e minas sofrem exaustão.

Exemplos: Imóveis, máquinas e equipamentos, veículos, móveis e utensílios, ferramentas,


moldes, computadores, software, etc.

7.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS E TAXAS DE DEPRECIAÇÃO

1. Conciliar a conta do Ativo Imobilizado, no sentido de verificar se as contas contábeis


estão de acordo com o Relatório de Controle do Ativo Imobilizado.
2. Conciliar a conta de vendas do ativo imobilizado, verificando se foram baixados o valor
contábil corrigido e a depreciação acumulada dos bens vendidos no ano.
3. Analisar o razão contábil de todo o ano, objetivando identificar lançamentos que chamam
a atenção e certificar-se quanto a existência ou não do mesmo.
4. O contador deverá conferir as taxas de depreciação utilizadas que constam no sistema de
controle do Ativo Imobilizado ou planilhas alternativas do cálculo da depreciação
acumulada. Em muitos casos, utiliza-se uma taxa menor que a legislação permite,
pagando-se mais tributos. Exemplo: normalmente utiliza-se a taxa de 20% ao ano para
caminhões, no entanto a taxa de depreciação da maioria dos caminhões é de 25%.
5. A depreciação calculada a menor em um ano, não poderá ser compensada no ano
seguinte, isto porque, a empresa deve observar as taxas anuais máximas de depreciação,
conforme a legislação. Exemplificando: No ano de 20X4, um automóvel é depreciado a
taxa de 10% ao ano, em 20X5 poderá ser depreciado no máximo à taxa de 20% ao ano, a
qual é permitida pela legislação, não podendo ser depreciado a 30% ao ano. Caso utilize a
taxa 30% ao ano, em uma fiscalização o fisco considerará indedutível a depreciação
superior à taxa de 20%.
6. Se a empresa não possuir Controle do Ativo fixo, no mínimo deverá manter planilhas
alternativas para comprovar as despesas com depreciação, senão as depreciações poderão
ser glosadas pelo fisco.
7. Verificar se a empresa está aproveitando o crédito de ICMS sobre as aquisições do
Imobilizado, na proporção mensal de 1/48, e lançando o valor líquido no Ativo
Imobilizado (valor do produto menos o ICMS).

As contas do Imobilizado devem estar de acordo com os controles patrimoniais da empresa.


Caso tais controles sejam inexistentes deve-se manter planilha comprovando as despesas de
depreciação e amortização contabilizadas, bem como, através de visualização do Razão Contábil,
verificar se estão corretos os lançamentos de aquisição do imobilizado e se nas vendas foram
baixadas as depreciações e o custo contábil dos bens vendidos.

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As taxas de depreciação utilizadas que constam no sistema de controle do Ativo Imobilizado ou


planilhas alternativas do cálculo da depreciação acumulada, devem estar em conformidade com
as taxas máximas admissíveis. Em muitos casos, utiliza-se uma taxa menor que a legislação
permite, pagando-se mais tributos.

Exemplo: normalmente utiliza-se a taxa de 20% ao ano para caminhões, no entanto a taxa de
depreciação da maioria dos caminhões é de 25% (neste caso reflete também no recolhimento do
PIS e da COFINS, já que a legislação permite o crédito sobre depreciação dos bens do ativo
imobilizado).

Desta forma, as principais taxas praticadas são as seguintes:

Edificações – 4% ao ano
Instalações – 10% ao ano
Móveis e Utensílios – 10% ao ano
Máquinas e Equipamentos – 10% ao ano
Ferramentas – 15% ao ano
Veículos – 20% ao ano
Caminhões – de 20% a 25%
Equipamentos de Informática – 20% ao ano
Equipamentos de Comunicação – 20% ao ano

Sendo a Contabilidade uma ciência que controla o Patrimônio das empresas, faz-se necessário,
no mínimo, uma relação com todos os bens da empresa (em forma de planilha), com o valor
original de aquisição, sua depreciação e saldo residual, bem como, uma cópia dos respectivos
documentos de aquisição.

TAXAS DE DEPRECIAÇÃO SUPERIORES E INFERIORES - PRODUÇÃO DE PROVA

A utilização de taxas de depreciação superiores àquelas prescritas na legislação tributária impõe


ao interessado a produção de prova da adequação da taxa adotada às condições específicas de
uso dos seus bens, devendo, em caso de dúvida quanto à prova produzida, ser pedida perícia do
Instituto Nacional de Tecnologia ou de outra entidade oficial de pesquisa científica ou
tecnológica, independentemente da presença de estabelecimento físico da entidade oficial no
domicílio do interessado.

Não é exigida essa comprovação se forem usadas taxas inferiores àquelas prescritas na legislação
tributária.

Base: Solução de Consulta Cosit 86/2021.

7.2 BENS USADOS – TAXA MAIOR DE DEPRECIAÇÃO

A taxa de depreciação de bens usados, para fins de apuração do custo ou despesa operacional das
empresas tributadas pelo lucro real é calculada considerando como prazo de vida útil o maior
dentre:

1. metade do prazo de vida útil admissível para o bem adquirido novo;


2. restante da vida útil do bem, considerada esta em relação à primeira instalação para
utilização.

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A depreciação na compra de bens usados (normalmente o dobro da comum, conforme critérios


citados acima), para ser utilizada, necessariamente precisa ser lançada na Contabilidade.

Exemplo:

Caminhão de carga, cuja vida útil é de 4 anos, se adquirido após 3 anos de fabricação, poderá ser
depreciado em 2 anos, aplicando-se a taxa de 50% ao ano.

A diferença de tributação é significativa. Tomando o exemplo do caminhão, de valor R$


100.000,00, a depreciação/ano pelo critério fiscal é de R$ 50.000,00. Se adotado o critério geral,
ficaria em R$ 25.000,00.

Como exemplo, a diferença pode gerar um menor pagamento de IRPJ e CSLL,

A contabilização da depreciação dos bens adquiridos usados é feita juntamente com a


depreciação normal dos outros bens, a única diferença é a de que no controle do Ativo
Imobilizado ou nas planilhas de cálculo da depreciação os bens usados são depreciados mediante
uma taxa maior de depreciação, ou seja, enquanto um veículo adquirido novo deprecia-se à taxa
de 20% ao ano, um veículo adquirido com 04 anos de uso será depreciado à taxa de 40% ao ano,
o dobro da taxa normal.

7.3 DEPRECIAÇÃO ACELERADA CONTÁBIL (EM FUNÇÃO DOS TURNOS)

Em relação aos bens móveis, poderão ser adotados, em função do número de horas diárias de
operação, os seguintes coeficientes de depreciação acelerada (Lei 3.470/58, art. 69):

I – um turno de oito horas................................1,0;


II – dois turnos de oito horas............................1,5;
III – três turnos de oito horas............................2,0.

Portanto, a utilização da aceleração da depreciação contábil, quando há mais de um turno diário


de operação, poderá permitir uma contabilização maior de encargos dedutíveis na apuração do
resultado tributável. É muito comum, em industrias e empresas que trabalham mais de 08 horas
até 24 horas diárias.

7.4 DEPRECIAÇÃO ACELERADA

A legislação brasileira admite determinados incentivos, chamados de "depreciação acelerada


incentivada", visando incrementar os investimentos em determinados setores ou atividades. O
incentivo consiste na redução ou diferimento do pagamento do IRPJ, PIS, COFINS ou CSLL,
isolada ou conjuntamente.

Um dos exemplos é a depreciação relativa à Inovação Tecnológica (Lei 11.196/2005).

Inovação Tecnológica - Conceito

Considera-se inovação tecnológica a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem


como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que

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implique melhorias incrementais e no efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando


maior competitividade no mercado.

Forma de Utilização do Incentivo

Os valores relativos aos dispêndios incorridos em instalações fixas e na aquisição de aparelhos,


máquinas e equipamentos, destinados à utilização em projetos de pesquisa e desenvolvimentos
tecnológicos, metrologia, normalização técnica e avaliação da conformidade, aplicáveis a
produtos, processos, sistemas e pessoal, procedimentos de autorização de registros, licenças,
homologações e suas formas correlatas, bem como relativos a procedimentos de proteção de
propriedade intelectual, poderão ser depreciados na forma da legislação vigente, podendo o saldo
não depreciado ser excluído na determinação do lucro real, no período de apuração em que
concluída sua utilização.

Exemplo:
- Gastos incorridos em instalações fixas: R$ 1.000.000,00, em dezembro/20X3;
- Valor depreciado no período de apuração: R$ 3.333,33 (taxa de 4% ao ano proporcional ao
número de meses no ano) = (1.000.000 x 4%) : 12 x 1;
- Saldo não depreciado: (R$ 1.000.000,00 - R$ 3.333,33) = R$ 996.666,67
- Valor a ser excluído do lucro real = R$ 996.666,67

Contabilidade:
O lançamento contábil da depreciação deve ser feito juntamente com os outros bens, conforme
sistema de depreciação ou planilhas alternativas, abaixo apenas está se exemplificando a
contabilização:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

30/12/X9 Depreciação – Valor depreciação de bens no mês,


Custo/Despesas conforme relatório 3.333,33
30/12/X9 (-) Depreciação Valor depreciação de bens no mês,
Acumulada - conforme relatório 3.333,33
Ativo Imobilizado

Lalur 20X9: Exclusão

PARTE A – REGISTRO DOS AJUSTES DO LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

DATA HISTÓRICO ADIÇÕES EXCLUSÕES


31/12/X9 Demonstração do Lucro Real
1. Lucro contábil antes IRPJ e CSSL 1.035.000,00
2. Adições 0,00 0,00
3. Exclusões (996.666,67) 996.666,67
3.1 Valor gastos aplicados no incentivo à
pesquisa e inovação Tecnológica, cfe art.
20 da Lei 11.196/20X5.
996.666,67
4. Lucro Real em 31/12X09 38.333,33

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Como verificamos acima, o lucro foi reduzido de R$ 1.035.000,00, para R$ 38.333,33, uma
economia no ano de 20X8 de aproximadamente R$ 249.166,66 de IRPJ (996.666,67 x 25%).
Esse valor será adicionado ao IRPJ à medida que os bens forem sendo depreciados, a empresa
tem até 25 anos para devolver os tributos ao governo (no caso de benfeitorias 4% ao ano, em 25
anos está totalmente depreciada, no caso de máquinas a taxa é de 10% ao ano, em 10 anos está
totalmente depreciada e assim por diante). Porém cada ano o Contador poderá estudar novas
formas de economia tributária.

Lalur em 20X1: Adição

Mês a mês deverá ser adicionada ao IRPJ e à CSSL a parcela contabilizada como despesa de
depreciação referente ao bem já utilizado integralmente incentivo fiscal, ou seja, a contabilidade
da empresa não sofre alterações, o incentivo é aproveitado (excluído do Lucro Real) via Lalur e
as adições referente a depreciação são adicionadas à medida que vão incorrendo.

O cálculo é o seguinte:
Valor total do bem R$ 1.000.000,00 x 4% (taxa de depreciação anual) = 40.000,00

PARTE A – REGISTRO DOS AJUSTES DO LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

DATA HISTÓRICO ADIÇÕES EXCLUSÕES


31/12/X1 Demonstração do Lucro Real
1. Lucro contábil antes IRPJ e CSSL 352.510,00
2. Adições 40.000,00 40.000,00
2.1 Parcela relativa à depreciação benfeitorias
utilizadas como incentivo Pesquisa e
Inovação tecnológica art. 20 da Lei
11.196/20X5. 40.000,00
3. Exclusões 0,00 0,00
4. Lucro Real em 31/12/X1 392.510,00

Controle do Incentivo na Parte B do Lalur

O valor do saldo excluído deverá ser controlado na parte B do Livro de Apuração do Lucro Real
(LALUR) e será adicionado, na determinação do lucro real, em cada período de apuração
posterior, pelo valor da depreciação normal que venha a ser contabilizada como despesa
operacional.

Exemplo:
Valor excluído na Parte A do LALUR em 20X8: R$ 996.666,67
Depreciação dos gastos incorridos incentivados em 20X7: R$ 40.000,00
Valor a ser adicionado na Parte B do LALUR em 20X7: R$ 40.000,00
Controle do Saldo na Parte B do LALUR:
Saldo final em 20X8: R$ 996.666,67
Valor adicionado em 20X9 na Parte A: R$ 40.000,00
Saldo final em 20X9: R$ 996.666,67 – R$ 40.000,00 = R$ 956.666,67, como verificamos
abaixo:

Lalur – parte B – 20X9

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Fechamento de Balanço © - 53

PARTE B- CONTROLE DE VALORES QUE CONSTITUIRÃO AJUSTE DO


LUCRO LÍQUIDO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

CONTA Depreciação Acelerada Incentivada


Benfeitoria XY, cfe art. 16 e 17 da Lei
11.196/20X5.

DATA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO SALDO


31/12/20X9 Valor incentivo Pesquisa/Inovação
Tecnológica ref benfeitoria 996.666,67 996.666,67

Lalur – parte B 20X1

PARTE B- CONTROLE DE VALORES QUE CONSTITUIRÃO AJUSTE DO


LUCRO LÍQUIDO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

CONTA Depreciação Acelerada Incentivada


Benfeitoria XY, cfe art. 20 da Lei
11.196/20X5.

DATA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO SALDO


31/12/20X1 Valor incentivo Pesquisa/Inovação
Tecnológica ref. benfeitoria 996.666,67 996.666,67
31/12/20X1 Valor depreciação anual Benfeitoria XY 40.000,00 956.666,67

Controle Contábil dos Gastos

Para fins da dedução, os gastos deverão ser controlados contabilmente em contas específicas,
individualizadas por projeto realizado.

Exemplo:
Projeto de inovação tecnológica do Produto XYZ:
Aquisição de 1 máquina no valor de R$ 250.000,00:

D. Máquinas e Equipamentos - Projeto Inovação Produto XYZ (Ativo Imobilizado)


C. Fornecedores

7.5 DIFERIMENTO DA TRIBUTAÇÃO NA ALIENAÇÃO DE BENS DO ATIVO


PERMANENTE

Nas vendas do ativo permanente para recebimento do preço, todo ou e parte, após o término do
ano-calendário seguinte ao da contratação, o contribuinte poderá, para efeito de determinar o
lucro real, reconhecer o lucro na proporção da parcela do preço recebida em cada período de
apuração.

Caso o contribuinte tenha reconhecido o lucro na escrituração comercial no período-base das


vendas, os ajustes e controle serão efetuados no LALUR.

O lucro é diferido proporcionalmente ao recebimento das parcelas.

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Para o diferimento da tributação a empresa deverá se enquadrar nas duas situações seguintes:

 Vender bem do ativo permanente.


 Pelo menos parte do preço da venda deve ter recebimento previsto para após o
término do ano-calendário seguinte ao da negociação (exemplo: venda em
30/09/20x4, parte do recebimento deve estar previsto para período posterior a
31/12/20x5).

7.6 BENS DE PEQUENOS VALORES

Por força da MP 627/2013 (convertida na Lei 12.973/2014), o custo de aquisição de bens do


ativo não circulante imobilizado e intangível não poderá ser deduzido como despesa operacional,
salvo se o bem adquirido tiver valor unitário não superior a R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) ou
prazo de vida útil não superior a um ano.

Portanto, os direitos do intangível também se encontram compreendidos na possibilidade de


dedução, a partir de 2015, segundo as regras acima.

Nota: o novo valor e a ampliação da dedução poderão ocorrer a partir de 01.01.2014 para os
contribuintes que optarem pela aplicação, em 2014, das novas regras contábeis e fiscais
estipuladas pela MP 627/2013 (convertida na Lei 12.973/2014), conforme desprende-se do inciso
I, § 1, art. 98 e "caput" da referida MP (correspondentes ao inciso I, § 1 do artigo 119 da Lei
12.973/2014).

Assim, ao invés de imobilizar o bem (Débito a Ativo Imobilizado), efetua-se o lançamento a uma
conta de resultado, reduzindo o montante tributável, no caso de empresa tributada pelo Lucro
Real, com redução do IRPJ e CSL devidos.

Contabilidade:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Contabilização bens de pequeno valor


30/10/X9 Bens de pequeno valor Vlr nf. 1010 Casas Bahia, aquisição mesa
- Despesas de centro 300,00

30/10/X9 Fornecedor Vlr nf. 1010 Casas Bahia, vcto 30/11/X9


300,00

7.7 REAVALIAÇÃO BENS DO ATIVO IMOBILIZADO

A Lei 6.404/76 (também chamada Lei das S/A), em seu artigo 8º, admite a possibilidade de se
avaliarem os ativos de uma companhia pelo seu valor de mercado, chamando isto de reavaliação.

Na reavaliação abandona-se o custo do bem original, corrigido monetariamente até 31.12.1995, e


utiliza-se o novo valor econômico do ativo, obtido a partir de um laudo de avaliação.

O valor da reavaliação do ativo imobilizado é a diferença entre o valor líquido contábil do bem e
o valor de mercado, com base em laudo técnico elaborado por três peritos ou entidade
especializada.

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EXTINÇÃO DA RESERVA DE REAVALIAÇÃO A PARTIR DE 01.01.2008

A partir de 01.01.2008, a Reserva de Reavaliação foi extinta, por força da Lei 11.638/2007.

Os saldos existentes nas reservas de reavaliação deverão ser mantidos até a sua efetiva realização
ou estornados até o final do exercício social de 2008.

Serão classificadas como Ajustes de Avaliação Patrimonial, enquanto não computadas no


resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos
ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua
avaliação a preço de mercado.

Portanto, as referências, a partir de 01.01.2008, à conta “Reserva de Reavaliação”, neste texto,


devem ser entendidas como da conta “Ajustes de Avaliação Patrimonial”.

7.8 AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL

A Lei 11.638/2007 substitui a faculdade da reavaliação de bens pela obrigação de se ajustar o


valor dos ativos e passivos a preços de mercado.

Um dos casos em que essa regra se aplica é quando houver operação de incorporação, fusão ou
cisão vinculada a uma efetiva alienação de controle que tenha sido realizada entre partes
independentes, ou seja, sociedades que não façam parte de um mesmo grupo econômico.

Os ativos e passivos da sociedade a ser incorporada ou decorrente da fusão ou cisão devem ser
ajustados aos valores de mercado e a contrapartida desses ajustes será realizada em uma conta do
patrimônio líquido, denominada “Ajustes de Avaliação Patrimonial”, que pode apresentar saldo
devedor (negativo) ou credor (positivo), dependendo do caso.

Nos termos da nova legislação, serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, as
contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo e do passivo,
em decorrência da sua avaliação a preço de mercado. Este procedimento ocorre enquanto tais
valores não são computados no resultado do exercício em obediência ao regime de competência.

A título de exemplo, na hipótese de avaliação de imóveis a preço de mercado, com laudo


devidamente fundamentado e nas circunstâncias determinadas pela Lei, teremos o seguinte
lançamento contábil na empresa que detém os ativos:

D - Ajuste a Valores de Mercado - Imóveis (Imobilizado)


C - Ajustes de Avaliação Patrimonial - Imóveis (Patrimônio Líquido)

7.9 DEPRECIAÇÃO ACELERADA - INDÚSTRIAS QUE FABRICAM BENS DE


CAPITAL

Para efeito de apuração do imposto de renda, as pessoas jurídicas fabricantes de bens de capital,
sem prejuízo da depreciação normal, terão direito à depreciação acelerada, calculada pela
aplicação da taxa de depreciação usualmente admitida, multiplicada por 4 (quatro), das
máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos, novos, adquiridos entre 1º de maio de 2008
e 31 de dezembro de 2010, destinados ao ativo imobilizado e empregados em processo
industrial do adquirente.

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Fechamento de Balanço © - 56

A depreciação acelerada constituirá exclusão do lucro líquido para fins de determinação do lucro
real e será escriturada no livro fiscal de apuração do lucro real (LALUR).

O total da depreciação acumulada, incluindo a normal e a acelerada, não poderá ultrapassar o


custo de aquisição do bem.

A partir do período de apuração em que for atingido o limite da depreciação integral (100% do
bem adquirido), o valor da depreciação normal, registrado na escrituração comercial, será
adicionado ao lucro líquido para efeito de determinação do lucro real (LALUR).

Os bens de capital e as máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos de que trata estão


relacionados no Decreto 6.701/2008.

A depreciação acelerada deverá ser calculada antes da aplicação dos coeficientes de depreciação
acelerada previstos no art. 69 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958.

"Art. 69. Acrescentem-se ao artigo 37 do atual Regulamento do Imposto de Renda os seguintes


parágrafos:
§ - Para efeito do disposto na letra d deste artigo, considerar-se-ão os seguintes coeficientes de
aceleração de depreciação:
Um turno de oito horas............................................................1,0
Dois turnos de oito horas ........................................................1,5
Três turnos de oito horas .........................................................2,0

Via de regra a sociedade utiliza a taxa de 10% de depreciação anual, prevista para máquinas,
aparelhos, equipamentos e instrumentos em geral, por meio da contabilidade e ainda exclui via
LALUR a taxa de 40% anual sobre o valor do bem.

Ao final de 02 anos, o bem estará totalmente depreciado (depreciação normal + depreciação


acelerada), quando que a depreciação normal lançada na contabilidade deverá ser adicionada ao
LALUR.

Não se aplicando a depreciação acelerada incentiva à apuração da CSLL.

Base: art. 12 da Lei nº 11.774/2008

7.10 DEPRECIAÇÃO ACELERADA - FABRICANTES DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS

Para efeito de apuração do imposto de renda, as empresas industriais fabricantes de veículos e de


autopeças terão direito à depreciação acelerada, calculada pela aplicação da taxa de depreciação
usualmente admitida, multiplicada por 4 (quatro), sem prejuízo da depreciação normal das
máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos, novos, relacionados em regulamento,
adquiridos entre 1º de maio de 2008 e 31 de dezembro de 2010, destinados ao ativo imobilizado
e empregados em processo industrial do adquirente.

A depreciação acelerada constituirá exclusão do lucro líquido para fins de determinação do lucro
real e será escriturada no livro fiscal de apuração do lucro real (LALUR).

O total da depreciação acumulada, incluindo a normal e a acelerada, não poderá ultrapassar o


custo de aquisição do bem.

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A partir do período de apuração em que for atingido o custo total do bem, o valor da depreciação
normal, registrado na escrituração comercial, será adicionado ao lucro líquido para efeito de
determinação do lucro real (LALUR).

A depreciação acelerada deverá ser calculada antes da aplicação dos coeficientes de depreciação
acelerada previstos no art. 69 da Lei no 3.470, de 28 de novembro de 1958.

"Art. 69. Acrescentem-se ao artigo 37 do atual Regulamento do Imposto de Renda os seguintes


parágrafos:
§ - Para efeito do disposto na letra d deste artigo, considerar-se-ão os seguintes coeficientes de
aceleração de depreciação:
Um turno de oito horas............................................................1,0
Dois turnos de oito horas ........................................................1,5
Três turnos de oito horas .........................................................2,0

Via de regra a sociedade utiliza a taxa de 10% de depreciação anual, prevista para máquinas,
aparelhos, equipamentos e instrumentos em geral, por meio da contabilidade e ainda exclui via
LALUR a taxa de 40% anual sobre o valor do bem.

O Decreto 6.701/2008 regulamenta a lei.

Base: art. 11 da Lei nº 11.774/2008

7.11 DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA - CRÉDITO DA CSLL, PIS E


COFINS – na aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos

A Lei 11.051/2004 criou o desconto de crédito na apuração da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido - CSLL e da Contribuição para o PIS e COFINS não-cumulativas.

Os referidos benefícios aplicam-se tão somente às pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
real.

a) Desconto na CSLL

As pessoas jurídicas, tributadas com base no lucro real, poderão utilizar crédito relativo à
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, à razão de 25% por cento sobre a
depreciação contábil de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados
em ato do Poder Executivo, adquiridos entre 1 de outubro de 2004 e 31 de dezembro de 2010
(data fixada pelo art. 10 da Lei 11.774/2008), destinados ao ativo imobilizado e empregados em
processo industrial do adquirente.

Os bens alvo do referido incentivo são aqueles relacionados nos Decretos 4.955/2004, e
5.173/2004, conforme Decreto 5.222/2004.

O crédito será deduzido do valor da CSLL apurada, no regime trimestral ou anual.

Exemplo:
Depreciação de máquinas – valor contabilizado R$ 1.000,00
Crédito da CSLL = R$ 1.000,00 x 25% = R$ 250,00
CSLL apurada: R$ 2.000,00
CSLL a recolher: R$ 2.000,00 – R$ 250,00 = R$ 1.750,00

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1. Limite
A utilização do crédito está limitada ao saldo da CSLL a pagar não gerando a parcela excedente,
em qualquer hipótese, direito à restituição, compensação, ressarcimento ou aproveitamento em
períodos de apuração posteriores.
Exemplo:
a) Crédito da CSLL R$ 500,00
b) CSLL apurada no mesmo período do crédito da CSLL acima: R$ 300,00
Neste exemplo, o crédito da CSLL será de R$ 300,00, pois é o menor valor entre o crédito (a) e a
CSLL apurada (b).

2. Estimativa mensal
Será admitida a utilização do crédito no pagamento mensal por estimativa.
O crédito a ser efetivamente utilizado está limitado à CSLL apurada no encerramento do período
de apuração.

3. Vedação
É vedada a utilização do crédito da CSLL, tanto na apuração anual ou trimestral quanto no
pagamento por estimativa, na hipótese de a pessoa jurídica não compensar base de cálculo
negativa de períodos anteriores existente ou o fizer em valor inferior ao admitido na legislação.

4. Período de vigência do crédito


As pessoas jurídicas poderão se beneficiar do crédito a partir do mês em que o bem entrar em
operação até o final do quarto ano-calendário subsequente àquele a que se referir o mencionado
mês.

5. Reversão
A partir do ano-calendário subsequente ao término do período de gozo do benefício, deverá ser
adicionado à CSLL devida o valor utilizado a título de crédito em função dos anos-calendário de
gozo do benefício e do regime de apuração da CSLL.
A parcela a ser adicionada será devida pelo seu valor integral, ainda que a pessoa jurídica apure,
no período, base de cálculo negativa da CSLL.

Exemplo 1:
Dedução de créditos da CSLL de 20X4 a 20X8, relativo a máquina incentivada: R$ 25.000,00.
Número de anos de gozo do benefício: 5 (considerando-se que houve fruição do desconto em
todos os anos)
Valor da reversão: R$ 25.000,00 : 5 = R$ 5.000,00/ano.
Por ocasião da apuração da CSLL devida no primeiro período do ano de 20X9, apurou-se CSLL
devida de R$ 1.000,00.
Então, a CSLL a pagar será de:
R$ 5.000,00 (adição da CSLL no período) mais R$ 1.000,00 (CSLL devida no período de
apuração) = R$ 6.000,00.

Exemplo 2:
Dedução de créditos da CSLL de 20X4 a 20X8, relativo a máquina incentivada: R$ 10.000,00
Número de anos de gozo do benefício: 5 (considerando-se que houve fruição do desconto em
todos os anos)
Valor da reversão: R$ 10.000,00 : 5 = R$ 2.000,00/ano.

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Por ocasião da apuração da CSLL devida no primeiro período do ano de 20X9, apurou-se base
de cálculo negativa da CSLL.
Então, a CSLL a pagar será de:
R$ 2.000,00 (adição da CSLL no período) mais R$ 0 - zero (CSLL devida no período de
apuração, por existência de base de cálculo negativa) = R$ 2.000,00.

g) Mudança de regime de tributação


A pessoa jurídica que deixar de ser tributada com base no lucro real deverá adicionar os créditos
da CSLL, aproveitados anteriormente, à CSLL devida relativa ao primeiro período de apuração
do novo regime de tributação adotado.
Na hipótese de a pessoa jurídica vir a optar pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES), o crédito,
aproveitado anteriormente, deverá ser recolhido em separado, em quota única, até o último dia
útil de janeiro do ano-calendário a que corresponderem os efeitos dessa opção.

b) Desconto no PIS e COFINS não cumulativos


As pessoas jurídicas que adquirirem bens incentivados poderão utilizar desconto, pelo prazo de 2
anos, no PIS e COFINS, apurados de forma não cumulativa (Leis 10.637/2002 e 10.833/2003).
Os créditos serão apurados mediante a aplicação, a cada mês, das alíquotas do PIS e COFINS,
sobre o valor correspondente a um 1/24 (um vinte e quatro avos) do custo de aquisição do bem.
O disposto aplica-se às aquisições efetuadas após 1 de outubro de 2004.

Exemplo:
Custo de aquisição do bem incentivado, adquirido em 04.10.2004: R$ 100.000,00
Cálculo da parcela mensal:
Para o PIS: R$ 100.000,00 x 1/24 x 1,65% = R$ 68,75
Para a COFINS: R$ 100.000,00 x 1/24 x 7,6% = R$ 316,67.

7A- ATIVO INTANGÍVEL

Os ativos intangíveis compreendem o leque de bens incorpóreos destinados à manutenção da


companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.

Trata-se de um desmembramento do ativo imobilizado, que, a partir da vigência da Lei


11.638/2007, ou seja, a partir de 01.01.2008, passa a contar apenas com bens corpóreos de uso
permanente.

Como exemplos de intangíveis, os direitos de exploração de serviços públicos mediante


concessão ou permissão do Poder Público, marcas e patentes, softwares e o fundo de comércio
adquirido.

Mensalmente deve ser contabilizada a amortização desses bens, em conta redutora específica.

TRANSFERÊNCIA

Os valores intangíveis que, em 01.01.2008, estavam contabilizados no imobilizado, devem ser


transferidos, nesta data, para o subgrupo de contas denominado “Ativo Intangível”.

Exemplo:

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Transferência relativa aos saldos das contas “Marcas e Patentes”, no valor de R$ 100.000,00 e
respectiva amortização acumulada de R$ 40.000,00, existentes nas contas do imobilizado, em
01.01.2008:
D – Marcas e Patentes (Ativo Intangível)
C – Marcas e Patentes (Ativo Imobilizado)
R$ 100.000,00

D – Amortizações Acumuladas – Marcas e Patentes (Ativo Imobilizado)


C - Amortizações Acumuladas – Marcas e Patentes (Ativo Intangível)
R$ 40.000,00

AVALIAÇÃO

Os direitos classificados no intangível devem ser avaliados pelo custo incorrido na aquisição
deduzido do saldo da respectiva conta de amortização, feita em função do prazo legal ou
contratual de uso dos direitos ou em razão da sua vida útil econômica, deles o que for menor.

O fundo de comércio e outros valores intangíveis adquiridos são avaliados pelo valor
transacionado, deduzido das respectivas amortizações, calculadas com base na estimativa de sua
utilidade econômica. (NBC 4.2.7.3.)

Marcas e Patentes

Nessa conta são registrados os ativos intangíveis, ou seja, os gastos com registro de marca,
nome, invenções próprias ou contratos de uso de marcas e patentes de terceiros.

Direitos de Uso – Softwares

Nesta conta serão registrados os custos pagos ou relativos à elaboração de programas de


computador, amortizados com base na estimativa de vida útil dos mesmos.

Fundo de Comércio

Compreende os valores pagos a título de aquisição de direitos para exploração de pontos


comerciais, amortizados com base no prazo de fruição de tais direitos.

8. ATIVO DIFERIDO

8.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Extinção do Ativo Diferido

A MP 449/2008, em seu art. 36, de 03.12.2008, convalidada pelo art. 37 da Lei 11.941/2009,
modificou a composição dos grupos patrimoniais, e estabeleceu que o ativo não circulante será
composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível, não
citando o diferido. Portanto, este subgrupo deixa de existir.

Saldos em 31.12.2008

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O saldo existente em 31 de dezembro de 2008 no ativo diferido que, pela sua natureza, não puder
ser alocado a outro grupo de contas, poderá permanecer no ativo sob essa classificação até sua
completa amortização.

Base: art. 299-A da Lei 6.404/1976 (incluído pela MP 449/2008, art. 37, convalidada pelo art. 37
da Lei 11.941/2009).

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9. PASSIVO CIRCULANTE

Passivo Circulante: composto por todas as obrigações com prazo de vencimento em até 12
(doze) meses. Ex. fornecedores, empréstimos e financiamentos salários a pagar, provisão para
férias, Obrigações Sociais, Obrigações Fiscais e Tributárias.

9.1 FORNECEDORES

9.1.1 Revisão nas contas de fornecedores

As contas de Fornecedores devem fechar com o relatório das contas a pagar emitido pelo setor
financeiro. Possíveis divergências serão apontadas em formulário de conciliação de contas.
Dessa forma, o setor financeiro deverá emitir, a cada final de mês, relatório constando os
fornecedores em aberto (não pagos), para que, posteriormente, seja confrontado com os saldos
constantes na Contabilidade.

Inexistindo o confronto entre a Contabilidade e o relatório de contas a pagar, existe um forte


indício de descontrole, tanto contábil como financeiro, podendo acarretar desembolsos a maior
de tributos ou desnecessário de multas e juros, por atraso no pagamento dos fornecedores.

Até mesmo, as aquisições a prazo, que envolvem fornecedores, se não contabilizadas pelo
regime de competência, acarretarão no pagamento a maior ou antecipado de IRPJ, CSSL, PIS,
COFINS, IPI e ICMS. Principalmente IRPJ e CSSL, pois pode ocorrer que, em um exercício, a
empresa tenha lucro e no seguinte prejuízo. De nada adiantará o lançamento de despesas no
período em que houver prejuízo.

Para que a empresa tenha convicção que os saldos contábeis dos fornecedores estejam corretos,
sendo que inexiste o relatório do setor de contas a pagar, naquela data, alternativamente podem
ser feitos os seguintes procedimentos:
 Por amostragem, selecionar os fornecedores mais representativos: verificar a liquidação
subsequente, isto é, se as duplicatas constantes no Balanço de 31.12, estão sendo pagas
nos meses subsequentes ao encerramento do Balanço.
 Verificar se os saldos contábeis estão respaldados pelas respectivas notas fiscais dos
fornecedores. Atentar aos fornecedores pendentes de pagamento de longa data,
questionar o motivo da pendência e se realmente existe a dívida.

9.1.2 Notas fiscais não contabilizadas

A análise nesta conta deve ser efetuada no sentido de verificar se nos meses de janeiro e
fevereiro do ano subsequente, constam notas fiscais de fornecedores pagas nesses meses, mas
emitidas em novembro ou dezembro do ano anterior. Essa verificação pode ser feita nos
documentos de pagamentos bancários, o movimento de caixa e livros fiscais.

As notas fiscais emitidas em novembro e dezembro, mesmo que pagas em janeiro ou fevereiro
do ano subsequente, deverão ser apropriadas pela data que foram incorridas, neste caso, na data
de emissão da nota fiscal. Além de adequar as demonstrações financeiras, há uma economia
tributária, pois não se paga IRPJ e nem CSSL sobre os valores contabilizados no período devido
(competência).

Essa situação é comum nas empresas e sempre dá ganho tributário para a empresa.

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Contabilidade:

-Notas fiscais de combustível e outras despesas pagas em jan./X2, sendo a data de emissão em
dez/X1:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

31/12/X1 Combustíveis – Vlr nfs. 100/103/110/111/115 Posto Shell


Despesas Ltda ref aquis. Combustível 3.910,00
31/12/X1 Fornecedor Vlr nfs. 100/103/110/111/115 Posto Shell
Ltda ref aquis. Combustível 3.910,00

Normalmente são notas fiscais de pequenos valores, mas somadas representam valores
consideráveis. A empresa apresenta lucro fiscal e deve pagar IRPJ e CSSL, qualquer valor
contabilizado pelo regime de competência trará economia tributária.

São pequenos detalhes em uma ou outra conta, que somados, evitarão o desembolso
desnecessário de tributos.

A Contabilidade Tributária deve ter a visão e a direção de pagar a quantia correta de tributos,
evitando o desperdício: pagamentos a maior ou pagamentos a menor.

9.1.3 Notas fiscais emitidas no exercício seguinte e a sua dedutibilidade no Balanço de


31.12.20X1

Na maioria das vezes as prestadoras de serviços, emitem notas fiscais no início do mês seguinte
referente serviços realizados no mês anterior.

Exemplo: empreiteiras, serviços profissionais outros serviços mensais contratados.

Essas notas fiscais emitidas no mês seguinte ao da realização dos serviços podem ser
contabilizadas pelo regime de competência, no período em que foi incorrida ou realizada a
despesa, prova disso é o contrato firmado entre as partes, bem como a descrição que a nota fiscal
se refere ao trabalho executado no mês contratado: dezembro/20X1, mesmo que as notas sejam
emitidas no mês de janeiro ou fevereiro de 20X2.

Contabilidade:
Serviços executados em dez/X1 no valor de R$ 30.000,00, no entanto a empresa fornecedora do
serviço emitiu a nota fiscal apenas no início de jan/X2.
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

31/12/X1 Serviços de Terceiros – Valor ref. Prestação de serviço realizada no


Despesas mês de dez/09, pela empresa XYZ, 30.000,00
conforme contrato, c/ vcto em jan/X2
31/12/X1 Fornecedor Valor ref. Prestação de serviço realizada no
mês de dez/09, pela empresa XYZ, 30.000,00
conforme contrato, c/ vcto em jan/X2

A contabilização deve ser efetuada no mês em que foi realizado o serviço apesar da nota fiscal
ter sido emitida no mês seguinte pelos seguintes fundamentos:

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1. Contrato de prestação de serviço estipula o período da realização do serviço, é uma


prova contábil e fiscal.
2. No corpo da nota fiscal consta o período em que foi realizado o serviço.
3. A nota fiscal foi emitida no início do ano de 20X1, referente a um trabalho que
consome dias ou o mês inteiro para sua execução, pericialmente prova-se que o
serviço foi realizado no mês anterior.

A empresa, além de registrar os atos e fatos da empresa pelo Regime de Competência,


economiza tributos para a empresa.

Surge a seguinte situação: esta despesa não será “aproveitada” no ano seguinte? Cada ano é uma
história a parte, pode ser que no ano seguinte a empresa tenha prejuízo e assim por diante. O
Contador deve se concentrar no fechamento do Balanço corrente com o objetivo de economizar
tributo deste ano.

A empresa deve ficar atenta às situações e solicitar ao fornecedor que emita a nota fiscal no mês
da realização dos serviços.

9.1.4 Encargos financeiros lançados indevidamente nas contas de fornecedores

A contabilidade deve ficar atenta para contabilizar os encargos financeiros de pagamentos de


duplicatas em atraso nas contas de despesas financeiras.

Em muitos casos, principalmente quando a conta de fornecedores não é conciliada, são lançados
pagamentos de juros e outras despesas contra a conta de fornecedores, sendo que o correto é a
apropriação como despesa financeira.

9.2 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS

Empréstimos e financiamentos devem ser conciliados com os respectivos contratos objetivando a


contabilização dos juros e das atualizações pelo período de competência. O setor Financeiro ou a
Contabilidade devem manter uma planilha de controle dos encargos cobrados, a qual servirá com
suporte na contabilização dos encargos financeiros pelo regime de competência.

A incorreção mais comum nestas contas se refere aos juros e atualizações monetárias de
empréstimos que são contabilizados quando pagos e não proporcional aos dias transcorridos no
mês. Para isso, verificar se os empréstimos e financiamentos estão atualizados pelos índices de
juros e atualizações constante dos contratos, normalmente empresas pagam tributos por não
corrigirem adequadamente seus saldos (os juros e atualizações)

9.2.1 Juros e atualização monetária – dedutibilidade pelo regime de competência

Mediante uma análise nas contas de empréstimos e financiamentos na contabilidade e


comparando com as planilhas de financeiras de acompanhamento dos empréstimos a empresa
deverá verificar se as suas obrigações financeiras estão atualizadas até a data do Balanço.

Exemplo: juros + variação monetária.

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Normalmente ocorre que as empresas não calculam a variação monetária e os juros sobre suas
obrigações, contabilizando os mesmos somente por ocasião do pagamento, pelo fato de acharem
o cálculo complicado.

No entanto basta manter uma planilha em Excel e alimentar a taxa de juros e a variação mensal
do índice de atualização.

O simples fato de manter os empréstimos financeiros atualizados gera uma economia tributária
de IRPJ, CSSL.

Planilha Financiamento B. Brasil com vencimento final em 15.03.2XX2

Data Histórico Débito Crédito Saldo


15.04.2XX0 liberação 111.310,00 111.310,00
15.04.2XX0 IOF 1.500,00* 112.810,00
15.05.2XX0 juros 1,5% a.m. 1.692,15 114.502,15
15.08.2XX0 juros 1,5% a.m. 1.717,53 116.219,68
15.09.2XX0 juros 1,5% a.m. 1.743,30 117.962,98
15.08.2XX0 juros 1,5% a.m. 1.769,44 119.732,42
15.09.2XX0 juros 1,5% a.m. 1.795,99 121.528,41
15.10.2XX0 juros 1,5% a.m. 1.822,93 123.351,33
15.11.2XX0 juros 1,5% a.m. 1.850,27 125.201,60
15.12.2XX0 juros 1,5% a.m. 1.878,02 127.079,63
31.12.2XX0 juros 1,5% a.m. 953,10 128.032,73

15.01.2XX0 Pagamento 1ª parcela 22.310,00 105.722,73

Total de juros em 2XX0 15.222,73

* O IOF será contabilizado no item seguinte.

Os juros e atualizações referentes ao ano de 2XX0 deverão ser contabilizados no regime de


competência, isto é, em cada mês em que vão incorrendo, mesmo que o contrato tenha seu
vencimento final em ano posterior e em 2XX0 não tenha sido feito nenhum pagamento.

Contabilidade:

Como exemplo, contabilizamos de uma só vez em dezembro, porém deve ser contabilizado mês
a mês, até para evitar o pagamento a maior do IR e CSLL estimativa mensal.

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Juros/atualizações sobre empréstimos


31/12/2XX0 Juros Valor juros s/empréstimo ctr. 1510 B.Brasil
s/empréstimos ref ano em curso 15.222,73
– Despesas
31/12/2XX0 Empréstimos a Valor juros s/empréstimo ctr. 1510 B.Brasil
pagar -Passivo ref ano em curso 15.222,73
Circulante ou
Exigível a

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Longo P.

Documentos que comprovam o lançamento: contrato do empréstimo e planilha de apropriação de


encargos financeiros.

9.2.2 IOF

Na contratação de qualquer empréstimo bancário, por lei é cobrado o IOF – Imposto s/


Operações Financeiras. Na maioria das vezes o IOF é financiado pela Instituição Financeira no
mesmo prazo de duração do contrato.

O IOF deve ser contabilizado como despesa financeira na data da assinatura do contrato, pois
mesmo que a empresa antecipe o pagamento do contrato não haverá o desconto respectivo na
dívida. O IOF é definitivo, sendo que a Instituição Financeira deverá recolhê-lo no terceiro dia
útil da semana seguinte da liberação.

O mesmo raciocínio é aplicado com relação às taxas de confecção de contratos e de cadastros


que são despesas incorridas, mas são inseridas nos empréstimos e financiamentos bancários.

Os valores não são muito representativos, mas para quem vai desembolsar 34% de IRPJ e CSSL,
faz diferença.

Contabilidade:

Como no exemplo acima, a empresa teve uma despesa de R$ 1.510,00, referente IOF, mesmo
que diluído entre as parcelas, a contabilização é na data da liberação do contrato.
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

IOF sobre empréstimos


15/04/09 IOF – Despesas Valor IOF s/empréstimo ctr. 1510 B.Brasil,
liberado n/data 1.510,00
15/04/09 Empréstimos a pagar - Valor IOF s/empréstimo ctr. 1510 B.Brasil,
Passivo Circulante ou liberado n/data 1.510,00
Exigível a Longo P.

9.2.3 Contabilização de variações monetárias passivas – redução do lucro tributável

Na determinação do lucro operacional poderão ser deduzidas as contrapartidas de variações


monetárias de obrigações e perdas cambiais e monetárias na realização de créditos, segundo o
regime de competência.

Assim, se o contribuinte mantém obrigação sujeita periodicamente a ajustes, como é o caso de


parcelas a pagar de Consórcios contemplados, por exemplo, poderá aproveitar-se das variações
ocorridas e reduzir o IRPJ e a CSLL no Lucro Real, independentemente da data do seu efetivo
pagamento.

Exemplificamos alguns casos em que este aproveitamento pode ser possível:

 Ajustes do saldo devedor de financiamentos vinculados a taxas flutuantes de juros ou


correção monetária (BNDES, Finame, etc.).

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 Variações cambiais nos contratos a pagar (importações já concretizadas, etc.).


 Variações do valor das quotas a pagar (consórcios na aquisição de bens já contemplados).

Por exemplo: se um contrato de pagamento de bem já entregue preveja a correção monetária do


saldo devedor pelo IGPM a cada 12 meses, e se, no período de 8 meses, o IGPM-M foi de 7,5%,
então seria possível deduzir como despesa financeira, segundo o regime de competência, o
seguinte:

Valor do saldo devedor sujeito à variação contratual: R$ 1.000.000,00


Índice IGP-M de 8 meses: 7,5%
Valor da Variação Monetária Passiva a Contabilizar como Despesa Financeira: R$ 1.000.000 x
7,5% = R$ 75.000,00

A contabilização da Variação Monetária somente "ano a ano" ou ao final do contrato, deixando


de aplicar o cálculo "pró-rata" (mês a mês), onera o contribuinte. A legislação aceita a
dedutibilidade pró-rata (proporcional) das variações monetárias.

9.3 TRIBUTOS NÃO RECOLHIDOS ATÉ A DATA DO BALANÇO

Os tributos até 31.12 devem ser registrados na contabilidade, mesmo que não pagos. O registro
deve ter como base o faturamento, o lucro da empresa e os tributos retidos de terceiros e não
recolhidos. Exemplo: PIS, COFINS, ICMS, IPI, ISS, IRPJ, CSSL, IOF.

Essas obrigações deverão ser contabilizadas no mês a que se referem, mesmo que pagas no mês
seguinte. Exemplo: O PIS referente ao mês de julho, deve ser contabilizado no mês de julho
(regime de competência) e não no mês de agosto, quando do seu pagamento.

Mesmo os tributos não pagos devem ser contabilizados pelo seu valor original, pelo regime de
competência, bem assim os juros e multas, à medida que forem incorrendo. Exemplo: No mês de
julho, contabiliza-se R$ 1.000,00, referente PIS. No entanto não é pago no dia de seu
vencimento. Em 31 de agosto, contabilizar os juros de 1% e a multa de 0,33% ao proporcional
aos dias de atraso até no limite de 20%. E assim, mensalmente contabilizar os juros pela variação
da taxa Selic.

Esses valores, mesmo que não pagos, são dedutíveis para fins de IRPJ e CSSL, porém se não
contabilizados, a empresa acaba arcando carga tributária indevida.

Lembrando que os tributos cuja exigibilidade esteja suspensa, conforme art. 151 do CTN, pelo
motivo de discussão judicial ou administrativa com relação ao pagamento ou não do tributo, seja
por depósito judicial, medida liminar em mandado de segurança e em recurso administrativo (1ª,
2ª ou 3ª Instâncias), serão indedutíveis para fins de apuração do IRPJ e da CSSL, devendo ser
adicionador ao Lucro Real e à Contribuição Social (Lei nº 8.981, de 1995, art. 41, § 1º).

Os tributos a pagar, em dia, devem conferir com os pagamentos no mês seguinte, os tributos a
pagar, em atraso, devem ser relacionados em planilhas a parte para contabilização dos juros e
multas e posterior conferência com os saldos contábeis. Lembrando, ainda, que os tributos em
atraso deverão estar em conformidade com os declarados nas respectivas declarações (SPED-
Fiscal):

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 Verificar se o PIS, a Cofins estão sendo contabilizados mensalmente em função das


receitas, mesmo que não pagos;
 Verificar se o ISS, o ICMS e IPI estão sendo contabilizados mensalmente em
conformidade com os respectivos livros de apuração, mesmo que não pagos;
 Verificar se o INSS patronal, bem como o FGTS está sendo contabilizado mensalmente
em conformidade com a folha de pagamento, mesmo que não pagos;

Os saldos devem estar conciliados, mediante composição de saldos, bem assim verificar o
pagamento subsequente dos tributos consignados no Balanço.

9.3.1 Tributos não contabilizados – dedução do lucro tributável

De acordo com o art. 41, da Lei 8.981/1995, os tributos são dedutíveis, na determinação do lucro
real, segundo o regime de competência.

O ISS, ICMS, PIS, COFINS, IPI, INSS, FGTS, IPTU, dentre outros, devem ser contabilizados
segundo o regime de competência, mesmo que não pagos, sendo dedutíveis para fins de apuração
do IRPJ e da CSSL.

Somente o IRPJ e a CSSL, não é dedutível, para efeito da determinação do lucro real e base de
cálculo da CSSL. (Parágrafo 2º, artigo 41 da Lei nº 8981/95 e Artigo 1º da Lei nº 9.316/96), no
entanto devem ser contabilizados.

Também não é permitida por Lei (Parágrafo 1º, do artigo 41 da Lei nº 8981/95) a dedução da
base de cálculo da CSSL e IRPJ os tributos com exigibilidade suspensa, ou seja, aqueles que
estão sendo questionados administrativamente (impugnação do auto de infração) ou
judicialmente.

Os tributos acima citados e devidos pela empresa devem ser contabilizados para deduzirem o
lucro real e a base de cálculo da Contribuição Social pelo Regime de Competência.

Contabilidade:
Contabilização da COFINS não recolhida, até 31.12.20X9, referente competência jan/X9.
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

31/01/X9 Cofins – Dedução de Valor Cofins referente competência jan/X9


Receitas 22.400,00
31/01/X9 Cofins a Recolher – Valor Cofins referente competência jan/X9
Passivo Circulante 22.400,00

9.3.2 Juros e multas de mora sobre tributos não pagos – redução do IRPJ e CSSL

Além de contabilizar o tributo não recolhido, conforme descrito acima, a empresa deverá ainda
contabilizar os respectivos juros e multas de mora.

A multa de mora é dedutível na apuração do lucro real do exercício em que foi incorrida, mesmo
paga no exercício subsequente. Idem para os juros incidentes sobre tributos não recolhidos no
prazo legal.

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Tais encargos são dedutíveis no período em que foram incorridos e não no período de seu efetivo
pagamento, prevalecendo o regime de competência.

Não confundir as MULTAS POR INFRAÇÃO FISCAL (multa de ofício punitiva, aplicada pela
fiscalização, através de auto de infração) - a qual é indedutível para fins de IRPJ e CSLL - com
MULTAS DE MORA (multa sobre atraso no recolhimento de tributos) a qual é dedutível.

Assim, os juros SELIC e a multa de mora sobre tributos ainda não pagos podem ser
contabilizadas mês a mês conforme vão incorrendo. Esse procedimento traz economia sobre o
pagamento do IRPJ e CSSL.

Contabilidade:

COFINS não recolhida na competência Janeiro no valor de R$ 22.400,00, estando em débito em


31 de Dezembro. Haverá encargos de 20% de multa mais juros Selic de 15,71% (Selic hipotética
de Fevereiro a Novembro + 1% relativo ao mês de Dezembro - apenas como exemplo):

Multa: R$ 22.400,00 x 20% = R$ 4.480,00

Selic: R$ 22.400,00 x 15,71%= R$ 3.519,04

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Multas
31/12/X9 Despesas Tributárias – Valor multa sobre Cofins referente
Multas competência jan/X9 4.480,00
31/12/X9 Cofins a Recolher – Valor multa sobre Cofins referente
Passivo Circulante competência jan/X9 4.480,00

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Juros
31/12/X9 Despesas Tributárias – Valor juros sobre Cofins referente
Juros competência jan/08 – fev. a dez/X9 3.519,04
31/12/X9 Cofins a Recolher – Valor juros sobre Cofins referente
Passivo Circulante competência jan/08 – fev. a dez/X9 3.519,04

Assim, sucessivamente, contabilizar os juros e as multas pelo regime de competência de todos os


tributos em atraso, os quais são legalmente dedutíveis.

Documentos que comprovam o lançamento: planilha contendo as bases de cálculo, as multas e os


juros aplicados.

9.3.3 Dedutibilidade das multas e juros de mora por atraso do IRPJ e CSLL

A provisão do IRPJ e a provisão CSLL não são dedutíveis para efeito da determinação do lucro
real e base de cálculo da CSLL. (Parágrafo 2º, artigo 41 da Lei 8.981/1995 e Artigo 1º da Lei
9.316/1996).

Porém os juros e a multa de mora incorridos ou pagos por atraso são dedutíveis. Isto significa
mesmo que o IRPJ e CSLL não estejam pagos, a multa de até 20% e os juros Selic deverão ser

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contabilizados conforme incorridos, sendo dedutíveis para fins de apuração do Imposto de Renda
e da Contribuição Social sobre o Lucro, conforme exposição nos itens 9.3.1 e 9.3.2.

Contabilidade:

IRPJ a pagar em 31/01/X9, no valor de R$ 100.000,00, porém ainda não pago até a data de
31/12/X9, terá 20% de multa mais juros Selic de 13,07% (soma da Selic de fev/X9 a nov/X9 +
1% referente o mês de dez/X8, apenas como exemplo), sendo:
-Multa – 100.000,00 x 20% = 20.000,00
-Juros – 100,000,00 x 13,07% = 13.070,00
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Multas
31/12/X9 Despesas Tributárias – Valor multa sobre IRPJ referente vcto em
Multas 31/01/X9 20.000,00
31/12/X9 IRPJ a recolher – Valor multa sobre IRPJ referente vcto em
Passivo Circulante 31/01/X9 20.000,00

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Juros
31/12/X9 Despesas Tributárias – Valor juros sobre IRPJ referente vcto em
Juros 31/01/X9 13.070,00
31/12/X9 IRPJ a Recolher – Valor juros sobre IRPJ referente vcto em
Passivo Circulante 31/01/X9 13.070,00

Assim, contabilizam-se os juros e as multas pelo regime de competência do IRPJ e da CSSL, os


quais são legalmente dedutíveis.

9.4 PARCELAMENTOS DE TRIBUTOS

9.4.1 Juros sobre parcelamentos – regime de competência

A empresa deve manter o controle e a contabilização mensal dos juros incidentes sobre o
parcelamento de tributos, pois os mesmos são dedutíveis pelo regime de competência. A
atualização trará a empresa economia de IRPJ e CSSL.

Contabilidade:

A empresa efetuou parcelamento de tributos no valor de R$ 240.000,00, poderá mensalmente


contabilizar a variação da Selic sobre o parcelamento.

- Variação da Selic no mês 1,66% x R$ 240.000,00 = R$ 3.984,00


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Juros
31/08/X9 Despesas Tributárias – Valor juros Selic sobre Parcelamento de
Juros Tributos. 3.984,00
31/08/X9 Parcelamento Tributos – Valor juros Selic sobre Parcelamento de
Passivo Circulante/ Tributos. 3.984,00
Exigível a Longo Prazo

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A contabilização é realizada na conta de despesas tributárias e não na conta de dedução da


receita, pois o parcelamento confessado no exercício é despesa tributária do exercício e não cabe
o registro contábil na conta dedução de Receita por não estar relacionada com a receita.

Documentos comprobatórios: Extrato do Parcelamento emitido pela Receita Federal, Estadual,


Municipal ou Planilha de cálculo Selic.

9.4.2 Dedutibilidade dos tributos, multas e juros parcelados e não contabilizados

Outro ponto a ser observado, a empresa poderá contabilizar o parcelamento fiscal como despesa
dedutível na data em que realizou o parcelamento, ou seja, a empresa que por qualquer motivo
não contabilizou os tributos, multas e juros parcelados no período em que os mesmos incorreram
, para fins tributários, pode contabilizá-los como despesas no mês em que oficializou o
parcelamento junto ao órgão público competente. Sendo o próprio parcelamento comprovante
hábil da despesa contabilizada, por ser o parcelamento de tributos uma confissão de dívida de
determinado tributo ainda não declarado ou declarado e não pago.

Neste caso o Regime de Competência passa a ser a data da emissão do Parcelamento, o qual é
caracterizado como Confissão de Dívidas.

Observar que as MULTAS POR INFRAÇÃO FISCAL (oriundas de multa de ofício, por
autuação fiscal, aplicadas pelo fiscal) são indedutíveis para o IRPJ e CSSL. Já a MULTA de
MORA (por atraso do tributo) é perfeitamente dedutível.

Contabilidade:

Exemplo 01:
Em 10/07/X9, a empresa efetuou parcelamento de COFINS, referente a anos anteriores, no valor
de R$ 239.315,12, os quais não estão contabilizado no seu Passivo. Esse valor poderá ser
contabilizado como despesa dedutível em 10/07/X9, motivo pelo qual o parcelamento é uma
confissão de dívidas, sendo a data da aprovação do requerimento de parcelamento a data hábil
para contabilização.

Exemplo:
Valor original: 112.355,00
Valor da multa de mora: 44.471,00
Valor dos juros: 82.489,12
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

10/07/X9 Despesas Tributárias – Valor juros Selic sobre Parcelamento


Juros Cofins nº 16477979 82.489,12
10/07/X9 Despesas Tributárias – Valor multas sobre Parcelamento Cofins
Multas nº 16477979 44.471,00
10/07/X9 Despesas Tributárias – Valor parcelamento Cofins cfe processo
Cofins nº 16477979 112.355,00
10/07/X9 Parcelamento Cofins - Valor parcelamento Cofins cfe processo
Passivo Circulante / nº 16477979 239.315,12
Exigível Longo Prazo

Exemplo 02:

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Em 10/07/X8, a empresa efetuou parcelamento da COFINS, referente aos anos anteriores, no


valor de R$ 239.315,12, porém está contabilizado no Passivo apenas o valor de R$ 84.355,00,
referente os débitos originais. A diferença entre o valor já contabilizado e o total do
parcelamento poderá ser contabilizada como despesa dedutível em 10/07/X9, motivo pelo qual o
parcelamento é uma confissão de dívidas, sendo a data do requerimento aprovado a data hábil
para contabilização.

Valor original: 112.355,00 – 84.355,00 = 28.000,00


Valor da multa de mora : 44.471,00
Valor dos juros: 82.489,12
Total a contabilizar 154.960,12
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

10/07/X9 Despesas Tributárias – Valor juros Selic sobre Parcelamento


Juros Cofins nº 16477979 82.489,12
10/07/X9 Despesas Tributárias – Valor multas sobre Parcelamento Cofins
Multas nº 16477979 44.471,00
10/07/X9 Despesas Tributárias – Valor parcelamento Cofins cfe processo
Cofins nº 16477979 28.000,00
10/07/X9 Parcelamento Cofins - Valor parcelamento Cofins cfe processo
Passivo Circulante / nº 16477979 154.960,12
Exigível Longo Prazo

Exemplo 03:
Em 10/07/X8, a empresa foi autuada pela Receita Federal e efetuou parcelamento de COFINS,
referente aos anos anteriores, no valor de R$ 279.110,37, o qual não está contabilizado no seu
Passivo. Esse valor poderá ser contabilizado como despesa dedutível em 10/07/X9, motivo pelo
qual o parcelamento é uma confissão de dívidas, sendo a data do requerimento aprovado a data
hábil para contabilização, EXCETO AS MULTAS DE OFICIO, APLICADAS PELA
FISCALIZAÇÃO, QUE SÃO INDEDUTÍVEIS.

Valor original: 112.355,00


Valor da MULTA DE OFÍCIO 75% 84.266,25
Valor dos juros: 82.489,12
Total a contabilizar 279.110,37
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

10/07/X9 Despesas Tributárias – Valor juros Selic sobre Parcelamento


Juros Cofins nº 16477979 82.489,12
10/07/X9 Despesas Tributárias – Valor multas sobre Parcelamento Cofins
Multa INDEDUTÍVEL nº 16477979 84.266,25
10/07/X9 Despesas Tributárias – Valor parcelamento Cofins cfe processo
Cofins nº 16477979 112.355,00
10/07/X9 Parcelamento Cofins - Valor parcelamento Cofins cfe processo
Passivo Circulante / nº 16477979 279.110,37
Exigível Longo Prazo

Neste exemplo, cabe adição na parte A do LALUR, pela mula multa de ofício, por autuação
fiscal, aplicadas pelo fisco, no valor de R$ 84.266,25:

Lalur:

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PARTE A – REGISTRO DOS AJUSTES DO LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

DATA HISTÓRICO ADIÇÕES EXCLUSÕES


31/12/X9 Demonstração do Lucro Real
1. Prejuízo contábil antes IRPJ e CSSL (25.880,00)
2. Adições 84.266,25 84.266,25
2.1 Valor multa de ofício autuação fiscal
Processo nº 16477979 Cofins 84.266,25
3. Exclusões - -
4. Lucro Real em 31/12/X8 58.386,25

Observação 1.: não preenche a parte B do Lalur.


Observação 2.: Caso a totalidade dos valores autuados forem impugnados, toda a autuação será
indedutível. O exemplo acima se refere aos valores parcelados ou pagos a vista pelo contribuinte.

9.5 CONTAS A PAGAR

9.5.1 Obrigações contabilizadas pelo regime de caixa no exercício de 20X9, e dedutíveis


pelo regime de competência no balanço de 31.12.20X8

Neste grupo de contas são analisadas as despesas incorridas no mês, que devem ser
contabilizadas pelo Regime e Competência, devendo ser registradas, no mês ou ano seguinte,
pelo Regime de Caixa (pagamento). São contas, que isoladamente não são expressivas, mas
somadas podem representar uma boa economia de IRPJ e CSSL.

Por exemplo, se a empresa estiver apurando lucro, cada R$ 1,00 contabilizado como despesa
pode gerar uma economia de R$ 0,25 a R$ 0,34, sem considerar o efeito de eventuais créditos do
PIS e da Cofins não cumulativos. Por isso a importância do Contador verificar conta por conta.

Abaixo citamos alguns exemplos:

1. Água, Luz e Telefone


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Energia elétrica paga em 10/jan/10, referente dez/X9, devendo ser contabilizada em


31/dez/X9
31/12/X9 Energia Elétrica – Valor fatura de Energia Elétrica – Copel
Custo/Despesas ref o mês de dez/X9 3.570,20
31/12/X9 Energia Elétrica a Pagar Valor fatura de Energia Elétrica – Copel
-Contas a Pagar - PC ref o mês de dez/X9 3.570,20

2. Seguros de vida, acidentes e outros pagos mensalmente


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Seguro de vida pago em 15/jan/10, referente dez/X9, devendo ser contabilizado em


31/dez/X9
31/12/X9 Seguros – Valor apólice Seguro de vida
Custo/Despesas funcionários/diretores – B. Brasil ref o
mês de dez/X9 1.715,19

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31/12/X9 Seguros a Pagar Valor apólice Seguro de vida B. Brasil, c/


-Contas a Pagar - PC vcto em 15/01/10 1.715,19

3. Seguros de cargas e transportes de mercadorias

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Seguro de cargas pago em 15/jan/10, referente nov/X9, devendo ser contabilizado


em 30/11/X9
30/11/X9 Seguros de Cargas– Valor apólice Seguro de cargas – HSBC
Custo/Despesas ref o mês de nov/X9 9.318,17
30/11/X9 Seguros a Pagar Valor apólice Seguro de vida B. Brasil, c/
-Contas a Pagar - PC vcto em 15/01/10 9.318,17

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Seguro de cargas pago em 12/fev/10, referente dez/X9, devendo ser contabilizado


em 31/12/X9
31/12/X9 Seguros de Cargas– Valor apólice Seguro de cargas – HSBC
Custo/Despesas ref. o mês de dez/X9 10.151,12
31/12/X9 Seguros a Pagar Valor apólice Seguro de vida B. Brasil, c/
-Contas a Pagar - PC vcto em 12/02/10 10.151,12

4. Despesas de Leasing

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Leasing pago em 08/jan/10, referente dez/X9, devendo ser contabilizado em


31/12/X9
31/12/X9 Leasing– Valor Leasing ctr. 102556- Bco Real ref o
Custo/Despesas mês de dez/X9 3.712,33
31/12/X9 Leasing a Pagar Valor Leasing ctr. 102556- Bco Real ref o
-Contas a Pagar - PC mês de dez/X9 – vcto 08/01/10 3.712,33

Obs.: o exemplo da contabilização refere-se apenas a despesa do Leasing, sendo que o residual pago para a
aquisição do bem deve ser contabilizado na conta do Ativo Permanente.

5. Aluguel a pagar

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Aluguel pago em 16/jan/10, referente dez/10, devendo ser contabilizado em 31/12/X9


31/12/X9 Aluguel– Custo/Despesas Valor ref aluguel do mês de dez/X9 cfe
contrato Imobiliária Gaspar Ltda 5.315,00
31/12/X9 Aluguel a Pagar Valor Aluguel ref o mês de dez/X9 – vcto
-Contas a Pagar - PC 16/01/X9, cfe ctr. Imob. Gaspar L 5.315,00

6. Notas fiscais emitidas no início do ano, mas referentes a serviços do ano anterior ao encerramento do
balanço.

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Nota Fiscal Serv. Profissionais (Auditoria/Advogados, referente dez/X9,


emitida e paga em 10/01/10,devendo ser contabilizado em 31/12/X9)
31/12/X9 Serviços de Terceiros– Valor de honorários advocatícios
Custo/Despesas Teixeira & Advog.Associados, ref
dez/10, cfe contrato 2.500,00
31/12/X9 Serviços Prof.a Pagar Valor de honorários advocatícios
-Contas a Pagar - PC Teixeira & Advog.Associados, ref

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dez/10, cfe contrato 2.500,00

Essas notas fiscais emitidas no mês seguinte ao da realização dos serviços podem ser
contabilizadas pelo regime de competência, no período em que foi incorrida ou realizada a
despesa, prova disso é o contrato firmado entre as partes, bem como a descrição que a nota fiscal
se refere ao trabalho executado no mês contratado: dezembro/X9, mesmo que as notas sejam
emitidas no mês de janeiro ou fevereiro de 10.

7. Notas fiscais referentes ao encerramento do balanço, mas pagas e contabilizadas no mês


seguinte ao encerramento do balanço

Normalmente são pequenas despesas feitas no final do ano e pagas no início do ano subsequente,
são contabilizadas no ano subsequente.

Esses valores, mesmo de monta pequena devem ser contabilizados no balanço encerrado em
31.12, com consequente economia tributária.
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Nota Fiscal de material de consumo emitida em 28/12/X9, sendo paga em 10.


31/12/X9 Material consumo – Valor nota 1115 Armarinhos São
Despesas José Ltda – material de
consumo/limpeza 235,00
31/12/X9 Outras Contas a Pagar - Valor nota 1115 Armarinhos São
PC José Ltda
235,00

Como são valores menores, a contabilização desses valores pode ser feita em uma única conta,
pois em janeiro do ano subsequente, conforme o pagamento, serão baixados.

8. Outras despesas referentes ao exercício que devem ser apropriadas pelo regime de
competência e pagas no exercício seguinte

Neste item podem ser considerados os acertos de viagens, combustíveis, despesas de veículos e
outros, pagos no ano seguinte ao do encerramento do balanço, porém a nota fiscal foi emitida em
dezembro/X9.
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Notas fiscais ref despesas de viagens pagas em jan/10, mas as mesmas foram
emitidas em dez/X9
31/12/X9 Despesas de viagens - Vlr nfs. Combustível/ hospedagem/
Despesas restaurante a pagar cfe relatório de
viagens nº 100/X9 1.350,00
31/12/X9 Outras Contas a Pagar Vlr nfs. Combustível/ hospedagem/
-Contas a Pagar – PC restaurante a pagar cfe relatório de
viagens nº 100/X9 1.350,00

9. Comissão a pagar a representantes comerciais, desde que líquida e certa

O art. 32 da Lei nº 4.886/65, estabelece que o representante comercial adquire o direito às


comissões quando do pagamento dos pedidos e das propostas, ou seja, quando a empresa recebe
do cliente. A contabilização das despesas de comissões pode ser realizada em função da

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comissão a pagar a representantes comerciais na ocasião do recebimento do título, momento no


qual gera a obrigação de pagar ao representante.

Dessa forma, em 31/12/X9, a empresa pode contabilizar as comissões a representantes


comerciais ainda não faturadas pela empresa de representação comercial, com base nos títulos
recebidos dos clientes, desde que mantenha relação individualizada dos títulos recebidos que
geraram a comissão.

Atenção: São indedutíveis as comissões contabilizadas sem amparo em relatório auxiliar


individualizado. Por exemplo, se for feito um lançamento contábil sem origem dos valores, trata-
se de uma provisão (ato incerto), devendo ser adicionada para fins de apuração do IRPJ e da
CSSL.

Pela legislação, existe a obrigação do pagamento da comissão ao representante comercial a partir


do recebimento da duplicata do cliente. São essas comissões que devem ser contabilizadas, pois
elas são líquidas e certas de pagamento ao representante comercial.
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Contabilização das comissões a representantes comerciais, mediante relatório


auxiliar, proveniente aos títulos recebidos cuja comissão é líquida e certa, ou
com base na nota fiscal emitida em jan/10, referente comissões dez/X9
31/12/X9 Representantes Vlr. Comissões ref dez/X9, cfe
Comerciais -Despesas relatório – XY Representação Comer- 13.510,21
Cia Ltda
31/12/X9 Comissões a pagar Vlr. Comissões ref dez/X9, cfe
-Contas a Pagar – PC relatório – XY Representação Comer-
Cia Ltda – vcto 15/01/10 13.510,21

10. Comissões a pagar sobre vendas com cartão de crédito (taxa cartão de crédito e juros
antecipação cartão de créditos).

Em geral, os cartões de crédito cobram de 3% a 6% referente comissões na venda de mercadorias


se o cliente utiliza o cartão de crédito como forma de pagamento. Ocorre que as empresas
contabilizam essas despesas apenas na ocasião do repasse do dinheiro pelas Operadoras dos
Cartões.

Essas taxas podem ser contabilizadas na data da venda das mercadorias, mediante o relatório das
vendas por cartão de crédito, independentemente da data do repasse, pois a comissão do cartão
de crédito é devida em função da venda independente do prazo do repasse do numerário.
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Contabilização das comissões referente às vendas o cartão de crédito


Mastercard no mês dez/X9, sendo que os valores serão descontados em
jan/10 e fev/10
31/12/X9 Comissão Cartão de Vlr. Comissões Cartão de Crédito
Crédito -Despesas Mastercard ref vendas do mês de
dez/X9 cfe relatório – 9.794,67
31/12/X9 Comissões Mastercard Vlr. Comissões Cartão de Crédito
-Contas a Pagar – PC Mastercard ref vendas do mês de
dez/X9, cfe relatório 9.794,67

Comentários:

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O objetivo do exposto até aqui é construir um raciocínio tributário de forma a escolher a melhor
e mais segura opção de economia de tributos para a empresa.

Isto posto, nos permite comentar que o Contador deve julgar se é necessário ou não adotar certos
procedimentos citados neste trabalho. Por exemplo: se a empresa estiver com prejuízo fiscal no
exercício não é interessante (do ponto de vista tributário) realizar os lançamentos contábeis
descritos, pois aumentará o prejuízo fiscal, e este está limitado sua compensação a 30% do lucro
do exercício. Assim, ao contabilizar o gasto no ano seguinte estará aproveitando a totalidade da
despesa, sem criar problemas com o fisco federal, pois o fisco não poderá desconsiderar (glosar)
uma fatura de energia elétrica, emitida em 05/01/10, referente dez/X9 e contabilizada em X9,
devido à existência da fatura com data de emissão no ano de 2010, tão pouco poderá tornar a
despesa indedutível se for contabilizada pelo Regime de Competência em X9.

Outro fator importante, é o de que cada lançamento contábil necessita ter consistência
documental, seja contratual ou legal.

Exemplos:
 A contabilização das comissões de cartão de crédito deve estar suportada por relatório
individualizado das vendas, sobre o qual é aplicado o índice de comissão contratado com
a Administradora do Cartão de Crédito, comprovando que o valor é devido na
competência contabilizada. O lançamento contábil pode ser global por administradora de
cartão, com base em relatório discriminativo. Qualquer valor contabilizado no Passivo
sem que se possa mensurar que o valor é devido na data, torna-se uma provisão: um valor
que depende de efeitos futuros para ser realizar, incerto; e deverá ser adicionado ao IRPJ
e à CSSL, conforme art. 13, da Lei 9.249/95.
 O valor dos tributos, multas e juros devem estar discriminados em uma planilha,
compondo competência por competência em atraso, suas respectivas multas e juros, para
comprovar, a qualquer tempo, à uma fiscalização que os valores são devidos conforme a
lei determina e que as bases estão compostas e declaradas na DCTF, DIPJ, Gia, Gfip, etc.
 O valor da fatura de energia elétrica contabilizada em dez/X1 deve estar em
conformidade com o valor pago, nada impede que sejam feitos ajustes no mês seguinte
para adequar o saldo contábil, desde que não representativos. Por exemplo, o valor da
fatura é de R$ 1.000,00, no entanto foi contabilizado R$ 1.100,00, realiza-se um ajuste de
R$ 100,00. Diferentemente quando contabiliza R$ 10.000,00, no ano anterior e o valor
correto é R$ 2.000,00, certamente em uma fiscalização o valor será glosado.

9.5.2 Consórcios Contemplados a pagar – dedução dos valores ativados e variações


monetárias

a) Registros por ocasião da aquisição do bem:

Por ocasião da aquisição do bem adquirido por Consórcio, há necessidade de registrar o custo
total na conta própria desse bem, no subgrupo ativo imobilizado, bem como os ajustes
decorrentes do (a):
 Total dos pagamentos realizados (inclusive lance, se for o caso), dando-se baixa na conta
transitória em que foram registrados inicialmente.
 Dívida assumida, calculada pela multiplicação do valor atual da parcela mensal pelo
número de parcelas restantes, a qual será registrada em conta (s) do passivo circulante e
exigível a longo prazo, se for o caso.

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Portanto, para fins de apuração do resultado contábil, é interessante que estes registros sejam
feitos imediatamente por ocasião do recebimento do bem, para permitir a dedução como despesa
financeira do ajuste de valor das parcelas vincendas.

Exemplo:
Valor de veículo adquirido mediante consórcio: R$ 50.000,00
Valor das quotas já pagas (registradas no ativo) R$ 20.000,00

D – Veículos (Imobilizado) R$ 50.000,00


C – Adiantamentos de Consórcio R$ 20.000,00
C – Consórcios a Pagar (Passivo) R$ 30.000,00

Valor de cada parcela: R$ 1.000,00


Número de parcelas a pagar: 40
Saldo devedor na data do recebimento do bem: R$ 40.000,00 (40 x R$ 1.000,00)
Valor do ajuste: R$ 40.000 – R$ 30.000 (valor já existente na conta) = R$ 10.000

Ajuste contábil:

D – Variações de Consórcios a Pagar (Despesas Financeiras)


C – Consórcios a Pagar (Passivo) R$ 10.000,00

b) Acréscimos da dívida a partir do recebimento do bem

Os acréscimos no saldo a pagar que ocorrerem no futuro por mudanças no preço do bem, serão
considerados como despesas de variações monetárias, visto que se referem à atualização
monetária de obrigações em função de índices contratados.

c) Efeitos fiscais

A contabilização da forma apresentada é respaldada pelo PN CST 1/83, e poderá representar


menor pagamento de IRPJ e CSL sobre o Lucro Real de até 34% sobre o valor da despesa
financeira contabilizada.

9.6 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

As empresas poderão deduzir, para efeitos de apuração do lucro real e da base de cálculo da
contribuição social sobre o lucro, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular,
sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do
patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP
(Lei 9.249/95, art. 9º) e condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos
juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de
duas vezes os juros a serem pagos ou creditados

Há retenção do imposto de renda na fonte de 15% sobre o valor respectivo.

Dessa forma, há uma potencial economia tributária com o seguinte planejamento:

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Imposto de Renda: retêm-se 15% dos sócios, mas deduz-se integralmente como despesa
financeira o valor dos juros (dentro dos limites e condições fixados), podendo reduzir até 25% de
IRPJ. A diferença pode resultar em menor IRPJ de até 10% sobre o valor pago/creditado dos
juros.

Nota: a tributação, para os sócios (pessoas físicas) é exclusiva na fonte (§ 3o art. 9 da Lei
9249/95).

CSLL: pode deduzir-se até 100% do valor pago/creditado, dentro dos limites e condições
fixados, podendo economizar até 9% do valor.

Em síntese: a utilização deste planejamento poderá resultar numa economia de até 19% do valor
pago/creditado.

Exemplo de Cálculo:

Composição do Patrimônio Líquido Valores R$


Capital Social Integralizado 3.000.000,00
Reservas de Lucros, composta de: 850.000,00
Reserva Legal R$ 350.000
Reserva de Incentivos Fiscais R$ 500.000
Lucros Acumulados (antes do lucro líquido do exercício) 1.000.000,00
Total do Patrimônio Líquido 4.850.000,00

Lucro do Exercício antes dos juros s/capital próprio 600.000,00

Taxa anual – TJLP 12%

Demonstrativo do Cálculo:
Total das Contas do Patrimônio Líquido 4.850.000,00
(-) Reserva de Incentivos Fiscais (vide subtópico (500.000,00)
seguinte, a partir de 01.01.2024)
= Base de Cálculo 4.350.000,00

Juros Creditados 12%


Valor dos Juros 522.000,00

Limite de Dedutibilidade
Maior valor de:

50% Lucro do Exercício (R$ 600.000 x 50%) 300.000,00

Ou

50% Reservas de Lucros e Lucros Acumulados (R$ 925.000,00


1.850.000 x 50%)

Valor Dedutível a ser contabilizado como Despesa 522.000,00


Financeira

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IRRF = 15% a recolher 78.300,00

Como verificado no exemplo, a base de cálculo dos Juros s/ Capital Próprio é o Patrimônio
Líquido da empresa ajustado, conforme determinações legais (veja sinopse a seguir).

CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO A SEREM CONSIDERADAS

A Partir de 2024

A partir de 01.01.2024, por força da Lei 14.789/2023, que alterou o art. 9º da Lei 9.249/1995, a
base de cálculo para fins de crédito de juros TJLP compreenderá somente as seguintes contas ou
grupos do Patrimônio Líquido:

1 - Capital Social integralizado;

2 - Reservas de Capital oriundas exclusivamente:

a) do valor que ultrapassar o nominal das ações subscritas; e

b) do preço das ações emitidas para fins de constituição ou aumento do capital


social.

Nota: no caso da emissão de ações preferenciais com prioridade no reembolso do


capital, somente a parcela que ultrapassar o valor de reembolso poderá ter essa
destinação.

3 - Reservas de Lucros, exceto as Reservas de Incentivos Fiscais;

4 - Ações ou Quotas em Tesouraria (como conta redutora da base de cálculo) e

5 - Lucros ou Prejuízos Acumulados.

De 2015 até 2023

A Lei 12.973/2014, ao dar nova redação ao artigo 9º da Lei 9.249/1995, estabeleceu que, a
partir de 2015, com vigência até 31.12.2023 (por força de nova alteração dada ao artigo
pela Lei 14.789/2023) , para fins de dedutibilidade e cálculo dos juros sobre o capital próprio,
para fins de imposto de renda e contribuição social sobre o lucro, seriam consideradas
exclusivamente as seguintes contas do patrimônio líquido:

- Capital Social;

- Reservas de Capital;

- Reservas de Lucros;

- Ações (ou Quotas) em Tesouraria; e

- Prejuízos Acumulados.

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Limite

O montante dos juros remuneratórios do patrimônio líquido passível de dedução para efeitos de
determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social limita-se ao maior dos
seguintes valores:

I – 50% (cinquenta por cento) do lucro líquido do exercício antes da dedução desses
juros; ou

II – 50% (cinquenta por cento) do somatório dos lucros acumulados e reserva de lucros,
sem computar o resultado do período em curso.

Para os efeitos do limite referido no item I, o lucro líquido do exercício será aquele após a
dedução da contribuição social sobre o lucro líquido e antes da dedução da provisão para o
imposto de renda, sem computar, porém, os juros sobre o patrimônio líquido.

Vantagem Tributária

A empresa recolhe 15% IRRF sobre o valor dos juros e pode deduzir como despesa do lucro real
(observados os limites e restrições anteriormente especificados).

No exemplo a empresa tinha um lucro de R$ 600.000,00, com a contabilização dos juros passou
a ter um lucro de apenas R$ 78.000,00.

A economia foi de aproximadamente:

Valor da Despesa Financeira (TJLP) contabilizada: R$ 522.000,00

R$ 522.000,00 x até 25%* de IRPJ = R$ 130.500,00

+ R$ 522.000,00 x 9% de CSLL = R$ 46.980,00

Total da redução do IRPJ e CSLL = R$ 130.500,00 + R$ 46.980,00 = R$ 177.480,00

(-) Valor do IRRF sobre a TJLP = R$ 522.000,00 x 15% = R$ 78.300,00

Valor líquido da economia: R$ 177.480,00 - R$ 78.300,00 = R$ 99.180,00.

* Neste cálculo utilizamos a alíquota máxima de 25% do IRPJ, não considerando que a alíquota
do IRPJ é de 15% para o Lucro Real Anual de até R$ 240.000,00.

Observe-se que há tributação reflexa para as pessoas jurídicas sócias que percebem o
rendimento. A empresa que recebe os juros sobre capital próprio deverá contabilizar o valor
destinado (recebido ou não) como receita financeira e se recuperar do Imposto de Renda Retido
na Fonte.

Se o sócio for pessoa física o rendimento será consideração como exclusivo na fonte, não sendo
tributado novamente.

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Antes da opção pelos juros sobre capital próprio deve-se estudar a viabilidade tributária
considerando a tributação reflexa do sócio (pessoa jurídica).

Contabilização:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Contabilização dos Juros


31/12/.... Despesas Financeiras – Valor juros s/ capital próprio ref o
Juros s/ capital próprio exercício de X9 522.000,00
31/12/... Juros a Pagar – Acionista Vlr juros s/ capital próprio n/exerc, a
A – Passivo Circulante pagar 261.000,00
31/12/... Juros a Pagar – Acionista Vlr juros s/ capital próprio n/exerc, a
B – Passivo Circulante pagar 261.000,00

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Contabilização do IRRF s/ juros s/ capital próprio


31/12/... Juros a Pagar – Acionista Valor IRRF s/juros s/ capital
A – Passivo Circulante próprio, do sócio A 39.150,00
31/12/... Juros a Pagar – Acionista Valor IRRF s/juros s/ capital próprio
B – Passivo Circulante ref o exercício de X9, do sócio B 39.150,00
31/12/... IRRF a recolher – Vlr IRRF s/juros s/ capital próprio
Passivo Circulante creditados n/ exercício 78.300,00

9.7 PROVISÕES TRABALHISTAS E ENCARGOS - DEDUTÍVEIS

As contas devem estar conciliadas com o relatório de provisão de férias e 13º salários. B

Caso a empresa não possua o relatório da provisão de férias, a provisão certamente diminuirá o
IRPJ e a CSSL a pagar, o Contador deverá solicitar que o Setor de Pessoal elabore uma planilha
contendo os dados e requisitos da provisão de férias a ser contabilizada.

9.7.1 Provisão de férias e encargos

A provisão de férias é dedutível como custo ou despesa operacional, na apuração do Lucro Real
(tanto para o IRPJ como para a CSL). Também são dedutíveis os encargos calculados sobre a
provisão do 13 º Salário, tais como: FGTS (8,5%), INSS ( empresa (20% +SAT (3%) + terceiros
( 5,8%) + percentual de aposentadoria especial caso houver).

Relatório de Provisão de Férias em 30/09/X9


Salário base Total da
Funcionário Admissão + Variáveis Nº Férias 1/3 Férias INSS FGTS Provisão
meses (28,8%) (8,5%)
Celso Ramos 02/01/X8 21
588,76 1.030,33 343,44 1.373,77 395,65 116,77 1.886,19

Cláudio Correa 01/06/X9 4 110,45


994,05 331,35 441,80 127,24 37,55 606,59

Dias Gomes 15/10/X8 12


1.809,81 1.809,81 603,27 2.413,08 694,97 205,11 3.313,16

Edson Souza 02/01/X9 9


1.781,78 1.336,34 445,45 1.781,78 513,15 151,45 2.446,38

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Francisco Zeno 01/09/X9 1


2.331,00 194,25 64,75 259,00 74,59 22,02 355,61

Total
4.702,08 1.567,36 6.269,43 1.805,60 532,90 8.607,93

Contabilização:
Neste exemplo, foi considerado que a empresa não havia efetuada a provisão de férias
anteriormente.
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Provisão de férias e encargos


30/09/X9 Férias – custos/despesas Valor provisão de férias ref ao mês de
set/X9, cfe relatório 6.269,43
30/09/X9 INSS – custos/despesas Valor INSS s/ provisão de férias ref ao
mês de set/X9, cfe relatório 1.805,60
30/09/X9 FGTS – custos/despesas Valor FGTS s/ provisão de férias ref ao
mês de set/X9, cfe relatório 532,90
30/09/X9 Provisão de Férias – Valor provisão de férias ref ao mês de
Passivo Circulante set/X9, cfe relatório 6.269,43
30/09/X9 INSS s/ Provisão Férias – Valor INSS s/ provisão de férias ref ao
Passivo Circulante mês de set/X9, cfe relatório 1.805,60
30/09/X9 INSS s/ Provisão Férias – Valor FGTS s/ provisão de férias ref ao
Passivo Circulante mês de set/X9, cfe relatório 532,90

Relatório de Provisão de Férias em 31/12/X9

Salário base + Total


Nome Admissão Variáveis Nº meses Férias 1/3 Férias INSS FGTS Total
(28,8%) (8,5%)
Celso Ramos 02/01/X8
588,76 24 1.177,52 392,51 1.570,03 452,17 133,45 2.155,65
Cláudio Correa 01/06/X9
994,05 7 579,86 193,29 773,15 222,67 65,72 1.061,53
Dias Gomes 15/10/X8
1.809,81 15 2.262,26 754,09 3.016,35 868,71 256,39 4.141,45
Edson Souza 02/01/X9
1.781,78 12 1.781,78 593,93 2.375,71 684,20 201,94 3.261,85
Francisco Zeno 01/09/X9
2.331,00 4 777,00 259,00 1.036,00 298,37 88,06 1.422,43
Total
6.578,43 2.192,81 8.771,23 2.526,12 745,55 12.042,90

Contabilização:
A Provisão de férias deve ser contabilizada mês a mês, sempre ajustando o saldo do mês em
relação ao saldo do mês anterior. Neste exemplo, estamos demonstrando a contabilização de
Dez/X9, considerando que o saldo anterior é o de 30/09/X8.

Descrição Saldo Anterior Saldo atual Ajuste Contábil


FÉRIAS 6.269,43 8.771,23 2.501,80
INSS 1.805,60 2.526,12 720,52
FGTS 532,90 745,55 212,65

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Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Provisão de férias e encargos


31/12/X9 Férias – custos/despesas Valor provisão de férias ref ao mês de
dez/X9, cfe relatório 2.501,80
31/12/X9 INSS – custos/despesas Valor INSS s/ provisão de férias ref ao
mês de dez/X9, cfe relatório 750,52
31/12/X9 FGTS – custos/despesas Valor FGTS s/ provisão de férias ref ao
mês de dez/X9, cfe relatório 212,65
31/12/X9 Provisão de Férias – Valor provisão de férias ref ao mês de
Passivo Circulante dez/X9, cfe relatório 2.501,80
31/12/X9 INSS s/ Provisão Férias – Valor INSS s/ provisão de férias ref ao
Passivo Circulante mês de dez/X9, cfe relatório 750,52
31/12/X9 INSS s/ Provisão Férias – Valor FGTS s/ provisão de férias ref ao
Passivo Circulante mês de dez/X9 cfe relatório 212,65

Observação: o saldo contábil deve ser o mesmo valor constante no relatório de férias a pagar,
caso o setor de Pessoal não forneça o relatório da provisão de férias, alternativamente o Contador
poderá elaborar planilha de provisão de férias com base no salário de cada funcionário e o
número de meses a que tem direito, considerando os encargos de INSS e FGTS.

9.7.2 Provisão de 13º salário e encargos sociais

A provisão de 13º Salário é dedutível como custo ou despesa operacional, na apuração do Lucro
Real (tanto para o IRPJ como para a CSLL). Também são dedutíveis os encargos calculados
sobre a provisão de 13 º Salário, tais como: FGTS (8,5%), INSS (empresa: 20% + SAT (3%) +
terceiros (5,8%) + percentual de aposentadoria especial caso houver).

Por lei o 13º salário deve ser pago até o dia 20 de dezembro de cada ano, então dificilmente
estará provisionado nos saldos do balanço de 31 de dezembro, exceto quando não pago no
período determinado pela Lei.

No entanto, o lançamento contábil, mês a mês, da provisão do 13º Salário e dos encargos evitará
que a empresa antecipe IRPJ e CSSL indevidamente, podendo a empresa reduzir e suspender o
pagamento dos tributos em um determinado mês, pelo balancete de redução ou suspensão. O
mesmo ocorre com a empresa que optou pelo lucro real trimestral, e em cada trimestre
contabilizou a provisão do 13º salário.

Relatório de Provisão de 13º Salário Setembro/X9


Salário base
Nome Admissão + Variáveis Nº 13º salário INSS FGTS total
meses (28,8%) (8,5%)
Celso Ramos 02/01/X9
588,76 9 441,57 127,17 37,53 606,28
Cláudio Correa 01/06/X9
994,05 4 331,35 95,43 28,16 454,94
Dias Gomes 15/10/X8
1.809,81 9 1.357,36 390,92 115,38 1.863,65
Edson Souza 02/01/X8
1.781,78 9 1.336,34 384,86 113,59 1.834,79
Francisco Zeno 01/09/X9
2.331,00 1 194,25 55,94 16,51 266,71
Total
3.660,86 1.054,33 311,17 5.026,36

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Contabilização:

Neste exemplo, foi considerado que a empresa não havia efetuada a provisão de 13º salário
anteriormente.
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Provisão de férias e encargos


30/09/X9 13ºSalário- Valor provisão de 13º salário ref ao mês
custos/despesas de set/X9, cfe relatório 3.660,86
30/09/X9 INSS – custos/despesas Valor INSS s/ provisão de 13º sal., ref ao
mês de set/X9, cfe relatório 1.054,33
30/09/X9 FGTS – custos/despesas Valor FGTS s/ provisão de 13ºsal., ref ao
mês de set/X9, cfe relatório 311,17
30/09/X9 Provisão de 13º Salário – Valor provisão de 13º sal., ref ao mês de
Passivo Circulante set/X9, cfe relatório 3.660,86
30/09/X9 INSS s/ Provisão 13º sal Valor INSS s/ provisão 13º sal., ref ao
–Passivo Circulante mês de set/X9, cfe relatório 1.054,33
30/09/X9 INSS s/ Provisão 13º sal Valor FGTS s/ provisão de 13º sal., ref ao
–Passivo Circulante mês de set/X9, cfe relatório 311,17

Para fins de provisão de 13º salário devem ser observadas as mesmas considerações
mencionadas no item da Provisão de férias, lembrando que em 31/12 não haverá saldo de
provisão de 13º salário, devido ao fato que o 13º salário deve ser pago até 20/12 de cada ano,
conforme determina a legislação trabalhista.

9.7.3 Participação dos trabalhadores nos lucros

A empresa que adota a participação dos trabalhadores nos lucros, quando distribuída de acordo
com a Lei 10.101/2000, não se sujeita à incidência de INSS e FGTS ou qualquer outra verba
trabalhista.
Outro detalhe é que a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações
atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, dentro do próprio exercício de sua
constituição.
Assim, não há necessidade que a participação esteja “paga” para que seja dedutível, podendo ser
contabilizada nos balancetes ou balanço, segundo o regime de competência.
Exemplo:
Balancete de 31.12.X9
Lucro Líquido do Período: R$ 1.200.000,00
Participação dos Trabalhadores no Lucro Líquido: 9%
Valor contabilizável como despesa operacional: R$ 108.000,00
Lançamento:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Participação dos Funcionários no lucro da empresa


31/12/X9 Participação dos Valor participação dos funcionários no
Trabalhadores nos lucros lucro da empresa 108.000,00
– Despesas
31/12/X9 Participações de Valor participação dos funcionários no
Trabalhadores a pagar – lucro da empresa
Passivo Circulante 108.000,00

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Obs.: Manter relatório com o nome dos funcionários e valor que cada um vai receber relativo à
distribuição de lucros.

9.7.4 Reclamatórias trabalhistas


As reclamatórias trabalhistas julgadas e os acordos trabalhistas podem ser contabilizados
integralmente como despesas dedutíveis na data da homologação da sentença ou do acordo,
independentemente do pagamento, bem como o INSS devido sobre a reclamatória trabalhista.
Exemplo:
Sentença proferida pelo juiz no dia 17/12/X9, que a empresa pagará o montante de R$ 10.000,00
ao funcionário, em 10 parcelas mensais de R$ 1.000,00. O valor de R$ 10.000,00 será
contabilizado em 17/12/X9, na conta de despesas com pessoal no grupo de contas de resultado,
tendo como contrapartida a conta de Reclamatórias Trabalhistas a Pagar no grupo do Passivo
Circulante.

Contabilização:
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Reclamatórias Trabalhistas em 10 parcelas


17/12/X9 Reclamatórias Vlr reclamatória trabalhista João dos
Trabalhistas – Despesas Santos- processo nº 15979 10.000,00
17/12/X9 Reclamatórias - Vlr reclamatória trabalhista João dos
Trabalhistas a Pagar – Santos- processo nº 15979, em 10
Passivo Circulante parcelas 10.000,00

10. PASSIVO NÃO CIRCULANTE (EXIGÍVEL A LONGO PRAZO)

No passivo, as contas serão dispostas e serão classificadas nos seguintes grupos:

- Passivo Circulante;
- Passivo Não Circulante e
- Patrimônio Líquido, este dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação
patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.

Base: MP 449/2008, art. 36, convalidada pelo art. 37 da Lei 11.941/2009, que alterou o art. 178
da Lei 6.404/76.

Nota: até 04.12.2008, as contas do passivo eram classificadas em:


- Passivo Circulante;
- Passivo Exigível a Longo Prazo;
- Resultados de Exercícios Futuros;
- Patrimônio Líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial,
reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.

Demonstrativo gráfico:

Para exercícios encerrados a partir de 04/12/2008:

ATIVO PASSIVO

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Fechamento de Balanço © - 87

CIRCULANTE CIRCULANTE

NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

INVESTIMENTOS

IMOBILIZADO

INTANGÍVEL

Para exercícios encerrados até 04/12/2008:

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

PERMANENTE RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

10.1 REGRAS GERAIS

Passivo Não Circulante: representa as obrigações com prazo de vencimento após 12 (doze)
meses, vencíveis a partir da data do encerramento do exercício social.

Exemplo: empréstimos bancários e financiamentos (tipo BNDES, Finame, etc.).


Neste grupo também são classificadas as seguintes contas: adiantamentos de sócios,
adiantamentos de acionistas, empréstimos de coligadas e empréstimos de controladas.

As contas do Passivo Não Circulante devem ser verificadas com relação aos documentos
suportes de movimentação no ano, a classificação superior a 12 meses após encerramento do
balanço e planilhas subsidiárias.

Nos contratos com vencimento a longo prazo, devem ser reclassificadas para o Passivo
Circulante as parcelas a vencer no período de 12 meses após o encerramento do balanço de
31.12.

Dessa forma, um contrato com saldo de R$ 360.000,00, em 31.12, restando 36 parcelas a vencer,
nos próximos 36 meses, será classificado da seguinte forma:

 12 parcelas*¹ x R$ 10.000,00 = R$ 120.000,00 -> serão reclassificadas para o Passivo


Circulante.
 24 parcelas*² x R$ 10.000,00 = 240.000,00 -> estarão registradas no Passivo Não
Circulante.
*¹com vencimento nos meses de janeiro a dezembro do ano subsequente.

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Fechamento de Balanço © - 88

*²parcelas com vencimentos a partir de janeiro do 2º ano após o fechamento do balanço.

Tratamento idêntico deve ser adotado para as demais contas, como exemplo os parcelamentos de
tributos a longo prazo, os empréstimos a terceiros a longo prazo.

Porém os adiantamentos de sócios, adiantamentos de acionistas, empréstimos de coligadas e


controladas, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia, serão
classificados integralmente no Passivo Não Circulante, por analogia ao inciso II, artigo 179 da
Lei 6.404/1976.

10.2 CONTRATOS E PARCELAMENTOS A LONGO PRAZO – DEDUTIBILIDADE


DAS VARIAÇÕES MONETÁRIAS, JUROS, MULTAS E ENCARGOS.

Os contratos, consórcios e parcelamentos de tributos registrados no Passivo Não Circulante têm


as mesmas regras de dedutibilidade explanadas no Passivo Circulante.

A classificação no Passivo Circulante ou Passivo Não Circulante é realizada em função da norma


Contábil. Para fins da norma tributária independe se a classificação for a curto ou longo prazo.

Dessa forma, os juros e variações monetárias dos contratos a longo prazo são dedutíveis
conforme forem incorrendo. Da mesma forma os juros e variações sobre parcelamentos
tributários.

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11. RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

11.1 CONSIDERAÇÕES

Extinção dos resultados de exercícios futuros

A MP 449/2008, em seu art. 36, convalidada pelo art. 37 da Lei 11.941/2009, modificou a
composição dos grupos patrimoniais constante no art. 178 da Lei 6.404/76, e estabeleceu que o
passivo será composto pelo passivo circulante, passivo não-circulante e patrimônio líquido, não
citando o resultado dos exercícios futuros. Portanto, este subgrupo deixou de existir.

Saldos contábeis em 31.12.2008

No mesmo sentido, o art. 37 da MP 449/2008, convalidada pelo art. 37 da Lei 11.941/2009,


acrescentou o art. 299-B à Lei 6.404/76, que dispõe:

“O saldo existente no resultado de exercício futuro em 31 de dezembro de 2008 deverá ser


reclassificado para o passivo não-circulante em conta representativa de receita diferida”.

O registro do saldo deverá evidenciar a receita diferida e o respectivo custo diferido.

Resultados de Exercício Futuros (definição anterior à MP 449/20008/Lei 11.941/2009)

Resultado de Exercícios Futuros: compreendia as receitas faturadas antecipadamente que de


acordo com o regime de competência pertence a exercícios futuros.

Exemplo: receita antecipada e custos atribuídos à receita antecipada.

O artigo 181 da Lei 6.406/76, dispunha que seriam classificadas como resultados de exercício
futuro as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes.

11.2 DIFERENÇA ENTRE FATURAMENTO ANTECIPADO E ENTREGA FUTURA

A legislação do Imposto de Renda, incorporando norma da legislação comercial, elege, como


regra geral, o regime de competência para apuração do resultado das empresas, segundo o qual
as receitas e as despesas devem ser reconhecidas contabilmente quando auferidas e incorridas,
respectivamente, independentemente do efetivo recebimento ou pagamento (art. 177 da Lei
6.404/76).

a) faturamento antecipado

O faturamento antecipado ocorre quando uma empresa vendedora emite nota fiscal e fatura de
uma mercadoria (ou serviços) que ainda não produziu ou não adquiriu de seu fornecedor (para
revenda).

A contabilização, no caso de faturamento antecipado, entendido como tal a emissão de nota


fiscal e fatura, antes que o vendedor esteja de posse da mercadoria ou serviço a ser entregue
(caso em que a empresa vai produzir ou adquirir a mercadoria) não se pode cogitar do
reconhecimento de receita, até porque não existe ainda o custo a ser com ela confrontado; neste
caso, a receita somente será reconhecida quando ocorrerá a entrega da mercadoria ou serviço e,

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se antes da ocorrência desse evento houver recebimento por conta da operação, contabilmente, o
valor recebido deve ser classificado em conta do passivo circulante, pois reflete a obrigação da
empresa para com o seu cliente.

O faturamento antecipado existe porque, para fins de cobrança bancária (duplicata), a empresa
fornecedora é obrigada a emitir a fatura (nota fiscal).

Exemplo:

Fornecimento de uma torre com faturamento antecipado, para fins de cobrança bancária, no valor
de R$ 300.000,00. Faturamento em novembro/20x0. Os materiais serão adquiridos e entregues
somente em janeiro/20x1. Momento da apropriação da receita: janeiro/20x1.

Contabilização:
Em nov./20x0
D. Clientes - Contas a Receber (Ativo Circulante)
C. Receitas Diferidas (Passivo Circulante) – Vendas de Mercadorias
R$ 300.000,00

Em jan/20x1

D. Receitas Diferidas (Passivo Circulante) – Vendas de Mercadorias


C. Venda de Mercadorias R$ 300.000,00

b) Venda futura

A venda futura ocorre quando a empresa vende mercadoria já produzida ou adquirida, mas que,
por conveniência ou interesse do comprador, continua em poder da vendedora, transformando-se
esta em mera depositária da mercadoria vendida.

No caso de venda para entrega futura, isto é, quando a mercadoria vendida é colocada à
disposição do comprador, mas, por conveniência deste, permanece em poder do vendedor, aí
sim, cabe o reconhecimento da receita da venda e do respectivo custo no momento em que foi
emitida a nota fiscal.

Fornecimento materiais, para entrega futura, no valor de R$ 100.000,00. Faturamento em


novembro/20x0. Os materiais estão prontos para serem entregues, no entanto o cliente solicitou
que a entrega sena realizada somente em janeiro/20x1. Momento da apropriação da receita:
novembro/20x0.

Contabilização:
Em nov./20x0
D. Clientes - Contas a Receber (Ativo Circulante)
C. Venda de Mercadorias (Conta de Resultado)
R$ 300.000,00

Portanto, a distinção básica que se faz entre essas duas operações reside no fato de a empresa
vendedora possuir ou não a mercadoria (ou serviços) objeto da compra e venda em seu ativo
(estoques) ou a comando executório (serviços em andamento).

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12. PATRIMÔNIO LÍQUIDO

12.1 REVISÃO DAS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Patrimônio Líquido: representa o capital que pertence aos proprietários.

Contas: capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros,
ações em tesouraria e prejuízos acumulados.

As contas do Patrimônio Líquido devem refletir o capital social de acordo com o contrato social
e alterações, e as movimentações das demais contas, inclusive lucros/prejuízos acumulados.

Para examinar as movimentações ocorridas nas contas do Patrimônio Líquido, analisa-se o razão
contábil do início até o final do exercício.

Verificar se os ajustes de exercícios anteriores terão consequência tributária no exercício em


curso ou em outro exercício, os quais deverão ser adicionados ao Lucro Real e à CSSL, pelo
período de competência.

Verificar se o Capital Social da empresa está em conformidade com a última alteração contratual
do exercício.

Verificar a existência de Subvenções para Investimento e as Doações e registrá-las nas contas de


reserva de capital, do patrimônio líquido.

Considerações Gerais sobre o Patrimônio Líquido

As contas do Patrimônio Líquido devem refletir o capital social de acordo com o contrato social
e alterações, as realizações das reservas de reavaliação motivadas por vendas e depreciações de
bens reavaliados e se as movimentações das demais contas, inclusive lucros/prejuízos
acumulados estão corretos.

a) Capital Social: discrimina o valor subscrito e o valor que ainda será realizado pelos
sócios ou acionistas.

b) Reservas

b1) Reservas de Capital: são as contas que registram doações recebidas, eventualmente, pela
entidade. No caso de sociedades anônimas, o ágio na emissão de ações, o produto da alienação
de partes beneficiárias, entre outras. De acordo com o parágrafo 1º do artigo 182 da Lei nº
6.404/76, serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem:

a) a correção monetária do capital realizado;


b) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de
emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do
capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;
c) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;
d) até 31.12.2009 - por força da Lei 11.638/2007, o prêmio recebido na emissão de debêntures;
e) até 31.12.2009 - por força da Lei 11.638/2007, as doações e as subvenções para investimentos.

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b2) Reservas de Lucros: são reservas originados dos lucros e destinadas para reinvestimento na
empresa. Exemplo: Na Assembleia dos acionistas ou no próprio contrato social os sócios (ou
acionistas) determinam que X por cento do lucro da empresa, não será distribuído aos sócios e
deverá permanecer como uma reserva para a aplicação na atividade da empresa (reserva para
compra de imobilizado com o objetivo de não descapitalizar a empresa).

As reservas de lucros são constituídas pelos lucros obtidos pela empresa, retidos com finalidade
específica.

Os lucros retidos com finalidade específica e classificados nesta conta são transferidos da conta
de "Lucros ou Prejuízos Acumulados".

Na conta "Reservas de Lucros" poderemos agrupar as seguintes subcontas:

Reserva Legal;
Reserva Estatutária;
Reserva para Contingências;
Reserva de Lucros a Realizar;
Reserva de Lucros para Expansão;
Reserva de Incentivos Fiscais.

A partir de 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007 (que incluiu o artigo 195-A à Lei 6.404), a
assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar para a reserva de
incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções
governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo
obrigatório.

A partir de 01.01.2008, por força por força da Lei 11.638/2007, o saldo das reservas de lucros,
exceto as para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o
capital social. Atingindo esse limite, a assembleia deliberará sobre aplicação do excesso na
integralização ou no aumento do capital social ou na distribuição de dividendos.

b3) Lucros ou Prejuízos Acumulados: registra os resultados acumulados pela empresa, quando
ainda não distribuídos aos sócios, ao titular ou ao acionista. A diferença para a Reserva de
Lucros, acima mencionada, é a de que os Lucros Acumulados estão à disposição dos sócios para
distribuição ou não e a Reserva de Lucros já foi destinada a permanecer na empresa e não poderá
ser distribuída, salvo nova deliberação da assembleia ou dos sócios.

Até 31.12.2009, o plano de contas apresentava as duas contas: Lucros Acumulados (credora) e
Prejuízos Acumulados (devedora), mas na realidade o saldo era mantido em uma só conta, ou
seja, na conta de Lucros Acumulados ou na conta de Prejuízos Acumulados.

O saldo credor representa a parcela do resultado da empresa não destinada especificamente.

O saldo devedor - prejuízos acumulados, representa o saldo dos resultados negativos da empresa
e não absorvidos por reservas anteriormente existentes e que deverá ser compensado com lucros
a serem auferidos futuramente.

Se ocorrer de o resultado do exercício ser negativo (prejuízo), este será obrigatoriamente


absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem.

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Com o advento da Lei 11.638/2007, a partir de 01.01.2008 foi extinta a nomenclatura "Lucros
Acumulados", assim esta conta deverá ser composta apenas pelo saldo dos prejuízos acumulados
apurados, após as compensações com as reservas citadas.

Isto não significa, entretanto, que a conta “Lucros Acumulados” deixou de existir. Porém, essa
conta possui natureza absolutamente transitória, e será utilizada para servir de contrapartida às
reversões das reservas de lucros e às destinações do lucro.

Exemplo:

Destinação do saldo da conta transitória “Lucros Acumulados”:

D – Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido) R$ 500.000,00


C – Dividendos a Distribuir (Passivo Circulante) R$ 300.000,00
C – Reserva Legal (Patrimônio Líquido) R$ 25.000,00
C - Reserva de Lucros para Expansão (Patrimônio Líquido) R$ 175.000,00

Lembrete – a partir de 01.01.2008

A partir de 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007, a divisão do patrimônio líquido será:

 capital social,
 reservas de capital,
 ajustes de avaliação patrimonial,
 reservas de lucros,
 ações em tesouraria
 prejuízos acumulados.

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13. RECEITAS

13.1 RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Compreende a receita bruta das vendas de bens e serviços prestados em operações realizadas
pela empresa.

Na receita bruta não se incluem (Lei 8.981/95, art. 31, parágrafo único):
1. as vendas canceladas; (devoluções)
2. os descontos incondicionais concedidos (constantes na nota fiscal de venda dos bens ou da
fatura de serviços e não dependentes de evento posterior à emissão desses documentos)
3. os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contratante dos quais
o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário.
Os impostos não cumulativos citados no item “3” correspondem ao IPI e ao ICMS quando
cobrados como substituição tributária.

Desta forma, para que se possa aplicar o conceito legal de Receita Operacional Bruta, é
recomendável que a empresa que contabiliza o IPI e o ICMS como Receita de Vendas, o faça em
conta de “Faturamento Bruto” e não em “Receita de Venda de Produtos”, ficando assim o plano
de contas da empresa:

Faturamento Bruto
(-) IPI Faturado
(-) ICMS Substituição Tributária
(=) Receita Bruta de Vendas e Serviços

A receita bruta deve ser registrada pelos valores totais, incluindo os impostos sobre ela
incidentes (exceto IPI e ICMS substituição tributária), que são registrados em contas devedoras.
Desta forma, os valores dos impostos incidentes sobre as vendas, tais como: ISS, ICMS, PIS,
COFINS, serão diminuídos da receita bruta.

13.2 CONFERÊNCIA DAS RECEITAS COM OS LIVROS FISCAIS

As receitas devem ser conciliadas com o livro de apuração do ICMS, IPI ou do ISS, para evitar
lançamentos a maior ou a menor, com consequências tributárias. Até porque em uma fiscalização
a empresa deve apresentar os livros, os quais não podem divergir da contabilidade.

Para confirmar se os saldos das contas de Receitas estão corretas, deve-se confrontar a Receita
constante no balancete com os Livros de saída de Mercadorias ou Produtos (ICMS/IPI) e de
Serviços (ISS), atendo-se aos grupos:

 5.101 a 5.125; 5.35; 5.401 a 5.405; (no estado)


 6.101 a 6.125; 6.35; 6.401 a 6.405; (interestadual)
 7.101 a 7.125; 7.35; 7.401 a 7.405; (exportação)

Observar que muitos códigos de saídas não são receitas. Exemplos: simples remessa, devolução
de compras, transferências, simples remessa, venda do imobilizado, retorno, doação, amostra,
etc.

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Esse é o principal exame, nesse grupo de contas, que deve ser efetuado para não deixar dúvidas
sobre os saldos das contas de receitas.

As contas de devoluções de vendas e vendas canceladas devem ser conferidas com o Livro de
Entrada de Mercadorias, no qual consta código específico.

Lembrar que o IPI destacado e faturado nas notas fiscais não é computado na base de cálculo
para recolhimento de tributos.

13.3 VALE PEDÁGIO

A correta contabilização do Vale Pedágio, instituído pela Lei 10.209/2001, pode permitir uma
redução de custos tributários no frete, tanto para a empresa contratante como para o
transportador da carga.

Isto porque o valor do Vale Pedágio:

1. Não é considerado receita operacional ou rendimento tributável (art. 2 da Lei


10.209/2001).
2. Não constitui base de incidência de contribuições sociais ou previdenciárias (idem).
3. É despesa dedutível, para fins de apuração do Lucro Real, respeitadas as normas gerais
de dedutibilidade.

Contabilizando-se a despesa ou custo da entrega do Vale Pedágio em conta de resultado, a


empresa contratante deduzirá o mesmo, obtendo economia de até 34% do valor entregue com o
IRPJ e a CSLL.

Já o transportador deve contabilizar a recepção em conta redutora de custos ou despesas


operacionais (e não de conta de receitas operacionais, para não pagar PIS, COFINS, IRPJ e CSL
s/Lucro Presumido ou Estimado). Assim, poderá obter uma economia de até 6,74% sobre o valor
recebido, considerando-se como tributada pelo Lucro Presumido.

Desta forma, a correta contabilização de Vale Pedágio no valor de R$ 100.000,00 em um ano


pode representar menor tributação de até R$ 6.740,00 para o transportador.

13.4 RECEITAS DE CONTRATOS COM ENTIDADES GOVERNAMENTAIS -


DIFERIMENTO DO LUCRO
Nos contratos de prazo de vigência superior a 12 (doze) meses, qualquer que seja o prazo de
execução de cada unidade, em empreitada ou fornecimento contratado com pessoa jurídica de
direito público, ou empresa sob seu controle, empresa pública, sociedade de economia mista ou
sua subsidiária, o contribuinte poderá diferir a tributação do lucro, até sua realização, observadas
as seguintes normas (Decreto-lei 1.598/77, art. 10, § 3) e IN SRF 21/1979:
I – poderá ser excluída do lucro líquido do período de apuração, para efeito de determinar o lucro
real, parcela do lucro da empreitada ou fornecimento computado no resultado do período de
apuração, proporcional à receita dessas operações consideradas nesse resultado e não recebida
até a data do balanço de encerramento do mesmo período de apuração;
II – a parcela excluída nos termos do inciso I deverá ser computada na determinação do lucro
real do período de apuração em que a receita for recebida.

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Se o contribuinte subcontratar parte da empreitada ou fornecimento, o direito ao diferimento de


que trata este item caberá a ambos, na proporção da sua participação na receita a receber
(Decreto-lei 1.598/77, art. 10, § 4°).
Em síntese, a aplicação desta legislação permite o diferimento do lucro, via LALUR, até o
recebimento da correspondente receita (tributação por “regime de caixa”).

VARIAÇÕES MONETÁRIAS E MULTAS

O valor integrante do lucro líquido do exercício, incluindo as variações monetárias e multas, que
não tiver sido realizado e que seja decorrente de contratos a longo prazo com entidades
governamentais, a preço predeterminado, poderá ser objeto de diferimento.

O mesmo se aplica para a base de cálculo do PIS e da COFINS.

Base: Solução de Consulta Cosit 71/2019.


Exemplo:
Valores a receber em 31.12.x2 de entidades governamentais: R$ 950.000,00
Custos e despesas correspondentes às parcelas de valores a receber em 31.12.x2 das respectivas
entidades governamentais: R$ 450.000,00
Parcela do Lucro a diferir de valores a receber em 31.12.20x2: R$ 950.0000,00 menos R$
450.000,00 = R$ 500.000,00
Lucro Líquido apurado no Exercício: R$ 1.200.000,00
Resultado tributável pelo IRPJ: R$ 1.200.000,00 – R$ 500.000,00 = R$ 700.000,00
Nota: o valor de R$ 500.000,00, excluído da tributação, deverá ser adicionado (via LALUR) no
período em que a receita for recebida, proporcionalmente à mesma.

13.5 RECEITAS DE CONTRATOS A LONGO PRAZO

Na apuração do resultado de contratos, com prazo de execução superior a um ano, de construção


por empreitada ou de fornecimento, a preço pré-determinado, de bens ou serviços a serem
produzidos, serão computados em cada período de apuração (Decreto-lei 1.598/77, art. 10):

I – o custo de construção ou de produção dos bens ou serviços incorridos durante o período de


apuração;
II – parte do preço total da empreitada, ou dos bens ou serviços a serem fornecidos, determinada
mediante aplicação, sobre esse preço total, da percentagem do contrato ou da produção
executada no período de apuração.

A percentagem do contrato ou da produção executada durante o período de apuração poderá ser


determinada (Decreto-lei 1.598/77, art. 10, § 1°):

a) com base na relação entre os custos incorridos no período de apuração e o custo total estimado
da execução da empreitada ou da produção; ou
b) com base em laudo técnico de profissional habilitado, segundo a natureza da empreitada ou
dos bens ou serviços, que certifique a percentagem executada em função do progresso físico da
empreitada ou produção.

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Portanto, observe-se que o contribuinte poderá optar por um dos dois critérios. Naturalmente,
fará a adoção do critério que resultar menor valor tributável, para fins de IRPJ, CSL, PIS,
COFINS e ISS.

A receita do período-base deve ser reconhecida de acordo com o andamento da obra, pela
aplicação, sobre o preço pré-fixado, do percentual que indica o estágio em que se encontra a
produção do bem ou serviço na data do balanço.

Exemplificando:

Determinada empreiteira é contratada para uma obra. O preço pactuado é de R$ 10.000.000,00 e


o custo estimado de R$ 8.000.000,00. A execução da obra terá a duração de 26 meses, com
início em abril/20x2. A empresa é tributada pelo lucro real trimestral e optou em utilizar como
parâmetro para medição o custo incorrido, indicado na letra “a”.

Desta forma, a receita trimestral será obtida pela seguinte fórmula:

CI/CT x RT, onde:


CI = Custo Incorrido no Trimestre (dado);
CT = Custo Total estimado (8.000.000,00);
RT = Preço Total contratado (10.000.000,00).

O lucro bruto contábil é obtido diminuindo-se da receita contabilizada o custo incorrido.

Trimestr Custo Incorrido Receita Lucro Bruto


e Contabilizada Contábil
2.tri/20x2 300.000,00 375.000,00 75.000,00
3.tri/20x2 650.000,00 812.500,00 162.500,00
4.tri/20x2 1.000.000,00 1.250.000,00 250.000,00
1.tri/20x3 1.200.000,00 1.500.000,00 300.000,00
2.tri/20x3 850.000,00 1.062.500,00 212.500,00
3.tri/20x3 1.500.000,00 1.875.000,00 375.000,00
4.tri/20x3 500.000,00 625.000,00 125.000,00
1.tri/20x4 500.000,00 625.000,00 125.000,00
2.tri/20x4 1.400.000,00 1.750.000,00 350.000,00
3.tri/20x4 100.000,00 125.000,00 25.000,00
Total 8.000.000,00 10.000.000,00 2.000.000,00

O sistema de contabilização exposto é aplicável para qualquer empresa, independentemente do


contratante ser entidade governamental ou não. Caso o contratante seja entidade governamental,
poderá ainda diferir a tributação até sua realização (recebimento).

14. CUSTOS E DESPESAS

14.1 CUSTOS

A contabilidade de custos pode ser definida como um conjunto de registros específicos, baseados
em escrituração regular (contábil) e apoiada por elementos de suporte (planilhas, rateios,

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cálculos, controles) utilizados para identificar, mensurar e informar os custos das vendas de
produtos, mercadorias e serviços.

Os principais objetivos da Contabilidade de Custos poderiam ser assim resumidos:

1. Permitir a avaliação dos estoques, para atendimento das legislações comercial e fiscal;
2. Apurar o custo dos produtos/serviços vendidos (no caso das empresas comerciais, o custo
das mercadorias vendidas);
3. Dar suporte á tomada de decisões gerenciais no tocante a fixação do preço de venda;
4. Atender a necessidade de controles e informações específicas (como para o atendimento
à legislação fiscal).
5. Embasar orçamentos e projeções financeiras.

14.1.1 Custo de produção = (MP + MO + GGF)

A Matéria-Prima (MP), também chamada de Material Direto, representa todo o material


incorporado ao produto que está sendo fabricado, inclusive a embalagem. Neste custo,
computam-se o frete e o transporte, quando pagos pelo adquirente.

A Mão-de-Obra Direta (MO) é representada pelos salários devidos ao pessoal que trabalha
diretamente no produto.

Os Gastos Gerais de Fabricação (GCF), também denominados de Despesas Indiretas de


Fabricação, representam todos os custos relacionados com a produção, necessários à fabricação,
porém, não identificáveis diretamente com a unidade produzida.

Como exemplo, podemos citar os materiais indiretos, a mão de obra de supervisão, aluguéis e
arrendamento mercantil dos bens de produção, o seguro do estabelecimento industrial, as
depreciações das máquinas industriais, energia elétrica, manutenção dos bens, vigilância,
limpeza, etc.

Custo é a soma dos gastos incorridos e necessários para a aquisição, conversão e outros
procedimentos necessários para trazer os estoques à sua condição e localização atuais, e
compreende todos os gastos incorridos na sua aquisição ou produção, de modo a colocá-los em
condições de serem vendidos, transformados, utilizados na elaboração de produtos ou na
prestação de serviços que façam parte do objeto social da entidade, ou realizados de qualquer
outra forma.

14.1.2 Diferença entre custos e despesas


Custo é um gasto relativo ao bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou
serviços.
Exemplos:
 Matéria prima utilizada na formação do produto.
 Mão de obra utilizada na execução de serviços, numa empresa do ramo serviços.
 Gastos gerais de manutenção de equipamentos utilizados na produção.
Despesa: são todos os bens ou serviços consumidos na manutenção de atividades operacionais e
na obtenção de receitas, não vinculadas à produção de bens e serviços.

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Exemplos:
 Comissão de representante sobre as vendas efetuadas.
 Folha de pagamento do pessoal administrativo (contabilidade, finanças, vendas)

14.1.3 Análise nas contas de Custos

Estas contas registram os custos de bens, serviços ou mercadorias vendidos.

As contas de custos estão ligadas diretamente com as contas de estoques, conforme o critério
utilizado para avaliar os estoques aumenta ou diminui o CPV, CSP ou o CMV.

Exemplo:

O balancete contábil apresenta os seguintes saldos de contas de custos em 31.12.20x1:

Código
Conta Conta Saldos
Débito Crédito

4.2 Custo de Produção


4.2.1 Departamento Fabril
4.2.1.01 Produtos
4.2.1.01.001 Salários 4.200,00
4.2.1.01.002 13º Salário 477,00
4.2.1.01.003 Férias 634,00
4.2.1.01.004 INSS Salários 1.184,00
4.2.1.01.005 FGTS Salários 357,00
4.2.1.01.006 PAT 1.200,00
4.2.1.01.007 (-) Reembolso PAT 0,00
4.2.1.01.008 Vale Transporte 1.500,00
4.2.1.01.009 (-) Reembolso Vale Transporte 0,00
4.2.1.01.010 Pró labore 2.900,00
4.2.1.01.011 INSS sobre Pró-Labore 580,00
4.2.1.01.012 Matéria-Prima 15.000,00
4.2.1.01.013 Energia elétrica 850,00
4.2.1.01.014 Água 190,00
4.2.1.01.015 Aluguel e Arrendamento 700,00
4.2.1.01.016 Material de consumo 520,00
4.2.1.01.017 Limpeza e conservação 295,00
4.2.1.01.018 Seguros 388,00
4.2.1.01.019 Depreciação 852,00
4.2.1.01.020 Assistência Médica 280,00
4.2.1.01.021 Treinamento 293,00
4.2.1.01.997 Transf. Manutenção
4.2.1.01.998 Transf. Almoxarifado e Expedição
4.2.1.01.999 (-)Transf p/ Estoques
TOTAL 4.2.1.01 32.400,00 0,00

1) 1ª hipótese

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A apuração do custo é coordenada e integrada com a contabilidade, e foram produzidas no


período 1.000 unidades e no estoque encontram-se 85 unidades. Não há estoque de matérias-
primas nem produtos em processo.

Cálculo:
Custo unitário = R$ 32.400,00 : 1000 = R$ 32,40
Estoque = R$ 32,40 x 85 unidades = R$ 2.754,00

Então, na conta de estoque deve constar em 31.12.20x1, o saldo de R$ 2.754,00, mediante o


seguinte lançamento:

D- Estoque de produtos
C- Custos – ((-)transf. p/ estoques) 2.754,00

O CPV - Custo de produtos vendidos permanece com o saldo de R$ 29.646,00. Igual a 915
unidades x R$ 32,40 = R$ 29.646,00. Também é o saldo da conta depois da transferência para o
estoque = R$ 32.400,00 – R$ 2.754,00.

2) 2ª hipótese

A empresa, apesar de contabilizar todos os custos, não apura o custo integrado e coordenado com
a contabilidade e apresentou estoque dos seguintes itens:
 100 unidades de produtos acabados;
 30 unidades de produto em processo;
 17 unidades de matéria–prima.
Preço de venda do produto R$ 112,00 por unidade;
Preço de aquisição por unidade da matéria-prima: R$ 15,00 (já deduzida o ICMS e demais
impostos não cumulativos)

Cálculos:

a) Produto acabado

Produtos acabados: 100 x (112,00 x 70%)*


Produtos acabados: 100 x 78,40
Produtos acabados: 7.840,00
*custo arbitrado do produto acabado = 70% do maior valor de venda do produto

Contabilização:
D – Estoque de Produtos acabados
C – Custos – ((-)transf. p/ estoques) 7.840,00

b) Produto em processo ( elaboração)

Produtos em processo: 30 x (112,00 x 70% x 80%)*


Produtos em processo: 30 x (112,00 x 56%)
Produtos em processo: 30 x 62,72
Produtos em processo: 1.881,60
* custo arbitrado do produto em processo é igual 80% de 70% do maior preço de venda = 56%

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Contabilização:
D – Estoque de Produtos em elaboração
C – Custos – ((-)transf. p/ estoques) 1.881,60

c) Matéria- Prima

Matéria-prima: 17 x R$ 15,00*
Matéria-prima: R$ 255,00
* matéria-prima pode ser calcula pelo preço das últimas aquisições menos os impostos não
cumulativos.

Contabilização:
D – Estoque de Matérias-primas
C – Custos – ((-)transf. p/ estoques) 255,00

Então, após as transferências para o grupo de Estoque, o Custo dos Produtos que era de R$
32.400,00, conforme o balancete acima, ficou com o custo de R$ 22.423,40 (R$ 32.400,00 –
7.840,00 -1.881,60 – 255,00).

14.1.4 Revisão nas contas de Custos

Mensalmente, os custos devem manter-se em equilíbrio e coerência com as Receitas.

 somar em cada mês o CPV e o CMV;


 somar mensalmente as receitas com vendas de produtos e mercadorias;
 somar mês a mês os impostos incidentes sobre as vendas (IPI, ICMS, PIS, Cofins) vendas
canceladas e devoluções de vendas;

Aplicar em cada mês a seguinte fórmula

Índice= ( CPV + CMV )


(Receita – Deduções)

Exemplo:

Receitas Valores R$
Receita de Produtos 3.500.000,00
Receita de Mercadorias 500.000,00
Receita de Exportações Produtos 1.000.000,00
Total das Receitas 5.000.000,00

Deduções da Receita
(-) IPI 400.000,00
(-) ICMS 500.000,00
(-) PIS 26.000,00
(-) COFINS 110.000,00
(-) Devoluções 100.000,00
(-) Vendas canceladas 15.000,00
Total das Deduções 1.151.000,00

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Custos
CPV 1.735.000,00
CMV 245.000,00
Total 1.980.000,00

Fórmula:

Índice= (CPV + CMV )


(Receita – Deduções)
Calculando:

Índice = 1.735.000,00 + 245.000,00


5.000.000,00 - 1.151.000,00
Índice = 1.980.000,00
3.849.000,00
Índice = 51,44%

Ao calcular esse índice, pode-se comparar mês a mês a variação do custo em função da Receita
Líquida (Receita Bruta - impostos - devoluções). No mês em que houver divergências
significativas, deve ser averiguado o motivo da distorção.

Por exemplo, em um determinado mês o CPV/CMV aumenta para 80% da Receita Líquida,
sendo que a média é em torno de 52%, deve ser investigada a situação.

Se a empresa pretende diminuir o lucro ou diminuir o prejuízo, usualmente altera a valorização


do estoque, com a análise pode ser detectado erro ou manipulação relevante realizada na
contabilidade.

14.2 DESPESAS

14.2.1 Classificação das despesas

a) Despesas de vendas e administrativas

As despesas de vendas representam os gastos de promoção, colocação e distribuição dos


produtos da empresa, bem como os riscos assumidos pela venda, tais como:
a) despesas com folha de pagamento da área de vendas;
b) comissões sobre vendas;
c) propaganda e publicidade;
d) gastos com garantia de produtos;
e) utilidades e serviços: transporte, depreciação e manutenção de bens, energia elétrica,
telefone, água.

As despesas administrativas representam os gastos, pagos ou incorridos, para direção ou gestão


da empresa, tais como:

a) despesas com o pessoal: salários, gratificações, férias, encargos, assistência médica,


transporte;
b) utilidades e serviços: energia elétrica, água, telefone, fax, correio, seguros;

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c) despesas gerais: material de escritório, material de limpeza, viagens, alimentação,


jornais e revistas, despesas legais e judiciais, serviços profissionais contratados,
depreciação e manutenção de bens;
d) impostos e taxas: IPTU, IPVA, ITR, Contribuição Sindical.

As despesas devem ser consistentes com relação à documentação suporte e à atividade da


empresa, é importante que o Contador visualize, através do Razão Contábil, se não há distorções
nos lançamentos contábeis das despesas ou classificação indevida.

b) Despesas financeiras – resultado financeiro líquido

Nesse grupo são incluídos os juros, os descontos e a atualização monetária pré-fixada, além de
outros tipos de receitas ou despesas, bem como aquelas decorrentes de aplicações financeiras.

As atualizações monetárias ou variações cambiais de empréstimos são registradas separadamente


no grupo variações monetárias.

b.1) As Despesas Financeiras compreendem:

- descontos concedidos aos clientes pelo pagamento antecipado ou pontual de duplicatas;


- juros de empréstimos, financiamentos, desconto de títulos e outras operações;
- comissões e despesas bancárias cobradas pelos bancos nas operações de desconto, de concessão
de crédito, etc.
- correção monetária prefixada de empréstimos.

b.2) As Variações Monetárias de Obrigações e Créditos compreendem:

- variação cambial incorrida pela atualização periódica de obrigações ou créditos a serem pagos
ou recebidos em moeda estrangeira;
- atualização monetária que registra as atualizações sobre obrigações ou créditos sujeitos à
cláusula de atualização monetária.

b.3) As Receitas Financeiras compreendem:


 descontos obtidos, decorrentes de pagamentos antecipados de duplicatas de fornecedores
ou outros títulos;
 juros recebidos referentes aos juros cobrados pela empresa de seus clientes, por atraso de
pagamento e outras operações similares;
 receitas de aplicações financeiras que englobam as receitas decorrentes de aplicações
financeiras, correspondentes à diferença entre o valor aplicado e o valor resgatado, do
tipo Certificado de Depósito Bancário (CDB), etc.;
 outras receitas de investimentos temporários.

c) Outras receitas e despesas operacionais

Abrange outras receitas e despesas operacionais decorrentes de atividades acessórias do objeto


da empresa, tais como:

a) lucros e prejuízos em participações societárias;


b) vendas de sucatas ou sobras de estoques.

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d) Provisão de p/Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro

Nessas contas devem ser registrados os valores relativos à Contribuição Social Sobre o Lucro e
do Imposto de Renda devido sobre o resultado ajustado de adições e exclusões ao Lucro Real:
- a título de Imposto de Renda sobre o lucro calcular uma alíquota de 15% sobre o resultado e
ajustes, acrescido de um adicional de Imposto de Renda de 10%, quando o lucro tributário
ultrapassar a R$ 240.000,00;
- a título de Contribuição Social, calcular a uma alíquota de 9% sobre o resultado contábil
ajustado.

Revisão nas contas de despesas

Selecionar as contas mais relevantes de despesas e pelo razão contábil (o qual pode ser
visualizada na tela do computador) para analisar alguns documentos que julgar necessário.

Alternativamente, selecionar os documentos de determinado mês para exame quanto a


consistência, verificando também:
 retém INSS das empresas tomadoras de serviço;
 retém o IRRF dos serviços temporários, vigilância, engenharia, contabilidade, auditoria,
etc.;
 retém o IRRF das pessoas físicas;
 retém INSS das pessoas físicas;
 recolhe o INSS patronal sobre pagamentos às pessoas físicas (autônomos);
 consta nas notas fiscais de despesas o nome da empresa, endereço, CNPJ e a descrição
das despesas

Mediante o balancete de verificação, visualizar contas como despesas diversas, multas de


trânsitos, doações, brindes outras contas que deverão ser adicionadas ao IRPJ e à CSSL,
solicitando o razão contábil e documentação para análise.

Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro
líquido, são vedadas as seguintes deduções:

1. de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e


de 13º salário, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem
como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação
especial a elas aplicável.
2. das contraprestações de arrendamento mercantil e do aluguel de bens móveis ou imóveis,
exceto quando relacionados intrinsecamente com a produção ou comercialização dos
bens e serviços;
3. de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos,
taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, exceto se
intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços;
4. das despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores;
5. das contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de
saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituído
em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica;
6. das doações;
7. das despesas com brindes.

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(Base: art. 13 da Lei 9.249/1995)

Outras Despesas indedutíveis

- multas de trânsito;
- pagamentos por mera liberalidade;
- multas de ofício cobradas nas autuações fiscais.

15. DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS

15.1 LUCROS DISTRIBUÍDOS AOS SÓCIOS APÓS O ENCERRAMENTO DO


EXERCÍCIO

O artigo 10 da Lei 9.249/1995 dispõe que os lucros ou dividendos calculados com base nos
resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas
jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à
incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda
do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliada no País ou no exterior.

15.2 LUCROS DISTRIBUÍDOS AOS SÓCIOS ANTES DO ENCERRAMENTO DO


EXERCÍCIO

A pessoa jurídica poderá distribuir lucros antecipadamente aos seus sócios antes do
encerramento do exercício social. Para isto deverá levantar balanços intermediários, semestrais
ou em períodos menores, com previsão contratual (para as sociedades limitadas) ou estatutária
(para as sociedades anônimas), observado o disposto no art. 204 da Lei 6.404/1976.

Assim, entendemos que a pessoa jurídica optante pelo lucro real poderá distribuir lucros aos seus
sócios antes do encerramento do exercício com isenção do Imposto de Renda na Fonte, devendo,
no entanto, levantar balanço intermediário com previsão contratual ou estatutária e desde que
tenha apurado lucro contábil suficiente para a distribuição.

Não cumprindo estas condições, será tributado pelo IR Fonte, mediante aplicação da tabela
progressiva vigente no mês do pagamento.

Resumo: Para a empresa distribuir antecipadamente o lucro, sem tributação pelo imposto de
renda, deverá constar previsão de distribuição antecipada de lucros aos sócios no seu contrato
social – mantendo-se balancetes mensais transcritos no Livro Diário, que comprovem que
realmente foi apurado lucro suficiente para a aludida distribuição.

15.3 A DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS APURADOS NÃO SOFRE A INCIDÊNCIA DO


INSS DE 20%.

Pela redação do Regulamento, referente o inciso II, § 5º do artigo 201, do Decreto 3.048/1999, ,
são tributáveis os valores totais pagos ou creditados aos sócios, ainda que a título de antecipação
de lucro da pessoa jurídica, quando não houver discriminação entre a remuneração decorrente do
trabalho e a proveniente do capital social ou tratar-se de adiantamento de resultado ainda não
apurado por meio de demonstração de resultado do exercício.

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Desta forma, as empresas devem adotar o cuidado de prever, em seus respectivos contratos
sociais, que a sociedade vai apurar a demonstração de resultado do exercício contábil
mensalmente (ou trimestralmente, ou em períodos menores que 12 meses).

Os Balanços/Balancetes Contábeis, com a respectiva demonstração de resultado, devem ser


transcritos no Livro Diário, para comprovar a existência dos lucros distribuídos. Na prática, para
a empresa antecipar o lucro do exercício corrente, o Contador deverá demonstrar que a empresa
obteve o lucro mediante balancete constante no livro Diário, sendo necessário ainda constar no
contrato social previsão de distribuição de lucro mensal ou período menor que 01 ano.

Em resumo:
Para não incidir INSS sobre o lucro distribuído pelas empresas em geral aos respectivos sócios, a
título de lucros do próprio exercício, não integra a remuneração para efeito de contribuição
previdenciária (20%), desde que seja com base na escrituração contábil e que conste no contrato
social cláusula que fixe a apuração e distribuição de lucros em períodos menores que 12 meses,
sendo tais demonstrações (balanço e resultado) transcritas no livro diário.

15.4 DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS OU DIVIDENDOS POR PESSOA JURÍDICA EM


DÉBITO PARA COM A FAZENDA NACIONAL

O art. 17 da Lei 11.051/2004, procedeu a alteração no art. 32 da lei nº 4.357/64, dispõe que as
pessoas jurídicas, enquanto estiverem em débito, não garantido, para com a União e suas
autarquias de Previdência e Assistência Social, por falta de recolhimento de imposto, taxa ou
contribuição, no prazo legal, não poderão:
a) distribuir quaisquer bonificações a seus acionistas; ou
b) dar ou atribuir participação de lucros a seus sócios ou quotista, bem como a seus diretores e
demais membros de órgãos dirigentes, fiscais ou consultivos;

Multa
A inobservância desta regra importa em multa que será imposta:
a) às pessoas jurídicas que distribuírem ou pagarem bonificações ou remunerações, em
montante igual a 50% (cinquenta por cento) das quantias distribuídas ou pagas
indevidamente; e
b) aos diretores e demais membros da administração superior que receberem as
importâncias indevidas, em montante igual a 50% (cinquenta por cento) dessas
importâncias.
De qualquer forma a multa fica limitada, respectivamente, a 50% (cinquenta por cento)
do valor total do débito não garantido da pessoa jurídica.

16.COMPENSAÇÕES AO LUCRO REAL - PREJUÍZOS FISCAIS

16.1 PREJUÍZO FISCAL X PREJUÍZO CONTÁBIL

Quando a legislação refere-se a “prejuízos fiscais”, não se refere ao prejuízo contábil.

Prejuízo Fiscal é aquele apurado no Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR.

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Fechamento de Balanço © - 107

Lucro real é o lucro líquido do período de apuração (apurado contabilmente) ajustado pelas
adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pelo Regulamento (Decreto-lei
1.598/77, art. 6).

Já o prejuízo contábil é o apurado na escrituração comercial.

Nem sempre, portanto, o prejuízo fiscal será igual ao prejuízo contábil.

Exemplo de prejuízo fiscal, apurado a partir do prejuízo contábil:

Descrição Valor R$
1. Prejuízo Contábil apurado na escrituração (100.000,00)
2. Adições ao Lucro Real – Despesas Não Dedutíveis 10.000,00
3. Exclusões ao Lucro Real – Equivalência Patrimonial Credora 50.000,00
4. Prejuízo Fiscal no Período (1 + 2 – 3) (140.000,00)

Compensações

As compensações referem-se a prejuízos fiscais (lucro real negativo) apurados em períodos


anteriores.

Desta forma, quando a pessoa jurídica obtiver lucro real, este poderá ser “abatido” com eventuais
prejuízos fiscais apurados em períodos anteriores.

Entretanto, a compensação de tais prejuízos é limitada a 30% (trinta por cento) do lucro real
antes da compensação.

Exemplo:

Descrição Valor R$
1. Lucro Real em 31.12.20x1, antes da Compensação de Prejuízos 100.000,00
2. Prejuízos Fiscais Compensáveis 80.000,00
3. Prejuízos Fiscais que poderão ser utilizados, para compensação com o Lucro
Real de 31.12.20x1 (1 x 30%) 30.000,00

16.2 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS NÃO OPERACIONAIS

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS NÃO OPERACIONAIS A PARTIR DE 01.01.2015

Os prejuízos decorrentes da alienação de bens e direitos do ativo imobilizado, investimento e


intangível, ainda que reclassificados para o ativo circulante com intenção de venda, poderão ser
compensados, nos períodos de apuração subsequentes ao de sua apuração, somente com lucros
de mesma natureza, observado o limite previsto no art. 15 da Lei 9.065/1995 (30% do lucro).

O disposto não se aplica em relação às perdas decorrentes de baixa de bens ou direitos em


virtude de terem se tornado imprestáveis ou obsoletos ou terem caído em desuso, ainda que
posteriormente venham a ser alienados como sucata.

Saldo de Prejuízos Existentes

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O saldo de prejuízos não operacionais de que trata o art. 31 da Lei 9.065/1995, existente em 31
de dezembro de 2013, para os optantes conforme o art. 75 da Lei 12.973/2014, ou em 31 de
dezembro de 2014, para os não optantes, somente poderá ser compensado com os lucros a que se
refere o art. 43 da Lei 12.973/2014, observado o limite previsto (30% do lucro).

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS OPERACIONAIS ATÉ 31.12.2014

Até 31.12.2014, para efeito de compensação dos prejuízos não operacionais em períodos-base
futuros, a pessoa jurídica que apurar prejuízo fiscal em algum período-base iniciado a partir de
1996, deverá verificar se ele provém, no todo ou em parte, de resultados negativos não
operacionais.

Nota: a partir de 01.01.2015 o dispositivo que restringia esta dedução foi revogado pelo
inciso VI do art. 117 da Lei 12.973/2014, sendo substituído pelas novas regras contidas no art.
43 da respectiva lei.

Considera-se resultado não operacional a diferença, positiva ou negativa, entre o valor pelo qual
o bem ou direito do ativo não circulante (imobilizados e investimentos) houver sido alienado e o
seu valor contábil.

Exemplos de Apuração de Resultado Não Operacional:

Descrição/Valores em R$ Exemplo 1 Exemplo 2


Receita com venda de imobilizado 100.000 70.000
Custo de aquisição do item vendido (110.000) (105.000)
Depreciação acumulada 30.000 30.000
Lucro ou (prejuízo) não operacional 20.000 (5.000)

Nota: Não se considera, para fins de limitação na compensação, as perdas não operacionais
decorrentes de baixa de bens ou direitos do Ativo Não Circulante, em função de terem se tornado
imprestáveis, obsoletos ou em desuso, mesmo que posteriormente venham a ser alienados como
sucata.

Segregação dos Prejuízos

Caso sejam apurados, cumulativamente, resultados não operacionais negativos e prejuízo fiscal,
se procederá à seguinte segregação:

a) se o prejuízo fiscal for maior, todo o resultado não operacional negativo será considerado
prejuízo fiscal não operacional e a parcela excedente será considerada prejuízo fiscal das
atividades operacionais;

b) se todo o resultado não operacional negativo for maior ou igual ao prejuízo fiscal, todo o
prejuízo fiscal será considerado não operacional.

O disposto no inciso IV do caput do artigo 187 da Lei 6.404/1976, com a redação dada pela Lei
11.941/2009, não altera o tratamento dos resultados operacionais e não operacionais para fins de
apuração e compensação de prejuízos fiscais.

Exemplos:

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No quadro abaixo apresentamos as possíveis combinações de resultados operacionais e não


operacionais (valores contábeis), com Lucro real, no objetivo de mostrar a necessidade ou não de
separação do prejuízo fiscal, e a correspondente quantificação deste, na Parte B do LALUR, de
acordo com as instruções das letras “a” e “b” do parágrafo precedente.

Os valores entre parênteses ( ), correspondem a valores negativos:

Descrição/Valores R$ Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3 Hipótese 4 Hipótese 5


Resultado Operacional 100.000 (100.000) (80.000) 400.000 (150.000)
Resultado Não Operacional (50.000) 110.000 10.000 (300.000) (60.000)
Lucro/Prejuízo Real * 80.000 10.000 (20.000) (100.000) (200.000)
Parte B do LALUR:
Prejuízo Não Operacional - - - (100.000) (60.000)
Prejuízo Demais Atividades - - (20.000) - (140.000)

* O Lucro/Prejuízo Real não corresponde, no exemplo, à soma algébrica dos resultados


operacionais e não operacionais. O valor é hipotético, pois omitimos informações sobre as
adições e exclusões.

O prejuízo não operacional assim apurado deverá ser controlado em folha específica na parte B
do LALUR, separado do prejuízo fiscal das demais atividades, e só poderá ser compensado em
período-base subsequente onde for apurado resultado não operacional positivo, até o valor deste.

Contribuição Social sobre o Lucro – não aplicabilidade da segregação de prejuízos


operacionais e não operacionais

Na apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) não se aplica a
segregação dos prejuízos operacionais e não operacionais.

16.3 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS: INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO

A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos
fiscais da sucedida (Decreto-Lei 2.341/87, art. 33).

No caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos,
proporcionalmente à parcela remanescente do patrimônio líquido (Decreto-Lei 2.341/87, art. 33,
parágrafo único).

Nestes casos, em hipótese alguma, a sucessora pode levar para o seu LALUR prejuízos fiscais
apurados na empresa sucedida.

Assim, os prejuízos fiscais que não puderem ser compensados na apuração do lucro real relativo
ao evento, não mais poderão ser aproveitados, exceto no caso de cisão parcial. Nessa forma de
reestruturação de empresas, a pessoa jurídica cindida parcialmente pode continuar a compensar
seus próprios prejuízos, proporcionalmente à parte remanescente do patrimônio líquido.

16.4 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS – TRIBUTAÇÃO PELO LUCRO PRESUMIDO


E RETORNO AO LUCRO REAL

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A pessoa jurídica tributada pelo lucro real, com prejuízo fiscal a compensar, que venha a optar
pelo lucro presumido em período (s) posterior (es), poderá efetuar a compensação desse prejuízo
caso retorne ao lucro real.

16.5 COMPENSAÇÃO CONTÁBIL DE PREJUÍZOS

A absorção na escrituração comercial de prejuízos contábeis apurados mediante débito à conta de


lucros acumulados, de reservas de lucros ou de capital, ao capital social, ou à conta de sócios,
matriz ou titular de empresa individual, não impede a compensação dos prejuízos fiscais (PN
CST nº 4, de 1981).

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17. ADIÇÕES E EXCLUSÕES AO LUCRO REAL

17.1 LIVRO LALUR

Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período de apuração


(Decreto-lei 1.598/77, art. 6, § 2):
 Os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores
deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o Regulamento, não sejam
dedutíveis na determinação do lucro real;
 Os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração
do lucro líquido que, de acordo com o Regulamento, devam ser computados na
determinação do lucro real.

A determinação da base real exige demonstrações financeiras, ajustando-se o lucro líquido


apurado no Demonstrativo de Resultados, após a CSLL e antes do IR, pelas adições, exclusões e
compensações previstas na legislação.

Livro de apuração do Lucro Real - LALUR

Os controles de adições, exclusões e compensações do Lucro Real são efetuados em Livro


próprio para isto, chamado "Livro de Apuração do Lucro Real" (LALUR).

Este Livro contém 2 partes:

17.1.1 PARTE "A" - é a parte onde irão discriminados os ajustes, por data, ao Lucro Real,
como: despesas indedutíveis, valores excluídos, e a respectiva Demonstração do Lucro Real.
Exemplo:
PARTE A - REGISTRO DOS AJUSTES DO LUCRO LÍQUIDO DO Pág. 15
EXERCÍCIO
DATA H I S T Ó R I C O ADIÇÕES EXCLUSÕES
NATUREZA DOS AJUSTES
05.03.XX Multas registradas Livro Diário, fl. 108 6.438,47
31.05.XX Multas registradas Livro Diário, fl. 115 612,39
29.06.XX Multas registradas Livro Diário, fl. 129 510,68
18.09.XX Multas registradas Livro Diário, fl. 137 5.938,92 13.500,46
30.12.XX Dividendos recebidos registrados Livro Diário, fl. 130 1.744,00

TOTAL ADIÇÕES E EXCLUSÕES 1.744,00


13.500,46

31.12.XX DEMONSTRATIVO DO LUCRO REAL


Período de 01.01.2XXX a 31.12.2XXX
RESULTADO DO PERÍODO 15.001,00
ADIÇÕES:
MULTAS
13.500,46

TOTAL DAS ADIÇÕES


13.500,46

EXCLUSÕES:
DIVIDENDOS 1.744,00

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TOTAL DAS EXCLUSÕES 1.744,00

LUCRO REAL ANTES DA COMPENSAÇÃO DE 26.757,46


PREJUÍZOS

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS:

Período base de 2015 (8.027,23)

LUCRO REAL APÓS A COMPENSAÇÃO DE 18.730,23


PREJUÍZOS

31 de Dezembro de 2XXX,

____________________________(assinatura) ______________________ (assinatura)


Paulo Henrique - Sócio Gerente Daniela Teixeira- Contador CRC .............

Nos casos de redução/suspensão mensal do lucro real através de balanços/balancetes, a parte A


do Lalur deve ser preenchida mensalmente. A parte B do Lalur deve ser preenchida apenas no
último mês do ano.

17.1.2. PARTE "B" - incluem-se os valores que afetarão o Lucro Real de períodos-base futuros,
como, por exemplo: Prejuízos a Compensar, Depreciação Acelerada Incentivada, Lucro
Inflacionário Acumulado até 31.12.1995, etc.
Exemplo:
PARTE B - CONTROLE DE VALORES QUE CONSTITUIRÃO AJUSTES DO Pág. 35
LUCRO LÍQUIDO DE EXERCÍCIOS FUTUROS
CONTA: PREJUÍZO FISCAL ANO CALENDÁRIO 2015
DATA HISTÓRICO Para efeitos de Correção Controle de Valores
Monetária
Mês de Valor Co Débito Crédito Valor D/
Ref. a ef. Corrigido C
Corrigi
r
31.12.2X Prejuízo Fiscal n/ano, cfe. 12.15 * * 23.310,20 23.310,20 C
XX Página 05 - Parte A, d/livro
31.12.2X Compensação Prejuízo 12.XX
XX com lucro de 2XXX 8.027,23 15.282,97 C
Nota: os campos com asterisco (*) não são mais preenchidos a partir de 31.12.1995, data da
extinção da correção monetária.

Os valores controlados na parte "B" do Livro de Apuração do Lucro Real, existentes em 31 de


dezembro de 1995, somente serão atualizados monetariamente até essa data, observada a
legislação então vigente, ainda que venham a ser adicionados, excluídos ou compensados em
períodos de apuração posteriores (Lei 9.249/95, art. 6).

A atualização dos valores referidos até 31.12.1995 será efetuada tomando-se por base o valor da
UFIR vigente em 1° de janeiro de 1996 – R$ 0.8287 (Lei 9249/95, art. 6, parágrafo único).

17.2 Adições ao Lucro Real - parte “A” do LALUR

As adições, fundamentalmente, são representadas por despesas contabilizadas e indedutíveis para


a apuração do Lucro Real, como multas indedutíveis, doações, brindes, etc. No mês em que a

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empresa suspender ou reduzir o IRPJ, através de balancetes de suspensão/redução, deverá


preencher a parte “A” do LALUR.

Assim, uma empresa que apurou um lucro contábil de R$ 100.000,00, mas contabilizou despesas
não aceitas como redutoras para fins fiscais de R$ 20.000,00, deverá ajustar o lucro contábil, via
Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), uma vez que este lucro não pode e não deve ser
alterado contabilmente.

Desta forma procede-se a adição ao lucro contábil de R$ 20.000,00, na Parte "A" do LALUR, o
que produz, na prática, um efeito de anulação da despesa contabilizada. Este ajuste mantém o
lucro contábil em R$ 100.000,00, porém, para fins fiscais o aumentará para R$ 120.000,00, valor
equivalente ao que representaria o lucro contábil, caso não tivessem sido contabilizadas as
despesas não dedutíveis.

É de notar que não há, neste caso, nenhuma necessidade de controle a ser efetuado na Parte "B"
do LALUR, pois a despesa é indedutível. O controle na Parte "B" far-se-ia necessário se a
dedutibilidade fosse vinculada a um evento futuro, como por exemplo, de despesas com a
constituição de provisões, que são dedutíveis apenas quando o fato provisionado ocorrer. Nesta
última hipótese, a despesa seria adicionada e anotada na Parte "B" do LALUR, para ser excluída,
quando efetivamente a perda provisionada se materializasse.

Algumas adições ao Lucro Real:

1. Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou


coligadas, referente ao ano-calendário em que tiverem sido disponibilizados para a
pessoa jurídica domiciliada no Brasil (Art. 1, Lei 9.532/97).
2. Os pagamentos efetuados à sociedade civil quando esta for controlada, direta ou
indiretamente, por pessoas físicas que sejam diretores, gerentes, controladores da pessoa
jurídica que pagar ou creditar os rendimentos, (Decreto-lei 2.397/87, art. 4).
3. Encargos de depreciação, apropriados contabilmente, correspondentes ao bem já
integralmente depreciado em virtude de gozo de incentivos fiscais previstos no
Regulamento do Imposto de Renda; Exemplo: Parcela da depreciação acelerada
incentivada.
4. Perdas incorridas em operações iniciadas e encerradas no mesmo dia (day-trade),
realizadas em mercado de renda fixa ou variável (Lei 8.981/95, art. 76, § 3°).
5. Despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores, ressalvado a hipótese
em que são considerados salários indiretos (Lei 9.249/95, art. 13, inciso IV).
6. Contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de
saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos
em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica (Lei 9.249/95, art. 13, inciso V).
7. Doações, exceto as expressamente admissíveis como dedutíveis (Lei 9.249/95, art. 13,
inciso VI).
8. Despesas com brindes (Lei 9 249/95, art. 13, inciso VII).
9. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (a partir de 1997), registrado como custo ou
despesa operacional (Lei 9.316/96, art. 1 e parágrafo único).
10. Perdas apuradas nas operações realizadas nos mercados de renda variável e de swap, que
excederem os ganhos auferidos nas mesmas operações (Lei 8.981/95, art. 76, § 4°).
11. Provisões, exceto a provisão de férias, 13º salário e as provisões técnicas obrigatórias das
companhias de seguro e de capitalização e a perda no recebimento de créditos que
estiverem em conformidade com os artigos 9º a 12 da Lei 9.430/96.

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12. A parcela realizada da reserva de reavaliação, quando computada no resultado do


exercício e ainda não tributada. Exemplo: a empresa faz a reavaliação de uma construção
e todo o mês contabiliza como despesa a depreciação sobre o valor reavaliado; assim, a
depreciação sobre a reavaliação do imóvel deve ser adicionada ao lucro.
13. As participações nos lucros atribuídas a administradores e partes beneficiárias de sua
emissão.
14. Saldos do lucro inflacionário acumulado, realizado no período-base.
15. Perda apurada na alienação ou baixa de investimento adquirido mediante dedução do
IRPJ (exemplo: quotas do Finor, Finam).
16. Resultado negativo da equivalência patrimonial no capital social de coligada ou
controlada.
17. Prejuízos de alienação de ações, títulos ou quotas de capital, com deságio superior a 10%
(dez por cento) dos respectivos valores de aquisição, salvo se a venda houver sido
realizada em bolsa de valores ou decorrer de participações permanentes.
18. Multas por infração a norma legal, tais como multas de trânsito, multas de ofício
(aplicadas na autuação pelo fiscal, não confundir com a multa de mora pelo pagamento
em atraso do tributo, a qual é plenamente dedutível), outras multas pelo não cumprimento
da lei.
19. Tributos com exigibilidade suspensa (§1º do art.41 da Lei nº 8.981/95). Devem ser
adicionados para fins do Lucro Real os tributos contabilizados em contas de resultado do
período e que foram suspensos por processo administrativo ou judicial de defesa, com o
sem depósito judicial. A lei 8981/95 dispõe as seguintes situações de exigibilidade
suspensa do crédito tributário que devem ser adicionadas ao Lucro Real (Art. 151.-
incisos I a IV do CTN); I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as
reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
20. Observar que o Imposto de Renda Pessoa Jurídica é indedutível para a própria base de
cálculo.
21. Depreciação de carros de luxo, barcos, apartamentos e outros bens utilizados pela
Diretoria da empresa e que não estejam ligados intrinsecamente com a atividade da
empresa (inciso III art. 13. 9.249/96).
22. Na venda de bens do ativo permanente que foram reavaliados, deve ser adicionado ao
Lucro Real o valor da reserva de reavaliação constante no Patrimônio Líquido (sendo
capitalizada ou não referente ao bem).
23. Perda no recebimento de créditos que NÃO estiverem em conformidade com os artigos
9º a 12 da Lei 9.430/1996.
24. Valores controlados na parte B de Lalur que anteriormente foram excluídos por previsão
legal e que deverão ser adicionados ao lucro real em função da sua realização. Exemplo:
Receitas auferidas de órgãos públicos superior a 12 meses que foram anteriormente
excluídas e devem ser adicionados por ocasião do recebimento. Para isso, é importante
que, antes de concluir as adições ao lucro real, verificar se no Lalur de anos anteriores
consta valores que devem ser adicionados no exercício.

17.3 Exclusões ao Lucro Real – parte “A” do LALUR

Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de apuração
(Decreto-Lei 1.598/77, art. 6, § 3º):
 Os valores cuja dedução seja autorizada pelo Regulamento e que não tenham sido
computados na apuração do lucro líquido do período de apuração;

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 Os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do


lucro líquido que, de acordo com o Regulamento, não sejam computados no lucro real;
 O prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitado a 30% (trinta por
cento) do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas no Regulamento,
desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação
fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação (Lei 9.065/1995,
art. 15 e parágrafo único).

Adiante uma lista dos principais valores a serem excluídos, desde que atendido as
particularidades da legislação que regem cada assunto:

1. Parcela de lucro de empreitada ou fornecimento contratado com pessoa jurídica de direito


público, proporcional ao valor da receita não recebida, para contratos superiores a 12 meses.
2. Ganho de capital auferido na venda de bens do Ativo Permanente para recebimento do preço
após o término do ano-calendário subsequente ao da contratação.
3. Lucros e dividendos recebidos de participações societárias.
4. Resultado positivo da avaliação pela equivalência patrimonial.
5. Variações Cambiais Ativas (MP 2158-35, art. 30).
6. Variações Cambiais Passivas – Operações Liquidadas (MP 2158-35, art. 30).
7. Amortização do deságio obtido na aquisição de participações societárias avaliadas pela
equivalência patrimonial, enquanto não baixado o investimento.
8. Encargos financeiros auferidos após 2 meses do vencimento, relativos a créditos vencidos e
não recebidos.
9. Parcelas das perdas apuradas nos mercados de renda variável que excederam os ganhos
auferidos nas mesmas operações, adicionadas ao lucro líquido em período-base anterior, até
o limite dos ganhos e perdas de operações da espécie computados no período-base.
10. Resultados positivos auferidos pelas sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na
legislação específica.
11. Reversão de Provisões não dedutíveis, adicionadas ao lucro líquido em período base anterior
que tenham sido revertidas a credito do resultado do exercício ou utilizadas para débito de
despesas dedutíveis. Exemplo: Em 31/12/20x4, a empresa provisiona um valor indedutível
no Passivo e adiciona ao lucro real, porém no ano seguinte (20x5) estorna a referida
provisão, contabilizando um resultado positivo que gerará IRPJ e CSSL se não for excluído
via Lalur.
12. Depreciação acelerada incentivada.
13. Amortização de ágio na aquisição de investimentos relevantes sujeitos á avaliação pela
equivalência patrimonial e baixados no período-base.
14. Aplicações na aquisição de Certificados de Investimentos em projetos de produção de obras
audiovisuais cinematográficas brasileiras.
15. Propaganda Eleitoral Gratuita, exclusão para emissoras de rádio e televisão que transmitem
programa eleitoral gratuito.
16. Despesas operacionais relativas aos dispêndios realizados com pesquisa tecnológica e
desenvolvimento de inovação tecnológica de produtos. Base: art. 39 da Lei 10.637/2002 e
art.16 e 17 da Lei 11.196/2005. Considera-se inovação tecnológica a concepção de novo
produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou
características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e no efetivo
ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado.

Para o controle das despesas consideradas indedutíveis, podem ser criadas contas contábeis
específicas, exemplo: multas de trânsito, provisões indedutíveis, etc.

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Esse procedimento facilitará o trabalho das adições e exclusões no final do exercício, até porque
se as despesas não estiverem agrupadas por contas é necessário individualizar e identificá-las no
Lalur, ao invés de apenas citar o nome contábil e o código da conta.

18. ADIÇÕES E EXCLUSÕES À BASE DE CÁLCULO DA CSLL

18.1 ADIÇÕES à apuração da Contribuição Social Sobre o Lucro

Na determinação do resultado ajustado, serão adicionados ao lucro líquido do período de


apuração antes da provisão para o IRPJ, entre outros:

1. Os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores


deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação da CSLL, não
sejam dedutíveis na determinação do resultado ajustado;
2. Os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração
do lucro líquido que, de acordo com essa mesma legislação, devam ser computados na
determinação do resultado ajustado;
3. O resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido;
4. O valor da contrapartida da reavaliação de quaisquer bens, no montante do aumento do
valor dos bens reavaliados que tenha sido efetivamente realizado no período, se não
computado em conta de resultado contábil;
5. O valor de qualquer provisão, exceto as provisões:
a. de férias e 13º salário dos funcionários,
b. técnicas das companhias de seguro e capitalização, entidades de previdência
privada complementar a planos de assistência à saúde;
c. para perda de estoque de livros – art. 8º da Lei 10.753/2003;
6. O valor das seguintes despesas:
a. das contraprestações de arrendamento mercantil e do aluguel de bens móveis ou
imóveis, exceto quando relacionados intrinsecamente com a produção ou
comercialização dos bens e serviços;
b. de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação,
impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis,
exceto se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos
bens e serviços;
7. Os ajustes decorrentes da aplicação de métodos de preços de transferência;
8. A parcela dos lucros, anteriormente excluídos, de contratos de construção por empreitada
ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços, celebrados com pessoa
jurídica de direito público ou empresa sob o seu controle, empresa pública, sociedade de
economia mista ou sua subsidiária, no período de apuração em que a receita for recebida,
ou quando houver o resgate ou alienação sob qualquer forma de títulos públicos ou
Certificados de Securitização, emitidos especificamente para quitação desses créditos,
observado o disposto em normas específicas;
9. Os prejuízos e perdas incorridos no exterior e computados no resultado;
10. Os lucros disponibilizados no exterior e os rendimentos e ganhos de capital auferidos no
exterior, observado o seguinte:
a. Os lucros disponibilizados no exterior e os rendimentos e ganhos de capital
auferidos no exterior, excluídos dos resultados dos três primeiros trimestres, serão
adicionados ao lucro contábil para fins de apuração do resultado ajustado do
último trimestre do ano-calendário;

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11. O valor dos lucros distribuídos disfarçadamente, de que tratam os arts. 60 a 62 do


Decreto-lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, com as alterações do art. 20 do
Decreto-lei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983, observadas as mesmas normas relativas
ao IRPJ;
12. As despesas com brindes;
13. O ganho de capital relativo à diferença entre o valor de mercado dos bens ou direitos e o
valor contábil da participação extinta, em razão da devolução da participação no capital
social;
14. O valor relativo às doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, de que
trata o art. 260 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, com as alterações introduzidas
pelo art. 10 da Lei nº 8.242, de 12 de outubro de 1991;
15. O valor relativo às doações e patrocínios a projetos culturais, previstos no art. 18 da Lei
nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991, com as alterações introduzidas pelo art. 1º da Lei
nº 9.874, de 23 de novembro de 1999 e pelo art. 53 da Medida Provisória nº 2.228-1, de
06 de setembro de 2001;
16. O valor dos juros sobre o capital próprio, pago ou creditado, que exceder o limite
estipulado pela legislação do Imposto de Renda, para sua dedutibilidade;
17. O valor das variações monetárias passivas das obrigações e direitos de crédito, em função
das taxas de câmbio, relativas a operações não liquidadas no período, salvo na hipótese
de opção pelo regime de competência;
18. O valor das variações monetárias ativas das obrigações e direitos de crédito, em função
das taxas de câmbio, que foram excluídas anteriormente em função do regime caixa,
quando da correspondente liquidação da operação.
19. Tributos e contribuições indedutíveis para fins de apuração da CSLL
1. Os tributos e contribuições cuja exigibilidade estejam suspensas em virtude de:
- depósito, ainda que judicial, do montante integral do crédito tributário;
- impugnação, reclamação ou recurso, nos termos das leis reguladoras do processo
tributário administrativo;
- concessão de medida liminar em mandado de segurança;
- concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de ação
judicial.
2. Na determinação do resultado ajustado, a pessoa jurídica não poderá deduzir, como
custo ou despesa, o imposto sobre a renda de que for sujeito passivo como
contribuinte ou como responsável. Ou seja, o Imposto de Renda da empresa é
indedutível.
3. O valor da CSLL não poderá ser deduzido na determinação de sua própria base de
cálculo.
4. Não são dedutíveis, como custo ou despesas operacionais, as multas por infrações
fiscais (aplicadas na autuação pelo fiscal, não confundir com a multa de mora pelo
pagamento em atraso do tributo, a qual é plenamente dedutível), salvo as de natureza
compensatória e as impostas por descumprimento de obrigações tributárias
meramente acessórias de que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de
tributo.
5. As multas impostas por transgressões de leis de natureza não tributária são
indedutíveis como custo ou despesas operacionais.

Também é vedada a dedução de despesas com a alimentação de sócios, acionistas e


administradores, conforme artigo 13, inciso IV, da Lei 9.249/1996.

18.2 EXCLUSÕES à Base de Cálculo da CSLL

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Na determinação do resultado ajustado, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de


apuração:

1 - os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação da CSLL e que não tenham sido
deduzidos na apuração do lucro líquido.

Como exemplo de tais exclusões: a depreciação incentivada na atividade rural.

2 - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro


líquido que, de acordo com essa mesma legislação, não devam ser computados na determinação
do resultado ajustado.

Como exemplo de tais exclusões:


a - o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido;
b - os lucros e dividendos derivados de investimentos no Brasil avaliados pelo custo de
aquisição;
c - o valor da reversão das provisões indedutíveis, anteriormente adicionados na base de
cálculo da CSLL;
d - a parcela dos lucros de contratos de construção por empreitada ou de fornecimento, a
preço predeterminado, de bens ou serviços, celebrados com pessoa jurídica de direito
público ou empresa sob o seu controle, empresa pública, sociedade de economia mista ou
sua subsidiária, computada no lucro líquido, proporcional à receita dessas operações
considerada nesse resultado e não recebida até a data do balanço de encerramento do
período de apuração, inclusive quando quitados mediante recebimento de títulos públicos
ou Certificados de Securitização, emitidos especificamente para essa finalidade,
observado o disposto em normas específicas;
e - o valor das variações monetárias ativas das obrigações e direitos de crédito, em função
das taxas de câmbio, não liquidadas no período, salvo na hipótese de opção pelo regime
de competência;
f - o valor das variações monetárias passivas das obrigações e direitos de crédito, em
função das taxas de câmbio, que foram adicionadas à CSLL, quando da correspondente
liquidação da operação.

Sinteticamente, as mesmas regras aplicadas às adições e exclusões ao Imposto de Renda são


aplicadas à CSLL, com poucas exceções, as quais estão previstas em lei – estando listadas nos
anexos I e II da Instrução Normativa RFB 1.700/2017.

19. LIVROS OBRIGATÓRIOS PARA FINS DO LUCRO REAL

19.1 LIVROS OBRIGATÓRIOS

1. Livro Diário

Admite-se a escrituração resumida no Diário, por totais que não excedam ao período de um mês,
desde que utilizados livros auxiliares para registro individuado e conservados os documentos que
permitam sua perfeita verificação.

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Deverão conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetidos à autenticação no órgão


competente do Registro do Comércio, e, quando se tratar de sociedade civil, no Registro Civil de
Pessoas Jurídicas ou no Cartório de Registro de Títulos e Documentos.

A partir de 26.02.2016, por força do Decreto 8.683/2016, a autenticação prevista no


SPED dispensa a autenticação do livro diário e demais livros contábeis na Junta Comercial do
Estado.

A autenticação dos livros contábeis digitais será comprovada pelo recibo de entrega emitido
pelo SPED.

2. Livro Razão

 A escrituração deverá ser individualizada, obedecendo à ordem cronológica das


operações.
 A não manutenção do livro de que trata este artigo, nas condições determinadas,
implicará o arbitramento do lucro da pessoa jurídica.
 Estão dispensados de registro ou autenticação o Livro Razão.

3. Livro de Apuração do Lucro Real

No LALUR, a pessoa jurídica deverá:


 Lançar os ajustes do lucro líquido do período de apuração;
 Transcrever a demonstração do lucro real;
 Manter os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos de apuração
subsequentes, do lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada incentivada, da
exaustão mineral, com base na receita bruta, bem como dos demais valores que devam
influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração futuros e não constem
da escrituração comercial;
 Manter os registros de controle dos valores excedentes a serem utilizados no cálculo das
deduções nos períodos de apuração subsequentes, dos dispêndios com programa de
alimentação ao trabalhador, vale-transporte e outros previstos nas normas respectivas.

4. Outros Livros Fiscais

A pessoa jurídica, além dos livros de contabilidade previstos em leis e regulamentos, deverá
possuir os seguintes livros:
 Livro Registro de Inventário, registrado na Junta Comercial ou substituí-lo por outro
meio de controle previsto na legislação estadual.
 Livro registro de entradas (compras), registrado na Junta Comercial ou substituí-lo por
outro meio de controle previsto na legislação estadual.
 Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR, não é necessário o registro deste livro
(acima comentado).
 Livro registro permanente de estoque, para as pessoas jurídicas que exercerem
atividades de compra, venda, incorporação e construção de imóveis, loteamento ou
desmembramento de terrenos para venda;
 Livro Movimentação de Combustíveis, a ser escriturado diariamente pelo posto
revendedor.

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19.2 Sistema Escritural Eletrônico

As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar
negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de
natureza contábil ou fiscal ficam obrigadas a manter à disposição da Secretaria da Receita
Federal do Brasil do Ministério da Fazenda os arquivos digitais e os sistemas, pelo prazo
decadencial previsto.

19.3 Hipóteses de Arbitramento do Lucro por falta de Escrituração Contábil

O contribuinte que optar pelo lucro Real deverá manter escriturado o Livro Diário com as
respectivas demonstrações financeiras, Livro Razão, Livro de Inventário, Livro de Apuração do
Lucro Real – Lalur, arquivos e documentos da Contabilidade dos últimos 05 anos, senão poderá
ter seu lucro arbitrado.

Multas de lançamento de ofício sobre o arbitramento

Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a
totalidade ou diferença de imposto (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44):

 75% nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após


o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos
de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;
 150%, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos artigos. 71, 72 e 73 da Lei nº
4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais
cabíveis.

19.4 Livros Fiscais obrigatórios em função da Legislação do ISS, ICMS e IPI

a) ICMS e IPI

Livro Modelo Usuário

Entradas 1 Contribuinte do IPI e do ICMS


Entradas 1-A Contribuinte do ICMS
Saídas 2 Contribuinte do IPI e do ICMS
Saída 2-A Contribuinte do ICMS
Controle de Produção e estoque 3 Estabelecimentos industriais
Selo especial de controle 4 Produtores – cigarro, bebidas, relógio dentre
outros
Impressão de Documentos 5 Estabelecimentos que confeccionam
Fiscais documentos fiscais para terceiros e uso
próprio
Utilização de documentos e 6 Estabelecimentos comerciais e industriais
Termo de ocorrência
Inventário 7 Estabelecimentos comerciais e industriais
Apuração do IPI 8 Estabelecimentos industriais e equiparados
Apuração do ICMS 9 Estabelecimentos industriais e comerciais
Controle de crédito do ICMS do Estabelecimentos industriais e comerciais
Ativo Permanente – CIAP

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Verificar as adequações e obrigatoriedade da utilização da EFD – Escrituração Fiscal Digital.

b) ISS

- Livro de Registro de notas fiscais de serviços prestados


- Livro de Registro de notas fiscais-faturas de serviços prestados
- Livro de Registro de Movimento diário de ingressos em diversões públicas
- Livro de Registro de recebimento de impressos fiscais e termos de ocorrências
- Livro de Registro de documentos fiscais

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19A – OBRIGATORIEDADE DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL DIGITAL

São obrigadas à entrega da ECD todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas.

As hipóteses de dispensa de entrega estão previstas no art. 3º da IN RFB 2.003/2021, dentre as


quais:

- empresas optantes pelo Simples Nacional (com exceções);


- pessoas jurídicas imunes e isentas que auferiram, no ano-calendário, receitas, doações,
incentivos, subvenções, contribuições, auxílios, convênios e ingressos assemelhados cuja soma
seja inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) ou ao valor proporcional
ao período a que se refere a escrituração contábil;
- pessoas jurídicas inativas, assim consideradas aquelas que não tenham efetuado qualquer
atividade operacional, não operacional, patrimonial ou financeira, inclusive aplicação no
mercado financeiro ou de capitais, durante todo o ano-calendário, as quais devem cumprir as
obrigações acessórias previstas na legislação específica.

Prazo de Entrega

A partir de 2016, a ECD será transmitida anualmente ao Sped até o último dia útil do mês de
maio do ano seguinte ao ano-calendário a que se refira a escrituração (anteriormente, o prazo era
junho).

Nos casos de extinção, cisão parcial, cisão total, fusão ou incorporação, a ECD deverá ser
entregue pelas pessoas jurídicas extintas, cindidas, fusionadas, incorporadas e incorporadoras até
o último dia útil do mês subsequente ao do evento.

Nos casos de extinção, cisão parcial, cisão total, fusão ou incorporação, ocorridos de janeiro a
abril, o prazo de entrega será até o último dia útil do mês de maio do ano de ocorrência.

Notas:

- o prazo para transmissão da ECD, referente ao ano-calendário de 2020, foi prorrogado,


em caráter excepcional, até o último dia útil do mês de julho de 2021, inclusive nos casos
de extinção, incorporação, fusão e cisão total ou parcial da pessoa jurídica, pela Instrução
Normativa RFB 2.023/2021.

- o prazo para transmissão da ECD, referente ao ano-calendário de 2019, foi prorrogado,


em caráter excepcional, até o último dia útil do mês de julho de 2020, inclusive nos casos
de extinção, incorporação, fusão e cisão total ou parcial da pessoa jurídica, pela Instrução
Normativa RFB 1.950/2020.

A obrigatoriedade de entrega da ECD não se aplica à incorporadora, nos casos em que as pessoas
jurídicas, incorporadora e incorporada, estejam sob o mesmo controle societário desde o ano-
calendário anterior ao do evento.

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20. OMISSÃO DE RECEITA

20.1 Saldo credor de caixa, falta de escrituração de pagamento, manutenção no passivo de


obrigações pagas e falta de comprovação do passivo

Caracteriza-se como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da


improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses:

 A indicação na escrituração de saldo credor de caixa;


 A falta de escrituração de pagamentos efetuados;
 A manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja
comprovada.

O saldo credor de caixa (caixa negativo) é indício lógico de falta de escrituração de receitas.

A falta do registro de custos, despesas, pagamentos pela aquisição de bens permanentes ou de


direitos de qualquer natureza, admite a presunção de omissão de receitas, pois a ausência do
registro faz pressupor que este foi efetuado com dinheiro á margem da contabilidade.

O chamado "passivo fictício" tem seu fundamento na seguinte lógica: pagam-se, por exemplo,
duplicatas a fornecedores com dinheiro do "caixa dois". Como não há saldo de caixa (contábil)
suficiente, não se procede a baixa porque ocorreria o “estouro do caixa” contábil (saldo credor de
caixa). Desta forma, mantém-se o passivo pendente de registro, embora pago, baixando-o
quando o caixa contábil apresenta condições.

A forma de identificar o passivo fictício mais comumente encontrado nas empresas é comparar o
saldo da conta fornecedores, existente na data do balanço, com as duplicatas representativas
deste saldo. Pela análise da data da quitação verifica-se a ocorrência ou não de passivo fictício,
ou seja, as duplicatas quitadas antes do balanço, ainda pendentes contabilmente, representam
passivo fictício.

20.2 Suprimentos de Caixa

Provada a omissão de receita, por indícios na escrituração do contribuinte ou qualquer outro


elemento de prova, a autoridade tributária poderá arbitrá-la com base no valor dos recursos de
caixa fornecidos à empresa por administradores, sócios da sociedade não anônima, titular da
empresa individual, ou pelo acionista controlador da companhia, se a efetividade da entrega e a
origem dos recursos não forem comprovadamente demonstradas (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977,
art. 12, § 3º, e Decreto-Lei nº 1.648, de 18 de dezembro de 1978, art. 1º, inciso II).

A presunção de omissão de receita, neste caso, tem seu fundamento na ideia de que o “caixa
dois”, suprido por receita omitida da contabilidade, vem abastecer o caixa contábil, quando este
necessita de recursos. Assim, simula-se um suprimento do caixa, cuja origem estaria na pessoa
do sócio.

Quando algum sócio assim proceder, é importante que estes recursos sejam perfeitamente
identificáveis, especialmente quanto à origem. Recomenda-se repassar o dinheiro emprestado
para a empresa por cheque ou transferência eletrônica de fundos. Assim, fica inquestionável a
origem e a efetividade do suprimento de caixa, via operação bancária.

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20.3 Falta de Emissão de Nota Fiscal

Caracteriza omissão de receita ou de rendimentos, inclusive ganhos de capital, a falta de emissão


de nota fiscal, recibo ou documento equivalente, no momento da efetivação das operações de
venda de mercadorias, prestação de serviços, operações de alienação de bens móveis, locação de
bens móveis e imóveis ou quaisquer outras transações realizadas com bens ou serviços, bem
como a sua emissão com valor inferior ao da operação.

Pode-se identificar a falta de emissão de documentos fiscais através do seguinte procedimento:


contagem dos valores disponíveis no caixa, em moeda, cheques ou depósitos efetuados no dia;
na sequência compara-se tais valores com as Notas Fiscais ou documentos equivalentes emitidos
no dia, identificando, assim a falta de emissão destes. Evidentemente, devem ser considerados os
saldos de caixa de dias anteriores. Outra forma de comprovar é mediante o exame de duplicatas
cobradas, em carteira ou em cobrança bancária sem respaldo equivalente em notas fiscais.

20.4 Arbitramento da Receita por Indícios de Omissão

Verificada por indícios a omissão de receita, a autoridade tributária poderá, para efeito de
determinação da base de cálculo sujeita à incidência do imposto, arbitrar a receita do
contribuinte, tomando por base as receitas, apuradas em procedimento fiscal, correspondentes ao
movimento diário das vendas, da prestação de serviços e de quaisquer outras operações.

É facultado à autoridade tributária utilizar, para efeito de arbitramento, outros métodos de


determinação da receita quando constatado qualquer artifício utilizado pelo contribuinte visando
a frustrar a apuração da receita efetiva do seu estabelecimento.

Entende este autor que as disposições são muito frágeis para sustentar um lançamento em razão
da grande quantidade de fatores que podem deturpar a amostragem colhida no curto espaço de
tempo previsto no parágrafo 1° do art. 284. Por exemplo, se a amostragem for utilizada no
comércio, às vésperas do Natal, dia das mães, etc. em que o movimento comercial é
significativamente maior do que nos demais dias.

20.5 Levantamento Quantitativo por Espécie

A omissão de receita poderá, também, ser determinada a partir de levantamento por espécie de
quantidade de matérias-primas e produtos intermediários utilizados no processo produtivo da
pessoa jurídica.

A diferença de controle quantitativo ocorre quando o controle de estoques (se houver) acusar
diferenças. Por exemplo: comprou-se 100 unidades da mercadoria Y, vendeu-se 40, mas no
estoque estão apenas 10. A diferença tributável é de 100 - 40 - 10 = 50.

Mas é importante frisar que, nos estabelecimentos industriais, sempre há alguma perda de
material ou refugo, que poderá distorcer esta análise (vide artigo 291 deste Regulamento).

20.6 Depósitos Bancários

Caracterizam-se também como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou


de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa

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jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem
dos recursos utilizados nessas operações.

Nota: a situação mais comum é a existência de contas bancárias não contabilizadas, em nome da
pessoa jurídica. Como não estão registrados, os valores de depósitos ou créditos nas respectivas
contas dificilmente podem ter sua origem comprovada. Daí a presunção de omissão de receita.

20.7 Tratamento Tributário

Verificada a omissão de receita, a autoridade determinará o valor do imposto e do adicional a


serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica
no período de apuração a que corresponder a omissão.

21. PAT – PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR

Limite em função do Imposto devido

A dedução direta no imposto, relativa ao incentivo ao PAT, fica limitada a 4% (quatro por
cento), do Imposto de Renda (sem a inclusão do adicional).

Exemplo:

Valor do IRPJ (sem adicional*) devido: R$ 120.000,00


Limite de dedução do PAT: 4% de R$ 120.000,00 = R$ 4.800,00
*O cálculo deve ser feito sem considerar o adicional do imposto de renda de 10%

Além disso, a dedução fica limitada a 4% do imposto devido (também sem a inclusão do
adicional), se for pleiteada em conjunto com o incentivo relativo a Programas de
Desenvolvimento Tecnológico Industrial/Agropecuário (PDTI/PDTA).

A participação do trabalhador no PAT é limitada a 20% (vinte por cento) do custo direto da
refeição.

Nota: o Ato Declaratório PGFN nº 13, de 01 de dezembro de 2008, e o Parecer PGFN/CRJ


nº 2623, de 13 de novembro de 2008, aprovado por Despacho do Ministério da Fazenda
publicado no D.O.U. de 8 de dezembro de 2008, reconheceram a ilegalidade dos dispositivos que
fixaram os valores máximos para refeições oferecidas no âmbito do PAT, para fins de benefício
fiscal.

22. DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA - CRÉDITO DA CSLL, PIS E


COFINS

A Lei 11.051/2004 criou o desconto de crédito na apuração da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido - CSLL e da Contribuição para o PIS e COFINS não-cumulativas.

Os referidos benefícios aplicam-se tão somente às pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
real.

a) Desconto na CSLL

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As pessoas jurídicas, tributadas com base no lucro real, poderão utilizar crédito relativo à
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, à razão de 25% por cento sobre a
depreciação contábil de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados
em ato do Poder Executivo, adquiridos entre 1o de outubro de 2004 e 31 de dezembro de 2010
(data fixada pelo art. 10 da Lei 11.774/2008), destinados ao ativo imobilizado e empregados em
processo industrial do adquirente.

Os bens alvo do referido incentivo são aqueles relacionados nos Decretos 4.955/2004, e
5.173/2004, conforme Decreto 5.222/2004.

O crédito será deduzido do valor da CSLL apurada, no regime trimestral ou anual.

Exemplo:
Depreciação de máquinas – valor contabilizado R$ 1.000,00
Crédito da CSLL = R$ 1.000,00 x 25% = R$ 250,00
CSLL apurada: R$ 2.000,00
CSLL a recolher: R$ 2.000,00 – R$ 250,00 = R$ 1.750,00

1. Limite
A utilização do crédito está limitada ao saldo da CSLL a pagar não gerando a parcela excedente,
em qualquer hipótese, direito à restituição, compensação, ressarcimento ou aproveitamento em
períodos de apuração posteriores.
Exemplo:
a) Crédito da CSLL R$ 500,00
b) CSLL apurada no mesmo período do crédito da CSLL acima: R$ 300,00
Neste exemplo, o crédito da CSLL será de R$ 300,00, pois é o menor valor entre o crédito (a) e a
CSLL apurada (b).

2. Estimativa mensal
Será admitida a utilização do crédito no pagamento mensal por estimativa.
O crédito a ser efetivamente utilizado está limitado à CSLL apurada no encerramento do período
de apuração.

3. Vedação
É vedada a utilização do crédito da CSLL, tanto na apuração anual ou trimestral quanto no
pagamento por estimativa, na hipótese de a pessoa jurídica não compensar base de cálculo
negativa de períodos anteriores existente ou o fizer em valor inferior ao admitido na legislação.

4. Período de vigência do crédito


As pessoas jurídicas poderão se beneficiar do crédito a partir do mês em que o bem entrar em
operação até o final do quarto ano-calendário subsequente àquele a que se referir o mencionado
mês.

5. Reversão
A partir do ano-calendário subsequente ao término do período de gozo do benefício, deverá ser
adicionado à CSLL devida o valor utilizado a título de crédito em função dos anos-calendário de
gozo do benefício e do regime de apuração da CSLL.

A parcela a ser adicionada será devida pelo seu valor integral, ainda que a pessoa jurídica apure,
no período, base de cálculo negativa da CSLL.

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Exemplo 1:
Dedução de créditos da CSLL de 2004 a 2008, relativo a máquina incentivada: R$ 25.000,00.
Número de anos de gozo do benefício: 5 (considerando-se que houve fruição do desconto em
todos os anos)
Valor da reversão: R$ 25.000,00 : 5 = R$ 5.000,00/ano.
Por ocasião da apuração da CSLL devida no primeiro período do ano de 2009, apurou-se CSLL
devida de R$ 1.000,00.
Então, a CSLL a pagar será de:
R$ 5.000,00 (adição da CSLL no período) mais R$ 1.000,00 (CSLL devida no período de
apuração) = R$ 6.000,00.

Exemplo 2:
Dedução de créditos da CSLL de 2004 a 2008, relativo a máquina incentivada: R$ 10.000,00
Número de anos de gozo do benefício: 5 (considerando-se que houve fruição do desconto em
todos os anos)
Valor da reversão: R$ 10.000,00 : 5 = R$ 2.000,00/ano.
Por ocasião da apuração da CSLL devida no primeiro período do ano de 2009, apurou-se base de
cálculo negativa da CSLL.
Então, a CSLL a pagar será de:
R$ 2.000,00 (adição da CSLL no período) mais R$ 0 - zero (CSLL devida no período de
apuração, por existência de base de cálculo negativa) = R$ 2.000,00.

g) Mudança de regime de tributação


A pessoa jurídica que deixar de ser tributada com base no lucro real deverá adicionar os créditos
da CSLL, aproveitados anteriormente, à CSLL devida relativa ao primeiro período de apuração
do novo regime de tributação adotado.
Na hipótese de a pessoa jurídica vir a optar pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES), o crédito,
aproveitado anteriormente, deverá ser recolhido em separado, em quota única, até o último dia
útil de janeiro do ano-calendário a que corresponderem os efeitos dessa opção.

b) Desconto no PIS e COFINS não cumulativos


As pessoas jurídicas que adquirirem bens incentivados poderão utilizar desconto, pelo prazo de 2
anos, no PIS e COFINS, apurados de forma não cumulativa (Leis 10.637/2002 e 10.833/2003).
Os créditos serão apurados mediante a aplicação, a cada mês, das alíquotas do PIS e COFINS,
sobre o valor correspondente a um 1/24 (um vinte e quatro avos) do custo de aquisição do bem.
O disposto aplica-se às aquisições efetuadas após 1o de outubro de 2004.

Exemplo:
Custo de aquisição do bem incentivado, adquirido em 04.10.2004: R$ 100.000,00
Cálculo da parcela mensal:
Para o PIS: R$ 100.000,00 x 1/24 x 1,65% = R$ 68,75
Para a COFINS: R$ 100.000,00 x 1/24 x 7,6% = R$ 316,67.

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PARTE II – LUCRO PRESUMIDO

LUCRO PRESUMIDO

23. ASPECTOS GERAIS LUCRO PRESUMIDO

23.1 Momento de opção pelo regime de tributação

A opção pelo Lucro Real Anual, Lucro Real Trimestral ou Lucro Presumido será manifestado
pelo pagamento da 1ª quota de qualquer um dos regimes, mediante DARF, sendo que a
legislação não permite mudar a forma de tributação durante o ano-calendário (art.13, Lei
9.718/98).

Por isso, é de extrema importância fazer uma análise detalhada de qual é a melhor forma de
tributação, antes do pagamento da 1ª quota do Imposto, pois se a empresa optou pelo Lucro Real
(anual ou trimestral) não poderá modificar no ano-calendário para o Lucro Presumido e vice-
versa. Lembrando que a opção feita para o Imposto de Renda deve ser a mesma para a
Contribuição Social sobre o Lucro.

23.2 Opção pelo Lucro Presumido

Para realizar a opção pelo lucro presumido deve ser feito um estudo detalhado sobre a
lucratividade, sendo que o lucro da atividade da empresa deve ser seguramente maior que o
Lucro Presumido pela legislação.

A empresa deve ficar atenta que os ganhos de capital, receita financeira, descontos obtidos e
demais receitas não tem redução do percentual da base de cálculo, devendo ser calculado o
Imposto de Renda sobre a totalidade.

A opção pelo Lucro Presumido se dá mediante o pagamento da DARF, código Lucro Presumido,
sendo que durante o ano-calendário não pode alterar a opção para o Lucro Real (art.13, Lei
9.718/98). Assim, mesmo que a empresa tenha prejuízo na sua atividade deve pagar o IRPJ e a
CSSL nos quatro trimestres do ano em que optou pelo presumido.

23.3 Cálculo do PIS e COFINS influenciam na escolha da tributação mais favorável à


empresa

Outro fator importante para discernir qual a melhor opção de tributação, se é pelo lucro real ou
pelo presumido, é o pagamento das contribuições para o PIS e a COFINS.

Se a pessoa jurídica optar pelo lucro presumido, permanece recolhendo os percentuais de 0,65%
-PIS e 3,0% - COFINS, conforme art. 8º da Lei 10.637/2002 e art. 10 da Lei 10.833/2003.

Se, no entanto, a pessoa jurídica optar pelo lucro real, deverá recolher o PIS e a COFINS, às
alíquotas de 1,65% e 7,60%, destarte aproveitam os créditos na aquisição das mercadorias e
serviços, o chamado de PIS e COFINS não cumulativos, conforme determinam as leis
10.637/2002 e 10.833/2003.

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Ocorre, na maioria das vezes, devido a restrição de créditos imposta pela Receita Federal, houve
aumento na tributação dos respectivos tributos, elevando significativamente o recolhimento pelo
regime não cumulativo.

Conforme a atividade empresarial, mesmo sendo mais vantajosa a opção pelo lucro real, esta
opção fica inviabilizada pelo aumento do PIS e COFINS. Entretanto não é regra, e sim mais um
fator a ser estudado para verificar a melhor forma de economizar tributos.

23.4 Base de cálculo do imposto

A base de cálculo do Imposto de Renda das empresas tributadas pelo Lucro Presumido, em cada
trimestre (31/mar.,30/jun., 30/set. e 31/dez.), será determinada mediante a aplicação dos
percentuais fixados no art. 15 da Lei 9.249/95, de acordo com a atividade da pessoa jurídica,
sobre a receita bruta auferida no trimestre, sendo o resultado acrescido de outras receitas,
rendimentos e ganho de capital (art. 25, Lei 4.930/96). O Imposto retido na fonte será
considerado como antecipação do devido no trimestre.

Os coeficientes fixados pelo art.15 da Lei nº 9.249/95 para a aplicação sobre a receita bruta da
atividade são:

I- 8% na venda de mercadorias e produtos;


II- 1,6% na revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico
carburante e gás natural;
III- 16% na prestação de serviços de transporte, exceto o de cargas que é 8%;
IV- 16% na prestação de serviços em geral pelas pessoas jurídicas com receita bruta anual
até R$ 120.000,00, exceto serviços hospitalares, de transporte e de profissões
regulamentadas (art. 40, Lei nº 9.250/95);
V- 32% na prestação de serviços;
VI- 8% na venda de imóveis de empresas com esse objeto social
VII- 8% nos serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica,
imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e
patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a
forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Anvisa; (Redação dada pela Lei 11.727/2008);
VIII- 38,4% nas operações de empréstimo, de financiamento e de desconto de títulos de
crédito realizadas por Empresa Simples de Crédito (ESC) – Lei Complementar
167/2019.

Observação: As demais receitas (juros aplicações financeiras, descontos obtidos, etc.) e ganhos
de capital comporão a base de cálculo sem qualquer redução (100% do valor).

Exemplo 1:
Uma empresa comercial teve as seguintes receitas com a revenda de mercadorias e rendimentos
de juros e descontos obtidos:

Mês/ano Valor R$
Janeiro 30.000,00
Fevereiro 80.000,00
Março 90.000,00
TOTAL RECEITA BRUTA 1o TRIMESTRE 200.000,00

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Março – Juros recebidos 2.000,00


TOTAL: OUTRAS RECEITAS NO TRIMESTRE 2.000,00

A base de cálculo do trimestre será de R$ 200.000,00 x 8% (percentual aplicável para revenda de


mercadorias) = R$ 16.000,00 + 2.000,00 (juros recebidos) = R$ 18.000,00.

23.5 Valores acrescidos à Base de Cálculo

Os valores correspondentes aos demais resultados e ganhos de capital, assim considerados (os
itens abaixo serão acrescidos em 100% ao valor da base de cálculo do lucro presumido):

1. Os ganhos de capital, nas alienações de bens e direitos, inclusive de aplicações em ouro


não caracterizado como ativo financeiro. O ganho corresponde à diferença positiva
verificada, no mês, entre o valor da alienação e o respectivo custo de aquisição,
diminuído dos encargos de depreciação, amortização ou exaustão acumulada, ainda que a
empresa não mantenha escrituração contábil.
2. Os ganhos de capital auferidos na alienação de participações societárias permanentes em
sociedades coligadas e controladas, e de participações calendário seguinte ao de suas
aquisições.
3. Os ganhos de capital auferidos na devolução de capital em bens ou direitos.
4. Os rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas entre pessoas jurídicas
controladoras, controladas, coligadas ou interligadas.
5. Os ganhos auferidos em operações de cobertura (hedge) realizadas em bolsas de valores,
de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão.

Exemplo Apuração de Ganho de Capital:


Venda de um Veículo = R$ 40.000,00
Custo de Aquisição = R$ 50.000,00
Depreciação = R$ 25.000,00
Ganho de Capital = 40.000,00 – (50.000,00 –25.000)
Ganho de Capital = 40.000,00 – 25.000,00
Ganho de Capital = 15.000,00 (este valor será acrescido à base de cálculo)

6. A receita de locação de imóvel, quando não for este o objeto social da pessoa jurídica.
7. Os juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia
(Selic), para títulos federais, acumulada mensalmente, relativos a impostos e
contribuições a serem restituídos ou compensados;
8. As variações monetárias ativas.
9. Dos rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de renda fixa e de
renda variável.
10. Dos juros sobre o capital próprio auferidos.
11. Dos valores recuperados correspondentes a custos e despesas, inclusive com perdas no
recebimento de créditos, salvo se a pessoa jurídica comprovar não os ter deduzido em
período anterior no qual tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro
real, ou que se refiram ao período no qual não tenha se submetido a esse regime de
tributação.
12. As multas ou qualquer outra vantagem recebida ou creditada, ainda que a título de
indenização, em virtude de rescisão de contrato.
13. O saldo dos valores cuja tributação tenha sido diferida de períodos de apuração anteriores
(Lei nº 9.430 de 1996, art. 54).

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Exemplo:

Faturamento do trimestre: R$ 2.000.000,00


Juros aplicação financeira R$ 2.500,00
Ganho de Capital R$ 25.000,00
Juros Selic R$ 3.000,00
Atividade Comércio

Descrição Dados Base de cálculo R$

Faturamento 2.000.000,00 x 8% 160.000,00


Juros aplicação financeira 2.500,00
Ganho de capital 25.000,00
Juros Selic 3.000,00
Total Base de Cálculo 190.500,00

23.6 Alíquota e adicional

A pessoa jurídica, seja comercial ou civil o seu objeto, pagará o imposto à alíquota de 15%
(quinze por cento) sobre o Lucro Real, Presumido ou Arbitrado, apurado de conformidade com o
Regulamento.

Adicional

A parcela do Lucro Real, Presumido ou Arbitrado que exceder ao valor resultante da


multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de
apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto à alíquota de 10%.

O adicional de que trata este item será pago juntamente com o imposto de renda apurado pela
aplicação da alíquota geral de 15%.

Exemplo:

Descrição Dados Base de cálculo R$

Cálculo Imposto de Renda:


Base de cálculo Mesmo do exemplo anterior 190.500,00
Alíquota 15%
Imposto de Renda 28.575,00

Cálculo do Adicional I.R.: 190.500,00


Redução 20.000,00 mensal x 3 meses* (60.000,00)
Base cálculo Adicional I.R. 130.500,00
Alíquota 10%
Adicional I.R. 13.050,00

Total imposto a pagar:


Imposto de Renda 28.575,00

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Adicional IR 13.050,00
Total Imposto Renda a Pagar 41.625,00

* o cálculo está sendo feito em função de um trimestre

23.7 Contribuição social sobre o Lucro Presumido – Base de Cálculo e Alíquotas

23.7.1 Base de cálculo

As empresas que optarem pelo pagamento do IRPJ – Lucro Presumido deverão também pagar a
CSLL pelo mesmo critério (art. 28 Lei 9.430/1996).

A base de cálculo corresponderá ao somatório trimestral dos seguintes valores:

4. 12% da receita bruta da venda de mercadorias e/ou prestação de serviços (art. 20 lei nº
9.249/95), exceto em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 01.09.2003 para
empresas de serviços (veja tópico mais adiante).
5. Ganhos de capital (lucros) obtidos na alienação de bens do ativo permanente e de
aplicações em ouro não caracterizado como ativo financeiro.
6. Rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e ganhos líquidos de operações
financeiras de renda variável (ações, swap, etc.).
7. Demais receitas e resultados positivos não abrangidos anteriormente (como juros e
descontos obtidos, aluguéis, etc.), inclusive juros remuneratórios do capital próprio,
recebido pela empresa da qual seja sócia ou acionista.

Base de cálculo da CSLL – a partir de 01.09.2003

A partir de 01.09.2003, por força do art. 22 da Lei 10.684/2003, a base de cálculo da CSLL,
devida pelas pessoas jurídicas optantes pela sistemática de recolhimento mensal (estimativa)
corresponderá a:

 12% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares e de


transporte;
 12% serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica,
imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e
patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a
forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Anvisa; (redação dada pela Lei 11.727/2008)
 32% para:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de transporte;
b) intermediação de negócios;
c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer
natureza;
d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,
gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra
de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços
(factoring).
 38,4% nas operações de empréstimo, de financiamento e de desconto de títulos de crédito
realizadas por Empresa Simples de Crédito (ESC) – Lei Complementar 167/2019.

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23.7.2 Alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro

 a partir de 01.02.2000 a alíquota é de 9% (nove por cento).

Exemplo:

Exemplo de Cálculo Lucro Presumido com as demais receitas:


Faturamento do trimestre: R$ 2.000.000,00
Juros aplicação financeira R$ 2.500,00
Ganho de Capital R$ 25.000,00
Juros Selic R$ 3.000,00
Atividade Comércio

Descrição Dados Base de cálculo R$

Faturamento 2.000.000,00 x 12% 240.000,00


Juros aplicação financeira 2.500,00
Ganho de capital 25.000,00
Juros Selic 3.000,00
Total Base de Cálculo 270.500,00
Alíquota 9%
Valor da CSLL a pagar 24.345,00

24. PROCEDIMENTOS PARA A APURAÇÃO DO LUCRO PRESUMIDO

24.1 Conferência das Receitas com os livros fiscais

Para confirmar se os saldos das contas de Receitas estão corretas, deve-se confrontar a Receita
constante no balancete com os Livros de saída de Mercadorias ou Produtos (ICMS/IPI) e de
Serviços (ISS), atendo-se aos grupos:

 5.101 a 5.125; 5.35; 5.401 a 5.405; (no estado)


 6.101 a 6.125; 6.35; 6.401 a 6.405; (interestadual)
 7.101 a 7.125; 7.35; 7.401 a 7.405; (exportação)

Observar que muitos códigos de saídas não são receitas = exemplos: simples remessa, devolução
de compras, transferências, simples remessa, venda do imobilizado, retorno, doação, amostra,
etc.

Esse é o principal exame, nesse grupo de contas, que deve ser efetuado para não deixar dúvidas
sobre os saldos das contas de receitas.

As contas de devoluções de vendas e vendas canceladas devem ser conferidas com o Livro de
Entrada de Mercadorias, no qual consta código específico.

Lembrar que o IPI destacado e faturado nas notas fiscais não é computado na base de cálculo
para recolhimento de tributos.

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O ICMS substituição tributária não é computado na base de cálculo para recolhimento de


tributos;

24.2 Deduções da Receita Bruta que reduzem cálculo do Lucro Presumido

Não integram a receita bruta para fins da base de cálculo do Lucro Presumido, conforme Lei n°
8.541/92, art. 14, § 4°; Lei 8.981/95, art. 31; Lei 9.718/98, art. 3º) os seguintes itens:

1. IPI destacado (constante na NF da empresa industrial)


2. ICMS cobrado por Substituição Tributária
3. Vendas Canceladas
4. Devoluções de vendas
5. Descontos concedidos incondicionalmente
6. As variações cambiais ativas não realizadas

Exemplo:

Uma empresa industrial faturou R$ 1.000.000,00


IPI destacado em Nota Fiscal. (R$ 100.000,00)
Devolução de Vendas (R$ 10.000,00)
Receita para cálculo Lucro Presumido R$ 890.000,00

24.3 Demais Receitas que não compõem a base de cálculo do Lucro Presumido

Reversões de Provisões

As reversões de provisões e recuperações de créditos, conforme artigo 53 da lei 9.430/96, se o


contribuinte comprovar não os ter deduzido em período anterior no qual tenha se submetido ao
regime de tributação com base no Lucro Presumido.

Equivalência Patrimonial

Entendemos, também, que sobre resultado positivo, na avaliação de investimentos, lucros e


dividendos recebidos, não compõem a base de cálculo do Lucro Presumido por inexistir lei
exigindo a adição à base de cálculo.

Também porque esses resultados já foram tributados na sociedade investida. Há de se considerar,


ainda, que o artigo 10 da Lei nº 9.249/95, dispõe que os lucros ou dividendos calculados com
base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas
pessoas jurídicas tributadas com base no Lucro Real, Presumido ou Arbitrado, não ficarão
sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do Imposto
de Renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliada no país ou no exterior.

Valores recuperados

O art. 53 da Lei nº 9.430/96, dispõe que os valores recuperados, correspondentes a custos e


despesas, inclusive com perdas no recebimento de créditos, deverão ser adicionados ao lucro
presumido para determinação do imposto de renda, salvo se o contribuinte comprovar não os ter
deduzido em período anterior no qual tenha se submetido ao regime de tributação com base no
Lucro Presumido.

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Assim por exemplo, o tributo pago a maior ou indevidamente no período em que a empresa
optou Lucro Presumido, não é computado na base de cálculo do Imposto de Renda e da
Contribuição Social, calculados pelo presumido, por ocasião a recuperação do crédito.

Vale pedágio

Também, o vale pedágio não é considerado receita operacional ou rendimento tributável (art. 2
da Lei 10.209/2001).

Receitas e Rendimentos não Tributáveis

Consideram-se não tributáveis as receitas e rendimentos relacionados abaixo:

a) recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas, e cujas perdas não
tenham sido deduzidas na apuração do lucro real em períodos anteriores;
b) a reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas, desde que o valor provisionado
não tenha sido deduzido na apuração do lucro real dos períodos anteriores, ou que se refiram ao
período no qual a pessoa jurídica não tenha se submetido a esse regime de tributação (Lei nº
9.430, de 1996, art. 53);
c) os lucros e dividendos recebidos decorrentes de participações societárias, caso refiram-se a
períodos em que os mesmos sejam isentos de imposto de renda.

25. LUCRO PRESUMIDO - REGIME DE CAIXA

25.1 Regime de Caixa – tributação por ocasião do recebimento

A tributação somente por ocasião do recebimento da receita está sujeita às seguintes condições:

1) emissão da nota fiscal por ocasião da entrega do bem ou da conclusão do serviço;


2) caso seja mantida escrituração somente do Livro Caixa, neste deverá ser indicada, em
registro individual, a nota fiscal a que corresponder a cada recebimento;
3) caso seja mantida escrituração contábil, os recebimentos das receitas deverão ser controlados
em conta específica, na qual, em cada lançamento, deverá ser indicada a nota fiscal a que
corresponder o recebimento.

25.2 Vantagem da tributação do lucro presumido pelo regime de caixa

As empresas optantes pela sistemática do Lucro Presumido podem pagar o Imposto de Renda,
Contribuição Social sobre o Lucro, PIS e COFINS, reconhecendo as receitas pelo regime de
caixa. Estas orientações também são válidas para empresas optantes pelo SIMPLES.

Isto significa, uma empresa comercial, em 20/dezembro, conforme nota fiscal 1.245, vendeu uma
mercadoria de R$ 10.000,00 em 10 parcelas mensais, com vencimento da 1ª parcela em
20/janeiro do ano subsequente e a última em 20/outubro do ano subsequente, calculará da
seguinte forma os impostos federais:

Valor
Data de Recebido COFINS
Recebimento R$ PIS R$ R$ IRPJ R$ CSLL R$

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20.01 1.000,00 6,50 30,00 12,00 10,80

20.02 1.000,00 6,50 30,00 12,00 10,80

20.03 1.000,00 6,50 30,00 12,00 10,80

20.04 1.000,00 6,50 30,00 12,00 10,80

20.05 1.000,00 6,50 30,00 12,00 10,80

20.06 1.000,00 6,50 30,00 12,00 10,80

20.07 1.000,00 6,50 30,00 12,00 10,80

20.08 1.000,00 6,50 30,00 12,00 10,80

20.09 1.000,00 6,50 30,00 12,00 10,80

20.10 1.000,00 6,50 30,00 12,00 10,80

Para a empresa que iria desembolsar R$ 593,00* até janeiro do ano subsequente, mesmo antes de
receber a primeira parcela de seu cliente, se optar pelo lucro presumido - regime de caixa, terá
uma folga de caixa para pagar os tributos.

* 0,65% (PIS) + 3,0% (COFINS) + 1,20% (IRPJ) + 1,08% (CSLL) = 5,93% sobre o total do
faturamento: 10.000,00 X 5,93% = 593,00.

25.3 O que é o regime de caixa?

É a sistemática onde se apura a base de cálculo dos impostos pelas receitas efetivamente
recebidas.

25.4 Qual é a base legal para este procedimento?

§ 2° do artigo 13 da Lei 9.718/1998.

Condições:

1. A emissão da nota fiscal seja feita por ocasião da entrega do bem ou da conclusão do serviço;
2. Registrar no Livro Caixa, a nota fiscal individualmente a cada recebimento;
3. Na contabilidade, registrar em conta específica os recebimentos, a cada nota fiscal.

25.5 Em qual conta contábil serão controlados os recebimentos?

Os recebimentos deverão ser controlados na conta duplicatas a receber ou clientes. Dessa forma,
a base para a tributação serão os recebimentos constantes nessas contas e não nas contas de
Receitas.

Os recebimentos deverão ser discriminados indicando a nota fiscal a que se refere.

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Exemplo:

Constar no razão contábil: 1) em 20/01, recebimento da 1ª parcela da nota fiscal 1245 – R$


1.000,00; 2) em 20/02 recebimento da 2ª da nota fiscal 1245 – R$ 1.000,00 e assim
sucessivamente.

O PIS, a COFINS, a CSLL e o IRPJ serão apurados com base no recebimento constante na conta
de clientes ou duplicatas a receber, independentemente do faturamento.

25.6 E a duplicata não recebida? Como fica a tributação?

A duplicata não recebida não sofre tributação. Serão calculados os respectivos tributos apenas
por ocasião da data do recebimento da respectiva duplicata.
A tributação da duplicata não recebida ocorrerá, somente se a empresa, no exercício seguinte,
resolve optar pelo Lucro Real, deverá oferecer à tributação no mês de dezembro do exercício
anterior todas as receitas ainda não recebidas e iniciar o Lucro Real com a tributação pelo regime
de competência, conforme Instrução Normativa SRF 345/2003.

26. LUCRO PRESUMIDO - DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS

O artigo 10 da Lei nº 9.249/95 dispõe que os lucros ou dividendos calculados com base nos
resultados apurados à partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas
jurídicas tributadas com base no Lucro Real, Presumido ou Arbitrado, não ficarão sujeitos à
incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda
do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliada no País ou no exterior.

É possível a pessoa jurídica tributada com base no Lucro Presumido distribuir lucros ou
dividendos de resultados apurados através de escrituração contábil, ainda que por conta de
período-base não encerrado.

Com isso, a pessoa jurídica poderá, por exemplo, levantar balanços mensais, trimestrais e anuais
e distribuir o resultado, mesmo sendo maior que o índice de presunção menos os impostos.

26.1 Qual a diferença entre distribuir o Lucro Presumido com base na Contabilidade
Regular e no Livro Caixa?

a) Regra pelo livro caixa

A regra geral para distribuição do lucro aos sócios ou acionais, quando a empresa mantém
apenas a escrituração do livro caixa, é o próprio lucro presumido, porém deduzidos dos impostos
federais. Como exemplo:
Faturamento do período : 10.000.000,00
Percentual de presunção 8%
Base de cálculo Lucro presumido 800.000,00
(-) PIS e COFINS – 3,65% - s/ faturamento (365.000,00)
(-) IRPJ – 15% s/ o lucro (120.000,00)

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(-) CSSL – 9% s/ o lucro (108.000,00)


Líquido a distribuir aos sócios 207.000,00

b) Regra pela escrituração contábil

Porém, se a empresa mantiver a escrita regular (contabilidade conforme as leis comerciais)


poderá distribuir o lucro constate no Balanço encerrado em 31.12 sem a incidência de imposto.
Vamos supor que, pela contabilidade, a empresa apurou um lucro líquido, após a provisão do
imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro, de R$ 1.210.000,00. Esse valor poderá
distribuir integralmente aos seus sócios, sem a incidência de imposto de renda na fonte.
É uma enorme vantagem optar pelo lucro presumido pelo regime de caixa (com base nos
recebimentos das vendas), mantendo em dia a contabilidade. A empresa pode distribuir o lucro
aos sócios, com base no lucro apurado pelo Balanço Contábil, sem a incidência de impostos. Em
tese, poderá haver a distribuição do lucro de uma fatura ainda não tributada.
Lucro a ser distribuído com base na escrituração contábil R$ 1.210.000,00
Lucro a ser distribuído com base no Livro Caixa: R$ 207.000,00
Diferença R$ 1.003.000,00

26.2 Qual é a base para distribuir o lucro presumido com base no Balanço Contábil?

A base é o artigo 238 da Instrução Normativa RFB 1.700/2017.

26.3 Pode ser distribuído o lucro presumido antes do encerramento do balanço?

Pode ser distribuído o lucro por conta de período-base não encerrado, desde que não exceda ao
valor apurado com base na escrituração.

A parcela distribuída a maior do que o apurado na escrituração fica sujeito à incidência do


imposto de renda, com acréscimos legais.

A distribuição antecipada do lucro, com base no lucro presumido, deve estar amparada em
balanços ou balancetes levantados com base na Contabilidade.

Dessa forma, recomenda-se que o balancete utilizado para a distribuição de lucros seja transcrito
no Livro Diário. Ou melhor, transcrever o balanço ou balancete mês a mês no Livro Diário, o
qual salvaguardará a empresa em futuras fiscalizações.

26.4 Incide Contribuição Previdenciária sobre a distribuição antecipada de lucros?

Pela redação do Regulamento da Previdência Social, inciso II, § 5º do artigo 201, do Decreto
3.048/1999, são tributáveis os valores totais pagos ou creditados aos sócios, ainda que a título de
antecipação de lucro da pessoa jurídica, quando não houver discriminação entre a remuneração
decorrente do trabalho e a proveniente do capital social ou tratar-se de adiantamento de resultado
ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício.

Desta forma, as empresas devem adotar o cuidado de prever, em seus respectivos contratos
sociais, que a sociedade vai apurar a demonstração de resultado do exercício contábil
mensalmente (ou trimestralmente, ou em períodos menores que 12 meses).

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Bem como os Balanços/Balancetes Contábeis, com a respectiva demonstração de resultado,


devem ser transcritos no Livro Diário, para comprovar a existência dos lucros distribuídos. Na
prática, para a empresa antecipar o lucro do exercício corrente, o Contador deverá demonstrar
que a empresa obteve o lucro mediante balancete constante no livro Diário, sendo necessário
ainda constar no contrato social previsão de distribuição de lucro mensal ou período menor que 1
ano.

Em resumo:

Para não incidir INSS sobre o lucro distribuído pelas empresas em geral aos respectivos sócios, a
título de lucros do próprio exercício, não integra a remuneração para efeito de contribuição
previdenciária (20%), desde que seja com base na escrituração contábil e que conste no contrato
social cláusula que fixe a apuração e distribuição de lucros em períodos menores que 12 meses,
sendo tais demonstrações (balanço e resultado) transcritas no livro diário.

26.5 Distribuição de lucros ou dividendos por pessoa jurídica em débito para com a
Fazenda Nacional

O art. 17 da Lei 11.051/2004, procedeu alteração no art. 32 da Lei nº 4.357/64 - dispõe que as
pessoas jurídicas, enquanto estiverem em débito, não garantido, para com a União e suas
autarquias de Previdência e Assistência Social, por falta de recolhimento de imposto, taxa ou
contribuição, no prazo legal, não poderão:

a) distribuir quaisquer bonificações a seus acionistas; ou


b) dar ou atribuir participação de lucros a seus sócios ou quotistas, bem como a seus diretores e
demais membros de órgãos dirigentes, fiscais ou consultivos;

A inobservância desta regra importa em multa que será imposta:

a) às pessoas jurídicas que distribuírem ou pagarem bonificações ou remunerações, em montante


igual a 50% (cinquenta por cento) das quantias distribuídas ou pagas indevidamente; e
b) aos diretores e demais membros da administração superior que receberem as importâncias
indevidas, em montante igual a 50% (cinquenta por cento) dessas importâncias.

De qualquer forma a multa fica limitada, respectivamente, a 50% (cinquenta por cento) do valor
total do débito não garantido da pessoa jurídica.

27. ENQUADRAMENTO DAS ATIVIDADES NAS ALÍQUOTAS

PERCENTUAIS DE PRESUNÇÃO

O Lucro Presumido tem base de cálculo diferenciada, para fins de tributação pelo IR. A
diferença é grande: pode ir de 1,6% a 38,4% sobre a receita.

Um enquadramento correto pode poupar muito imposto, pois acima de R$ 20.000,00/mês de


Lucro Presumido, há ainda um adicional de Imposto de Renda de 10%

Exemplo:

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Uma empresa que efetua serviços de acabamento industrial, que estava tributando sobre uma
base presumida de 32% da receita, poderá viabilizar as operações de modo a enquadrá-las como
industrialização com materiais fornecidos pelo encomendante (base do IRPJ de apenas 8%).
Neste caso poderá economizar até R$ 6.000,00 em cada R$ 100.000,00 faturados.

Como saber qual o enquadramento correto para sua empresa? Como poderei pagar pelo menor
enquadramento possível?

Basta você analisar as espécies de suas atividades, enquadrando-os com a seguinte tabela:

Espécies de atividades e % sobre receita:

1. Revenda a varejo de combustíveis e gás natural: 1,6%


2. Venda de mercadorias ou produtos: 8%
3. Transporte de cargas: 8%
4. Atividades imobiliárias (compra e venda): 8%
5. Serviços hospitalares: 8%
6. Atividade Rural: 8%
7. Industrialização com materiais fornecidos pelo encomendante: 8%
8. Outras atividades não especificadas: 8%
9. Serviços gráficos de natureza comercial ou industrial (ADN 18/2000): 8%
10. Construção Civil com emprego de materiais, atividades de incorporação, construção e
venda de imóveis, obras de engenharia civil com o emprego de materiais de construção
civil: 8% - ADN 6/1997 (CSLL: 12%, conforme Solução de Consulta 328/2004 – 6ª RF)
11. Serviços de transporte (exceto o de cargas): 16%
12. Serviços gerais com receita bruta até R$ 120.000/ano (art. 40, da Lei 9.250/95), exceto
serviços profissionais: 16%
13. Serviços profissionais (S/C, médicos, dentistas, advogados, contadores, auditores, etc.):
32%
14. Intermediação de negócios: 32%
15. Administração, locação ou cessão de bens móveis/imóveis ou direitos: 32%
16. Serviços gráficos sob encomenda (ADN 18/2000): 32%
17. Serviços de construção civil, quando a prestadora não empregar materiais de sua
propriedade nem se responsabilizar pela execução da obra: 32%
18. Concessionárias públicas de água ou pedágio de rodovias (ADN 16/2000): 32%
19. 38,4% nas operações de empréstimo, de financiamento e de desconto de títulos de crédito
realizadas por Empresa Simples de Crédito (ESC) – Lei Complementar 167/2019.

No caso de exploração de atividades diversificadas, será aplicado sobre a receita bruta de cada
atividade o respectivo percentual.

Observação:

A partir de 01.01.2009, a base de cálculo do imposto será determinada mediante a aplicação do


percentual de 8% (oito por cento) sobre a RECEITA FINANCEIRA da pessoa jurídica que
explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária,
construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou
adquiridos para a revenda, quando decorrente de comercialização de imóveis e for apurada por
meio de índices ou coeficientes previstos em contrato (art. 34, da Lei 11.196/2005, que acresceu
o § 4º, ao artigo 15, da Lei nº 9.249/95).

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Fechamento de Balanço © - 141

Agências de propaganda

Importâncias pagas diretamente ou repassadas a empresas de rádio, televisão, jornais e


revistas

A partir de 26.07.2004, excluem-se da base de cálculo do PIS e COFINS das agências de


publicidade e propaganda as importâncias pagas diretamente ou repassadas por esta a empresas
de rádio, televisão, jornais e revistas, sendo vedado o aproveitamento do crédito em relação às
parcelas excluídas.

Base: artigo 13 da Lei 10.925/2004.

Construção com Fornecimento de Material – CSLL e IRPJ

Pessoa Jurídica prestadora de serviços de construção com o fornecimento dos materiais


empregados na obra, quando tributada pelo Lucro Presumido, utilizará o percentual de 12%
(doze por cento) sobre a receita bruta para compor a base de cálculo da CSLL.

Pessoa Jurídica prestadora de serviços de construção com o fornecimento dos materiais


empregados na obra, quando tributada pelo Lucro Presumido, utilizará o percentual de 8% (oito
por cento) sobre a receita bruta para compor a base de cálculo do IRPJ.

Prestação de Serviços por Empreitada

O percentual a ser aplicado sobre a receita bruta para apuração da base de cálculo do Lucro
Presumido na atividade de prestação de serviço de construção civil é de 32% quando houver
emprego unicamente de mão-de-obra, ou de 8% (oito por cento) quando houver emprego de
materiais. Como emprego de materiais, entende-se o uso de materiais que serão incorporados à
obra, perdendo a qualidade de bens móveis.

Software – Percentual Reduzido

Poderá ser aplicado na determinação do Lucro Presumido o percentual reduzido de dezesseis por
cento sobre a receita bruta relativa aos serviços de desenvolvimento e consultoria na área de
informática (com exceção dos serviços de projeto e produção, instalação e suporte de softwares
aplicativos tecnológicos de engenharia, arquitetura e agronomia), por não se tratar de prestação
de serviços de profissão legalmente regulamentada., desde que a pessoa jurídica seja
exclusivamente prestadora de serviços e sua receita bruta anual seja inferior a R$ 120.000,00.

Hemodiálise

Para fins de determinação da base de cálculo do imposto sobre a renda, apurado com base no
Lucro Presumido, pode ser aplicado o percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta
relativa à atividade de prestação de serviços de hemodiálise e diálise peritonial.

Exportação de Bens e Serviços

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Fechamento de Balanço © - 142

Pela atual legislação, sobre as exportações de bens e serviços há a tributação sobre o lucro da
empresa: IRPJ e CSSL. Quando a empresa adota o Lucro Presumido por considerar a melhor
forma de tributação se depara com dois problemas nas exportações:

 Variação cambial positiva: quando contabilizada pelo regime de competência compõe


em sua totalidade a base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social,
calculados pelo Lucro Presumido, não sendo permitido dedução da base.
 Variação cambial negativa: quando contabilizada pelo regime de competência é
considerada uma despesa financeira, não podendo ser deduzida da base de cálculo do
Lucro Presumido, isto é, a empresa perde com o câmbio e ainda tributa imposto sobre
o prejuízo.

Esses problemas podem ser minimizados, se o contribuinte adotar regime de caixa para apuração
das receitas tributáveis pelo Lucro Presumido na forma do artigo 13 da Lei nº 9.718/98.

No regime de caixa, as receitas são tributáveis somente quando recebidas, de modo que o valor
da receita tributável corresponderá sempre ao valor que ingressa de forma definitiva ao
patrimônio da empresa, não mais sujeito aos efeitos decorrentes da flutuação da taxa de câmbio.

Dessa forma, para o contribuinte do IRPJ e CSLL com base no Lucro Presumido a data do
embarque das mercadorias passa a ser irrelevante. O valor recebido, esse sim, é o valor da receita
tributável sobre o qual serão aplicados os percentuais previstos na legislação.

Operações de Industrialização

Para fins de apuração das bases de cálculo do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), consideram-se industrialização as
operações definidas no art. 4º do Decreto nº 4.544/2002, observadas as disposições do art. 5º c/c
o art. 7º do referido decreto.

Base ADI RFB 26/2008.

28. LIVROS OBRIGATÓRIOS - LUCRO PRESUMIDO

A pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido deverá:

a) Manter o Livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques


existentes no término do ano-calendário abrangido pela tributação simplificada.
b) Manter em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e prescritas
eventuais ações que lhes sejam pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios
determinados pela legislação fiscal específica, bem assim os documentos e demais papéis
que servirem de base para escrituração comercial.
c) Manter o LALUR, quando tiver lucros diferidos de períodos de apuração anteriores e/ou
prejuízos a compensar.

PARTE III - SIMPLES

29. SIMPLES NACIONAL

29.1 LUCRO DISTRIBUÍDO

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Fechamento de Balanço © - 143

Consideram-se isentos do imposto de renda, na fonte e na declaração de ajuste do beneficiário,


os valores efetivamente pagos ou distribuídos ao titular ou sócio da microempresa ou empresa de
pequeno porte optantes pelo Simples Nacional, salvo os que corresponderem a pró-labore,
aluguéis ou serviços prestados.

Limite de Isenção

A isenção fica limitada ao valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da
Lei 9.249/1995, sobre a receita bruta mensal, no caso de antecipação de fonte, ou da receita bruta
total anual, tratando-se de declaração de ajuste, subtraído do valor devido na forma do Simples
Nacional no período, relativo ao IRPJ.

RENDIMENTOS DISTRIBUÍDOS A SÓCIO OU TITULAR

Consideram-se isentos do imposto de renda, na fonte e na declaração de ajuste do beneficiário,


os valores efetivamente pagos ou distribuídos ao titular ou sócio da microempresa ou empresa de
pequeno porte optantes pelo Simples Nacional, salvo os que corresponderem a pró-labore,
aluguéis ou serviços prestados.

Limite de Isenção

A isenção fica limitada ao valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da
Lei 9.249/1995, sobre a receita bruta mensal, no caso de antecipação de fonte, ou da receita bruta
total anual, tratando-se de declaração de ajuste, subtraído do valor devido na forma do Simples
Nacional no período, relativo ao IRPJ.

Empresa Com Escrituração Contábil

O limite de isenção não se aplica na hipótese de a pessoa jurídica manter escrituração contábil e
evidenciar lucro superior àquele limite.

Ou seja, provado através da contabilidade que o lucro apurado é superior ao determinado


mediante a regra do lucro presumido, poderá este lucro ser distribuído com a isenção do imposto
de renda.

Isto evidencia uma vantagem inequívoca da manutenção da escrita contábil, cabendo aos
contabilistas alertarem seus clientes sobre esta vantagem, providenciando o levantamento
patrimonial (balanço de abertura) e início da escrituração.

29.2 ESCRITURAÇÃO, NO LIVRO CAIXA, DA RETIRADA DOS LUCROS

É importante destacar, contabilmente, o que é retirada de lucro e o que é retirada de rendimentos


tributáveis (como pró-labore, aluguéis e remuneração por serviços prestados), tanto para facilitar
o preenchimento de dados nas declarações quanto para comprovar as diversas origens dos
recursos.

Exemplo:

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Fechamento de Balanço © - 144

Distribuição ao sócio de R$ 5.000,00, sendo R$ 1.000,00 de pró-labore e R$ 4.000,00 de lucros


isentos:

D – Pró-Labore (Resultado) R$ 1.000,00


D – Lucros Distribuídos (Patrimônio Líquido) R$ 4.000,00
C – Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) R$ 5.000,00

29.3 INCENTIVOS FISCAIS, CRÉDITO DE IPI E ICMS

A inscrição no Simples importa em vedação à utilização ou à destinação de qualquer valor a


título de incentivo fiscal, bem como à tomada de créditos de IPI e ICMS relativo a entradas, não
sendo possível a transferência de créditos destes impostos.

PARTE IV - LUCRO ARBITRADO

30. LUCRO ARBITRADO

A opção pelo lucro arbitrado, pode ser utilizada para regularizar a escrita contábil e fiscal da
empresa. Por exemplo, em um determinado ano a contabilidade da empresa está inconsistente,
com saldos incorretos, passivos inexistentes, ativos irreais, bem como a documentação suporte é
imprestável. Seria viável no ano corrente optar pelo Lucro Arbitrado (auto-arbitramento) e no
ano seguinte proceder ao balanço de abertura, com os saldos corretos e a empresa poderá tomar
todos os cuidados possíveis com a Contabilidade.
O auto-arbitramento se caracteriza no fato da empresa, por exemplo, não apresentar a
escrituração fiscal e nem o Livro Caixa do período à fiscalização, é uma opção do contribuinte.
O único encargo tributário que terá a maior do que o Lucro Presumido é o de que a base de
cálculo do Imposto de Renda terá um acréscimo de 20%. No cálculo da contribuição social sobre
o lucro não haverá alteração.
Exemplo:

Venda de Mercadoria no trimestre de 600.000,00, a base de cálculo do imposto será:


- No Lucro Presumido: 600.000,00 x 8 %= 48.000,00
- No Lucro Arbitrado: (600.0000,00 x 8%) + 20% = 48.000,00 + 9.600,00 = 57.600,00

30.1 Qual é a diferença entre o fisco arbitrar o lucro da empresa e a própria empresa
arbitrar o seu lucro?
A base de cálculo e a aplicação dos percentuais sobre a receita são os mesmos. O arbitramento
da receita aplicado pela fiscalização incide a multa de 75% a 150%, sobre a totalidade ou
diferença do imposto, conforme art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996. Enquanto que o arbitramento
da receita efetuado, pela própria empresa, não tem a incidência das respectivas multas, apenas a
multa de mora de até 20%, por ocasião do pagamento em atraso do tributo.

30.2 Auto-arbitramento do lucro quando a empresa é optante pelo lucro real e o lucro
arbitrado é opção mais econômica

O lucro arbitrado é aplicável quando o contribuinte, obrigado a manter escrituração pelo lucro
real, não o faz, sujeitando-se às regras de tributação específicas.

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Fechamento de Balanço © - 145

Importa ressaltar que o contribuinte pode optar pelo arbitramento, nos trimestres que não
manteve escrituração regular.

Esta possibilidade poderá ser interessante para fins de planejamento fiscal, no (s) trimestre (s) em
que o contribuinte tiver um lucro operacional que justifique a opção.

Exemplo:

Um contribuinte, sujeito às regras do lucro real, apurou no trimestre janeiro-março um lucro real
de R$ 1.000.000,00 sobre uma receita total da atividade de R$ 8.000.000,00. Considera-se que
não houve ganho de capital (venda de bens do imobilizado, etc.) no período ou deduções de
incentivos fiscais. Sua atividade é comercial. A tributação será:

Tributação pelo Lucro Real: Valor R$


IRPJ (15% + adicional de 10% sobre o que exceder R$ 60.000) 244.000,00
CSLL 90.000,00
Total da Tributação 334.000,00

Se, no trimestre respectivo, o contribuinte optasse pelo arbitramento, tributaria o IRPJ


equivalente, para atividade comercial, a 9,6% sobre a receita auferida, ou seja:

R$ 8.000.000,00 (receita total da atividade comercial) x 9,6% = Base de cálculo do IRPJ = R$


768.000,00
R$ 8.000.000,00 x 12% = Base de cálculo da CSLL = R$ 960.000,00

Tributação pelo Lucro Arbitrado: Valor R$


IRPJ (15% + adicional de 10% sobre o que exceder R$ 60.000) 186.000,00
CSLL 86.400,00
Total da Tributação 272.400,00

Diferença de tributação entre o Lucro Real e Arbitrado: R$ 334.000,00 – R$ 272.400,00 = R$


61.600,00.

Há de se considerar, também, que no lucro arbitrado o PIS terá alíquota de 0,65%, conforme art.
8, II, da Lei 10.637/2002, ao invés de 1,65%., bem como a COFINS é calculada à alíquota de
3,00%, conforme art. 10, II, da Lei 10.833/2003. Ambas as contribuições não têm direito ao
crédito nas aquisições.

30.3 Percentuais de arbitramento sobre o faturamento

O arbitramento do lucro é calculado com base no faturamento da empresa, sendo aplicado os


seguintes coeficientes para fins de IRPJ:

Espécies de atividades % sobre


receita

Revenda a varejo de combustíveis e gás natural 1,92%


Venda de mercadorias ou produtos 9,6%
Transporte de cargas 9,6%

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Fechamento de Balanço © - 146

Atividades imobiliárias (compra e venda) 9,6%


Serviços hospitalares 9,6%
Atividade Rural 9,6%
Industrialização com materiais fornecidos pelo encomendante 9,6%
Outras atividades não especificadas 9,6%
Serviços gráficos de natureza comercial ou industrial 9,6%
Construção Civil com emprego de materiais, atividades de incorporação,
construção e venda de imóveis, obras de engenharia civil com o emprego
de materiais de construção civil 9,6%
Serviços de transporte (exceto o de cargas) 19,2%
Serviços profissionais (S/C, médicos, dentistas, advogados, contadores,
auditores, etc.) 38,4%
Intermediação de negócios 38,4%
Administração, locação ou cessão de bens móveis/imóveis ou direitos 38,4%
Serviços gráficos sob encomenda 38,4%
Serviços de construção civil, quando a prestadora não empregar
materiais de sua propriedade nem se responsabilizar pela execução da
obra 38,4%
Concessionárias públicas de água ou pedágio de rodovias 38,4%
Factoring 38,4%
Receitas Financeiras, Ganho de Capital outras receitas 100,0%

No caso de exploração de atividades diversificadas, será aplicado sobre a receita bruta de cada
atividade o respectivo percentual.

Para o cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, do percentual sobre a receita, aplica-se a
alíquota de 15% + adicional de 10% sobre o lucro superior a R$ 240.000,00 anuais ou R$
20.000,00 mensais.

Exemplo:

Dados Valores
Atividade – Serviços
Faturamento anual 1.000.000,00
Alíquota do Arbitramento 38,4%
Valor do lucro arbitrado 384.000,00
Alíquota IRPJ 15%
Valor IRPJ 57.600,00
Adicional (384.000,00- 240.000,00) x 10% 14.400,00
Total IRPJ 71.000,00

O arbitramento do lucro é calculado com base no faturamento da empresa, sendo aplicado os


seguintes coeficientes para fins de Contribuição Social sobre o Lucro:

Espécies de atividades % sobre receita

Receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços


hospitalares e de transporte; 12%
Prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e

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de transporte; 32%
Intermediação de negócios; 32%
Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e 32%
direitos de qualquer natureza
Factoring 32%
Receitas Financeiras, Ganho de Capital outras receitas 100%
Operações de empréstimo, de financiamento e de desconto de 38,4%
títulos de crédito realizadas por Empresa Simples de Crédito (ESC)
– Lei Complementar 167/2019

Para o cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, do percentual sobre a receita,
aplica-se a alíquota de 9%.

Exemplo:

Dados Valores
Atividade – Serviços
Faturamento anual 1.000.000,00
Alíquota do Arbitramento 32,00%
Valor da base de Cálculo da CSLL 320.000,00
Alíquota CSLL 9%
Valor CSLL 28.800,00

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PARTE V – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

31. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (FINANCEIRAS) OBRIGATÓRIAS

A Lei 6.404/1976, estabeleceu, em seu art. 176, que ao fim de cada exercício social a diretoria
fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações
financeiras:

1. Balanço Patrimonial;
2. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA);
3. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
4. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); e
5. se companhia aberta, Demonstração do Valor Adicionado (DVA).

Referidas demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros


analíticos, ou demonstrações contábeis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial e
do resultado do exercício.

A legislação societária e, posteriormente, a legislação fiscal e outras consagraram o uso da


expressão "demonstrações financeiras" para o mesmo conjunto de informações. Assim, a
expressão "demonstrações financeiras" tem exatamente o sentido da expressão "demonstrações
contábeis", e vice-versa.

Consolidação

Além dos aprimoramentos no método de avaliação dos investimentos, a lei exige que,
complementarmente às demonstrações financeiras normais, sejam apresentadas demonstrações
financeiras consolidadas da investidora com suas controladas.

Essa exigência é requerida somente para as Companhias Abertas e para os Grupos de


Sociedades. Assim sendo, as Companhias Fechadas ou os conjuntos de empresas que não se
formalizarem como Grupos de Sociedades não terão essa obrigatoriedade.

A consolidação será compulsória para as Companhias Abertas que tiverem mais de 30% do seu
patrimônio líquido representado pelos investimentos em controladas. A lei define as normas
básicas doe consolidação que incluem a necessidade de eliminação dos saldos e transações
intercompanhias, dos lucros ou prejuízos remanescentes nos ativos, a exclusão das partes
minoritárias e outros.

A consolidação foi uma das principais inovações da lei atual, já que não era obrigatória até então
e apenas algumas raras empresas a publicavam.

COMPANHIAS ABERTAS

A CVM divulgou orientações quanto a aspectos relevantes a serem observados na elaboração das
Demonstrações Contábeis das companhias abertas para o exercício social encerrado em
31/12/2020.

Acesse a íntegra das orientações clicando no link abaixo:

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Fechamento de Balanço © - 149

Ofício Circular CVM/SNC/SEP 01/21.

31.1 BALANÇO PATRIMONIAL

No balanço patrimonial, as contas deverão ser classificadas segundo os elementos do patrimônio


que registrem e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira
da empresa.

De acordo com o artigo 176, § 1º da Lei 6.404/76, as demonstrações de cada exercício serão
publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício
anterior.

Lançamentos de Encerramento do Exercício

Para apuração do resultado do exercício, faz-se os lançamentos de encerramento, debitando-se as


contas de receitas e creditando-se uma conta transitória, chamada de “Apuração do Resultado do
Exercício”.

O inverso é efetuado nas contas de despesas e custos, debitando-se a conta “Apuração do


Resultado do Exercício” e creditando-se as contas de custos ou despesas.

Exemplo:

Conta/Valores em R$ Débito Crédito


Receitas de Vendas de Mercadorias 1.500.000,00
Receitas Financeiras 50.000,00
Outras Receitas 15.000,00
Apuração do Resultado do Exercício 1.565.000,00

Débito Crédito
Apuração do Resultado do Exercício 1.406.122,00
ICMS sobre Vendas 120.000,00
PIS e COFINS sobre Vendas 54.750,00
Custo das Mercadorias Vendidas 720.000,00
Folha de Pagamento 155.000,00
Encargos Sociais e Trabalhistas 60.450,00
Despesas Financeiras 79.000,00
Despesas Tributárias 54.000,00
Aluguel e Manutenção 50.000,00
Despesas de Veículos 40.000,00
Despesas de Escritório 19.000,00
Provisão para Imposto de Renda 34.770,00
Provisão para Contribuição Social 19.152,00

O saldo da conta “Apuração do Resultado do Exercício” será então transferida para a conta de
“Lucros ou Prejuízos Acumulados”. No exemplo acima, o lançamento seria:

D. Apuração do Resultado do Exercício (conta transitória de Resultado)

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Fechamento de Balanço © - 150

C. Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido)


R$ 158.878,00

Após essas operações, estão encerradas as contas de resultado, restando somente as contas
patrimoniais.

Destinação do Resultado

Observe-se, ainda, que por determinação contratual, legal ou estatutária, podem ser necessárias a
formação de reservas de lucros específicas, como para as Sociedades Anônimas, que devem
constituir a Reserva Legal (5% sobre o lucro líquido do exercício – nas condições do art. 193 da
Lei das S/A). Neste caso, o lançamento seria:

D - Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido)


C - Reserva Legal (Patrimônio Líquido)

Na hipótese de ocorrer prejuízo no exercício, tal valor deve ser transferido para reservas de
lucros existentes. Se tais não existirem, ou forem insuficientes, o valor não compensado deverá
ser mantido em conta de “Prejuízos Acumulados”, até sua futura absorção por lucros ou mesmo
pela redução do Capital Social.

Exemplo:

Absorção de R$ 20.000,00 de prejuízo do exercício pela Reserva Legal:

D – Reserva Legal (Patrimônio Líquido)


C – Prejuízos Acumulados (Patrimônio Líquido)
R$ 20.000,00

Transcrição do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultados

Após ter efetuado todos os lançamentos de encerramento do exercício, no livro diário, devem ser
transcritos também o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício, além da
demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, com a data e assinatura dos administradores e
do responsável pela contabilidade, com respectivo CRC.

Observar que, no caso de S/A, há necessidade de publicação das respectivas demonstrações,


conforme Lei 6.404/1976, além da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados e dos
demais demonstrativos obrigatórios.

Por meio da Portaria ME 12.071/2021 as empresas de capital fechado (sem ações na bolsa) que
tenham receita bruta anual de até R$ 78 milhões por ano podem publicar balanços e demais atos
societários na Central de Balanços do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), sem
obrigatoriedade de publicá-los em jornais.

Não serão cobradas taxas para as publicações e divulgações referidas.

Publicações Resumidas

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O Parecer de Orientação CVM 39/2021 possibilita forma especial para a publicação das
demonstrações financeiras resumidas em jornais impressos, com vigência a partir de 1º de
janeiro de 2022.

Todas as demonstrações financeiras resumidas devem ser elaboradas a partir dos números
auditados das demonstrações financeiras completas, que devem estar devidamente divulgadas em
endereço eletrônico claramente referenciado na publicação resumida.

31.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE

O artigo 187 da Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações) determina sobre a elaboração da
Demonstração do Resultado do Exercício - DRE.

CONTEÚDO

De acordo com a legislação mencionada, as empresas deverão, na Demonstração do Resultado


do Exercício, discriminar:

- a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os


impostos;

- a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o
lucro bruto;

- as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas


gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;

- o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;

- o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto;

- as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias,


mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência
ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa;

- o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.

Na determinação da apuração do resultado do exercício serão computados em obediência ao


princípio da competência:

a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente de sua realização em


moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e
rendimentos.

MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

RECEITA OPERACIONAL BRUTA


Vendas de Produtos

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Fechamento de Balanço © - 152

Vendas de Mercadorias
Prestação de Serviços

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA


Devoluções de Vendas
Abatimentos
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas

= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

(-) CUSTOS DAS VENDAS


Custo dos Produtos Vendidos
Custo das Mercadorias
Custo dos Serviços Prestados

= RESULTADO OPERACIONAL BRUTO

(-) DESPESAS OPERACIONAIS


Despesas Com Vendas
Despesas Administrativas

(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS


Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeiras
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
(-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas

OUTRAS RECEITAS E DESPESAS

Resultado da Equivalência Patrimonial


Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante

= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA


CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO

(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro

= LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES

(-) Participações de:


Debêntures
Empregados
Administradores
Partes Beneficiárias
Instituições ou Fundos de Assistência ou Previdência de Empregados

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

31.3 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA)

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Fechamento de Balanço © - 153

A DLPA evidencia as alterações ocorridas no saldo da conta de lucros ou prejuízos acumulados,


no Patrimônio Líquido.

De acordo com o artigo 186, § 2º da Lei 6.404/1976, adiante transcrito, a companhia poderá, à
sua opção, incluir a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados nas demonstrações das
mutações do patrimônio líquido.

"A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo


por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio
líquido, se elaborada e publicada pela companhia."

Deve-se lembrar que a referida demonstração é também obrigatória para as sociedades limitadas
e outros tipos de empresas, conforme a legislação do Imposto de Renda.

A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá discriminar:

1. o saldo do início do período e os ajustes de exercícios anteriores;


2. as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; e
3. as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e
o saldo ao fim do período.

Ajustes de Exercícios Anteriores

De acordo com a Lei da S/A (Lei 6.404/1976), o lucro líquido do exercício não deve estar
influenciado por efeitos que pertençam a exercícios anteriores, ou seja, deverão transitar pelo
balanço de resultados somente os valores que competem ao respectivo período.

Como ajustes de exercícios serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de


critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não
possam ser atribuídos a fatos subsequentes.

Reversões de Reservas

Correspondem às alterações ocorridas nas contas que registram as reservas, mediante a reversão
de valores para a conta Lucros Acumulados, em virtude daqueles valores não serem mais
utilizados.

Lucro ou Prejuízo do Exercício

É o resultado líquido do ano apurado na Demonstração do Resultado do Exercício, cujo valor é


transferido para a conta de Lucros Acumulados.

Transferências para Reservas

São as apropriações do lucro feitas para a constituição das reservas patrimoniais, tais como:
reserva legal, reserva estatutária, reserva de lucros a realizar, reserva para contingências.

Substituição pela DMPL

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De acordo com o § 2º do artigo 186 da Lei 6.404/1976 a Demonstração de Lucros ou Prejuízos


Acumulados poderá ser incluída na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
(DMPL), se elaborada e divulgada pela companhia, pois não inclui somente o movimento da
conta de lucros ou prejuízos acumulados, mas também o de todas as demais contas do
patrimônio líquido.

31.4 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR)

OBRIGATORIEDADE ATÉ 31.12.2007

Até 31.12.2007, a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) era obrigatória
para as companhias abertas e para as companhias fechadas com patrimônio líquido, na data do
balanço patrimonial, superior a R$ 1.000.000,00 (limite este atualizado pela Lei nº 9.457/97), e
indicava as modificações na posição financeira da companhia.

Os financiamentos estão representados pelas origens de recursos, e os investimentos pelas


aplicações de recursos, sendo que o significado de recursos aqui não é simplesmente o de
dinheiro, ou de disponibilidades, pois abrange um conceito mais amplo; representa capital de
giro líquido que, na denominação dada pela lei, é Capital Circulante Líquido.

31.5 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC)

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) passou a ser obrigatória para todas as sociedades de
capital aberto ou com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00


(dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos
de caixa, conforme Lei 11.638/2007, que alterou o art. 176 da Lei 6.404/1976.

Para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), a DFC também é de elaboração obrigatória,


conforme item 3.17 (e) da NBC TG 1000.

Conforme art. 188 da Lei 6.404/1976, a Demonstração dos Fluxos de Caixa deverá conter no
mínimo:

I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de


caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos:

1) das operações;
2) dos financiamentos;
3) dos investimentos;

II – demonstração do valor adicionado – o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua


distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como
empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não
distribuída.

III - o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando


aumento ou redução do capital circulante líquido;

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IV - os saldos, no início e no fim do exercício, do ativo e passivo circulantes, o montante do


capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício.

Assim como a Demonstração de Resultados de Exercícios, a DFC é uma demonstração dinâmica


e também está contida no balanço patrimonial.

A Demonstração do Fluxo de Caixa irá indicar quais foram às saídas e entradas de dinheiro no
caixa durante o período e o resultado desse fluxo.

AS PRINCIPAIS TRANSAÇÕES QUE AFETAM O CAIXA

A seguir, relacionaremos em dois grupos as principais transações que afetam o caixa.

a) Transações que Aumentam o Caixa (Disponível)

 Integralização do Capital pelos proprietários em dinheiro;


 Empréstimos bancários e financiamentos oriundos das instituições financeiras;
 Vendas de Ativos Não Circulantes;
 Outras entradas (juros recebidos, indenizações de seguros, recebimentos de clientes,
etc.).

b) Transações que Diminuem o Caixa (Disponível)

 Pagamento de dividendos aos acionistas;


 Pagamento de juros, correção monetária de dívidas;
 Aquisição de itens do Ativo Não Circulante;
 Compra à vista e pagamento de fornecedores;
 Pagamentos de despesas/custo, contas a pagar e outros.

c) Transações Que Não Afetam o Caixa

Dentre as transações realizadas pela empresa, algumas não afetam o caixa, isto é, não há encaixe
e nem desencaixe de dinheiro, como por exemplo: - Depreciação, amortização e exaustão; -
Provisão para devedores duvidosos; - Acréscimo ou diminuições de investimentos avaliados pelo
método de equivalência patrimonial, sem significar que houve vendas ou novas aquisições.

APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO DE FLUXO DE CAIXA

O fluxo de caixa é parte das demonstrações contábeis publicadas pelas empresas. Basicamente, o
relatório de fluxo de caixa deve ser segmentado em três grandes áreas:

I - Atividades Operacionais;
II - Atividades de Investimento;
III - Atividades de Financiamento.

As Atividades Operacionais são explicadas pelas receitas e gastos decorrentes da


industrialização, comercialização ou prestação de serviços da empresa. Estas atividades têm
ligação com o capital circulante líquido da empresa.

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As Atividades de Investimento são os gastos efetuados no Realizável a Longo Prazo ou no


Imobilizado, Investimentos e Intangível, bem como as entradas por venda de ativos dos
respectivos subgrupos de contas.

As Atividades de Financiamento são os recursos obtidos do Passivo Não Circulante e do


Patrimônio Líquido. Devem ser incluídos aqui os empréstimos e financiamentos de curto prazo.
As saídas correspondem à amortização destas dívidas e os valores pagos aos acionistas a título de
dividendos, distribuição de lucros.

MONTAGEM DO FLUXO DE CAIXA

Método Direto

De acordo com o método direto, as informações sobre as principais classes de entradas e saídas de
caixa podem ser obtidas:

1) dos registros contábeis da entidade; ou

2) ajustando as vendas, os custos das vendas e outros itens da demonstração do resultado referentes
a:

(a) mudanças ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a
pagar;
(b) outros itens que não envolvem caixa; e
(c) outros itens cujos efeitos no caixa sejam fluxos de caixa decorrentes das atividades de
financiamento e de investimento.

EXEMPLO DE APRESENTAÇÃO DE DFC PELO MÉTODO DIRETO


(Conforme Pronunciamento CPC 03)

1. Fluxos de caixa das atividades operacionais


(+) Recebimentos de clientes
(-) Pagamentos a fornecedores e empregados
(+) Caixa gerado pelas operações
(-) Juros pagos
(-) Imposto de renda e contribuição social pagos
(-) Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos
(=) Caixa líquido proveniente das atividades operacionais
2. Fluxos de caixa das atividades de investimento
(-) Aquisição da controlada X líquido do caixa incluído na aquisição
(-) Compra de ativo imobilizado
(+) Recebido pela venda de equipamento
(+) Juros recebidos
(+) Dividendos recebidos
(=) Caixa líquido usado nas atividades de investimento
3. Fluxos de caixa das atividades de financiamento
(+) Recebido pela emissão de ações
(+) Recebido por empréstimo a logo prazo
(-) Pagamento de passivo por arrendamento
(-) Dividendos pagos
(=) Caixa líquido usado nas atividades de financiamento

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4. Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa


Caixa e equivalentes de caixa no início do período
Caixa e equivalentes de caixa ao fim do período

EXEMPLO DE APRESENTAÇÃO DE DFC PELO MÉTODO DIRETO


(Conforme FAS 95)

A seguir apresenta-se um outro modelo simplificado de DFC pelo método direto, baseado no
modelo FAS, ou seja, fazendo uma segregação dos tipos de atividades:
1. Das Atividades Operacionais
(+) Recebimentos de Clientes e outros
(-) Pagamentos a Fornecedores
(-) Pagamentos a Funcionários
(-) Recolhimentos ao Governo
(-) Pagamentos a Credores Diversos
2. Das Atividades de Investimentos
(+) Recebimento de Venda de Imobilizado
(-) Aquisição de Ativo Não Circulante
(+) Recebimento de Dividendos
3. Das Atividades de Financiamentos
(+) Novos Empréstimos
(-) Amortização de Empréstimos
(+) Emissão de Debêntures
(+) Integralização de Capital
(-) Pagamento de Dividendos
4. Aumento/Diminuição nas Disponibilidades

Método Indireto

O Método Indireto é aquele pelo qual os recursos provenientes das atividades operacionais são
demonstrados a partir do lucro líquido, ajustado pelos itens considerados nas contas de resultado,
porém sem afetar o caixa da empresa.

O Método Indireto é feito com base nos ajustes do lucro líquido do exercício que se encontra na
Demonstração de Resultado.

Primeiro passo: Os itens operacionais que não usaram dinheiro, mas foram deduzidos como
despesas devem ser acrescentados de volta ao lucro do exercício, como é o caso da depreciação.

Segundo passo: As alterações ocorridas no Capital Circulante Líquido (AC e PC) também
devem ser ajustadas, porque estão relacionadas com as atividades operacionais.

EXEMPLO DE DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA PELO MÉTODO INDIRETO


(CONFORME PRONUNCIAMENTO CPC 03)

1. Fluxos de caixa das atividades operacionais


(+) Lucro líquido antes do imposto de renda e contribuição social
Ajustes por:
(+) Depreciação
(+) Perda cambial

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(-) Renda de investimentos


(+) Despesas de juros
(-) Aumento nas contas a receber de clientes e outros
(+) Diminuição nos estoques
(-) Diminuição nas contas a pagar – fornecedores
(+) Caixa proveniente das operações
(-) Juros pagos
(-) Imposto de renda e contribuição social pagos
(-) Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos
(=) Caixa líquido proveniente das atividades operacionais
2. Fluxos de caixa das atividades de investimento
(-) Aquisição da controlada X menos caixa líquido incluído na aquisição
(-) Compra de ativo imobilizado
(+) Recebimento pela venda de equipamento
(+) Juros recebidos
(+) Dividendos recebidos
(-) Caixa líquido usado nas atividades de investimento
3. Fluxos de caixa das atividades de financiamento
(+) Recebimento pela emissão de ações
(+) Recebimento por empréstimos a longo prazo
(-)Pagamento de obrigação por arrendamento
(-) Dividendos pagos*
(-) Caixa líquido usado nas atividades de financiamento
4. Aumento líquido de caixa e equivalente de caixa
Caixa e equivalente de caixa no início do período
Caixa e equivalente de caixa no fim do período

(*) – Esse valor também pode ser apresentado no fluxo de caixa das atividades operacionais.

OUTRO EXEMPLO:

1. Fluxo de Caixa Operacional Líquido


Lucro Líquido
(-) Aumento de Estoques
(+) Depreciação, Amortização e Exaustão
(-) Aumento de Clientes
(+) Pagamento a Funcionários
(+) Contas a Pagar
(+) Pagamentos de Impostos e Tributos
(+) Aumentos de Fornecedores
2. Das Atividades de Investimentos
(+) Recebimento de Venda de Imobilizado
(-) Aquisição de Ativo Não Circulante
(+) Recebimento de Dividendos
3. Das Atividades de Financiamentos
(+) Novos Empréstimos
(-) Amortização de Empréstimos
(+) Emissão de Debêntures
(+) Integralização de Capital

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(-) Pagamento de Dividendos


4. Aumento/Diminuição nas Disponibilidades

ACRÉSCIMOS NOS ATIVOS OU PASSIVOS

Quando há um aumento nos ativos circulantes (estoques, contas a receber), o raciocínio é que foi
usado dinheiro do caixa, para comprar estoques ou conceder crédito a clientes. De maneira
inversa, se os estoques ou clientes diminuírem é porque a empresa está tendo receita ou
recebimento de clientes.

Nota: os aumentos do Ativo Circulante usam caixa, as diminuições produzem caixa.

Os aumentos do Passivo Circulante têm o efeito oposto sobre o caixa. Quando os fornecedores
concedem créditos, o caixa é liberado para outras atividades. Quando a empresa diminui a conta
de fornecedores, é que ela está usando caixa para solver compromissos.

Nota: os aumentos do Passivo Circulante produzem caixa, as diminuições usam caixa.

Todos estes ajustes fazem parte das atividades operacionais. As demais atividades de
investimento e de financiamento serão elaboradas nos mesmos moldes do Método Direto,
usando-se para tanto os dados do Balanço Patrimonial.

31.6 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL)

A elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é facultativa e, de


acordo com o artigo 186, parágrafo 2º, da Lei das S/A, a demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados poderá ser incluída nesta demonstração.

A DMPL uma demonstração mais completa e abrangente, já que evidencia a movimentação de


todas as contas do patrimônio líquido durante o exercício social, inclusive a formação e
utilização das reservas não derivadas do lucro.

A maioria das companhias opta pela sua elaboração.

MUTAÇÕES NAS CONTAS PATRIMONIAIS

As contas que formam o Patrimônio Líquido podem sofrer variações por inúmeros motivos, tais
como:

1 - Itens que afetam o patrimônio total:

a) acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício;


b) redução por dividendos;
c) acréscimo por reavaliação de ativos;
d) acréscimo por doações e subvenções para investimentos recebidos;
e) acréscimo por subscrição e integralização de capital;
f) acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações
integralizadas ou o preço de emissão das ações sem valor nominal;
g) acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;
h) acréscimo por prêmio recebido na emissão de debêntures;

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i) redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda;


j) acréscimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores.

2 - Itens que não afetam o total do patrimônio:

a) aumento de capital com utilização de lucros e reservas;


b) apropriações do lucro líquido do exercício reduzindo a conta Lucros Acumulados para
formação de reservas, como Reserva Legal, Reserva de Lucros a Realizar, Reserva para
Contingência e outras;
c) reversões de reservas patrimoniais para a conta de Lucros ou Prejuízos acumulados;
d) compensação de Prejuízos com Reservas.

PROCEDIMENTOS A SEREM SEGUIDOS

A elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é relativamente simples,


pois basta representar, de forma sumária e coordenada, a movimentação ocorrida durante o
exercício nas diversas contas do Patrimônio Líquido, isto é, Capital, Reservas de Capital,
Reservas de Lucros, Reservas de Reavaliação, Ações em Tesouraria e Lucros ou Prejuízos
Acumulados.

Deve-se utilizar um papel de trabalho, utilizando uma coluna para cada uma das contas do
patrimônio da empresa e abrindo uma conta total, que representa a soma dos saldos ou
transações de todas as contas individuais. Essa movimentação deve ser extraída das fichas de
razão dessas contas.

As transações e seus valores são transcritos nas colunas respectivas, mas de forma coordenada.
Por exemplo, se temos um aumento de capital com lucros e reservas, na linha correspondente a
essa transação, transcreve-se o acréscimo na coluna de capital pelo valor do aumento e, na
mesma linha, as reduções nas contas de reservas e lucros utilizadas no aumento de capital pelos
valores correspondentes.

31.7 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA)

Valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral medida pela diferença
entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado
recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade.

A DVA é de publicação obrigatória para as sociedades de capital aberto, por força da Lei
11.638/2007, aplicando-se aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2008. O
Pronunciamento Técnico CPC 09 trata dos detalhamentos relativos à DVA.

A riqueza gerada pela empresa, medida no conceito de valor adicionado é calculada a partir da
diferença entre o valor de sua produção e o dos bens produzidos por terceiros utilizados no
processo de produção da empresa.

A Demonstração do Valor Adicionado está estruturada para ser elaborada a partir da


Demonstração do Resultado do período.

A atual e a potencial aplicação do valor adicionado mostram o aspecto econômico e social que o
seu conceito envolve:

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(a) como índice de avaliação do desempenho na geração da riqueza, ao medir a eficiência


da empresa na utilização dos fatores de produção, comparando o valor das saídas com o
valor das entradas, e

(b) como índice de avaliação do desempenho social à medida que demonstra, na


distribuição da riqueza gerada, a participação dos empregados, do Governo, dos Agentes
Financiadores e dos Acionistas.

O valor adicionado demonstra, ainda, a efetiva contribuição da empresa, dentro de uma visão
global de desempenho, para a geração de riqueza da economia na qual está inserida, sendo
resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção.

O valor adicionado constitui-se da receita de venda deduzida dos custos dos recursos adquiridos
de terceiros. É, portanto, o quanto a entidade contribuiu para a formação do Produto Interno
Bruto (PIB) do país.

A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço Social, constitui
desse modo, uma importante fonte de informações à medida que apresenta esse conjunto de
elementos que permitem a análise do desempenho econômico da empresa, evidenciando a
geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.

A NBC TG 09 apresenta 3 modelos de DVA aplicáveis às:

- Empresas em Geral
- Instituições Financeiras Bancárias e
- Seguradoras.

ACRÉSCIMOS DE INFORMAÇÕES

Além das informações contidas nos grupos relacionados no modelo acima, a entidade deve
acrescentar ou detalhar outras linhas na Demonstração do Valor Adicionado quando o montante
e a natureza de um item ou o somatório de itens similares forem de tal magnitude que a
apresentação em separado ajuda na apresentação mais adequada da Demonstração do Valor
Adicionado.

CONCLUSÃO

Pode-se verificar a utilização do critério de cálculo do valor adicionado com base nas vendas, o
que torna mais simples a elaboração da DVA e mais fácil seu entendimento, uma vez que, assim,
o valor adicionado fica relacionado com os princípios contábeis utilizados nas demonstrações
contábeis tradicionais, possibilitando sua conciliação com a demonstração do resultado.

Parte-se, desse modo, das receitas brutas e subtrai-se o valor dos bens adquiridos de terceiros que
foram incorporados ao produto final alienado ou serviço prestado, para que se conheça o valor
efetivamente gerado pela companhia.

Deve-se destacar, ainda, que a depreciação de ativos avaliados pelo custo de aquisição deve ser
subtraída do valor adicionado bruto para se calcular o valor adicionado líquido, não devendo ser
classificados tais valores como retenções do lucro do período.

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31.8 NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A publicação de Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras está prevista no § 4º do artigo


176 da Lei 6.404/1976 (Lei das S/A), adiante transcrito:

"As demonstrações serão complementadas por Notas Explicativas e outros quadros analíticos
ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos
resultados do exercício".

As Notas Explicativas visam fornecer as informações necessárias para esclarecimento da


situação patrimonial, ou seja, de determinada conta, saldo ou transação, ou de valores relativos
aos resultados do exercício, ou para menção de fatos que podem alterar futuramente tal situação
patrimonial, ou ainda, poderá estar relacionada a qualquer outra das Demonstrações Financeiras,
como a Demonstração dos Fluxos de Caixa e dos Lucros ou Prejuízos Acumulados.

NOTAS PREVISTAS PELA LEI

O art. 37 da Lei 11.941/2009 alterou o § 5º, do art. 176 da Lei das S/A, mencionando, sem
esgotar o assunto, as bases gerais e as normas a serem inclusas nas demonstrações financeiras, as
quais deverão indicar:

I - apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das


práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos;
II - divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam
apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras;
III - fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e
consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e
IV - indicar:
a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos
cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou
riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo;
b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes;
c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações;
d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras
responsabilidades eventuais ou contingentes;
e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo;
f) o número, espécies e classes das ações do capital social;
g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;
h) os ajustes de exercícios anteriores; e
i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter,
efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.

A Lei das S/A estabeleceu os casos que deverão ser mencionados em Notas Explicativas; no
entanto, essa menção representa o conceito básico a ser seguido pelas empresas, podendo haver
situações em que sejam necessárias Notas Explicativas adicionais, além das já previstas pela Lei
das S/A.

CIAS. ABERTAS

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Para as companhias abertas, observar as instruções da Orientação Técnica OCPC 07 (aprovada


pela Deliberação CVM 727/2014), emitida pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC,
que trata da evidenciação na divulgação dos relatórios contábil-financeiros de propósito geral,
aplicando-se aos exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de 2014.

NOTA SOBRE OPERAÇÕES OU CONTEXTO OPERACIONAL

Apesar de não prevista pela Lei Societária, pela CVM ou qualquer outro órgão profissional, as
empresas têm divulgado de forma usual, como a primeira das Notas Explicativas com o título
"Operações" ou "Contexto Operacional" cujo conteúdo faz menção ao ramo de atividade
explorado, base de operação e mercado que atua e qual o estágio do empreendimento se estiver
em implantação ou se estiver em expansão.

Tais informações são importantes para que os analistas e demais usuários das demonstrações
financeiras possam melhor avaliar a situação da empresa e os seus resultados, bem como julgar
da razoabilidade de índices de rentabilidade e liquidez.

MODELO DE NOTAS EXPLICATIVAS

CIA. EXEMPLO

CURITIBA – PR

NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


DE 31 DE DEZEMBRO DE 2XX1 (Valores em R$ 1)

NOTA 1. CONTEXTO OPERACIONAL


A empresa tem por objeto social (descrever o objeto social contido no contrato ou
estatuto social)

NOTA 2. APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


As demonstrações contábeis foram elaboradas em observância aos Princípios Fundamentais de
Contabilidade e em conformidade com as diretrizes da Lei n.º 6.404/76 - Lei das Sociedades por
Ações, e estão sendo apresentadas em milhares de reais de forma comparativa com as
demonstrações do exercício anterior.
Os efeitos inflacionários são reconhecidos através da atualização monetária dos ativos e passivos,
sujeitos à indexação ou variação cambial, e estão refletidos no resultado do exercício.

NOTA 3. PRINCIPAIS PRÁTICAS CONTÁBEIS

Dentre os principais procedimentos adotados para a preparação das demonstrações


contábeis ressaltamos:

a) Apuração do Resultado
As receitas, despesas e provisões são escrituradas pelo regime de competência,
observando-se o critério “pró-rata-dia”.
As operações com taxas prefixadas são registradas pelo valor de resgate. As
operações com taxas pós-fixadas estão atualizadas até a data do balanço.

b) Aplicações de liquidez não imediata

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Estão demonstradas pelo custo de aplicação, acrescidas dos rendimentos


correspondentes, apropriados até a data do balanço.

c) Adiantamento a fornecedores
Estão demonstrados pelo valor nominal do desembolso.

d) Despesas antecipadas
Referem-se, basicamente, a prêmios de seguros a apropriar e estão demonstradas
pelos valores despendidos, deduzidas das parcelas apropriadas até a data do
balanço pelo critério pro-rata-temporis.

e) Imobilizado
Está demonstrado ao custo de aquisição, ajustado por depreciações acumuladas,
calculadas pelo método linear, às taxas estabelecidas em função do tempo de
vida útil, fixado por espécie de bens, conforme segue:

Móveis e Utensílios 10 % a.a.


Sistema de Comunicação 10 % a.a.
Equipamentos de Processamento de Dados 20 % a.a.
Veículos 20 % a.a.

f) Passivo Circulante
As obrigações e encargos são apresentados pelos valores conhecidos ou
calculáveis, acrescidos, quando aplicáveis, das correspondentes atualizações
incorridas.

g) Provisão para Imposto de Renda


Não foi constituída devido à apuração de prejuízo contábil e fiscal no exercício.

h) Provisão de Férias
Está constituída em montante suficiente para fazer frente às obrigações com
funcionários, por conta de férias vencidas e proporcionais, acrescida dos
correspondentes encargos sociais.

NOTA 4. IMOBILIZADO
A seguir, demonstramos as contas que compõem esta rubrica:
Descrição R$
Móveis/Utensílios/Equipamentos 15.000
Sistema de Comunicação 26.000
Equipamentos de Processamento de Dados 60.000
Veículos 1.000
Depreciação acumulada ( 28.000)
Totais 75.000

NOTA 5. INTANGÍVEIS
A seguir, demonstramos as contas que compõem esta rubrica:

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Descrição R$
Marcas 40.000
Patentes Industriais 100.000
Amortização Acumulada (12.000)
Totais 128.000

NOTA 6. OBRIGAÇÕES A LONGO PRAZO


Referem-se às obrigações vincendas após o término do exercício seguinte ao balanço
e estão demonstradas pelos seus valores originais contratados, incluindo, quando
aplicável, correção, variação monetária e juros. Os detalhes identificativos destas
aplicações, incluindo as garantias prestadas, discriminam-se como segue:

I – OBRIGAÇÕES:

a) instituições financeiras
Valor do principal: R$ 1.000.000
Juros de: 6% a.a. acima da TJLP
Vencimento inicial: 15/out./2XX0
Vencimento final: 15/jul./2XX7
b) Tributos e Contribuições em Demandas Judiciais:
Referem-se aos créditos tributários do COFINS, compensados com as
contribuições devidas, os quais estão sendo discutidos judicialmente.

II – GARANTIAS

- Avais dos diretores


- Hipoteca de Imóvel – R$ 1.500.000

NOTA 7. TRANSAÇÕES ENTRE PARTES RELACIONADAS

Síntese das principais operações:

Descrição R$

Obrigações por contratos de mútuos 150.000

Despesas Financeiras 13.000

Os mútuos foram pactuados em condições e taxas compatíveis com o mercado


financeiro.

NOTA 8. CAPITAL SOCIAL

Pertence inteiramente a acionistas domiciliados no País, está composto por 1.000.000


(um milhão) ações ordinárias e 2.000.000 (dois milhões) ações preferenciais, todas
nominativas e no valor nominal de R$ 1,00 (um real) cada uma.

As ações preferenciais, que não tem direito ao voto na Assembleia Geral, gozam de
prioridade no reembolso de capital, sem prêmio, outrossim, é assegurado às ações

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preferenciais o pagamento de um percentual de 10% (dez por cento) acima dos


dividendos pagos às ações ordinárias.

Aos acionistas é assegurado um dividendo mínimo correspondente a 25% do lucro


líquido ajustado, nos termos da Lei das Sociedades por Ações e do Estatuto Social.

NOTA 9. AJUSTE DE EXERCÍCIOS ANTERIORES

Registra o lançamento de despesa operacional imputável ao exercício anterior e não


atribuível a fatos subsequentes, nos termos do artigo 186, parágrafo 1º, da Lei
6.404/76, os quais descrevemos a seguir:

Especificação dos Ajustes R$

Complemento de notas fiscais de fornecedores 35.000


Ajustes de despesas com adiantamentos a fornecedores (15.000)
Ajustes de Contingência Tributária (100.000)
Duplicatas a Receber (30.000)
TOTAL (110.000)

NOTA 10. GARANTIAS E SEGUROS

Destacamos, a seguir, a posição dos principais seguros mantidos pela empresa na data de
encerramento do exercício social:

Objeto Modalidade Importância


Segurada R$

Garantia do contrato de concessão Seguro Garantia 100.00


Obras civis em construção Riscos Civis 80.000
Danos materiais e pessoais Automóvel 50.000

CARTA DE RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO

Deverá ser obtida pelo profissional da Contabilidade, anualmente, a Carta de Responsabilidade


da Administração para o encerramento do exercício contábil.

Desta forma, a assinatura das demonstrações contábeis fica vinculada à entrega da Carta de
Responsabilidade da Administração.

O profissional deverá comunicar ao CRC de seu domicílio profissional a recusa da entrega da


Carta de Responsabilidade da Administração por parte da empresa.

A exigência em contrato para entrega da Carta de Responsabilidade da Administração será


obrigatória somente nos contratos de novos clientes, ou quando da renovação dos contratos
antigos, a partir de 13.12.2013, data da publicação da Resolução CFC 1.457/2013 (que prevê a
obrigatoriedade da referida Carta).

Veja um modelo de Carta de Responsabilidade da Administração.

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GUARDA DE DOCUMENTOS DIGITAIS

Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes de lançamentos neles


efetuados podem ser armazenados em meio eletrônico, óptico ou equivalente.

O documento digital e sua reprodução terão o mesmo valor probatório do documento original
para fins de prova perante a autoridade administrativa em procedimentos de fiscalização,
observados os critérios de integridade e autenticidade estabelecidos pelo art. 2º-A da Lei
12.682/2012, e pelo art. 1º da Medida Provisória 2.200-2/2001.

Os documentos originais poderão ser destruídos depois de digitalizados, ressalvados os


documentos de valor histórico, cuja preservação é sujeita a legislação específica.

Os documentos armazenados em meio eletrônico, óptico ou equivalente poderão ser eliminados


depois de transcorrido o prazo de prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a
que eles se referem.

Base: ADI RFB 04/2019.

Sugestões e apreciações: os leitores que desejarem remeter comentários sobre o conteúdo desta
obra poderão fazê-lo através de nossa central de atendimento.

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