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Gestão da empresa agrícola / 2889

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V.1 – 2019

Índice
1. GESTÃO AGRÍCOLA ................................................................................................................................... 4
1.1 OBJETIVOS COMO FERRAMENTA DE GESTÃO/CICLO DE GESTÃO ............................................................................ 4
1.2 EMPRESA AGRÍCOLA .................................................................................................................................. 5
1.3 CENTRO DE ANÁLISE OU RESPONSABILIDADE ................................................................................................... 5
1.4 ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS ........................................................................................................................ 5
1.5 ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIO ........................................................................................................................... 6
2. FATORES DE PRODUÇÃO .......................................................................................................................... 6
2.1 IDENTIFICAÇÃO DOS FATORES DE PRODUÇÃO DE UMA EMPRESA AGRÍCOLA ............................................................. 6
3. CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS E PROVEITOS ................................................................................................ 7
3.1 PROVEITOS .............................................................................................................................................. 7
3.2 CUSTO .................................................................................................................................................... 8
3.3 CUSTO TOTAL E CUSTO UNITÁRIO .................................................................................................................. 9
3.4 CUSTO AFUNDADO .................................................................................................................................... 9
4. CICLOS ECONÓMICOS, FINANCEIROS E DE TESOURARIA .......................................................................... 9
4.1 REALIDADE ECONÓMICA, FINANCEIRA E DE TESOURARIA ..................................................................................... 9
4.2 UTILIDADE ............................................................................................................................................. 10 2
5. MÉTODOS E TÉCNICAS DE CUSTEIO ........................................................................................................ 11
5.1 SISTEMA DE CUSTEIO ................................................................................................................................ 11
5.2 MÉTODOS CONTABILÍSTICOS ...................................................................................................................... 11
6. INDICADORES DE RENDIMENTOS E LIMIARES......................................................................................... 12
6.1 RESULTADOS ECONÓMICOS DA ATIVIDADE .................................................................................................... 13
6.2 MARGEM TOTAL E UNITÁRIA ...................................................................................................................... 13
6.3 LIMIARES DE RENDIBILIDADE E DE ENCERRAMENTO ......................................................................................... 14
6.4 ORÇAMENTO DE SUBSTITUIÇÃO .................................................................................................................. 14
6.5 FATORES CRÍTICOS ................................................................................................................................... 15
7. FERRAMENTAS DE CONTROLO ............................................................................................................... 15
7.1 PLANO OU ORÇAMENTO DE TESOURARIA ...................................................................................................... 15
7.2 SERVIÇO DE DIVIDA A CURTO PRAZO ............................................................................................................ 16
7.3 GESTÃO DO RISCO ................................................................................................................................... 16
7.4 GESTÃO POR COMPARAÇÃO....................................................................................................................... 16
8. BIBLIOGRAFIA/WEBGRAFIA .................................................................................................................... 17
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1. Gestão agrícola
1.1 Objetivos como ferramenta de gestão/ciclo de gestão

A gestão é um conjunto de processos e técnicas que permitem ao empresário agrícola refletir economicamente
sobre a sua empresa, tomar decisões e desenvolver as ações tendentes ao racional aproveitamento dos
recursos disponíveis, à sua rentabilização e à melhoria do resultado económico.

Geralmente existe uma tendência para considerar que a empresa agrícola deve ser essencialmente encarada do
ponto de vista técnico. Sendo a produção de produtos agrícolas e pecuários o seu objetivo, entende-se muitas
vezes que o resultado da empresa será tanto melhor quanto mais ela produzir. Neste sentido apenas terá
interesse melhorar a empresa do ponto de vista técnico, pois que conseguido isso, ela estará no bom caminho e
obterá bons resultados.

O planeamento de uma empresa implica a elaboração prévia de um projeto agrícola técnica e economicamente
viável, para que os resultados permitam condições dignas de subsistência.

A Empresa agrícola constitui a unidade base de produção do Sector Agrícola. Tem como objetivo alcançar de um
modo regular um certo resultado económico, desenvolve a sua atividade de uma forma autónoma, procurando
tirar o máximo partido dos fatores de produção de que dispõe, trabalho, terra e capital, consumindo, por um
lado, bens e serviços e produzindo, por outro, novos bens e serviços.

Podemos dizer que a empresa é uma cadeia de sucessos económicos, de aquisição de bens e serviços,
transformando-os em produtos finais (as sementes, os adubos, o gasóleo e o trabalho transformam-se em
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colheitas), e a comercialização dos produtos para iniciar novamente o ciclo de produção.

O valor dinâmico da empresa é dado pela expectativa de ganho, ou seja, pelos benefícios que se esperam obter
da empresa ao longo dos sucessivos anos.

A necessidade de consumir e produzir leva a empresa a estabelecer relações com outras entidades tanto a nível
social e técnico, como financeiro e económico.

No que diz respeito a estes dois últimos, as relações com o meio exterior traduzem-se, por um lado, na compra
(entrada) de adubos, sementes, rações, etc., destinados a obter as produções esperadas, e por outro, numa
contrapartida em sentido inverso correspondente ao pagamento em moeda (saída) do valor daqueles bens e
serviços.

Em oposição, as produções obtidas na empresa e que são vendidas ao exterior (saída) originam como
contrapartida um recebimento em moeda (entrada), equivalente ao valor daquelas produções.

As relações da empresa com o exterior e os movimentos internos efetuados originam dois tipos de fluxos, um
de natureza financeira, correspondente à entrada e saída de moeda, e outro real ou efetivo, correspondente à
entrada e saída de mercadorias, matérias, serviços e produções.

A empresa agrícola apresenta, entre outros objetivos, os seguintes:

 produção ou técnica, relativa ao conjunto de tecnologias aplicadas e à sua execução para obtenção
das produções;
 aprovisionamento ou de compras, relativa a todo o tipo de aquisição de bens;
 comercialização, relativa a todo o tipo de vendas de produtos da empresa;
 financeira, relativa ao financiamento da atividade da empresa (empréstimos, recebimentos,
pagamentos, etc.);
 administração, relativa à coordenação de todas as anteriores funções, à contabilidade, bem como
à gestão da empresa.

EMPRESA

COMPRA DE BENS E VENDA DE BENS E PAGAMENTO/


SERVIÇOS SERVIÇOS RECEBIMENTO

1.2 Empresa Agrícola

Empresa agrícola é uma unidade ou organismo no seio do qual o respetivo responsável - o empresário agrícola -
utilizando recursos limitados em trabalho e capital, toma decisões necessárias à prática de um sistema de
produção, com o objetivo de alcançar determinados resultados económicos.
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As empresas podem ser do tipo familiar ou patronal, caracterizando-se, o primeiro tipo, por o trabalho
executivo ser efetuado pelos membros da família, que não usufruem de salário certo, o trabalho diretivo
(empresário) ser da responsabilidade do próprio chefe da família e a receita líquida da empresa ser a única fonte
de rendimento. Nas empresas do tipo patronal o trabalho executivo e diretivo são assegurados por pessoal
assalariado, sendo o capital representado pelo empresário.

1.3 Centro de análise ou responsabilidade

Corresponde a uma unidade de uma organização, chefiada por um gestor que é responsável pelas suas atividades.
Cada uma das parcelas de custo pode ser afetada a um determinado centro de análise o mesmo acontecendo com
os proveitos. Estes centros de análise são muitas vezes designados por Centros de Responsabilidade e dividem-se
em três:
 Centros de custos
 Centros de resultados
 Centros de investimento

1.4 Estratégias empresariais

Atendendo ao conjunto de tarefas alternativas, uma empresa pode escolher entre caminhos distintos ou
estratégias empresariais. Especialização ou Diversificação.

Especialização Diversificação

Vantagem Desvantagem Vantagem Desvantagem

Redução dos custos Vulnerabilidade Diminuição do risco Diminuição de


unitários rendimentos

Aumento de Baixo nº de clientes Amplitude de mercado Obriga a maior


conhecimento conhecimento técnico

1.5 Estratégias de negócio

A grande maioria das empresas agrorurais operam em mercados concorrenciais, isto é, coexiste com outras
entidades que produzem produtos ou serviços concorrentes e substitutos.
Perante este clima competitivo as empresas podem optar, em cada um dos seus negócios ou produtos, por dois
posicionamentos distintos ou estratégias competitivas básicas: a diferenciação e a liderança de custos.
Um produto diferenciado é um produto com menor concorrência (não há produtos semelhantes). Esta
característica é importante na medida em que permite ao produtor um maior controlo sobre o preço.

2. Fatores de produção

Assim designados aos elementos de produção – Capital; Empresário e Trabalho.

Terras
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Plantações
Capital Fundiário
Construções
Melhoramentos e Benfeitorias
Fixo Vivo Gado
Máquinas
Fixo Inanimado
Alfaias
Capital
Dinheiro
Exploração
Cheques
Circulante
Letras a Receber
Armazenamentos, etc…
A combinação destes fatores de produção, com uma certa organização, origina produções e encargos, ou seja,
receitas e despesas, proporcionando ao agricultor um resultado da exploração no fim do ato produtivo, também
designado por exercício.

2.1 Identificação dos fatores de produção de uma empresa agrícola

Capital Fundiário
 Construções
São benfeitorias que englobam quer os alojamentos para os trabalhadores, quer escritórios, armazéns, vacarias,
pocilgas, ovis, lagares, adegas, nitreiras, silos, fossas, caminhos rurais, estufas, cercas, canalizações de água, obras
exteriores de eletrificação, etc.
 Plantações ou culturas permanentes
Incluem-se todas as culturas de características agrícolas ou florestais, com duração, no terreno, superior a um ano,
como sejam pomares, vinhas, prados, matas, etc.

Capital de exploração
 Capital de exploração fixo
São os bens de produção duráveis, isto é, que desempenham ou podem desempenhar as funções para que foram
adquiridos durante mais do que um exercício,
 Capital de Exploração Fixo Vivo - gado de trabalho e reprodutores.
 Capital de Exploração Fixo Inanimado - máquinas, alfaias e ferramentas.

 Capital de exploração circulante


 Capital de Exploração Circulante Aprovisionamentos (existências em armazém);
 Capital de Exploração Circulante Cativo (avanços às culturas e Culturas em produção);
 Capital de Exploração Circulante de Maneio (dinheiro disponível).

Capital de exploração circulante aprovisionamentos


São os fatores de produção consumíveis, quer adquiridos ao exterior, quer produzidos na empresa (sementes,
adubos, pesticidas, carburantes, forragens).

Capital de exploração circulante cativo


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É a parte do Capital Circulante que não está disponível durante um período de tempo não muito longo. É o capital
aplicado nas produções em curso que será recuperado quando da colheita e venda.

Capital de exploração circulante de maneio


Corresponde a duas situações:
 por um lado, ao dinheiro (moeda) em caixa ou no banco;
 as produções realizadas e que aguardam venda ou troca por outros bens e serviços

3. Classificação de custos e proveitos

3.1 Proveitos

Ao documento que descreve todos os custos e proveitos ocorridos numa empresa ao longo de um determinado
período de tempo, evidenciando o lucro ou o prejuízo obtido, chamamos Demonstração de Resultados.

O resultado obtido por uma empresa, ao longo de um determinado período de atividade, não é mais do que a
diferença entre o valor de todos os proveitos obtidos e o valor de todos os custos suportados.
Resultado = Proveitos – Custos
Proveitos > Custos => Resultado positivo ou lucro
Proveitos = Custos => Resultado nulo
Proveitos < Custos => Resultado negativo ou prejuízo

Exemplos de proveitos: Vendas, juros recebidos, rendas recebidas, ...


Exemplos de custos: Custo da mercadoria vendida, salários, consumo de água, eletricidade e telefone, juros pagos,
rendas pagas, impostos pagos

Demonstração de Resultados
Custos Proveitos
Resultado

Por definição de resultado a soma de todos os custos com esse resultado tem que igualar a soma de todos os
proveitos.
De acordo com a sua natureza podem-se classificar os custos e proveitos em:
 Operacionais: decorrem da atividade principal da empresa;
 Financeiros: decorrem das opções financeiras tomadas pela empresa;
 Extraordinários: são originados pelos factos patrimoniais extraordinários.

O proveito corresponde à criação de um bem ou recurso, associado a um período de tempo.

3.2 Custo

Sacrifício de todo ou parte de um determinado recurso.

O esquema que se apresenta ao lado, retrata sumariamente a


atividade da empresa e ajuda a distinguir alguns deles. 8
Como vimos, o Custo (ou Encargo) é igualmente associado a um
período, o custo corresponde ao sacrifício (ou uso efetivo) parcial ou
total de um recurso.

Classificação dos custos por NATUREZA (EXEMPLOS)

1. Matérias primas e subsidiárias


1.1. Sementes plantas
1.2. Fitofármacos
1.3. Fertilizantes e Corretivos
1.3.1. Adubos
1.4. Água
2. Eletricidade
3. Combustíveis
3.1. Gasolina

Esta classificação por natureza pode ser mais ou menos pormenorizada, devendo ter-se sempre em atenção que
um excesso de pormenor na classificação tem sempre custos acrescidos.

Classificação por RELAÇÕES CUSTO-VOLUME: custos fixos e custos variáveis

É fundamental saber distinguir os custos fixos e os custos variáveis porque, no curto prazo, a gestão só tem
capacidade efetiva para influenciar os custos variáveis, uma vez que os custos fixos, na sua maioria, se encontram
associados a decisões de longo prazo (tal como a realização de investimentos). No longo prazo, todos os custos da
empresa são variáveis.
 Custo Fixo – parcela de custo que não se altera com a variação dos níveis de produção (aplica se a recursos
cuja quantidade não se altera ao longo do ano).
 Custo Variável – parcela de custo que varia à medida que varia o nível de produção (aplica-se a recursos
cujas quantidades podem ser alteradas ao longo do período). Costuma-se dizer que, ao contrário dos
anteriores, os Custos Variáveis dependem da natureza, da dimensão e da intensidade das atividades.

Sintese da classificação

Total Degressivo

Variável Progressivo

Custos Conjuntos Proporcional

Diretos

Indiretos
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3.3 Custo total e custo unitário

 Custo total - Conjunto de custos fixos e variáveis ou custos reais e atribuídos ou custos específicos e não
específicos.
 Quando falamos em custos unitários, verificamos que os custos fixos por unidade produzida vão
diminuindo à medida que se aumenta a quantidade produzida, enquanto os custos variáveis por unidade
produzida se mantêm constantes (se forem proporcionais) qualquer que seja a quantidade produzida.

3.4 Custo afundado

Custos realizados até ao momento de uma determinada tomada de decisão e que são indiferentes no apoio a essa
mesma tomada de decisão. Num qualquer momento do tempo, o agricultor deverá decidir de acordo com os
custos resultantes dessa decisão e nunca com base nos custos já realizados até essa data. A este tipo último de
custos, neste contexto, atribui-se a designação de custos afundados.

Desta forma, os custos e os proveitos correspondem a factos económicos, enquanto que as despesas e receitas se
referem a factos financeiros.

4. Ciclos económicos, financeiros e de tesouraria

4.1 Realidade económica, financeira e de tesouraria

Para o sucesso de uma empresa agrícola é necessário ponderar três realidades distintas mas interligadas, são elas:
 Fluxos económicos
Os fluxos económicos são classificados em custos e proveitos. O termo custo refere-se ao sacrifício total ou parcial
de um recurso no decurso de uma atividade económica, ao passo que proveito diz respeito à criação de um bem ou
recurso.
 Realidade financeira
A realidade financeira diz respeito à análise do ativo e do passivo no balanço de uma empresa. Por ativo entende-
se os valores que uma empresa possui ou que tem direito a receber, enquanto passivo se refere aos valores que
uma empresa deve pagar, como sejam dívidas, obrigações, responsabilidades, etc. Alterações no ativo e no passivo
de uma empresa são feitas através de fluxos financeiros.
 Fluxos financeiros
Os Fluxos financeiros são classificados em receitas e despesas.
 Uma Receita refere-se ao momento em que é criado o direito de receber. Corresponde
à emissão de uma fatura. É um direito que normalmente ocorre com o fluxo real de
saída de produtos da empresa para o cliente, mas não tem necessariamente que
corresponder a um fluxo de numerário.
 Uma Despesa é uma obrigação de pagar associada a um período de tempo definido e a
fluxos reais de fatores de produção. Ocorre normalmente quando nos é passada uma
fatura.
 Realidade de tesouraria
A realidade de tesouraria diz respeito à análise do plano de tesouraria e do respetivo resultado, saldo de
tesouraria. Estes indicadores económicos são obtidos a partir da organização de fluxos monetários conhecidos por
fluxos de tesouraria. 10
 Fluxos de tesouraria
Os Fluxos de tesouraria são classificados em pagamentos e recebimentos.
 Pagamento é um fluxo monetário que corresponde a uma despesa já incorrida,
eliminando a obrigação criada por essa mesma despesa.
 Recebimento é um fluxo monetário que corresponde a uma receita já incorrida,
eliminando a obrigação do cliente criada por essa mesma receita.

4.2 Utilidade

O termo utilidade aplicado à economia ou gestão, serve para classificar escolhas e decisões de acordo com o que
trará um maior bem-estar. Associado ao conceito de utilidade estão outros dois conceitos:
 Juro de empate de Capital
Juro de empate de capital - seja ele fundiário ou de exploração fixo ou circulante - refere-se aos proveitos que se
poderiam obter na melhor aplicação alternativa do valor desse capital. Poder-se-á também dizer que a utilização
do capital na exploração deverá produzir mais proveitos que aqueles que seriam produzidos numa utilização
alternativa. Neste caso, a exploração produz um resultado positivo. Isto é, os proveitos da exploração deverão
cobrir o custo de oportunidade (normalmente calculado com base numa taxa de juro), ou seja, compensar a perda
de oportunidade de investir o capital numa utilização alternativa.
 Custo de oportunidade
O conceito de custo de oportunidade pode ser aplicado aos restantes fatores de produção. No que respeita a mão-
de-obra familiar, o facto de se trabalhar numa exploração agrícola impede o ganho de um salário pago por uma
entidade empregadora (seja na agricultura, na industria ou em serviços). Uma exploração com resultados positivos
é uma exploração capaz de compensar a perda desse salário alternativo remunerando a mão-de-obra de modo
pelo menos equivalente.

5. Métodos e técnicas de custeio

5.1 Sistema de custeio

Conjunto de procedimentos que determinam a forma como é efetuado o apuramento dos preços de transferência
e consequentemente o resultado de cada atividade.
 Preço de transferência
O preço de transferência é valor atribuído a um produto que é produzido numa atividade (por exemplo, uva) e
utilizado numa outra atividade (por exemplo, vinificação).
Os sistemas de custeio podem ser Reais ou Teóricos. Nos sistema de custeio real os preços de transferência são
calculados com base em custos reais. Nos sistema de custeio teórico os preços de transferência não são obtidos
com base nos dados da exploração, mas com base em dados externos.

5.2 Métodos contabilísticos

Existem três grandes métodos contabilísticos:


 Método tradicional
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O Método Tradicional caracteriza-se pela distribuição dos custos indiretos pelas unidades produzidas com base
numa medida temporal ou de volume. Este método também pode ser aplicado em valores, ou seja não exigindo a
recolha de informação de campo.

 Método das secções homogéneas


O método das secções homogéneas implica a divisão ou seccionamento da empresa em centros de
responsabilidade. Conhecendo as diferentes áreas que estão na esfera de decisão do gestor, podem definir-se
diferentes Centros de Análise que interessa individualizar. As secções dependem da sensibilidade do gestor. Poderá
existir apenas um centro de custo para custos não
específicos, sendo os restantes imputados
diretamente aos centros de resultados, ou mais secções
de acordo com os sistema de custeio utilizados para os
preços de transferência dos fatores de produção (ver
sistema de custeio), as funções desempenhadas pelos
fatores, ou as unidades de medida utilizadas.

 Método das operações


O método das operações permite determinar quais os custos indiretos a imputar a um produto ou serviço
consoante o tipo de operações a que se referem. Os sistemas tradicionais de contabilidade analítica repartem
proporcionalmente os custos indiretos segundo critérios como a quantidade de produto, o valor do produto ou
mesmo a área ocupada por cada centro de análise. Segundo o método das operações os critérios de repartição
destes custos diferem consoante o tipo de operação.

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Comparações entre os diferentes métodos

Método tradicional Método das operações Método das secções

 mais limitado  não haver necessidade de  Possibilita características dos


 origina imputações incorretas utilização de critérios de métodos anteriores
 não permite qualquer análise imputação não reais permite
técnica identificar, de entre o conjunto
 Possibilita “enganos” entre de atividades desenvolvidas na
custos diretos e indiretos empresa

6. Indicadores de rendimentos e limiares


6.1 Resultados económicos da atividade

Os resultados económicos de atividade estão dependentes do método contabilístico, do sistema custeio e do


método de valorização utilizados. Os resultados de atividade, tal como são aqui apresentados, dizem respeito aos
obtidos através de métodos contabilísticos com uma ótica de valor acrescentado e não com uma ótica de custos de
produção:

 Valor acrescentado
Valor acrescentado é o valor que se adiciona aos fatores de produção utilizados no decorrer de uma atividade.
Preocupa-se com a diferença entre a totalidade proveitos (por exemplo, grão mais palha) e o custos de uma
atividade.
 Custo de produção
O Custo de produção tenta para cada produto (apenas grão ou apenas palha) saber o seu custo de produção. É à
primeira vista bastante atraente para a maioria dos gestores, pois permite-lhe comparar o custo de produção com
o preço de venda dos produtos no mercado. O seu interesse é, no entanto, limitado uma vez que o agricultor não
tem qualquer influência no preço de mercado e sobretudo por implicar distribuições não reais dos fatores de
produção, produzindo por vezes resultados com pouco significado.
Os resultados económicos de atividade são então obtidos pela diferença entre a totalidade de proveitos e os custos
específicos da atividade.
 Margem Bruta 13

Margem Bruta é a diferença entre o total de proveitos associados a uma atividade e a totalidade de custos
variáveis que lhe estão associados. A margem bruta de uma atividade é o indicador de viabilidade de curto prazo
da atividade. Se a margem bruta for negativa a atividade não consegue cobrir os custos variáveis com os proveitos
que produz. Neste caso o modo de produção deve ser imediatamente reformulado ou a atividade deverá ser
extinta.
 Margem de contribuição
Margem de Contribuição é a diferença entre o total de proveitos e a totalidade de custos específicos de uma
atividade. A margem de contribuição de uma atividade é o indicador de viabilidade de longo prazo da atividade. Se
a margem de contribuição for negativa, a atividade não remunera convenientemente a totalidade dos fatores de
produção utilizados. Margem de contribuição positiva significa, pelo contrário, por exemplo, que a parte das
amortizações de equipamento imputadas à atividade é coberta e que por isso a atividade é capaz de gerar o
suficiente para assegurar a renovação desse equipamento, para além de cobrir todos os custos variáveis. É por isso
uma atividade sustentável no longo prazo.
 Resultado da exploração
Assim como se calculam resultados finais para cada atividade também se calcula o resultado económico da
exploração. A exploração conta ainda com um resultado final em que aos proveitos não são apenas deduzidos os
custos específicos (margem de contribuição), mas a totalidade de custos, dando conta da capacidade das
atividades produtivas para fazer face aos custos gerais da exploração.

6.2 Margem total e unitária

 Margem total
Margem total é a diferença entre proveitos e custos de uma atividade de acordo com o descrito em resultados
económicos de atividade.
 Margem unitária
A Margem unitária resultado da divisão da margem total por uma quantidade, dependendo dos objetivos de
análise. Poderá ser margem unitária para a unidade de produto obtida (por exemplo por cabeça de animal) ou por
unidade fator de produção utilizada (por exemplo por hectare de terra cultivada). O cálculo de margens unitárias é
da maior importância uma vez que é o que possibilita análises com significado. A margem por unidade de produto
obtido (por exemplo por cabeça) permite comparar duas atividades com quantidades obtidas diferentes (manadas
com diferentes número de animais, produtividades e preços de venda de carne, mas custos por cabeça
aproximados). A margem obtida por unidade de fator de produção é ainda mais interessante uma vez que permite
comparar o valor acrescentado por cada atividade a cada unidade de fator utilizada (por exemplo hectare ou hora
de trabalho).

6.3 Limiares de rendibilidade e de encerramento

A noção de limiar de encerramento está intimamente ligada à noção de margem bruta ao passo que a de limiar de
rendibilidade está relacionada com margem de contribuição.
 Limiar de rendibilidade é o preço ou quantidade de produto mínimos capazes de igualar os custos totais
de uma atividade.
 Pode ser obtido de duas formas: a quantidade mínima de produção, a um dado
preço, a partir da qual os proveitos cobrem a totalidade dos custos, ou o preço
mínimo a que uma determinada quantidade de produção terá de ser vendida para
que sejam cobertos todos os custos.
 É a partir do conhecimento da forma como os custos variam à medida que varia a
quantidade de produto que é possível efetuar a chamada análise de limiar de 14
rendibilidade.
Uma atividade no limiar de rendibilidade apresenta margem de contribuição igual a zero (total de proveitos = total
de custos).
 No limiar de encerramento em vez de se considerar os custos totais são apenas utilizados os custos
variáveis.
 Mais uma vez, este limiar pode ser definido em termos de volume de produção ou
de preço dessa mesma produção. E consiste em calcular qual o valor da produção
(fazendo variar a quantidade ou o preço) de modo a igualar os custos variáveis.
Uma atividade no limiar de encerramento apresenta margem bruta igual a zero (total de proveitos = custos
variáveis).

6.4 Orçamento de substituição

Os orçamentos parciais podem ter como objetivo perceber até que ponto é economicamente vantajosa, no âmbito
do sistema de produção atual de uma empresa, a substituição de uma atividade por outra. Quando as diferenças
ao nível dos recursos necessários são maiores, este tipo de orçamento já não será o mais conveniente para o
efeito, uma vez que provavelmente a substituição entre atividades envolverá questões ligadas à realização de
investimentos (que não devem ser analisadas numa perspetiva anual) e, provavelmente, níveis de risco (técnico,
financeiro e de mercado) substancialmente diferentes.
Na prática, estes orçamentos deverão ter a preocupação de caracterizar as “diferenças” entre as duas atividades:
quer ao nível dos benefícios quer ao nível dos custos. Normalmente são estruturados do modo como é
exemplificado para a substituição de milho para grão por milho para silagem:
Custos da substituição (€) Benefícios da substituição (€)
Encargos a mais Encargos a menos
(nova atividade) (atividade a substituir)
Nenhum – colheita - Rega no período final 380
realizada pelo
comprador
Colheita 2 500
Transporte 2 469
Secagem 4 012
Total 0 Total 9 361
Proveitos a menos Proveitos a mais
(atividade a substituir) (nova atividade)
Valor do grão 41 644 Valor da biomassa 37 500
Total 41 644 Total 37 500
Benefício resultante da substituição (benefícios menos custos) =
9 361 + 37 500 – 0 – 41 644 = 5217 €

Benefício da substituição
Benefício da substituição é o aumento causado no resultado económico da empresa pela substituição de
atividades. 15

6.5 Fatores críticos

Entende-se por fatores críticos todos os fatores de produção cujas alterações nos custos (ou produtos cuja
alteração nos proveitos) produzam alterações de grande escala nos resultados de empresa. Se a mão-de-obra
representar 60% dos custos uma empresa, é com certeza um fator crítico, uma vez que mesmo pequenas
alterações no tempo contratado ou no seu custo unitário deverão causar grandes alterações nos resultados da
empresa.

7. Ferramentas de controlo

7.1 Plano ou orçamento de tesouraria

Plano ou orçamento de tesouraria é um quadro onde são confrontados os recebimentos com os pagamentos
previstos de uma empresa, no mesmo período de tempo.
O plano de tesouraria difere em objetivos do balanço e dos resultados económicos da empresa. A tesouraria é um
sistema aberto no tempo, o saldo final de um período influencia os saldos do período seguinte e
consequentemente as suas necessidades de tesouraria. Daí a necessidade de transitar o saldo de tesouraria
(montante monetário disponível) final do período anterior para o início do período em análise e o saldo final do
período em análise para o período seguinte.
7.2 Serviço de divida a curto prazo

Refere-se ao pagamento do capital obtido por empréstimo de curto prazo e do respetivo custo de financiamento.
Empréstimos de curto prazo são contraídos não para investimento, mas para assegurar a viabilidade de tesouraria
da exploração em períodos de necessidade de tesouraria.
A dívida contraída nestes empréstimos é geralmente saldada num prazo máximo de um ano, num processo de
serviço de dívida a curto prazo.
Amortização do empréstimo é o processo de pagamento do capital obtido por empréstimo é chamado de
amortização do empréstimo. Difere no entanto do conceito de amortização de capital já introduzido. Enquanto o
conceito de amortização do ponto de vista económico se refere ao custo de desvalorização do capital e portanto à
necessidade de garantir a sua substituição, amortização do empréstimo, não se refere a um custo mas um
pagamento realmente efetuado.

7.3 Gestão do risco

Entende-se por “risco” uma situação na qual não existe apenas um resultado possível. Risco está associado a uma
série de resultados possíveis, cada um dos quais com uma probabilidade de acontecimento. O risco tem por isso
duas componentes, a probabilidade de ocorrência de algo e o nível de significância que esse acontecimento tem
nos resultados de uma determinada atividade (quebras de rendimento que provoca). O risco global, no qual estão
incluídos fatores externos ao agricultor (por exemplo o preço de mercado), tem uma componente de risco técnico.

São várias as situações que conduzem ao risco, como já tivemos a oportunidade de ver. Assim, fator de risco é
qualquer situação que pode originar uma alteração no rendimento esperado. Por exemplo, risco doenças, pragas, o
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clima ou as alterações no mercado. O risco tem uma relação direta com o rendimento esperado. Quanto maior o
risco, maior o rendimento esperado (caso contrário o investidor racional não assume o risco), mas também maior a
probabilidade de que o rendimento verificado seja longe do esperado. A diferença entre dois níveis de risco é
denominada de prémio de risco.
Modalidades de gestão de riscos:

 Prémio de risco
 Cobertura de risco
 Reserva para riscos
 Seguro de colheitas

7.4 Gestão por comparação

Cada comparação deverá ser acompanhada de uma explicação das razões que levam às diferenças entre os valores
de referência e os valores da empresa em análise. É importante que as diferenças não sejam devidas a diferentes
metodologias nos cálculos dos indicadores e que sejam diferenças que permaneçam no longo prazo e não devidas
a qualquer fator que se tenha feito sentir num determinado ano.
Todas as ideias obtidas através de comparação devem ser avaliadas no sentido de constatar se se aplicam a outras
empresas. A comparação deverá ser cautelosa e ter em consideração todos os fatores em que as duas empresas e
o seu acesso aos fatores de produção diferem. Por exemplo, a produção de um novo tipo de fruto na região pode
ser uma excelente oportunidade de mercado, mas só estar ao alcance de quem possua o conhecimento técnico
para a sua produção. Outro exemplo é a aquisição de uma máquina que reduziu drasticamente os custos de mão-
de-obra de uma exploração, mas que poderá só ser viável a partir de uma determinada área de cultivo, ou para um
determinado relevo.
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8. Bibliografia/webgrafia

Francisco Avillez, etal(2004). Planeamento da Empresa Agrícola –Manual Técnico. Agrogese MAP: Lisboa.l

Francisco Silva, etal (2008). Gestão da Empresa Agrícola - Manual para Agricultores”.

http://agrogestao.com/pgfga2/CD/index.html?bt3_proveito.htm
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