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PROGRAMA OPERACIONAL CAPITAL HUMANO

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Culturas forrageiras e
equipamento de
corte
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PROGRAMA OPERACIONAL CAPITAL HUMANO

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Índice
Objetivos ............................................................................................................................................................... 3
Conteúdos ............................................................................................................................................................. 3
Benefícios e condições de utilização do mesmo ..................................................................................................... 4
Introdução ............................................................................................................................................................. 5
1. Definição de forragem ................................................................................................................................... 6
2. Tipos de forragem .......................................................................................................................................... 6
3. Fenação ......................................................................................................................................................... 6
4. Ensilagem ...................................................................................................................................................... 7
5. Culturas utilizadas para forragem ................................................................................................................... 9
6. Espécies e variedades .................................................................................................................................... 9
7. Exigências edafo – climáticas ....................................................................................................................... 10
8. Momento ótimo do corte ............................................................................................................................. 12
9. Cálculo do volume de forragem ................................................................................................................... 13
Bibliografia/webgrafia ......................................................................................................................................... 14

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Objetivos

• Identificar e classificar culturas forrageiras e determinar o equipamento de corte adequado.

Conteúdos

Definição de forragem

Tipos de forragem

Fenação

Ensilagem

Culturas utilizadas para forragem

Espécies e variedades

Exigências edafo – climáticas

Momento ótimo do corte

Cálculo do volume de forragem

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Benefícios e condições de utilização do mesmo
Este manual pretende possibilitar ao seu detentor conhecimentos sobre Culturas forrageiras e equipamento de
corte.

Está escrito numa linguagem simples. Os textos apresentados são elucidativos de como agir em determinado
momento. As figuras procuram auxiliar o leitor a compreender as orientações.

Os conteúdos programáticos estão estruturados de acordo com a lógica modular. Está dividido em 9 temas
principais.

Foram ainda divididas em componente teórica, que visa fornecer ao grupo de formandos os conhecimentos
teóricos específicos e a componente prática que pretende que os formandos apliquem os conhecimentos
adquiridos na formação, estabelecendo uma relação direta entre as sessões teóricas e as sessões práticas.

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Introdução
Os modos de produção permitem ao produtor produzir bens alimentares e matérias-primas, com a
preocupação/papel de defender o meio ambiente, a biodiversidade, os recursos naturais (solo e água), a gestão
do espaço rural e a preservação da paisagem. A instalação de cereais visando o seu aproveitamento como
forragem, ocupa na exploração, áreas que de outra forma poderiam ser utilizadas com outras culturas mais
rentáveis.

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1. Definição de forragem
Forragem é a designação comum dada à alimentação ou ao revestimento do local onde dorme o animal.

As forragens são também designadas por culturas forrageiras consistem em comunidades de plantas
herbáceas que são utilizadas na alimentação animal (em verde ou conservada), sendo o seu momento de
colheita efetuado antes da maturação completa da cultura em questão.

As culturas forrageiras são culturas de plantas herbáceas de ciclo vegetativo anual destinadas à
alimentação animal por norma cortadas na forma de erva verde ou conservadas sob a forma de silagem
ou feno-silagem.

2. Tipos de forragem
A produção de forragens pretende assegurar a alimentação e manutenção de determinadas atividades
nos sistemas de produção animal ainda que lhe esteja associada à sua curta duração e os custos de
instalação (agronómicos, ambientais e económicos). Vamos distinguir dois grandes tipos de culturas
forrageiras, as gramíneas e as leguminosas, e ainda dar alguns exemplos de espécies mais conhecidas e
utilizadas.

Culturas forrageiras de gramíneas


Para uma forragem de gramíneas de qualidade é fundamental um equilíbrio entre matéria seca da planta,
fibra e proteína. Estes últimos estão inversamente relacionados, ou seja, quanto maior maturidade tiver a
planta maior o teor em fibra e menor o teor em proteína. Dá-se tempo de secagem à forragem após o
corte para que a planta perca humidade sem comprometer o seu valor nutricional.

3. Fenação
A fenação é método de conservação de forragens baseado na sua desidratação até alcançar um teor de
matéria seca (MS) da ordem dos 80% (valores indispensáveis assegurarem a morte da planta e para
impedirem o desenvolvimento de bactérias e fungos que deteriorariam o alimento), de forma a manter-
se inalterável por períodos de tempo mais ou menos longos.

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A fenação clássica faz-se ao ar, no campo, estando por isso a sua obtenção dependente do estado de
maturação das plantas, dos métodos de corte, secagem e recolha e naturalmente das condições
climatéricas e meteorológicas.

O processo de secagem começa quando a planta é cortada. Alterações


mecânicas no tecido da planta aumentam a taxa de secagem pela rutura
dos tecidos (células) facilitando o movimento de água e aumentando a
superfície de evaporação. Portanto, secagem mais rápida, por um ou
outro processo, determinará menores perdas na respiração e
consequentemente se obtêm uma forragem conservada com valor
nutritivo mais elevado.

4. Ensilagem
Ensilagem é um método de produção da silagem que se baseia na conservação de forragem para
alimentação animal baseado na fermentação láctica da matéria ...

A ensilagem é uma técnica de fermentação controlada, semelhante à utilizada na produção de múltiplos


produtos da indústria agroalimentar, que pode ser utilizada na estabilização por ação de bactérias e
leveduras de múltiplos materiais, na sua maioria de origem vegetal.

Ensilagem é um método de produção da silagem que se baseia na conservação de forragem para


alimentação animal baseado na fermentação láctica da matéria vegetal durante a qual são produzidos
ácido láctico e outros ácidos orgânicos, o que causa a diminuição do pH até valores inferiores a 5 e a
criação de anaerobiose.

É chamada silagem à forragem verde, suculenta, conservada por meio de um processo de fermentação
anaeróbica. As silagens são guardadas em silos.

Chama-se ensilagem ao processo de cortar a forragem, colocá-la no silo, compactá-la e protegê-la com a
vedação do silo para que haja a fermentação láctica.

Quando bem feita, o valor nutritivo da silagem é semelhante ao da forragem verde. A ensilagem não
melhora a qualidade das forragens, apenas conserva a qualidade original.

O processo de ensilagem pode ser dividido em quatro fases:

 Aeróbia
 Fermentativa
 Armazenamento ou fase estável
 Abertura do silo

Fase aeróbia
Durante e após o enchimento, a forragem ainda contém pequenas quantidades de oxigénio residual. Os
níveis de oxigénio são reduzidos por:

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1. Respiração da célula vegetal


Crescimento de microrganismos aeróbios e anaeróbios facultativos, como leveduras, fungos,
enterobactérias e bactérias ácido láticas (BAL). As bactérias láticas podem crescer e produzir ácido lático
mesmo na presença de oxigênio. Nesta etapa, o pH da silagem começará a cair desde que a população de
bactérias láticas presente seja suficiente. Durante a fase aeróbia, as enzimas vegetais como as proteases
também permanecerão ativas, levando a aumentos nas proteínas solúveis, nitrogênio amoniacal e
açúcares.

Fase fermentativa
Assim que o ambiente dentro da silagem se torna anaeróbio, inicia-se a fermentação da silagem e a
conversão da forragem em silagem. Para uma fermentação inicial bem-sucedida, o pH deverá ser
rapidamente reduzido abaixo de 5 e culminará com um valor baixo o suficiente para atingir um produto
estável. Para atingir esta etapa, a produção de ácido lático como ácido predominante é essencial.

O pH ideal da silagem varia, mas uma fermentação inicial rápida e eficiente é obrigatória para reduzir as
perdas de nutrientes e evitar fermentações indesejáveis. Isto limita o crescimento de microrganismos
anaeróbios obrigatórios, como os clostrídios.

Durante a fase inicial de fermentação, a composição da silagem muda completamente. Portanto, a


alimentação com silagem recém fermentada deve ser evitada até que esta fase seja concluída (pelo
menos 30 dias), para evitar problemas de ingestão e desempenho. Além disso, em silagens de milho estes
primeiros 30 dias têm sido efetivos em aumentar a digestibilidade do amido de forma significativa.

Armazenamento
Idealmente, apenas pequenas mudanças ocorrem na silagem durante o armazenamento prolongado,
mesmo em condições anaeróbias. No entanto, quando o ar entra na silagem, microrganismos aeróbios
podem crescer em algumas partes e estragar a silagem. Dependendo da estrutura de armazenamento,
isto é normalmente encontrado na parte superior e nas laterais, que são mais suscetíveis à infiltração de
ar.

Em alguns casos, a silagem pode conter populações elevadas de leveduras, que podem fermentar o ácido
lático produzido durante as fases de fermentação e convertê-lo em etanol, fazendo com que o pH da
silagem aumente.

Especificamente, o Lactobacillus buchneri pode converter ácido lático em ácido acético durante a fase
anaeróbia – causando um aumento no pH da silagem – ou armazenamento. O ácido acético tem boas
propriedades antifúngicas e pode ajudar a controlar a deterioração por leveduras que assimilam o lactato.

Nesta fase, enzimas tolerantes a ácidos – como proteases e celulases – podem permanecer ativas. Pode
haver aumento na proteína solúvel e amônia durante o período de armazenamento. Outros tipos de
microrganismos podem formar esporos resistentes – como fungos, clostrídios e bacilos – que permitem a
eles sobreviver em um estado de dormência na silagem.

Abertura do silo
À medida que o silo é aberto e a silagem fornecida como alimento, ocorre nova exposição ao ar e aos
organismos aeróbios que sobreviveram ao processo – bacilos, leveduras e fungos. Na maioria das
situações este crescimento aeróbio será inicialmente dominado por leveduras.

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Conforme esses organismos aeróbios crescem, a silagem perde os nutrientes e pode se tornar
amplamente decomposta e, até mesmo, contaminada com toxinas e microrganismos indesejáveis, como
clostrídios e listeria.

A taxa e a extensão dessa deterioração dependem de:

 Entrada de ar, o que pode ser limitado ao atingir densidade de silagem suficiente durante a
compactação e por boa taxa de retirada;
 Contagem de microrganismos deterioradores na silagem armazenada, que podem ser
controlados com bons protocolos de colheita;
 Fatores que afetam a velocidade de conclusão da fase aeróbia, como velocidade de enchimento,
densidade da compactação, velocidade e eficiência da vedação do silo;
 Uso de inoculantes testados como redutores destes microrganismos indesejáveis.

5. Culturas utilizadas para forragem


As culturas destinadas à produção de forragens quer sejam para conservação ou para consumo imediato,
podem ser subdivididas de acordo com o tempo de permanência no terreno, podendo ser classificadas
em:

Milho forragem
Culturas forrageiras anuais Girassol forrageiro
(completam o seu ciclo produtivo Um corte único Ervilhacas
num ano).

Trevo pérsia
Mais de um corte Trevo encarnado
Sorgo forrageiro

Culturas forrageiras bienais


Permanecem no terreno durante um período superior a 1 ano e inferior a dois.

Culturas forrageiras vivazes


São todas aquelas que permanecem no terreno mais de dois anos.
Culturas forrageiras para prados ou pastagens
São destinadas ao pastoreio direto e à produção de forragem verde.

Através das características das plantas a usar (gramíneas e/ou leguminosas) é possível retirar algumas
conclusões importantes. Pode-se salientar que as gramíneas são mais facilmente utilizadas na fenação em
virtude da natureza do seu caule e folhas. Também na conservação por silagem as gramíneas apresentam
mais vantagens em relação às leguminosas devido à sua riqueza em energia.

Por outro lado, as espécies pertencentes à família das leguminosas são mais ricas em proteína. Este facto
deve-se à possibilidade destas plantas retirarem beneficio da ação de certas bactérias, que se instalam
nas suas raízes, e que têm a capacidade de fixar o azoto atmosférico.

6. Espécies e variedades

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Azevém anual (Lolium multiflorum Lam)
O azevém caracteriza-se como um ótimo exemplo entre as culturas forrageiras da família das gramíneas
com grandes produções. Responde prontamente à fertilidade do terreno e à fertilização produzindo uma
forragem com elevado valor nutricional e de grande agrado animal. A utilização do azevém normalmente
está a associada à exploração de forragem verde, em vários cortes, sendo a sua sementeira o mais
precoce possível para assim aumentar o número de cortes e sendo o último corte utilizado para fenar ou
ensilar. (Lopes et Al, 2006).

Aveia (Avena sativa L.)


A aveia é utilizada para a produção de forragem em solos com fraca aptidão, apresentando grande
adaptação a diferentes solos, com preferência nos mais profundos e frescos para grandes produções.
Resiste a baixas temperaturas, mas prefere precipitações bem distribuídas (Duthil, 1967). A sua colheita
deve ser feita antes da criação de grão com vista a maiores quantidades de massa verde enquanto que
uma colheita tardia apresenta uma forragem rica em hidratos de carbono (Duthil, 1967).

Centeio (Secalecereale L.)


O centeio é escolhido pelo seu melhor crescimento inicial a baixas temperaturas e por aceitar
instabilidade de temperaturas, sobretudo há noite, com quedas bruscas de temperaturas. É também
selecionado pela sua adaptação a solos de baixa fertilidade, nomeadamente de texturas arenosas e ácidos
(Moreia, 2002).

Tremocilha (Lupinus luteus L.)


A tremocilha desempenha um papel de recuperação das condições de fertilidade em solos arenosos e
ácidos, para inverter a baixa fertilidade de solo (Duthil 1967). É-lhe realizada um corte único em elevado
estado de maturação destinado à sideração.

Ervilhaca vulgar (Vicia sativa L.)


A ervilhaca consociada com azevém, é utilizada tendo em vista uma produção razoável a baixos custos e
com interessante valor nutritivo baixo, onde os solos apresentam texturas mais pesadas e pH neutro ou
pouco ácido (Moreira, 2002).

Trevo violeta (Trifolium pratense L.)


O trevo violeta adapta-se a diferentes tipos de solos, mas a preferência incide sobre solos bem drenados
e com pH 6-6,5. É uma planta vivaz que em boas condições tem produções ótimas. Com início de cortes
mais cedo (na Primavera), apresenta grande número de cortes além de que com o avançar da maturação
os seus caules apresentam um elevado valor nutritivo contribuindo para que seja uma forragem de
grande digestibilidade (Duthil, 1967).

Luzerna (Medicago sativa L)


A luzerna é uma das culturas forrageiras cujas plantas são vivazes, e com uma raiz aprumada que se
desenvolve a grande profundidade tendo boa capacidade de recrescimento e de adaptação a condições
adversas do meio. Adaptam-se bem aos Verões quentes, e mesmo à secura através do seu muito
profundo sistema radicular (Fernandes, 2000).

A luzerna é explorada em ciclo anuais longos, com vários cortes por ano, em função da estação, sendo o
número de cortes e o estado de desenvolvimento em que são realizados os principais intervenientes no
valor nutritivo e da persistência cultural.

7. Exigências edafo – climáticas

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No caso do milho, como se trata de uma cultura exigente em termos de água, cresce bem em diversos
terrenos de regadio, mas é nos solos profundos, drenados, bem providos de matéria orgânica e em
elementos nutritivos e com pH entre 6,5 e 7 que se tira o máximo proveito da cultura.

Relativamente ao milho, esta é uma planta de dias longos, logo necessita durante o seu ciclo vegetativo,
de uma boa luminosidade, de tempo quente e humidade. É pouco resistente ao frio e às geadas. Para
germinar exige temperatura de 9 a 10ºC.

Quanto ao sorgo, este é uma cultura que se adapta a uma grande diversidade de solos desde que
possuam uma profundidade adequada para o desenvolvimento do seu sistema radicular e sejam bem
drenados. Em termos de valor de pH, suporta valores entre 4,5 a 8, sendo, contudo, favoráveis os valores
entre 5 e 6,5. Relativamente à temperatura, o sorgo é mais exigente do que o milho, sendo o seu
crescimento ótimo entre os 26 e 32ºC. A germinação dá-se a partir dos 10ºC.

Azevém perene – não é muito exigente em termos de solo e prefere climas húmidos. É resistente ao frio.
Prefere clima temperado, tipo Atlântico. Verões quentes retardam o seu crescimento.
Encontra-se em prados permanentes ou lameiros (Norte). Solos férteis, pesados e
húmidos, pH ligeiramente ácido – exigente em azoto. Sistema radicular muito denso.
Sementeira de preferência no Outono, estreme (duração de 4 a 6 anos) ou em mistura.
Germinação da semente e estabelecimento da cultura rápidos. Grande capacidade de
afilhamento. Mistura com trevo encarnado, trevo branco ou azevém híbrido (L. perenne*
L. multiflorum).

Dactilo – Dactylis Glomerata - Planta perene, de clima temperado, adaptada a grande variedade de
condições climáticas.
Sistema radicular superficial – sensível à falta de água. Adapta-se bem a solos leves,
arenosos e arenoargilosos.

Luzerna – Medicago Sativa


Planta perene.
Sistema radicular profundante.
Resistente a clima seco. Prefere solos alcalinos e bem drenados.

Trevo Violeta – Trifolium Pratense


Planta perene de porte ereto.
Em climas menos frios comporta-se como planta bianual ou anual.
Possui um sistema radicular profundante.
Sementeira no Outono ou Primavera.
Solos tendencialmente ácidos e argilosos.
Em climas Mediterrânicos, com verões secos, deve cultivar-se em regadio.
Crescimento predominante no Outono-Inverno. Produz até 5-6 cortes no primeiro ano, quando semeado
no Outono.

Mais adaptado ao corte que ao pastoreio.

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Variedades de floração precoce (bianual): rápido crescimento primaveril, permite o pastoreio.
Variedades de floração tardia: um só corte para feno ou silagem.

8. Momento ótimo do corte


A colheita no momento certo, a secagem rápida e uniforme das plantas, e a sua recolha com a humidade
adequada, são condições fundamentais para a produção de feno de boa qualidade, independentemente
do processo adotado.

Momento do corte:
• As forrageiras devem apresentar no momento do corte uma elevada concentração de nutrientes,
além de um bom rendimento. Isto ocorre geralmente ainda no estado vegetativo, quando é maior
a proporção de folhas, a porção mais nutritiva da planta.

• Ao estabelecer o maneio de corte, deve-se também levar em conta as condições que asseguram a
persistência da forrageira, tais como a frequência e a altura de corte.

• Secagem ou desidratação.

• Nesta etapa o conteúdo de humidade da planta - 75 a 80% no momento do corte, deve ser
reduzido para níveis inferiores a 20%, no feno. Isto implica a evaporação de grande quantidade de
água - duas a três toneladas de água para cada tonelada de feno produzido, no menor tempo
possível.

• As condições ambientais que favorecem a secagem são: dias ensolarados, pouca nebulosidade,
baixa humidade relativa do ar, ocorrência de ventos e temperaturas elevadas.

• A taxa de secagem é favorecida pela presença de maior proporção de folhas e de caules finos. O
adequado processamento da forragem - espalhamento, viragem e encordoamento - contribui
para acelerar e uniformizar a desidratação da planta. Nestas condições e com tempo bom, dois ou
três dias serão suficientes para se produzir feno.

• A ocorrência de chuva é o fator mais prejudicial à produção de feno. Resulta num maior tempo de
permanência da forragem no campo, em prejuízo da qualidade do feno e em maiores riscos de
perdas totais. Este facto determina a necessidade do produtor se manter atento à previsão do
tempo e, às primeiras indicações de mudanças, tomar as providências adequadas para proteger o
feno. A desidratação da forragem se processa até que a humidade do feno entre em equilíbrio
com a humidade do ar.

• A humidade relativa do ar varia durante o dia, sendo menor à tarde e elevada à noite, pelo que se
justifica manter a forragem com baixa humidade encordoada à noite, para se evitar que
humedeça de novo.

• As folhas perdem água mais rapidamente que o caule ou partes grossas da planta, atingindo o
ponto de feno primeiro.

No caso da ensilagem do milho

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O momento do corte é talvez o aspeto mais importante para a qualidade da
silagem de erva. Temos que encontrar uma relação de compromisso entre a
qualidade e a quantidade.

Quanto mais tardio for o corte mais quantidade de forragem teremos, mas
menos qualidade nutritiva (menos proteína bruta, menos açúcares, mais fibra e
fibra menos digestível); por outro lado, mais difícil se torna a compactação e,
claro, a conservação. Assim, o corte deve ser efetuado antes do espigamento e as
plantas devem ser deixadas no campo a secar, de forma que se consiga um teor de matéria seca entre 25
e 35%. A secagem está dependente das condições climatéricas, mas é sabido que quanto mais rápida for,
melhor será a conservação e menos perdas existirão (o uso de “condicionadora” é de grande ajuda, pois
acelera este processo). A forragem não deve estar mais de 48h no campo.

O tamanho da partícula da forragem deve ser curto (inferior a 5cm), pois facilita a compactação, a
conservação e, consequentemente, aumenta a ingestão por parte dos animais.

9. Cálculo do volume de forragem


A determinação do tamanho do silo, requer a consideração de alguns pontos:
• O número de animais que será alimentado, levando-se em consideração o peso inicial dos animais
e a produtividade que se deseja alcançar (carne, leite).
• O número de dias ou período em que os animais receberão a silagem.
• Quantidade de silagem fornecida aos animais por dia, que é determinada em função do peso do
animal, produtividade que se deseja alcançar e potencial produtivo dos animais.
• A espessura de corte diário da silagem, devido ao contacto com o ar atmosférico.
• A estrutura da exploração ou propriedade versus o período para o corte, enchimento,
compactação e vedação do silo.
• O tamanho do local para construção do silo e posicionamento com relação às instalações
• O peso médio da silagem por metro cúbico.
• O percentual de perdas, consideradas normais devido a processos fermentativos e perdas diárias
comuns.
A capacidade do silo terá que ser calculada em função do volume previsto de forragem a armazenar.
Através da fórmula é possível determinar o volume do silo.
CÁLCULO DO CONSUMO TOTAL DE SILAGEM (Q)
Q = Nº cabeças X Nº dias confinados X Consumo/cabeça/dia.
CÁLCULO DA SILAGEM TOTAL CONSIDERANDO PERDAS (QT)
QT = Q + 10% A 20%

CÁLCULO DO VOLUME DO SILO (VS)

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Considerando que em média 650 kg de silagem ocupa um metro cúbico, temos que o volume do silo é
igual a:
VS = QT/650
CÁLCULO DO VOLUME DIÁRIO DE SILAGEM
VD = Nº animais X cons./cab./dia + 10% (perdas)
650

Exemplo: Um silo com raio de 1,5 m (r) e 10 metros de altura (A), seu volume será:
π x (1,5 m)2 = 3,14 x 2,25 m2 = 7,07 m2 (área da face do silo)
7,07 m2 x 10 m = 70,70 m3 (volume total do silo)

Multiplicando-se o resultado do volume pela densidade de compactação, será obtido a


quantidade de forragem a ser ensilada.

Volume do silo (90 m3) x densidade constante (620 Kg/ m3) – (importante salientar que para diferentes culturas,
diferentes teores de MS e diferentes graus de compactação existe variação na densidade da forragem).
90 m3 x 0,62 t/ m3 = 55,8 t de MV

Supondo um rebanho de vacas leiteiras (50 animais), com média de peso vivo de 450 Kg, comendo 2,5% do peso
vivo em matéria seca da ração total (11,25 Kg de MS), com relação volumosa: concentrado 60:40, a quantidade
de silagem para cada animal é de 6,75 Kg de MS, se o alimento conservado apresenta 28 % de MS, a quantidade
de material verde oferecido a cada animal será de 24,11 Kg de silagem fresca.

Se a necessidade de volumoso conservado for de 180 dias:


1 vaca: 24,11 Kg silagem/dia/vaca
50 vacas: 24,11 x 50 = 1205,5 Kg silagem/dia
50 vacas em 180 dias: 1205,5 x 180 = 217 t.

Com essas informações, pode-se estimar a quantidade de silagem a ser utilizada durante o ano, porém a
quantidade estocada deverá ser maior que o consumo dos animais, devido às perdas que ocorrem na ensilagem,
processo fermentativo, retirada e fornecimento.

Bibliografia/webgrafia

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Cauduro, G. F.; Carvalho, P.; Barbosa, C.; Lunardi, R.; Pilau, A.; Freitas, F. & Silva, J. (2006) -Comparação de
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Brasil, 1617-1623.
Currie, P. O.; Hilken, T. O. & White, R. S. (1987) -Evaluation of a Single Probe Capacitance Meter for
Estimating Herbage Yield. Journal of Range Management 40(6), November: 537-541.
Hirata, M. (2000) -Quantifying spatial heterogeneity in herbage mass and consumption in pastures.
Journal of Range Management 53(3), May 2000: 315-321.
Murphy, W. M.; Silman, J. P. & Barreto, A. D. (1995) - A comparison of quadrat, capacitance meter, HFRO
sward stick, and rising plate for estimating herbage mass in a smooth-stalked, meadowgrass-dominant
white clover sward. Grass Forage Science 50: 422-445.
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ANPROMIS (1998): A Cultura do Milho e o Ambiente, 44 p. Anpromis. Lisboa.
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