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APICULTOR

Reitor
Paulo Henrique Gomes de Lima

Pro – Reitoria de Ensino


Laura Maria Andrade de Sousa

Coordenação Geral do PRONATEC – IFPI


Renato Sérgio Soares Costa

Coordenação Adjunta Pedagógica do


PRONATEC
Flor de Maria Mendes Câmara

Supervisão Cursos FIC e Técnico


Ivoneide Pereira de Alencar
Lúcia de Fátima Meneses Sobreira
Silvana Ribeiro Dias Vieira

Autor (as)
Siluana Benvindo Ferreira
Revisor
Nome do Revisor

Apoio Administrativo Pedagógico


Rosenilda dos Santos Tourinho
Maria do Carmo Alves Carvalho

Projeto Gráfico da Capa


Ezequiel Vieira Lima Júnior
Disciplina: Instalação de Apiário
Sumário

1. Introdução.................................................................................. 05

2. O apiário.................................................................................... 05

3. Tipos de Apiários:..................................................................... 06

4. Localização e instalação do apiário........................................ 09

4.1 Área de Segurança....................................................... 09

4.2 Distância entre os apiários......................................... 09

4.3 Identificação................................................................. 09

4.4 Acesso.......................................................................... 10

4.5 Topografia..................................................................... 11

4.7 Proteção contra os ventos.......................................... 11

4.7 Sombreamento............................................................. 11

4.8 Flora Apícola................................................................ 12

4.9 Água.............................................................................. 15

4.10 Número de colmeias por apiário: .............................. 17

4.11 Suporte das Colmeias................................................. 17

4.12 Disposição das Colmeias............................................ 19

5. Referências Bibliográficas......................................................... 20
1. Introdução

A apicultura no Brasil tem tido destaque em relação às demais atividades


agropecuárias nos últimos anos, por apresentar baixo custo inicial, facilidade de
manutenção e também devido em grande parte às características de clima e flora
que lhe permite uma maior competitividade em meio aos grandes produtores e
exportadores mundiais de mel (SOUZA et al., 2014).
O mel produzido no nordeste destaca-se por apresentar baixa
contaminação por agrotóxicos/pesticidas (VIDAL, 2010), tendo em vista “às grandes
áreas inexploradas e baixo emprego da atividade agropecuária tecnificada, que
fazem essa região promissora para produção de mel orgânico, produto este bastante
procurado e valorizado no mercado” (LIRA, 2008).
Dessa forma a atividade apícola desempenha uma estratégia de trabalho
e renda para muitas famílias de pequenos e médios produtores rurais possibilitando
a sua permanência do homem no campo.

2. O apiário

Em uma criação de abelhas, é fundamental considerar, como um conceito


básico, que um apiário é o nome do local onde será instalado um conjunto de
colmeias artificiais para a criação racional de abelhas distribuídas de forma a facilitar
o manejo das mesmas.
De um modo geral, a atividade apícola dispensa a propriedade da terra,
em que mesmo aqueles que não têm uma propriedade agrícola podem desenvolver
a atividade apícola, pois a área necessária para implantação do apiário é pequena e
sua instalação não altera o ambiente natural da propriedade, facilitando as sessões
de áreas de terceiros para os apicultores. Além disso, a produção do apiário é
independente do tamanho da propriedade, já que as abelhas trabalham voando e
desconhecem os limites legais da terra, permitindo aos apiários das pequenas
propriedades as mesmas condições de produção dos localizados nas grandes
fazendas da região (SOUZA, 2006).

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Antes da instalação do apiário uma série de estudos preliminares deve
ser realizada com o objetivo de avaliar a viabilidade da implantação, reduzindo
riscos de possíveis prejuízos posteriores.
Vários são os fatores que devem ser considerados para a escolha do
local de implantação do apiário.

3. Tipos de Apiários:
Esta decisão deve ser tomada em função principalmente do tipo de mão-
de-obra (familiar ou empregados), das características da propriedade, dos recursos
financeiros e equipamentos.
 Apiário Fixo Instalado em lugar definitivo durante todo o ano, em que as
abelhas exploram o néctar das floradas presentes na área (máximo de três
quilômetros) e cuja produção depende do fornecimento de néctar. Deve-se buscar
as melhores condições possíveis neste sistema.
Obs: Recomenda-se cercar o apiário para maior segurança das pessoas e dos
animais.
Fonte: João Batista- http://www.portalaz.com.br (2015)

Figura 1: Apiário Fixo – Simplício Mendes-PI

 Apiário Migratório (móvel ou migratório): É aquele em que as colmeias são


transferidas para locais com boa florada em determinada época do ano, muitas
vezes a longas distâncias. O local onde as colmeias são instaladas deve ter as

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mesmas características daquele para o apiário fixo, e os cuidados são os mesmos.
Para a apicultura migratória é necessário ter um plano estratégico bom, a fim de
otimizar os deslocamentos, de aproveitar o momento certo de determinadas
floradas, estabelecendo-se boas parcerias entre produtores (frutíferas, lavouras,
mata cultivada) e apicultores objetivando a maior e melhor produção de mel e
também para a prestação de serviços de polinização.
Fonte: https://danbrazil.wordpress.com

Figura 2: Apiário Migratório – Picos-PI

No Brasil, a apicultura móvel é praticada por grandes apicultores que


viajam com centenas/milhares de colmeias por muitos quilômetros, em busca de
flores para suas abelhas e assim como para a polinização. Geralmente a produção
por colmeia é maior na apicultura migratória em relação a fixa, todavia, esta
realidade representa ainda poucos apicultores, pois demanda maiores
investimentos.
A utilização da apicultura migratória necessita do uso de tecnologia
adequada e completa, com equipamentos apropriados para facilitar a manipulação
das colmeias, permitir fácil transporte e proporcionar a necessária resistência para
os constantes deslocamentos das colmeias. Os extensos pomares e demais culturas
reivindicam a presença urgente de abelhas para manter sua frutificação e qualidade
da produção, e encontram na apicultura migratória a grande solução, a exemplo dos
países com agricultura desenvolvida.
A atividade apícola migratória representa o caminho para atender as
necessidades de polinização dos pomares e culturas para a produção de sementes

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e frutas. E o Brasil, como um dos principais produtores de alimentos do mundo, não
pode dispensar a participação das abelhas para garantir a produção. Os outros
insetos de polinização estão sendo destruídos pela aplicação, cada vez mais intensa
e descontrolada de defensivos agrícolas.

Importante !!!
As colmeias devem ser instaladas sobre cavaletes. Colocá-las sobre tijolos ou
caibros pode ser uma alternativa para evitar o contato das caixas de madeira com o
chão. Todavia, o ideal é utilizar cavaletes com protetores para evitar a entrada de
formigas e de outros inimigos naturais das abelhas, como sapos e lagartixas, pois
um ataque de formigas a enxames pequenos pode destruir toda a família de
abelhas.

OBSERVAÇÃO: TRANSPORTE DAS COLMEIAS:


Na apicultura o transporte das colmeias é um trabalho muitas vezes
necessário e que precisa ser realizado com bastante cuidado, para que se assegure
a vida das abelhas. O transporte de colmeias de um local para outro sem o preparo
devido pode resultar na perda total ou parcial do enxame.
Na apicultura fixa o apicultor utiliza o transporte de colmeias para levar os
enxames capturados para o apiário ou para mudar colmeias de apiários. Na
apicultura migratória o transporte das colmeias faz parte do dia-a-dia do apicultor, já
que este vive levando suas colônias de um lugar para outro, sempre seguindo as
floradas. Contudo, independente do tipo de apicultura praticado, é necessário que
sejam tomados cuidados para que os enxames cheguem vivos e em boas condições
aos seus destinos.

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4. Localização e instalação do apiário

A escolha do local de instalação do apiário é considerado um importante


fator para o sucesso da atividade, em que o meio ambiente no qual está inserido
aliado ao correto manejo das abelhas influenciará diretamente no desenvolvimento
da atividade.

5.1 Área de Segurança


O apiário deve obedecer às exigências das abelhas e objetiva a
segurança do homem e seu entorno. Recomenda-se que o terreno esteja localizado
a, no mínimo, 300 m de qualquer habitação humana, animais, estradas
movimentadas e qualquer atividade ou construção a fim de evitar acidentes, afinal,
as abelhas são seres muito sensíveis a odores exalados por animais e pelo homem
e irritam-se com qualquer tipo de movimentação anormal que ocorra nas
proximidades da colmeia. (ALMANAQUE RURAL, 2004).
Deve ser mantida ainda uma distância mínima de três (03) quilômetros de
possíveis fontes de contaminação, como aterros sanitários, depósitos de lixo,
matadouros, entre outros.

5.2 Distância entre os apiários


Durante a instalação deve atentar-se a distância entre os apiários,
recomenda-se de 2,5 a 3 km quilômetros de outro, com objetivo de garantir que não
haja competição na exploração de uma mesma área, o que enfraqueceria o
potencial da área. Já na apicultura migratória, as distâncias podem ser reduzidas,
pois as colmeias permanecem apenas durante o período da florada.

5.3 Identificação
Nas proximidades do apiário é adequado inserir uma placa de
identificação e aviso, alertando sobre presença de abelhas na área. Essa placa deve
estar em lugar visível, escrita de forma legível e de preferência a uma distância
segura em relação às colmeias. Com o objetivo de organizar a cadeia produtiva, é
importante a identificação dos apiários e das colmeias por números de forma
continua (01, 02, 03...) até a última colmeia do apicultor. Todavia, muitos apicultores

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preferem não sinalizar seus apiários ou por desconhecimento da importância de uma
sinalização de aviso ou principalmente em virtude da elevada incidência de roubos e
saques em suas colmeias.

Fonte: WOLFF et. al, 2006


Fonte: apiariobicodocce.com.br

Figura 4: Apiário cercado e com placa de


Figura 3: Colmeia numerada
identificação

4.4 Acesso
O local do apiário deve facilitar o acesso de veículos o mais próximo
possível das colmeias, a fim de economizar tempo e reduzir os trabalhos do
apicultor, auxiliando o manejo, o transporte da produção, materiais e equipamentos
e, quando necessário, das colmeias.
Fonte: SENAR, 2009

Figura 5: Acesso de veículo ao apiário

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4.5 Topografia
O terreno do apiário deve ser bem drenado (evitar enchentes), plano, com
frente limpa, protegido contra correntes fortes de ventos e bem sombreado evitando-
se áreas elevadas (topo de morros, etc.), de forma a não ficar exposto a ventos
fortes. Terrenos em declive dificultam o deslocamento do apicultor pelo apiário e,
consequentemente, o manejo das colmeias, principalmente o manejo de colheita. No
caso de apiários fixos, é possível ainda, com o tempo, circundar o local com cerca
viva (eucaliptos, astrapeias, sansão do campo, amor-agarradinho, etc.) que, além de
delimitar a área, dificulta o acesso de animais e crianças (COUTO et al., 2006).

4.6 Proteção contra os ventos


A proteção contra ventos fortes é fundamental para uma melhor produtividade
do apiário, pois regiões descampadas, castigadas pela ação de ventos fortes,
causam desgaste energético adicional para as operárias, dificultando o vôo.
Nos meses do ano em que a temperatura encontra-se mais amena, quando
possível ponha as colmeias com o alvado voltado para o nascente, de maneira que
os primeiros raios de sol entrem e as despertem bem cedo. Esses cuidados
estimulam o início dos trabalhos das abelhas e auxiliam na regulação térmica das
colmeias, contribuindo para seu melhor desempenho.

4.7 Sombreamento
O sombreamento de colmeias pode ser uma forma de minimizar o
estresse térmico sofrido pelas abelhas, em regiões tropicais como o nordeste
brasileiro. O apicultor deve procurar instalar seu apiário em área sombreada, mas
não muito úmida, de forma a evitar altas temperaturas que podem prejudicar a
qualidade do mel e o desenvolvimento normal das crias.
O sombreamento também pode contribuir para minimizar os efeitos do
calor excessivo no apicultor, durante seu trabalho no apiário. Este pode ser natural
(sombra de árvores) ou sombras artificiais (coberturas com telhas de barro, palhas,
madeiras ou outros materiais) com boa aeração e luminosidade. Assim como, o uso
de tampas com ventilação, de alvados maiores e de pinturas claras e reflexivas
favorecem a redução do aquecimento das colmeias. Não sendo possível,
recomenda-se que pelo menos as colmeias apresentem algum tipo de cobertura,

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protegendo-as da insolação direta e dos efeitos da chuva que podem provocar a
diminuição na vida útil das colmeias e aumento indesejado de umidade (WOLFF et
al, 2006).
Fonte: https://nathypasini.wordpress.com/

Figura 6: Modelo de bebedouro utilizado em apiário

4.8 Flora Apícola


A flora apícola é caracterizada pelas espécies vegetais de uma
determinada região que possam fornecer néctar e/ou pólen, produtos essenciais
para a manutenção das colônias e para a produção de mel. O conjunto dessas
espécies é denominado "pasto apícola ou pastagem apícola". A flora ideal é
fornecedora de grande quantidade de alimento, possibilitando um constante
desenvolvimento das colônias e coleta de mel por todo ano. Sua qualidade depende
das espécies vegetais naturais ou cultivadas, condições climáticas e fertilidade do
solo da região.
No Nordeste, a exploração apícola é baseada na flora silvestre. Portanto,
o fator chave determinante na criação de abelhas é o conhecimento da florada
existente na região, é importante uma avaliação detalhada da vegetação em torno
do apiário, levando-se em conta não apenas a identificação das plantas que as
abelhas visitam e preferem (plantas melíferas), mas também a densidade
populacional, distribuição, volume e suas épocas de floração. Essas informações
serão fundamentais na decisão do local para a instalação do apiário, assim como no
planejamento e cuidados a serem tomados (revisão, alimentação suplementar e de
estímulo, etc.) para os períodos de produção e os cuidados a serem tomados antes,

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durante e depois dos períodos de colheita do mel (períodos de entressafra)
(PEREIRA et al., 2003).
O pasto apícola pode ser natural, ou seja, formado a partir de espécies
nativas ou proveniente de culturas agrícolas e reflorestamentos da indústria de
madeira e papel. Nesses casos, a dependência de monoculturas não é
aconselhável, pois, além de as abelhas só terem fontes de néctar e pólen em
determinadas épocas do ano, há o risco de contaminação dos enxames e dos
produtos pela aplicação de agroquímicos nessas áreas (prática comum na
agricultura convencional) (PEREIRA et al., 2003).
A diversidade do pasto apícola é uma situação que deve ser buscada.
Nesse sentido, o apicultor pode e deve melhorar, sempre que possível, seu pasto
apícola, introduzindo na área em torno do apiário espécies apícolas que sejam
adaptadas à região, de preferência que apresentem períodos de floração
diferenciados, disponibilizando recursos florais ao longo de todo o ano.
É interessante observar o período de seca da região Nordeste no que
tange as espécies adaptadas, pois, devido a um período prolongado com escassez
de chuvas, ocorre comprometimento da fase reprodutiva das espécies vegetais
(FREITAS, 1998). Cabe ao apicultor conhecer as espécies locais que continuam seu
florescimento mesmo no período de seca e preservar ou enriquecer a região
próxima aos seus apiários com as mesmas. A região nordeste é reconhecida como
uma das áreas de maior potencial para a apicultura no país (VIDAL et al., 2008).
Destacando-se o Piauí, como um estado que apresenta formações vegetais com
boas características para a apicultura, temperatura elevada, umidade relativa do ar
em torno de 70 %, e boa luminosidade com floradas ricas e variadas; além de
apresentar uma grande diversidade de ecossistemas, resultado das condições de
transição entre o clima tropical (quente e úmido) e o clima semi-árido (SILVA et al.,
2002).
De acordo com PEREIRA et al., (2004), entre as espécies que não são ou
são pouco atingidas pela seca, destacam-se: angico (Anadenanthera colubriana),
aroeira (Astronium urundeuva), cajueiro (Anacardium occidentale), imburana
(Bursera leptophlocos), juazeiro (Zizyphus joazeiro), jucazeiro (Caesalpina ferrea),
oiticica (Licania rigida), pereiro (Aspidosperma pirifolium), flor de carrasco

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(Piptadenia moliniformis), jurema preta (Mimosa tenuiflora) e vassourinha (Scoparia
dulcis).
SILVA; BASTOS; SOBREIRA, 2014.

Figura 7. Exemplos de Flora apícola no Piauí. A - Anisacanthus trilobus Lindau-


(nome popular: Canelinha); B - Vernonia chalybaea Mart. ex DC.; C -Anacardium
occidentale L.(nome popular: Cajú-anão); D –Mansoa sp. ; E - Neojobertia
candolleana Mart.; F - Combretum mellifluum Eichler(nome popular: Mufumbo) ; G –
Varronia globosa Jacq. ; H – Cleome spinosa Jacq.(nome popular: Mussambê) ; I -
Ipomoea bahiensis Willd. ex Roem. & Schult.; J - Croton heliotropiifolius Kunth (nome
popular: Velame) ; K – Pityrocarpa moniliformis (Benth.) Luckow & R.W.Jobson
(nome popular: Cangaieiro); L - Croton sonderianus Müll. Arg.(nome popular:
Marmeleiro); M – Jatropha mollissima (Pohl) Baill.( nome popular: Pinhão) ; N -
Cenostigma garderianumTul.(nome popular: Canela-de-velho); O – Melochia
tomentosa L.(nome popular: Canela-de-jacú) ;P – Passiflora foetida L. (nome
popular: Maracujá-de-estralo); Q - Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.)
Steud.(nome popular: Quebra-tijela-de-brejo); R - Borreria verticillata (L.) G.
Mey.(nome popular: Vassourinha)
a

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O tamanho de um pasto apícola, assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espécies, tipos de produtos fornecidos, néctar e/ou
pólen e diferentes períodos de floração) irão determinar o que tecnicamente
denomina-se "capacidade de suporte" da área. É a capacidade de suporte que irá
determinar o número de colmeias a serem inseridas em uma determinada área,
considerando-se o ponto de vista da produtividade. Dessa forma, o potencial
florístico dessa área será explorado pelas abelhas, de forma a maximizar a
produção, sem que ocorra competição pelos recursos disponíveis (PEREIRA et al.,
2003).
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiência
uma área de 2 a 3 km ao redor do apiário (em torno de 700 ha de área total
explorada), quanto mais próximo da colmeia estiver a fonte de alimento, mais rápido
será o transporte, permitindo que as abelhas realizem um maior número de viagens
contribuindo para o aumento da produção. Portanto a florada deve estar localizada
em um raio de ação de até 1,7 km, permitindo assim a instalação de apiários entre
400 e 600 m um do outro, sem queda na sua produtividade (COUTO et al., 2006).
Na ausência de floradas, quando a reserva de alimento na colônia for
escassa, é aconselhável o fornecimento de alimentação artificial às abelhas,
proporcionando o aumento da postura da rainha e reduzindo a perda de peso das
colmeias.

5.9 Água
A presença de água limpa e próxima ao apiário é fundamental para a
manutenção dos enxames, principalmente em regiões de clima quente como o
Nordeste, já que as abelhas utilizam a água para a o seu metabolismo (equilíbrio
fisiológico) e para diminuir a temperatura interna da colmeia (termorregulação).
Deve-se ter fonte de água pura a uma distância de, no mínimo, 20 metros,
para que não haja contaminação pelos próprios dejetos das abelhas, uma vez que
elas só os liberam fora da colmeia. Estudos realizados por SODRÉ et al.(2008)
evidenciaram que a distância da água ao apiário não deve exceder 500 m, por
economizar energia e tempo e evitando o desgaste das abelhas que muitas vezes
buscam água em fontes desconhecidas, estagnadas ou contaminadas.

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Fonte: Acervo Pessoal (2014)

Figura 8: Fonte de água natural- Sete Cidades-Piauí

Caso o apiário não disponha fontes naturais (rios, nascentes etc.), fontes
de boa qualidade de água ou fontes com quantidade reduzida de água, pode-se
optar pela instalação de bebedouros, banheiras velhas ou mesmo caixas de água
nas suas proximidades, periodicamente supridas com água, tomando-se o cuidado
de manter a água sempre limpa (COUTO et al., 2006).
Fonte: WOLFF et al., 2006

Figura 9: Modelo de bebedouro utilizado em apiário

Não é conveniente instalar o apiário junto a margens de rios, lagos e


represas, evitando, assim, prejuízos causados pelo afogamento de campeiras e por
eventuais inundações no período das chuvas. Fundos de vales, locais úmidos e
banhados devem ser igualmente evitados, uma vez que a elevada umidade pode

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favorecer a ocorrência de doenças nas colônias (WOLFF et al., 2006). Deve-se
evitar também a instalação de apiários próximos de águas estagnadas, pois abelhas
que se abastecem em águas permanentemente paradas, estagnadas ou
contaminadas, podem contrair enfermidades provenientes da própria água ou das
abelhas de enxames doentes que ali também se abasteçam.

Você sabia?
Em regiões de clima quente, como no semiárido nordestino, e em certos
meses do ano, uma colmeia pode chegar a consumir 20 litros de água por semana.
Na ausência de água nas proximidades, as abelhas campeiras
frequentemente percorrem grandes distâncias em busca da mesma, o que pode
ocasionar a morte de abelhas e até abandono das caixas pelos enxames.

5.10 Número de colmeias por apiário:


O número de colmeias por apiários deve ser compatível com a
capacidade de suporte da área, a existência de outros apiários nas proximidades e a
facilidade de manejo. Recomenda-se que, nos apiários fixos, não exceda de 30
colmeias. Em apiários migratórios, esse número pode ser maior, mas não deve
ultrapassar 50, para não dificultar o manejo.
A distribuição de colmeias em diferentes apiários pela região evita ainda a
saturação ambiental, possibilitando que o pasto apícola disponível no raio de ação
das abelhas campeiras não seja dividido por um número muito grande de colônias,
reduzindo a competição entre abelhas e levando a produtividade efetiva das
colmeias.

5.11 Suporte das Colmeias


As colmeias devem ser instaladas sobre suportes (cavaletes) individuais,
com a finalidade de se evitar o contato direto com o sol, pois a proximidade do solo,
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além de acelerar a deterioração das colmeias e de dificultar o vôo das abelhas
campeiras, deixa a colônia vulnerável ao ataque de aranhas, formigas, sapos,
lagartos, tatus e diversos outros predadores terrestres.
O cavalete ideal é aquele que conserva o enxame afastado do solo, bem
acima dos capins e ervas rasteiras, que é fácil de transportar e instalar e que se
mantém firme no terreno. Sobre o cavalete, a caixa deverá ficar levemente inclinada
para frente, garantindo-se o escoamento de líquidos que possam adentrar na
colmeia. Águas da chuva, umidades que condensam no interior da caixa, xaropes de
alimentadores com vazamento ou mesmo mel de favos quebrados durante o manejo
devem preferentemente escorrer para fora, ao invés de se acumular no fundo da
colmeia (PEREIRA et al., 2003). Podem ser feitos de madeira ou metal, e que
apresentem proteção contra formigas e cupins. Instalados de forma que as colmeias
fiquem 50 cm acima do solo, facilitando o manejo.
Fonte: http://www.mma.gov.br/

Figura 10: Colmeia com cavalete

Importante !!!
Para prevenir o ataque de inimigos naturais das abelhas, deve-se manter o gramado
do apiário bem limpo, livre de mato e de árvores altas que dificultem o vôo das
campeiras. A utilização de protetores anti-formigas nos cavaletes é importante, pois
um ataque de formigas a enxames pequenos pode destruir toda a família de abelhas.

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5.12 Disposição das Colmeias
A disposição das colmeias no terreno é dependente da área disponível,
da disponibilidade de acesso de veículos, como também deve atender ao menor
esforço do apicultor durante o manejo de forma a facilitar quando preciso o
transporte das colmeias (apiário migratório). Contudo, deve-se considerar a direção
do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequentemente a entrada das
abelhas na colmeia) e as linhas de vôo (as colmeias devem ser dispostas de modo a
evitar que a saída das abelhas de uma colmeia interfira na outra).
É recomendado que as colmeias sejam sempre colocadas sobre suportes
individuais, podendo ser inseridas sob várias formas (paralelo, fileiras, círculos),
atentando-se à distancia mínima de dois (2) metros entre as colmeias, reduzindo
dessa forma brigas, alvoroço, saques e morte das abelhas durante o manejo. Uma
alternativa pode ser utilizada para auxiliar o reconhecimento da sua caixa pelas
abelhas é a pintura de cada colmeia com cores diferentes, ao menos na face
dianteira, ou ainda fazer desenhos variados próximo aos alvados (WOLFF et al.,
2006).
WOLFF et al., 2006

Figura 11: Formas de distribuição de colmeias no apiário: A) linha dupla em zigue-


zague, com alvados voltados para o mesmo lado; B) em círculo com alvados voltados
para fora; C) em linha dupla com alvados voltados para lados opostos e distância
suficiente para acesso de veículos; D) em forma de U e distância suficiente para
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acesso de veículos.
Fonte: http://www.cabeceiraspiaui.com.br

Figura 12: Distribuição do apiário em linha

5. Referências Bibliográficas

COUTO, R. H. N.; COUTO, L. A. Apicultura: Manejo e Produtos. 3 ed. Jaboticabal:


FUNEP, 2006. 193 p., 2006.

FREITAS, B. M. Flora apícola versus seca. In: Seminário Piauiense de Apicultura, 5.,
1998, Teresina. Anais... Teresina: BNB: FEAPI: Embrapa Meio Norte, 1999. p. 10 -
16.

LIRA, G. A. A expansão da agroindústria do mel no Rio Grande do Norte. 2008.


82 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção, Natal/RN, 2008.

PEREIRA, F. M.; FREITAS, B.M.; ALVES, J.E.; CAMARGO, R.C.R.; LOPES, M.T.R.;
NETO, J.M.V.; ROCHA, R.S. Flora Apícola no Nordeste. Teresina: Embrapa Meio-
Norte, 2004. 40 p.

20
PEREIRA, F. M.; LOPES, M. T. R.; CAMARGO, R. C. R.; VILELA, S. L. O.
Produção de mel. Sistema de Produção. EMBRAPA Meio Norte, julho, 2003. ISSN
1678-8818. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/Fontes
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REVISTA ALMANAQUE RURAL, 2004. Apicultura, n. 01. São Paulo: Escala, 2004.
96 p.

SENAI. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Manual de


Segurança e Qualidade para a Apicultura. Brasilia: [s.n.], 2009. 86p.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL. Abelhas Apis mellifera:


instalação do apiário. 2. ed. Brasília: SENAR, 2010.(Coleção SENAR 141).
Disponível em:< http://www.canaldoprodutor.com.br/cartilhas/cartilha135/files/141_
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SILVA, G.A.R.; BASTOS, E.M.; SOBREIRA, J.A.R. Levantamento da flora apícola


em duas áreas produtoras de mel no estado do Piauí. Enciclopédia Biosfera,
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SOUZA, D.C. (Org). Apicultura: Manual do Agente de Desenvolvimento Rural.


2.ed. ver. Brasília: SEBRAE, 2006.

21
SOUZA, E.A.; VAZ, R.S.; SILVA, F.É.J.; PEREIRA, D.S.; NETO, J.P.H. Nível
tecnológico empregado no manejo para produção de mel de Apis mellifera L. em três
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VIDAL, M. F. Produção e venda dos produtos da apicultura no Nordeste.


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NETO, J. M. Localização do apiário e instalação das colmeias. Teresina:
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Figura 02: BRAZIL, D. Picos a cidade do mel, 2008. Disponível em: <
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http://www.cabeceiraspiaui.com.br/conteudo2.php?x=Territ%F3rio%20de%20Desenv
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2015.

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