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luminosidade adequada (acima de 70%), proporcionando as condições satisfatórias para a
implantação do sistema silvipastoril em PRI, adotando-se o manejo com ovinos da raça Santa
Inês.
Em março de 2009 incluiu-se no SSP mais dois piquetes de 0,70 ha cada, com plantio de Khaya
ivorensis A. Chev – mogno-africano, estabelecido em 2003. Nestes piquetes a espécie forrageira
cultivada foi o mombaça, Panicum maximum Cv. Mombaça, com a idade de 12 meses, passando
o SSP a abranger uma área total de 7,6 ha, sendo 4,7 ha com área útil de pastagem de boa
produtividade. O número de árvores de mogno-africano é de 292 com idade de seis anos com
espaçamento de 4x4 m.
Resultados de pesquisas realizadas pela Embrapa Gado de Leite, evidenciaram aumento médio
de 22% de nitrogênio e 17% de potássio nas folhas verdes de Brachiaria decumbens situadas
embaixo das áreas de influência das copas das árvores. Também se observou resultados positivos
obtidos com a forrageira Brachiaria brizantha, com aumento médio de 38% de nitrogênio e 35%
de potássio. Isto quer dizer que as gramíneas que se desenvolveram sob as árvores cultivadas são
mais nutritivas para os animais em pastejo, com aumento na produção de leite e carne
(CARVALHO et.al. 1999).
A adoção aos sistemas silvipastoris principalmente em manejo com PRI, interfere positivamente
na sustentabilidade da pecuária na medida em que protege o ambiente assegurando a recuperação
dos recursos naturais ameaçados (DUBOIS,1996), visto que as árvores funcionam como
mecanismo de proteção contra a erosão e pela densidade de plantio, o sistema radicular forma
uma rede protetora e de agregação dos horizontes do perfil do solo.
São conhecidos problemas sérios de redução da produtividade das áreas de plantio, tanto pela
diminuição da capacidade de retenção da água disponível do solo, quanto pelas modificações da
sua estrutura e perdas de nutrientes provocadas pelo arraste de partículas. O plantio de espécies
florestais e de pastagem são instrumentos naturais de proteção contra a erosão. As raízes desses
componentes formam um tipo de malha em condições de manter os agregados do solo,
conservando a sua produtividade.
Do mesmo modo, a liteira formada pela folhagem e demais partes integrantes da biomassa aérea,
também funciona como uma barreira protetora das condições físicas do solo, observada
notadamente nas regiões de elevada queda pluviométrica, como é o caso da Amazônia
geográfica. As árvores através da interceptação e da redistribuição da precipitação que chega ao
solo, reduzem a intensidade de seu impacto.
Desta forma, segundo DIAS FILHO (2007), a implantação de sistemas silvipastoris é sem
dúvida uma alternativa viável para aumentar a eficiência econômica e agronômica, a diversidade
biológica e a conservação dos nutrientes e da água no solo.
CONFORTO TÉRMICO
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danosa das variáveis climáticas consideradas responsáveis pelo estresse calórico devem ser
amenizadas.
O SSP, portanto, constitui um eficiente modelo para criação de animais quer para a produção de
leite como de carne, fornecendo um ambiente de conforto térmico, onde a procura dos animais
por locais sombreados, durante o período da estiagem, mostra a necessidade da provisão de
sombra, especialmente usando-se espécies arbóreas com copas globosas e densas.
Alterações de comportamento são realizadas pelo animal com o objetivo de reduzir a produção
de calor ou promover a sua perda, evitando estoque adicional de calor corporal. Estas alterações
referem-se à mudança do padrão usual de postura, movimentação e ingestão de alimentos, sendo
verificado que durante as horas mais quentes do dia, os animais procuram se alimentar e ruminar
nos ambientes sombreados, conforme mostrado na Figura 1. Deve-se considerar que durante a
estiagem, a tendência dos animais é passar o menor tempo pastando e ruminando, permanecendo
em ócio por período mais prolongado, o que acarreta perda da produção.
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AMBIÊNCIA
Animais estressados por calor apresentam maiores taxas respiratórias, maior consumo de água,
menor apetite e considerável perda de sais minerais como potássio e sódio; machos expostos a
estresse térmico apresentam redução do volume seminal por ejaculação e aumento do número de
espermatozóides anormais (defeituosos e mortos). Não obstante, animais sob desconforto
térmico apresentam menor resistência a infecções.
A região tropical úmida apresenta elevados índices de precipitação pluviométrica, temperatura,
umidade relativa do ar e radiação solar e estas, quando associadas ao manejo inadequado da
pastagem e do animal, podem ser consideradas elementos estressantes e que prejudicam a
exteriorização do potencial produtivo dos animais.
Além das condições climáticas, outras práticas de manejo visando oferecer maior conforto e
bem-estar aos animais, devem ser consideradas, dentre as quais, disponibilizar bebedouro que
ofereça água de qualidade (fluxo contínuo e vazão) e em quantidade suficiente a todos os
animais; evitar a lida com os animais (vacinação, pesagem, inseminação, controle de parasitos,
ordenha etc.) no período compreendido entre as 10 e 16 horas, pois o calor poderá provocar
estresse; qualificar a mão-de-obra para lidar com os animais, tratando-os com paciência, atenção,
carinho e higiene; evitar mudanças bruscas no manejo e na alimentação, que devem ser feitas de
forma lenta e gradual, uma vez que alterações abruptas e radicais levam a resultados desastrosos
quanto à produção de leite; o acesso à água e às áreas de sombra e pastos deverá ser planejado,
visando reduzir distâncias; promover limpezas constantes dos locais por onde os animais
transitam buscando reduzir os riscos de acidentes; e, sobretudo o manejo sanitário.
Nas latitudes próximas à Linha do Equador não ocorre sazonalidade reprodutiva, o que torna
possível a produção de cordeiros ao longo do ano. Os ovinos deslanados, como é o caso da raça
Santa Inês, são caracterizados pela maturidade sexual precoce, altos índices de fertilidade ao
parto e altas taxas de prolificidade. Salienta-se que o ovino tem potencial para produzir carne
mais eficientemente que outros ruminantes. (LEITE, 2007).
Aspecto Edáfico
A unidade pedogenética dominante é formada pelo Latossolo Amarelo Coeso Distrófico, textura
média, bem drenado, com baixa saturação de bases, baixa capacidade de troca catiônica, baixo
valor de fósforo assimilável e médio a baixo conteúdo de matéria orgânica. Trata-se, portanto, de
um solo de baixa fertilidade química embora apresente características físicas satisfatórias.
A Amazônia apresenta 86% de solos ácidos de baixa fertilidade química uma consequência das
concentrações inadequadas de nutrientes ou elementos, com reflexos negativos nutricionais para
as plantas cultivadas. (FALESI, 2009). A acidez do solo, resulta basicamente na concentração de
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íons hidrogênio, na deficiência de cálcio, fósforo e molibdênio e principalmente aos elevados
teores de alumínio e manganês. (MONIZ, 1975).
Com o objetivo de caracterizar as condições químicas através de análises de solo, efetuou-se
amostragem colhendo-se seis amostras simples para uma composta a espessuras de 0-5cm; 5-
10cm; 10-15cm; 15-20cm e 100-120cm, cujos resultados se encontram mostrados na Tabela 1.
Análise Química
Prof. cm pH N MO P K Na Ca Mg Al H
H2O % g/kg mg/dm³ Cmol/dm³
0,1 14,2 2 1, 0,
0-5 5,3 0 6 8 1 10 0 0,6 3 2,67
0,1 10,4 1 0, 0,
5-10 4,9 3 7 5 6 8 6 0,4 6 3,20
0,1 13,6 1 0, 0,
10-15 4,8 1 6 4 4 6 4 0,3 8 3,00
0,1 11,0 1 0, 1,
15-20 4,8 0 7 3 2 6 4 0,2 0 1,48
0,0 1 0, 0,
100-120 4,8 5 4,73 1 0 6 3 0,2 8 1,84
Granulometria g/kg
Prof. cm Areia Silte Argila total
gross
a fina
0-5 534 330 77 60
5-10 535 344 81 40
10-15 584 308 68 40
15-20 502 339 119 40
100-120 355 304 122 220
Tabela 1 – Análises química e granulométrica de amostras de solo a diferentes espessuras do perfil. Laboratório de
Solos Embrapa Amazônia Oriental
Por ser desenvolvido diageneticamente em área incluída nos tabuleiros costeiros do Terciário,
possui camada coesa, densa localizada entre profundidades de 20 a 25 cm e 40 a 45 cm
(JACOMINE, 2001). Deste modo, é necessário que o produtor ao estabelecer o cultivo de plantas
arbóreas ou mesmo arbustivas, no momento do coveamento deve ter o cuidado de aprofundar a
cova pelo menos à profundidade de acima de 45cm, ultrapassando esta camada coesa ou
adensada. Não efetuando esta prática, o sistema radicular vai encontrar dificuldades de
ultrapassá-la provocando enovelamento e atrofia com reflexos muito negativos no crescimento e
produtividade das árvores, podendo inclusive provocar o tombamento de algumas delas.
Aspecto Climático
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A área da Fattoria Piave está relacionada ao tipo climático Ami da classificação de Köppen, onde
a média de precipitação pluviométrica anual total é de 2100mm distribuída em dois períodos, o
mais chuvoso compreendido de janeiro a julho, com 81% de chuvas, e o outro de agosto à
dezembro com 19%. (FALESI; BAENA, 1999).
Esta precipitação, a rigor, se distribui em um período de sete meses bastante chuvoso, com
quedas de chuvas torrenciais, abrangendo de janeiro a julho, um período intermediário de
estiagem pouco pronunciado de agosto a setembro e finalmente outro período praticamente sem
queda pluviométrica distribuído nos meses da segunda quinzena de setembro, outubro, novembro
e na primeira quinzena de dezembro. Este último período é preocupante, principalmente nos dois
primeiros anos do crescimento da maioria das espécies cultivadas, devido à deficiência hídrica
acentuada nos primeiros horizontes do perfil do solo.
Como consequência deste fator, a semeadura deve ser efetuada no início das chuvas ocorrentes
em janeiro, para assegurar durante o período de cinco a seis meses de chuvas diárias o
crescimento vegetativo e a expansão do sistema radicular das plantas e com isto assegurar,
durante o período de estiagem a pouca disponibilidade de água e de nutrientes.
A temperatura é mais ou menos estável, com média anual de 26°C e variação térmica de 5°C. A
umidade relativa do ar é elevada durante o ano alcançando a média de 90%, sendo os valores
mais elevados registrados durante o período chuvoso.
METODOLOGIA
Preparo do Solo
O estabelecimento da pastagem cultivada que deu suporte a alimentação das ovelhas e borregas,
foi concretizado em áreas ocupadas com consórcios florestais e sistemas agroflorestais, cuja
distribuição e número de espécies estão expostas na Tabela 2 obedecendo a um sistema de
preparo do solo através de gradagem superficial passando-se a uma distância mínima de 1 m das
árvores nos locais abertos, visando-se o menor dano possível do sistema radicular das plantas
arbóreas cultivadas, distribuído desde a superfície até aproximadamente 45 cm de profundidade.
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Sistema Tipo Árvore n° Total
Tachi xNim Florestal Nim 175
Piquete 1 Florestal Tachi 20
Florestal Castanheira 4 199
Sistema Tipo Árvore n°
“Ex – PRI” Florestal Acácia 134
Piquete 2 Florestal Tachi 71
Florestal Sumaúma 18
Florestal Freijó 9
Florestal Jucá 4
Florestal Copaíba 4
Florestal Andiroba 4
Fruteira Ginjas 31
Fruteira Mangueiras 21
Fruteira Abieiros 20
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Fruteira Bacabi 4
Florestal Sumaúma 3 283
Khaya – 2003
Piquetes 5 e 6 Florestal Mogno-africano 292 292
Total 1.464
Estabelecimento da Pastagem
Após o preparo do solo, houve a infestação de vegetação considerada não forrageira, como
vassoura-de-botão, ciperáceas e plantas herbáceas de folhas largas, controlada com capina
através de enxada, proporcionando a limpeza total da área, tornando-a apta ao plantio da
gramínea forrageira Brachyaria brizantha (braquiarão) usando-se semente na quantidade de
20kg/ha com CV de 32%. A semeadura foi feita em sulcos distanciados de 30 cm misturando-se
5 kg de sementes com 15 kg de superfosfato simples, em quadras de 50 x 50 m (2500 m²)
visando-se atingir uma boa distribuição das sementes na área plantada. Quando necessárias
foram feitas capinas para estirpar as invasoras.
O produtor poderá optar pelo uso de herbicida a base de glifosate para a limpeza da área por ser
esta prática mais eficaz e econômica.
No decorrer do estabelecimento da pastagem foram realizadas duas capinas e arranquio de
plantas herbáceas, com a finalidade de controlar a concorrência com a forrageira. Do mesmo
modo fez-se a aplicação de fertilizantes químicos no momento em que a pastagem se encontrava
com 15 cm de altura após a semeadura, e, na primeira e segunda saída das ovelhas dos piquetes.
A pastagem bem manejada é a mais natural e econômica fonte de nutrientes, no aporte alimentar
dos animais, praticando-se uma pecuária altamente competitiva. No entanto, o conhecimento e a
adoção do manejo das pastagens são essenciais para que possam ser mantidas produtivas e
persistentes, pois a genética da planta defini o potencial produtivo, mas o manejo – o homem, é
responsável pelo seu sucesso.
A produtividade animal está relacionada com a capacidade de suporte da pastagem, ou seja, o
número de animais (ou de UA), ou ainda carga animal que pode ser mantida por área em função
da disponibilidade de forragem, assegurando alto rendimento por animal e por área, além de
manter a produtividade e a capacidade de recuperação da pastagem. Deve-se diferenciar
entretanto, carga animal (densidade animal) de capacidade de suporte (taxa de lotação). Cada UA
corresponde a 450 kg de peso vivo, e não a um animal.
No PRI o acompanhamento da pastagem deve ser diário, observando-se o momento adequado da
reposição de nutrientes químicos através de fertilização e o uso permanente de sal mineral, além
do controle de plantas invasoras.
Este sistema de manejo intensivo que a Fattoria Piave está adotando com ovinos em sistema
silvipastoril, substitui a pecuária tradicional vigente em uma pecuária moderna, de alta
produtividade, tendo como principal objetivo intensificar a produção, produzindo mais em menor
área, tornando a pecuária competitiva e apta a concorrer no processo de uso adequado da terra
(FALESI et.al. 2009. não publicado).
A região tropical úmida onde a Amazônia se inclui em geral apresenta solos com baixa
fertilidade, difíceis de sustentar produtividades elevadas e econômicas. Estes solos,
dominantemente classificados de Latossolos e Argissolos, devem ser adequadamente manejados
na tentativa de se obter melhores produtividades e atingir as metas de sustentabilidade a longo
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prazo. Para se alcançar este objetivo, o produtor terá que conhecer e aplicar sistemas de manejo
equilibrados que conduzirão a essa sustentabilidade.
No caso dos sistemas silvipastoris, a escolha criteriosa dos componentes, como a árvore, o
animal, a pastagem e sobretudo o homem são fatores fundamentais para se obter o sucesso
desejado. Estes componentes devem conviver harmonicamente, equilibrados, caso contrário não
será alcançada a sustentabilidade.
É comum os agricultores que labutam nos ecossistemas tropicais, cultivarem áreas maiores que
suas capacidades técnica e financeira. São conhecidos inúmeros casos de insucessos devido à
condução do manejo insuficiente do solo e das culturas ocasionando a baixa produtividade e
lucro.
Otimizando áreas mais reduzidas, como é o caso apresentado neste trabalho com a aplicação
adequada de nutrientes e de outras práticas agrícolas. É fundamental que a pastagem do SSP
esteja consolidada e com elevada produtividade, resultando maior índice de unidade animal,
melhores produtividades de sementes e de madeira produzidas pelas espécies florestais e do
sistema.
Não existe nenhuma vantagem em cultivar áreas muito extensas, com mais trabalho e menor
lucro no final.
Adubação
Com base em análises de solo a aplicação de fertilizantes químicos foi com o objetivo de corrigir
as deficiências de nutrientes. Inicialmente o superfosfato simples foi fornecido juntamente com
as sementes de braquiarão no momento da semeadura. Após a germinação, quando as plantas
alcançaram 30 dias de nascidas, fez-se a adubação adotando-se a formulação NPK, 10.28.20 na
base de 50kg/ha por ter a resposta mais imediata.
A aplicação do potássio e do nitrogênio e novamente do fósforo foi feita posteriormente, quando
a gramínea se encontrava com aproximadamente 30 cm de altura, usando-se a mistura de 80kg
de superfosfato simples com 50kg de sulfato de amônio e 50 kg de cloreto de potássio por
hectare.
Após o estabelecimento da pastagem, a reposição de nutrientes será feita a base de esterco de
ovinos curtido produzido na propriedade e quando necessário com enriquecimento de fósforo.
Adotou-se o sulfato de amônio pela presença de 24% de enxofre em sua composição e o
superfosfato simples também pelo conteúdo de 12% desse elemento.
O enxofre desempenha funções essenciais na vida das plantas cultivadas, notadamente na
formação de proteína e nas reações enzimáticas (MATTOS, 1990).
A deficiência de enxofre, nem sempre observada visualmente, pode ser responsável para reduzir
a produção das mais diversas culturas.
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245 m
110 m
85m
Tachi x Nim
0,80 ha
Porteiras
Bebedouros
Ex - PRI
0,80 ha
571 m
92 m
Khaya
0,70 ha
110 m
0,80 ha
ÁREA ÚTIL: 4,7 ha
123 m
Khaya
0,70 ha Saf 91
0,90 ha
130 m
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Sistema Florestal Piquetes n° Área Total (ha) Área útil m²
Tachi x Nim 1 0,90 0,80
Ex-PRI 2 2,60 0,80
Citros 93 3 1,30 0,80
SAF 91/92 4 1,40 0,90
Khaya 2003 5e6 1,40 1,40
Total 6 7,60 4,70
Tabela 3 – Áreas total e útil de pasto por piquete
INFRAESTRUTURA DO SISTEMA
Equipamentos e Instalações
4 bebedouros em alvenaria cobertos – Figura 4
1 cocho coberto para sal mineral, móvel – modelo Piave – Figura 5
Instalação hidráulica – mangueira, bóias e conexões
6 porteiras do tipo guilhotina com dimensão de 1m de largura x 1,10 altura– modelo Piave –
Figura 6
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Figura 4- Bebedouro Figura 5 - Cocho coberto – saleiro Figura 6 – Porteira Guilhotina Piave
CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO
Janeiro 2008
Retirada dos esteiotes do plantio de acácia sem idade de 4 a 5 anos, destinados à construção das
cercas.
Gradagem cruzada ate 20 cm e nivelamento
Construção das cercas.
Fevereiro 2008
Semeadura do Braquiarão misturada com o superfosfato simples nas dosagens definidas – 20
kg/ha e 50kg/ha respectivamente.
Paralelamente, capina onde necessária.
Março 2008
Acompanhamento do crescimento e consolidação das forrageiras.
Adubação com KCl e superfosfato simples e capina onde necessária.
Neste momento, todas as etapas terão que estar concluídas para em maio/junho, ao alcançar mais
de 60 dias do estabelecimento da pastagem, iniciar a entrada das ovelhas e borregas.
MANEJO DO SISTEMA
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problema deve-se assegurar a estabilidade na produção e redução progressiva nos seus custos, é
o que se define como sustentabilidade.
Em solo arenoso da Malásia, observou-se que o crescimento de seringueiras aumentou após o
pastejo de ovinos a intervalo de 6 a 8 semanas. (TAJUDDIN, 1986).
Na Austrália, ovelhas que permaneceram durante 3 anos em pastos sombreados com Tamarix
aniculat, no espaçamento de 10x10m, produziram 10% a 16% mais cordeiros e ovelhas,
respectivamente, que em pastos não sombreados; O crescimento e a produção de lã dos
carneiros, também aumentaram (ROBERTS, 1984).
A importância do SSP adotando-se o PRI é sem dúvida confiável e de alto valor biológico
quando atinge o equilíbrio sustentável.
A participação das ovelhas no sistema, além da principal finalidade que é a reprodução,
contribuem significativamente para a fertilização do solo, através do lançamento diário das
dejeções sólidas e liquidas (esterco fresco e urina). Salienta-se que 1000g de esterco fresco de
ovinos contém 2,07 g/kg de N; 1,03 g/kg de P e 0,52 g/kg de K, além da matéria orgânica e
micronutrientes. No relativo à urina destes animais, estima-se esta mesma quantidade em 19g/kg
de N e 23g/kg de K. Transformando estes valores em fertilizantes químicos, obtém-se o
correspondente ao que se observa na tabela 4. (FALESI ; BAENA, 1999).
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Figura 7 Dejeções sólidas lançadas ao solo pelas ovelhas em pastejo,
promovendo a ciclagem de nutrientes.
Calculando estes valores de esterco seco produzido pelas 60 ovelhas durante as 10 horas por dia,
que permanecem no sistema, obtém-se 164,95 g/kg de uréia ; 188,84 g/kg de ST e 34,74 g/kg de
KCl que são incorporados por dia ao solo através da ciclagem de nutrientes. Em análise de
laboratório (Laboratório de Solos, Embrapa Amazônia Oriental) efetuada em amostra composta
de esterco colhida no piquete 1 – tachi x nim para a determinação de carbono, apresentou como
resultado um percentual elevado da ordem de 45% de carbono o equivalente a 80% de matéria
orgânica.
Este material orgânico produzido pelas ovelhas ao ser lançado ao solo, favorecido pelo ambiente
térmico estável e umidade elevada entra em decomposição, tendo como principais responsáveis a
ação dos microorganismos do solo, cuja a massa ou biomassa microbiana está permanentemente
em renovação. Com o aumento da idade da pastagem, que se encontra no sistema em equilíbrio
sustentável, o solo apresenta uma condição de equilíbrio dinâmico onde as perdas anuais de
matéria orgânica são balanceadas pelas entradas no decorrer do ano. É o que se conhece como
reciclagem e no caso do carbono é definido como o fluxo através do conteúdo total do carbono a
uma dada amostra de solo. (CERRI, et.al. 1992).
A passagem dos nutrientes pelo organismo animal representa uma importante via na reciclagem
destes nutrientes no sistema da pastagem. Estima-se que ate 75% dos nutrientes minerais,
incluindo o nitrogênio, podem ser retornados ao sistema pelas excreções animais. (FALESI,
1976; MOTT; POPENOE, 1977).
Além dos lançamentos diários à superfície do solo dos dejetos sólidos e líquidos oriundos das
ovelhas no sistema, a palhada residual das folhagens da pastagem que não é consumida pelos
animais (figura 8) promove uma maior proteção do solo contra a erosão; diminui o impacto
direto da gota de chuva sobre a superfície do solo e escorrimento superficial; reduz a amplitude
térmica nas camadas superficiais do solo; aumenta a atividade biológica; aumenta ainda as taxas
de infiltração de água no solo; reduz a evaporação; controla com eficiência as invasoras; recicla
macro e micronutrientes; aumenta o teor de matéria orgânica; melhora a capacidade de retenção
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de água e também do enraizamento superficial dificultando a compactação provocada pelo
pisoteio dos animais.
Acacia mangium
Reciclagem de Nutrientes
NITROGÊNIO
COMPONENTE kg/ha %
Folhas 346,95 69,39
Galhos 85,70 17,14
Vagens 67,35 13,47
500 100,00
Tabela 5. Quantidade de nitrogênio incorporado ao solo através da reciclagem da biomassa aérea da espécie
Acacia mangium..(FALESI & MATOS, 2000)
Ovelhas de reprodução e borregas, todas numeradas, são manejadas neste sistema produtivo,
visando fornecer uma melhor alimentação, refletindo no crescimento, disposição para a
reprodução e saúde, cuidando-se principalmente do controle de verminose. (MOURA
CARVALHO, L.O.D. et. al. 2001).
Nos primeiros 30 dias observou-se a tendência da capacidade de suporte da pastagem definindo-
se a unidade animal, tendo-se então estimado que o sistema deverá abrigar 60 cabeças em
manejo rotacionado, o correspondente ao excepcional índice de 6 UA/ha.
Na figura 9 observa-se a evolução do estabelecimento da pastagem até alcançar o desejado
equilíbrio solo x planta x animal.
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Figura 9 – Evolução do estabelecimento da pastagem de braquiarão no sistema silvipastoril/PRI
Adota-se o fornecimento de sal mineral para ovinos + folhas secas de nim trituradas (LAREDO,
2003), servidos em cocho coberto para assegurar a suplementação de minerais carentes no solo e
controle de verminose. (NEVES; NOGUEIRA, 1996).
O fornecimento diário de sal mineral aos ovinos é uma prática de manejo necessária visando
fornecer os minerais (macro e micro), carentes nos solos da Amazônia. A deficiência de fósforo
nestes solos é a mais comum, embora todos os demais nutrientes possuam também baixos níveis.
Quando as necessidades minerais não são supridas, surgem problemas como os distúrbios
metabólicos com graves reflexos nos animais. A composição do sal mineral deve ser completa e
oferecido durante todo o ano independente de períodos chuvosos ou de estiagem.
Os produtos minerais produzidos especialmente para os bovinos não são indicados para os
ovinos principalmente por conter altos níveis de cobre, que causa normalmente intoxicação
graves aos ovinos, podendo levá-los inclusive a óbito.
O sal mineral adotado neste sistema é o que se pode observar na tabela 6.
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Mineral Qtd./kg Mineral Qtd./kg
Ca 155g F 650mg
P 65g I 175mg
S 12g Mn 1400mg
Mg 6g Ni 42mg
Na 115g Se 27mg
Co 175mg Zn 6000mg
Cu 100mg PB min 2%
Fe 1000mg NDT 6%
Tabela 6 Composição do sal mineral
adotado no SSP/PRI fornecido diariamente
aos ovinos.
A adoção de suco das folhas frescas do nim a 10% e das folhas + frutos +sementes a 20%
reduziram temporariamente a população de nematóides de ovinos. Do mesmo modo o nim a 10%
foi eficaz no controle da diarréia. O suco das folhas + frutos + sementes de nim a 20% controlou
as alterações clínicas nos pêlos e na pele, não verificando-se manifestações de reações alérgicas e
tóxicas. (TAVARES et al. 2008).
No decorrer do criatório far-se-á a observação e seleção das ovelhas que permanecerão no
sistema produtivo e das ovelhas que serão destinadas ao abate. A cobertura controlada, se
processará no aprisco de reprodução, no final da tarde quando 2 reprodutores entrarão para este
objetivo.
Dois reprodutores PO (Puro de Origem) da raça Santa Inês (figura 10) ficam em regime de
confinamento em ambiente apropriado, onde recebem diariamente 2 etapas de forragens
constituídas de 80% de capim mombaça, 10% de girassol mexicano e 10% de gliricídia, além de
600g de concentrado mineral completo, com valor protéico de 16% de PB e também o
fornecimento do sal mineral.
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A gliricídia (Gliricidia sepium) é uma leguminosa arbustiva de múltiplos usos entre eles na
alimentação de ruminantes. O plantio da gliricídia é de fácil condução, devido não somente à sua
propagação vegetativa, como também pela baixa exigência de nutrientes do solo. É resistente ao
período de acentuada estiagem e também ao período de elevada precipitação pluviométrica. É
portanto adequada à região amazônica.
O conteúdo de nutrientes da gliricídia revela a presença de teores elevados de Proteína Bruta
(PB) (23%), fibra (45 % FDN-fibra detergente neutro), cálcio (1,7% MS) e fósforo (0,18% MS).
(SMITH&VAN HOUTERT,1987). Devido a estes dados considera-se a gliricídia como rica em
proteínas e cálcio, fato este muito importante, pois as forragens tropicais normalmente
apresentam baixo conteúdo de proteínas e baixa concentração de cálcio. O elevado conteúdo de
fibra identifica nesta leguminosa uma fonte de forragem para os ruminantes. Além do fósforo e
cobre (5,8mg/kg MS) contém outros nutrientes em quantidades suficientes para satisfazer a
necessidade do gado em regiões de clima tropical, constituindo-se uma alternativa para estação
de estiagem, quando são comuns as deficiências de proteínas e minerais. (KABAIJA, 1985).
O girassol mexicano (Tithonia diversifolia (Hems) Gray), também conhecido como botão de
ouro, é uma planta herbácea pertencente à família Compositeae. É usada rotineiramente na
Colômbia e no Quênia como forragem de corte ou mesmo a pleno campo para bovinos, ovinos,
coelhos e galináceos, devido a boa palatabilidade. Por ser uma espécie de múltiplo uso é
utilizada em cerca viva, apicultura, ornamentação e em sistemas silvipastoris, tanto para ovino
quanto para bovinos.
O girassol mexicano é recuperador de solo fornecendo além do fósforo assimilável, cálcio e
nitrogênio (www.utafoundation.org/botondeoro.htm, 2008) . Possui um vasto sistema radicular,
sendo tolerante a acidez e a baixa fertilidade de solo. Rebrota facilmente, sendo por isto de fácil
reprodução vegetativa. Possuindo elevado percentual de Proteína Bruta – PB com valores
oscilando de 14,84% a 28,75% em base seca; altos níveis de P, de 0,32% a 0,39% em base seca;
Ca variando de 1,65% a 2,25%; degradabilidade de mataria seca igual a 90% em 48h; extrato
etério entre 1,4% a 2,46% em matéria seca; FDN variando de 35,3% a 41% e finalmente
ausência de tanino, é considerada uma planta de extraordinário valor forrageiro.
(www.utafoundation.org/botondeoro.htm , 2008)
O outro componente forrageiro fornecido é o capim mombaça, Panicum maximum Cv.
Mombaça, de boa palatabilidade, além de possuir 10 a 12 % de PB durante o ano, alta resistência
à cigarrinha e a estiagem.
As ovelhas cobertas e em adiantado estado de gestação, de 8 a 10 dias antes da concepção, são
levadas para o aprisco maternidade e instaladas em boxes destinados à parição.
As borregas são recolhidas no final da tarde no aprisco de cria, para não terem contato com os
reprodutores.
Periodicamente, por amostragem, os animais são pesados e avaliados o ganho de peso nos
períodos, como mostrado na tabela 7.
21
Peso das Ovelhas PRI 2008
N° Junho Agosto 2008 Ganho peso Ganho peso Diário
ovelha 2008 (kg) (kg) (kg) (g)
202 40 48 8 88,8
022 34 47 13 144,4
041 37 49 12 133,3
211 37 50 13 144,4
224 31 37 6 66,6
249 35 45 10 111,1
219 38 46 8 88,8
235 30 38 8 88,8
245 34 45 11 122,2
252 44 50 14 155,5
205 44 50 16 177,7
254 36 50 14 155,5
329 33 45 12 133,3
015 37 46 9 100,0
255 31 40 9 100,0
médias 36 45,7 10,9 120,7
Tabela 7- Avaliação por amostragem das alterações de pesos em quilogramas, das ovelhas após três meses de
pastejo intensivo.
Registra-se que para as ovelhas adultas, a principal finalidade é manter o estado corporal destes
animais em equilíbrio. O ganho de peso diário é reduzido quando comparado com classes de
ovinos em crescimento, cordeiros e borregos.
A cada 30 dias, durante o período chuvoso, é efetuado a vermifugação para o controle de
parasitas intestinais ou através de OPG (Ovos por grama de fezes).
A verminose é um dos pontos críticos no criatório de ovinos, caso não seja obedecido um
calendário rigoroso de controle através do uso de vermífugos diversificados.
O ciclo dos parasitas intestinais passa pelas pastagens que precisa ser controlado evitando-se
uma infestação danosa atingindo todo o rebanho.
Faz-se este controle através do uso de pastagens com espécies de crescimento ereto, como os
cultivares de Panicum maximum e Brachiaria brizantha, devido suas características típicas das
formas cespitosas, possuem arquitetura mais aberta e ocupam menor área de solo, o que permite
penetração de raios solares e ventos que afetam a umidade e estabilidade térmica do microclima
além de reduzir a umidade das fezes e criar condições desfavoráveis ao desenvolvimento e
sobrevivência de larvas (MONTEIRO ; BARROS, 2009).
É comum entre os ovinocultores a citação de que “ovelha prefere pasto baixo”. Este tradicional
comentário tem trazido sérias conseqüências para a ovinocultura. Os ovinocultores, comumente,
adotam o uso de pasto baixo, expondo às larvas de helmintos. Por isto a estratégia no manejo é
manter o pasto em altura adequada a cada espécie vegetal, visando atender a demanda nutricional
dos ovinos e otimizando sua busca e apreensão da forragem, e isto acarretará em menor
exposição dos ovinos a infecções parasitárias por haver menor contato com L3, ou seja, a larva
infectante que ao sair do ovo fica na folha da gramínea aguardando o animal para parasitá-lo.
(MONTEIRO ; BARROS, 2009).
22
Periodicamente procede-se a revisão dos cascos e o conseqüente casqueamento, quando
necessário, como medida profilática à pododermite. Reforçando este manejo, no aprisco
encontra-se instalado o pedilúvio contendo uma mistura de cal com sulfato de zinco. O objetivo
do pedilúvio é evitar e controlar a entrada da bactéria no aprisco, construindo-o à entrada das
instalações.
No período chuvoso, os ovinos ficam expostos à várias bactérias, entre elas a Dichelobacter
nodosus, responsável por causar feridas nos cascos, com sintoma de manqueira e mal cheiro.
Estes ferimentos são conhecidos como Pododermite, ou “foot-rot” ou ainda, mal dos cascos.
Evita-se preventivamente este grave problema adotando-se o uso do pedilúvio e o casqueamento
periódico, este ultimo durante o período de estiagem. Esta prática de manejo ocasiona a melhor
oxigenação do casco, provocando o combate à microorganismos patogênicos, evitando a ação
das bactérias anaeróbicas. Salienta-se que a bactéria causadora da pododermite sobrevive no solo
por um período de 10 dias. (SANTOS, 2008).
Durante o período de maior deficiência hídrica no solo, que corresponde a aproximadamente 40
dias do ano, a pastagem por não ser irrigada, torna-se inadequada ao consumo. Neste período, as
ovelhas são transferidas para outra área de pastagem, também de braquiarão e em consórcio com
Acacia mangium. No final do dia, regressando ao aprisco, as ovelhas recebem uma
suplementação de forragem natural a base de 80% de mombaça, 10% de gliricídia e 10% de
girassol mexicano.
Este sistema produtivo integrando solo, planta, animal e o homem, diminui o descompasso entre
o crescimento econômico desta atividade e a preservação ambiental, alcançando-se o
desenvolvimento sustentável.
ESCRITURA ZOOTÉCNICA
Na Fattoria Piave a taxa de desfrute é de 31,1%, média de uma série histórica de 7 anos,
compreendida entre 2000 e 2007.
O peso médio de carcaça fria é de 15 kg em capões com 6 a 8 meses de idade. A taxa de
natalidade avaliada também no período de 7 anos é de 98,5%, salientando-se que esta baixa
perda de cordeiros é devido à acidentes. Os cordeiros ao nascerem, após algumas horas, recebem
curativo no umbigo, usando produtos veterinários convencionais. O peso médio dos cordeiros ao
nascer, observado no mesmo período, é de 3,750 kg nas fêmeas e de 3,960 kg nos machos, sendo
o percentual de nascimento de fêmeas de 48,5% e de machos 51,5%.
Com a adoção do SSP/PRI a partir do início do ano de 2008, observou-se que houve um
acréscimo satisfatório de nascimentos com partos gemelares quando comparados com ovelhas
criadas em ambiente extensivo tradicional.
O SSP apresentando ambiente controlador dos excessos de temperatura durante um período do
dia, proporciona um conforto térmico às ovelhas. Este fator ambiental acrescido à farta e
saudável pastagem cultivada estabelecida com práticas culturais modernas e ainda a participação
de herança genética dos reprodutores e ovelhas de segunda e terceira cria, proporcionam
acréscimo considerável de parições gemelares conforme se observa na tabela 8.
23
Ano Nascimentos Gemelares Total % nascimento
n° Parições Fêmeas Machos nascimentos gemelares
2007 1 2 0 85 1,2
2008 6 4 8 68 8,8
2009 7 8 6 42 16,6
*
Tabela 8 Parições gemelares provocadas por prováveis condições ambientais criadas pelo
sistema silvipastoril.
* Controle realizado ate o dia 30/04/2009
24
ITENS Unidade Preço Ano-1 Ano-2 Ano-3 Ano-4 Ano-5 Ano-6
(R$1,00) Qtd. Valor Qtd. Valor Qtd. Valor Qtd. Valor Qtd. Valor Qtd. Valor
A. PREPARO DA ÁREA DO SISTEMA
Preparo de esteiotes diárias 20,00 16 320,00 - - - - - - - - - -
Construção de cercas diárias 20,00 18 360,00 - - - - - - - - - -
Gradagem hora/trator 40,00 8 320,00 - - - - - - - - - -
Aplicação de adubos diárias 20,00 2 40,00 - - - - - - - - - -
B. IMPLANTAÇÃO DA PASTAGEM
Abertura de sulcos p/plantio diária 20,00 2 40,00 - - - - - - - - - -
Semeadura diária 20,00 6 120,00 - - - - - - - - - -
E. INSUMOS
N.P.K 10.28.20 saco 50kg 52,00 3 156,00 - - - - - - - - - -
Super Fosfato Simples saco 50kg 52,00 3 156,00 3 156,00 3 156,00 3 156,00 3 156,00 3
156,00
Cloreto de Potássio saco 50kg 52,00 3 156,00 3 156,00 3 156,00 3 156,00 3 156,00 3
156,00
Sulfato de amônio saco 50kg 52,00 3 156,00 3 156,00 3 156,00 3 156,00 3 156,00 3
156,00
Arame liso rolo 205,00 9 1.845,00 - - - - - - - - - -
Grampos kg 4,50 30 135,00 - - - - - - - - - -
Piche galão 18,00 1 18,00 - - - - - - - - - -
Óleo queimado litros 1,00 50 50,00 - - - - - - - - - -
Vermífugo litros 46,00 2,4 110,40 2,4 110,40 2,4 110,40 2,4 110,40 2,4 110,40 2,4 110,40
Sementes de braquiarão kg 3,90 48 187,20 - - - - - - - - - -
Sal mineral kg 2,60 540 1.404,00 540 1.404,00 540 1.404,00 540 1.404,00 540 1.404,00 540 1.404,00
25
Cenário 1 – Venda de animais “peso vivo”
O sistema oferece ao produtor retorno financeiro compatível com o modelo de criatório adotado,
como pode ser observado na tabela 10, referente às receitas e lucro líquido proporcionado pela
venda de capões (peso vivo) e ovelhas descartadas (peso vivo) pelo valor de R$ 4,00 por kg , em
um total de 75 animais. Anualmente há uma produção de 60 cordeiros castrados, que ao
completarem 6 meses de idade são comercializados. Da mesma maneira 15 fêmeas em média são
também descartadas por apresentarem normalmente defeitos.
Na comparação dos valores referentes aos custos, com os valores das receitas e lucro estimado,
observa-se perfeitamente que o retorno estimado é bem mais elevado do que se gasta para
implantar e manter o sistema em funcionamento.
26
Carne Couro Vísceras
RECEITAS CUSTOS FCL RECEITAS CUSTOS FCL RECEITAS
Ano-1 12.750,00 (13.038,60) (288,60) 2.250,00 (1.350,00) 900,00 1.125,00
Ano-2 12.750,00 (8.807,40) 3.942,60 2.250,00 (1.350,00) 900,00 1.125,00
Ano-3 12.750,00 (8.807,40) 3.942,60 2.250,00 (1.350,00) 900,00 1.125,00
Ano-4 12.750,00 (8.807,40) 3.942,60 2.250,00 (1.350,00) 900,00 1.125,00
Ano-5 12.750,00 (8.807,40) 3.942,60 2.250,00 (1.350,00) 900,00 1.125,00
Ano-6 25.100,00 (8.807,40) 16.292,60 4.050,00 (2.430,00) 1.620,00 2.025,00
88.850,00 (57.075,60) 31.774,40 15.300,00 (9.180,00) 6.120,00 7.650,00
FCL – Fluxo de caixa líquido (lucro)
Tabela 11. Custos e receitas de comercialização da carne e do couro
COMPONENTES ARBÓREOS
27
Espécies N° árvores
Mogno-africano 66
Nim 35
Acácia 32
Paricá 29
Tachi 18
Mogno verdadeiro 11
Teca 10
Sumaúma 8
Tabela 12. Espécies florestais componentes do
sistema e respectivos números de árvores para a
avaliação
Espécies Florestais
Na Tabela 13 acha-se representado o número de cada espécie florestal componentes do sistema,
totalizando 1079 árvores florestais, correspondendo a 142 árvores por hectare .
Espécie N° árvores
Mogno-africano 331
Nim 175
Acácia 162
Paricá 145
Tachi 91
Mogno 56
Teca 52
Sumaúma 42
Freijó 9
Andiroba 4
Castanheira 4
Copaíba 4
Jucá 4
Total 1079
O produtor rural vai dispor de 545 árvores de diferentes espécies componentes do SSP,
consideradas como “Poupança verde”, como fonte de recurso financeiro (tabela 14).
28
Valor
n° idade IMA Benef.
Espécie árv./sist. (anos) Vm³/árv. Vm³/sist. (m³)/árv. (-50%) total (R$)
Mogno-africano 39 8 0,69 27 3,4 13,5 20.250,00
Mogno 56 8 0,38 21,5 2,7 10,8 16.125,00
Teca 52 10 0,92 48 4,8 24 36.000,00
Acácia 162 8 2 324 40,5 162 19.440,00
Paricá 145 14 2,5 362,5 25,9 181,3 21.750,00
Tachi-preto 91 8 1,2 109,8 13,7 55 6.588,00
Sumaúma 42 10 2,8 117,5 11,8 58,8 7.056,00
Soma e média 587 9,4 127.209
Tabela 14. Estimativas dos valores em metros cúbicos e retorno financeiro na comercialização das madeiras serradas
produzidas pelas árvores florestais componentes do sistema silvipastoril – “Poupança verde”. (Cálculo do volume
considerando 50% de perdas no beneficiamento e o valor de mercado de R$1500 para o mogno, mogno-africano e teca, e
R$120 para as demais).
Os cálculos dos volumes da madeira serrada/m³ e da produção da volumetria por árvores são
estimativos.
A partir dos dados constantes na tabela 13 e considerando-se o custo por árvore de R$ 15,00,
pode-se concluir que se gastou com todas as arvores do sistema um total de R$ 8.805,00 e a
receita com a venda da madeira serrada destas árvores em R$ 127.209,00, o que corresponde a
um lucro líquido de R$ 118.404,00, ou seja, o produtor obtém um retorno financeiro 13 vezes
maior do que o valor investido nas árvores. Transformando este lucro líquido em lucro mensal
líquido, durante os 9,4 anos de média das árvores, obtém-se um rendimento mensal de R$
1.049,68 , demonstrando assim a alta rentabilidade desta “Poupança Verde”.
Comercialização de sementes
Outra forma de obtenção de receita com o uso de árvores no sistema, é através da venda de
sementes.
Foram selecionadas 30% de árvores de cada espécie para serem as produtoras de sementes.
A venda de sementes é o componente mais rentável do SSP, uma vez que os custos com a
colheita são pequenos e o valor de mercado é elevado assim como a produção. Por isto, a tabela
15, demonstra os valores obtidos com as vendas de toda a produção de sementes, e também com
a comercialização de 80, 60, 40 e 10 % do que se produz de sementes, simulando assim uma alta
e uma baixa quantidade de demanda.
29
PRODUÇÃO DE SEMENTES
Produção/arv Total sementes Valor/kg Receita Bruta
Espécie n° arv (kg) (kg) (R$) (R$)
Mogno-africano (> 10 anos) 12 15 180 600,00 108.000,00
Mogno swietenia (>10 anos) 18 20 360 190,00 68.400,00
Teca (>8 anos) 15 20 300 45,00 13.500,00
Acacia(>6 anos) 48 20 960 150,00 144.000,00
Paricá (>6 anos) 27 20 540 40,00 21.600,00
Tachi Preto (>6 anos) 27 20 540 40,00 21.600,00
Sumaúma (>10 anos) 13 15 195 40,00 7.800,00
Total considerando 100% de vendas 2880 384.900,00
Total considerando 80% de vendas 2304 307.920,00
Total considerando 60% de vendas 1728 230.940,00
Total considerando 40% de vendas 1152 153.960,00
Total considerando 10% de vendas 288 38.490,00
No SSP o Nim, Azadiractha indica A. Juss., meliácea de origem indiana e que apesar de ocorrer
em climas árido e semi árido, está se aclimatando satisfatoriamente no ambiente amazônico
notadamente nas áreas influenciadas pelos tipos climáticos Ami e Awi.
Além de seus inúmeros usos, como fármacos, apicultura, medicina humana e animal, cosméticos,
controle de pragas e doenças da lavoura, além de outras aplicações, é também um componente
importante na estruturação de sistemas agroflorestais.
As folhas, ramos, frutos, casca e raízes, são usadas para as mais diversas aplicações (NEVES, et
al. 2003) e por isto, a espécie foi considerada na formação do presente sistema silvipastoril.
Com os animais, bovinos e ovinos, se relacionam em perfeita harmonia, não havendo prejuízos
para ambos.
Os folíolos de nim são usados na rotina do manejo das ovelhas, no fornecimento à base 100g de
folíolos triturados e secos a cada 30 kg de sal mineral. O objetivo é controlar algumas raças de
helmintos bem como de outros parasitas intestinais.( TAVARES, et al. 2008).
No SSP/PRI, 175 árvores com 8 anos de idade encontram-se em condições para fornecerem,
folhas, sementes para produção de mudas e para produção de óleo, constituindo-se 3 produtos
destinados à comercialização.
Apresenta-se 3 cenários alternativos para o produtor rural definir a sua opção.
30
folhas secas (NEVES, 2000). Considerando-se que o mercado oferece R$ 3,00 pelo kg deste
insumo, obtém-se um total bruto de R$ 11.760,00.
O custo operacional para a colheita de folhas é de R$ 4.900,00 , que está relacionado às
despesas com a mão-de-obra e os equipamentos relacionados. O lucro líquido, portanto, desta
prática é de R$ 6.860,00. (www.preservamundi.com.br, 2009).
CENÁRIO 2 - PRODUÇÃO DE SEMENTES PARA MUDAS
Uma árvore de nim aos 8 anos de idade produz em média 15 kg de sementes. Como no SSP
existem 175 árvores o produtor obtém uma colheita de 2625 kg que comercializadas à razão de
R$ 100,00/ kg, conseguirá um valor bruto de R$ 262.500,00. Neste caso, deve-se considerar a
demanda por parte dos plantadores desta espécie. Admitindo-se que esta demanda seja de apenas
30% o restante o produtor poderá transformar estas sementes em óleo.
MELIPONICULOTURA
A criação de abelhas é uma atividade cosmopolita muito difundida nas regiões rurais por
pequenos, médios e grandes produtores.
Os ecossistemas amazônicos possuem excelentes condições ambientais para o criatório destes
pequenos e úteis animais. A vasta e diversificada vegetação natural e cultivada proveniente da
macrorregião nordeste paraense onde se destacam: o clima tropical com temperaturas elevadas e
31
sem alterações extremas; as floradas das espécies fornecedoras de néctar , pólem e resina;
floração equilibrada distribuída no decorrer do ano; diferentes espécies de abelhas produtoras de
mel e completando estas condições essenciais, um mercado consumidor sempre crescente.
A Fattoria Piave por apresentar um plantio diversificado de espécies florestais abrangendo
35.000 árvores tanto da flora regional, quanto exótica, além de uma também diversificada
vegetação de capoeiras, de sub bosque e de revestimento, destacando-se as gramíneas cultivadas
e herbáceas nativas oferecem campo extraordinário às atividades das abelhas.
Deve-se destacar que não somente a propriedade mas também, os ambientes local e regional são
bem servidos por cursos de água que compõe as bacias hidrográficas.
Embora a apicultura não faça parte no momento do SSP, apresenta-se como um componente de
destaque para o melhoramento do ambiente e das condições socioeconômicas do produtor e do
município.
Se apresentará , como sugestão, os aspectos econômicos das abelhas indígenas, sem ferrão, por
se obter melhor preço no mercado consumidor, e também, por se tratar de um produto especial,
orgânico e raro (VENTURIERI, 2000)
Deve-se salientar que em estabelecimento e manutenção de SSP a inclusão de criatório de
abelhas para a produção econômica e complementar ao produtor, as melíponas são sem dúvida,
as espécies recomendadas por não apresentarem ferrão e portanto livrarem os animais do
sistema, do caso, as ovelhas, de ataques que podem ser inclusive danosos e fatais.
Por produzirem mel de qualidade e de alto valor no mercado (mel de abelhas sem ferrão tem
alcançado valores superiores ao mel de Apis mellifera), aumentarem a produtividade de plantas
cultivadas, serem essenciais na reprodução da vegetação nativa e pelo baixo investimento inicial
(tabela 17), a criação destas abelhas mostra-se como uma excelente alternativa de
desenvolvimento econômico sustentável para as comunidades e propriedades familiares de
agricultores, devido também ao elevado retorno financeiro (tabela 18) e boa relação
custo/benefício. (MAGALHÃES ; VENTURIERI, no prelo).
Componente Lucratividade % %
Sementes 153.960,00 43,75
Madeira 127.209,00 36,15
Carne 31.774,40 9,03 59,50
Couro 6.120,00 1,74 11,46
Esterco 7.857,30 2,23 14,71
Vísceras 7.650,00 2,17 14,33
Mel 17.370,00 4,94
Total 351.940,70 100,00 53.401,70
Tabela 19: Lucratividade e porcentagem de lucro do sistema
Lucratividade %
0
7 0,0
0
50,0
0
17 .3
57,3
7.8 0
7.6
20,0
6.1
0
74 ,4
31.7
0
60,0
.9
15 3
Sementes
Madeira
Carne
Couro
0
9,0
Esterco
.20
Vísceras
127
Mel
33
No referente à lucratividade do componente animal, observa-se que a carne é o produto mais
rentável, seguido do esterco, vísceras e o couro, como mostra a figura 12.
Lucratividade Ovinos %
14,33
Carne 31.774,40
14,71
r Couro 6.120,00
59,50 Esterco 7.857,30
11,46
Vísceras 7.650,00
34
Idade/Arv Produtividade kg/árv valor R$/kg Valor/árvore valor R$/total(87 arv)
10 3 600 1.800,00 156.600,00
11 5 600 3.000,00 261.000,00
12 7 600 4.200,00 365.400,00
13 9 600 5.400,00 469.800,00
14 11 600 6.600,00 574.200,00
15 13 600 7.800,00 678.600,00
Tabela 20 produção e comercialização de sementes de mogno africano de 87 árvores, o
correspondente a 30% da população de 292 Khayas ivorensis cultivadas nos piquetes 5 e 6 do SSP.
36
Paulo de Tarso Alvim
HOMENAGEM DA AMAZÔNIA
Aproveitando a oportunidade que este documento oferece pela divulgação aos produtores
rurais e ao público técnico-científico do Brasil, notadamente da Amazônia, prestamos
nossa singela homenagem e os agradecimentos ao Mestre Paulo Alvim, pelas pesquisas
pioneiras realizadas nesta grande região no início da década de 70 sugerindo a
intensificação do uso de Sistemas Agroflorestais – SAF’s, onde os Sistemas Silvipastoris
estão incluídos, como modelos produtivos capazes de solucionar a ocupação e
desenvolvimento econômico das áreas antropizadas de maneira sustentada.
37
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