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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

APOSTILA DE AERAÇÃO DE GRÃOS ARMAZENADOS

Prof. Dr. Arlindo Modesto Antunes

DISCIPLINA DE ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS


AGRÍCOLAS

TOMÉ-AÇU/PA
2022
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 5

2. OBJETIVO DA AERAÇÃO................................................................................. 8

3. SISTEMAS DE AERAÇÃO ............................................................................... 16

3.1. Condução da Aeração ..................................................................................... 19

3.2. Operação do Sistema de Aeração .................................................................... 20

3.3. Respiração, aquecimento e teor de água dos grãos ......................................... 22

3.3.1. Higroscopia .............................................................................................. 23

3.3.2. Movimento do Ar na Massa e Risco de Umidificação ............................. 24

3.3.3. Diminuição da Temperatura dos Grãos .................................................... 24

3.3.4. Utilização do Ar com umidade relativa adequada .................................... 25

3.3.5. Variação da Temperatura e da Umidade Relativa do Ar ao Longo do Dia –


Migração de Umidade ...................................................................................................... 25

3.3.6. Insucesso da Aeração em Silos Devido à Descarga de Grãos .................. 26

3.4. Tipos de Aeração ............................................................................................... 26

3.4.1. Aeração Provisória ...................................................................................... 27

3.4.2. Aeração Corretiva ....................................................................................... 27

3.4.3. Aeração de Resfriamento ............................................................................ 27

3.3.4. Aeração de Secagem ................................................................................... 28

3.5. Termometria e Controle da Aeração .................................................................. 29

3.5.1 Termometria Portátil .................................................................................... 33

3.5.2. Termometria Fixa Com Controle Digital da Aeração ................................. 33

3.5.3. Instalação do Sistema de Termometria ....................................................... 34

3.5.3. Automação da Aeração de Grãos com Auxílio de Arduino ........................ 35

3.6. Aeração por Insuflação ou Sucção ..................................................................... 37

3.6.1. Insuflação .................................................................................................... 37

3.6.2. Aspiração .................................................................................................... 38


2

3.6.3. Aeração reversível ....................................................................................... 39

4. DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE AERAÇÃO................................... 40

5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 47


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1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que após a colheita, os grãos passam por uma série de processos até chegar ao
consumidor final. Algumas destas operações são: recepção, limpeza, secagem e armazenagem,
movimentação, entre outras. Estas operações são denominadas pré-processamento de grãos, e
os locais onde são realizadas são denominados Unidades Beneficiadoras de Grãos. Geralmente
os locais de beneficiamento de grãos também são compostos por estruturas de armazenagem,
assim, estes locais podem ser denominados de Unidades de Beneficiamento e Armazenagem
de Grãos (ANTUNES e DEVILLA, 2018).
A técnica de aeração é empregada nos Estados Unidos e Europa desde o início da década
de 40. Nos dias de hoje ela é utilizada, praticamente, em todos os países produtores de grãos,
com técnicas de controle avançadas e equipamentos modernos, fazendo com que o sistema de
aeração seja a parte mais importante em um silo, uma vez que seus benefícios são de
fundamental importância para o produtor. Ela é adotada na maioria dos silos existentes nos
países de clima temperado.
No Brasil, principalmente a região sul, incluindo o estado de São Paulo, apresenta
condições favoráveis para o emprego da aeração. Em muitas regiões tropicais da América do
Sul, a aeração é empregada com vistas a manter, pelo resfriamento, a qualidade do produto. Nas
regiões tropicais, onde não é possível a obtenção de ar frio, a aeração deve ser usada com
cuidado, considerando que, em alguns casos, podem ser obtidos resultados negativos, tais
como: uma super secagem da massa de grãos se a umidade relativa for baixa ou uma
condensação, se a umidade relativa for alta e a temperatura ambiente for baixa. Entretanto,
vários trabalhos experimentais foram realizados em países de clima quente, como a Austrália e
Israel, e o benefício da aeração tem sido amplamente constatado na prática. (PUZZI, 1973).
Os primeiros trabalhos relatados sobre aeração de feijão foram feitos na Universidade
Federal de Viçosa no final da década de 1960. Em 1974 aconteceu o I Seminário Nacional de
Armazenagem, realizado em Porto Alegre, RS. Dessa maneira pode-se afirmar que o
conhecimento e a prática da aeração no Brasil são recentes, sendo nos dias de hoje praticamente
indispensável na boa conservação de grãos armazenados. Porém há necessidade de se tomar
alguns cuidados para evitar a deterioração de grãos armazenados (HARA, 2003).
De acordo com Navarro e Noyes (2010) os grãos armazenados fazem parte de um
ecossistema com elementos bióticos (insetos, fungos, fermentação, etc.) e abióticos
(temperatura, umidade, pressão etc.) que interagem entre si. A temperatura, umidade e índice
de impureza dos grãos são elementos que podemos controlar, o que poderá favorecer ou não a
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ação dos elementos bióticos, causando a deterioração de grãos armazenados, estando


relacionados com o metabolismo do produto e de microrganismos e insetos que o acompanham
(SAUER, 1992).
Da atividade biológica e da atividade respiratória resultam reações químicas de oxidação
e aumento de radicais livres, resultando na perda da matéria seca, aquecimento dos grãos, perda
de nutrientes, aumento do teor de água e da temperatura dos grãos, que pode subir até tornar
parte dos grãos bons em grãos ardidos, chegando a ocorrer até mesmo combustão dos grãos.
Além disso, alguns desses fatores favorecem o surgimento e a expansão de colônias de insetos,
bactérias e fungos na massa de grãos.
O objetivo da armazenagem é preservar a qualidade dos grãos e sementes após a
colheita, os quais serão colocados no ecossistema em questão e sujeitos aos agentes bióticos e
abióticos. Sendo assim, grãos armazenados necessitam ser arejados para a manutenção de suas
qualidades. Esse arejamento pode ser realizado passando o produto pelo ar, através da
transilagem, ou fazendo-se passar o ar através da massa de grãos pela aeração (SILVA, 2008;
ANTUNES e DEVILLA, 2018).
A transilagem consiste na transferência da massa de grãos, de uma para outra célula. A
temperatura pode ser reduzida com a movimentação dos grãos e a há também a eliminação de
possíveis bolsas de calor que tenham se formado no meio da massa. A transilagem em alguns
casos pode resolver o problema da migração de umidade, entretanto a aeração provocada na
massa de grãos é pequena, exigindo várias transilagens, causando grande dispêndio de energia
e danos mecânicos nos grãos.
No passado, os produtores eram obrigados a fazer a transilagem para evitar o
aquecimento ao simples “suspeitar” da atividade de aquecimento e nessa operação trincavam e
quebravam inúmeros grãos que, mais adiante, aqueciam e ardiam ainda mais rapidamente, e
tudo a um custo elevado.
Puzzi (2000) e Silva (2008) apontam as seguintes vantagens da aeração em relação à
técnica de transilagem:
- Prescinde da reserva de células vazias para realização da transilagem;
- Não apresenta as quebras e danos no tegumento dos grãos pela movimentação da
massa;
- Permite custos acentuadamente mais baixos por tonelada resfriada; e
- Na transilagem, como os grãos passam através do ar por um período reduzido de
tempo, tornam-se necessárias, para um arejamento satisfatório da massa de grãos, repetidas
operações.
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Conforme Silva (2008), ainda hoje, em unidades armazenadoras mais antigas, os


operadores fazem transilagem quando se verifica qualquer problema de armazenagem que
possa comprometer a qualidade do produto. Essa operação, apesar de resolver parcial ou
totalmente os problemas, na prática resulta em vários inconvenientes, como:
- Eleva o índice de danos mecânicos no produto durante a movimentação da massa de
grãos.
- Necessita, na maioria das vezes, de mais tempo para sua execução, considerando que
com uma única circulação do produto pelo ar ambiente o problema pode não ser totalmente
solucionado.
- Apresenta elevado custo de instalação, já que o processo exige uma célula de
estocagem vazia na unidade armazenadora.
- Tem custo operacional elevado, não só pela maior demanda de tempo, mas também
por envolver maior número de equipamentos e consumo de energia.

Para solucionar alguns desses problemas a aeração é sugerida, apresentando vantagens


como a possibilidade de supervisionar tanto o sistema quanto o produto durante sua operação.
Conceito de aeração = A aeração é a movimentação de ar ambiente adequado através da
massa de grãos para melhores condições de armazenamento (PUZZI, 2000). Segundo Silva
(2000), a aeração é a passagem forçada do ar através da massa de grãos visando a prevenir ou
solucionar problemas de conservação do produto. Lasseran (1981) define a aeração ou
ventilação como sendo a circulação forçada do ar ambiente através da massa de grãos.
Movimentação forçada de ar com qualidade adequada ou com ar adequadamente condicionado
através da massa de grãos para melhorar a capacidade de armazená-los. É também chamada de
ventilação ativa, mecânica, baixo volume ou forçada, desde que um ventilador seja utilizado
para movimentar o ar ambiente. As vazões de ar utilizadas na aeração são relativamente baixas
(NAVARRO e NOYES, 2010).
De acordo com Laressen, (1981) o fenômeno simples da aeração de cereais é possível,
pelo fato de ser a massa de grãos um material “poroso” e não compacto.; o volume total ocupado
pelo grão apresenta certa porcentagem de “vazios” intersticiais através dos quais o ar pode
circular.
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2. OBJETIVOS DA AERAÇÃO

O objetivo essencial da aeração é o resfriamento e a manutenção do grão a uma


temperatura suficientemente baixa para assegurar uma boa conservação; secundariamente o
interesse pode ser a secagem (LARESSEN, 1981).
Silva (2008) comenta que, a aeração pode ter diferentes efeitos sobre a massa de grãos,
dependendo das condições do ambiente e do próprio produto. Antes de colocar o sistema de
aeração em funcionamento, é essencial fazer previsões sobre os possíveis resultados da
operação. A utilização da técnica pode atender aos seguintes objetivos:
a) Resfriar a massa de grãos.
b) Uniformizar a temperatura da massa de grãos.
c) Prevenir aquecimento e umedecimento de origens biológicas.
d) Promover secagem, dentro de certos limites.
e) Promover remoção de odores.

Além disso, na aeração pode ser realizada aplicação de fumigantes, sendo um método
prático e eficiente de expurgo de grãos. A distribuição do fumigante é uniforme em toda a massa
e a dosagem necessária é menor do que a aplicada normalmente.
O principal objetivo da aeração é promover o resfriamento visando à conservação da
qualidade dos grãos armazenados, mantendo o ambiente de armazenamento em condições que
minimizem a migração de umidade e o nível de deterioração do produto. A massa de grãos deve
apresentar teores de água e temperaturas baixas e homogêneas que inibam a ação dos insetos e
fungos e os processos de germinação e deterioração dos grãos. (KALIYAN et al., 2007).
Lasseram (1981) comenta que a aeração de resfriamento em grãos, em estado definitivo
de conservação, isto é, a um teor de água compreendido entre 14 e 17% a ventilação é aplicada
em doses mais ou menos frequentes, para corrigir um início de aquecimento, ou ainda para
resfriar progressivamente o grão, em etapas, cada vez que a temperatura exterior o permitir;
esta última maneira de conceber a ventilação, certamente a mais válida, no que se refere à
manutenção da qualidade, no caso de uma estocagem de longa duração, exige um conhecimento
contínuo da temperatura do grão e do ar exterior: supõe-se neste caso, a existência de um
mínimo de equipamentos de medida de temperatura no interior das células de estocagem
(termometria).
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De acordo com Silva (2008) o resfriamento da massa de grãos armazenados constitui o


principal objetivo e a principal utilidade da aeração. O microclima formado dentro da massa de
grãos poderá trazer vários benefícios ao processo de conservação.
Até há pouco tempo, esses benefícios estavam relacionados à supressão do
desenvolvimento de insetos, ácaros e fungos. Entretanto, sabe-se que grãos armazenados em
temperaturas elevadas, 25 a 40 °C, como ocorre em muitas regiões brasileiras, têm a atividade
respiratória intensificada, o que propicia incremento na perda de matéria seca, aumenta a
umidade relativa do ar intergranular e produz calor.
Na Tabela 1, observa-se que milho armazenado em temperaturas variando entre 25 e 35
°C tiveram de 6 a 27 vezes mais perda de matéria seca, respectivamente, do que grãos
refrigerados a 10 °C. Além disso, na faixa de temperatura de 25 a 40 °C a oxidação de lipídios
pode ser intensificada, o que contribui para a degradação da qualidade dos grãos, visto que a
mesma é acelerada pela ação do calor, luz, reações de ionização, dentre outros. Durante esse
processo degradativo, várias reações de decomposição podem ocorrer, levando à produção de
hidrocarbonetos, aldeídos, álcoois e cetonas. Entretanto, a produção de ácidos graxos livres,
resultante da degradação de lipídios, contribui significativamente para o aumento do custo de
produção de óleos vegetais, causando significativos prejuízos às indústrias.

Tabela 1 – Perda de matéria seca em 1.000 t de milho armazenado durante 30 dias


Condições ambientes Temperatura (ºC) Perda de matéria seca
Temperatura ambiente – média 25 Perda de 0,12% (=1,2 t)
Temperatura ambiente – alta 35 Perda de 0,54% (=5,4 t)
Grãos refrigerados 10 Perda de 0,02% (=0,2 t)
Fonte: Brunner, citado por LAZZARI (1997).

Existem limites máximos para teores de água e temperaturas dos produtos úmidos, em
relação ao tempo de espera para a secagem. O operador deve estar atento e consultar a tabela
sobre o tempo permissível para a armazenagem de grão sob diferentes condições de umidade e
temperatura. Nesse caso, o sistema de aeração deve ser projetado para fornecer grandes volumes
de ar, a fim de manter a qualidade original do produto úmido até o início da operação de
secagem. Para as regiões tropicais, subtropicais e temperadas, o fluxo de ar aplicado em
produtos úmidos pode ser entre 10 e 15 vezes superior ao utilizado para fazer a aeração de
equabilização ou de resfriamento.
Outro importante objetivo da aeração, principalmente nas regiões onde existem grandes
amplitudes térmicas durante o dia, esta técnica pode ser utilizada para prevenir ou evitar a
migração de umidade. Neste caso, não se busca o resfriamento efetivo da massa de grãos, mas
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mantê-la sob temperatura uniforme. Pelo fato de serem maus condutores de calor, variações nas
temperaturas da massa de grãos, inferiores a 4 °C, são consideradas uniformes. Gradientes
elevados de temperatura poderão intensificar as correntes de convecções naturais do ar
intergranular, resultando no fenômeno de migração de umidade, por propiciar a difusão de água.
Por ocasião de tempo frio aparece uma corrente convectiva com o ar descendo pela camada de
grãos mais frios, ao longo e próximos das paredes do silo, que sobe através das camadas de
grãos, mais quente, no centro do silo. À medida que o ar sobe pelo centro, irá sendo aquecido
e terá sua capacidade de absorver umidade aumentada, retirando água dos grãos.
Entretanto, quando o ar estiver próximo da superfície superior e fria ele resfriará,
perdendo capacidade de absorver umidade e transferindo a umidade adquirida anteriormente
para a camada superior de grãos. Isto criará uma região de grãos úmidos no topo central do silo
com grande potencial para deterioração (Figura 1a). Por ocasião da estação mais quente,
ocorrerá um fluxo de ar oposto (Figura 1b) por causa das temperaturas ambientais mais altas.
A condensação com um potencial para deteriorarão acontecerá na região central no fundo do
silo. Um dos maiores problemas decorrentes da migração de umidade, quando são criadas
condições favoráveis para o desenvolvimento de fungos e de insetos, consiste na mistura das
camadas contaminadas com as descontaminadas, quando ocorrer a descarga parcial ou total do
produto armazenado. Dentre os danos causados, o mais preocupante é a contaminação por
micotoxinas. A intensidade da migração de umidade poderá ser influenciada pela espessura da
camada de grãos e pela variação da temperatura em diferentes pontos da massa. Em camadas
muito espessas, observa-se aumento na velocidade das correntes naturais de convecção e,
consequentemente, incrementa-se o transporte de umidade e, a combinação entre camadas de
alta espessura com elevada diferença de temperatura, também, intensifica a quantidade de
umidade transportada.
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Figura 1 – Pontos de possíveis danos à superfície da massa de grãos, em função do processo de


migração de umidade.

Fonte: Silva (2008)

Lasseran (1981) afirma que a aeração de manutenção contínua ou quase contínua para
grãos úmidos (mas com mais de 15% de teor de água). Neste caso, a ventilação é sobretudo
utilizada como meio de conservação provisória nos grãos que aguardam a secagem, quer sejam
grãos úmidos, colhidos por automotrizes, ou semi-secos e submetidos a uma pré secagem; a
finalidade pretendida é a pré-secagem; a finalidade pretendida é a pré-estocagem ou a
estocagem intermediária antes do acondicionamento definitivo.
Prevenir o aquecimento dos grãos, esta vantagem aplica-se frequentemente à
armazenagem em silo pulmão, com grãos úmidos, recém colhidos. Deve-se lembrar que, nessas
condições, o produto deve passar por uma operação de pré-limpeza. Neste caso, a aeração
permite aumentar o fluxo de entrada de produto úmido na unidade armazenadora, reduzindo
nos investimentos ou no superdimensionamento de secadores.
Promover a secagem dentro de certos limites, em geral, não se entende a aeração como
processo de secagem, porém, em condições favoráveis, grãos úmidos (abaixo de 20% b.u.) são
secados (secagem com ar natural) em silos com altas vazões de ar em operação contínua, desde
que a temperatura do ar não atinja valores próximos de 0 ºC.
O fluxo de ar mínimo recomendado para secagem, dependendo das condições
ambientais e, como dito anteriormente, o fluxo é 15 a 25 vezes maior que o fluxo para a aeração
de resfriamento. Por questões didáticas, a utilização da secagem em silos deve ser diferenciada
da aeração de resfriamento. Remover os odores: em função da atividade biológica dos grãos e
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dos organismos que constituem o ecossistema da massa, odores não- desejáveis podem ocorrer.
A aeração pode ser utilizada para remover, além desses odores, os gases resultantes do combate
às pragas e devolver aos grãos o cheiro característico.
Lasseran, 1981 comenta que a aeração secante tem por objetivo manter o grão à uma
temperatura suficientemente baixa ocasionando uma lenta dessecação; este processo de aeração
pode ser combinado com o de manutenção contínua. Algumas vezes, a utilização de um
pequeno aquecedor de ar (óleo, gás, eletricidade) permite elevar a temperatura do ar de 4 a 6
ºC, a fim de melhorar seu poder secante, quando a higrometria ambiente for elevada (umidade
relativa superior a 80 a 85%).
Remoção de odores dos grãos, a aeração pode ser utilizada para atenuar ou eliminar
odores indesejáveis, como aqueles característicos de grãos embolorados, rancificados,
fermentados, etc. (ATHIÉ, 1998).
Inibir a atividade de insetos-praga e ácaros. A maioria dos insetos-praga que infestam
os grãos armazenados é de origem tropical e subtropical e a faixa de temperatura adequada para
o seu desenvolvimento está entre 27 e 34 °C, sendo consideradas ideais as temperaturas entre
29 e 30 °C. Depois de alguns meses de armazenagem, ou em ambientes com temperaturas acima
de 27 °C, a massa de grãos poderá ter elevado nível de infestação se ações preventivas não
forem tomadas. Os insetos-praga são sensíveis a baixas e a altas temperaturas, reduzindo seus
desenvolvimentos em temperaturas inferiores a 16 e superiores a 42 °C. Podem-se estabelecer
manejos adequados para o controle dos insetos-praga quando a temperatura é mantida entre 17
e 22 °C, para aqueles cujo ciclo de vida é da ordem de três meses ou mais. Isto porque a
oviposição e fecundação dos mesmos é restrita em baixa temperatura, com baixo crescimento
da população, o que lava a danos menos significativos aos grãos. A umidade relativa crítica
para o seu desenvolvimento é da ordem de 30%. Entretanto, são capazes de sobreviverem
obtendo água metabólica, do ar ambiente ou do próprio grão.
A Tabela 2 contém informações sobre o comportamento de algumas espécies de insetos-
praga, de importância econômica para o processo de armazenagem, em relação ao ambiente.
Os ácaros são pragas de grande importância econômica, principalmente nas em regiões de clima
tropical e temperado. Podem danificar o germem dos cereais, casca de leguminosas,
contaminarem os produtos com fezes e odores indesejáveis. O produto infestado por ácaros, se
destinado para a alimentação animal, poderá causar problemas nutricionais aos mesmos e
alergia aos operadores durante o manuseio. É importante ressaltar que a presença de ácaros está
relacionada a fungos, uma vez que os mesmos, também, se alimentam desses microrganismos.
Desenvolvem-se em ambientes cuja temperatura varia entre 7 e 30 °C e umidade relativa acima
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de 60%. O ambiente ideal para o seu desenvolvimento é estabelecido por temperaturas entre 20
e 25 °C e umidade relativa entre 80 e 90%. Portanto, para o seu controle deve-se estabelecer,
principalmente, umidade relativa de equilíbrio inferior a 60%, o que se consegue por meio da
redução do teor de água dos grãos, considerando-se determinada temperatura.

Tabela 2 – Valores das temperaturas ótimas e favoráveis para o desenvolvimento de insetos-


praga em 100 dias e das umidades relativas mínimas para o desenvolvimento de algumas
espécies.
Tolerância Temperatura (ºC) UR
Tolerância
Espécies à umidade Segura mínima
ao frio Ótima
relativa Armazenagem (%)
Trogoderma granarium 33 – 37 22 10
Cryptolestes ferrugineus Tolerante à 32 – 35 20 10
Resistente
Oryzaephilus baixa UR
31 – 34 19 10
surinamensis
Tolerante à
Tribolium confusum Moderado 30 – 33 21 1
baixa UR
Tolerante à
Tribolium cataneum Susceptível 32 – 35 22 1
baixa UR
Rhyzopertha dominica Moderado Moderado 32 – 35 21 30
UR
Cryptolestes pusillus Susceptível 28 – 33 19 60
elevada
UR
Sitophilus granarius Resistente 26 – 30 17 50
elevada
UR
Sitophilus oryzae Moderado 27 – 31 18 60
elevada
Fonte: Navaro et al. (2002).

Grãos com teor de água superior a 14% (b.u.) devem ser mantidos em temperatura baixa
(possível em climas temperados) ou por meio do resfriamento artificial do ar, evitando-se focos
aquecidos na massa. Alguns pesquisadores consideram que, para infestações de pequena
intensidade, o emprego dessa técnica poderá ser dispendioso. Na Tabela 3 contém informações
sobre as temperaturas mínimas e ótimas para o desenvolvimento de algumas espécies de ácaros.

Tabela 3 – Valores de temperaturas mínimas e ótimas para o desenvolvimento de algumas


espécies de ácaros.
Temperaturas (ºC)
Espécies
Mínimas Ótimas
Tyrophagus putrescentiae 9 – 10 23 – 28
Glycyohagus deestructor 10 – 15 15 – 25
Cheyletus eruditos 12 25 – 27
Carpoglyphus lactis 15 25 – 28
Aleuroglyphus ovatus 22 23 – 25
Rhizoglyphus echinopus 6 – 10 23 – 27
Caloglyphus berlesei 16,5 22 – 30
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Acarus siru 7 23 – 30
Fonte: Navarro e Noyes (2010).

Inibir o desenvolvimento da microflora. O teor de água do produto e a temperatura dos


grãos e a umidade relativa do ar intergranular influenciam no desenvolvimento da microflora.
Sabe-se que grãos com teor de água de até 15% (b.u.) podem ser armazenados durante mais
tempo, se a temperatura for baixa (8 a 10 ºC) e a umidade relativa do ar intergranular, não
ultrapassar 70%. Em regiões de clima tropical e subtropical é difícil estabelecer estas condições
por meio de aeração com ar natural. Segundo Lazzari (1997), apesar de existir grande número
de espécies de fungos produtoras de micotoxinas, são poucos os que apresentam importância
econômica, por infectarem os grãos. Na Tabela 4 estão relacionadas algumas das principais
espécies produtoras de toxinas.

Tabela 4 – Principais fungos toxicogênicos que infectam grãos e seus derivados, com as
toxinas produzidas.
Espécies de fungos Toxinas Grãos e produtos
Alfatoxinas B1, B2, G1 e
Aspergillus flavus
G2
Sementes de algodão, amendoim,
Aspergillus parasiticus
arroz, aveia e cevada
Fusarium graminearum Zearalenona e vomitoxina Canola, milho, trigo e triticale
Sorgo, soja, farelos (soja, milho e
Fusarium moliniforme Fumonisinas trigo) e tortas (algodão e
amendoim)
Fusarium roseum
Fusarium tricinstum
Penicillium vididicatum Ocratoxina A
Fonte: Lazzari (1997).

Navarro e Noyes (2010) informam que para remover a umidade dos grãos com ar natural
é necessário mais ar do que para fazer resfriamento. Afirmaram que no processo de aeração
normal é utilizado entre 0,22 e 33 m³ de ar . min-1. t-1 para aerar, temporariamente produtos
úmidos, enquanto que com o resfriamento será necessário aproximadamente 0,11 m³ de ar .
min-1. t-1 para resfriar ao ponto de inibir a atividade de fungos e ácaros. A Tabela 5 contém as
indicações de temperaturas e umidades relativas mínimas ótimas e máximas para o
desenvolvimento de algumas espécies fúngicas.
A qualidade dos grãos armazenados pode ser definida em função de diferentes atributos,
os quais devem atender a diferentes seguimentos de mercado, tais como, o sementeiro, o da
indústria de concentrados para a alimentação humana e animal, e o da comercialização do
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produto “in natura”. Por isso, além da germinação, outros atributos são utilizados para avaliar
a qualidade dos grãos armazenados, quais sejam o teor de água, os índices de impurezas, o
envelhecimento acelerado, a condutividade elétrica, a infecção por microrganismos, a
contaminação por toxinas, a acidez de óleos e a formação de peróxidos, índices de quebrados,
trincados e danificados, infestação por insetos-praga, massa específica aparente. Grãos que
possuem baixa viabilidade são mais vulneráveis à infecção por fungos e, portanto, susceptíveis
ao processo de deterioração.
As modificações químicas que ocorrem nos grãos, quando mantidos em baixa
temperatura durante a armazenagem, são lentas e, às vezes, até insignificantes. A velocidade
das reações químicas que ocorrem nos alimentos armazenados pode ser reduzida à metade
quando a temperatura decresce em 10 ºC. Grãos armazenados a granel formam um ecossistema
característico, em estado quase latente, em que todas as atividades bióticas são imperceptíveis
(Figura 2), desde que sejam estabelecidas condições favoráveis para o estabelecimento desse
estado de latência. Esta condição de aparente inatividade deve ser mantida durante maior tempo
possível, desde que o processo não resulte em perdas de qualidade do produto armazenado, o
que é alcançado por meio da redução de temperatura, do teor de água e do índice de impurezas
dos grãos, principalmente. Acréscimo na temperatura e, ou na umidade relativa do ar
intergranular poderá propiciar desequilíbrios em quaisquer dos fatores do sistema biótico,
resultado em perdas parciais ou totais da massa de grãos. A introdução de uma massa de ar com
temperatura baixa é uma técnica benéfica à conservação dos grãos, em estado de repouso, por
período de tempo mais prolongado.

Figura 2 – Composição do ecossistema da massa de grãos em um silo.


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Fonte: Silva (2008).

Observações: A aeração de certo número de doses de aeração sobre o grão ligeiramente


úmido (acima de 14%) permite secar progressivamente o grão. Em consequência, deverá levar-
se em conta esta redução do teor de água no ritmo das doses de aeração (Lasseran, 1981).
De maneira geral, deve-se evitar a aeração quando a diferença de temperatura de ar e o
grão for superior a 6ºC, salvo em caso de probabilidade de aquecimento do grão: devido aos
riscos de perda de peso e condensação de unidade nas células, ao longo das paredes mais frias
ou nas camadas superiores.

3. SISTEMAS DE AERAÇÃO

Os principais componentes de um sistema de aeração são:


- As células do silo que armazenam a massa de grãos;
- Os condutores perfurados para conduzir e distribuir o ar através da massa de grãos;
- Os tubos de conexão que ligam os ventiladores aos condutores e
- O conjunto ventilador-motor para insuflação ou sucção do ar.

Sendo que o conjunto ventilador-motor constitui a parte mais importante dos


componentes de um sistema de aeração. Ele é selecionado, em função do volume de ar
necessário para vencer determinada pressão estática. Trata-se, portanto, de selecionar um
conjunto que possa atender uma ou mais células de um silo cheio, com diferentes grãos, que
serão armazenados na unidade.
Existem dispositivos mecânicos que tem a função de estabelecer a vazão de ar necessária
ao funcionamento do sistema. A movimentação do ar é obtida pela rotação de hélices ou pás
acionadas por um motor (ATHIÉ, 1998).
Equipamento que deve fornecer a quantidade de ar necessária ao resfriamento do
produto e ser capaz de vencer a resistência oferecida à passagem deste ar pela massa de grãos
armazenada. O ventilador deve ser dimensionado para fornecer certo fluxo de ar, que variam
em função da distribuição de ar para diferentes tipos de armazém. Em silos verticais varia entre
0,05 e 0,01 m³/min.t-1 e para estruturas horizontais, entre 0,1 e 0,2 m³/min.t-1 de grãos. Além
disso o ventilador deve vencer a resistência à passagem do fluxo de ar, ou seja, ter pressão
superior à pressão estática do sistema (SILVA, 2008).
17

Dutos – podem ser de aeração ou de alimentação, são câmaras que apresentam aberturas
laterais ou áreas perfuradas próprias para a distribuição do ar na massa de grão ou responsáveis
pelo transporte do ar até os dutos de aeração, respectivamente. Permitem a insuflação ou a
sucção de ar através da massa de grão (ATHIÉ, 1998).
Silos – células de armazenamentos generalizado em que se processa a aeração. Podem
ser verticais ou horizontais. Armazenam a massa de grãos (ATHIÉ, 1998).
Dispositivos para monitoramento - indicam as condições do ambiente interno e externo
da massa de grãos e, em alguns casos, podem acionar ou ligar o sistema de ventilação em função
daquelas condições (SILVA, 2005).
Ventilador com motor – devem fornecer a quantidade de ar necessária ao resfriamento
do produto e ser capaz de vencer a resistência oferecida à passagem deste ar pela massa de grãos
armazenada.
Um sistema de aeração com ventilador fixo para cada unidade de armazenagem pode
ser simples, versátil e eficiente sob o ponto de vista técnico. Entretanto, pode ser a opção mais
cara, por exigir vários motores e vários ventiladores para produzir a mesma quantidade de ar.
A utilização de um único ventilador e duto de distribuição para mais de uma unidade de
armazenagem é uma alternativa satisfatória para o suprimento de ar. Neste caso, faz-se a
aeração em vários silos sucessivamente. A adoção de um ou mais sistemas de ventilação deve
ser baseada em um criterioso estudo técnico e econômico.
A Figura 3 ilustra um sistema de aeração em um silo. Algumas definições importantes
sobre os componentes e a operação de um sistema de aeração são dadas a seguir: Dutos para
distribuição de ar - podem ser divididos em duto principal ou de suprimento e duto secundário
ou de aeração (Figura 4). O primeiro tem a finalidade de conectar o ventilador a um ou mais
dutos secundários e, estes, a de distribuir, o mais uniformemente possível, o ar através da massa
de grãos. A diferença básica está no fato de que o duto principal não possui perfurações.
18

Figura 3 – Componentes básicos de um sistema de aeração em silos.

Fonte: Silva (2008).


Os dutos podem ser circulares, semicirculares, retangulares, em forma de "U" ou de "V"
invertidos. Silos com fundo falso, totalmente perfurado, são também utilizados. Nos dutos
perfurados, a área de perfuração deve corresponder no mínimo a 15% da área total do duto, e
cada furo deve ter dimensão e formas tais que não permitam a passagem de grãos.

Figura 4 – Distribuição dos dutos em sistemas de aeração em silos verticais.

Fonte: Adaptado de Silva (2008)


As alternativas básicas para se promover a distribuição do ar na massa granular são o
uso de piso ou de dutos perfurados. Os dutos constituem uma solução mais econômica, mas
necessitam ser bem dimensionados e distribuídos no piso, para que não ocorra grande
desuniformidade de fluxo na massa de grãos. Podem ser dos tipos mencionados acima.
19

3.1. Condução da Aeração

Definida a finalidade da aeração, basicamente ela vai depender de quatro variáveis:


temperatura do grão, temperatura do ar ambiente, teor de água dos grãos e umidade do ar
ambiente.
O grão é um produto higroscópico, isto é, pode ceder ou absorver umidade do ar que o
envolve. Assim, o teor de água dos grãos armazenados fica em equilíbrio com a umidade
relativa do ar intergranular. Segundo Puzzi (2000) os grãos se encontram com teor de água
adequado para o armazenamento, quando estão em equilíbrio com uma umidade relativa
máxima de 70% do ar intergranular. Esta condição indica que durante a aeração a umidade
relativa do ar ambiente não deve ser superior a 70%, a fim de não ocasionar um aumento do
teor de água dos grãos. Na Figura 5 é mostrada a curva de equilíbrio entre o ar e o grão de
milho.

Figura 5 – Curva de equilíbrio ar-milho a 20ºC.

Existem várias opiniões sobre o momento mais conveniente para realizar uma aeração.
Alguns pesquisadores aconselham a aeração sempre que a temperatura do ar ambiente for de
5ºC a 8ºC inferior à da porção mais quente do grão. Uns acham que o intervalo da diferença de
temperatura entre o ar e o grão deve ser de 5ºC a 6ºC. Outros afirmam que a aeração é sempre
possível quando a temperatura do ar ambiente for inferior à do grão. Outros ainda aconselham
a aeração quando a temperatura do ar ambiente for 6ºC inferior a temperatura do grão, mas que
isso depende da umidade relativa do ar e da massa de grãos. Uma grande maioria afirma que
20

para uma boa aeração, a diferença de temperatura entre o ar ambiente e o grão e a umidade do
ar ambiente e do grão, devem pesar, conjuntamente, para a decisão final. De uma forma geral,
quase unânime, os pesquisadores recomendam, cada um conforme seu entendimento do
momento apropriado, que a aeração deve ser feita usando o critério da diferença de temperatura
entre o ar e o grão. (DE BEER, 1972; BURREL, 1973; LASSERAN, 1981; PUZZI, 2000;
SILVA, 2005, ANTUNES et. al., 2016).

3.2. Operação do Sistema de Aeração

Antes de optar pelo uso de um sistema de aeração, deve-se avaliar as condições


climáticas, para atender aos objetivos propostos, principalmente quando se trata dos aspectos
de conservação dos grãos durante a armazenagem.
Não existe horário definido para executar a aeração dos grãos armazenados; será
executada sempre que acusado um foco de aquecimento, com temperatura superior à
temperatura do ar externo.
O tempo da duração da aeração varia de região para região, de momento para momento
numa mesma região e das condições psicrométricas do ar de aeração, prolongando-se até a
uniformização da temperatura.
Realizar a aeração a qualquer hora do dia ou em horários pré-determinados todos os dias
pode prejudicar o produto, além de encarecer a armazenagem devido ao gasto de energia dos
motores.
A maioria dos agentes bióticos tem suas condições de fatores abióticos, principalmente
de temperatura e de umidade, em que são mais ou menos favoráveis para sua sobrevivência,
assim como as condições ótimas de desenvolvimento. O alto gral de impurezas e teor de água
dos grãos quando recebidos da lavoura impossibilita seu armazenamento, devendo
primeiramente passar pelas maquinas de limpeza e secagem para deixar os grãos com teor de
água adequado, conforme o tempo em que serão armazenados.
Burges e Burrel (1964) citado por Silva et. al., (2008), idealizaram o “Diagrama de
Conservação dos Grãos” (Figura 6) com o objetivo de encontrar a condição adequada e
econômica para se manter a qualidade dos grãos de trigo, cevada, aveia e centeio, demonstrando
o risco ao quais os mesmos estão vulneráveis em condições desfavoráveis. O diagrama até hoje
tem sua validade prática na indicação da umidade segura do grão ou semente para sua
armazenagem em função de suas temperaturas.
21

Figura 6 – Diagrama de conservação dos grãos

Fonte: Adaptado de Silva (2008)

No eixo da ordenada estão representadas as temperaturas do grão ou semente em °C; na


abscissa, o teor de água do grão. A maioria dos insetos que atacam os grãos armazenados é de
origem tropical e subtropical. Assim, no diagrama acima, a linha A, em sua maior parte
horizontal na faixa dos 18°C, é indicado que abaixo desta faixa de temperatura dos grãos a
maioria dos insetos tem o desenvolvimento reduzido, sendo menor quanto mais baixa a
temperatura. Do mesmo modo, quanto mais alta a temperatura acima da linha A maior será o
desenvolvimento até a temperatura limite específica de cada inseto. Ao longo alguns meses de
armazenagem em ambientes com temperaturas altas, a massa de grãos pode ter elevados níveis
de infestação, caso nenhuma ação preventiva seja tomada. Além de temperaturas elevadas,
baixos teores de água também favorecem o ataque de insetos.
A linha B é o referencial para a germinação dos grãos, importante quando se armazena
sementes, sendo que condições à esquerda desta linha representam as condições desfavoráveis.
Já condições representadas abaixo da linha C são desfavoráveis para o desenvolvimento de
fungos, sendo referencial para os grãos destinados à indústria. Assim como no item anterior, à
esquerda da linha representam-se as condições favoráveis de umidade e de temperatura dos
cereais de armazenagem. Atualmente, há uma forte tendência para se adotar a linha B mesmo
para os grãos destinados às indústrias.
A germinação dos grãos armazenados representa outro fator de risco e ocorre em
condições de alta temperatura e alto teor de água dos grãos. Já a deterioração dos grãos ocorre
mais de maneira mais frequente em condições de alto teor de água dos grãos.
22

As modificações químicas que ocorrem nos grãos, quando mantidos em baixa


temperatura durante a armazenagem, são lentas e, às vezes, até insignificantes. A velocidade
das reações químicas que ocorrem nos alimentos armazenados pode ser reduzida à metade
quando a temperatura decresce em 10°C.
Outro diagrama essencial à decisão de se realizar a aeração é o indicativo de aeração, de
Jean-Claude Lasseran:

Figura 7 – Temperatura da massa – Temperatura do ar.

Nesse diagrama é indicada a faixa em que a aeração é recomendada (faixa B). A aeração,
quando o ar apresenta umidade relativa alta só é recomendada quando a diferença de
temperatura entre os grãos e o ar também for alta, o que indica que os grãos se encontram
aquecidos e precisam ser resfriados. Quando a umidade relativa do ar se encontra abaixo de 60
% e a os grãos se encontram aquecidos (maior diferença de temperatura entre ar e grãos) deve-
se tomar cuidado para que não ocorra a secagem indesejada do grão. Pode ocorrer também a
condensação do vapor de água do ar devido aos movimentos convectivos do ar.

3.3. Respiração, aquecimento e teor de água dos grãos

Componentes orgânicos dos grãos, como a glicose, reagem com o oxigênio do ar e


oxidam carboidratos e gorduras, produzindo gás carbônico, água e calor. Sendo assim em grãos
armazenados por períodos prolongados, as taxas de umidade e temperatura da massa de grãos
23

tende a aumentar. A armazenagem doa grãos deve promover o mínimo de oxidações e


movimento metabólico, o que será conseguido através de baixas temperaturas da massa de
grãos.
A liberação de calor e atividade metabólica dos grãos são causas do aquecimento da
massa, porém a liberação de calor mais significativa e que mais compromete o armazenamento
e qualidade dos grãos vem da respiração dos fungos e insetos. O elevado teor de água dos grãos
permite a germinação dos esporos e o desenvolvimento dos fungos, principalmente se a
temperatura da massa de grãos estiver alta.
O microclima formado dentro da massa de grãos após a aeração poderá trazer vários
benefícios ao processo de conservação. Até há pouco tempo, esses benefícios estavam
relacionados à supressão do desenvolvimento de insetos, ácaros e fungos. Entretanto, sabe-se
que grãos armazenados em temperaturas elevadas, 25 a 40 °C, como ocorre em muitas regiões
brasileiras, tem a atividade respiratória intensificada, o que propicia incremento na perda de
matéria seca, aumenta a umidade relativa do ar intergranular e produz calor. Além disso, na
faixa de temperatura de 25 a 40 °C a oxidação de lipídios pode ser intensificada, o que contribui
para a degradação da qualidade dos grãos, visto que a mesma é acelerada pela ação do calor,
luz, reações de ionização, dentre outros. Durante esse processo degradativo, várias reações de
decomposição podem ocorrer, levando à produção de hidrocarbonetos, aldeídos, álcoois
cetonas. (ANTUNES et. al., 2016).

3.3.1. Higroscopia

Devido à característica de massa porosa dos grãos, os seus canais intercelulares e a


pressão osmótica que age sobre o vapor de água existente internamente e a pressão do ar que
age externamente, os grãos são produtos higroscópicos, passiveis de perda ou ganho de umidade
o que explica a natureza higroscópica dos grãos. O fluxo de perda de umidade é mais fácil do
que o de ganho, porém o ganho também ocorre. Há diferença no fluxo de umidade de acordo
com os tipos de grãos. O vapor do ar se desloca sempre da maior para a menor pressão, e no
caso das pressões internas do grão e do ambiente serem iguais (equilíbrio higroscópico).
Os grãos sempre tenderão ao equilíbrio higroscópico, sendo assim, em uma situação em
que o ar se encontra com uma determinada umidade relativa e temperatura, no caso do
aquecimento do grão sua pressão de vapor aumenta, o que fará com que o grão perda umidade.
Já grãos secos sendo aerados por períodos prolongados com ar de alta umidade relativa, terão
24

tendência ao aumento de sua umidade, o que indica que a pressão de vapor do ar é maior do
que a pressão de vapor interna do grão.

3.3.2. Movimento do Ar na Massa e Risco de Umidificação

É recomendado que seja mantida a umidade relativa do ar intergranular em até 70%,


pois a partir de 75%, a expansão da microflora será favorecida.
O ar se movimenta dentro do silo por convecção. Esse movimento muda de acordo com
a temperatura, sendo diferente em diferentes horas do dia e estações do ano. O ar quente se
desloca para a parte superior do silo e ar frio na inferior, pois é mais denso. Ao se deslocar para
a parte superior do silo, o ar quente encontra uma região em que os grãos mais frios que o ar,
perdendo calor e correndo o risco de condensar.
Pelo gráfico psicrométrico observamos que ar quente ao ser resfriado tem sua umidade
relativa aumentada, podendo chegar a 100% (ponto de orvalho). Após chegar ao ponto de
orvalho, quando a temperatura decresce mais, ocorre condensação da água. Quando isso ocorre
na massa superior de grãos no silo, a mesma torna-se mais úmida, aumenta sua atividade
metabólica, libera mais água e calor, e aquece, acelerando o processo de deterioração, além de
gerar um ambiente propicio a desenvolvimento de insetos, fungos e toxinas, diminuindo o
tempo de armazenagem segura dos grãos. Indicado o movimento do calor através da elevação
da temperatura a aeração deverá ser ligada imediatamente, sendo prolongada até a obtenção da
temperatura homogênea em toda a massa. Além do risco da condensação da água na massa de
grãos, há ainda o risco de condensação do ar sobre o telhado, que pode aumentar ainda mais a
umidade dos grãos.
No silo ocorre entre o nível superior da massa de grãos e o telhado a influência da
temperatura externa, que pode ser muito quente durante o dia e fria durante a noite. Esse
resfriamento poderá causar a condensação da água (gotejamento do telhado do silo).

3.3.3. Diminuição da Temperatura dos Grãos

A remoção de calor nos grãos ocorre quando a umidade contida no grão passa do estado
liquido para o de vapor, havendo gasto de energia. Quando há um fluxo de ar, gerado pelo
ventilador, a água passa do estado liquido para o de vapor mais rapidamente.
Ao se colocar um grão submetido a ação de fluxo de ar de temperatura mais alta que a
do grão (dentro de certo limite), o grão não terá sua temperatura aumentada, mas seu teor de
25

água diminuirá devido à evaporação e sua temperatura então baixará. Em secadores mecânicos
de alta temperatura, por exemplo, o ar atinge 100 ou até 120°C, porém a massa de grãos não
passa de 60 ou 65°C enquanto estiver ocorrendo a secagem do vapor d‟água.

3.3.4. Utilização do Ar com umidade relativa adequada

As seguintes situações se referem ao armazena mento de milho, que tem umidade


de equilíbrio igual a 70%:
- Ar com mais de 70% de umidade relativa: se o ar estiver frio e os grãos com tendência
ao aquecimento ou focos de calor, a aeração deve ser feita mesmo assim, pois o que interessa
em primeiro lugar é manter os grãos frios.
- Ar com 70% de umidade: nesse caso, o ar se encontra em ótimas condições do ponto
de vista da umidade. Caso o ar tenha temperatura elevada, será adequado apenas se for para o
procedimento de secagem. Se os grãos já estiverem secos, o ar somente terá interesse se for
frio, em torno de 6°C abaixo da temperatura dos grãos.
- Ar com menos de 70% de umidade: ar seco. Só deverá ser utilizado se os grãos
estiverem em processo de secagem. Na aeração causa na parte inferior do silo (junto ao piso de
chapa perfurada) o excesso de secagem dos grãos de milho, se estes já se encontrarem com 14%
de teor de água.
À noite a temperatura pode cair bastante, porém a umidade relativa pode aumentar
consideravelmente. No caso da aeração realizada no milho ter que ser feita em condições de
umidade do ar acima de 70%, para que a aeração seja executada com excelência, o ar deverá
ser corrigido com calor suplementar. Pequenos aumentos na temperatura podem diminuir a
umidade relativa do ar ao valor desejado. Esses geradores de calor normalmente a gás devem
ser equipados com sistema eletrônico que monitora a umidade relativa do ar e controla a vazão
do combustível, liberando apenas o necessário para manter o ar na umidade relativa desejada.

3.3.5. Variação da Temperatura e da Umidade Relativa do Ar ao Longo do Dia –


Migração de Umidade

Ocorre a variação da umidade relativa de acordo com a mudança de temperatura durante


o dia. À noite temos temperaturas menores e umidade relativa do ar alta e durante o dia temos
temperaturas maiores e menores valores de umidade relativa do ar.
Causas do aquecimento da massa de grãos:
26

- Devido aos próprios grãos: em função do metabolismo dos grãos, que respiram
liberando gás carbônico, água e calor. Grãos trincados e quebrados têm o metabolismo
aumentado liberando ainda mais calor.
- Devido à qualidade do sistema de armazenagem: em função da formação de correntes
de calor e migração de umidade devido ao material do silo, penetração e condensação de vapor
de água no silo, concentração ou má distribuição de impurezas na massa de grãos, presença de
insetos, fungos e bactérias.
A presença de impurezas finas concentradas ou mal distribuídas promove o aquecimento
porque os mesmos impedem o movimento do ar por convecção e dificultam a eficiência da
aeração.
No inverno o ar frio entre os grãos junto as paredes desce, e no centro da massa de grãos,
de temperatura mais elevada, a “frente” de calor, ar e umidade sobem ficando na parte superior
central do silo. O ar interno ao silo em cima dos grãos, em dias frios estará sujeito a
condensação, provocando o gotejamento de água do telhado.
No verão o ar entre grãos juntos às paredes sobe e o ar mais frio localizado na região
central da massa de grãos desce carregando a umidade, fungos e insetos para a região baixa do
silo, podendo haver intenso aquecimento neste local.

3.3.6. Insucesso da Aeração em Silos Devido à Descarga de Grãos

Silos cheios formando pico na região central superior: podem ocorrer nessas regiões
falta de ventilação, gerando o aquecimento. O ar busca menor resistência, percorrendo o menos
caminho.
Silos cheios formando um cone invertido: nas partes superiores próximas às paredes
ocorre maior descarga de grãos, que não serão aeradas satisfatoriamente.
O correto é que a massa de grãos fique com a superfície nivelada.
Portanto, a eficiência de um sistema de aeração depende de um manejo adequado, que
relacione o teor de água e a temperatura dos grãos com a temperatura e a umidade relativa do
ar ambiente. O consumo de energia é outro fator importante a ser considerado neste sistema,
sendo diretamente influenciado pelo tempo requerido para a aeração e pelo fluxo de ar utilizado
durante o processo (NAVARRO e NOYES, 2010).

3.4. Tipos de Aeração


27

As aerações podem ser definidas de acordo com seus objetivos, podendo ser classificada
como aeração provisória, corretiva, secante, e de resfriamento ou manutenção (MILMAN,
2002; ELIAS, 2002):

3.4.1. Aeração Provisória

A aeração provisória é aplicada em grãos recém colhidos, que chegam úmidos (com teor
de água superior a recomendada para uma boa conservação), na unidade armazenadora de
produtos agrícolas. Com a finalidade de evitar o aquecimento espontâneo dos grãos e as
correntes convectivas, que se formam devido às diferenças de temperaturas, quando os grãos
sujos e úmidos são depositados por um curto espaço de tempo, em moegas ou silos pulmões
reguladores de fluxo. Simultaneamente, se as condições do ar assim permitir, pode haver
remoção de alguns pontos percentuais de água, embora, nesse caso, seja um objetivo
secundário, pois o mais importante nessa etapa será evitar o aquecimento dos grãos (ELIAS,
2002).
3.4.2. Aeração Corretiva
Em conformidade com Elias (2002), Aeração é utilizada, normalmente, em duas
situações:
a) em grãos armazenados que, por alguma razão, adquiriram odores estranhos. Com a
aeração é possível ser reduzido esse defeito;
b) quando, por interesse de conservação, os grãos forem armazenados com teor de água
menor do que a de comercialização, mas há interesse em seu recondicionamento. Sendo
realizado um pouco antes da expedição.

3.4.3. Aeração de Resfriamento

A aeração de resfriamento ou clássica tem como finalidade resfriar e manter uma massa
de grãos armazenada já limpa e seca por um período longo de armazenamento.
Um ponto da massa de grãos depositada a granel num silo com umidade e temperatura
adequada pode a qualquer tempo, ter sua temperatura elevada acima dos outros pontos devidos:
ao acúmulo de matéria estranha que impedem a passagem de ar, , a um foco de desenvolvimento
de microrganismos, a infiltração de umidade, etc.; quando for constatado este aumento de
temperatura, realiza-se a aeração de resfriamento, que exige um acompanhamento diário da
28

temperatura da massa, pois esta aeração deve ser realizada também preventivamente, com a
escolha das melhores condições de clima para sua execução.
Quando é detectado um foco na massa armazenada, com temperaturas crescentes
acusadas pela termometria, a aeração deverá ser realizada sempre que a temperatura externa for
menor que a temperatura do foco, independentemente da umidade relativa do ar externo, até a
eliminação do foco de aquecimento e equalizar, a uma mesma temperatura, toda a massa. Os
grãos são descarregados dos secadores com temperatura entre 5°C a 10°C acima da temperatura
ambiente, que é variável se a secagem é realizada de dia ou à noite. Este desequilíbrio das
temperaturas de descarga dos grãos saindo dos secadores, forma no silo camadas de grãos com
diferentes temperaturas, o que é prejudicial para uma boa conservação, que exige uma massa
de grãos frios e com a mesma temperatura, o que é obtido pela aeração de resfriamento.
A frente de resfriamento ou zona de resfriamento é a parte da massa de grãos
armazenada, onde a sua temperatura e o seu teor de água estão se equilibrando com o ar durante
a operação de aeração. O tempo necessário para movimentar inteiramente a frente de
resfriamento, através de toda a coluna de grãos armazenados, é chamado de período de
resfriamento. Qualquer das classificações de aeração resfria uma massa de grãos, porém, isto
só não basta, é necessário que o período de resfriamento se dê dentro de um tempo, que não
comprometa a qualidade dos grãos.
No processo de resfriamento, se formam três regiões distintas:
- zona de grãos resfriados
- zona de grãos em resfriamento ou frente de resfriamento
- zona de grãos que serão resfriados

Se o operador interromper a aeração, com a frente de resfriamento no interior da massa


de grãos, as diferenças de temperatura entre as camadas resfriadas, as camadas em processo de
resfriamento e as camadas em condições iniciais podem ser suficientes para que ocorra
migração de umidade, além de acelerar o processo de deterioração do produto.

3.3.4. Aeração de Secagem

A aeração secante é aquela realizada em silos, especialmente projetados para realizarem


toda a secagem dos grãos, ou apenas complementar a operação de secagem dos secadores de
grãos, com o uso de ar natural. O teor de água máxima dos grãos introduzidos nas células é
29

determinado no projeto, e devem ser observadas bem as condições climáticas locais. A aeração
de secagem pode ser feita com ar natural ou ar suplementarmente aquecido.
O tipo de aeração possível em uma unidade de armazenamento é dado em função da
vazão específica (“q”) do ventilador, dada em metros cúbicos de ar por minuto por metro cúbico
de grãos, que indicará a capacidade da aeração. Sementes necessitam de uma aeração maior do
que o indicado para grãos comerciais. Grãos que já se encontram no teor de água adequado para
armazenamento devem receber menor fluxo de ar. A vazão específica também muda de acordo
com a altura da massa de grãos no silo, sendo menor em um silo totalmente carregado do que
em um parcialmente carregado.

3.5. Termometria e Controle da Aeração

O sistema de termometria tem como objetivo captar, transmitir e registrar informações


precisas a tampo real sobre as condições da massa de grãos armazenados através das variações
de temperatura que indicam o estado de conservação do produto. A ausência de uma
termometria confiável exigirá mais horas de aeração elevando o custo da manutenção através
de motores ligados desnecessariamente, e poderá ainda, gerar perda de peso na massa por
secagem, diminuindo o peso de grãos caso não seja observada a umidade relativa do ar e a
umidade de equilíbrio dos grãos e do ar (WEBER, 2005).
A qualidade dos grãos armazenados merece atenção, e o produto deve ser
periodicamente examinado. O método mais seguro é examinar com frequência amostras obtidas
em diversos pontos da massa armazenada. Entretanto, torna-se difícil obter, periodicamente,
amostras representativas de uma grande quantidade de grãos armazenada em uma célula de um
silo vertical ou horizontal. Todos os fatores que ameaçam a perda de qualidade dos grãos
causam aumento de temperatura. Assim, o registro constante da temperatura dos grãos pode
impedir um processo de deterioração. A temperatura dos grãos armazenados é um bom índice
do seu estado de conservação (ANTUNES et. al., 2016).
Toda variação brusca de temperatura deve ser encarada com bastante cautela,
pesquisando-se, o mais rápido possível, sua causa e procurando-se saná-la através da aeração,
para homogeneizar a temperatura dos grãos e impedir a migração da umidade e a formação de
bolsas de calor. Os silos e outros depósitos que recebem o produto a granel devem ser equipados
com sensores à base de pares termoelétricos, através dos quais será possível obter a temperatura
em diferentes alturas e regiões do interior da massa, com bastante exatidão e rapidez. Grãos
armazenados sob valores de umidade superior ao teor de água crítica sofrem degradação de
30

proteínas, carboidratos, fosfolipídios entre outros, produzindo compostos lipossolúveis que


contaminam o óleo com impurezas que não devem estar presentes. Essas afetam a cor, o odor
e o sabor dos grãos. Os sistemas de termometria podem possuir as mais diversas configurações,
desde as mais simples (portátil manual, portátil microprocessada e microprocessada), até as
mais complexas, com sistemas automáticos de leituras e controle da aeração.
Características do sistema:
a) Precisão do sistema – o sistema deve operar com uma precisão de 1ºC, a mais ou
menos, sobre o valor de fundo da escala para condições ambientais de 5ºC a 45ºC de
temperatura e umidade relativa do ar de 5% a 80%
b) Resolução do aparelho de medição – o aparelho de medição deve ter resolução
mínima de 1ºC para condições ambientais de 5 a 45ºC de temperatura e umidade relativa de 5
a 80%.
c) Escala mínima do aparelho de medição – O aparelho de medição deve ter uma escala
mínima de 0 a 90ºC.
d) Características dos sensores – os sensores devem ser especificados citando o tipo,
referência, fabricante e o valor de suas características variáveis.
e) Cabos termométricos e a distribuição dos sensores – devem ser distribuídos conforme
as recomendações e as classes I, II, III da Tabela 9. (Weber, 2005).

Tabela 5 – Distribuição de cabos e sensores segundo a classe


Classes
Umidade e Impureza
I II III
Umidade dos grãos na entrada do silo ( bu) Até 10% 10% - 13% 13%- 16%
Teor de impureza dos grãos na entrada do silo Até 2% 2%- 4% 4%- 6%
Distância entre cabos, sensores, paredes e grãos
Distância máxima entre os cabos termométricos 8m 6m 5m
Distância máxima entre sensores nos cabos
4m 3m 2m
termométricos
Distância máxima entre cabos termométrico e a
4m 3m 2,5m
parede do silo
Distância máxima entre um grão e o cabo
5,7m 4,3m 3,6m
termométrico mais próximo

A seleção da classe deve ser feita considerando a situação mais desfavorável entre o teor
de água e o teor de impurezas dos grãos em percentagem de peso, na entrada do silo.
Os sensores são dispostos e numerados no cabo termométrico em ordem crescente,
sendo o primeiro sensor o mais próximo do fundo do silo, Figuras 8, 9 e 10. No silo cilindro a
numeração dos cabos termométricos faz-se em ordem crescente e sentido anti-horário, a partir
31

do cabo termométrico mais próximo da porta de visita do corpo do silo, em circunferência


concêntrica.

Figura 8 – Posicionamento dos cabos termométricos

Figura 9 – Posição dos cabos em silos metálicos ou de concreto, visto em planta.


32

Figura 10 – Posição dos cabos e dos sensores nos silos metálicos em corte

(1) Silo de metal, concreto ou graneleiro; (2) Conexão com os sensores para a tomada de temperatura;
(3) Pêndulo ou cabo; (4) Sensor de temperatura; (5) Fixação do cabo; (6) Respiro.

Na Figura 11 vemos os detalhes do cabo termométrico.

Figura 11 – Detalhe interno do cabo.

(1) O pêndulo com camada externa de polietileno (2) Cabo de compensação (3) Fios de cobres a diversas
alturas formando os termopares de medição de temperatura com revestimentoantiestatico, podendo ser
de seção redonda ou oval. (4) Centro o fio de constantan ( uma liga de cobre e níquel ), ao qual se soldam
as extremidades dos fios

Os sensores (termopares) devem ser distribuídos da seguinte forma, para grãos com 13
a 16% de umidade na entrada do silo e de 4 a 6% de impurezas (WEBER, 2005):
•Distância máxima entre os cabos termométricos: 5 metros;
•Distância máxima entre sensores nos cabos termométricos: 2 metros;
•Distância máxima entre o cabo termométrico e a parede do silo; 2,5 metros;
•Distância máxima entre um grão e o cabo termométrico mais próximo: 3,6 metros.
Sistema de termometria e aeração, por ordem de complexidade crescente para atender
necessidades diversificadas desde sistemas simples até sistemas sofisticados de controle e
operadores eletrônicos automatizados.
33

3.5.1 Termometria Portátil

O coletor de dados é um sistema de termometria portátil com a função de armazenar na


memória as informações de temperatura coletadas dos sensores instalados nos silos ou
graneleiros. Com o operador conectando o aparelho móvel aos terminais dos cabos que se
encontram em caixa própria junto ao silo na parte inferior e dando o comando de leitura obterá
as informações desejadas. O equipamento, Figura 12, lê automaticamente as temperaturas de
todos os sensores do cabo e registra as informações na memória e logo após o operador passa
para outro pêndulo mudando de tomada e assim sucessivamente.

Figura 12 – Esquema de Termometria Portátil.

Fonte: Widitec

3.5.2. Termometria Fixa Com Controle Digital da Aeração

Advindo de todo avanço tecnológico, na atualidade é possível encontrar diversas linhas


de equipamentos de termometria fixa que alinham eficiência, qualidade e sofisticação. Os
quadros de comandos permitem um controle instantâneo da aeração com atributos de
transmissão de dados por wi-fi e armazenamento de dados.
Estes sistemas de termometria alinhados com o controle da aeração podem controlar os
motores de ventiladores possibilitando uma boa conservação e uma armazenagem de qualidade.
Tendo o sistema de termometria informado periodicamente a temperatura dos grãos, todo
controlador vai comandar o ligar e desligar dos ventiladores condicionados aos dados
meteorológicos e de estratégias de aeração, Figura 13.
34

Figura 13 – Quadro de controle de uma instalação de termometria

Fonte: Widetec

3.5.3. Instalação do Sistema de Termometria

Na escolha do termopar deve-se levar em consideração o custo, a finalidade ou faixa de


temperatura a ser medida, a condição ambiental, o esforço físico a que será submetido e a
precisão da medida. Na prática, o termopar “cobre-constantan” é o mais utilizado para
monitorar temperaturas nos sistemas de aeração. A instalação do sistema é feita com fixação
dos cabos em pontos estratégicos na massa de grãos.
Além dos fios condutores, o sistema é composto por cabos de aço com capacidade para
suportar esforços de tração provenientes do escoamento dos grãos durante a descarga.
Os cabos ficam fixados ao telhado do silo e devem ficar na posição vertical (parte
inferior do cabo deve ficar ancorada ao fundo do silo).
O sistema de leitura pode ser feito por instrumentos (potenciômetros) portáteis, próprios
para pequenas instalações, ou mesas computadorizadas, próprias para grandes unidades
armazenadoras, cujos pontos de medição são identificados em quadros sinópticos. Nestas
mesas, as temperaturas dos pontos são determinadas por meio de cabos termelétricos que
possuem uma série de fios de cobre em volta de um fio de constantan, suportado por um cabo
de aço.
Deve-se prestar atenção na obtenção das temperaturas das últimas partes a serem
atingidas pela frente de aeração. Em silos pequenos, pode-se trabalhar, razoavelmente, com
sondas simples, porém, em silos com grandes dimensões, um sistema de termometria eficiente
é altamente recomendado.
A termometria e a aeração são indispensáveis para evitar a perda de qualidade dos grãos.
A existência das mesmas em uma unidade armazenadora a qualifica para a armazenagem
35

Própria e de terceiros, como prestadora de serviço reconhecida pelos órgãos governamentais e


diminui o valor do custo do seguro sobre o produto armazenado.
A termometria é um conjunto de sensores distribuídos no interior de um silo, vertical ou
horizontal; conectados a um instrumento de indicação de temperatura, montado em um painel,
permitindo a leitura da temperatura de cada sensor. O ponto medido pelo sensor corresponde a
uma amostra inferior a 0,2 kg de grãos. Os pêndulos têm um ou mais sensores e são distribuídos
estrategicamente dentro da massa de grãos, permitindo avaliar-se o comportamento da
temperatura da massa de grãos armazenados. O número de pêndulos e sensores depende do
tamanho do armazém ou silo. O que deve ficar claro, é que, depois de instalados os pêndulos
com seus respectivos sensores, em pontos fixos e pré-determinados, o silo, horizontal ou
vertical, terá sempre seus pontos de medição localizados no mesmo lugar e nível. A termometria
tem como função operacional medir a temperatura na massa de grãos armazenados, sendo
indicador do que está acontecendo nos diferentes pontos de medição. Justifica-se o atraso na
informação pela demora no avanço dos pontos de resfriamento e/ou aquecimento em função do
grão ser um ótimo isolante térmico e, também, pela demora do próprio sensor em estabilizar-se
na temperatura a que está sujeito. A instalação do sistema de termometria é feita com fixação
dos cabos ou pêndulos, em pontos estratégicos na massa de grãos; o espaçamento entre os
pêndulos e sensores é determinado por critérios técnicos e econômicos, estabelecendo uma
distância máxima de 5 m entre pêndulos e 2 a 2,5 m entre sensores. O sistema de leitura pode
ser feito por instrumentos (potenciômetros) portáteis, próprios para pequenas instalações, ou
mesas computadorizadas, próprias para as grandes unidades armazenadoras, cujos pontos de
medição são identificados em quadros sinópticos. As temperaturas nos diversos pontos são
medidas por meio dos pêndulos que possuem uma série de fios de cobre em volta de um único
fio de constatam, suportados por um cabo de aço.

3.5.3. Automação da Aeração de Grãos com Auxílio de Arduino

Estudos atuais comprovam a utilização de sistemas de baixo custo e de fácil acesso ao


pequeno produtor rural. Estes são compostos por sensores SHT 75, microcontrolador Arduino
Nano, cabo manga, placa de relés, contator e relé térmico, microcomputador e sistema de
ventilação (ANTUNES e DEVILLA, 2018).
Os sensores SHT 75, figura 14, são capazes de indicar temperatura e umidade relativa
do ar intersticial com exatidão de 0,0001 °C. Os mesmos devem ser distribuídos na massa de
36

grãos, posicionados em locais estratégicos, de maneira que se possa controlar a temperatura e


umidade intersticial da massa de grãos.

Figura 14 - Sensor utilizado para monitorar da temperatura e umidade relativa, modelo SHT
75.

Fonte: próprio autor.

A estrutura principal para o acionamento do ventilador está pautada nas funcionalidades


da placa de Arduino Nano e no seu sistema Arduino 1.0.1, instalado no microcomputador, os
quais controlam os sensores de temperatura e umidade relativa.
A partir do acionamento e retorno das informações dos sensores, que ocorre a cada
minuto, o sistema aciona o ventilador por meio da placa de relé, a qual responde a critérios
estabelecidos por programa computacional.
A Figura 15 apresenta as etapas de funcionamento do sistema de controle e aquisição
de dados utilizados para aeração dos grãos armazenados.

Figura 15 - Esquema do sistema de controle e aquisição de dados de aeração segue o fluxo, (a)
microcomputador, (b) Arduino nano, (c) sensores, (d) placa de relés, (e) contatora, (f) motor do
ventilador.
37

Fonte: próprio autor.


Para tanto, é possível respaldar que este tipo de sistema demonstra grande eficácia no
controle do processo de aeração de grãos armazenados e pode ser instalado por produtor
familiar. Quando pensado no ponto de vista
3.6. Aeração por Insuflação ou Sucção

O fluxo de ar que passa através da massa dos grãos pode ser realizado em dois sentidos,
por insuflação com fluxo ascendente e ao contrário, a aspiração com fluxo descendente, sendo
que existem critérios para a opção por um ou outro sistema.

3.6.1. Insuflação

É o sistema de aeração, mais utilizado, em que o ar de aeração atravessa a massa de


grãos pela parte inferior do silo através de canais ou do fundo falso e, subindo, sai através dos
respiros e outros espaços existentes no telhado do silo, Figura 16. Os respiros deverão ser bem
dimensionados para evitar condensação e quando necessário em função da variação do clima,
o telhado deverá conter ainda outros recursos como ventiladores.
38

Figura 13 – Sistema de aeração por insuflação.

A insuflação será utilizada sempre que estivermos enchendo o silo de grãos quentes ou
úmidos e também na situação contrária, para que o calor ou umidade dos grãos que estão
entrando não venha para baixo contaminar os que já estão mais secos ou mais frios. Assim,
sempre que a umidade armazenadora tiver apenas um sistema de aeração, deverá contar com o
sistema de insuflação, que também evita o enchimento dos furos do fundo perfurado ou da
tampa perfurada dos canais, pois na insuflação a tendência do ar é de limpar e manter limpos
os furos.
Em caso da aeração de manutenção de silos com termometria e sempre que ela indique
focos de calor na parte alta da massa, da metade para cima, insuflação é o sistema recomendado.
Quando a umidade do ar ambiente for um pouco elevada, o aquecimento de 1 ou 2ºC do ar
ambiente ao passar através do rotor do ventilador, ajudará a diminuir a umidade relativa. A
Figura 16 mostra ainda, foco de umidade e calor na parte alta do silo, que ocorre como vimos,
nos meses de inverno devido a condensação de vapor e gotejamento na parte superior dos grãos.

3.6.2. Aspiração

No verão, o fluxo dos micromovimentos do ar se dá em sentido contrário ao inverno,


Figura 17, em que o ar junto às paredes, por se encontrarem mais quentes, sobe e no centro o
ar mais frio desce e se localizam na parte mais baixa do silo os focos de umidade e calor, insetos
e fungos. A aeração de aspiração é utilizada quando se verificam focos de calor do meio do silo
para baixo e o ar frio da aeração entra pela parte superior, pelos respiros e mesmo pela porta
aberta do telhado e contra a trajetória de cima para baixo aspirado pelo ventilador.
39

Figura 14 – Sistema de aeração por aspiração

Maior cuidado deverá se ter, entretanto, com a possibilidade de impurezas, finos e


quebrados, bloquearem parcialmente as perfurações das chapas do fundo do silo sobre os canais
ou do fundo falso. Quando estiver trabalhando pelo sistema de aspiração por período
prolongado, convém fazer periodicamente a aeração por insuflação por um período de alguns
15 minutos para a limpeza dos furos.

3.6.3. Aeração reversível

Vimos que a aeração pode ser feita com vantagem pelo sistema de insuflação e em certas
ocasiões por aspirações o que significa que a aeração deverá ser tanto quanto possível
reversível, podendo ser utilizada por qualquer um dos sistemas.
Para se decidir sobre o uso de uma das opções, o operador da unidade armazenadora
deve considerar alguns pontos importantes. Um deles é que a insuflação irá adicionar calor ao
ar devido à ineficiência dos ventiladores. Em geral, os ventiladores e o próprio sistema de
distribuição produzem acréscimos superiores a 3°C na temperatura do ar. Dessa forma, a
escolha da insuflação poderá ser uma alternativa correta, se a umidade da massa de grãos estiver
acima da ideal de comercialização. A adição de calor abaixará a umidade relativa do ar e poderá
provocar secagem do produto, caso a umidade do grão esteja acima da umidade de equilíbrio
com a nova umidade relativa do ar.
Em se considerando o controle de pó, devido principalmente a problemas ambientais e
de segurança, o uso da sucção ou ventilação negativa é a opção correta.
40

Outro fator que pode ser considerado na adoção de ventilação positiva ou negativa é a
posição do foco de aquecimento. Se o ventilador estiver instalado na base do silo e o foco quente
estiver na parte superior da camada de grãos, a ventilação deve ser ascendente, e, caso o foco
esteja nas camadas inferiores, o fluxo deve ser descendente.
Aeração reversível: a aeração pode ser feita com vantagem pelo sistema de insuflação e
em certas ocasiões pelo sistema de aspiração, o que significa que um sistema reversível é o
ideal, podendo ser utilizada por qualquer um dos dois sistemas.

4. DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE AERAÇÃO


Este dimensionamento está pautado no capítulo 11, Aeração de grãos armazenados, do
livro do professor Juarez de Souza Silva de 2008. A metodologia descreve o dimensionamento
de um sistema de aeração de grãos armazenados, fornecendo o tempo provável de resfriamento
da massa de grãos.
Sabe-se que na determinação de um sistema de aeração o cálculo da vazão de ar, pressão
estática do ventilador, a potência do motor, a área de perfurações, o número de dutos,
espaçamento entre os dutos e o tempo provável de resfriamento da massa de grãos, são os pontos
a ser dimensionados. Estes parâmetros devem seguir a seguinte perspectiva:

1- Cálculo da capacidade do silo (Ca)


Ca = A.H.Me
Onde:
A= Área da base do silo, m²;
H = Espessura da Camada de grãos, m;
Me = Massa específica do produto, kg.m³;

2- Cálculo da Vazão de ar (Q, em m³.min-1)


Q = F.Ca
Onde:
Ca = É a capacidade do silo, kg ou m³;
F = Fluxo de ar, indicado para unidades verticais, em regiões quentes, indicado pela tabela a
seguir, m³.min-1.t-1 de grãos.
Fluxo de ar (m³.min-1.t-1 de grãos)
Tipo de unidade/finalidade Região fria Região quente
Horizontal/Grãos secos 0,05 a 0,10 0,10 a 0,20
41

Vertical/grãos secos 0,02 a 0,05 0,03 a 0,10


Pulmão/grãos úmidos 0,30 a 0,60 0,30 a 0,60
Seca-Aeração 0,50 a 1,00 0,50 a 1,00

3- Cálculo da Pressão Estática (Pe, em cmca)


A figura 18 fornece a variação entre a vazão específica de ar e a pressão estática, por
metro de camada de grãos, para diferentes produtos. Para efeito de cálculo, sugere-se a
utilização de valores obtidos na curva do produto que oferece a maior resistência à passagem
do ar.
A vazão de ar (Q2) por metro quadrado de piso é:

Q2 = Q
πr²

Onde,

Q 2= vazão em m³ de ar . min-1. m²

Q = Vazão, em m³.min-1

Da figura a seguir obtém-se a pressão estática (Pe);

Figura 18: Variação entre a vazão do ar e a pressão estática, por metro de profundidade de
coluna de grãos.
42

Da figura 18 obtém-se a pressão estática (Pe):


Onde,
Pe = pressão estática pode ser dada em mmca . m-1 de coluna de grãos, ou cmca . m-1 de coluna
de grãos.
A pressão estática total (Pet) será obtida somando-se a pressão equivalente à altura total
da camada de grãos, a perda de carga devido a tubulações, válvulas, registros, curvas, etc., que
é estimada em 20% da resistência fornecida pelos grãos. Considera-se ainda, um fator de
compactação da massa de grãos igual a 60% em relação à pressão na camada de grãos.

A pressão estática total (Pet) será:

Pet= (Pe . alt) + ((Pe . alt) . 0,20) + ((Pe . alt) . 0,6)


Onde,
Pe = pressão estática;
alt = altura da camada de grãos, m;

4- Potência necessária ao sistema (Pot)


𝑸 . 𝑷𝒆𝒕
𝑷𝒐𝒕 (𝒄𝒗) =
𝟒𝟓𝟎 . 𝒏
43

Onde,
Pet = pressão estática total, cmca;
n= eficiência do sistema de ventilação;
Q = Vazão de ar, em m³.min-1

5- Cálculo da superfície perfurada (SP)


No cálculo da superfície perfurada, toma-se como referência a velocidade do ar
admissível na saída dos dutos para a massa. Normalmente, considera-se a velocidade máxima
do ar igual a 10 m/min, o que implicará em menor queda de pressão.
𝒎𝟑
𝑸( 𝒎𝒊𝒏)
𝑺𝑷 = 𝒎
𝑽( 𝒎𝒊𝒏)
Onde,
SP = Superfície perfurada, m².
Q = Vazão em m³/min;
V= velocidade do ar admissível na saída dos dutos, m/min;

6- Cálculo da seção transversal do duto principal (ST)


A área da seção transversal do duto principal é função da máxima velocidade do ar
admitida. A máxima velocidade do ar de maneira a reduzir as perdas de carga dos sistema é
igual a 350 m/min:
𝒎𝟑
𝑸( )
𝑺𝑻 = 𝒎𝒊𝒏
𝒎 )
𝑽(𝒎𝒊𝒏
Onde,
ST = Seção transversal do duto principal, em m²;

7- Cálculo da largura (l) e da altura (h) do duto principal:


Admitindo uma seção quadrada teremos:

𝐼 = √𝑆𝑇
Sendo assim, I = h
8- Cálculo do comprimento dos dutos perfurados (C)
Considerando que a altura dos dutos com área perfurada será igual à altura (h) do duto
principal, o comprimento do duto perfurado será:
44

C=SP / h
Onde,
C = Comprimento dos dutos perfurados, em metros;
SP = Superfície perfurada, m²;
h = altura do duto, metros;

9- Espaçamento dos dutos:


Uma maneira que pode ser utilizada para determinar a localização de dutos em um silo
retangular é atribuindo o diagrama mostrado na figura 19, adaptado de Hilborn (1976).
Figura 19: Espaçamento entre dutos para silos retangulares.

10- Cálculo da largura (l) dos dutos perfurados:


Considerando que todos os dutos perfurados receberão a mesma quantidade (Qi) de ar,
tem-se:
Qi = Q/número de dutos
Onde,
Qi = vazão de ar na saída em cada duto perfurado, em m³.min-1.
Com base nessas informações, obtém-se a largura (l) do duto perfurado.
L = SP / C
Onde,
L = largura do duto perfurado, em metros;
SP = Seção do duto perfurdo, em m²;
45

C = Comprimento total do duto, em metros;

11- Cálculo do tempo provável de resfriamento


O tempo provável para o resfriamento de uma massa de grãos em um silo, pode ser
determinado pela equação:
t = (16,6 . mg . Cg) / Qt . Da . Ca
Onde,
t = tempo, horas;
mg = massa total de grãos, t;
Cg = calor específico do grão, kJ.kg-1. ºC-1;
Qt = fluxo de ar total, m³.min-1;
Da = densidade do ar, kg.m-3; e
Ca = calor específico do ar, kJ.kg-1.ºC-1;
46

5. CONCLUSÃO

Observa-se que, com o desenvolvimento tecnológico, avanços foram alcançados em


aeração de grãos armazenados. Isto trouxe-nos a uma realidade de sistemas de aeração
automatizados e alinhados com estratégias eficientes para cada ambiente.
Sabe-se que ainda é necessário pautar por um controle do processo, no entanto, é visível
que soluções foram tomadas a fim de realizar uma tomada de decisão confiável e segura,
otimizando o controle da qualidade do produto estocado.
47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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