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Aula 2 - SOCIEDADE ANÔNIMA Lei 6404/76 alterada pela Lei 10.

303/01

1 ) INTRODUÇÃO

Trata-se de uma sociedade empresária institucional (também denominada


estatutária) que é criada por meio de um estatuto social. Nota-se a primeira
diferença para sociedade limitada, esta última é formada por meio de contrato
social (sociedade contratual).

Na sociedade anônima cada sócio/acionista responde apenas quanto a


integralização das ações subscrita, ou seja, cada sócio fica responsável
apenas pela integralização das ações que subscreveu, não tendo qualquer
responsabilidade pela integralização das ações subscritas pelos demais sócios.

No caso da sociedade limitada existe responsabilização de todos os sócios


pela integralização do capital social subscrito e ainda não integralizado. A
doutrina usa as seguintes expressões para ilustrar essa diferença: S/A – Cada
um por si; LTDA – Um por todos e todos por um.

Importante salientar que os administradores da S/A podem ser


responsabilizados pessoalmente no âmbito civil e criminal, independente de
serem acionistas ou de já terem integralizado o valor de todas as ações
subscritas. Na S/A só os administradores podem ser responsabilizados, já na
limitada existe a possibilidade que os sócios não administradores respondam
tanto civil como criminalmente.

2) NOME EMPRESARIAL

Na sociedade anônima tem de ser obrigatoriamente na forma de denominação


(sem emprego do nome dos sócios ex. Banco Nossa Caixa S/A) devendo
constar a expressão sociedade anônima ou S/A no início meio ou fim do nome.

Caso prefiram, os sócios ao invés de utilizarem a expressão sociedade


anônima ou S/A pode se valer do termo Cia ou Companhia, porém, neste caso,
deverá empregá-lo no início ou no meio do nome para não se confundir com
outros tipos societários que devem utilizar o termo companhia quando utilizam
o nome empresarial da modalidade firma e não colocam o nome de todos os
sócios.

Na sociedade limitada existe a possibilidade do emprego de ambas as formas


de nome empresarial, ou seja, tanto firma (ou razão social) quanto
denominação. Quando é utilizado o nome empresarial da modalidade firma é
necessário a inclusão do nome de todos os sócios, ou, caso falte o nome de
algum, é obrigatório o termo Cia ou Companhia no final do nome, sob pena da
responsabilização dos sócios tornar-se ilimitada.

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3) FINALIDADE

A S/A é a modalidade empresarial utilizada para grandes investimentos e


quando a empresa quer captar recursos diretamente com pessoas físicas e
jurídicas.

4) CLASSIFICAÇÃO

A sociedade anônima pode ser de capital aberto ou fechado:

4.1) Capital Fechado.

As ações são negociadas apenas com seus acionistas e/ou investidores de


forma particular.

4.2) Capital Aberto

Quando as ações e outros valores mobiliários forem negociados no mercado


de capitais de valores mobiliários, por corretoras, bancos ou instituições
autorizadas bem como na bolsa de valores.

Para uma sociedade anônima ser considerada de capital aberto é necessário a


autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia Federal com
sede no Rio de Janeiro.

5) Capital Social

5.1) O capital social S/A é formado por ações. Pode ser adquirido pelos
acionistas com pagamento em dinheiro ou qualquer outro bem passível de
avaliação.

5.1.1) Os acionistas quando da elaboração do estatuto social devem decidir


quanto será o investimento necessário para constituição da sociedade, dividi-se
esse montante em ações, cada um dos sócios subscreve um determinado
número de ações e desse montante subscrito integraliza tudo que subscreveu
ou não. Caso não integralize todas 0ações subscritas no início ficará
responsável pela integralização futura apenas das suas ações subscritas e
não integralizadas

5.2) As ações podem ser ordinárias, preferenciais ou de fruição.

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5.2.1) Ordinárias (Ações de Direção)

São Ações comuns e de emissão obrigatória, seus titulares são chamados de


ordinaristas e possuem direito a voto, recebimento de dividendos e de votação
nas assembléias.

5.2.2) Preferenciais (Ações de Investimento)

Seus titulares são chamados de preferencialistas e podem ter direitos


diferenciados como, por exemplo, recebimento prioritário de dividendos (antes
dos ordinaristas) ou de reembolso dos valores das ações.

No máximo 50% das ações da companhia pode ser dessa modalidade e os


titulares podem ser privados do direito de voto.

Importante salientar que caso não sejam pagos dividendos aos


preferencialistas por três exercícios consecutivos esses passarão a ter direito a
voto.

5.2.3) Ações de Fruição.

Os acionistas ordinaristas ou preferencialistas podem ter suas ações


amortizadas pela S/A (compradas pela S/A) e, mesmo recebendo o valor que
lhe cabe, recebem também as Ações de Fruição que dão direito de voto. Note-
se que mesmo os preferencialistas que não tinha direito a voto, nesse caso,
podem vir a ter.

A lei determina que os titulares das ações de fruição sejam os últimos


acionistas a receberem quando da liquidação da sociedade anônima, ou seja,
depois dos preferencialistas e dos ordinaristas.

5.3) Debêntures.

Contrato de mútuo (empréstimo) onde a empresa é mutuária devedora e o


debenturista é o mutuante credor.

Podem ser de garantia real (imóvel da sociedade como garantia); flutuante


(incide sobre ativos da empresa com p. ex estoque); quirografária (incide sobre
o patrimônio geral da companhia) e subquirografária (debenturista só tem
preferência de recebimento sobre os acionistas)

6) CONSTITUIÇÃO DA COMPANHIA

Requisitos preliminares

6.1) Subscrição por pelo menos duas pessoas de todas as ações em que se
divide o capital social fixado no estatuto.

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6.1.1) No caso da S/A ter conselho de administração será obrigatório o mínimo
de três acionistas.

6.1.2) O artigo 206 da LSA (lei da saciedade anônima – nº 6404/76 alterada


pela Lei 10.303/01) reza que depois de constituída o número de acionistas se
reduzir a apenas um, ainda assim ela terá um ano para voltar a ter dois,
devendo entrar em liquidação se isso não ocorrer.

6.1.3) Pode a sociedade anônima, no entanto, ter permanentemente um único


acionista, se esse acionista for, por sua vez, uma sociedade brasileira (art.
251), e o parágrafo 2º do mesmo artigo disciplina que a companhia pode ser
convertida em subsidiária integral mediante aquisição, por sociedade brasileira,
de todas as suas ações

6.2) Realização da integralização com a entrega de 10%, no mínimo, do


preço de emissão das ações em dinheiro, o restante pode ser com outros bens.

6.2.1) Quando se tratar de instituição financeira, os sócios deverão integralizar


50% , no mínimo, de todo capital social em dinheiro.

6.3) Depósito no Banco do Brasil ou em outra instituição financeira autorizada


pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) da parte do capital social
integralizado em dinheiro.

6.3.1) Caso a S/A não se constitua em 6 meses o Banco é obrigado a devolver


o dinheiro diretamente aos acionistas/subscritores, tanto é que o próprio
depósito é feito em nome dos subscritores das ações e a favor da S/A.

6.3.2) Para que a S/A possa levantar o dinheiro depositado no Banco do Brasil
ou na instituição financeira autorizada é necessário que esteja devidamente
registrada na junta Comercial, deve, portanto, ter adquirido personalidade
Jurídica.

7) FORMAS DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS.

7.1) Captação com sócios

As empresas em geral captam recursos ou com seus sócios (sócios dispondo


do seu patrimônio pessoal em prol da sociedade).

7.2) Captação no sistema financeiro

Também as empresas em geral podem captar recursos no sistema financeiro


emprestando dinheiro em bancos ou instituições financeiras e pagando os juros
de mercado.

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7.3) Captação Direta

As sociedades anônimas de capital aberto têm a vantagem de poder captar


recursos diretamente com pessoas físicas e jurídicas (captação direta de
recursos). Para isso, a S/A aberta deve estar devidamente registrada Junta
Comercial e com a autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

8) MERCADOS DE AÇÕES

8.1) Mercado primário

O mercado de ações pode ser primário, que se dá entre a empresa e o primeiro


adquirente das ações.

8.2) Mercado Secundário

É a venda das ações pelo primeiro adquirente a um investidor. Esse comprador


torna-se acionista S/A.

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