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✔ Ente jurídico com substrato essencialmente patrimonial, que exerce com caráter de
estabilidade uma atividade económica lucrativa que se traduz na prática de atos de
comércio.
Tipos
Princípios estruturantes
Inoperacionalidade:
o Orientação falha pela dificuldade em identificar conceito operacional de
lucro, para efeitos de limitação da capacidade. A sua utilização no CSC
revela aceções semânticas muito distintas:
Vias de superação:
✔ STJ: Impende sobre a sociedade garante que invoca a nulidade da garantia por si
prestada com o objetivo de se fazer valer de tal nulidade para não ter de cumprir a
obrigação garantida, o ónus de alegação e prova da inexistência de interesse próprio, i.e,
o ónus da prova dos requisitos da existência da tal invalidade do ato. A razão principal
para tal reside na circunstância e que ninguém melhor do que a própria sociedade
que presta a garantia, para certificar que a mesma foi prestada no seu próprio
interesse.
Professor MTS entende que a seguir-se este entendimento, 6º,3 imporia, por força da lei, um
venire contra factum proprium. O próprio órgão que praticou o facto teria que provar que o
mesmo é afinal inválido.
Obrigação de entrada
A obrigação de entrada constitui-se, assim como o dever de participação nas perdas, como a
principal obrigação dos sócios.
É o que resulta do 980ºCC e do 20ºCSC, o qual estabelece, de forma imperativa, como
obrigações essenciais dos sócios a obrigação de quinhoar nas perdas.
O contrato de sociedade é imperativamente um contrato oneroso, como tal só pode ser atribuída
uma participação social e, consequentemente a qualidade sócio, a uma pessoa que contribua
efetiva e realmente com bens (ou serviços nas sociedades em que este tipo de entrada seja
admitido) para a sociedade.
● O valor nominal da participação social não pode ser superior ao valor real da
contribuição do sócio, i.e, não pode, em caso algum, ser superior à importância em
dinheiro com que cada sócio entra para a sociedade ou ao valor venal dos bens, ditos em
espécie.
● Pelo contrário, é expressamente admitido que o valor da participação social seja inferior
ao valor da entrada.
O valor da entrada constitui o limite máximo do valor nominal da participação social, podendo
este, no entanto, ser inferior ao valor da contribuição do sócio.
Nas SA, em obediência à regra geral estabelecida no 25º, CSC proíbe expressamente a emissão
de ações abaixo do par (298º,1, CSC). Admitindo, a contrario, a prática de emissão de ação
acima do par, i.e, por um valor superior ao seu valor nominal.
A diferença entre o valor nominal da participação social e o valor por ela pago (ágio ou prémio
de emissão), não pode ter o seu pagamento diferido (277º,2).
O valor do ágio fica obrigatoriamente sujeito ao regime da reserva legal (295º,2,a), sendo que a
esta apenas pode ser dado um dos destinos previstos no art.296º CSC. Aparentemente, todo o
ágio só poderia ser usado para os fins do 296ºCSC. MC defende que o prémio de emissão
apenas fica sujeito ao regime do 296º até ao limite do valor da reserva legal (1/5 do capital,
295º,1) e, cumulativamente, apenas quando e na medida em que o mesmo seja necessário
para integrar aquela reserva.
Assim, a sociedade poderá utilizar o ágio para outro fim, distinto dos previstos no 296º, desde
que a reserva legal esteja integralmente constituída ou, quando tal não se verifique, na parte em
que exceda o montante necessário para completar a reserva legal.
As entradas em dinheiro
✔ Relações entre os sócios: 37º dispõe que devemos atender às regras legais e às cláusulas
do contrato.
✔ Relação da sociedade com terceiros: divergência doutrinária no que concerne ao art.40º.
. O que se discute é se esta responsabilidade ilimitada e solidária é subsidiária também,
como acontece por aplicação do disposto no 36º, ou se essa responsabilidade é
concorrente:
o Responsabilidade ilimitada e solidária dos sócios envolvidos: a primeira ideia
que resulta do 40º,1 é a de que haverá uma responsabilidade ilimitada e
solidária de todos os que atuam em representação da sociedade e dos sócios que
autorizam esses negócios.
o AO faz uma interpretação por maioria de razão, considerando que se mesmo
quando não há escritura pública (leia, contrato de sociedade), há uma
responsabilidade subsidiária por parte daqueles que realizaram determinados
atos, por maioria de razão, se já foi realizada uma escritura pública, i.e,
celebrado o contrato de sociedade, se já estamos perto do momento culminante
da constituição da sociedade, que é o registo, então também se justificaria que
fosse o património autónomo, constituído pelas contribuições dos sócios ou
futuros sócios, a responder por esses atos, designadamente perante s credores.
O capital social
Capital social e património societário
Os meios financeiros que constituem o património inicial da empresa e que resultam da soma de
todas as participações sociais correspondem ao capital social.
Cifra numérica de valor constante, em dinheiro, expressa em euros, na fase do arranque tende a
ser equivalente ao respetivo património, mesmo enquanto os sócios não realizem integralmente
as suas entradas (capital subscrito).
Património social
O património social é, em sentido amplo, o conjunto de direitos e vinculações da sociedade
suscetíveis de avaliação pecuniária.
1. Aumento por novas entradas (em dinheiro ou espécie): é aquela que proporciona
verdadeiramente novos meios à sociedade, dotando-a de capitais de que, até então, não
dispunha.
a. Entradas em dinheiro: se a sociedade deliberar que o aumento seja total e
imediatamente realizado, o dinheiro correspondente terá de ser-lhe entregue na
própria data da deliberação- devendo esse facto ficar a constar de ata- ou nos
prazos e condições estabelecidas (88º). Deliberado o aumento de capital, a
administração da sociedade não poderá declarar- na respetiva execução, no
registo- que o mesmo se encontra realizado (88º,2). Aplica-se o disposto quanto
a entradas da mesma natureza na constituição da sociedade (89º,1). No aumento
é também possível diferir parte das entradas (70%) nas SA (277º,2) e a quase
totalidade nas SPQ (88º,1 e 199º,b).
b. Entradas em espécie: à operação de aumento do capital por entradas em
espécie também se aplica o disposto para a constituição da sociedade (89º,1 e
Procedimento
SPQ:
1. Só pode haver aumento de capital por aprovação de ¾ (75º%) dos sócios- 265º;
SA:
1. (383º,2 e 386º,3): na primeira convocatória delibera-se aumento do capital;
2. Requer-se um quórum constitutivo (Nr. de sócios ou de % do capital social necessário
para que a AG possa funcionar) = 1/3 do capital social (33%);
3. Requer-se um quórum deliberativo (maioria para que seja aprovado = 2/3 dos sócios
devem deliberar positivamente para que o aumento seja aprovado.
4. Na segunda convocatória (383º,3 e 386º,3), não se requer quórum constitutivo, sendo a
deliberação do aumento aprovada por 2/3 (22%) dos votos.
✔ POC: o disposto nas regras legais supletivas não pode deixar de corresponder ao
mínimo legalmente admissível, não podendo o contrato de sociedade, através de uma
cláusula aberta, reduzir os lucros distribuíveis ou admitir que a atribuição anual deste
fique aquém desse mínimo, porquanto a distribuição de lucros realiza a essência da
participação social.
o A lei garante aos sócios a participação num mínimo de metade dos lucros do
exercício distribuíveis. Esse direito só pode ser pontualmente restringido se os
sócios deliberarem diversamente por maioria qualificada (formada, pelo
menos, por ¾ dos votos correspondentes ao capital social) e desde que tal
deliberação não seja abusiva. V.g: se tiver por finalidade essencialmente
prejudicar os sócios minoritários que aguardavam a prevista distribuição
de lucros, sendo nula (58º,1,b).
o as normas supletivas sobre distribuição de lucros (217º, 1 e 294º,1) são
imperativas no que respeita ao mínimo a distribuir, i.e, apresentam um
conteúdo mínimo imperativo.
o Professor entende não ser admissível, por violar o interesse social, agravar
contratualmente a maioria qualificada de ¾ dos votos correspondentes ao
capital social, fixando-a em 4/5 ou até na unanimidade, para derrogar
pontualmente o direito aos lucros do exercício.
Limite legal da distribuição de bens aos sócios e lucros e reservas não disponíveis
Duas disposições fundamentais:
1. 32º- estabelece o limite legal de distribuição de bens aos sócios: o art. 32º tem em conta,
e visa acautelar, não só as reservas legais, mas eventualmente as reservas estatutárias.
Acresce que este artigo é o fundamento legal do princípio de que o capital social
constitui a garantia dos credores, no sentido de que só quando existem bens em valor
superior à soma do capital, das reservas legais é que poderá haver distribuição legítima
desses bens.
2. 33º- refere-se aos bens que não são distribuíveis aos sócios:
a. Segundo o nr.1 não podem ser distribuídos aos sócios lucros do exercício que
sejam necessários para cobrir prejuízos transitados ou para formar ou
reconstituir reservas impostas pela lei ou pelo contrato de sociedade. Os