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DIREITO COMERCIAL II

AULA 16/02
Sociedade Comercial VS Consórcio -> o Consórcio é um contrato,  não gera nenhuma pessoa
coletiva, nenhuma personalidade jurídica e a partir daí é tudo diferente.
 
Sociedade Comercial VS Agrupamento Europeu -> O número de membros é igual, mas os
membros têm que ser de estados diferentes. A sociedade visa a obtenção de lucro, já o
agrupamento europeu não. Se resultarem dividas no agrupamento quem responde pelas
dividas são os membros. Nas sociedades comerciais o principio é outro. Tenho os sócios e
tenho  a sociedade, quem responde pelas dividas da sociedade primeiramente é o próprio
património da pessoa coletiva. Se não existir património suficiente, vai se subsidiariamente 
aos  sócios ficando estes responsáveis por essas dividas da sociedade,  mas depende do tipo
de  sociedade em si, pois a responsabilidade por dividas está sempre em causa.  Sendo que
aqui responde se na qualidade de sócio. Em  função do tipo os sócios responderam, não
responderam ou só uns é que reponderam e não todos os sócios.
 
TIPOS DE SOCIEDADES:
Art. 175º enuncia os tipos onde as primeiras a ser apresentadas são em nome coletivo, cada
tipo de sociedade tem regras específicas para compor a sua firma. A firma da sociedade ou
individualiza todos os sócios, ou não.
 
Numa Sociedade em Nome Coletivo os sócios respondem pelas obrigações sociais,  pelas
dividas da sociedade,  subsidiariamente.  Se a sociedade não tiver património, respondem
solidariamente com os outros sócios, caracteriza-se por um modelo de responsabilidade
ilimitada. São sociedades que envolvem duas ou mais pessoas (exceção 7,Nº2). Neste tipo de
sociedade é permitido a entrada através de industria, isto é, os sócios podem contribuir com
industria (=trabalho) e não com capital – sócios de industria.
 
A seguir temos a Sociedade por Quotas em que se identifica pela firma, é a mais comum em
Portugal (200º). Sendo por quotas os sócios respondem limitadamente, não respondem pela
divida da sociedade.  Os sócios só pagam se quiserem, se a sociedade não tiver património
sequer, o credor fica a "arder".
Não é possível a entrada de sócios por industria. O prof não percebe o porquê porque uma
pessoa pode entrar numa sociedade com o capital de 1€, mas a verdade é que o tipo não
permite mas na prática é quase como se fosse através das prestações acessórias – acessórias
relativamente à prestação principal (entrada com dinheiro ou bens suscetíveis de penhora).
Todos os sócios tem que realizar entradas (7º e ss) - é uma obrigação fundamental. Não há
entradas de industria mas há um mecanismo que supre esta proibição que é através das
prestações acessórias - prestar diversos serviços à sociedade.
202º, Nº1 - não são permitidas contribuições de industria.
E o socio deixar de prestar prestações acessória o que acontece? Isto tem consequências que
estarão estabelecidas no contrato, não mete em causa a sua posição de sócio.,

 O modelo seguinte é a Sociedade Anonima (275º). O capital é dividido em ações e casa sócio
é limitado ás ações que subscreveu (271º). Neste tipo de sociedades é impensável haver
industria (277º).
 
As Sociedades em Comandita têm uma razão de ser pois aqui uns sócios respondem e outros
não, a ideia é reunir dois tipos de sócios diferentes (465º).  Uma das funções de um sócio é
necessariamente a do conhecimento e a outra de investimento. Existem sócios comanditários
e sócios comanditados. O sócio comanditário é o que tem o dinheiro, o comanda-to tem o
conhecimento. Quem responde pelas dividas é o sujeito que tinha o conhecimento pois foi o
mesmo que desenvolveu o negócio, sendo que o que investiu já correu o risco previamente e
por isso mesmo não vai responder.  Neste modelo temos sócios que respondem e outros que
não. Esta sociedade pode  ser constituída por dois tipos de formas, ou por sociedade
comandita simples, ou por ações. O socio comanditado, tem que ter o nome da firma, se for o
comanditário recorremos ao nº 3, 467º e a responsabilidade será dele.
 
Na Sociedade Unipessoal por Quotas o sócio não responde por quotas. Identifica-se esta
sociedade pela firma terminando sempre em "Unipessoal".  Uma pessoa singular só pode ser 
socio de uma sociedade por quotas unipessoal.
 
AULA 23/02

RESPONSABILIDADE CIVIL/ PATRIMONIAL


Quando estamos perante uma pessoa jurídica nova temos que saber qual a capacidade jurídica
que esta tem. A partir do momento em que se tem personalidade jurídica a sociedade é capaz
de ser titular de direitos e deveres. O 160º CC consagra o principio da especialidade – a
capacidade existe consoante o fim das sociedades. MC acha que a capacidade das sociedades
não é limitada, que não existe este principio. A respeito a este tema temos também o art.6º.

A sociedade só adquire personalidade jurídica com o registo. Isto não significa que a sociedade
não inicie o exercício da sua atividade antes do registo do contrato – 36º.

AULA 27/02

Desconsideração da personalidade jurídica – saber se quem responde pelas dividas é apenas o


património ou se os sócios respondem também. Quando falamos em desconsideração da
personalidade jurídica temos que saber em que situações, não obstante o Nº3 e 197º e que
não foi pactuado a exceção do 198º ,em que situações os credores podem responsabilizar os
sócios.

Responsabilidade dos membros dos órgãos (de administração e fiscalização) – para além do
64º (deveres fundamentais) temos o 72º que se refere às situações em que a Sociedade pode
responsabilizar membros da administração e fiscalização. Se temos uma questão de má gestão
da sociedade, quando um membro viola deveres do qual resultam prejuízos ele pode ser
responsabilizado (obrigacional – Nº1, 72º - presunção de culpa). É um caso de
responsabilidade perante a sociedade, a sociedade pode agir através de uma ação de ut
universi que é uma ação da própria sociedade. Existe também a ação ut singuli mas esta ação,
prevista no 77º, é intentada por sócios contra os membros do órgão por danos causados à
sociedade e não a eles próprios.
Coisa diferente é saber se os sócios podem enquanto sócios por danos que estes sofram
responsabilizar os membros dos órgãos pela sua má gestão – 78º e ss – responsabilidade
aquiliana. Aqui já não funciona a presunção de culpa do 72º.

Qual o regime aplicável às Sociedades Comerciais?


Em matéria de subsidiariedade temos o art.2º - o prof acha estranho que este artigo não se
refira ao CCom. O prof acha que antes de recorrermos ao CC devemos recorrer ao CC geral.

O capital social é apenas uma expressão numérica, representa uma certa realidade. Que
realidade é esta? É número representa a soma das entradas dos sócios.
Património - não tem nada haver com o conceito de capital apesar de às vezes puder coincidir.
Pode ser visto numa tripla perspetiva:
Bruto - esfera patrimonial, conjunto de direitos e deveres de que a sociedade é titular
(património global = ativo + passivo);
Ilíquido - é só o lado ativo, soma apenas os créditos (de todos os direitos de que a sociedade é
titular);
!!!!!! Liquido - valor que é apurado pela subtração do passivo ao ativo.

Há um momento da vida da sociedade em que os dois valores coincidem o capital social


corresponde ao património liquido. Este momento da constituição da sociedade. Porque?
Quais os bens que a sociedade tem no seu património? As entradas dos sócios porque a
sociedade ainda não iniciou a sua atividade. O capital social à partida não muda, só não será
assim se os sócios decidirem alterar o capital ou através da entrada de novos sócios.
 
21º - todos os sócios têm o direito de participar nos lucros. Como é que participam? 22º - na
medida das suas entradas.

O que não é possível é dizer que o A tem 50%, o B 0% e o C 50%. Ao dizermos que o B tem 0%
estamos a incumprir um direito geral de qualquer sócio, porque todos os sócios têm que ter
lucro. Logo, é nula qualquer cláusula que exclua um sócio de obter lucro- PACTO LEONINO. O
princípio é de que o direito aos lucros existe (21º), é um direito geral porque é inerente a
qualquer sócio.

 Se existir dividas o credor vai ao património da sociedade.


 
A sociedade só adquire personalidade jurídica com o registo. Isto não significa que ela não
inicie o exercício da sua atividade antes do registo do contrato - 36º
 
Qual é a vantagem de alterar o capital social? Quando aumenta as vantagens podem ser
várias: a sociedade esta permanentemente a precisar de crédito, as sociedade fornecem bens
e serviços a crédito, quanto maior for o volume de crédito que estão a fornecer maior a
necessidade da sociedade de adquirir crédito. A sociedade tem que restituir o montante
financiado + juros, taxa, etc…
Qual é a operação mais vantajosa de financiamento para a sociedade? Se os sócios
reforçarem as suas proporias entradas.
Quando há novas entradas há o dever de paridade dos sócios, isto é, aumenta-se o capital
mas não se deve mudar a proporção dos sócios.

A partir do momento em que a s é pessoa jurídica não deixa de ser importante o que consta do
contrato da sociedade. Pelo 198º há a demonstração da importância do contrato, do prisma
obrigacional, mesmo depois da aquisição da personalidade jurídica por parte da sociedade.
Esta responsabilidade é construída, por exemplo, pode ser solidária como subsidiária. Isto
demonstra a relação entre o substrato obrigacional e organizacional.

Fusão de Sociedades – vamos supor que temos duas sociedade a A e B e estas deliberam nos
termos do 197º e ss fundir-se numa só. A sociedade A absorve a B. Pode haver sócios da B que
estejam contra. Isto pode impedir a fusão? Não, a menos que o contrato da sociedade assim o
preveja. O socio da sociedade B que passa a ser da A pode sair da sociedade/ exonerar-se pela
circunstância de ter votado contra? 155º - pode se o contrato o prever.

Direitos e Deveres dos Sócios – 20º - o socio tem que entrar para a sociedade com bens
suscetíveis de penhora ( o prof acha que se deve interpretar como bens que sejam passiveis
de avaliação económica, a entrada pode consistir neste tipo de bens). Estes bens entram para
o património da sociedade (ex: alguém entra com um prédio, o prédio passa a ser da
sociedade). Para os credores o que interessa é o património da sociedade e não o capital
social. O capital social é uma cifra numérica – 35º relação entre património e o capital social.

30º - admite que as entradas dos sócios possam ser feitas mais tarde. No entanto, a regra é a
al.a.

PRINCIPIOS DAS SOCIEDADES COMERCIAIS:


Autonomia privada – não podemos dizer que isto é sinonimo de liberdade pois existe uma
limitação no sentido em que não é possível constituir tipos societários novos e dentro de cada
tipo de sociedades existem regras imperativas. Daqui decorre que o principio da autonomia da
vontade se desenvolva dentro de cada tipo com a amplitude que cada tipo permitir, a
amplitude é maior nas sociedades de pessoas que nas sociedades de capitais, ou seja, à
medida que nós passamos o elenco dos tipos regulados no CSC, o principio da autonomia da
vontade vai decrescendo em termos de importância e dimensão à medida que vamos
avançando para as sociedades de capitais puras (anónimas).
Boa fé e da confiança – É suposto que os sujeitos de direito tenham confiança na consistência
e operacionalidade das normas. A importância da Boa fé e da tutela da confiança é muito
importante porque o DS é um direito muito formal, se olharmos para o CSC este em algumas
partes/ pontos tem uma natureza muito pormenorizada de regime, às vezes parece um
regulamento até.
Igualdade e da justiça distributiva – a logica é quem tem mais capital tem mais poder mas a lei
introduz exceções para equilibrar o funcionamento da sociedade (ex: proibição pacto leonino).
Outro aspeto importante aqui é o facto de participação dos lucros e perdas ser definida de
acordo com a participação no capital, um principio importante, porque poderia haver uma
tentação de impor outras logicas, outros critérios, este é um critério objetivo e de algum modo
democrático, em função da lógica societária que é uma logica de capital.
Outra manifestação da preocupação do legislador de através de preceitos imperativos corrigir
as consequências que poderiam resultar de uma pura e cega aplicação da logica de capital é a  
necessidade de convocatória de todos os sócios para que a sociedade possa deliberar
validamente (21º, al.b).
Outra norma que importa destacar é a referencia aos direitos especiais – quando falamos em
direitos dos sócios estamos a falar dos direitos enunciados no Nº1 21º, isto são os direitos dos
sócios, estes têm uma determinada conformação, nenhum socio pode, obviamente, arvorar se
o direito subjetivo é ser nomeado como gerente para o conceito de administração, isso é
regulado por regras especificas dentro de cada tipo, temos uma enunciação genérica que tem
de ser articulada com os tipos. O 24º prevê que possa haver direito especiais mesmo fora da
logica do capital (ex: direito especial de gerência). O nº1 diz nos que só por estipulação no
contrato de sociedade podem ser criados direitos especiais de algum sócio.
Controlo do direito sobre a economia –  prova de que temos este principio está no direito
intervir no sentido de corrigir o funcionamento comum, normal ou fluido da economia através
de leis da concorrência. Nos termos das regras de concorrência temos disposições sobre a
tutela de minorias que é um tema importantíssimo no Direito das Sociedades. A lei atribui a
sócios minoritários poderes que a priori ultrapassam o poder que eles têm enquanto
detentores do capital social.
A tutela das minorias manifesta-se também em outros domínios, por exemplo, de acordo com
o 86º,Nº1 do código que diz que só por unanimidade pode ser atribuído efeito retroativo à
alteração do contrato de sociedade e apenas nas relações entre os sócios. Aqui ainda que os
haja, os sócios que têm maioria só podem impor uma alteração do contrato de sociedade com
efeitos ex nunc (para o futuro), mas não podem impor retroativamente esse efeito, isso só é
possível havendo acordo de todos os sócios e apenas na relações internas.
AULA 02/03

Do modo coletivo – esta associado à personalidade coletiva e a um regime próprio da


responsabilidade. Este modo coletivo tem a vantagem para os intervenientes na medida em
que limita as suas responsabilidades e tem consequências em matéria de risco, limitar o risco
de pessoas envolvidas, estas pessoas podem responder pela sociedade mas de forma
subsidiária (175º). Sociedades por quotas pelo 198º permite que do contrato resulte
responsabilidade de algum socio ate um certo montante.

Publicidade e transparência – a publicidade concretiza-se através do registo comercial e das


publicações obrigatórias. A transparência é essencial no seio da sociedade em função dos
intervenientes na sociedade. O 64º refere-se aos deveres fundamentais, a alínea b diz-nos que
os gerentes devem observar deveres de lealdade e ponderar os interesses de outros
intervenientes na sociedade, nomeadamente dos seus trabalhadores, para o equilíbrio da
sociedade.
O 78º permite que os credores se substituem à sociedade para exercerem nos termos 606º ao
609º do CC o dever da indemnização contra os membros dos órgãos de administração.
A transparência é muito importante entre os órgãos da sociedade e os seus sócios e para a
prevenção de conflito de interesses – tem que considerar outros interesses além dos
interesses dos sócios (64º, Nº2)

ELEMENTOS
A génese da sociedade é normalmente um contrato que é estabelecido pelos sócios. Ao
olharmos para o 980º CC existe um elemento pessoal "duas ou mais pessoas", um elemento
organizacional "exercício em comum de uma certa atividade".

1º CSC relaciona-se com a noção 980º - temos que considerar esta noção mas não totalmente
porque sabemos que apesar de por regra a sociedade ser constituída por contrato não tem
que ser assim. Além disto este artigo não está diretamente preocupado com a instituição da
sociedade mas sim com o contrato. Quando este artigo diz que os sócios devem exercer uma
atividade económica em comum com o objetivo de dividir o lucro – temos que interpretar o
lucro em sentido amplo.

Elemento Formal – é a tipicidade, isto é, as sociedades tem que adotar um dos tipos do art.1º.
Não é possível recorrer analogia para criar tipos. O que não significa que dentro de cada tipo
não possa haver uma margem de liberdade (principio da autonomia da vontade) em cada tipo
temos que descobrir qual é a margem. O tipo em que a margem é maior é o tipo de Sociedade
em Nome coletivo o topo em que a margem menor é a Sociedade por Quotas. A sociedades
para serem comerciais têm que praticar atos de comércio.

Ao falarmos em firmas temos que ter sempre em conta o Diploma do Registo Nacional das
Pessoas Coletivas.
Elemento pessoal – 7º, nº2 o números de parte das sociedade é de 2, a matriz é plural,
excecionadas as situações em que a sociedade pode ser constituída apenas por uma pessoa
(270º-A).

Nº3, 7º - temos uma quota contitularidade de A e B estes contam apenas como uma só parte.
Até na gestão da sociedades isto é importante para saber quem é que vota nas AG.

9º, Nº1 – situações de pluralidade de sócios. Consequência: se tivermos numa situações em


que a sociedade fique reduzida apenas um socio a pluralidade vai ter que ser reposta, a lei
indica um prazo, se isto não for feito dá-se a dissolução da sociedade (141º e 142º), a menos
que o tipo de sociedade em causa permite a transformação numa Sociedade Unipessoal (ex:
caso do 270º-A, Nº2 e 3)

Desmatrização da questão das Sociedades Unipessoais – o primeiro autor que defendeu este
tipo de sociedades foi o Ferra Correia.

8º - Regime em que se faz articulação entre o direito das sociedade e o direito da família. É
permitida a criação de sociedades entre cônjuges, bem como a participação destes em
sociedades desde que só um deles assuma a responsabilidade ilimitada.

E se uma sociedade adquire a totalidade das ações de outra sociedade – podemos ter o
fenómeno de ações próprias (220º). Continua-se a ter uma sociedade? É possível ter uma
sociedade sem sócios? Há quem fale em sociedade de ninguém. No entanto, o código não
prevê esta situação.
 Paulo Alvo Cunhas – não admite sociedades sem pessoas devendo os sócios conservar
pelo menos uma quota ainda que seja irrisória (1€);
 Coutinho de Abreu (opinião do prof) – não é possível, aplica-se o 141º, al.a, isto é, é
preciso refazer a pluralidade sob pena de dissolução.

O funcionamento da sociedade +e possível sem sócios? Sim é possível, imputando ao gerente


os poderes. Os estatutos devem regular esta hipótese. O prof acha que o estatutos não podem
regulamentar o Nº2, 7º - se isto fosse possível a sociedade iria funcionar como se fosse uma
fundação.

Elemento patrimonial – Os sócios assumem perante a sociedade uma obrigação, trata-se


assim do elemento patrimonial - obrigação que os sócios assumem de contribuírem com bens
ou serviços para o exercício da atividade em comum. Como a sociedade tem património a
contribuição dos sócios implica a transferência dos bens da esfera jurídica dos sócios para a
esfera da sociedade.
Art. 20º - em relação a obrigação realizada com bens esta é permitida em todo o tipo de
sociedades, mas relativamente à entrada de sócios de entrada apenas é possível nas sociedade
em nome coletivo.
 
Os sócios podem colocar no contratos as clausulas que entenderem mas não podem deixar de
ter as clausulas previstas no 9º (=elementos do contrato). Se realizar a entrada com um bem
diferente que dinheiro (= entrada em espécies) este bem tem que ser avaliado (28º) se entrar
em dinheiro 1000 euros são 1000 euros;

Em matéria de sociedades temos dentro das normas estruturais o artigo 20º que nos diz que
todo o socio é obrigado a entrar para a sociedade com bens suscetíveis de penhora ou nos
tipos de sociedade em que isso seja permitido com industria. Isto é uma obrigação que o socio
tem, entrar para a sociedade com bens suscetíveis de penhora.
O artigo 30º prevê a substituição dos credores e exigir as entrada dos sócios.

A lei admite o deferimento das entradas mas de forma controlada (26º). No entanto, não é
possível nas entradas em espécie.

Realizado o objeto da sociedade esta dissolve-se no termos do 141º.

AULA 06/03

PERSONALIDADE JURIDICA DAS SOCIEDADES – 5º e 6º

PJ das Sociedades Civis – 995º, Nº2CC – a cessão de quotas está sujeita à forma de
transmissão de bens da sociedade. Só pode ter bens quem é pessoa. 997ºCC – pelas dividas
sociais responde a sociedade e os sócios. Encontramos no CC elementos que permitem
sustentar a ideia de PJ nas Sociedades Civis. 980º - ideia de contrato de sociedade.

 Menezes Cordeiro – acha excessivo converter as referencias destes artigos aos sócios,
ou seja, é excessivo pensar que quando o CC opta por se referir sociedade se está a
referir aos sócios.

Existem casos especiais, como as Sociedades de advogados que têm um regime próprio.

Sociedades Civis sem PJ – podemos enquadrá-las nas pessoas jurídicas rudimentares (têm
personalidade judiciaria sem ter personalidade jurídica). Existe alguma personalidade mas não
plena.

Sociedades Comercias – 5º - as sociedades gozam de personalidade jurídica a partir da data do


registo definitivo do contrato. Em termos de personalidade jurídica plena esta questão está
resolvida neste artigo.
Já antes do registo definitivo sustenta-se que as sociedades já têm PJ mas não plena. Temos
também a questão dos negócios celebrados antes do registo – 36º.

Existe uma dúvida na descrição do art.175º relativamente à PJ das Sociedades em Nome


Coletivo. Os sócios destas sociedades não deveriam ser considerados como comerciantes uma
vez que respondem tao amplamente? Não, quem é comerciante é a sociedade o que temos é
uma questão de responsabilidade que permite uma segurança aos credores.

O que acontece quando temos PJ? Temos um sujeito novo, um ente novo em termos plenos
(sujeito de direitos e deveres) o que não acontece antes do registo.
A partir do momento em que temos uma Sociedade Comercial com PJP quem responde pelo
cumprimento das obrigações respetivas é a sociedade. Não responsabilizar nas sociedade de
capitais os sócios permite às pessoas/ empreendedores controlar o risco das suas atividades e
não empenhar todo o seu património numa determinada atividade.

A responsabilidade dos sócios quando é prestada uma fiança a responsabilidade é solidária.

198º - pelas dividas da sociedade só responde a sociedade, mas é possível clausular que os
sócios possam responder.

Questão da responsabilidade de membros dos órgãos - do 72º e ss.


Os gerentes só podem ser responsabilizados pela sociedade.

78º - permite responsabilizar os membros dos órgãos por responsabilidade aquiliana. A


ilicitude aqui trata-se da segunda variante = normas de proteção.

É neste quadro que se levanta o tema de saber até que ponto é que é legitimo/ licito que os
sujeitos criem Sociedade Responsabilidade Limitada (só a sociedade é que responde) para
desenvolver certa atividade – Desconsideração da personalidade (Oliveira Ascensão) – saber
se com a limitação da responsabilidade do património da sociedade possa haver um
levantamento da personalidade jurídica (Menezes Cordeiro) de forma afetar os sócios. Por
dividas da sociedade, não obstante de a partida os sócios não puderem ser responsabilizados,
saber se em algumas situações especiais os sócios podem responsabilizados.

No C.Com não temos nenhuma norma sobre este tema que permite referir que a
desconsideração seja possível. Mas existem algumas normas que preveem:
84º - se tivermos uma Sociedade que fica reduzida a único socio e essa Sociedade for
considerada como insolvente. Pergunta-se é possível responsabilizar o socio pelas dividas da
sociedade? A partida dizemos que não porque uma coisa é a sociedade (197º) e outro os
sócios. Mas este artigo 84º permite que verificado estes requisitos o sócio único é responsável
pelas obrigações sociais. Mas isto é uma situação especial.
501º - a sociedade diretora é responsável pelas obrações pela sociedade subordinada.
Sociedade A é mãe da sociedade B (tem 100% do capital da B). Pelo 501º a mãe responde
pelas obrigações de B, mas B não tem PJ? Tem. O 501º permite que os credores responsabilize
apenas a mãe.

AULA 09/03

A desconsideração só pode ser usada na jurisprudência e doutrina portuguesa nos seguintes


casos:
 Confusão de esfera jurídicas (84º) - há uma promiscuidade entre os patrimónios é uma
situação de insolvência, verificados estes requisitos nem estreitos deste artigo permite
responsabilizar esse sócio. Com este caso de confusão vamos para além da estrita
previsão do 84 quando tenhamos situações de confusão entre a esfera jurídica só
sócio e sociedade admite se que se desconsidere a personalidade jurídica com
consequência dos credores poderem responsabilizar o sócio.

 Subcapitalização – acontece para efeitos da personalidade sempre que seja constituída


com capital social insuficiente para determinado objeto. Não se trata de exigência
legal. Falamos em função da atividade que a sociedade propõe desenvolver. O capital
social é diminuto. COMO SE AFERE? através do objeto.
 Atentado a Terceiros – sempre que a PC seja usada para abusar terceiros. Situações de
difícil identificação mas tem se identificado. EXEMPLO: utilização de um testa de ferro (
um fantoche) numa situação que se imponha que fosse o principal interessado em
causa.
 Abuso de Personalidade

TEORIAS EXPLICATIVAS DA DESCONSIDERAÇÃO - Como se explica que alguém que entra para
uma sociedade por quotas lua bobina e nesse quadro não pode ser responsabilizado pelas
dívidas sociais como se explica que o possa vir a ser?
 SUBJECTIVA - diz que a personalidade e autonomia da PC deve ser afastada quando há
um abuso da sua forma com fins não permitidos. Quando alguém utiliza aquela forma
jurídica é aquela figura para um fim não permitido. Tem de existir abuso consciente.
Foi colocada em causa porque apareceu uma teoria objetiva.
 OBJETIVA - nascem em reação à teoria subjetiva, aplica se independente da
consciência.

ESCOPO DAS NORMAS- aposta na questão da alocação das normas jurídicas em função do seu
escopo tenham pretensão de aplicação absoluta ou visem atingir a realidade subjacente
aplicar se já a teoria da desconsideração.

 Negativistas - negam a autonomia da desconsideração por segurança jurídica porque


lida com preposições vagas e cria insegurança jurídica e portanto aplicar se ia
plenamente a responsabilidade dos gerentes e administradores. 72 e ss.
As teorias devem ser utilizadas em bloco é termos móveis e não optarmos por uma ou outra.

CAPACIDADE JURÍDICA DAS SOCIEDADES – Quando falamos em personalidade jurídica,


remete nós também para a capacidade. No caso das pessoas singulares o tema é
relativamente simples e não se colocam grandes problemas e dúvidas.

Aqui falamos do espaço de manobra e atuação de determinada pessoa coletiva.


O Princípio da Especialidade (160º) - é muito importante, alberga este princípio e portanto a
capacidade das PC abrange todos os direitos e obrigações necessários à prossecução dos seus
fins. Este principio diz nos que a capacidade jurídica da sociedade não está limitada pelo
objeto. O facto do objeto da sociedade ser a venda do pão não implica que a sociedade não
possa comprar o carro, DESDE QUE O ATO ESTEJA COMPREEENDIDO NA FINALIDADE
LUCRATIVA DA SOCIEDADE, A SOCIEDADE TEM CAPACIDADE PARA O PRATICAR MESMO QUE
TAL ATO NAO ESTEJA NO SEU OBJETO.
Então, a sociedade pode praticar tudo exceto o que a lei proíbe e exceto os atos próprios da
pessoa física (por exemplo, casamento e perfilhação). O facto de a sociedade ter capacidade
para celebrar contratos mesmo fora do seu objeto não significa que os gerentes os devam
celebrar (nº4).
Uma coisa é saber se tem ou não o gerente o direito de atuar à margem do objeto, em
princípio não, mas se atuar o contrato é válido, só será nulo se tiver sido proibido por lei

A sociedades podem fazer tudo menos o proibido por lei ou incompatível com a sua natureza –
Menezes Cordeiro. Podem praticar todos os direitos e obrigações salvo exceções.

Mas a maioria da doutrina, sem prejuízo de reconhecer que o art.6º tem sido interpretado de
maneira algo suave, sem o absolutismo dom quem já foi interpretado, a doutrina clássica mais
recente e entende que este 6º consagra este princípio mas interpreta em função do fim da
sociedade.

Qual o fim? Volta-se à questão relativamente à qual não demos uma resposta clara. Se nós
deixarmos e entenderia que o conceito da sociedade comercial é o do 980º então visam
necessariamente o lucro.

Mas há situações que são sociedades em que a questão do lucro é colocado em segundo plano
e em primeiro está a atividade económica.
A tendência – o Prof entende que existe um princípio da especialidade deve ser interpretado
agilmente no sentido de interpretar o fim da sociedade os atos que sejam contrários à este as
funções típicas são de fim lucrativo mas admite se que nem todas são assim.

ATOS GRATUITOS (6º Nº2) - Menezes Cordeiro entende que a sociedade pode fazer as
liberalidade que quiserem.

Prof acha que são só aquelas que são compatíveis. Uma sociedade que tem uma vida própria e
uma autonomia, tudo isto justifica a proibição do Nº2 de que se são contrários ao fim - a
sociedade não tem capacidade.

Consequência: esses atos são válidos simplesmente é possível responsabilizar os membros dos
ordens.

Art. 6º - vai mais ao encontro da razão de ser das sociedades que são entes jurídicos novos
mas perseguem determinados objetivos.

GARANTIAS – sócio gerente pede empréstimo para habitação pessoal, pode colocar uma
hipoteca da sede da sociedade como garantia?
Nº3 - se estivermos perante domínio de grupo justifica-se.

Logo a garantia é nula a menos que haja justificado interesse da sociedade e em razão desta –
quem tem o ónus de demonstrar é quem? O credor? O ónus da prova é discutida mas o prof
pensa que seja a própria sociedade que tem que demonstrar perante a alegação que
determinada garantia constituída por ela que aquela não é nula. Faz pleno sentido é
justificável.
EX: sociedade presta garantia em forma de hipoteca da sede da sociedade os outros credores
não vão apreciar este gesto e serão tentados em colocar em causa a validade de tal. Se não for
é nula. Quem tem interesse em provar é a sociedade.

Relacionamos este artigo com o 488º e ss

O objeto da sociedade é o fim imediato (prática de atos de comércio), o fim mediato é a


obtenção de lucro. O conceito de sociedade comercial não existe então juntamos a sociedade
civil com os elementos diferenciadores (o objeto, a atividade), mas mesmo nas sociedades civis
o fim ultimo é o fim lucrativo, a diferença está em como é que o lucro se obtém.
 
A questão é sabermos qual a capacidade jurídica da sociedade. Já sabemos que a sociedade é
uma pessoa e que adquire personalidade jurídica quando o contrato é registado, mas quais os
atos que a sociedade pode validamente praticar? Estamos a falar de capacidade de gozo da
sociedade, ou seja, quais são no fundo os atos que integram a esfera jurídica da sociedade.

A sociedade é uma pessoa, mas por não ser física e para poder atuar no dia a dia tem de estar
representada pelos seus órgãos, e neste caso por um órgão específico – a sociedade tem
fundamentalmente 2 órgãos: órgão deliberativo (Assembleia Geral) e depois temos a Gerência
ou Administração.

Quem constitui a sociedade? Os seus sócios. Quem decide qual o objeto, o conjunto de
atividade, que a sociedade vai praticar? Os sócios. E decidem onde? No contrato. Então, os
sócios no contrato vão estabelecer qual é o objeto da sociedade. O objeto da sociedade são as
atividades que os sócios propõem que a sociedade pratique.
Agora a questão é, quem gere a sociedade no dia a dia? O órgão administrativo, o gerente,
que é escolhido pelos sócios. Quem pode ser gerente de uma sociedade? Qualquer pessoa
física, não tem de ser necessariamente um sócio. Então, quem decide qual o objeto da
sociedade são os sócios mas quem atua diariamente é o gerente.

A capacidade da sociedade não se encontra delimitada pelo objeto da mesma. Temos que ver
se a sociedade tem ou não capacidade para a prática de certos atos e depois se o gerente tem
ou não legitimidade para vincular a sociedade em certos atos.
A capacidade da sociedade é aferida pelo seu fim único, que é a obtenção de lucro e não pelo
seu objeto.
 
AULA 13/03

O artigo 501º do CSC, este que redigido em termos de contrato de subordinação, mas que
aplicado na situações de domínio total consagra a responsabilidade da mãe pelas dividas da
filha, a sócia responde pelas dividas da sociedade. Isso é um caso de desconsideração da
personalidade jurídica com base na lei, é a própria lei que desconsidera a personalidade
jurídica da filha e ultrapassa a carapaça da personalidade jurídica responsabilizando a mãe.

Tudo isso impõe que nos suscitemos o tema do levantamento da personalidade jurídica, que
põe à prova os limites da construção da personalidade jurídica

Suponhamos uma Sociedade mãe a Sociedade filha. Que a mãe responda pelas dividas da filha
já sabemos que acontece por força do 501º. Coutinho de Abreu uma interpretação restritiva
do Nº3 e 6 que só se aplica quando a garantia seja da mãe para a filha e não da filha para a
mãe.

A questão do principio da especialidade é uma questão geral das pessoas coletivas e tem no
quadro do direito das sociedades um relevo muito especial. Quando falamos nos problemas de
interpretação desta matéria normalmente situamos no domínio das sociedades comerciais,
basta fazer uma consulta sumária da jurisprudência para constatarmos isto, na esmagadora
maioria dos casos as duvidas que têm sido colocadas não se centram tanto no Nº2 do artigo 6º
na questão das liberalidades, mas no Nº3 na questão das garantias prestadas por sociedades
comerciais, aqui questionando-se a questão da capacidade na sua articulação com o principio
da especialidade e depois no desenvolvimento desse Nº3 as duvidas que têm sido suscitadas
relativamente à própria interpretação do 6º,Nº3, portanto, havendo aqui questões de ónus da
prova.

O 6º, Nº4 também é importante, de acordo com o qual as clausulas contratuais e as


deliberações sociais que fixem à sociedade determinado objeto, a prática de certos atos não
limitam a capacidade da sociedade, mas constituem o dever dos administradores da sociedade
de não praticarem esses atos ou não escolherem esses objetos. É um preceito de particular
importância de tutela para terceiros, não fica consagrada em lei esta doutrina, seria de facto
problemático para os credores sociais ter que andar à procura em demanda das singularidades
do objeto social tal qual descrito nos estatutos e confrontar esses estatutos com os atos
concretos para determinar a validade desses atos. Isso é um problema interno da sociedade,
se a sociedade pratica determinados atos proibidos pelos estatutos, ou então por deliberação
da assembleia, a prática desses atos não deixa de vincular a sociedade, sem prejuízo da
responsabilidade interna que possa ter lugar, quando falamos de responsabilidade interna
estamos a falar de responsabilidade dos órgãos que têm poderes de gestão, esses são os
membros do conselho de administração, e aqui avulta a importância do 72 e seguintes que
tratam da responsabilidade dos membros da administração para com a sociedade sem prejuízo
da responsabilidade de membros de outros órgãos (fiscalização, concretamente).

Também o 6º, Nº5 é importante acentuar a sua importância porque este sugere um
funcionamento muito civilista da relação entre a sociedade e terceiros no que respeita aos
atos praticados pelos órgãos da sociedade, sugere uma remissão para o 500º do CC, quando
diz que a sociedade responde civilmente pelos atos e omissões de quem legalmente a
representa, nos termos em que os comitentes respondem pelos atos e omissões do
comissário. Este preceito é um preceito que causa estranheza, manifestamente quer no que
respeita à interpretação deste preceito, o 6º,Nº5 parece desconsiderar a diferença
fundamental entre representação voluntária e representação orgânica, quando falamos em
representação voluntária temos aquilo que podemos de designar de alteridade (A e B, um que
é representante e o outro que é representado). No caso da representação orgânica as coisas
não são exatamente assim, na medida em que o representante não está fora do representado,
o representante integra um órgão do representado, a realidade factual/ ontológica é
completamente diferente num caso e noutro daí que o 6/5 não faça muito sentido quando
interpretado à letra, o que podemos dizer é que a sociedade responde relativamente aos atos
praticados pelos seus órgãos nos termos gerais, podemos seguramente em termos de
responsabilidade aquiliana, podemos facilmente pensar e aplicar o artigo 483 CC, aquele que
diz dolo e mera culpa, sendo quer a culpa é da sociedade, a sociedade é uma criação, nunca
ninguém deu um abraço a uma sociedade, são criações, esquemas no sentido positivo, são
estruturas que são criadas em termos jurídicos para atender a determinadas necessidades.

A constituição da sociedade, por regra, é feita por contrato, havendo também Sociedades
constituídas por negocio jurídico unilateral.

Havendo duvidas na interpretação do contrato como é que isto se resolve? Estando presente
um contrato a tentação será aplicar o regime do 236º e ss do CC – naturalmente que este
artigo está pensado para a relação entre declarante de declaratário mas nas Sociedades
podemos ter muitos sócios. Para além disso, na sociedade temos duas logicas: obrigacional e
institucional. Tudo isto nos coloca num quadro bem diferente da situação prevista do 236º em
que temos a declaração de A para B. Por outro lado, uma vez que estamos perante uma
realidade que tem estas duas lógicas quando pensamos em instituição temos que pensar em
3ºs (sócios em relação a sociedade) mas sobretudo os credores.
Este regime não se adequa ao contrato plurilateral. Nesta medida propendesse uma
interpretação objetiva à semelhança do critério do art.9º com as necessárias adaptações para
a integração da lei.

Claro que há situações em que o regime do 236º se revela importante mas são soluções para
situações extra corporativas. Ex: acordos para sociais 17º.

Processo de formação da Sociedade – interessa nos o processo comum que passa por fases
necessárias em que os interessados têm que identificar o objeto, a firma, o capital social, etc.
Temos também fases eventuais dependendo da sociedade.

É necessário:
Contrato escrito entre os sócios – 7º
Publicações obrigatórias – acontece numa fase em que já há sociedade e é importante para a
oponibilidade a terceiros – 168º, nº2
Podem optar por registar a sociedade antes de celebrarem o contrato – 18º.

Fases eventuais: acordos de princípios, acordos de intenção, negociações iniciais, promessas


de constituição de sociedades, promessas de entradas de bens específicos, promessa de
trespasse, etc. Aqui o principio da liberdade contratual funciona com intensidade.

Havendo incumprimento de uma promessa há consequências? Há lugar a execução especifica?


A questão é saber se ai se opõe a natureza da obrigação assumida. Não é possível
relativamente a sociedades de pessoas mas é admitido relativamente a sociedade de capitais.

Situações pré societárias podemos ter varias situações em que se gera uma dinâmica já de
negócios já antes do registo definitivo e por isso que o 36º e ss prevê esta matéria. Diferença
entre:
 Nº1 – refere-se a situações de aparência de sociedade, aqui não temos sequer um caso
que seja acordado a constituição de uma sociedade existe apenas uma aparência e por
isso iram responder solidariamente;
 Nº2 – se for acordada a constituição de uma sociedade comercial antes da celebração
do contrato de sociedade e os sócios iniciarem a sua atividade são aplicáveis às
relações estabelecidas entre eles e com terceiros as disposições sobre sociedades civis
(responsabilidade).

AULA 16/03

PRESTAÇÕES ACESSÓRIAS – Este termo surge por referência há obrigação principal que é a de
entrada, são acessórias relativamente a esta. A sua base legal está nos artigos 209º e ss e 287º
(SA).

A prepósito das entradas dos sócios já vimos que não é possível entradas de industria mas
também já se foi possível ver que é possível instituir obrigações acessórias de serviços.

O contrato pode importar a todos ou alguns sócios o dever de prestar determinadas coisas
desde que contratado dessa forma.

Existe uma grande amplitude quanto a estas prestações acessórias.

De qualquer forma são sempre suscetíveis de avaliação pecuniária, podem ser gratuitas ou
onerosas neste quadro.

É a obrigação dos sócios fazerem suprimentos à sociedade, no caso específico de uma certa
situação acontecer, os sócios tem o dever de fazer o suprimento à sociedade em determinados
termos – pode ser alterado superveniente? Pode ser sempre alterado. Tem de existir acordo e
maioria, há previsão geral no 85º e ss mas remete-se aqui para o chamamento das maiorias
necessárias.

86º - só por unanimidade por ser atribuído o efeito retroativo, alterar o c. de sociedade
decidirem atribuir efeito retroativo tem eficácia, mas apenas internamente. Se envolver o
amento das prestações – é ineficaz para os sócios.
Ex: alteração na sociedade por quotas, os sócios realizarem suprimentos. Isto é o que passa a
ser estabelecido, mas um deles vota contra isto significa que ele não fica abrangido por essa
obrigação. Uma coisa é estar no contrato (senão não entraria) no caso se for uma alteração
superveniente esta alteração não vai ser eficaz quanto a esse que votou contra.

E se as prestações acessórias não forem efetuadas? Pergunta-se se coloca em causa a sua


posição de sócio.

Já vimos uma situação onde é possível exonerar, nomeadamente não realizando as entradas –
204º - nestes termos é possível a exclusão do socio.

Porém aqui nas obrigações acessórias isso não acontece, não afeta a situação do sócio como
tal.

Portanto a consequência vai ser a responsabilidade civil, obrigacional.

Se forem em dinheiro podem vencer juros ou não pois podem ser onerosas ou gratuitas. O
198º é coisa diferente. Aqui os sócios estão obrigados perante a sociedade a prestar
suprimento.

PRESTAÇÕES SUPLEMENTARES (210º) – Se o contrato de sociedade assim o permitir os sócios


podem deliberar o exercício destas prestações as quais têm dinheiro como objeto. Ora tanto
estas como as acessórias têm que estar previstas no contrato, a sua possibilidade. Mas as
prestações acessórias para serem exigidas não tem objeto definido e não precisam
deliberação.

Aqui nas suplementares o objeto está sempre definido que é o dinheiro.

Tem que identificar os sócios obrigados, critérios de repartição e afins. Estas prestações não
vencem juros. São sempre gratuitas.

EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO (211º) – Depende sempre da deliberação dos sócios.

212º - remete-nos para os artigos 204 e 205º - estes artigos é sobre a realização das entradas.
Ou seja, quanto a este regime, o não cumprimento de tal pode por em causa a qualidade de
sócio bem como acontece na obrigação de entrada, mas não nas acessórias.

Este crédito não é transmissível. Credores não podem sub-rogar-se este ponto.

RESTITUIÇÃO DO CAPITAL (213º) – A ideia é que possam ser exigidas pelos sócios à sociedade,
mas isto tem limites. Passam pela saúde financeira da sociedade, deliberação dos sócios e há
exigência em termos de igualdade dos sócios. Este artigo estabelece também no nº1 o seu
limite.

(VER 265º)

 Podem haver este tipo de prestações nas S.A? Não temos nada relativamente as
prestações suplementares nas sociedades anónimas. Nas prestações acessórias sim,
mas nestas não.
Paulo Alves Cunha - Atualmente as ações são não binativas (209º). Uma vez que as ações são
não binativas é possível a prestação suplementar nos termos do artigo 210º.

Diversa seria a situação se tivéssemos um quadro em que as prestações poderiam ser ao


portador. Este autor admite a existência de prestações nas SA mas entende que não se deve
aplicar o regime do 212º, ou seja, a possibilidade de exclusão dos sócios que não as efetuem. É
uma situação que admite por um lado, mas o incumprimento não pode conduzir à exclusão de
um sócio.

Menezes Cordeiro – entende que não devem ser admitidos. De acordo com o tipo societário o
sócio só responde pelas ações que subescreve. Faz parte da caracterização do tipo ( 271º), logo
para este é impossibilidade.

PROF – acha que o argumento de Menezes cordeiro não convence muito porque nas
Sociedades por Quotas também respondem em principio apenas pela entrada deles e de
forma subsidiária pelos outros (197º). O prof acha mais produtiva a posição de Paula Alves
Cunha quando admite.

CONTRATOS DE SUPRIMENTO – Podem ser a necessidade, resultar do próprio contrato. Vem


regulado a partir do 243º e ss.

Existe 2 modalidades:

Considera-se contrato de suprimento o contrato pelo qual o sócio empresta à sociedade


dinheiro ou outra coisa fungível, ficando aquela obrigada a restituir outro tanto do mesmo
género e qualidade, ou pelo qual o sócio convenciona com a sociedade o diferimento do
vencimento de créditos seus sobre ela, desde que, em qualquer dos casos, o crédito fique
tendo carácter de permanência – é a modalidade mais comum.

Logo, o sócio empresta dinheiro ou coisa fungível à sociedade e esta fica obrigada e restituir,
1142º – podemos ter dois tipos e situações aqui neste quadro:

 Empréstimo de um sócio de caráter suprimento – te, que ter a característica a parte


final deste artigo.
 Mútuo comum
PERMANÊNCIA (nº2 e nº3 do 243º) – Constitui índice do carácter de permanência a
estipulação de um prazo de reembolso superior a um ano, quer tal estipulação seja
contemporânea da constituição do crédito quer seja posterior a esta. No caso de diferimento
do vencimento de um crédito, computa-se nesse prazo o tempo decorrido desde a
constituição do crédito até ao negócio de diferimento.

É igualmente índice do carácter de permanência a não utilização da faculdade de exigir o


reembolso devido pela sociedade durante um ano contado da constituição do crédito, quer
não tenha sido estipulado prazo, quer tenha sido convencionado prazo inferior; tratando-se de
lucros distribuídos e não levantados, o prazo de um ano conta-se da data da deliberação que
aprovou a distribuição.

Diferença (245º) – se forem suprimentos e houver uma situação de insolvência da sociedade


esses créditos são graduados em último lugar.
Em ambas há um requisito essencial para falar desta modalidade, tem que ter
caráter de permanência.

AULA 20/03

20º, al.a – todo o socio é obrigado a entrar com bens suscetíveis de penhora. Ninguém pode
ter uma participação social sem entradas. Sendo que 25º e ss admite que o tempo das
entradas seja diferido.

295º, Nº3 – Pode haver aquilo que se chama de ágio, isto é a diferença entre o valor nominal e
a quantia que os acionistas tiverem desembolsado. Faz parte das entradas do socio fica sujeito
ao regime das entradas dos sócios.

ENTRADA EM INDUSTRIA E ENTRADA EM BENS – quando falamos em entrada em bens


pensamos em princípio em dinheiro mas temos que ter o art.26º que se refere às entradas em
espécie. Todas as entradas entram no capital social menos as entradas em industria. Por
exemplo, alguém entra para a sociedade com trabalho, não é possível nas sociedades por
quotas.

Porque que as entradas de industria não são contabilizadas para o capital social? Primeiro é
a questão de ser difícil de avaliar, depois o seu carácter futuro e sucessivo, por outro lado a
impossibilidade de execução forçada (ninguém pode obrigar ninguém a trabalhar), por outro
lado a função de garantia do capital social não é garantida pelas entradas de industria.

De acordo com a al.a do 20º a entrada deve ser feita com bens suscetíveis de penhora.
Porquê? Porque os bens que o sócio entra para a sociedade passam a integrar o património da
sociedade e por isso fazem parte da garantia dos credores.

Esta exigência é uma hiperbolização da função de garantia. Esta alínea constitui uma
transposição má do art.7º. o prof intende que a interpretação correta ser bens suscetíveis de
avaliação económica.

20º, al. b – todo o socio é obrigado a quinhoar nas perdas. Isto difere dependendo do tipo de
Sociedades:
 Sociedade de Pessoas – os sócios respondem pessoalmente pelas dividas e por outro
lado estamos perante a regra do 994º do CC que é uma das fases da proibição do
pacto leonino (22º).
 Sociedade de Capitais – de acordo com as regras do tipo o socio não é responsável
pelas dividas sociais apenas o património responde.

VALOR DAS ENTRADAS – quando estamos a falar de entradas em dinheiro é fácil (14º). Por
razoes de proteção de terceiros, defesa dos sócios e da Sociedade o valor nominal social não
pode ser superior ao valor da entrada. Por exemplo, ninguém pode entrar com 200 e ter uma
quota com 500. Coisa é diferente é entrar com 200 e ficarem diferidos outros 500. Mas há
hipótese de pagar 700 e ficar com quota de 500 isto é o ágil.

 Na pratica o valor da entrada é o valor máximo da participação social.


Principio da proibição de emissões de ações abaixo do pacto – está previsto principalmente
para as Sociedade Anonimas (298º) – é proibida as ações emissões abaixo do Pacto. Ninguém
pode dar por uma ação um valor inferior ao valor nominal da ação.

Entradas em espécie são possíveis pelo art.25º, Nº1. O Nº3 reporta-se a situações em que
haja um erro na avaliação. Este regime das entradas em espécie não se aplica ao regime das
entradas em industria (28º,Nº1).
Art.202º - as entradas em espécie não podem ser deferidas a menos que o tipo e o estatuto o
permitirem.

Um sócio podem entrar com créditos? Um socio tem um credito sobre terceiro de 1000 euros
pode entrar com este crédito? Se entrar temos uma situação de cessão de créditos. Pode
acontecer que este crédito seja vazio, o devedor pode estar insolvente ou não ter património.
É possível? Sim, nos termos do art.28º - tem que ser avaliado. Sem prejuízo que no caso que se
verificar numa impossibilidade de pagamento do crédito de o socio ser responsabilizado.

E um crédito sobre a sociedade, o socio tem um crédito sobre a própria sociedade. Pode
entrar com credito? Temos uma dificuldade do art.27º, nº5 – insusceptibilidade de se
extinguir por compensação exceto nos casos do Nº4.

Tempo das entradas –> 26º

Cumprimento de obrigação da entrada – é uma obrigação fundamental, ninguém pode ter a


qualidade de socio sem realizar uma entrada. A questão coloca-se nas sociedades de capitais –
27º, Nº1 – são nulos os atos que liberem a obrigação de entrada a menos que haja uma
redução no capital social. Nº2 – situação de dação em cumprimento.

O credor das entradas é a Sociedade.

Art.29º - evitar entradas dissimuladas ou ocultas. Qual é a razão de ser do art.28? Que a
entrada seja feita pelo justo valor para não prejudicar a sociedade, sócios, credor e não
beneficiar o socio que realiza a entrada. É para isto que serve o regime do art.29º, evitar que
isto acontecça.

AULA 22/03
DELIBERAÇÕES DOS SÓCIOS (53º e ss)

Art.21º, al.b – é direito de todos os sócios participarem nas deliberações de sócios sem
prejuízo das restrições previstas na lei. O direito de participar nas deliberações dos sócios tem
varias manifestações (ex: direito ao voto).

A partir do 53º temos o regime de deliberação dos sócios. Na vida das sociedades pode haver
outras deliberação sem serem de sócios como por exemplo as deliberações sociais e o
Conselho Fiscal.

O modo normal de termos a manifestação dos sócios é através de assembleia. Temos vários
tipos de deliberação, a assembleia não é único modo de deliberação.

Nos diferentes tipos temos várias manifestações. Nos tipos define-se qual é a competência dos
sócios, há uma repartição entre a assembleia e os órgãos de administração.
Nas Sociedades em Nome Coletivo temos que considerar o 189º de acordo com o qual se
estabelece as competências dos sócios.

Nas Sociedades por Quotas o 246º elenca os atos que dependem de deliberações dos sócios.
O Nº1 elenca aqueles que estão imperativamente sujeitos a deliberação de sócios e o Nº2 os
atos que podem estar sujeitos.

Nas Sociedade Anónimas – a competência dos sócios é uma competência residual como refere
o Nº2 do 373º. O 406º tem uma lista de assuntos que compete ao órgão de administração a
titulo exemplificativo e o Nº3 do 373º dispõe que os acionistas só podem deliberar a pedido
dos órgãos de administração. O 72º consagra uma presunção de culpa entre os membros dos
órgãos de administração e a sociedade. Pelo Nº5 a responsabilidade dos gerentes ou
administradores não tem lugar quando o ato ou deliberação assente na vontade dos sócios.

FORMAS DE DELIBERAÇÃO:
Já vimos que o modo normal é a através da assembleia. Importa porem destacar que existem
outras formas de deliberação

53º, Nº1 – podemos ver logo que a lei pode indicar em cada tipo formas de deliberação
aplicada a cada tipo, mas há uma taxitividade – não é possível criar outras formas de
deliberação para além das previstas na lei.

 Não confundir formas de deliberação e formas de votação.

54º - Os sócios podem em qualquer tipo de sociedade tomar deliberações unânimes por
escrito num documento em que todos os sócios declaram concordar. O 54º prevê outra
modalidade de deliberação, a assembleia universal em que os sócios tem que estar todos
presentes e estes têm que manifestar a sua vontade de constituir a assembleia e a vontade de
deliberar como também consentir a votação.

Isto é diferente das deliberações por voto escrito só são possíveis nas Sociedades em Nome
Coletivo e nas Sociedades por Quotas (247º), podendo os estatutos da sociedade proibir esta
modalidade de deliberação. Nas Sociedades por Quotas existe uma tramitação, os gerentes
começam por consultar os sócios para saber se consentem que haja uma deliberação por voto
escrito, admitindo que todos os sócios aceitam o gerente nesse pressuposto envia aos sócios a
proposta concreta de deliberação. O passo seguinte é emissão do voto escrito. Todos os sócios
tem que aceitar que haja este tipo de deliberação mas a aceitação da proposta não tem que
ser unânime. A deliberação considera-se tomada no dia da última resposta dos sócios.

Assembleias gerais – forma de convocação 337º

Deliberações inválidas – temos que distinguir:


 Ineficazes (55º) – estamos a pensar em ineficácia em sentido estrito. O 55º dispõe que
sem prejuízo de norma legal em contrario, as deliberações tomadas sobre assunto
para o qual a lei exija o consentimento de determinado sócio são ineficazes para todos
enquanto o interessado não der o seu acordo expressa ou tacitamente. Temos a
situação do artigo 24º que como sabemos prevê a possibilidade de direitos especiais
de sócios, se tiver sido deliberado algo que atente contra direitos especiais de sócios
sem que esse sócio tenha dado o seu assentimento (esta hipótese não se coloca nas
assembleias universais pela classificação da assembleia universal que tivemos
oportunidade de ver), mas à partida se tivermos uma situações que se enquadre nos
termos do artigo 55 esta será ineficaz, não é nula, não é anulável é ineficaz em sentido
estrito.
Esta é a única situação de ineficácia em sentido estrito? Não, tivemos oportunidade de
chamar à atenção de uma situação em que isto acontece, que é a situação em que não
tenha sido lavrada ata, uma deliberação sem ata é uma deliberação incompleta e
nessa medida é ineficaz em sentido estrito

 Nulas (56º) – aqui é possível e necessário fazer uma distinção entre duas grandes
categorias, a primeira corresponde a vícios de procedimento que estão nas alíneas A e
B, a segunda categoria corresponde a vícios de substancias, há aqui uma diferença de
fundo, apesar de em ambos os casos estarmos perante uma situação de nulidade com
consequência de se aplicar o regime do artigo 57º, a lei dá um tratamento diferente,
considera de gravidades diferentes estas situações, isso é visível desde logo no artigo
56.

Alínea a) diz que são nulas as deliberações dos sócios em assembleia geral não convocada,
salvo se todos estiverem estados presentes ou representados. Vamos supor uma AG que
tomou uma deliberação, deliberou num determinado sentido, mas a assembleia não foi
convocada e nem todos os sócios estavam representados, isto constitui uma situação de
nulidade por vicio de procedimento, qualquer que seja o conteúdo, no entanto, o 56/3
permite salvar esta deliberação quer na situação da alínea A, quer na B dizendo que a nulidade
não pode ser invocado quando os sócios ausentes ou não representados tiverem futuramente
dado a sua aprovação pro escrito da deliberação. Temos aqui, no fundo, uma espécie de
sanação da debilidade, que é uma categoria desconhecida do direito civil.

Alínea b) quando são tomadas mediante voto escrito sem que todos os sócios com direito de
voto tenham sido convidados a exercer esse direito, a não ser que todos eles tenham dado por
escrito o seu voto. Estamos perante aquela figura que já vimos que é a hipótese de a
deliberação ser tomada por voto escrito, tivemos a oportunidade de remeter para o artigo
247º, em matéria de sociedades por quotas, que afirma que além de deliberações tomadas
nos termos do artigo 54º, os sócios podem tomar deliberações por voto escrito e deliberações
em AG. De qualquer maneira, esta norma está de pernas para o ar, porque o padrão é a
deliberação por assembleia geral e aqui coloca-se o a coisa ao contrário, mas ao contrário para
acentuar o regime das deliberações por voto escrito.

 A grande diferença entre os vícios de procedimento e os vícios de substancia é que os


vícios de procedimento são sanáveis como resulta da leitura que fizemos do 56º, Nº3.

Quanto aos vícios de substancia eles estão presentes nas alíneas c) e d) do 56º, a alínea c
refere-se às deliberações cujo conteúdo não esteja por natureza sujeito as deliberações dos
sócios e a alínea d) as deliberações cujo conteúdo diretamente ou por atos de outros órgãos
que determine ou permita, seja ofensivo dos bons costumes ou de preceitos legais que não
possam ser derrogados, nem sequer por vontade unanime dos sócios.

Temos aqui duas modalidades cuja interpretação tem suscitado duvidas na doutrina e que
vamos enfrentar.

A alínea c) fala de deliberações cujo conteúdo não esteja por natureza sujeito a deliberações
dos sócios, aqui tem havido larga polemica na doutrina sobre o que sito significa.
Um primeiro entendimento que penso que será maioritário é o de que há que identificar os
atos estranha à competência da assembleia geral e ainda atos que interferissem com terceiros,
o grosso dos autores remetem para as regras de competência nesta matéria. No entanto,
Pinto Furtado toma uma posição diferente este tenta fazer uma reconstrução do artigo
56º,Nº1/c articula com a previsão do artigo 280 do CC e considera que as deliberações que
cabem na alínea c são as deliberações que seriam fisicamente impossíveis, as legalmente
impossíveis caberiam na alínea d. Aos olhos do professor, parece ser uma ideia mais forçada,
que tenta encaixar algo a uma categoria civilística num universo onde a ideia de ter uma
deliberação fisicamente impossível parece uma posição excessiva.

Na verdade, aqui a interpretação tem de ser mais societário, podemos trazer para além desta
mais duas posições, a posição clássica que aponta para a competência do órgão, as
deliberações tomadas por um órgão que não tenha competência são nulas e a nulidade pode
ser suscitada nos termos do 57º do código, e uma outra posição que é a posição suscitada por
Menezes Cordeiro que entende que as deliberações que cabem aqui são as deliberações que
pelo seu teor não caibam na capacidade da pessoa coletiva, ou seja, Menezes Cordeiro diz que
desde que se tratem de atos que caibam dentro da capacidade da pessoa coletiva qualquer ato
que ela possa praticar, a deliberação seria válida, não pode ser invocada a nulidade dessa
atuação.

O professor pensa que tomando por referencia o quadro das sociedades sociais que atribui a
bem ou a mal relevo à competência das sociedades e à repartição das competências no
domínio societário, inclinar-se-ia para a posição mais clássica interpretando a alínea c) e
articulando com as competências dos órgãos, o professor destaca o 373º do CSC em matéria
de sociedades anónimas, as competências entre os órgãos nas sociedades sociais
confrontando os dois tipos mais importantes (sociedades por quotas, e sociedades anónimas),
nós já vimos que a importância do órgão assembleia geral é completamente diferente, num e
noutro tipo, a competência do órgão assembleia geral nas sociedades anónimas é residual, a
AG numa sociedades anónima diversamente do que acontece numa sociedade por quotas, na
sociedade anónimas, por exemplo sob matérias de gestão da sociedade, os acionistas só
podem deliberar a pedido do órgão de administração, conforme decorre do 373/3 do CSC. O
professor diria que articulando o cuidado que o legislador tem com a repartição de
competências, mesmo assim pouco laça, esta previsão apontaria para esta formulação.

Alínea d) fala de cujos conteúdo diretamente ou por atos de outros órgãos que determine ou
permita, seja ofensivo dos bons costumes ou de preceitos legais que não possam ser
derrogados, nem sequer por vontade unanime dos sócios. Uma deliberação ofensiva dos bons
costume é o quê? A questão está em saber qual o conceito que temos como adotado no
âmbito do direito civil, de qualquer maneira bons costumes não se confunde com ordem
publica, já sabemos porque no 280 distinguem-se estes.

A alínea d) do 56 prevê que em relação aos bons costumes quer em relação a deliberações
contrárias a preceitos inderrogáveis que isso ocorra em termos indiretos. Portanto, sem
prejuízo de haver uma outra deliberação de outro órgão, mas na raiz temos uma deliberação
da assembleia geral e essa é que temos a consequência da nulidade.

Sendo a deliberação nula temos o 57º que impõe ao órgão de fiscalização em virtude da
função que tem na sociedade (57/1) ele deve dar a conhecer aos sócios em AG da nulidade de
qualquer deliberação anterior, a fim de eles a renovarem, sendo possível, ou de promoverem,
querendo a respetiva declaração judicial. No fundo o órgão de fiscalização faz o seu papel de
sinalizar deliberações que considere que informa os sócios ou coma intenção de salvarem essa
deliberação, renovarem nos termos que o regime da deliberação a que se refere o 62º ou
entanto promoverem a ação no sentido da deliberação judicial de nulidade. Se os sócios não
fizerem uma coisa nem outra, dentro do prazo de 2 meses aqui há um dever que impende
sobre o órgão de fiscalização de promover sem demora declaração judicial da nulidade a
deliberação, o órgão de fiscalização que alertou e os sócios nada fizeram tem o dever de agir
nos termos do 57º/2 propondo ao tribunal a nomeação de um sócio para representar a
sociedade.

O que pode acontecer é que a sociedade não tenha um órgão de fiscalização, por exemplo, nas
sociedades por quotas não é obrigatório ter um órgão de fiscalização, algumas sim, mas não
tendo um órgão de fiscalização, estas disposições valem para qualquer gerente como diz o 57
do CSC.

 Anuláveis (58º) – no caso de violação de uma norma legal a consequência é de


anulabilidade, portanto, isto foge completamente ao direito civil, a não ser que a
situação caiba no 56, ou no contrato de sociedade (58/1/a), esta inversão que se
compreende em função da proteção da sociedade, estão dois valores em colação, por
um lado, a segurança jurídica, que determinaria à partida uma sanção forte para a
violação da lei, mas para outro lado, sem prejuízo de haver uma consequência a
preservação da parte societário que é um valor importante nas sociedade, há como
toda a gente sabe sobretudo em sociedades por quotas, às vezes os sócios
transportam para as sociedades os problemas que têm em casa e as deliberações
sociais estão cheias de pequenas coisas, sem prejuízo de poder haver formalmente a
afronta de uma norma legal, mas em que substancia não têm razão para por em causa
a estabilidade da sociedade daí que o professor compreenda totalmente esta opção do
legislador neste particular.

Também, a alínea a) do 1 do 58 prevê também esta consequência no caso de violação dos


estatutos da sociedade, temos isso como claro.

Vamos supor que há uma deliberação que caiba no 58/1/a e que tenha sido tomada por
unanimidade dos sócios. Pode depois algum sócio pedir a anulabilidade? Um sócio que faça
isso provavelmente é confrontado com o venire contra factum proprium, o que se entende é
que nestas situações em que há deliberações unanimes contra os estatutos que há uma
alteração informal dos estatutos, não pela via estatutária, isto não é informal para todas as
situações, mas sim para aquela situação especifica, não parece ao professor que violação dos
estatutos nessa medida possa ser invocada pelos sócios.

Outra previsão que temos no 58/1/b são as deliberações que sejam apropriadas para
satisfazer o propósito de um dos sócios de conseguir, através do exercício do direito de voto
vantagens especiais para si ou para terceiros, em prejuízo da sociedade ou de outros sócios ou
simplesmente de prejudicar aquela ou estes, a menos que se prove que as deliberações teriam
sido tomadas mesmo sem votos abusivos. No fundo temos uma previsão que costuma ser
resumida por anulabilidade por voto abusivo.

Estamos aqui perante abuso de direito? Temos aqui sobretudo situações disfuncionais, os
sócios aproveitam a deliberação sobretudo para satisfazer um propósito seu ou de terceiro,
isto é uma desfuncionalizaçao completa da sociedade, a sociedade existe para proteger os
interesses das sociedades, claro que a sociedade existe também para proteger os interesses
dos sócios que estão genericamente previstos no 64, mas não é seguramente para conseguir
vantagens especiais. Isto gera a anulabilidade da deliberação sem prejuízo daquilo que se
costuma chamar de prova de resistência que está na parte final da alínea b quando diz a
menos que se prove que as deliberações teriam sido tomadas mesmo sem os votos abusivos.
Esta é a prova de resistência que pode ser difícil, a maior parte da doutrina entende que o que
está em causa é o abuso de direito, mas Menezes Cordeiro entende que não é abuso de
direito, que é falta de direito, trata-se de uma figura que por vezes se integra no abuso de
direito.

São ainda anuláveis, as deliberações que não tenham sido precedidas do fornecimento ao
sócio de elementos mínimos de informação (58/1/C), portanto, o n4 diz que consideram-se
para estes efeitos elementos mínimos de informação: as menções exigidas no 377/8 e a
colocação de documento para exame dos sócios no local e durante os termos prescritos por lei
ou por contrato.

Quanto às consequências da anulabilidade, esta vem prevista no 59, enquanto no que respeita
à nulidade o órgão de fiscalização tem o dever de promover a declaração judicial de nulidade
nos termos do n2, aqui na anulabilidade a situação é menos grave e o órgão de fiscalização na
anulabilidade também tem de informar, mas mostre-se a diferença clara entre as previsões, o
n1 do 59 diz que a anulabilidade pode ser arguida pelo órgão fiscal ou qualquer sócio que não
tenha votado em sentido que fez vencimento nem posteriormente tenha aprovado a
deliberação expressa ou tacitamente. Isto já demonstra a diversidade de gravidade se
quisermos da anulabilidade em relação á nulidade.

Por outro lado, o legislador não quer que estas situações se eternizem, de novo a pax
societária, por isso é que o n2 do 59 estabelece um prazo de 30 dias para arguição da
anulabilidade. No fundo a lei diz fala agora ou cala-te para sempre. Este artigo é muito claro e
define a partir de quando se contam os 30 dias.

Esta proposição da ação de anulação não depende da apresentação da ata, temos as


vicissitudes previstas no n4 e no 5 do 59 que são muito importantes, o juiz manda notificar as
pessoas que nos termos da lei devem apresentar a ata no prazo de 60 dias em tribunal,
suspendendo a instancia até essa apresentação.

Quem é que pode intentar ação de anulação? São os sócios que tenham votado contra a
deliberação. Isso é claro no 59/1. Se estivermos perante uma deliberação por voto secreto diz
o 59/6 que se considera que não votaram no sentido que fez vencimento apenas aquele sócios
que na própria AG ou perante notário nos 5 dias seguintes à assembleia tenham feito
consignar que votaram contra a deliberação.

Disposições comuns em relação à nulidade e anulabilidade temos o artigo 60 que nos diz que
quer em relação á ação de nulidade quer de anulabilidade são propostas contra a sociedade,
havendo várias devem ser apensadas nos termos do CPC, quem suporta os encargos da ação é
a sociedade quando a sociedade tenha órgão de fiscalização ou de qualquer gerente.

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