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DIREITO EMPRESARIAL I

Professor: Rômulo Luiz Nepomuceno Nogueira


UNIDADE IV
SOCIEDADES EM ESPÉCIE

Nota de Aula 07
TIPOS SOCIETÁRIOS
7.1 –SOCIEDADE EMPRESARIAL
O que é uma sociedade empresarial?

DEFINIÇÃO: Reunião de pessoas que tem como objetivo


principal exercer uma atividade econômica de maneira
profissional e que seja organizada para a produção e
comercialização de bens ou serviços.

Uma das características mais importantes de uma


sociedade empresarial é que essa atividade econômica,
que falamos acima, deverá visar o lucro.
7.2 – TIPOS DE SOCIEDADE

Existem 9 tipos societários:

• Sociedade Simples
• Sociedade em Nome Coletivo
• Sociedade em Comandita Simples
• Sociedade Limitada
• Sociedade Anônima e Sociedade Anônima do Futebol
• Sociedade em Comandita por Ações
• Sociedade Cooperativa
• Sociedade de Advogados e Sociedade Unipessoal de Advocacia
7.2.1 – SOCIEDADE SIMPLES (Sociedade Civil)

Características: criada por prestadores de serviços, que possuem a sua profissão como atividade
principal. Explora prioritariamente atividades de prestação de serviços de natureza notadamente
intelectual e/ou cooperativa.

Requisitos: é necessário o registro em algum órgão de classe. Portanto nesse caso, não é preciso
fazer o registro na Junta Comercial, sendo suficiente apenas o registro no Cartório de Registro Civil
de Pessoas jurídicas.

Exemplo: sociedades entre médicos, advogados e outros profissionais cujas atividades, ou seja,
profissões, correspondem à própria finalidade da união.

OBS: É o único tipo societário que permite o ingresso do sócio por meio da contribuição em
serviço, em que um sócio pode ingressar com capital, seja com bens imóveis, dinheiro e outros, e
o segundo sócio entrar exclusivamente com a prestação de serviço.
7.2.2 – SOCIEDADE EM NOME COLETIVO

Características: Trata-se do tipo de sociedade empresarial em que todos os sócios devem


responder pelas obrigações sejam elas fiscais e/ou financeiras. No Contrato Social é possível
limitar as responsabilidades dos sócios. Uma das características desse modelo de sociedade
é que o nome da empresa geralmente vem acompanhado de uma expressão que indica a
coletividade como & Companhia ou & Cia entre outros.

Requisitos: É fundamental que a sociedade em nome coletivo possua um contrato social que
tenha sido registrado na Junta Comercial. Alterações realizadas nesse documento também
devem ser registradas no órgão. Somente os sócios podem assumir papel de gestão da
sociedade. O uso da firma dentro das limitações do contrato somente pode ser feito pelos
indivíduos com poderes para tal.
A sociedade em nome coletivo somente pode contar com pessoas naturais, ou seja, pessoas
físicas que podem ser empresários ou não. O que não pode é ter a adição de pessoas
jurídicas ao quadro de sócios.
7.2.3 – SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES

Pouco utilizada nos dias de hoje, a sociedade em comandita simples, se caracteriza por
ter duas categorias distintas de sócios sendo que uma responde de maneira ilimitada as
responsabilidades enquanto a outra tem obrigações limitadas.

Características: A base da sociedade em comandita simples está no fato de que há duas


categorias diferentes se sócios: comanditários e comanditados. A distinção entre esses
dois tipos está justamente da responsabilidade atribuída para cada um em termos de
obrigações contraídas pelo empreendimento.
Os comanditários são sócios cuja obrigação é limitada, eles respondem somente pelas
quotas subscritas. Esses indivíduos não participam do cotidiano da companhia como a
sua administração, por exemplo. Por sua vez os sócios comanditados possuem
responsabilidade ilimitada contribuindo com capital e força de trabalho podendo
inclusive gerir a empresa. Cabe aos comanditados a responsabilidade de saldar eventuais
dívidas que a organização venha a contrair.
7.2.3 – SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES

A razão social ou firma somente pode conter o nome dos sócios da categoria de
comanditados. Se por acaso o nome de um sócio comanditário constar como firma ou
razão social o mesmo passará imediatamente a ser entendido como um comanditado
com responsabilidade ilimitada. Da mesma forma o status do sócio comanditário muda
se ele realizar qualquer ato de gestão. Os sócios comanditados têm os mesmos direitos e
obrigações previstos para os sócios de uma sociedade em nome coletivo.

Requisitos: No contrato social da organização deve constar claramente quem são os


sócios comanditados e comanditários. Além disso, nesse documento deve estar explícito
quem é o administrador da empresa. Os comanditários têm o poder de fiscalizar a gestão
da empresa. Ao comanditário pode ser imbuído do papel de procurador da sociedade
para a realização de algum negócio em específico tendo assim poderes especiais.
Qualquer mudança somente poderá acontecer efetivamente por meio de averbação do
contrato social da nova condição.
7.2.3 – SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES

Procedimentos em caso de falecimento: A previsão em caso de falecimento de sócios


comanditários é a de que seus herdeiros assumam o posto na sociedade, exceto se
houver outra condição previamente estabelecida em contrato social. Já numa situação
de falecimento do sócio comanditado haverá uma eleição, realizada pelos demais sócios,
para escolher quem será o novo administrador. Esse indivíduo será o responsável pela
gestão por um período de até 180 dias, contudo, não irá se tornar sócio.

Dissolução de sociedade em comandita simples: Esse tipo societário pode ser diluído
em duas situações previstas no art. 1033 do CC, em caso de falência ou em se houver
falta de uma das categorias de sócios (comanditários ou comanditados) por um período
igual ou superior a 180 dias. Para que a sociedade exista precisa ter as duas modalidades
de sócios. Se faltar sócio comanditado poderão os comanditários nomear um gestor
provisório para gerir o empreendimento por um período de até 180 dias sem que este
venha a fazer parte do quadro societário. Também é possível que essa sociedade seja
diluída em casos que levam ao fim sociedades de uma maneira geral.
7.2.3 – SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES

DESUSO
A sociedade em comandita simples tem caído em
desuso devido ao fato de que atribui responsabilidade
ilimitada para alguns dos seus sócios. Por representar
um risco para a integridade do capital desses sócios
esse tipo de sociedade tem deixado de ser utilizado.
7.2.4 – SOCIEDADE LIMITADA (LTDA)

Características: Bastante comum no Brasil, a sociedade limitada, se caracteriza pela existência de


mais de um sócio que podem ser pessoas físicas ou jurídicas.

Requisitos: Os sócios têm a sua participação definida com base na sua cota. Nessa configuração é
necessário que haja a figura de um administrador que será o representante legal da sociedade. Os
sócios devem votar para eleger o administrador. Se estiver devidamente discriminado no Contrato
Social é possível que a administração fique a cargo de um grupo de sócios e não somente de um.
Um dos pontos diferenciais da sociedade limitada é permitir que a administração da companhia seja
feita por um indivíduo que não faça parte do grupo de sócios desde que haja o consentimento deles.
Os sócios nesse tipo de sociedade podem realizar investimentos iguais ou de acordo com a
porcentagem que detém da organização.

Esse modelo de sociedade é um dos mais utilizados no país devido ao fato de que permite
proteger o patrimônio dos sócios em caso de falência, rompimento de parceria comercial ou
afastamento.
7.2.4 – SOCIEDADE LIMITADA

A responsabilidade dos sócios na sociedade limitada pode ser separada em


dois momentos diferentes sendo o primeiro deles o início da atividade
empresarial e o segundo o exercício das atividades em que pode acontecer
dos bens da organização não serem suficientes para cobrir o pagamento
das dívidas.

A responsabilidade pode se sobre a integralização do capital social sendo


então solidária e automática ou responsabilidade pelas dívidas sociais em
proporcionalidade as quotas de cada sócio.
7.2.4 – SOCIEDADE ANÔNIMA

O que é uma sociedade anônima?


As corporações que se caracterizam como sociedades anônimas têm seu capital financeiro
distribuído como ações, isto é, pequenas partes que juntas formam o todo de 100%.

Os acionistas são os donos desses pequenos pedaços, nessa forma de constituição jurídica é
obrigatório ter dois ou mais acionistas.

A regulamentação das sociedades anônimas se dá por meio da Lei nº 6.404 que foi editada
em 15 de dezembro de 1976.

No que tange a responsabilidade dos sócios a limitação está no preço pelo qual as ações
foram compradas ou subscritas. Normalmente as sociedades anônimas contam com uma
assembleia geral, uma diretoria e um conselho fiscal. Empresas que estão dentro dessa
forma jurídica podem ser chamadas de sociedade anônima através de siglas como S/A, S.A
ou SA ou ainda como companhia com a abreviatura ‘Cia’.
7.2.4 – SOCIEDADE ANÔNIMA

Categorias de sociedade anônima:


As duas categorias existentes que incluem a SOCIEDADE ANÔNIMA DE CAPITAL FECHADO e a
SOCIEDADE ANÔNIMA DE CAPITAL ABERTO.

O que é uma sociedade anônima de capital fechado?

Esse tipo de sociedade anônima restringe a venda de ações da companhia somente entre os
sócios. Sendo assim as ações não são comercializadas na bolsa de valores, por exemplo.

O que é uma sociedade anônima de capital aberto?

Nesse caso as organizações disponibilizam as suas ações para comercialização na bolsa de


valores e também em mercados de balcão. A diferença é que qualquer indivíduo que deseje
adquirir essas ações poderá fazê-lo através desses meios. Quando ouvimos dizer que uma
empresa abriu seu capital significa que ela está disponibilizando ações para angariar recursos
junto ao público externo.
7.2.4 – SOCIEDADE ANÔNIMA

Vantagens da sociedade anônima:

– Responsabilidade dos acionistas

Para quem deseja investir numa empresa, mas tem receio em relação a eventuais
responsabilidades em casos de falência ou outros reveses é interessante considerar
companhias com modelo de sociedade anônima. Nesse caso a responsabilidade dos
sócios/acionistas está limitada ao valor de aquisição ou subscrição das ações. Dessa
forma não responde para terceiros.
7.2.4 – SOCIEDADE ANÔNIMA

Vantagens da sociedade anônima:

– Adendo

Vale o adendo de que no modelo de sociedade limitada os sócios têm responsabilidade


limitada a suas quotas. Nesse caso os sócios também não precisam dispor de seus bens
pessoais para regularizar dívidas das suas organizações, porém, respondem pelas suas
quotas. No entanto, todos os sócios devem responder solidariamente pela integralização
do capital social da companhia. Sendo assim no caso das sociedades limitadas há algum
risco, embora seja pequeno, de que os sócios precisem dispor de seus bens pessoais
para quitar dívidas da organização.
7.2.4 – SOCIEDADE ANÔNIMA

Vantagens da sociedade anônima:

– Liberdade de cessão de ações

O modelo ainda se mostra vantajoso pela possibilidade de livre cessão das ações por
parte dos acionistas sem que isso acarrete em alterações na estrutura da sociedade da
organização com a entrada ou com a remoção de qualquer acionista.

As vantagens citadas se referem aos dois modelos de sociedade anônima, a aberta e a


fechada.
7.2.4.1 – SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL (SAF)

Foi sancionada, em 9 de agosto deste ano, a Lei nº 14.193 de 2021, que cria um “subtipo
societário” próprio, a Sociedade Anônima do Futebol, e pretende trazer os clubes de futebol
para uma realidade mais moderna, provocando mudanças estruturais que permitirão
mecanismos para superar duras crises financeiras e também a participação de investidores
pessoa física.

Requisitos: As sociedades anônimas são empresas criadas por meio de um estatuto social e têm
o capital social dividido em ações, que podem pertencer a diversos empresários diferentes e ser
objeto de transações financeiras. Elas podem ser fechadas ou abertas e, caso sejam abertas, as
ações poderão ser negociadas no mercado de valores mobiliários, conhecidos como bolsas de
valores.

Essa modalidade empresarial é regida pela Lei nº 6.404 de 1976, que prevê regras específicas
para as companhias quanto à organização, distribuição de dividendos e deliberações dos
acionistas.
7.2.4.1 – SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL (SAF)

O advento das Sociedades Anônimas do Futebol traz diversas inovações positivas para o
mercado futebolístico brasileiro, como normas de constituição e governança típicas da
Sociedade Anônima tradicional, que, por seu caráter lucrativo, devem ser bastante rígidas e
transparentes para atração de investidores.

A nova lei permite a criação de “debêntures-fut”, espécie de empréstimo em troca de juros que
será um meio de financiamento da atividade desportiva e potencial investimento lucrativo
para pessoas físicas.

A norma é inovadora no ordenamento jurídico brasileiro, pois, pela primeira vez em nossa
história, o futebol é tratado como atividade empresarial geradora de lucros, tornando-se
acessível para investidores pessoa física e não só para cartolas.
7.2.5 – SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES

A Sociedade em comandita por ações é aquela em que o capital da empresa é divido em ações, e
cuja responsabilidade é mista, ou seja, respondem os acionistas pelo preço das ações subscritas
ou adquiridas, e o acionista diretor solidariamente e ilimitadamente pelas obrigações sociais.

Atualmente ela é regida pelos artigos 280 a 284 da Lei nº 6.404/1976 (Lei das S/As), e
pelos artigos 1.090 a 1.092 (Capítulo IV) do Código Civil/2002.

Existindo mais de um diretor, todos responderão de forma solidária e ilimitada. O diretor


destituído ou exonerado continua, durante 2 (dois) anos, responsável pelas obrigações sociais
contraídas sob sua administração. Só pode ser destituído por deliberação de acionistas que
representem, no mínimo, 2 (dois) terços do Capital Social.

Esse tipo societário possui muitas semelhanças com a Sociedade Anônima, também negociável
através de ações, sendo ambas, portanto, reguladas pela Lei das S/As. No entanto, boa parte da
doutrina prega a extinção completa da Sociedade em comandita por ações, dado o seu escasso
uso.
7.2.5 – SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES

Administração:

É eleita por Assembleia Geral, ficando a eleição disponível para todos que compõe o quadro
societário.

Na Sociedade em comandita por ações existe duas espécies de sócios, os comanditários e os


comanditados. Os sócios comanditários exercem o papel de administrador e gerenciam a
sociedade, ficando responsável ilimitadamente por todas as obrigações assumidas. Já os
comanditados são os acionistas que não fazem parte da administração, respondendo apenas pelo
preço de emissão das ações.

Lembramos que, havendo mais de um administrador, serão solidariamente responsáveis, depois


de esgotados os bens sociais.

Base Legal: Art. 282 da Lei nº 6.404/1976 e; Art. 1.091, § 1º do CC/2002


7.2.5 – SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES

Nomeação e destituição:

Os diretores são nomeados no ato constitutivo da Sociedade em comandita por ações, sem
limitação de tempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que
representem no mínimo 2 (dois) terços do Capital Social.

Importante registrar que o diretor destituído ou exonerado continua, durante 2 (dois) anos,
responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração.

Base Legal: Art. 282, §§ 1º e 2º da Lei nº 6.404/1976 e; Art. 1.091, §§ 2º e 3º do CC/2002


(Checado pela Valor em 26/05/20).
7.2.5 – SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES

Limitações à Assembleia Geral:

Devido à responsabilidade ilimitada dos sócios diretores, a assembleia geral da Sociedade em


comandita por ações não pode, sem o consentimento deles:

• mudar o objeto essencial da sociedade;


• prorrogar o prazo de duração da sociedade;
• aumentar ou diminuir o Capital Social;
• criar debêntures, ou partes beneficiárias.
7.2.5 – SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES

Nome Empresarial:

Estabelece o artigo 1.157 do Código Civil/2002, que a sociedade em que haja sócios de
responsabilidade ilimitada deve operar sob firma, na qual somente os nomes daqueles
poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e
companhia" ou sua abreviatura.

Contudo o artigo 1.161 do Código Civil autoriza a Sociedade em comandita por ações a
adotar denominação designativa do objeto social ao invés da firma, aditada da expressão
"comandita por ações".

Assim, a Instrução Normativa Drei nº 15/2013 (que dispõe sobre a formação do nome
empresarial, sua proteção e dá outras providências) diz, em seu artigo 5º que a:

firma da Sociedade em comandita por ações só poderá conter o nome de um ou mais


sócios diretores ou gerentes, com o aditivo "e companhia", por extenso ou abreviado,
acrescida da expressão "comandita por ações", por extenso ou abreviada;
denominação da Sociedade em comandita por ações, deverá ser seguida da expressão
"em comandita por ações", por extenso ou abreviada.
7.2.5 – SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES
Constituição:
A constituição da Sociedade em comandita por ações é regulamentada pelo mesmo
dispositivo da Sociedade Anônimas, assim, referidas sociedades se constituem através do
instrumento estatutário ou ato institucional, diferencia-se portanto da sociedade
limitada que consagra sua criação através do instrumento contratual. Todavia durante o
projeto estatutário, em relação a subscrição pública, precisa ser cumprido algumas
exigências contidas no artigo 83 da Lei das S/As, entre elas está satisfazer todos os
requisitos exigidos para contratos das sociedades mercantis em conformidade com as
peculiaridades da companhia.
Resumidamente, podemos dizer que existe 3 (três) fases para constituição da Sociedade
em comandita por ações:

a.Providências preliminares: São os tratados nos artigos 80 e 81 da Lei das Sociedades


Anônimas;
b.Constituição propriamente dita: São os tratados nos artigos 82 a 88 da Lei das
Sociedades Anônimas; e

c.Providências complementares: São os tratados nos artigos 94 e 99 da Lei das


Sociedades Anônimas.
7.2.6 – SOCIEDADE COOPERATIVA

No Brasil, as Sociedades Cooperativas estão reguladas pela Lei 5.764, de 16 de dezembro


de 1971, que definiu a Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico
das Cooperativas.

Cooperativa é uma associação de pessoas com interesses comuns, economicamente


organizada de forma democrática, isto é, contando com a participação livre de todos e
respeitando direitos e deveres de cada um de seus cooperados, aos quais presta
serviços, sem fins lucrativos.

Para estabelecer uma sociedade cooperativa é necessário pelo menos 20 participantes


com bastante democracia sendo que todos devem respeitar os direitos e deveres. Os
sócios nessa modalidade podem ter as suas responsabilidades limitadas ou ilimitadas.
Isso se deve ao fato de que cada sócio responde somente pelo valor da sua quota,
porém, os sócios devem responder solidariamente pelas obrigações sociais da empresa.
7.2.6 – SOCIEDADE COOPERATIVA
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SOCIEDADE COOPERATIVA

A sociedade cooperativa apresenta os seguintes traços característicos:


1) É uma sociedade de pessoas.
2) O objetivo principal é a prestação de serviços.
3) Pode ter um número ilimitado de cooperados.
4) O controle é democrático: uma pessoa = um voto.
5) Nas assembleias, o “quorum” é baseado no número de cooperados.
6) Não é permitida a transferência das quotas-parte a terceiros, estranhos à
sociedade, ainda que por herança.
7) Retorno proporcional ao valor das operações.
8) Não está sujeita à falência.
9) Constitui-se por intermédio da assembleia dos fundadores ou por
instrumento público, e seus atos constitutivos devem ser arquivados na Junta Comercial
e publicados.
10) Deve ostentar a expressão “cooperativa” em sua denominação, sendo vedado
o uso da expressão “banco”.
11) Neutralidade política e não discriminação religiosa, social e racial.
12) Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de
dissolução da sociedade.
7.2.6 – SOCIEDADE COOPERATIVA
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS

Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada.

É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo


valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a
proporção de sua participação nas mesmas operações.

É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e


ilimitadamente pelas obrigações sociais.

FORMAÇÃO DO QUADRO SOCIAL E ASSOCIADOS

O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar os serviços prestados
pela mesma, desde que adiram aos propósitos sociais e preencham as condições
estabelecidas no estatuto (art. 29 da Lei 5.764/71).
7.2.6 – SOCIEDADE COOPERATIVA
CAPITAL SOCIAL

O capital social será fixado em estatuto e dividido em quotas-parte que serão


integralizadas pelos associados, observado o seguinte:
a) o valor das quotas-parte não poderá ser superior ao salário mínimo;
b) o valor do capital é variável e pode ser constituído com bens e serviços;
c) nenhum associado poderá subscrever mais de 1/3 (um terço) do total das quotas-
parte, salvo nas sociedades em que a subscrição deva ser diretamente proporcional ao
movimento financeiro do cooperado ou ao quantitativo dos produtos a serem
comercializados, beneficiados ou transformados ou ainda, no caso de pessoas jurídicas
de direito público nas cooperativas de eletrificação, irrigação e telecomunicação;
d) as quotas-parte não podem ser transferidas a terceiros estranhos à sociedade, ainda
que por herança.

DENOMINAÇÃO SOCIAL

Neste tipo societário será sempre obrigatória a adoção da expressão “Cooperativa” na


denominação, sendo vedada a utilização da expressão “Banco”.
7.2.6 – SOCIEDADE COOPERATIVA

ADMINISTRAÇÃO

A sociedade cooperativa será administrada por uma diretoria ou conselho de


administração ou ainda outros órgãos necessários à administração previstos no estatuto,
composto exclusivamente de associados eleitos pela assembleia geral, com mandato
nunca superior a quatro anos sendo obrigatória a renovação de, no mínimo, 1/3 do
conselho de administração.

FORMA CONSTITUTIVA

A sociedade cooperativa constitui-se por deliberação da assembleia geral dos


fundadores, constantes da respectiva ata ou por instrumento público.

Base: Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971 e artigos 1.094 a 1.096 do Código Civil.
7.2.7 – SOCIEDADE UNIPESSOAL DE ADVOCACIA

Características: Trata-se de uma empresa individual, portanto, composta por apenas um


sócio, que deve ser advogado, e não possuir impedimentos para o regular exercício da
atividade. Não é permitido também, assim como em outras sociedades advocatícias, ter
características de sociedade empresária, ou adotar denominação fantasia, ou ainda,
realizar atividades estranhas à advocacia.

Responsabilidade: o titular da sociedade individual de advocacia responde subsidiária e


ilimitadamente pelos danos causados no exercício da profissão. Ademais, não pode o
advogado fazer parte de mais de uma sociedade advocatícia ou unipessoal, nem integrar,
as duas ao mesmo tempo, com sede ou filial na mesma aérea do Conselho Seccional (Art.
15, § 4º, Estatuto da Advocacia):

§ 4º Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma
sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e
uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo
Conselho Seccional.
7.2.7 – SOCIEDADE UNIPESSOAL DE ADVOCACIA
Denominação: Quanto à denominação da unipessoal, deverá ser obrigatoriamente
composta pelo nome do titular (completo ou parcial), com a denominação final
“Sociedade Individual de Advocacia”, nos termos do Art. 16, § 4º, Estatuto da Advocacia:

§ 4º A denominação da sociedade unipessoal de advocacia deve ser obrigatoriamente formada pelo


nome do seu titular, completo ou parcial, com a expressão ‘Sociedade Individual de Advocacia’.

Regime de Tributação: A sociedade unipessoal de advocacia se enquadra, em princípio,


no “Anexo IV” da Tabela do Simples Nacional, na modalidade de “Serviços” (art. 18, § 5º-
C, VII, Lei Complementar 123/2006), onde a primeira alíquota é de 4,5%, e já compreende
IRPJ, CSLL, COFINS, PIS e ISS, para rendimentos anuais de até R$ 180.000,00.

A dificuldade para registro da unipessoal até alguns meses atrás, era a de que não havia
um “código” específico para a modalidade societária, como há para outras, na hora de
preencher o DBE (Documento Básico de Entrada), que é, de maneira simplificada, um
requerimento à Receita Federal para o registro/alteração do CNPJ. E assim, cada
sociedade estava sendo registrada de um jeito.

Finalmente, o CONCLA (Comissão Nacional de Classificação), criou o tal do “código”, que


para as sociedades unipessoais de advocacia, é o de número 232-1, facilitando os
requerimentos à Receita Federal, para a criação de CNPJ aos advogados individuais.

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