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22/02

Artigo 13º Código Comercial: comerciante em nome individual; sociedades comerciais

Sociedade: elemento pessoal (duas ou mais pessoas) ou subjetivo, sendo que


pode ser por quotas unipessoal art.º 270ºA

 Elemento patrimonial- bens ou serviços- obrigação de entrada Art.º 20ºa)


 Elemento finalístico ou objetivo- atividade económica certa e isso implica que
não seja de mera fruição. A prática de atos isolados não justifica a constituição de
sociedades
 Elemento teleológico- finalidade lucrativa. Obtenção de lucros e a sua
repartição pelos restantes sócios. Posso eu sócio estipular uma cláusula que
prescindo dos meus lucros ou das perdas? Não é possível porque isto é um pacto
leonino art.º 994 CC- 22º nº3 as cláusula seriam nulas.

Sociedade comercial: art.º 1º nº2- prática de atos de comércio; forma


(sociedades em nome coletivo, por quotas, sociedade anónima, em comandita simples
ou por ações.

 Sociedades em nome coletivo- os sócios respondem com o seu património


pessoal subsidiariamente pelas dívidas da sociedade. Estas sociedades praticamente
não existem.
 Sociedades por quotas e nas anónimas- os sócios respondem de forma
limitada pelas dívidas, ou seja, só respondem com o valor das suas entradas. O tecido
empresarial português é constituído por estas sociedades.

As sociedades em comandita também praticamente não existem.

Caso prático nº1:

1- Se for para arrendar ou locar não é possível constituir uma sociedade


comercial porque está em causa são atos de mera fruição. Como não há
exploração o que está em causa é uma compropriedade. Por outro lado, se
explorarem as referidas atividades já é possível.
2- Temos uma figura afim que é o contrato de associação em participação
decreto-lei 231/81 art.º 21º. Alguém financia de fora mas não é sócio. Há uma
participação nos lucros, mas não obrigatoriamente nas perdas porque não é
sócio.

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3- Estamos perante uma atividade transitória, no entanto está em causa uma
exploração e como tal é possível constituir uma sociedade comercial. Se
ficássemos à espera do comprador em o explorar aí sim não havia sociedade.
4- Temos uma sociedade civil, mas não é uma sociedade comercial porque está
em causa uma profissão liberal. Está em causa um pacto leonino e como tal a
cláusula de isenção de um dos sócios nas perdas é nula.
5- Está em causa atos de mera fruição e um ato isolado e como tal não há
sociedade.
6- Dentro das pessoas coletivas podemos ter: com fins lucrativos (sociedades) e
sem fins lucrativos (associações e fundações. As associações são um conjunto
de pessoas que se juntam para uma certa atividade. A fundação é sobretudo
um elemento patrimonial.) Aqui no caso não temos uma sociedade, mas sim
uma associação.
7- Não é uma sociedade, mas sim um contrato de consórcio decreto- lei 231/81.
As sociedades aqui presentes juntam-se para praticar uma atividade. Elas não
se fundem e como tal não surge nenhuma entidade nova e por isso é que
temos um contrato de consórcio.

Tipos doutrinais- formas que a doutrina encontrou para classificar as


sociedades tendo em conta as suas caraterísticas. Estes tipos dividem-se em
sociedades de pessoas (intuitu personae) e de capitais.

05/03

Sociedade em Sociedades por Sociedades


nome coletivo quotas anónimas

Responsabilidad Artigo 175º CSC: - responsabilidade Artigo 271º CSC:


e dos sócios temos aqui a interna (artigo
- Interna: cada
perante a dimensão máxima 197º nº1 CSC): se
sócio responde
sociedade da um dos sócios não
pelo valor das
(interna) e responsabilidade, cumpre com a sua
ações
perante os uma entrada, os outros
credores responsabilidade sócios são - Externa: A
(externa) ilimitada responsáveis responsabilidade
solidariamente da está limitada ao
entrada do que capital social da
está em falta

2
- responsabilidade sociedade
externa (artigo
197º nº2 CSC):
não é uma
responsabilidade
dos sócios, é uma
responsabilidade
da sociedade, ou
seja, os sócios
não respondem
pelas dívidas da
sociedade, é
apenas e só o
capital da
sociedade que
responde pelas
dívidas da
sociedade.

Podem os sócios
responder
subsidiariamente
pelas dívidas da
sociedade, se tal
estiver previsto no
contrato.

Estrutura - Órgão - Órgão - Órgão


organizatória deliberativo: artigo deliberativo: artigo deliberativo: artigo
189º CSC 246º CSC 373º CSC

- Órgão - Órgão - Órgão


representativo representativo representativo:
(administração/ (administração artigo 278º CSC
gerência): artigo /gerência): artigo
191º CSC, são 252º CSC, admite-
gerentes todos os se alguém de fora -Órgão de
sócios não havendo para gerir a fiscalização: artigo
278º CSC,

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estipulação em sociedade combina-se estes
contrário dois órgãos

- Órgão de
-Órgão de fiscalização: artigo
fiscalização: não 262º CSC
existe, os gerentes
Nº1:
são também os
facultativo: não é
sócios e por isso
obrigatória se não
existe uma relação
existir um
de confiança não
determinado nº de
havendo este órgão
negócios

Nº2:
obrigatório: a
partir de
determinado nº de
negócio deve a
sociedade
designar um órgão
de fiscalização,
ROC (revisão
oficial de contas)

Transmissão das - Por morte: artigo - Por morte: artigo - Por morte:
participações 184º, se um sócio 225º, na falta de aplica-se as regas
sociais morre os sócios estipulação em do Código Civil,
podem amortizar a contrário a cota relativas á
quota e esse sócio transmite-se aos sucessão
sai. O ctt social sucessores.
- Entre vivos:
pode estipular um
- Entre vivos: artigo 328º CSC, é
regime diferente,
artigo 228º CSC, livre
mas este é o
se o terceiro não
previsto.
for do agregado
- Entre vivos: artigo familiar próximo
182º CSC, os do sócio que quer
outros sócios transmitir, esse

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precisam se sócio tem que
consentimento para obter a
qualquer autorização dos
transmissão entre demais sócios.
vivos Sendo do
agregado familiar
a transmissão é
livre o que
significa que não é
preciso
consentimento
(características de
sociedade de
pessoas)

Número mínimo Artigo 7º nº2 CSC: Artigo 270º- A Artigo 273º CSC:
de sócios o nº mínimo de CSC, é uma é uma exceção ao
sócios é de dois exceção face ao artigo 7º de 5
artigo 7º nº2 CSC, sócios
na medida em que
esta sociedade
pode ser
constituída
apenas por um
sócio.

Capital social Artigo 178º CSC: Artigo 201º CSC: Artigo 276º nº 5
mínimo (Há admite-se nestas o capital social é CSC, valor mínimo
sociedades que sociedades os livre de 50.000
só se podem sócios de indústria,
Cuidado com a
formar se ou seja, aqueles
combinação deste
entrarem com que entram para a
artigo com o artigo
determinado sociedade por
219º nº 3 CSC
capital mínimo) prestação de
que estipula que o
serviços. Nestes
capital social
termos, esta
mínimo de entrada
sociedade não tem
de cada sócio é
capital social

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mínimo. de 1 euro, assim
sendo o capital
social não é
totalmente livre.

Regime de voto Artigo 190º CSC: Artigo 250º CSC: Artigo 384º CSC:
da assembleia nestas sociedades os votos igual às
geral cada socio tem um contabilizam-se sociedades por
voto, ou seja, em pelo capital social cotas, a cada
função da pessoa (característica das sócio corresponde
de sócio cada um sociedades um voto
tem um voto. Estas capitais, embora a
são as sociedades sociedade por
das pessoas, são quotas tenham um
sociedades regime hibrido, na
fechadas em que medida em que
os sócios são existem
escolhidos pelas características
suas características pessoais e
pessoais capitais)

09/03

Acórdão do TRP – processo nº 0535673

Estamos perante uma ação executiva intentada por um credor contra uma
sociedade por quotas. Nomeou à penhora as quotas socias, estas quotas sociais
pertencem aos sócios. Os sócios respondem pela divida da sociedade ao credor?
Não, porque só pode responder o património da sociedade (artigo 197º nº2 CSC),
exceto se estivermos numa das situações do artigo 198º CSC. Não havendo uma
clausula do tipo do artigo 198º CSC, então os sócios não respondem perante o credor
nem pela divida. Mas foram nomeadas à penhora as quotas dos sócios- artigo 239º
CSC- é possível penhorar e executar as quotas (estas são bens suscetíveis de
penhora) e perante isto o que responde é o património social.

A grande confusão neste processo aqui é o conceito do património social e um


conceito de capital social. O capital social é um valor ideal que se estabelece no

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momento da constituição do contrato corresponde à soma do valor das entradas que
cada sócio entra (exemplo: (A) entrou com 5 000€. (B) entrou com 10 000€. (C) entrou
com 5 000€. Com quanto capital social tem? 20 000€. Não se penhora capital social
porque este é um valor ideal enquanto que o património social corresponde ao
património que efetivamente a sociedade tem e este pode ser penhorado.

Acórdão do STJ – processo nº 153/04.9TYLSB.L1.S1

Estamos perante uma ação declarativa de condenação intentada pela


sociedade por quotas contra um dos sócios e contra o adquirente. A sociedade no
contrato tinha 2 clausulas:

 Consentimento: estamos perante uma transmissão de quotas entre


vivos e para isto a sociedade tinha de dar consentimento. Mas tinha de dar
consentimento em relação a quem? Em relação entre estranhos (artigo 228º CSC), ou
seja, a cessão a terceiros depende de consentimento dos sócios porém em casos de
parentesco e de proximidade não há necessidade de consentimento e a cessão é livre.
Porém, é possível estabelecer que o consentimento seja exigido para qualquer tipo de
cessão de quotas (artigo 229º nº3 CSC).
 Direito de preferência: o sócio ao exercer a sua quota devia dar
preferência à sociedade e só depois este podia ceder a quota ao adquirente.

O supremo relativamente a estas questões diz-nos que para chegar ao direito


de preferência temos de ver inicialmente o consentimento pois a preferência é um
direito exercido pela sociedade e esta tem sempre que dar o consentimento. Ou seja,
se a sociedade não der o consentimento nem sequer dá lugar ao direito de
preferência.

A regra é que as sociedades não têm preferências, exceto se ela estiver


prevista no pacto (como era neste caso).

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Casos práticos:

1. Imagine que (A) traz a seguinte questão “foi penhorado o seu automóvel
numa ação intentada por um credor (B) contra a sociedade que ele é sócio”.

R: Temos de ver se é uma clausula do artigo 198º CSC ou se estamos numa


regra geral do 197º nº3 CSC. Se estivermos perante o 197º nº3 então realmente ele
não responde. Ver o que diz o contrato relativamente à responsabilidade-
normalmente o que faz sentido é uma responsabilidade subsidiária.

Estamos perante um incidente de embargo de terceiro ou imposição à


penhora? Embargo de terceiro estes são feitos por um terceiro relativamente à
execução. Ele não é parte da ação executiva e à partida não respondia.

2. Imagine que (A) quer constituir uma sociedade para abrir uma cadeia de
restaurantes com um conjunto de amigos. E questiona qual o tipo social mais
adequado? Indicando vantagens e desvantagens.

R: Sociedade por quotas ou sociedade anonima (ver diferenças). Na sociedade


por quotas a responsabilidade por parte dos credores é boa, todavia há um problema
quanto à responsabilidade interna.

Uma das desvantagens da sociedade anonima é que esta afasta os pequenos


investimentos devido à sua estrutura extremamente complexa enquanto que na
sociedade por quotas isso já não acontece e aqui parece-nos mais apropriada.

3. Imagine que (A) traz uma citação para contestar uma ação declarativa
intentada pela sociedade em que ele é sócio e com fundamento na violação do direito
de preferência na venda das ações.

R: Temos de ver o contrato e perceber se há ou não clausula relativa ao direito


de preferência. A regra seria que a transmissão era livre, ou seja, se nada estivesse
previsto esta tinha sido validamente feita (artigo 328º nº1 CSC). Porém, se nada
tivesse dito então esta já não era considerada válida (artigo 328º nº2 b) CSC).
Tínhamos então de ver se se aplicava a regra geral do nº1 ou o regime especifico do
nº2 alínea b).

4. Imagine que (A) é sócia de uma sociedade por quotas e quer vender/
ceder a quota à sua mãe e a sociedade tem sempre dito que isso não era possível.
Clarifique se é possível ou não.

R: Sendo do agregado familiar a transmissão é livre o que significa que não é


preciso consentimento (artigo 228º CSC) contudo é necessário ver se existe alguma

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clausula no contrato que não permita a aplicação da regra geral (artigo 229º nº1-
proibição- ou nº3- dependente de consentimento- CSC).

5. Imagina que (A) numa sociedade por quotas de tipo familiar (ou seja,
muito fechado) quer adquirir a qualidade de gerente mas os outros sócios dizem que
não é possível.

R: Ele pode ser gerente porém os outros sócios não o querem. Como se
resolvia esta situação? Os gerentes nas sociedades por quotas podem ser os sócios
ou os estranhos à sociedade. Tínhamos aqui de tentar perceber qual o valor da quota
de (A), imagine-mos que era de 10‰ e os outros sócios entre eles correspondiam a
90‰. A designação dos gerentes é feita em Assembleia Geral, ou seja, quem tem
mais ‰ tem mais “poder” (artigo 250º CSC). Ou seja, nesta designação ele nunca
conseguiria ganhar a qualidade de gerente. Porém, se a ‰ dele fosse de 60‰ já era
possível.

Assim sendo, para sabermos se ele poderia ser gerente ou não temos de
atentar ao valor da quota de cada um.

16/03

Constituição de uma sociedade

A constituição de um contrato é um processo que é um conjunto de atos que


leva a um resultado que neste caso é o surgimento de uma entidade nova.

Assim temos um contrato (pacto social) em primeiro lugar; registo (prazo de


dois meses para promover um registo art.º 15º CRC; publicação (feita no site do
ministério da justiça)

O pacto social tem requisitos de forma- artigo 7º CSC e requisitos de


conteúdo artigo 9º, 11º a 14º CSC (se faltar um destes elementos o pacto é nulo).

Conteúdo específico para cada uma das sociedades:

Para as sociedades em nome coletivo- artigo 176º CSC;

Sociedades por quotas (artigo 199º CSC)- quota + sócio + entrada (que pode
ser em espécie, dinheiro, indústria). As entradas em espécie implicam ser avaliadas
por um ROC (artigo 28º CSC). O conservador só regista mediante a presença do
parecer do ROC.

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Sociedades anónimas- artigo 272º CSC.

O artigo 24º CSC é o artigo dos direitos especiais. Só existem estes direitos se
estiverem previstos no contrato. Caso não esteja previsto no momento inicial da
celebração do contrato, nada impede que posteriormente o contrato seja alterado. O
direito especial à gerência é um caso de direito especial, um direito reforçado- é um
socio que só pode ser destituído por justa causa e mediante decisão judicial artigo
257º nº3 CSC (a regra é a livre destituição do gerente artigo 257º nº1 CSC).

Há alternativas de constituição de sociedades, instituídas no âmbito do


programa simplex em 2005/2006 tal como a empresa na hora (DL 111/2005) e a
empresa online (DL 125/2006). Elas passam pelas três fases de contrato (pacto
social); registo; publicação

Nestas situações alternativas há um pacto de modelo pré-aprovado dado que o


conservador não vai verificar as cláusulas do contrato; podemos escolher uma firma
através da bolsa de firmas do Estado ou então podemos pedir um certificado de
admissibilidade de firma (neste caso somos nós a escolher o nome da firma).

23/03

Processo de constituição de uma sociedade

1. Atos antes da constituição do contrato: aqui há intenção de constituir


uma sociedade comercial e muitas vezes já começam a praticar alguns atos (por
exemplo: contrataram trabalhadores, compraram maquinas) artigo 36º nº2 CSC.
Perante estes atos a responsabilidade responde (artigo 997º Código Civil):

1º) Sociedade

2º) Sócios: têm uma responsabilidade subsidiária, solidária, podem


pedir a excussão prévia do património.

2. No momento da celebração do contrato:


2.1. Pacto social: do pacto social até ao registo encontramos:
— Relações interna (artigo 37º CSC), aqui vigora aquilo que as partes
estabeleceram no pacto social, com 2 exceções: se quiserem transmitir a quota ou se
quiserem alterar o contrato, perante isto é necessário decidir por unanimidade.

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— Relações externas (artigo 40º CSC) aqui respondem dois tipo de
sócios:
 Sócios que hajam em nome da sociedade ou que autorizam que
têm responsabilidade limitada e solidária.
 Sócios que não hajam nem autorizam e que respondem até ao
valor das entradas.

A doutrina entende que é necessário aproximar o regime antes do ato de


constituição da sociedade do regime do momento da celebração do contrato. Assim,
há também uma responsabilidade da própria sociedade (isto resulta de uma
interpretação extensiva uma vez que no artigo não é claro este esclarecimento). O
problema desta interpretação é que ao registar a sociedade chegamos la com um
capital social (POR NORMA ESTE VALOR NÃO VARIA E É BASICAMENTE O VALOR DAS ENTRADAS DOS SÓCIOS) que pode ser
inferior ao património social (AUMENTA E DIMINIU CONSOANTE O CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES) e isto
idealmente não poderia acontecer. Dai haver outros autores dizerem que não podem
por a sociedade a responder. O grande argumento para defender esta tese é que os
sócios agem em nome da sociedade e isto cria perante os terceiros segurança.

2.2. O registo é meramente constitutivo (artigo 5º nº2 CSC) e aqui


constitui-se a sociedade. E aqui o património da sociedade já responde perante
duvidas porém, o património das pessoas não respondem pelas pessoas. Aqui
adquire-se personalidade jurídica.
2.3. A sociedade só produz efeitos relativamente a terceiros perante
a publicação. Se este pacto for invalido temos uma nulidade que assenta em vícios de
conteúdo (falta de elementos essenciais do contrato artigo 42º nº1 alínea a), b), c) e d)
CSC) ou vícios de forma (artigo 42º nº1 alínea e) CSC, falta de assinaturas ou falta de
escritura publica). São aplicados apenas após a publicação. A aplicação do artigo 42º
tal como ela está consagrada acontece em casos raríssimos ainda assim esta
nulidade pode ser sanável por deliberação dos sócios (artigo 42º nº2 CSC). Aqui se
não for possível sanar a nulidade a sociedade entra em liquidação.

E se estas irregularidades forem detetadas antes do registo? O conservador ao


verificar estas irregularidades não regista e manda para trás para corrigir.

Outros casos de invalidade menos graves:

— Vícios da vontade (artigo 45º CSC) tem como consequência a


exoneração (artigo 47º CSC), ou seja, o sócio saí e a sociedade continua. O socio tem
direito a reaver o valor da entrada.
— Nulidade parcial:

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Exemplo:

Temos um contrato de sociedade com várias clausulas

E uma destas clausulas pode ser nula

Nulidade parcial uma vez que só afeta 1 das clausulas

Qual a consequência? Redução (artigo 292º Código Civil), aplica-se quando a


vontade hipotética das partes vai no sentido que elas celebrariam o contrato sem
aquela clausula. Retira-se a clausula e aplica-se o que resulta da lei.

Caso elas não celebrassem sem aquela clausula aplica-se o regime do artigo
52º CSC, ou seja, a nulidade/ anulação e tem como consequência a liquidação da
sociedade.

2º teste 04/05

Uma participação social é um conjunto de direitos e obrigações dos sócios.

1) Obrigações principais previstas no artigo 20º CSC- participação nas


perdas e nos lucros; obrigação de atuação compatível com interesse social- não está
prevista no código, mas é transversal ao interesse dos sócios. O interesse social pode
abranger os sócios, credores sociais, trabalhadores, clientes. Numa visão mais
restritiva de interesse social é que os sócios celebram um contrato de sociedade para
a finalidade lucrativa. Mas o interesse social pode ser entendido numa visão mais
ampla e abranger um conjunto muito amplo de interesses.

Artigo 64º nº1 b) CSC- a lei consagra uma teoria institucionalista para os
administradores, tendo que ponderar os interesses dos credores, trabalhadores e
clientes. Enquanto para os sócios a lei consagra uma teoria contratualista, isto é, o
interesse dos sócios.

2) Obrigações eventuais ou acessórias- dependem de uma cláusula do


contrato e podem não atingir todos os sócios mas apenas alguns- artigo 209º e 287º
CSC.
Temos o exemplo de uma prestação de serviço (contorna a proibição das
entradas em indústria), proibição de não concorrência, obrigação de prestar uma
garantia, etc.

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3) Prestações suplementares- artigo 210º CSC têm sempre dinheiro por
objeto (é um empréstimo que o socio faz à sociedade)

4) Suprimentos- artigo 243º CSC- é muito próximo de um contrato de


mútuo. Serve para suprir necessidades financeiras. Mas ctt de suprimento está sujeito
à liberdade de forma. O reembolso do suprimento faz-se sempre num período superior
a um ano, sendo isto bom para os credores.

As participações sociais podem ser objeto de:

— Direitos reais
— Transmissão por morte ou entre vivos- imaginemos que um sócio tem
50 % de capital social e os outros 2 sócios têm 25 %. O primeiro quer transmitir a
quota mas os restantes não querem que isso aconteça. Nesse caso a sociedade pode
adquirir ela própria a quota, tornando-se sócia dela mesma 220º CSC, desde que a
quota esteja totalmente liberada, isto é, paga. Artigo 316º CSC e 317º CSC para as SA
tem um limite de 10% para adquirir ações próprias.
— Amortização- artigo 232º CSC- extinção da quota. Alguns autores
entendem que isto implica uma alteração ao pacto social e como tal necessita de
maioria de ¾ do capital social.
— Exoneração- o sócio quer sair da sociedade- artigo 240º CSC.
— Exclusão- a sociedade quer que o sócio saia da sociedade artigo 241º
CSC

18/05

O que acontece aos suprimentos que tenho feito quando transmite a sua
quota? Se não houver clausula é ele que continua a ser o credor dos suprimentos.

Órgãos sociais e deliberação dos sócios

Deliberação: esta matéria vem na parte geral do código.

— ineficácia- artigo 55º CSC.

Necessidade de consentimento- todos os casos de direito especiais, artigo 24º


nº5 CSC (necessidade do consentimento de um dos sócios)

— Nulidade- artigo 56º CSC- violação de normas imperativas.


— Anulabilidade- artigo 58º CSC- violação de normas dispositivas e de
normas estatuárias.

13
Vícios de procedimento/ forma- questões de convocatória ≠ vicios de conteúdo

25/05

Há 3 grandes órgãos sócios: assembleia geral (representa os sócios), órgãos


de administração (gerência) e órgão de fiscalização (conselho fiscal, nas SQ não há).

Na administração, na gerência temos como grande traço de regime a


nomeação dos gerentes que são nomeados por deliberação dos sócios. A vinculação
depende de dois requisitos: o administrador tem que assinar o negocio com a
indicação dessa qualidade e é fundamental que ele atue assim na sua qualidade de
gerente só que muitas vezes esta indicação é feita de forma tacita (as declarações
tacitas normalmente são expressas mas não necessitam de ser)

A gerência sendo um órgão plural tem normalmente uma representação


conjunta maioritária (artigo 261º CSC), esta representação pode ser derrogada pelos
estatutos e teremos uma representação dijunta (basta um deles para representar a
sociedade) ou representação dijunta integrar (todos têm de de representar).

Gerência plural:

— conjunta maioritária, artigo 261º CSC.


— disjunta em que basta apenas um deles: basta que apenas um deles
esteja presente para representar a sociedade e, por isso, é mais célere, mas não
havendo confiança entre os gerentes esta solução pode não ser a mais adequada
(continua a ser uma administração conjunta mas em que um dos sócios tem que estar
presente).
— conjunta que todos têm que respeitar.

Uma solução que aparece muito é: havendo 3 sócios há uma clausula que diz
que a sociedade fica vinculada pela assinatura de 2 deles sendo que um deles tem
necessariamente de ser o gerente (A), o gerente (B) e o (C) podem ser alternados.

Responsabilidade dos gerentes perante a sociedade e os credores- artigo


72º e 78º CSC- os gerentes podem responder perante a sociedade (responsabilidade
civil contratual- o código civil estabelece uma presunção de culpa e a sociedade tem
apenas de provar a violação de um dever do gerente). Em casos pontuais os gerentes
podem responder perante os credores.

Cessação da cessão da gerência:

— Cessar por caducidade (quando há termo);


— Por renúncia (declaração unilateral do administrador);

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— Acordo entre a sociedade e o administrador;
— Destituição (artigo 403º CSC): esta noção causa problemas desde logo
porque ela pode ser sempre feita independentemente de justa causa e a todo o tempo,
se o gerente ou administração for destituído sem justa causa ele tem direito a
indemnização; caso contrário, se for devido a justa causa (violação grave dos deveres
ou incapacidade e inaptidão para o exercício das funções)- artigo 64º CSC a) (quando
se fala na obrigação de não concorrência ela tem fundameno nesse dever mais
genérico que é o dever de lealdade; a generalidade dos deveres dos gerentes vão
quase sempre se encontrar neste artigo) + b). E, neste caso, não terá direito a
indemnização mas pode ter o dever de indemnizar a sociedade.

O capital social é uma cifra que consta do pacto e é uma forma de garantia dos
credores porque a este capital tem que corresponder um determinado património
social, este património social tem que corresponder ao ativo/ património social liquido
da sociedade (isto anda quer dizer porque o passivo pode superar o ativo). Esta
correspondência é necessária de tal forma que há o regime de proteção dos credores
do artigo 35º CSC- se a sociedade a dada altura tiver um património social liquido
inferior a metade de capital social então o administrador tem que dar o alerta aos
sócios, ou seja, convocar uma assembleia geral para que se resolva a questão com
uma destas opções: artigo 35º nº3 a), b) e c).

Há a necessidade de constituição de reservas e esta é uma forma de acautelar


os credores. Se o capital social e o património social for de 50 000€, a sociedade fica
obrigada a constituir uma reserva legal que é de 20%: se estivermos perante uma SA
é de 10 000€; se for uma SQ a reserva legal de 2 500€. Para além destas reservas
legais podemos ter reservas estatutárias fixadas no pacto social e no valor que os
sócios quiserem. E podemos ter ainda reservar livres.

Caso prático: Os direitos dos usufrutuários estão quase todos preenchidos, nas
obrigações já não.

Grupo I

Três amigos, de seu nome Abel, Beatriz e Caio, reuniram-se com a intenção de
constituir uma sociedade por quotas destinada à compra e venda de imóveis e à
reabilitação da baixa portuense, com a firma “Néctar Projetos, Lda”. Pretendem

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constituir a sociedade com o capital social no valor de € 30.000,00, correspondente a
três quotas de igual valor, pertencendo uma a cada um dos sócios. No pacto social,
pretendem atribuir a gerência da sociedade conjuntamente a Beatriz e a Diana, mulher
de Caio, que se dedica à exploração de um hostel. A referida gerência seria atribuída
a ambas por um período de três anos. Os sócios pretendem ainda que a gerência
tenha competência para alterar qualquer cláusula do contrato que venham a assinar.

a) Pronuncie-se quanto à validade das estipulações que os sócios pretendem


inserir no pacto relativamente à gerência.

R:

b) Suponha agora que, um mês depois de finalizado o processo de


constituição, Abel, Beatriz e Caio se reúnem espontaneamente, sem a observância de
formalidades prévias, e deliberam ceder temporariamente a exploração de um
estabelecimento comercial da sociedade a Jorge. A referida deliberação foi aprovada
com os votos favoráveis de Abel e Beatriz, e o voto contra de Caio. Quid juris?

R:

c) A dada altura, os sócios pretendem aditar ao objeto social a atividade de


gestão hoteleira. Descreva o procedimento que deverão levar a cabo para o efeito e
enuncie a(s) questão(ões) jurídica(s) que esta alteração lhe suscite.

R:

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d) Uns meses mais tarde, Beatriz constitui um usufruto sobre a sua quota a
favor de Elvira, sua tia. Depois disso, os sócios preparam-se para alterar a sede da
sociedade do Porto para Lisboa. A quem cabe o direito à informação relativamente a
esta deliberação? E, se for caso disso, o direito a impugná-la?

Grupo II

No passado dia 1 de outubro de 2016, António, Frederico, João, Rodrigo e


Tomás, eternos amantes de barcos, resolveram constituir uma sociedade anónima,
que se dedicaria à atividade de fabrico e comercialização de todo o tipo de
embarcações. A sociedade teria um capital social de € 50.000,00, que seria dividido da
seguinte forma: 10% caberiam a António, 10% a Frederico, 10% a João, 40% a
Rodrigo e os restantes 40% a Tomás. A administração da sociedade foi entregue
conjuntamente a António, Frederico e Rodrigo, e Tomás foi nomeado presidente da
mesa.

1. Após a constituição da sociedade, e com o objetivo de intensificar a


produção de embarcações, a sociedade adquiriu um imóvel, sito em Perafita, para
nele edificar uma nova fábrica. A referida decisão foi tomada unanimemente por
António, Frederico e Rodrigo, que aproveitaram o facto de se encontrarem juntos para
decidir de imediato sobre essa matéria. João e

Tomás não se encontravam presentes. Quid juris?

R:

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2. A dada altura, Rodrigo envia uma carta aos restantes sócios, em nome da
sociedade, dando-lhes conhecimento de que, daí a 30 dias, iria ter lugar uma
assembleia geral com vista à ponderação da eventual admissão de um novo sócio na
sociedade. Da ordem do dia em causa constava apenas a menção “admissão de novo
sócio”. Nessa assembleia, estavam presentes os sócios Rodrigo, Tomás e António,
este último munido de uma procuração que lhe dava poderes para votar em nome de
Frederico. Todos votaram favoravelmente. Na mesma assembleia, Rodrigo aproveitou
a ocasião para levar à discussão dos presentes a destituição por justa causa de
António das suas funções de administrador. Rodrigo votou favoravelmente, mas os
outros dois sócios presentes, Tomás e António, este último por si e enquanto
representante de Frederico, votaram contra. João, que não esteve presente, pergunta-
lhe se poderá de alguma forma invalidar ambas estas deliberações e, em caso
afirmativo, com que fundamento. Esclareça-o.

R:

3. Imagine agora que, durante dois anos consecutivos, Frederico se esqueceu


de depositar os documentos de prestação de contas da sociedade e de promover a
entrega da declaração de rendimentos da sociedade à Autoridade Tributaria. Quid
juris?

R:

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