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Contabilidade II

Docente: Sónia Rito

LSA /LIG
2º semestre
2020/2021
1. Principais rubricas do Capital Próprio

1.1 Capital Social (constituição de sociedades, modificação do capital próprio)

1.2 Reservas legais e outras reservas (aspectos jurídicos e contabilísticos)

1.3 Resultados transitados (aplicação dos resultados)

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Sociedades comerciais

Constituição da sociedade
Uma sociedade surge no contexto de celebração de um contrato (pacto social ou
estatutos) entre duas ou mais pessoas (caso excecional de sociedades unipessoais) que
se obrigam a contribuir com bens e/ou serviços para o exercício em comum de certa
atividade económica que não seja mera fruição a fim de repartirem os lucros resultantes
dessa atividade. (Artigo 980.º e ss do C. Civil)

 Deve ser escrito; (Artigo 7.º n.º1 CSC)

 É diferente de exercício de atividade em nome individual. (Artigo 13.º C. Comercial)


Sociedades comerciais

Elementos constantes num contrato de constituição da sociedade (Artigo 9.º do CSC):


• Nomes ou firmas de todos os sócios fundadores;
• O tipo da sociedade;
• A firma (denominação) da sociedade;
• O objeto social;
• A sede da sociedade;
• O capital social, salvo nas sociedade em nome coletivo;
• A quota de capital e a natureza da entrada de cada sócio;
• Se existirem entradas com bens diferentes de dinheiro, a descrição destes e a
especificação dos respectivos valores;
• Quando o exercício anual for diferente do ano civil, a data do respectivo
encerramento, a qual deve coincidir com o último dia do mês de calendário.

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Formas jurídicas das empresas

Exploração de Forma Coletiva

Sociedade Civil Sociedade Civil


Sociedade
sob a forma Civil sob a forma Cooperativa
Comercial
/Civil simples Comercial

Sociedade em nome coletivo

* As sociedades sob a forma Sociedade por quotas


civil/civil simples são
sociedades destinadas a não
praticar atos comerciais Sociedade anónima
(sociedades de advogados ou
revisores oficiais de contas).
Sociedade em comandita simples

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Sociedade em comandita por
ações
Caracterização dos tipos de sociedades mais habituais

Tipo de Quem responde pelas


Capital Social Constituição da firma
Sociedade dívidas
- dividido por quotas Responsabilidade limitada: Deve ser formada por (…)
- igual à soma das quotas o património da sociedade terminando com palavra
- livremente fixado pelos sócios responde para com os “Limitada” ou “Lda”.
- Valor nominal mínimo de cada credores, isto é, o capital
Sociedade por quotas = 1 € social subscrito é o limite da
Quotas - Entradas em dinheiro ou espécie responsabilidade de cada
Artigos 197.º - Nº mínimo de sócios = 1 sócio.
a 201.º CSC (unipessoal por quotas)

- dividido por ações Responsabilidade limitada: Deve ser formada por (…)
- igual à soma das ações o património da sociedade terminando com a
- Capital social mínimo = 50.000€ responde para com os expressão “sociedade
- Valor nominal mínimo de cada credores, isto é, o capital anónima” ou “S. A.”.
Sociedade ação = 1 cêntimo social subscrito é o limite da
Anónima - Entradas em dinheiro ou espécie responsabilidade de cada
Artigos 271.º - Nº mínimo de sócios = 5 acionista.
a 284.º CSC
Caracterização dos tipos de sociedades mais habituais

Tipo de
Tempo das entradas Direito aos lucros dos exercícios
Sociedade
- Até ao momento da celebração do Metade do lucro do exercício
contrato distribuível. Salvo diferente cláusula
- Podem ser realizadas até final do primeiro contratual ou deliberação tomada por
exercício maioria de três quartos dos votos
Sociedade por - As entradas em dinheiro podem ser correspondentes ao capital social em
Quotas diferidas até ao máximo de 5 anos (com assembleia geral para o efeito convocada.
Artigos 197.º a datas de pagamentos estipuladas)
201.º CSC - Tudo deve ficar estipulado no contrato

- Até ao momento da celebração do Metade do lucro do exercício


contrato distribuível. Salvo diferente cláusula
- Podem ser realizadas até final do primeiro contratual ou deliberação tomada por
exercício maioria de três quartos dos votos
Sociedade - As entradas em dinheiro só podem ser correspondentes ao capital social em
Anónima Artigos diferidas até 70% do valor nominal por um assembleia geral para o efeito convocada.
271.º a 284.º período que não pode ultrapassar os 5
CSC anos.
- Tudo deve ficar estipulado no contrato
Obrigações e direitos dos sócios

 A celebração dos contratos de sociedade pressupões um conjunto de direitos e


obrigações para os sócios:

Obrigações Artigo 20.º CSC Direitos Artigo 21.º CSC

a) A entrar para a sociedade com bens a) A quinhoar nos lucros;


susceptíveis de penhora ou, nos tipos de b) b) A participar nas deliberações de sócios,
sociedade em que tal seja permitido, com sem prejuízo das restrições previstas na
indústria; lei;
b) A quinhoar nas perdas, salvo o disposto c) A obter informações sobre a vida da
quanto a sócios de indústria. sociedade, nos termos da lei e do
contrato;
d) A ser designado para os órgãos de
administração e de fiscalização da
sociedade, nos termos da lei e do contrato.

2 - É proibida toda a estipulação pela qual


deva algum sócio receber juros ou outra
importância certa em retribuição do seu
capital ou indústria.

 Artigo 22.º CSC - na falta de convenção em contrário, os sócios participam nos lucros e
nas perdas da sociedade segundo a proporção dos valores das respetivas participações
no capital. 8
Relembrando alguns conceitos…

Balanço

Ativo
Capital próprio/Situação Líquida
conjunto de bens e direitos que
riqueza da entidade
uma entidade detém para
desenvolver a sua atividade

Passivo
conjunto de obrigações

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Relembrando alguns conceitos…

Ativo = Passivo + Capital Próprio

Capital Total Capital Alheio Capital Próprio

Aplicação Origem do Ativo e Passivo


do Capital encontram-se
Capital
distribuídos pelas
classes de contas:
1,2,3 e 4
Capital próprio na
classe 5

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Relembrando alguns conceitos…

Contas da Classe 5

Débito Crédito

[-] Diminuições [+] Aumentos

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Classe 5 – Capital, reservas e resultados transitados

Ajustamentos de
manutenção de
Contribuições dos capital
sócios

Excedentes de
revalorização de
ativos fixos

Resultados retidos

Outros

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Capital social

 Deve ser definido respeitando as importâncias estabelecidas na Lei.

 Pode ser representado por várias parcelas que podem ter valores iguais ou desiguais
(quotas ou ações)

 Pode ter várias fases: emissão, subscrição e realização.

51 – Capital Subscrito

 Reduções do capital  Subscrição do capital inicial


(por débito da conta 261-Acionistas c/
subscrição ou 262-Quotas não
 Extinção da entidade liberadas)

 Aumentos de capital

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Capital próprio

 O Capital Próprio representa o valor do Património Liquido da entidade, não sendo


um bem, um direito, uma obrigação ou uma quantia monetária. Ou seja um interesse
residual nos ativos depois de deduzir todos os passivos (EC §49).

 Representa fundos aplicados pelos sócios acrescidos dos lucros não distribuídos.
Integra todas as rúbricas da Classe 5 e ainda o Resultado líquido do período (# 81).

 É variável pois cresce se a sociedade for lucrativa e reduz-se se ela tiver prejuízo.

 Integridade do CP (visa proteger os credores):


 Limite da distribuição de bens aos sócios (art. 32.º CSC): Proibição de distribuir
pelos sócios bens da sociedade quando o CP desta for inferior à soma do CS e
Reservas ou se torne inferior após distribuição;
 Lucros e reservas não distribuíveis (art. 33.º CSC): Não podem ser distribuídos aos
sócios os lucros do exercício necessários para cobrir prejuízos transitados ou para
formar ou reconstituir reservas impostas pela lei ou pelo contrato da sociedade.

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Capital próprio

Artigo 35.º do CSC

 Necessidade de manter uma proporção determinante entre o CP e o CS, com objetivo


de evitar CP negativo (significa que os ativos não são suficientes para cobrir os
passivos, e assim, a entidade não consegue pagar dívidas e ficam em causa os
direitos dos credores).

 Quando a metade do CS se encontrar perdida deve ser comunicado pelo órgão de


gestão ou administração através da convocação da Assembleia Geral dos membros a
fim de serem tomadas 3 das seguintes medidas:
a. Dissolução da sociedade;
b. Redução do capital social;
c. Adoção de medidas concretas tendentes a manter pelo menos em dois terços a
cobertura do capital social.

Considera-se estar
CP perdida
=< ½metade
CS do CS quando:

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Reservas

• 551 Reservas legais


• 552 Outras reservas

Reservas legais e outras reservas

1. Reservas estatutárias (Artigo 33.º CSC n.º1) são previstas no pacto social;
2. Reservas facultativas ou livres;
3. Reservas contratuais;
4. Reservas ocultas (Artigo 33.º CSC) resultas de uma subvalorização do ativo ou de
uma sobrevalorização de um passivo;
5. Reservas legais impostas pela lei.
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Reservas legais

Devem ser contabilizadas, como apropriações dos lucros, as reservas requeridas por lei. Estipulam os Artigos 295.º
e 296.º CSC (para as S.A) e 218.º (para sociedade por quotas) que 5% dos lucros do exercício deverão destinar-se
à constituição de reservas legais até que as mesmas perfaçam 20% do capital social. Especificamente quanto às
sociedades por quotas determina-se que o limite mínimo da reserva legal nunca será inferior a 2.500 euros. Só
podem ser usadas para dar cobertura de prejuízos que não possam ser cobertos por outras reservas e para
incorporar o capital social.

551 - Reservas legais

 Incorporação no capital (crédito da  Aplicação de resultados


conta 51–Capital);

 Utilização para compensação do


prejuízo do exercício (crédito da
conta 81–Resultado líquido do
período);

 Utilização para compensação de


prejuízos de exercícios anteriores
(crédito da conta 56–Resultados
transitados)
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Reservas legais

Constituição da reserva legal:

Reserva Legal = mínimo de 5% do Resultado líquido do período

Até atingir: 20% do Capital Social


ou nas sociedades por quotas um mínimo de 2.500 €

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Outras reservas

Deve incluir as reservas estatuárias, contratuais, livres, para estabilização de


dividendos e outras.

552 – Outras reservas

 Deliberação da sua aplicação  Aplicação de resultados do exercício


ou de exercícios anteriores
Exemplo:
Incorporação no capital (crédito da (débito da conta 81–Resultado líquido do
conta 51–Capital); exercício ou 56–Resultados transitados,
Cobertura de prejuízos (crédito da conforme o caso)
conta 81 ou 56);
Distribuição de dividendos (crédito
da conta 264–Resultados
atribuídos)

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Resultados

Acumulação resultante do desempenho de uma atividade ao longo de uma período temporal:


positivo (lucro) ou negativo (prejuízo).

Lucro do período Lucro disponível Lucro atribuído

• Resultado • Parte dos • Parte dos


positivo apurado resultados resultados
no final do apurados que apurados que são
período estão disponíveis atribuídos aos
contabilístico para ser sócios/acionistas.
distribuídos aos
sócios/acionistas.

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Aplicação dos resultados

 Necessidade de cumprimentos do estabelecido na lei, nos Estatutos e na deliberação dos


sócios.

 A proposta de aplicação dos resultados é elaborada pela administração é aprovada pela


assembleia geral.

Restrições:

De caráter negativo:
218.º CSC (SQ) e 295.º CSC (SA) – Reserva legal
Artigo 33.º CSC - Lucros e reservas não distribuíveis
Artigo 32.º CSC - Limite da distribuição de bens aos sócios

De carácter positivo:
Atrigo 21.º n.º1 CSC – Direitos dos sócios (quinhoar nos lucros)
Artigo 22.º CSC - Participação nos lucros e perdas
Artigo 217.º CSC e 294.º CSC – Direito aos lucros do período

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Resultados transitados

Esta conta representa os resultados de exercícios anteriores que não foram objeto de aplicação
específica, por exemplo, para reserva legal, para distribuição aos detentores do capital ou para
outras reservas.

56 – Resultados transitados

 Valor do prejuízo do exercício anterior (crédito da


conta 81–Resultado líquido do período)  Valor do lucro líquido do
exercício anterior (débito da
conta 81–Resultado líquido do
 Aplicação de resultados deliberada na Assembleia período)
Geral que aprova as contas e a proposta de
aplicação de resultados

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