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“Contrato de sociedade é aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de certa atividade
económica, que não seja de mera fruição, a fim de repartirem os lucros resultantes dessa atividade.”
Elemento pessoal
Unipessoalidade originária:
ELEMENTO FINALÍSTICO
Os sócios propõem que a sociedade exerça uma atividade económica de natureza empresarial. O pacto social deve indicar o objeto da sociedade
(art 11º).
A distinção das associações do Código Civil – exercício de atividades não económicas: culturais, desportivas, religiosas, políticas, etc. Fim ideal e não
lucrativo.
Atividade económica exercida em comum – possibilidade de cada sócio contribuir para o desenvolvimento da atividade social.
É diferente do contrato de consórcio. Neste não há exercício de uma atividade em comum, mas concertação da atividade de cada membro do
consórcio.
Atividade económica que não seja de mera fruição – exclusão das situações de compropriedade ou comunhão de direitos ou interesses.
ELEMENTO TEOLÓGICO
Lucro para ser repartido pelos sócios: o lucro como ganho económico da sociedade a transferir para o património dos sócios.
Diferente das vantagens patrimoniais produzidas diretamente no património dos sócios ( como sucede nas COOPERATIVAS, nos ACE`s e nos AEIE`S).
Objeto Comercial
TIPOS DE SOCIEDADES
Tipos
Tipos comuns (Sociedades em Comandita, Sociedades por Quotas, Sociedades Anónimas e Sociedades Comerciais)
Tipos especiais (em função do objeto social)
Exemplos:
1. Na sociedade em nome coletivo o sócio, além de responder individualmente pela sua entrada, responde pelas obrigações sociais subsidiariamente
em relação à sociedade e solidariamente com os outros sócios.
2. O sócio não responde pelas obrigações da sociedade contraídas posteriormente à data em que dela sair, mas responde pelas obrigações contraídas
anteriormente à data do seu ingresso.
3. O sócio que, por força do disposto nos números anteriores, satisfazer obrigações da sociedade tem direito de regresso contra os outros sócios, na
medida em que o pagamento efetuado exceda a importância que lhe caberia suportar segundo as regras aplicáveis à sua participação nas perdas
sociais.
4. O disposto no número anterior aplica-se também no caso de um sócio ter satisfeito obrigações da sociedade, a fim de evitar que contra ela seja
intentada execução.
Caraterização
Licitude (isto é, mera possibilidade legal) de introduzir no pato social cláusula contratual responsabilizando diretamente um ou mais sócios perante
os credores sociais.
Responsabilidade sempre limitada a determinado montante.
Responsabilidade solidaria com a sociedade ou subsidiária em relação à sociedade.
Direitos do sócio que pagar dívidas sociais, nos termos do artigo 198º nº1:
“Salvo disposição contratual em contrário, o sócio que pagar dívidas sociais, nos termos deste artigo, tem direito de regresso contra a sociedade pela
totalidade do que houver pago, mas não contra os outros sócios.” (nº3 do art 198º)
1. A sociedade unipessoal por quotas é constituída por um sócio único, pessoal singular ou coletiva, que é o titular da totalidade do capital social.
2. A sociedade unipessoal por quotas pode resultar da concentração na titularidade de um único sócio das quotas de uma sociedade por quotas,
independentemente da causa da concentração. (…)
5. O estabelecimento individual de responsabilidade limitada pode, a todo o tempo, transformar-se em sociedade unipessoal por quotas (…)
Regras especiais:
. A firma deve incluir a expressão “sociedade unipessoal” ou a palavra “unipessoal” (artigo 270º - B);
. Uma pessoa singular só pode ser sócio de uma única sociedade unipessoal por quotas (artigo270º - C, nº1);
Uma Sociedade por Quotas não pode ter como sócio único uma sociedade unipessoal por quotas (art270º - C, nº2), sob pena de poder ser requerida
a dissolução administrativa;
O sócio único exerce as competências das Assembleias Gerais (art270º E);
O sócio único pode celebrar negócios jurídicos com a sociedade, desde que sirvam para a prossecução do objeto social, seja observada a forma
escrita e sejam publicitados com as contas (artigo270º - F), sob pena de nulidade.
SOCIEDADE ANÓNIMA
CARACTERIZAÇÃO
Os subtipos sociedade em comandita simples e sociedade em comandita pro ações (art.465º, nº3):
Firma (art.467º) – nome de pelo menos um sócio comanditado + “em Comandita” ou “&Comandita” ou “em comandita por ações”.
Sócios de indústria (art.468º) – só os sócios comanditados.
Atribuição da gerência (art. 470º) – aos sócios comanditados.
Número mínimo de sócios comanditários, nas sociedades em comandita por ações (art479º) :5.
3 modalidades:
l) Processo típico
Contrato ou negócio jurídico unilateral reduzido a escrito, com assinaturas reconhecidas presencialmente – art.7º, nº1.
Exceção: se forma mais solene for exigida para a transmissão dos bens com que os sócios entram para a sociedade.
Constituição de Sociedades
Constituição “on-line” (DL nº 125/2006, de 29 de junho)
. Não é aplicável quando há entradas que exigem forma mais solene do que a forma escrita nem à sociedade anónima europeia.
. Exige assinatura eletrónica.
. Envio através da Internet de todos os documentos necessários.
. O registo é efetuado no prazo de 2 dias úteis apos pagamento.
A “Empresa na hora” (Regime especial de constituição imediata de sociedades) – DL nº111/2005.
. Opção por pacto social de modelo aprovado pela Direção Geral dos Registos e Notariado;
. Opção por firma constituída por expressão de fantasia (previamente criada e reservada a favor do Estado e a que está associado um Número Pessoal de
Identificação Coletiva) ou apresentação de certificado de admissibilidade de firma;
. Constituição efetuada em certas Centrais de Responsabilidade de Crédito ou Centro de Formalidades das Empresas, num mesmo dia e em atendimento
presencial único.
DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS SÓCIOS
Obrigação de entrada
Reservas
Reservas legais
Art295º(Reserva Legal)
Uma percentagem não inferior à vigésima parte dos lucros da sociedade é destinada à constituição da reserva legal e, sendo caso disso, à sua reintegração,
até que aquela represente a quinta parte do capital social. No contrato de sociedade podem fixar-se percentagem e montante mínimo mais elevados para a
reserva legal.
2. É aplicável os dispostos nos art.295º e 296º, salvo quanto ao limite mínimo de reserva legal, que nunca será inferior a 2500.
Para cobrir a parte do prejuízo acusado no balanço do exercício que não possa ser coberto pela utilização de outras reservas;
Para cobrir a parte dos prejuízos transitados do exercício anterior que não possa ser coberto pelo lucro do exercício nem pela utilização de outras reservas;
Direito à informação
A) Nas sociedades por quotas (art214º e 216º):
Direito mínimo à informação (art288º). É necessário possuir 1% do Capital Social + motivo justificado.
Direito à informações preparatórias da Assembleia Geral (art289º). É para todos, a partir da data da convocação da Assembleia Geral.
Direito a informações em Assembleia Geral (art290º). Direito a que sejam prestadas informações verdadeiras, completas e elucidativas.
Direito coletivo à informação (art291º.nº1) para acionistas que tenham, isoladamente ou em conjunto, 10% do Capital Social – informações dadas
por escrito.
A PARTICIPAÇÃO SOCIAL
AS QUOTAS
. Princípio da unidade (art.219º)
. Amortização de quotas (art232º e ss);
A amortização (extinção) de quotas só pode ser deliberada quando permitida pela lei ou pelo pacto social.
. A amortização compulsiva só é admitida quando se verifica um facto que o pacto social considere fundamento para tal;
. A amortização só pode ser deliberada se ficar ressalvado o capital social (art 236ª);
. Pode haver cláusulas contratuais que prevejam o modo de calcular o valor da quota a amortizar. Contudo, existem também regras imperativas
(art.235º).
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
Deliberações dos sócios
Órgãos Sociais:
. Assembleia geral (art.248º e normas das Sociedades Anónimas)
. Gerência (art.252º e ss)
. Conselho fiscal ou Revisor Oficial de Contas (art.262º)
O Secretário da Sociedade – Art.446º D): designação facultativa.
Gerência
. A administração e representação da Sociedade por Quotas compete à gerência;
. São designados no contrato ou eleitos pelos sócios;
. Pode ser plural (art.261 ª) ou singular;
. Só podem ser gerentes pessoas singulares com capacidade jurídica plena;
. A gerência não é transmissível (nem por morte, nem por ato entre vivos).
SOCIEDADES ANÓNIMAS
Órgãos Sociais
Deliberações dos acionistas) art.373º e art384º)
ADMINISTRAÇÃO E FISCALIZAÇÃO
A administração e fiscalização podem ser estruturadas segundo umas das modalidades previstas no art.278º :
Fiscal único, que tem que ser Revisor Oficial de Contas – art.413º, nº1, a); ou
Conselho fiscal (que integra um Revisor Oficial de Contas) – art.413º, nº1, a), in fine e 414º, nº2; ou
Conselho fiscal (do qual não é membro o Revisor Oficial de Contas) e o Revisor Oficial de Contas. É o “modelo latino reforçado” – art.413º, 1, b).
As grandes Sociedades Anónimas têm que adotar esta estrutura de fiscalização (art.413º, nº2).
B) Modelo anglo-saxónico – art.278º, nº1, b) ---- Conselho de Administração (compreendendo uma Comissão de Auditoria) e o Revisor Oficial de
Contas
O conselho de administração tem o número mínimo de 5 administradores, dos quais 3 terão que ser” não executivos”;
A comissão de auditoria, como órgão de fiscalização (art.423º-F), é integrada por administradores não executivos, em número mínimo de
3(art.423º-B, nº2);
Nas sociedades cotadas e grandes Sociedades Anónimas a comissão de auditoria deve incluir pelo menos um membro com curso superior adequado
(e com conhecimentos de contabilidade e auditoria) e que seja independente (art.423º-B, nº4)
C) Modelo germânico – art. 278º, nº1, c) -- Conselho de Administração Executivo, Conselho Geral e de Supervisão e Revisor Oficial de Contas
O conselho de administração executivo (art.424º e ss) pode ter nº ilimitado de membros (ou um administrador único se o Capital Social não exceder
200000 EUR);
O conselho geral e de supervisão (art.434º e ss), com nº ilimitado de membros, que não têm que ser acionistas;
Para as sociedades cotadas e para as grandes Sociedades Anónimas é obrigatória a existência, no seio do conselho geral e de supervisão, de uma
“comissão para as matérias financeiras” – art.444º, nº2;
Esta comissão deve incluir pelo menos um membro com curso superior adequado (e com conhecimentos de contabilidade e auditoria) e que seja
independente – art.444º, nº5.
O Secretário da Sociedade: obrigatório para as sociedades anónimas cotadas em Bolsa (artigo 446º-A a Artigo 446º-F).
Secretário da Sociedade
Elemento obrigatório para as sociedades anónimas cotadas em Bolsa (artigo446º-A a Artigo446º-F);
O secretário (e seu suplente) são designados pelos sócios (no ato constitutivo) ou pelo Conselho de Administração, e é sujeito a registo (art.446º-E);
Responsabilidade civil e criminal (art.446º-F).
ORGÃOS DE FISCALIZAÇÃO
Nas sociedades por quotas é obrigatório ter conselho fiscal ou Revisor Oficial de Contas se forem ultrapassados dois dos três limites referidos no
art262º, nº1.
Nas sociedades anónimas o órgão de fiscalização é sempre obrigatório (art.278º e 413º).
Composição do órgão de fiscalização no modelo clássico: Artigo 413º: Neste modelo a fiscalização compete:
A) A um fiscal único, que deve ser revisor oficial de contas ou sociedades de revisores oficiais de contas, ou a um conselho fiscal; ou
B) A um conselho fiscal e a um revisor oficial de contas ou uma sociedade de revisores oficiais de contas que não seja membro daquele órgão.
3- O fiscal único terá sempre um suplente, que será igualmente revisor oficial de contas ou sociedade de revisores oficiais de contas.
4- O conselho fiscal é composto pelo número de membros fixado nos estatutos, no mínimo de três membros efetivos.
5- Sendo três os membros efetivos do conselho fiscal, deve existir um ou dois suplentes, havendo sempre dois suplentes quando o número de
membros for superior.
6- O fiscal único rege-se pelas disposições legais respeitantes ao revisor oficial de contas e subsidiariamente, na parte aplicável, pelo disposto
quanto ao conselho fiscal e aos seus membros.
Pode ter comissões especiais (art.444º). Deve ter comissão para matérias financeiras – Obrigatória em certos casos (nº2).
Os seus membros podem ser designados no pacto social ou eleitos em Assembleia Geral.
Pode ter certos poderes de gestão: art.442ª.
EMPRESAS
Noção jurídica de EMPRESA (= estabelecimento comercial): “organização concreta de fatores produtivos como valor de posição no mercado”.
Elementos da Empresa:
Elementos corpóreos (ex: mercadorias, matérias-primas, imóveis, dinheiro)
Elementos incorpóreos (ex: direito ao arrendamento, direitos de crédito, patentes, marcas, insígnias, direitos emergentes de contratos de trabalho e
de prestação de serviços, direitos emergentes de contratos de agência, concessão ou franquia, etc.)
Clientela (Relações contratuais com certa estabilidade; expetativa ou capacidade de angariar novos clientes).
A Consagração legal do direito à clientela: a indemnização de clientela, consagrada no regime legal do contrato de agência.
Aviamento
Capacidade lucrativa, aptidão para gerar lucros. Certas situações de facto que potenciam o lucro do comerciante. (Ex: relações com fornecedores ou
clientes, acesso ao crédito, eficiência da organização, reputação ou “Goodwill”, posição no mercado, etc.).
Elemento ou qualidade da empresa?
Trespasse
É a transmissão definitiva, por ato entre vivos, com ou sem carácter oneroso, da propriedade da empresa.
Pode ser uma venda, troca, doação, entrada em sociedade ou venda executiva, etc.
O artigo 1112º do Código Civil (redação da Lei nº6/2006, de 27.02):
1- É permitida a transmissão por ato entre vivos da posição de arrendatário, sem dependência da autorização do senhorio:
a) No caso de trespasse de estabelecimento comercial ou industrial:
b) A pessoa que no prédio arrendado continue a exercer a mesma profissão liberal, ou a sociedade profissional de objeto equivalente.
2- Não há trespasse:
a) Quando a transmissão não seja acompanhada de transferência, em conjunto, das instalações, utensílios, mercadorias ou outros elementos que
integram o estabelecimento;
b) Quando a transmissão vise o exercício, no prédio, de outro ramo de comércio ou indústria ou modo geral, a sua afetação a outro destino.
Negociação do estabelecimento
3 - A transmissão deve ser celebrada por escrito e comunicada ao senhorio. (no prazo de 15 dias – art.1038º, g), do CC)
4 – O senhorio tem direito de preferência no trespasse por venda ou dação em cumprimento, salvo convenção em contrário.
5- Quando, após a transmissão, seja dado outro destino ao prédio, ou o transmissário não continue o exercício da mesma profissão liberal, o
senhorio pode resolver o contrato.
No caso de trespasse:
Transmite-se para o adquirente a posição de empregador nos contratos de trabalho (art.285º do Código do Trabalho=;
Os trabalhadores devem ser informados e consultados (art.286 do Código do Trabalho);
Há um dever de comunicação à Autoridade Tributária, com antecedência mínima de 30 dias e máxima de 60 sobre a data da sua formalização
(exceto em caso de certidão de inexistência de dívidas tributárias) – art.82º do CPPT.
Tutela eficaz do crédito - Ex.: art. 100.º do Cód. Com. / art. 512.º e ss do Cód. Civil
Código Comercial Artigo 100.º (Solidariedade nas obrigações comerciais)
“Nas obrigações comerciais os co-obrigados são solidários, salva estipulação contrária.”
Evolução histórica
O Direito Comercial “nasce” na Idade Média
Surge como um Direito
Profissional (de classe): direito dos comerciantes (ius mercatorum)
Consuetudinário : baseado nos costumes mercantis
Internacional
O direito comercial como direito especial face ao direito civil (que é o direito comum das relações privadas).
O direito comercial é um direito especial e não excepcional (possibilidade de recurso à analogia - Art. 11.º do Cód. Civil).
Artigo 3.º do Cód. Com. (Interpretação e integração) “Se as questões sobre direitos e obrigações comerciais não puderem ser resolvidas,
nem pelo texto da lei comercial, nem pelo seu espírito, nem pelos casos análogos nele previstos, serão decididos pelo direito civil.”
Atos de Comércio
Interesse prático da qualificação de um ato como comercial:
-Regra da solidariedade nas obrigações comerciais Art. 100.º do Cód. Com.: “Nas obrigações comerciais os coobrigados são solidários, salva estipulação em
contrário.”
- Qualificação de uma pessoa como comerciante, Art. 13.º Cód. Comercial: “São comerciantes (...) as pessoas, que, tendo capacidade para praticar actos de
comércio, fazem deste profissão”.
-Carácter comercial das sociedades cujo objecto consista na prática de atos comerciais
-Regime de responsabilidade dos bens do casal por dívidas resultantes de atos de comércio. Artigo 1691.º do Cód. Civil.
“Serão considerados actos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste Código, e, além deles,
todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não resultar.”
São atos comerciais todos os que em concreto reúnam os requisitos definidos na lei comercial.
Serão comerciais os que se acharem especialmente regulados na lei, em atenção aos interesses da vida comercial (lei formalmente comercial ou não).
O recurso à analogia como solução mais razoável (ex.: Artigo 230.º do Cód. Comercial)
Não serão comerciais os atos que pela sua natureza não se conexionam com o comércio - exclusivamente civis.
Não serão comerciais os atos que, em concreto, não se conexionem com a atividade comercial do seu autor.
São objetivamente comerciais todos os atos especialmente regulados em leis comerciais - atos jurídicos cuja comercialidade reside neles próprios.
São subjetivamente comerciais todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio
ato não resultar - a sua comercialidade resulta do sujeito que o pratica.
São formalmente comerciais os atos praticados na observância de esquemas previstos pelo legislador (ex: subscrição de uma letra de câmbio).
São substancialmente comerciais os atos que têm a ver com o comércio em sentido jurídico.
Unilateralmente comerciais são negócios bilaterais que apenas são comerciais relativamente a uma das partes.
Bilateralmente comerciais são negócios bilaterais que são comerciais em relação a ambas as partes.
Esta classificação é importante para efeitos de aplicação do artigo 99º do Código Comercial:
Artigo 99.º (Regime dos atos de comércio unilaterais)
“Embora o acto seja mercantil só em relação a uma das partes será regulado pelas disposições da lei comercial quanto a todos os contraentes,
salvas as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito o acto é mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial.”
Empresas comerciais
1º Transformar, por meio de fábricas ou manufaturas, matérias-primas, empregando para isso, ou só operários, ou operários e máquinas;
2º Fornecer, em épocas diferentes, géneros, quer a particulares, quer ao Estado, mediante preço convencionado;
3º Agenciar negócios ou leilões por conta de outrem em escritório aberto ao público,e mediante salário estipulado;
6º Edificar ou construir casas para outrem com materiais subministrados pelo empresário;
7º Transportar, regular e permanentemente, por água ou por terra, quaisquer pessoas,animais,alfaias ou mercadorias de outrem.
§ 1º Não se haverá como compreendido no nº 1º o proprietário ou o explorador rural que apenas fabrica ou manufactura os produtos do
terreno que agriculta acessoriamente à sua exploração agrícola, nem o artista, industrial, mestre ou oficial de ofício mecânico que exerce
directamente a sua arte, indústria ou ofício, embora empregue para isso,ou só operários, ou operários e máquinas.
§ 2º Não se haverá como compreendido no n.º 2º o proprietário ou explorador rural que fizer fornecimento de produtos da
respectiva propriedade.
§ 3º Não se haverá como compreendido no n.º 5º o próprio autor que editar,publicar ou vender as suas obras.”
O direito comercial consagra uma ampla liberdade de prova das declarações negociais.
Exemplos:
2. Solidariedade passiva
3. Prescrição
O artigo 317.º alínea b) do Código Civil. “Prescrevem no prazo de dois anos:
b) Os créditos dos comerciantes pelos objetos vendidos a quem não seja comerciante ou os não destine ao seu comércio (...)”.
Prazo de prescrição presuntiva, de dois anos;
O prazo ordinário de prescrição é de 20 anos - art. 309.º do Código Civil)
4. Juros
Artigo 102.º do Cód. Com. - Princípio do decurso e contagem de juros nas dívidas comerciais.
A) JUROS LEGAIS
Taxa anual de juros legais: 4% (desde 01/05/2003) – Portaria n.º 291/2003, de 08/04;
Taxa supletiva de juros moratórios para créditos de que sejam titulares empresas comerciais
Corresponde à taxa de juro aplicada pelo BCE à sua mais recente operação principal de refinanciamento acrescida de 7 pontos percentuais – art.
102º, § 3º e 4º, do Cód. Com. Desde 01/07/2017 é de 7%.
Taxa supletiva de juros moratórios para créditos de empresas comerciais e emergentes de transações comerciais entre empresas
Corresponde à taxa de juro aplicada pelo BCE à sua mais recente operação principal de refinanciamento acrescida de 8 pontos percentuais – art.
102º, § 5º, do Cód. Com. (redação do DL n.º 62/2013, de 10 de maio).
2º semestre de 2021: 8%
Taxa aplicável aos créditos representados por letras, livranças e cheque: 6% (art. 48º LULL e 45º LUCH).
B) JUROS CONVENCIONAIS
A taxa de juros deve ser fixada por escrito (art. 102º, § 1º);
Juros usurários (art. 559.º-A e 1146.º do Código Civil);
Proibição do anatocismo (art. 560.º Cód. Civil):
Proibição do anatocismo (art. 560.º Cód. Civil): “Para que os juros vencidos produzam juros é necessária convenção
posterior ao vencimento” ou após “notificação judicial feita ao devedor para capitalizar os juros
vencidos ou proceder ao seu pagamento sob pena de capitalização”.
Estas regras não são aplicáveis se forem contrárias a regras ou usos particulares do comércio - n.º 3
Quando se vençam juros de mora, o credor tem direito a receber do devedor um montante mínimo de € 40, sem necessidade de interpelação, a
título de indemnização pelos custos de cobrança da dívida, sem prejuízo de poder provar que suportou custos razoáveis que excedam aquele
montante (art.7.º);
Recurso à injunção, independentemente do valor (art. 10º).
Artigo 1691.º
(Dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges)
1. São da responsabilidade de ambos os cônjuges:
(...)
d) As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges no exercício do comércio, salvo se se provar que não foram contraídas em proveito comum do
casal ou se vigorar entre os cônjuges o regime de separação de bens;”
Os art.s 1691.º n.º 1 d) do CC e 15.º do Cód. Com. visam alargar a garantia patrimonial do credor do comerciante.
• O credor do comerciante apenas carece de provar:
a) que a dívida é comercial;
b) que o devedor é comerciante;
c) que o comerciante está casado num regime de comunhão
Artigo 1695.º (Bens que respondem pelas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges)
1. Pelas dívidas que são da responsabilidade de ambos os cônjuges respondem os bens comuns do casal, e, na falta ou insuficiência deles,
solidariamente os bens próprios de qualquer dos cônjuges
B) Dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges -arts. 1692.º e 1696.º do Cód. Civil
Artigo 1692.º (Dívidas da responsabilidade de um dos cônjuges)
São da responsabilidade do cônjuge a que respeitam:
a) As dívidas contraídas, antes ou depois da celebração do casamento, por cada um dos cônjuges sem o consentimento do outro, fora dos casos
indicados nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo anterior;
Artigo 1696.º (Bens que respondem pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges)
1. Pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges respondem os bens próprios do cônjuge devedor e, subsidiariamente, a sua
meação nos bens comuns;
Em suma: a profissionalidade implica a existência de uma organização do comerciante – isto é de uma empresa.
3. Exercício do comércio em seu próprio nome
-Exercício pessoal, independente e autónomo do comércio.
A MATRÍCULA DO COMERCIANTE
A matrícula (isto é, a inscrição no registo comercial) é obrigatória para todos os comerciantes (art. 18.º do Cód.Com.).
Contudo, a matrícula não é condição necessária nem suficiente para a aquisição da qualidade de comerciante.
A matrícula constitui apenas uma presunção (ilidível) da qualidade de comerciante - art. 11.º do Cód. Reg. Comercial.
Artigo 11.º
(Presunções derivadas do registo)
1- O registo por transcrição definitivo constitui presunção de que existe a situação jurídica, nos precisos termos em que é definida.
I – Firma
É um elemento obrigatório para todos os comerciantes (em nome individual ou sociedades comerciais).
É um sinal distintivo do comércio, a par do logótipo (para entidades, estabelecimentos, etc.) e da marca (para produtos e serviços).
É constituída por uma expressão verbal, sujeita aos seguintes princípios:
PRINCÍPIO DA VERDADE
Os elementos da firma devem ser verdadeiros e não induzir em erro sobre a identificação, natureza ou atividades do seu titular - art. 32.º;
A transmissão da firma só é possível com a transmissão do estabelecimento comercial, havendo acordo de ambas as partes e a firma incluir uma
referência à sucessão - art. 44.º
PRINCÍPIO DA NOVIDADE OU EXCLUSIVIDADE
Assegurar a função distintiva das firmas - devem ser insusceptíveis de confusão ou de erro com outras já registadas para o mesmo âmbito de
exclusividade – art. 33.º .
Âmbito territorial de proteção da firma:
-Comerciantes em nome individual: âmbito territorial da conservatória do registo comercial competente.
-Sociedades: âmbito nacional
PRINCÍPIO DA UNIDADE
Cada comerciante apenas pode possuir uma única firma que o
identifique – art. 38.º
Proteção da firma:
proibição do uso ilícito da firma
responsabilidade civil - reparar os danos causados
responsabilidade criminal - concorrência desleal
II - Escrituração mercantil
Artigos 29.º a 44.º do Cód. Com.
Registo dos factos e operações comerciais relevantes.
“Todo o comerciante é obrigado a ter escrituração mercantil efectuada de acordo com a lei.”
Escrituração mercantil
Funções da escrituração comercial:
Dar a conhecer as operações comerciais e a situação patrimonial do comerciante;
Meio de prova dos factos neles registados (art. 44.º do Cód. Com.);
Meio de verificação da conduta do comerciante (ex.: para efeitos de insolvência culposa ou negligente – art. 227.º n.º 1 do Cód. Penal);
Base para a liquidação de impostos.