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Sociedades Comerciais

1. Noção de Sociedade Comercial

Não existe na nossa legislação uma noção de sociedade. Este termo “sociedade” pode
ser entendido como uma entidade (art. 1ºCSC) ou como um ato jurídico (art. 980ºCC). De acordo
com o art. 1º/2CSC “São sociedades comerciais aquelas que tenham por objeto a prática de atos
de comércio e adotem o tipo de sociedade em nome coletivo, de sociedade por quotas, de
sociedade anónima, de sociedade em comandita simples ou de sociedade em comandita por
ações ”, portanto diz-nos apenas quando uma sociedade é comercial, não nos diz o que é uma
sociedade, em concreto. Assim, teremos de partir da noção de contrato de sociedade prevista
no art. 980ºCC para daí retirarmos os elementos da noção de sociedade, tendo, porém, em
atenção a necessidade de adaptar esses elementos à realidade atual, principalmente no que diz
respeito às sociedades cuja constituição não assenta num contrato mas sim num negócio
jurídico unilateral, como é o caso das sociedades unipessoais.
O art. 980ºCC define o contrato de sociedade como “aquele em que duas ou mais
pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de certa
actividade económica, que não seja de mera fruição, a fim de repartirem os lucros resultantes
dessa actividade”. Desta noção podemos retirar os seguintes elementos da noção se sociedade:
a) agrupamento de pessoas; b) o fundo patrimonial; c) o objeto e d) o fim. Vamos analisar de
seguida, cada um destes elementos, terminando com a formulação de uma noção de sociedade.

a) Agrupamento de pessoas
A celebração de um contrato de sociedade pressupõe a existência de duas ou mais
pessoas, ou seja, a característica da pluripessoalidade. No entanto, isto nem sempre é assim, no
nosso CSC (art. 7º/2) são admitidas sociedades cuja constituição não assenta num contrato de
sociedade, mas sim num negócio jurídico unilateral, referimo-nos às sociedades unipessoais.
Portanto, ao contrário do que acontece na noção de contrato de sociedade, na noção de
sociedade não prevalecerá a característica da pluripessoalidade, uma vez que temos de incluir
nela as sociedades unipessoais que são constituídas apenas por uma pessoa (singular ou
coletiva).

Tipos de sociedades unipessoais:

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1 – Sociedades unipessoais de capitais públicos – criadas pelo Estado através de lei ou
decreto-lei, ou seja, são originariamente unipessoais, pois são criadas como tal.
Ex: Centro Cultural de Belém – criado pelo Decreto-lei nº 98-A/99
2 – Sociedades unipessoais transitórias – art. 142º/1 e 464º/3 CSC - são
supervenientemente unipessoais porque são constituídas com vários sócios mas por algum
motivo (morte de sócio ou venda da participação de sócio) ficam reduzidas a um número de
sócios inferior ao legalmente exigido, neste caso um único sócio, o que se se verificar por
período superior a um ano permite a dissolução administrativa da sociedade, a pedido da
administração ou deliberação dos sócios.
3 – Sociedades unipessoais por quotas – arts. 270º-A a 270º-G CSC – permite-se a
constituição de uma sociedade por quotas apenas com um único sócio (pessoa singular ou
coletiva), que é o titular da totalidade do capital social, sendo portanto originariamente
unipessoal – art. 270º-A/1 CSC; mas também podem existir sociedades por quotas
supervenientemente unipessoais, são aquelas que foram constituídas por dois ou mais sócios,
mas posteriormente ficam reduzidas apenas a um sócio, no qual fica concentrada a titularidade
de todas as quotas – art. 270º-A/2 CSC. Também o Estabelecimento Individual de
Responsabilidade Limitada pode ser transformado em sociedade unipessoal por quotas.
Uma pessoa singular ó pode ser sócia de uma única sociedade unipessoal por quotas e
uma sociedade unipessoal por quotas não pode ter como único sócio outra sociedade unipessoal
por quotas – art. 270º-C CSC. Além disso, a sociedade unipessoal por quotas pode ser modificada
para sociedade por quotas com pluralidade de sócios através da divisão e cessão de quotas ou
através de aumento de capital – art. 270º-D CSC.
A estas sociedades aplica-se subsidiariamente o regime das sociedades por quotas.
4 – Situação de domínio total ou sociedades anónimas unipessoais – arts. 488º e 489º
CSC – os arts. 481º e 488º CSC permitem que uma sociedade por quotas, anónima ou em
comandita por ações constitua uma sociedade anónima de cujas ações é inicialmente a única
titular, neste caso, dá-se o nome de domínio total inicial, porque as ações da sociedade anónima
são detidas apenas pela sociedade que a criou. Pode também acontecer que o domínio total
seja superveniente por inexistência de outros sócios – art. 489º CSC, nesse caso a sociedade
dominante forma um grupo com a sociedade anónima unipessoal dominada, a não ser que
delibere dissolver ou vender as ações da sociedade anónima unipessoal.

b) Património próprio

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Qualquer sociedade tem de ter um património próprio, o qual inicialmente será
constituído, pelo menos, pelos direitos correspondentes às obrigações de entrada dos sócios.
De acordo com o art. 20º, a) CSC, todos os sócios são obrigados a entrar para a sociedade
com bens ou, quando o tipo de sociedade o permita, com indústria (serviços). Esses bens podem
ser dinheiro ou bens em espécie (ex: imóvel). Nesta matéria, existe uma especificidade
relativamente às entradas de indústria, as quais não são permitidas nas sociedades por quotas,
nas sociedades anónimas nem nas sociedades em comandita por ações – arts. 202º/1 e 277º
CSC, nestas sociedades só são permitidas entradas com bens suscetíveis de penhora, tais como
bens móveis, bens imóveis ou dinheiro. Portanto, os sócios no contrato de sociedade obrigam-
se a entrar para a sociedade com um determinado bem. Acresce que de acordo com o art. 26º
CSC a regra é que estas entradas devem ser realizadas até ao momento da celebração do
contrato de sociedade, no entanto, o mesmo artigo refere ainda que quando a lei o permita, as
entradas podem ser realizadas até ao termo do primeiro exercício económico, a contar da data
do registo definitivo do contrato de sociedade, é o caso do art. 202º/4 CSC relativamente às
sociedades por quotas, ou podem ainda as partes estipular no contrato de sociedade o
diferimento das entradas em dinheiro – arts. 203º/1 e 277º/2 CSC.
Portanto, no início, o património da sociedade é constituído pelas entradas já realizadas
e pelos direitos da sociedade correspondentes às obrigações de entrada ainda não realizadas,
posteriormente vai variando consoante os lucros da sociedade.

c) Objeto da sociedade
O objeto da sociedade é a actividade económica que não seja de mera fruição que o
sócio ou sócios se propõem exercer através da sociedade. Essa actividade económica pressupõe
uma série de atos, ou seja, a produção de bens materiais ou imateriais ou serviços para
interposição nas trocas. Portanto, a actividade exercida por uma sociedade tem de ser uma
actividade económica que gere lucro patrimonial.
Essa atividade económica não pode ser de mera fruição, isto é, as sociedades não podem
ter por objeto atividades de simples desfrute, de mera perceção dos frutos dos bens.
Exemplifiquemos: O Sr. Manuel morre e deixa dois filhos, o João e Joana que herdam uma quinta
e uma padaria. Se ambos acordarem arrendar a quinta e ceder a exploração da padaria, estarão
a exercer uma actividade económica de mera fruição, porque limitam-se a desfrutar dos frutos
dos seus bens; mas se ambos acordarem em explorar eles próprios cada uma das empresas, já
estarão a exercer uma actividade económica que não é de mera fruição e para tal podem
constituir sociedades. Outro exemplo é o do Sr. Carlos que pretende constituir uma sociedade
unipessoal por quotas para comprar um apartamento para arrendar, é óbvio que esta é uma

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atividade económica de mera fruição, pelo que não pode constituir uma sociedade para
prosseguir esta actividade.
Por último, diz-nos o art. 980º CC que a actividade económica deve ser exercida em
comum pelos sócios, ora como vimos já, existem sociedades unipessoais, portanto este
elemento da noção em análise tem de ser adaptado para a realidade atual, pois nas sociedades
unipessoais a actividade é exercida apenas por um sócio.

d) Fim da sociedade
O fim da sociedade é a obtenção de lucros (enquanto incremento patrimonial), através
do exercício da actividade económica, e a sua repartição pelos sócios. Desta forma, as
sociedades distinguem-se das associações e fundações que apesar de terem incremento
patrimonial, uma vez que não têm fim lucrativo não podem repartir pelos associados ou
fundador.
Acontece que, apesar de o fim da sociedade ser a obtenção de lucros, não se impõe
nenhuma obrigação à sociedade de obter lucros, ela apenas deve exercer a sua actividade com
o intuito de gerar lucros, mas isso nem sempre é possível e não é pelo facto de não gerar lucros
que deixa de ser considerada uma sociedade, simplesmente não pode praticar actos contrários
ao seu fim lucrativo.
Além disso, também não existe nenhuma obrigação de a sociedade repartir os lucros,
isso só acontecerá quando os sócios assim o entenderem.

e) Sujeição a perdas
Este é um elemento que não está previsto na noção do art. 980º CC, mas que é
igualmente importante na noção de sociedade, pois de acordo com o art. 22º/3 CSC nenhum
sócio pode ser isentado do risco de perdas. Pode acontecer que os sócios em vez de lucrarem
com a sociedade, percam ou não consigam recuperar o valor das entradas e de outras
prestações que tenham feito à sociedade, é o que acontecerá quando uma sociedade não corre
bem e entra em insolvência antes de ter conseguido repartir lucros suficientes para cobrir as
entradas dos sócios.

Em conclusão, do conceito de contrato de sociedade previsto no art. 980º CC podemos


retirar uma noção de sociedade. Assim, a sociedade será a entidade que, composta por um ou
mais sujeitos, tem um património autónomo para o exercício de actividade económica que não
é de mera fruição, a fim de (em regra) obter lucros e atribuí-los aos(s) sócio(s) – ficando estes(s),
todavia, sujeito(s) a perdas.

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Tratando-se de uma sociedade que pratique atos comerciais, nos termos do Código
Comercial, e adote um dos tipos de sociedades comerciais (sociedade em nome coletivo,
sociedade por quotas, sociedade anónima, sociedade em comandita simples ou sociedade em
comandita por acões) estaremos perante uma sociedade comercial, de acordo com o art. 1º/2
CSC.

2. Tipos de sociedades comerciais


De acordo com o art. 1º/3 CSC para que uma sociedade seja comercial tem de obedecer
a dois requisitos: ter por objeto a prática de atos de comércio e adotar um dos cinco tipos de
sociedades comerciais previstos no CSC.
Existem cinco tipos de sociedades comerciais, as quais têm notas características próprias
e que consistem em formas diferenciadas de regular o funcionamento e relações de uma
sociedade (relações entre sócios, entre os sócios e a sociedade e com terceiros).
O CSC prevê no seu art. 1º as sociedades em nome coletivo (arts. 175º a 196º), as
sociedades por quotas (arts. 197º a 270º-G), as sociedades anónimas (arts. 271º a 464º), as
sociedades em comandita simples (arts. 465º a 477º) e as sociedades em comandita por acções
(arts. 465º a 473º e 478º a 480º).
Os diferentes tipos de sociedades comerciais distinguem-se, desde logo, relativamente
à responsabilidade dos sócios.
Nas sociedades em nome coletivo (responsabilidade ilimitada) – art. 175º - no que diz
respeito à responsabilidade dos sócios perante a sociedade, cada sócio só respondem pela
entrega do valor da sua entrada; em relação à responsabilidade dos sócios perante os credores
da sociedade, os sócios têm responsabilidade ilimitada, por isso respondem com o seu
património pelas dívidas da sociedade, são responsáveis subsidiariamente, o que quer dizer que
os credores só podem exigir o pagamento dos sócios depois de esgotarem o património da
sociedade e são responsáveis solidariamente, o que significa que os credores podem exigir o
pagamento a qualquer dos sócios, ficando o sócio que pagar com direito de regresso sobre os
demais.
Nas sociedades por quotas (responsabilidade limitada) – art. 197º - no que diz respeito
à responsabilidade dos sócios perante a sociedade, cada sócio responde não apenas pela sua
entrada mas também respondem solidariamente por todas as outras entradas que constarem
no contrato social, isto é qualquer sócio pode colocar na sociedade o valor correspondente às
entradas em falta e depois exigir dos restantes a parte que lhes competia pagar; em relação à
responsabilidade dos sócios perante os credores da sociedade, os sócios não respondem pelas
dívidas da sociedade, só o património da sociedade é que responde pelas dívidas da mesma.

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Nas sociedades anónimas (responsabilidade limitada) – art. 271º - no que diz respeito à
responsabilidade dos sócios perante a sociedade, cada acionista só responde pela sua entrada;
em relação à responsabilidade dos sócios perante os credores da sociedade, os acionistas não
respondem pelas dívidas da sociedade, só a sociedade se responsabiliza com o seu património.
Nas sociedades em comandita – art. 465º - existem dois tipos de sócios que têm
responsabilidades diferentes, temos os sócios comanditários e os sócios comanditados. No que
diz respeito à responsabilidade dos sócios perante a sociedade, tanto os sócios comanditários
como os sócios comanditados respondem pelas suas entradas; em relação à responsabilidade
dos sócios perante os credores da sociedade, os sócios comanditários não respondem pelas
dívidas da sociedade, mas os sócios comanditados respondem pelas dívidas da sociedade
subsidiaria e solidariamente. Portanto, aos sócios comanditados aplica-se o regime aplicável aos
sócios das sociedades em nome coletivo, nas restantes matérias, às sociedades em comandita
simples aplica-se o regime das sociedades em nome coletivo – art. 474º e às sociedades em
comandita por ações aplica-se o regime das sociedades anónimas – art. 478º.
Assim, temos sociedades comerciais de responsabilidade ilimitada (sociedades em
nome coletivo e sociedades em comandita relativamente aos sócios comanditados) e
sociedades comerciais de responsabilidade limitada (sociedades por quotas e sociedades
anónimas), nas quais existe uma separação entre o património da sociedade e o património dos
sócios.

3. Constituição de sociedades comerciais


Para que uma sociedade seja constituída tem de haver um ato constituinte, o qual
normalmente é o contrato de sociedade que passa por três momentos: celebração do contrato,
o registo e a publicação. No entanto, nem sempre é assim, pois existem outras formas de
constituir sociedades comerciais.

a) Sociedades Unipessoais
No caso das sociedades unipessoais – arts. 270º-A e 488º - o ato constituinte não é um
contrato de sociedade mas sim um negócio jurídico unilateral pois só existe um sócio (uma única
parte).
b) Constituição de sociedades pelo Estado
As sociedades anónimas podem ainda ser constituídas através de lei ou decreto-lei pelo
Estado.
c) Empresa na Hora

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Outra forma de constituir sociedades é a Empresa na hora prevista no DL 111/2005, de
8 de Julho, modalidade que só é permitida para a constituição de sociedades por quotas e para
as sociedades anónimas.
Tudo é feito no balcão da Conservatória do Registo Comercial. Os sócios têm de escolher
um dos modelos de estatuto disponíveis na Conservatória. Têm também de escolher uma firma
de uma lista de firmas disponíveis e pré-aprovadas ou então ir já munidos de um Certificado de
Admissibilidade de Firma.
O capital social tem de já estar realizado ou ser depositado na conta bancária da
sociedade no prazo de 5 dias úteis.
Depois de pagos os encargos e os impostos e concluído o procedimento, a Conservatória
entrega aos interessados uma certidão do pacto constitutivo e um recibo comprovativo.
No prazo de 24horas, a conservatória faz o registo e promove as publicações, remete
declaração de início de atividade ao serviço de finanças e disponibiliza a informação à
Autoridade para as Condições de Trabalho e à Segurança Social.

d) Sociedade Online
É possível também constituir uma sociedade através da Sociedade Online prevista no DL
125/2006, de 29 de Junho em que todo o processo de constituição da sociedade é feito através
de site na internet. Este procedimento é da competência do Registo Nacional de Pessoas
Coletivas.
Também só é possível constituir sociedades por quotas e sociedades anónimas através
desta modalidade. Não se aplica à constituição de sociedades em que algum sócio entre com
um bem cuja transmissão exija a celebração e escritura pública.
Tudo é feito online, através de autenticação no respetivo site (advogados, notários ou
solicitadores). Os sócios podem escolher uma das firmas disponíveis numa lista de firmas pré-
aprovadas ou apresentar Certificado de Admissibilidade de Firma. Têm de escolher também o
modelo de estatuto ou enviar um por eles elaborado. Têm de preencher um formulário de início
de atividade. Têm de já ter realizado as entradas ou depositar no prazo de 5 dias úteis seguintes.
Pagos os encargos e submetido o pedido é emitido um recibo comprovativo.
O serviço competente regista o pacto constitutivo, faz a comunicação da constituição da
sociedade ao ficheiro central de pessoas coletivas, disponibiliza o código de acesso à certidão
permanente, promove as publicações, disponibiliza as informações ao serviço de finanças, à
Autoridade para as Condições de Trabalho e à Segurança Social e envia a documentação à
Conservatória do Registo Comercial.

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e) Constituição por apelo a subscrição pública
As sociedades anónimas e as sociedades em comandita por ações podem ser
constituídas por apelo a subscrição pública – arts. 279º e 283º.
A constituição é promovida por uma ou mais pessoas (promotores), os quais devem
subscrever e realizar integralmente ações cuja soma do valor nominal perfaça no mínimo
50.000€ e não podem vender essas ações durante dois anos após o registo definitivo da
sociedade.
Depois elaboram um projeto com o número de ações não subscritas destinadas à
subscrição pelo público, efetuam o registo provisório elaboram o programa da oferta e lançam
a oferta à subscrição pública durante um determinado período de tempo. Findo esse período de
tempo duas situações podem acontecer:
- subscrição incompleta (art. 280º CSC) – se as ações não tiverem sido todas subscritas,
os promotores podem cancelar o registo provisório e publicam um anúncio a avisar os
subscritores para levantarem as suas entradas.
Nesta situação, podem ainda assim deliberar a constituição da sociedade se tiverem sido
subscritas, pelo menos, ¾ das ações destinadas à subscrição pelo público, mas apenas se essa
possibilidade estivesse prevista no programa da oferta à subscrição pública.
- subscrição completa (art. 281º CSC) – se todas as ações tiverem sido subscritas,
convocam a assembleia de todos os subscritores, na qual cada sócio tem direito a um voto. Nesta
assembleia, deliberam a constituição da sociedade, elaboram os estatutos e fazem as
designações para os órgãos sociais.

Só a partir do registo definitivo é que as sociedades comerciais passam a ter


personalidade jurídica – art. 5º.

Processo tradicional de constituição de uma sociedade


O processo de constituição de uma sociedade tem de passar por várias etapas.
1º - Escolha da firma
Para a constituição de uma sociedade é obrigatório requerer previamente o Certificado
de Admissibilidade de Firma ao Registo Nacional de Pessoas Coletivas – art. 6º, a) RRNPC – para
tal tem de ser feita uma pesquisa para saber se não existem firmas iguais ou idênticas. Se o
pedido vier deferido, é atribuído um número de identificação (NIPC) e a sociedade pode ser
constituída em três meses, mas se vier indeferido pode requerer novo Certificado com outro
nome no prazo de 10 dias.
É atribuído o número de identificação (NIPC).

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Pode ser feito um registo provisório que tem a validade de um ano – art. 65º/1 CRCom
2º - Celebração do contrato de sociedade
Se o contrato de sociedade for celebrado por escritura pública, têm de escolher um dos
modelos de pacto social disponíveis no Cartório Notarial ou utilizar uma minuta própria a qual
fica sujeita a validação do notário.
Se o contrato de sociedade for celebrado por documento particular com
reconhecimento de assinaturas, o pacto social é livremente elaborado pelos futuros sócios com
elementos exigidos pela lei.
Se o contrato de sociedade for celebrado por escritura pública, depois de aprovada a
firma, faz-se a marcação da escritura e devem juntar os seguintes documentos: formulário para
abertura do processo, o pacto social, o certificado de admissibilidade de firma aprovado e
fotocópia dos cartões do cidadão ou BI e NIF dos outorgantes. De seguida o capital social deve
ser depositado em conta em nome da sociedade. A escritura é celebrada no dia e hora marcados
no Cartório, tendo de estra presentes todos os sócios. Celebrada a escritura, devem proceder
ao registo no Registo Comercial no prazo de dois meses, sob pena de coima – arts. 3º/1, a) e
15º/1 CRCom.
Se o contrato de sociedade for celebrado por documento particular com
reconhecimento das assinaturas, depois de aprovada a firma, deve ser feito o depósito do capital
social numa conta bancária em nome da sociedade e deve ser elaborado o pacto social. Depois
de elaborado o pacto social, o mesmo deve ser registado no Registo Comercial no prazo de 2
meses sob pena de coima. Para o registo são necessários os seguintes documentos: pacto social,
cartões do cidadão ou BI e NIF dos sócios, o guia comprovativo do depósito do capital social e o
formulário para registo. Se as assinaturas já estiverem reconhecidas, basta ir um dos sócios-
gerentes ou o gerente, para fazer o registo. Se as assinaturas não estiverem reconhecidas têm
de ir todos os sócios para que seja feito o reconhecimento na Conservatória do Registo
Comercial.
Só após o registo comercial da sociedade é que a mesma adquire personalidade jurídica
e como tal considera-se sociedade – art. 5º CSC.
3º - Registo
De seguida, no prazo de 2 meses, é feito o registo do contrato de sociedade na
Conservatória do Registo Comercial arts. 3º/1, a), 15º/1 e 2 e 17º/1 CRCom.
Só a partir do registo comercial da sociedade é que a mesma adquire personalidade
jurídica e com tal é reconhecida com sociedade. – art. 5º CRCom.
4º - Publicação

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Feito o registo do pacto social, ele é obrigatoriamente publicado em sítio da Internet de
acesso público (Diário da República eletrónico) para permitir o conhecimento geral da
constituição daquela sociedade e para que todos os interessados possam ter acesso ao conteúdo
do pacto social. – arts. 70º e 71º CRCom e 167º CSC
5º - Declaração de início de atividade
No prazo de 15 dias após o registo, os empresários (sócios) têm de entregar a declaração
de início de atividade para efeitos fiscais nas Finanças. Podem fazê-lo de duas formas: se
indicaram previamente um TOC, ele pode fazê-lo via internet, senão preenchem o impresso
disponível na Direção Geral dos Impostos que deve ser assinado pelo TOC e pelo sócio e
entregam nas Finanças.
Art. 72º-A CRCom – a conservatória deve comunicar às finanças.
6º - Inscrição na Segurança Social
Normalmente, a inscrição na segurança social, processa-se automaticamente por
transferência eletrónica de dados entre entidades. No entanto, à cautela devem sempre
deslocar-se à segurança social para saber se já têm essa informação, pois nem sempre as
entidades trocam as informações necessárias.

Personalidade Jurídica das sociedades comerciais


De acordo como art. 5º CSC, a sociedade adquire personalidade jurídica com o registo
definitivo do contrato de sociedade, ou seja, passa a ser considerada pessoa coletiva, sujeito de
direitos e obrigações. É portanto uma pessoa diferente dos sócios que a constituem, tem nome,
autonomia, património, órgãos próprios, capacidade de gozo e de exercício de direitos, por isso
poderá ser responsabilizada pelos seus atos.

Capacidade Jurídica das sociedades comerciais


De acordo com o art. 6º/1CSC, todos os direitos e obrigações que sejam indispensáveis
ou úteis à prossecução do seu fim (intuito de obter lucros para repartir pelos sócios) estão
abrangidos pela capacidade jurídica da sociedade. A sociedade tem capacidade de gozo porque
é sujeito de direitos e obrigações e capacidade de exercício porque tem aptidão para atuar
juridicamente, exercendo os seus direitos e cumprindo as suas obrigações, sendo que as
sociedades atuam através dos seus órgãos de administração.
No entanto, nos termos do art. 6º/4CSC o objeto da sociedade (atividade económica
exercida) não limita a capacidade jurídica da mesma, ele apenas estabelece limites à atuação
dos órgãos da sociedade, os quais podem incorrer em responsabilidade civil. Por exemplo: uma
sociedade de comércio de têxteis compra um prédio para arrendar. Este ato está fora do objeto

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da sociedade porque não é essa a sua actividade económica, mas não é nulo porque a sociedade
tem capacidade para praticar este ato pois ele não é contrário ao seu fim que é o intuito
lucrativo.
Assim, se o fim da sociedade é a obtenção de lucros para repartição pelos sócios, à
partida os atos gratuitos, pelos quais a sociedade dá a outrem uma prestação ou vantagem sem
contrapartida estão fora da capacidade jurídica da sociedade, e se forem praticados esses atos
são nulos por serem contrários ao seu fim lucrativo. No entanto, há atos gratuitos que podem
entrar na capacidade da sociedade e por isso as sociedades podem praticá-los se eles se
revelarem necessários ou convenientes à obtenção de lucros.
É o caso de:
1 – Liberalidades (doações) – art. 6º/2 CSC
As liberalidades com fim interesseiro são compatíveis com o fim lucrativo da sociedade
e por isso entram na sua capacidade jurídica
Ex: as doações para promover a venda dos produtos (brindes), melhorar a
produtividade, acreditar o nome e a imagem (patrocínios), obter benefícios fiscais (donativos a
iniciativas culturais e desportiva), etc.

2 - Prestação de garantias a dívidas de outras entidades – art. 6º/3 CSC


Este artigo começa por dizer que a prestação de garantias é contrária ao fim lucrativo
da sociedade. Exemplos de garantias são a fiança, a hipoteca, o penhor, etc. No entanto, este
artigo estabelece duas exceções em que as sociedades podem prestar garantias a outras
entidades por ser conveniente ao fim lucrativo.
a) “haver justificado interesse próprio da sociedade garante”
Quando a sociedade garante tem interesse na prestação da garantia, satisfazendo com
isso o desejo de todos os sócios de obter lucros.
Exemplo: A sociedade A pode constituir uma hipoteca a favor de um banco para garantir
uma dívida da sociedade B como forma desta sociedade B conseguir financiar-se e poder
continuara a ser a principal cliente da sociedade A. Pois, é do interesse da sociedade A que a
sociedade B continue a exercer a sua actividade, uma vez que é um dos seus principais clientes.
Atenção porque o interesse em causa tem de ser da própria sociedade garante, o
interesse dos sócios que seja alheio à sociedade não é relevante. A sociedade A não pode prestar
garantia à sociedade B só porque é composta pelos mesmos sócios, se não tiver qualquer
interesse na sociedade B, pois isso prejudica os credores sociais.

b) “se se tratar de sociedade em relação de domínio ou de grupo”

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Desde que se encontrem em relação de domínio (quando uma sociedade tem uma
determinada percentagem do capital da outra que lhe permite controlá-la) ou em relação de
grupo é sempre possível a prestação de garantia porque se entende que há um interesse do
grupo.

Elementos do contrato de sociedade


O contrato de sociedade deve sempre respeitar os requisitos que deve observar de
acordo com o CSC.
O contrato de sociedade deve ser reduzido a escrito e as assinaturas dos subscritores
devem se reconhecidas presencialmente, salvo se forma mais solene for exigida para a
transmissão dos bens com que os sócios entram para a sociedade – art. 7º/1 – isto é, se os sócios
entrarem para a sociedade com bens cuja transmissão exija forma mais solene (ex. se um sócio
entrar para a sociedade com um imóvel é exigida uma escritura pública), o contrato de
sociedade deve seguir essa mesma forma.
O mínimo de partes de um contrato de sociedade estabelecido no art. 7º/2 é pelo menos
dois, no entanto estabelecesse exceções para quando a lei exigir número superior ou permita
que a sociedade seja constituída só com uma pessoa. Nas sociedades em nome coletivo e nas
sociedades em comandita simples o mínimo de sócios são dois – at. 7º/2; nas sociedades por
quotas pode ser só um sócio, no caso das unipessoais – art. 270º-A/1; nas sociedades anónimas
existem três situações diferentes: se for unipessoal pode ser só um sócio – art. 488º, se o sócio
maioritário for o Estado ou empresa pública podem ser dois e nos demais casos tem de ser um
mínimo de cinco sócios – art. 273º/5; e nas sociedades em comandita por ações o mínimo de
sócios é de cinco – art. 479º.
No que diz respeito à participação dos cônjuges em sociedades comerciais, dispõe o art.
8º/1 que é permitida a constituição de sociedades entre cônjuges, bem como a participação
destes em sociedades, desde que apenas um deles assuma responsabilidade ilimitada. Portanto,
podemos concluir que os cônjuges podem participar (como sócios) em sociedades por quotas,
em sociedades anónimas e em sociedades em comandita simples e por ações, desde que nestas,
sejam ambos sócios comanditários (responsabilidade limitada) ou apenas um deles seja sócio
comanditado (responsabilidade ilimitada). Não podem constituir nem participar
simultaneamente em sociedades em nome coletivo, uma vez que os sócios destas sociedades
têm responsabilidade ilimitada.

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Os elementos que um contrato de sociedade deve conter estão previstos no art. 9º, mas
estes são apenas os elementos obrigatórios gerais, para além destes existem ainda elementos
obrigatórios específicos de cada tipo de sociedade que estão previstos nos respetivos capítulos
e existem também os elementos facultativos.

Elementos obrigatórios gerais – art. 9º


a) A identificação dos sócios – se forem pessoas singulares deve constar no contrato de
sociedade o seu nome, estado civil, nome do cônjuge, regime de bens, naturalidade e morada;
se forem pessoas coletivas deve constar no contrato de sociedade as informações previstas no
art. 171º/1 e 2, nomeadamente, a firma, o tipo, a sede, a conservatória do registo onde se
encontra matriculada, o nº de matrícula e de identificação de pessoa coletiva (NIPC), e se se
tratar de sociedade anónima, sociedade por quotas ou em comandita por ações e o seu capital
próprio for igual ou inferior a metade do capital social, deve ainda constar no contrato de
sociedade o capital social, o montante de capital realizado e o montante do capital próprio
segundo o último balanço aprovado.
b) O tipo de sociedade – deve constar qual dos cinco tipos de sociedades comerciais
pretendem adotar.
c) A firma da sociedade – ou seja, o nome que vai ser dado à sociedade e que deve
obedecer às regras de constituição de firmas. SNC – art. 177º; SQ – art. 200º, SUQ – art. 270º-B,
SA – art. 275º, SCS – art. 467º/1 e SCA – art. 467º/1.
d) Objeto da sociedade – art. 11º - devem ser indicadas as atividades económicas que
os sócios propõem que a sociedade venha a exercer e devem ser indicadas concretamente, não
bastam indicações genéricas (ex: qualquer atividade comercial ou industrial). Esta
obrigatoriedade justifica-se pela necessidade de tutela de vários interesses, designadamente, os
sócios devem conhecer a atividade onde vão investir; os órgão sociais (administração) não
podem fazer nem decidir nada que esteja fora do objeto social; além disso, a natureza civil ou
comercial é determinada pelo tipo de atividades exercidas, por isso é necessário constar do
contrato qual a atividade que a sociedade vai exercer para se qualificar como civil ou comercial.
A falta de indicação do objeto provoca a nulidade do contrato de sociedade, nos termos do art.
280º CC.
Relativamente a este elemento do contrato de sociedade, o art. 6º/4 dispõe que o
objeto da sociedade impõe aos órgãos da sociedade o dever de não excederem esse objeto ou
de não praticarem atos contrários ao mesmo, sob pena de violarem um dever e em
consequência sofrerem sanções. Nas sociedades em nome coletivo e nas sociedades em

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comandita simples – art. 192º/2 e 3 – os órgãos sociais não têm poderes de representação para
a prática de atos fora do objeto social e como tal se praticarem este tipo de atos, eles serão
ineficazes em relação à sociedade, a não ser que os sócios os ratifiquem por deliberação
unânime; nas sociedades por quotas, sociedades anónimas e sociedades em comandita por
ações – arts. 260º/1 e 2 e 409º/1 e 2 – os órgão sociais têm poderes para vincularem a sociedade
por atos alheios ao objeto social, no entanto, a sociedade pode invocar a ineficácia em relação
a ela se provar que o terceiro com quem foi celebrado o negócio, sabia que aquele ato estava
fora do objeto social, mas isto só se os sócios não assumirem o negócio por deliberação.
e) A sede – art. 12º - a qual deve ser estabelecida em local concretamente definido
(localidade, rua, nº, andar, freguesia e concelho). Aqui temos de fazer uma distinção entre sede
social ou estatutária e a sede principal e efetiva da administração. A sede social ou estatutária é
aquela que deve constar no contrato de sociedade, é o local concretamente definido onde a
sociedade se considera situada para todos os efeitos jurídicos, nomeadamente para efeitos do
direito à informação dos sócios – arts. 181º/1, 214º/1 e 288º/1; para as assembleias gerais –
arts. 377º, a), 189º/1 e 248º/1; para determinar o tribunal competente para resolução de litígios
– art. 65º CPC. A sede principal e efetiva da administração é o lugar onde são tomadas e
mandadas executar as decisões de gestão da sociedade – onde funciona o órgão de
administração, sendo que é a sede principal e efetiva da administração que determina qual é a
lei pessoal das sociedades – art. 3º. A lei pessoal da sociedade é a lei que regula a sua capacidade,
constituição, funcionamento, a competência dos órgãos, os direitos e deveres dos sócios, a
responsabilidade da sociedade e dos seus órgãos, etc.
Normalmente, a sede social ou estatutária e a sede principal e efetiva da administração
situam-se no mesmo local, mas pode acontecer que se situem em países diferentes. No entanto,
o art. 3º/1 estabelece que uma sociedade com sede social em Portugal e com sede da
administração no estrangeiro, não pode opor a terceiros a sua sujeição a lei diferente da lei
portuguesa. O art. 3º/2 dispõe que uma sociedade que transfira para Portugal a sua sede da
administração, mantém a personalidade jurídica se a lei pela qual se regia o permitir, mas deve
conformar o seu contrato social com a lei portuguesa; contrariamente, se uma sociedade com
sede da administração em Portugal a transferir para outro país, mantém a personalidade se a
lei do país para onde for transferida o permitir.
A sede da sociedade só pode ser alterada por deliberação social, a qual tem de ser
tomada pelo menos com 75% dos votos correspondentes ao capital social – art. 3º/5.
f) O capital social – é o valor representativo da soma dos valores nominais das
participações sociais fundadas em entradas em dinheiro e/ou espécie, o qual não se confunde
com o património social líquido. No início o património da sociedade é constituído pelo menos,

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pelos direitos correspondentes às obrigações de entrada, mas depois vai variando ao longo da
vida da sociedade, portanto, inicialmente o património da sociedade e o capital social hão-de
ser equivalentes mas depois irão divergir, pois o património é variável, pode aumentar ou
diminuir, enquanto o capital social é um valor fixo que representa a soma dos valores nominais
das participações sociais e só pode ser alterado por procedimentos especiais.
O capital social funciona como uma garantia dos credores, pois a lei proíbe a sociedade
de atribuir aos sócios, bens sociais necessários à cobertura do capital social e reservas
indisponíveis – art. 32º/1 - ou seja, estabelece uma proibição de o património social líquido se
tornar inferior ao valor do capital social e reservas legais em virtude de distribuição pelos sócios.
O art. 34º/1 prevê que os sócios que receberem a título de lucros importâncias cuja distribuição
não era permitida pela lei, conhecendo a irregularidade da distribuição, são obrigados a restituir
à sociedade essas importâncias. O art. 35º/1 impõe aos gerentes o dever de convocar de
imediato uma assembleia geral para informar os sócios quando tomem conhecimento de que
metade do capital social se encontra perdido ou quando tenham razões para admitir que essa
perda se verificará. Além disso, o art. 171º/2 estabelece o dever de as sociedades anónimas, por
quotas e em comandita por ações indicarem em todos os contratos, correspondência,
publicações, anúncios e em toda a atividade externa, o seu capital social, o montante do capital
realizado e o montante do capital próprio segundo o último balanço aprovado, quando o seu
capital próprio for igual ou inferior a metade do capital social.
Vimos já que o capital social é constituído pela soma dos valores nominais das
participações sociais que resultaram de entradas em dinheiro e/ou espécie, sendo que de
acordo com o art. 25º/1 o valor nominal da participação social nunca pode ser superior ao valor
da entrada, tem de ser inferior ou igual. Vamos então ver como o capital social é constituído em
cada tipo de sociedade.
Nas sociedades em nome coletivo – art. 178º - as participações sociais têm o nome de
partes. Neste tipo de sociedades podem existir entrada em dinheiro, em espécie ou em
indústria, no entanto para efeitos de capital social só contam as entradas em dinheiro, pelo que
se numa sociedade deste tipo, todas as entradas forem em indústria, a sociedade não terá
capital social, tal como refere o art. 9º, f) na exceção estabelecida, daí não ser estabelecido um
valor mínimo de capital social para este tipo de sociedades.
Nas sociedades por quotas – art. 201º - as participações sociais têm o nome de quotas.
O capital social é livre, ou seja, não é estabelecido um valor mínimo de capital social, a lei apenas
refere que o capital social nestas sociedades é livremente fixado no contrato de sociedade e
corresponde à soma das quotas dos sócios. Acresce que o art. 219º/3 estipula que as quotas dos
sócios podem ter valores diferentes mas não podem ser de valor inferior a 1€, desta forma o

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valor mínimo do capital social das sociedades por quotas é 2€ ou 1€ se se tratar de uma
sociedade unipessoal por quotas.
Nas sociedades anónimas – art. 276º - as participações sociais têm o nome de ações. É
estabelecido o valor mínimo de 50.000€ para o capital social destas sociedades. Este tipo de
sociedades podem ter ações com valor nominal, o qual não pode ser inferior a 1 cêntimo ou
ações sem valor nominal, sendo que no caso destas o valor relevante para efeitos de capital
social é o valor de emissão.
Nas sociedades em comandita simples – arts. 474º e 178º - aplica-se o regime previsto
para as sociedades em nome coletivo.
Nas sociedades em comandita por ações – arts. 478º e 276º - aplica-se o regime previsto
para as sociedades anónimas.
g) A quota de capital, natureza da entrada de cada sócio e pagamentos efetuados por
conta de cada quota. Deve constar do contrato de sociedade a participação social de cada sócio
correspondente às entradas em dinheiro ou espécie e o respetivo valor nominal de cada
participação social; deve constar ainda a natureza da entrada de cada sócio, isto é, referir se a
entrada de cada sócio é em dinheiro, em espécie ou em indústria – art. 20º, a), sendo que as
entradas em indústria são proibidas nas sociedades por quotas e nas sociedades anónimas –
arts. 202º/1 e 277º. No contrato de sociedade devem ser referidos também os valores que já
foram pagos por conta de cada quota para cumprimento das obrigações de entrada. Isto porque
o art. 26º apesar de estabelecer que as entradas devem ser realizadas até à celebração do
contrato de sociedade, estabelece duas exceções: as entradas podem ser realizadas até ao
termo do primeiro exercício económico, a contar do registo do contrato quando a lei o permita
– art. 202º/4; ou quando a lei o permitir os sócios podem estipular contratualmente o
diferimento das entradas em dinheiro: nas sociedades por quotas – art. 202º/4 e 203º/1 – os
pagamentos devem ser feitos em datas certas simultaneamente e representar frações iguais do
património, e nas sociedades anónimas e sociedades em comandita por ações – art.277º/2 e 3
– só podem ser diferidas as entradas em dinheiro respeitantes a 70% do valor nominal das ações
ou do valor de emissão das ações e tem de ser depositado numa conta em nome da sociedade.
h) Descrição das entradas em espécie e em indústria e seu valor, ou seja, deve ser feita
uma descrição do que se trata cada entrada e o respetivo valor. Nos termos do art. 28º as
entradas em espécie e as entradas em indústria são objeto de um relatório elaborado por um
ROC o qual não pode ter interesses na sociedade em causa, nesse relatório descreve os bens,
identifica o titular, avalia e declara se o valor atinge o valor nominal da participação social
atribuída ao sócio que efetuou a entrada.

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i) A data do encerramento do exercício anual quando o mesmo não coincidir com o ano
civil.

O art. 16º dispõe que devem ainda constar do contrato de sociedade, ainda que não
obrigatoriamente:
- as vantagens especiais concedidas a sócios ou direito especiais – art. 24º - por exemplo,
o direito especial à gerência – art. 257º/3, o direito especial a dois votos por cada cêntimo – art.
250º/2, o direito de ceder a quota sem consentimento da sociedade – art. 229º/2, etc.
- as despesas de constituição.

Para além dos elementos obrigatórios gerais do art. 9º e dos elementos facultativos do
art. 16º, nos capítulos referentes a cada tipo de sociedade são ainda previstos elementos
obrigatórios específicos que também têm de constar no contrato de sociedade.
- Nas sociedades em nome coletivo – art. 176º/1, que não acrescenta nada ao que já é
exigido no art. 9º.
- Nas sociedades por quotas – art. 199º, que apesar de repetir na alínea a) alguns
elementos já exigidos pelo art. 9º, na alínea b) exige a indicação do montante das entradas
realizadas ou a realizar até ao termo do primeiro exercício económico, o qual não pode ser
inferior ao valor nominal mínimo de 1€ e o montante das entradas diferidas.
- Nas sociedades anónimas – art. 272º e 390º/1 – para além dos elementos do art. 9º,
no contrato de sociedade tem de constar ainda o número de ações e o respetivo valor nominal;
as condições particulares a que fica sujeita a transmissão de ações; as categorias de ações que
porventura sejam criadas, com indicação do número de ações e dos direito atribuídos; a
natureza nominativa das ações; o montante de capital realizado e os prazos de realização do
capital apenas subscrito; a autorização para a emissão de obrigações e a estrutura adotada para
a administração e fiscalização e o número de administradores.
Nas sociedades em comandita simples e nas sociedades em comandita por ações – arts.
466º e 472º/2 – deve constar a indicação dos sócios comanditados e dos sócios comanditários
e a especificação se a sociedade é em comandita simples ou em comandita por ações. Nas
sociedades em comandita por ações deve constar ainda os elementos exigidos no art. 272º para
as sociedades anónimas.

Nulidade do contrato de sociedade - arts. 42º e 43º CSC


Depois do registo, o contrato de sociedade pode ser declarado nulo se se verificar
alguma das situações previstas nos arts 42º e 43º

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Tratando-se de sociedade por quotas, sociedade anónima ou sociedade em comandita
por ações vigora o art. 42º, sendo que nos termos do nº 3 as situações referidas na alínea b) do
nº 1 podem ser sanadas através de deliberação social dos sócios evitando assim a nulidade do
contrato de sociedade.
Se se tratar de sociedade em nome coletivo ou sociedade em comandita simples, vigora
o art. 43º, sendo que também aqui, nos termos do nº 3, algumas situações podem ser sanadas
por deliberação social dos sócios.

Alterações ao contrato de sociedade


Depois de constituída a sociedade, o contrato de sociedade só pode ser alterado por
deliberação social (art. 85º/1), cujo quórum deliberativo varia consoante o tipo de sociedade.
Nas sociedades e nome coletivo, o contrato de sociedade só pode ser alterado por
unanimidade dos sócios – art. 194º/1, nas sociedades por quotas as deliberações de alteração
do contrato de sociedade só podem se tomadas por maioria de três quartos dos votos
correspondentes ao capital social ou por número mais elevado estabelecido no contrato de
sociedade – art. 265º/1, nas sociedades anónimas a deliberação sobre a alteração do contrato
de sociedade deve ser aprovada por dois terços dos votos emitidos (art. 386º/3) e nas
sociedades em comandita as deliberações sobre este assunto devem ser tomadas por
unanimidade dos sócios comanditados e dos sócios comanditários que representem, pelo
menos dois terços do capital possuído por estes (art. 476º).

4 – Transmissão das participações sociais


Como vimos já, as participações sociais são o conjunto unitário de direitos e obrigações
atuais e potenciais dos sócios, as quais se designam por partes nas sociedades em nome coletivo,
por quotas nas sociedades por quotas e ações nas sociedades anónimas, sendo que cada um dos
tipos de sociedades comerciais tem regras específicas quanto às formas de transmissão destas
participações sociais quer quanto à transmissão por morte, quer quanto à transmissão entre
vivos.

Transmissão por morte


Nas sociedades em nome coletivo – art. 184º/1 e 2 – se falecer um dos sócios, se o
contrato não determinar diversamente, os sócios podem optar por uma de 3 vias:
- liquidação da parte do sócio falecido com pagamento aos sucessores do respetivo valor

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- dissolução da sociedade, a qual tem de ser deliberada e aprovada por unanimidade -
art. 194º CSC, e comunicada nos 90 dias seguintes à data em que tomaram conhecimento da
morte do sócio;
- continuação na sociedade com o(s) sucessor(es) do falecido, quando estes consintam
expressamente.
Se nos 90 dias posteriores à data em que tomaram conhecimento da morte do sócio,
não for tomada nenhuma decisão, impõe-se a liquidação da parte do sócio falecido aos seus
sucessores.
Nas sociedades por quotas – art. 225º - a regra nas sociedades por quotas é a
transmissão da respetiva quota para os sucessores do falecido sócio, mas de acordo com o art.
225º/1 o contrato de sociedade pode estabelecer que a quota não se transmite para os
sucessores do falecido sócio ou condicionar essa transmissão à observância de determinados
requisitos. Neste caso, a sociedade deve amortizar a quota (arts. 232º e seguintes), adquiri-la
(art. 220º) ou fazê-la adquirir por sócio ou terceiro. Se não tomar nenhuma destas medidas
dentro dos 90 dias seguintes ao conhecimento da morte, a quota considera-se transmitida para
os sucessores – art. 225º/2. O contrato de sociedade pode também condicionar a transmissão
da quota à vontade dos próprios sucessores – art. 226º.
Nas sociedades anónimas – a transmissão por morte das participações sociais rege-se
pelas disposições do direito das sucessões previstas no Código Civil, são livremente
transmissíveis, mas o contrato de sociedade pode estabelecer limitações à transmissão de
acordo com o art. 328º CSC.
Nas sociedades em comandita – no que diz respeito aos sócios comanditados – art.
469º/2, aplica-se o regime previsto para as sociedades em nome coletivo. No que respeita aos
sócios comanditários, nas sociedades em comandita simples – art. 475º aplica-se o regime
previsto para as sociedades por quotas e nas sociedades em comandita por ações – art. 465º/3,
aplica-se o regime previsto para as sociedades anónimas (regras do direito das sucessões).

Transmissão entre vivos


Nas sociedades em nome coletivo – art. 182º/1 – a parte de um sócio só pode ser
transmitida entre vivos com o consentimento expresso dos restantes sócios. A transmissão tem
de ser por escrito.
Nas sociedades por quotas – art. 228º - a transmissão das quotas entre vivos é livre se
for realizada entre cônjuges, ascendentes e descendentes ou entre sócios, mas tem de ser
comunicada à sociedade por escrito. Fora destes casos, ou seja, a transmissão para outras
pessoas que não sejam as referidas anteriormente, só é eficaz para com a sociedade quando

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tenha sido consentida por deliberação social com maioria dos votos emitidos – arts. 230º/2 e
250º/3. A deliberação social através da qual é dado o consentimento da sociedade tem de ser
tomada nos 60 dias seguintes à receção do pedido de consentimento, pois se não o fizer nesse
prazo, a transmissão deixa de depender de consentimento da sociedade – art. 230º/4.
No entanto, estas regras podem ser afastadas pelo contrato de sociedade que pode
restringir ou alargar, nos termos do art. 229º.
De acordo com o art. 231º a sociedade pode recusar o consentimento, mas se se tratar
de um sócio que está na sociedade há mais de três anos, quando a sociedade faz a comunicação
da recusa do consentimento tem de fazer simultaneamente uma proposta de amortização ou
de aquisição da quota – arts. 231º/1 e 3 – a esta proposta o sócio tem de responder no prazo de
15 dias. Ao fazer esta comunicação e a proposta, a sociedade tem de ter cuidado, pois se se
verificar alguma das situações previstas no art. 231º/2 a transmissão torna-se livre e portanto
deixa de depender do consentimento da sociedade.
Nas sociedades anónimas – arts. 328º/1 e 2 e 329º/1 – tratando-se de ações ao portador
são livremente transmissíveis. Se se tratar de ações nominativas, o contrato de sociedade pode
estabelecer limitações à sua transmissão (ex: necessidade de consentimento da sociedade
através de deliberação social – art. 328º/2, a); direito de preferência dos outros acionistas – art.
328º/2, b); ou necessidade de determinados requisitos – art. 328º/2, c)).
Nas sociedades em comandita – relativamente aos sócios comanditados – art. 469º/1 –
a transmissão das suas participações sociais depende de consentimento da sociedade através
de deliberação social. No que diz respeito aos sócios comanditários, nas sociedades em
comandita simples – art. 475º - aplica-se o regime previsto para a transmissão entre vivos nas
sociedades por quotas, nas sociedades em comandita por ações – art. 478º - aplica-se o regime
previsto para a transmissão entre vivos nas sociedades anónimas.

5 - Direitos e obrigações dos sócios


A participação social é um conjunto unitário de direito s e obrigações atuais e potenciais
dos sócios. O titular de uma participação social respeitante a determinada sociedade é sócio
dessa sociedade e como tal, da titularidade dessa participação social decorrem direitos e
obrigações.

Direitos dos sócios - art. 21º


a) Direito a quinhoar nos lucros

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Todo o sócio tem direito a quinhoar nos lucros, isto é, tem o poder de exigir parte dos
lucros (na proporção do valor da respetiva participação social – art. 22º/1), quando os mesmos
sejam distribuídos e de exigir que não seja excluído da comunhão nos lucros. Só pode exigir se
e quando os lucros forem distribuídos (por força de deliberação social) e tendo em conta a
medida da distribuição. Assim, de acordo com o art. 22º/3, é nula a cláusula do contrato de
sociedade, a deliberação dos sócios ou da administração que exclui um sócio dos lucros – arts.
56º/1, d) e 411º/1, c).

b) Direito a participar nas deliberações sociais


As deliberações sociais são decisões tomadas pelo órgão de formação de vontade
(assembleia geral) e juridicamente imputáveis à sociedade. Estas deliberações ´so podem ser
adotadas por uma das formas previstas na lei – art. 53º/1.
A participação do sócio nas deliberações sociais compreende, além do direito a estar
presente nas assembleias e de nelas discutir os assuntos a deliberar, ou do direito a ser
consultado sobre a tomada de deliberações por voto escrito, o direito de votar as propostas, em
assembleia ou fora dela. O direito de voto é o poder que o sócio tem de participar na tomada
de deliberações através da emissão de votos, sendo que a influência de cada sócio na formação
das deliberações é determinada pelo seu poder de voto, o qual por sua vez depende do número
de votos que lhe caiba e do peso dos mesmos na totalidade dos votos. Nas sociedades em nome
coletivo – art. 190º/1 – a cada sócio pertence um voto, mas o contrato social pode dispor de
outra forma; nas sociedades por quotas – art. 250º/1 – cada sócio tem um voto por cada cêntimo
do valor nominal da sua quota, no entanto o contrato social pode atribuir a algum sócio como
direito especial, o voto duplo – art. 250º/2; nas sociedades anónimas – art. 384º/1 – cada sócio
tem um voto por cada ação que possua, mas o contrato social pode dispor de modo diferente,
de acordo com o art. 384º/2; nas sociedades em comandita – art. 472º/2 – é o contrato social
que deve regular, em função do valor nominal das participações sociais, a atribuição de votos
aos sócios, não podendo, o conjunto dos sócios comanditados ter menos de metade dos votos
atribuídos ao conjunto dos sócios comanditários. Porém, existem situações em que os sócios
tendo direito de voto, estão impedidos de o exercer, é o caso das situações de conflito de
interesses entre o sócio e a sociedade – arts. 251º e 384º/6, ou quando um acionista esteja em
mora na realização da entrada em dinheiro – art. 384º/4.

c) Direito à informação
Todo o sócio tem direito a obter informações sobre a vida da sociedade, nos termos da
lei (arts. 181º, 214º a 216º, 288º a 292º, 474º, 478º e 480º) e do contrato social.

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O direito à informação dos sócios pode ser exercido por três modos:
- direito à informação em sentido estrito – é o poder de o sócio fazer perguntas à
sociedade (ao órgão de administração) sobre a vida social e de exigir que ela responda
verdadeira, completa e elucidativamente. Este direito pode ser exercido nas assembleias gerais
ou fora delas. Nas assembleias gerais de todos os tipos de sociedades comerciais, todos os sócios
que nelas participem podem requerer que lhes sejam prestadas informações verdadeiras,
completas e elucidativas que lhe permitam formar opinião fundamentada sobre os assuntos
sujeitos a deliberação – arts. 290º, 189º/1, 214º/7, 474º e 478º. Fora das assembleias gerais,
tratando-se de sócio de sociedade em nome coletivo, de sociedade por quotas, de sociedade
em comandita simples ou sócio comanditado de sociedade em comandita por ações – arts.
181º/1, 214º/1, 474º e 480º - têm o poder de, fora da assembleia geral, exigir do órgão de
administração, informação verdadeira, completa e elucidativa sobre a gestão da sociedade ou
assuntos sociais; tratando-se de sócio de sociedade anónima ou sócio comanditário de
sociedade em comandita por ações – art. 291º e 478º - só os acionistas (um ou mais - agrupados)
cujas ações atinjam 10% do capital social podem solicitar, por escrito, que lhes sejam prestadas,
também por escrito, informações sobre assuntos sociais.
- direito de consulta – é o poder de o sócio exigir à sociedade (órgão de administração)
a exibição dos livros de escrituração e de outros documentos sociais para serem examinados. O
direito de consulta de documentos sociais é amplamente admitido nas sociedades em nome
coletivo, por quotas, em comandita simples e (quanto aos sócios comanditados) em comandita
por ações – arts. 181º/1 e 3, 214º/1, 2 e 4, 474º e 480º - sendo que o sócio pode fazer-se assistir
de um revisor oficial de contas ou de outro perito. Nas sociedades anónimas e nas sociedades
em comandita por ações (quanto aos sócios comanditários) – arts. 288º, 289º e 478º - é
estabelecido um regime mais restrito; os documentos suscetíveis de consulta são só os
enumerados nas alíneas do nº 1 do art. 288 e no art. 289º/1 e 2.
- direito de inspeção – é o poder de o sócio exigir à sociedade o necessário para que
vistorie os bens sociais. Nas sociedades em nome coletivo – art. 181º/4, nas sociedades em
comandita simples – art. 474º, nas sociedades em comandita por ações (quanto aos sócios
comanditados) – art. 480º e nas sociedades por quotas – art. 214/5, este direito compete a
qualquer sócio, o qual no exame dos bens pode fazer-se assistir de um revisor oficial de contas
ou de outro perito, bem como fotografar. Nas sociedades anónimas, no art. 288º não se faz
qualquer menção ao direito de inspeção dos acionistas, portanto deve entender-se que os
acionistas não têm este direito, no entanto, o contrato social pode prevê-lo.

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No entanto, existem casos em que os membros do órgão de administração podem-
devem recusar a informação solicitada por sócios. Quanto a esta questão aplica-se a todos os
tipos de sociedades comerciais, o disposto no art. 290º/2, de acordo com o qual, a recusa da
informação só é possível quando a prestação da mesma possa ocasionar grave prejuízo à
sociedade ou a outra sociedade com ela coligada ou violação do segredo imposto por lei.

d) Direito à designação para os órgãos sociais de administração e fiscalização


O sócio não tem o poder de exigir ou pretender que seja designado, tem é o direito de
não ser excluído da possibilidade de ser designado para o órgão de administração e para o órgão
de fiscalização.

Para além dos direitos gerais previstos no art. 21º, aos sócios podem ainda ser atribuídos
direitos especiais previstos no art. 24º. São direito especiais, os direito atribuídos no contrato
social a certo(s) sócio(s) titulares de ações de certa categoria conferindo-lhes uma posição
privilegiada que não pode em princípio ser suprimida ou limitada sem o consentimento dos
respetivos titulares. Alguns exemplos de direitos especiais: direito especial de um sócio ceder a
sua quota sem necessidade de consentimento da sociedade – arts. 228º/*2 e 229º/2; direito
especial de dois votos por cada cêntimo do valor nominal da quota desse sócio desde que o valor
nominal dessa quota não corresponda a 20% do capital social – art. 250º/2; direito especial à
gerência – art. 257º/3, etc.

Obrigações dos sócios – art. 20º


a) Obrigação de entrada
Quando se constitui uma sociedade, todo o sócio é obrigado a entrar para a sociedade
com bens suscetíveis de penhora ou, nos tipos de sociedade em que tal seja permitido, com
indústria. Serão estes bens que, de certa forma, irão determinar o valor da participação social
de cada sócio e posteriormente do capital social.
Assim, existem três tipos de entradas: entradas em dinheiro, entradas em espécie e
entradas em indústria. Dinheiro é tudo aquilo que é aceite como meio de pagamento, é
sinónimo de moeda (exs. Papel-moeda, cheque, ordem de transferência). Entradas em espécie,
são as entradas com bens diferentes de dinheiro (exs. Imóveis, empresas, coisas corpóreas,
patentes, marcas, créditos, participações sociais). Com as entradas em indústria os sócios
obrigam-se a prestara determinada atividade ou trabalho à sociedade, sendo que só os sócios
de responsabilidade ilimitada (sócios das sociedades em nome coletivo e sócios comanditados
nas sociedades em comandita) é que podem entrar com indústria – arts. 176º/1,a) e b) e 468º;

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nas sociedades por quotas, anónimas e (quanto aos sócios comanditários) em comandita, tendo
em conta a responsabilidade limitada dos sócios, a garantia geral das obrigações sociais
constituída pelos respetivos patrimónios e a frágil consistência das entradas em indústria
(dificilmente avaliáveis e não executáveis especificamente) estas entradas são proibidas por lei
– arts. 202º/1, 277º/1 e 468º.
Para garantir uma correta correspondência entre as entradas em espécie e as
participações sociais e entre estas e o capital social, o art.28º exige a avaliação destas entradas
por um revisor oficial de contas, o qual elabora um relatório onde descreve os bens, identifica
os seus titulares, avalia os bens, indica os critérios utilizados para a avaliação e declara se os
valores encontrados atingem ou não o valor nominal da participação social atribuída ao sócio
que efetuou tal entrada.
Para uma correta formação do capital social, o valor das entradas (em dinheiro ou em
espécie) pode ser igual ou superior, mas não inferior ao valor nominal das correspondentes
participações sociais.
No que diz respeito ao tempo em que as entradas devem ser realizadas dispõe o art. 26º
que a regra é as entradas serem realizadas até ao momento da celebração do contrato, mas
estabelece duas exceções:
- quando a lei o permitir podem ser realizadas até ao termo do primeiro exercício
económico a contar da data do registo definitivo do contrato de sociedade, é o caso das
sociedades por quotas, em que a lei o permite no art. 202º/4, sendo que o valor a realizar até
essa data não pode ser inferior ao valor nominal mínimo da quota (1€) - arts. 199º, b) e 219º/3.
- quanto às entradas em dinheiro, quando a lei o permitir, os sócios podem estipular
contratualmente o seu diferimento, o que é permitido nas sociedades por quotas – art. 203º/1
e nas sociedades anónimas – art. 277º/2. Nas sociedades por quotas, todas as entradas em
dinheiro são diferíveis, salvo o prescrito no art. 199º, b) (realização, no máximo até ao final do
primeiro exercício económico, de 1 euro por cada entrada). Nas sociedades anónimas e em
comandita por ações pode ser diferida a realização de 70% do valor nominal ou do valor de
emissão das ações.

b) Obrigação de quinhoar nas perdas


Todo o sócio é obrigado a quinhoar nas perdas, sendo que nos termos do art. 22º/3 é
nula a cláusula que isente um sócio de participar nas perdas da sociedade.
Tal obrigação significa que todo o sócio corre o risco de perder o investimento feito
como contrapartida da aquisição de participação social, a nenhum sócio pode ser assegurado
que quando saia da sociedade e seja necessário fixar o valor (de liquidação) da sua participação

24
social, ou quando a sociedade seja extinta, obterá o reembolso (integral ou parcial) da entrada
ou investimento efetuados.

Outras obrigações
Para além das obrigações estabelecidas no art. 20º, existem ainda outras obrigações dos
sócios, porém não são aplicáveis a todos os sócios. Algumas não têm lugar em todos os tipos de
sociedades comerciais (as obrigações de prestações suplementares e algumas obrigações de
prestações acessórias) e nas sociedades onde têm lugar não têm de vincular todos os sócios.
Têm caráter eventual e para existirem têm de estar determinadas no contrato social e/ou ser
deliberadas pelos sócios.

1. Obrigações de prestações acessórias – art. 209º, 287º e 478º

São permitidas nas sociedades por quotas – art. 209º, nas sociedades anónimas – art.
287º e nas sociedades em comandita por acções – art. 478º.
O contrato de sociedade pode impor a todos ou a alguns sócio a obrigação de efetuarem
prestações além das entradas, estas prestações podem ser variadas, por exemplo: fornecimento
de coisas à sociedade, assistência técnica de um sócio que entrou para a sociedade com uma
patente, prestações de garantias a dívidas da sociedade, prestação de serviços, proporcionar o
gozo de um prédio ou de outro bem a favor da sociedade, não fazer concorrência à sociedade,
etc.
As obrigações acessórias têm de estar previstas no contrato de sociedade originário ou
após alteração do mesmo, sendo que sendo o contrato de sociedade alterado para introdução
de uma obrigação de prestação acessória, essa alteração ao contrato de sociedade, além de ter
de ser aprovada com maioria qualificada – art. 265º/1, não produz efeitos em relação aos sócios
que a não tenham votado favoravelmente, portanto não ficam obrigados a efetuar a prestação
acessória os sócios que tenham não tenham votado a favor da deliberação que alterou o
contrato – art. 86º/2.
O contrato de sociedade tem de fixar os elementos essenciais da prestação acessória,
sob pena de nulidade das cláusulas que a preveem. Esses elementos essenciais são a
identificação dos sócios que ficam obrigados e o conteúdo das prestações (em que consiste a

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prestação acessória), além disso tem de especificar se a prestação acessória é onerosa ou
gratuita.
A falta de cumprimento das obrigações acessórias por parte dos sócios obrigados não
afeta a sua situação enquanto sócio – arts. 209º/4 e 287º, mas o contrato de sociedade pode
prever sanções para tal incumprimento – arts. 241º e 347º.

2. Obrigações de prestações suplementares – arts. 210º a 213º


São permitidas nas sociedades por quotas enquanto possível meio de financiamento
privativo destas sociedades.
As prestações suplementares são prestações em dinheiro sem juros que a sociedade
exige aos sócios quando, havendo permissão do estatuto, deliberação social o determine – art.
210º.
Para que as prestações possam ser exigidas aos sócios, têm de ser cumpridos quatro
requisitos – art. 210º/1 e 3:
- art. 210º/1 - têm de ser permitidas no estatuto originário ou alterado, sendo que tal
alteração tem de ser aprovada com maioria qualificada – art. 265º/1 e não se aplica aos sócios
que não tenham votado favoravelmente à alteração – art. 86º/2.
- art. 210º/3, a) - no estatuto que permite as prestações suplementares tem de ficar
fixado o montante global das mesmas – art. 210º/3, a), sendo que uma cláusula do estatuto
originário que permita prestações suplementares e que não fixe o montante ou a deliberação
de alteração estatutária para permitir prestações suplementares mas que não fixe o montante,
são nulas – arts. 210º/3, a) e 4 e 56º/1, d).
- art. 210º/3, b) e c) - no estatuto que permite as prestações suplementares tem de ficar
fixado os sócios que ficam obrigados a efetuar as prestações suplementares e o critério de
repartição das prestações entre os sócios a elas obrigados.
Nos termos do art. 210º/4, se faltar o requisito previsto na alínea b) do nº 3 do art. 210º,
todos os sócios ficam obrigados a realizar prestações suplementares; se faltar o requisito
previsto na alínea c) do nº 3 do art. 210º a obrigação de cada sócio será proporcional à sua quota
do capital.
- art. 210º/1 e 211º/1 – a permissão estatutária não é suficiente para constituir as
obrigações suplementares, elas só nascem se e quando os sócios deliberem que lhes sejam
exigidas prestações em dinheiro. A deliberação que exija as prestações suplementares deve fixar
o montante exigível e o prazo da prestação, o qual não pode ser inferior a 30 dias a contar da
comunicação aos sócios.

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Se algum sócio não efetuar, no prazo fixado na comunicação, a prestação suplementar
a que está obrigado, a gerência deve avisá-lo por carta registada de que, no 30º dia seguinte à
receção da carta, fica sujeito a exclusão da sociedade.
De acordo com o art. 213º, as prestações suplementares efetuadas podem ser, total ou
parcialmente, restituídas desde que os sócios o autorizem através de deliberação. No entanto a
deliberação só é validamente tomada se o património social líquido não se tornar inferior à soma
do capital social e da reserva legal em consequência da restituição.

3. Contratos de Suprimento – art. 243º


De acordo com o art. 243º/1 “Considera-se contrato de suprimento o contrato pelo qual
o sócio empresta à sociedade dinheiro ou outra coisa fungível, ficando aquela obrigada a
restituir outro tanto do mesmo género e qualidade, ou pelo qual o sócio convenciona com a
sociedade o diferimento do vencimento de créditos seus sobre ela, desde que em qualquer dos
casos, o crédito fique tendo caráter de permanência.” Daqui resulta que estes contratos
assumem duas modalidades: empréstimo de dinheiro ou outra coisa fungível ou diferimento de
crédito.
Os contratos de suprimento têm a função de suprir insuficiências de capital social,
substituir novas entradas de capital.
As características essenciais destes contratos são:
-a qualidade das partes – de um lado uma sociedade e do outro um sócio (que empresta
àquela ou difere o vencimento de um crédito seu sobre ela); e
- o caráter de permanência do crédito do sócio relativamente à sociedade.
O caráter de permanência dos créditos é essencial para a qualificação dos mesmos como
suprimentos. Não é suprimento o empréstimo ou diferimento de crédito de três meses que o
sócio faz em favor da sociedade, a fim de esta, por exemplo, suprir défices momentâneos de
tesouraria, mas já será suprimento se estando a sociedade em situação de crise financeira ou
tendo decidido ampliar a atividade ou os investimentos, as necessidades sociais (não
passageiras) sejam por eles satisfeitas em vez de serem satisfeitas por novas entradas de capital.
Nos nºs 2 e 3 do art. 243º são estabelecidos índices do caráter de permanência, isto é,
situações que a verificarem-se indiciam que estamos perante um contrato de suprimento, assim,
no nº 2 é referido que constitui índice do caráter de permanência a estipulação de um prazo de
reembolso superior a um ano e no nº 3 refere-se que é igualmente índice do caráter de
permanência a não utilização da faculdade de exigir o reembolso devido pela sociedade durante
um ano, quer não tenha sido estipulado prazo, quer tenha sido convencionado prazo inferior.
Exemplo: Tendo em conta o crédito do sócio à sua parte dos lucros, o mesmo vence decorridos

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30 dias sobre a deliberação de atribuição de lucros. Agora imaginemos duas situações: 1 – o
sócio consente no diferimento do vencimento deste crédito sendo estipulado o prazo de um ano
a contar da deliberação de distribuição de lucros; 2 – o sócio consente no diferimento deste
crédito mas não é estabelecido nenhum prazo, ainda assim, o sócio não exigiu durante um ano
o montante respeitante à sua parte nos lucros; em qualquer destas duas situações o crédito do
sócio é um contrato de suprimento por aplicação dos nºs 2 e 3 do art. 243º, no entanto o
estabelecido nestes nºs 2 e 3 são apenas presunções e portanto, de acordo com o art. 243º/4,
2ª parte os sócios podem provar que não se trata de contratos de suprimento porque o crédito
não visa substituir novas entradas de capital e que nada tem a ver com o facto de ser sócio.
No art. 243º/4, 1ª parte prevê-se ainda que os credores da sociedade podem provar o
caráter de permanência e portanto a existência de contrato de suprimento, mesmo não se
verificando nenhum dos índices previstos nos nºs 2 3 do art. 243º, isto é, apesar de o crédito se
ter mantido por menos de um ano os credores sociais podem provar que era um contrato de
suprimento porque era supletivo do capital social. Acresce que, nos termos do art. 245º/3,
decretada a insolvência ou dissolvida a sociedade, os suprimentos só podem ser reembolsados
depois de inteiramente satisfeitas as dívidas da sociedade para com terceiros, daí interessar aos
credores a prova de existência de contrato de suprimento.

A validade do contrato de suprimento não depende de forma especial – art. 243º/6.


Os contratos de suprimento podem ser celebrados entre os sócios e a sociedade
independentemente de qualquer autorização estatutária ou deliberação. No entanto, o estatuto
social pode fazer depender de prévia deliberação dos sócios a celebração de tais contratos – art.
244º/3.
Pode também acontecer que a obrigação de efetuar suprimentos não resulte de um
contrato autónomo entre sócio e sociedade, mas sim do próprio contrato de sociedade ou de
deliberação social – art. 244º/1 e 2.

A disciplina dos suprimentos prevista nos arts. 243º a 245º para as sociedades por
quotas é aplicada às restantes sociedades.
Nas sociedades anónimas e nas sociedades em comandita por ações, por força do art.
287º/1 é lícito estabelecer-se no estatuto a obrigação acessória de um, alguns ou todos os
acionistas efetuarem suprimentos, pois o referido art. 287º/1 refere que as obrigações
acessórias podem corresponder a contratos típicos, que é o caso dos contratos de suprimento
que estão expressamente previstos na lei. Lícitos são também os suprimentos que resultem de
deliberação social ou de contrato autónomo, aplicando-se o regime das sociedades por quotas.

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Nas sociedades em nome coletivo, o regime dos arts. 243º a 245º também lhes é
aplicável, no entanto, dada a responsabilidade ilimitada dos sócios, não serão aplicáveis algumas
normas especialmente tuteladoras dos interesses dos credores sociais como por exemplo o art.
245º/3.

6 – Estrutura organizatória
As sociedades atuam através dos seus órgão com poderes funcionais a exercer por
pessoas com o objetivo de exprimir a vontade juridicamente imputável à sociedade. Assim, nas
sociedades comerciais existem órgãos com competências diferentes: os órgãos deliberativos
internos que são órgãos de formação de vontade onde são tomadas decisões expressando a
vontade social (da sociedade); os órgãos de administração e representação que gerem as
atividades sociais e representam e vinculam as sociedades perante terceiros; e os órgãos de
fiscalização que fiscalizam a atuação dos membros dos órgãos de administração e
representação.
1 – Órgão deliberativo
É composto pelo sócio único (nas sociedades unipessoais) ou pelo conjunto de todos
sócios. É a designada assembleia geral onde os sócios deliberam sobre os mais variados assuntos
da sociedade. Todos os tipos de sociedades comerciais têm um órgão deliberativo, nas
sociedades em nome coletivo – art. 189º, nas sociedades por quotas – arts. 246º e seguintes,
nas sociedades unipessoais por quotas – art. 270º-E, nas sociedades anónimas – arts. 373º e
seguintes e nas sociedades em comandita – art. 472º.

2 – Órgão de administração e representação


Nas sociedades em nome coletivo, nas sociedades por quotas e nas sociedades em
comandita designa-se por gerência, no entanto é diferente entre elas.
Nas sociedades em nome coletivo – art. 191º - de acordo com o nº 1 a regra é serem
gerentes todos os sócios, mas prevê-se uma exceção em que o contrato de sociedade pode
determinar diversamente. No nº2 estabelece-se que os não sócios só podem ser gerentes
quando os sócios os designem por deliberação unânime. Segundo o nº 3 existindo um sócio que
seja pessoa coletiva, esse não pode ser gerente mas pode nomear uma pessoa singular para
exercer esse cargo. No entanto, enquanto os sócios que sejam gerentes só podem ser
destituídos por deliberação social com justa causa – art. 191º/5, os não sócios que sejam
gerentes podem ser destituídos por deliberação social sem justa causa – art. 191º/6.

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A gerência é o órgão competente para administrar e representar a sociedade, mas a sua
competência deve ser sempre exercida dentro dos limites do objeto social, contudo, a sociedade
não pode impugnar negócios celebrados em seu nome, mas com falta de poderes, pelos
gerentes, se esses negócios tiverem sido confirmados por deliberação unânime dos sócios – art.
192º/1, 2 e 3.
Nas sociedades por quotas – art. 252º - a gerência é composta por um ou mais gerentes,
pessoas singulares com capacidade jurídica, os quais podem ser sócios ou não. São designados
logo no contrato de sociedade ou eleitos posteriormente por deliberação social. No contrato de
sociedade pode ser atribuída a gerência a todos os sócios, mas só inclui os sócios à data da
constituição da sociedade e não os que posteriormente se tornem sócios. As funções dos
gerentes subsistem enquanto não terminarem por destituição ou renúncia – art. 256º. Os sócios
podem deliberar a destituição de gerentes, sendo que o contrato de sociedade pode exigir para
a destituição uma maioria qualificada ou outros requisitos, mas se a destituição for por justa
causa pode ser deliberada por maioria simples – art. 257º/1 e 2. Por outro lado, pode ser o
próprio gerente a renunciar à gerência, comunicando por escrito à sociedade, sendo que se a
renuncia for sem justa causa, o gerente fica obrigado a indemnizar a sociedade pelos prejuízos
causados, salvo se a avisar com antecedência conveniente.
A competência da gerência deve respeitar o objeto social e as deliberações sociais – art.
259º, pois os atos praticados pelos gerentes, em nome da sociedade e dentro dos poderes que
a lei lhes confere, vinculam a sociedade para com terceiros – at. 260º/1. No entanto a sociedade
pod e opor a terceiros as limitações resultantes do sue objeto social se provar que o terceiro
que celebrou o negócio com o gerente sabia ou não podia ignorar, tendo em conta as
circunstâncias, que o ato praticado não respeitava essa cláusula, mas só se entretanto a
sociedade não tiver assumido esse ato por deliberação expressa dos sócios – art. 260º/2.
Nas sociedades em comandita – art. 470º - De acordo com o nº 1, a regra é de que só
podem ser gerentes os sócios comanditados (responsabilidade ilimitada), no entanto, o contrato
de sociedade pode permitir a atribuição da gerência a sócios comanditários (responsabilidade
limitada). Ainda quando o contrato autorize e nos termos do nº 2, a gerência pode delegar os
seus poderes em sócio comanditário ou em pessoa estranha à sociedade.
O gerente que seja sócio comanditado só pode ser destituído da gerência, sem justa
causa, por deliberação aprovada por dois terços dos votos que cabem aos sócios comanditados
e dois terços dos votos que cabem aos sócios comanditários, mas se for com justa causa é
destituído por deliberação social aprovada por maioria simples dos votos apurados na
assembleia – art. 471º/1 e 2. Se o gerente for sócio comanditário, a sua destituição é aprovada
com maioria simples dos votos apurados na assembleia – art. 471º/3.

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Nas sociedades anónimas – art. 278º - quanto à administração e fiscalização é possível
optar por uma das três estruturas alternativas previstas no nº 1 do art. 278º, sendo que optando
por uma das estruturas não pode prever no contrato de sociedade a existência de órgãos
respeitantes a outra estrutura.
1 – Estrutura tradicional – art. 278/1, a) – composta por um conselho de administração
(arts. 390º a 412º) e um conselho fiscal (arts. 413º a 423º-A), sendo que nos termos dos arts.
278º/2 e 390º/2, se o capital não exceder 200.000€ pode optar por um administrador único.
O conselho de administração é composto pelo número de administradores que ficar
fixado no contrato de sociedade, os quais podem não ser accionistas mas têm de ter capacidade
jurídica plena – art. 390º/1 e 3. Os administradores podem ser designados no contrato de
sociedade ou ser eleitos pela assembleia geral – art. 391º/1, além disso o contrato de sociedade
pode estipular que a eleição dos administradores pela assembleia geral tem de ser aprovada por
uma determinada percentagem do capital – art. 391º/2. O presidente do conselho de
administração pode ser eleito pela assembleia geral ou escolhido pelo próprio conselho de
administração – art. 395º/1 e 2. Nos termos do art. 403º qualquer membro do conselho de
administração pode ser destituído por deliberação social com justa causa ou sem justa causa,
sendo que neste segundo cado o administrador tem direito a indemnização pelos danos
sofridos. Também o próprio administrador pode renunciar ao seu cargo através de carta dirigida
ao presidente do conselho de administração – art. 404º/1. Ao conselho de administração
compete gerir as atividades da sociedade e tem exclusivos e plenos poderes de representação
da mesma – arts. 405º a 409º. No entanto, o art. 407º permite que o conselho de administração
delegue em algum ou alguns administradores certas matérias de administração, exceto se o
contrato social o proibir; pode acontecer também que o próprio contrato de sociedade autorize
o conselho de administração a delegar num ou mais administradores ou numa comissão
executiva a gestão corrente da sociedade.

2 – Estrutura anglo-saxónica – art. 278º/1, b) – composta por um conselho de


administração (arts. 390º a 412º), uma comissão de auditoria (arts. 423º-B a 423º-H) e um
revisor oficial de contas (art. 446º), sendo que nos termos do nº 5 do art. 278º as sociedades
que adotarem esta estrutura não podem substituir o conselho de administração por um
administrador único. As características do conselho de administração são as que já ficaram
expostas quanto ao conselho de administração da estrutura tradicional, pois rege-se pelas
mesmas disposições legais (arts. 390º a 412º).

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3 – Estrutura germânica – art. 278º/1, c) – composta por um conselho de administração
executivo (arts. 424º a 434º), um conselho geral e de supervisão (arts. 434º a 444º) e um revisor
oficial de contas (art. 416º) sendo que nos termos dos arts. 278º/2 e 424º/2, se o capital não
exceder 200.000€ pode optar por um administrador único.
O conselho de administração executivo é composto pelo número de administradores
que estiver fixado no contrato de sociedade – art. 424º/1, os quais podem ser designados ou
nos estatutos, ou pelo conselho geral e de supervisão ou pela assembleia geral se os estatutos
assim o determinarem – art. 425º/1. Os administradores podem não ser acionistas mas têm de
cumprir os requisitos previstos no art. 425º/6. Podem ser destituídos a todo o tempo com ou
sem justa causa pelo conselho geral e de supervisão ou pela assembleia geral consoante qual
deles os tenha designado, sendo que se forem destituídos sem justa causa têm direito a
indemnização pelos danos sofridos – art. 430º. Nos termos do art. 432º, o conselho de
administração executivo deve comunicar determinadas informações ao conselho geral e de
supervisão. De acordo com o art. 431º compete ao conselho de administração executivo gerir
as atividades da sociedade e representar a sociedade perante terceiros.

3 – Órgão de fiscalização
Nas sociedades em nome coletivo e nas sociedades em comandita simples não existe
órgão de fiscalização, são os sócios enquanto tais ou enquanto gerentes que fiscalizam
diretamente a atuação da gerência.
Nas sociedades por quotas – art. 262º - o contrato de sociedade pode determinar que a
sociedade tenha um conselho fiscal ao qual se aplica o regime previsto para o conselho fiscal
das sociedades anónimas. Se a sociedade não tiver conselho fiscal e durante dois anos
consecutivos forem ultrapassados dois dos limites previstos no art. 262º/2, deve designar um
revisor oficial de contas para proceder à revisão legal das contas, o qual é designado por
deliberação dos sócios – art. 262º/4.
Sob o conselho fiscal ou revisor oficial de contas recai o dever de prevenção previsto no
art. 262º-A de comunicar imediatamente os factos que considere reveladores de graves
dificuldades na prossecução do objeto da sociedade.
Nas sociedades anónimas deve existir sempre órgão de fiscalização, o qual varia
consoante a estrutura adotada.
1 - Estrutura tradicional – art. 278º/1, a) e 413º/1 – a par do conselho de administração (ou
administrador único), pode optar por uma de duas hipóteses relativamente ao órgão de
fiscalização: - art. 413º/1, a) - fiscal único (que deve ser ROC – revisor oficial de contas, pessoa

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singular ou sociedade, não sócio – art. 414º/1), ou conselho fiscal (que incluirá um
ROC não sócio – art. 414º/2), ou
- art. 413º/1, b) - conselho fiscal e ROC separado.
Nos termos do art. 413º/6, o fiscal único rege-se pelas disposições legais respeitantes ao revisor
oficial de contas (art. 446º) e subsidiariamente pelo disposto quanto a conselho fiscal (arts. 414º
a 423º-A).
Os membros do conselho fiscal, o fiscal único e o revisor oficial de contas estão sujeitos
a um regime de incompatibilidades previsto no art 414º-A, isto é, verificando-se alguma das
situações aí previstas não podem ser eleitos ou designados. Eles são eleitos pela assembleia
geral por um período não superior a quatro anos, mas a primeira designação pode ser feita no
contrato de sociedade – art. 415º, o presidente será designado também pela assembleia geral,
caso contrário será o próprio conselho fiscal a designá-lo – art. 414º-B.
A assembleia geral também pode destituir com justa causa os membros do conselho
fiscal, o revisor oficial de contas ou o fiscal único – art. 419º/1.
As competências do fiscal único e do conselho fiscal são as previstas no art. 420º e para
tal são dotados dos poderes previstos no art. 421º. Além disso têm como deveres os previstos
no art. 422º.
Ao revisor oficial de contas compete comunicar, imediatamente, ao presidente do
conselho de administração os factos de que tenha conhecimento e que considere revelarem
graves dificuldades na prossecução do objeto da sociedade – art. 420º-A/1.

2 - Estrutura anglo-saxónica – art. 278º/1, b), 423º-B e 446º - têm uma comissão de auditoria
(arts. 423º-B a 423º-H) e um ROC (art. 446º).
A comissão de auditoria funciona integrada no conselho de administração e é composta
por, pelo menos, três administradores – art. 423º-B, os quais são designados em conjunto com
os demais administradores no contrato de sociedade ou eleitos pela assembleia geral, sendo
que as listas propostas para o conselho de administração devem discriminar os membros que se
destinem a integrar a comissão de auditoria – art. 423º-C e só podem ser destituídos pela
assembleia geral quando ocorra justa causa – art. 423º-D.
As competências da comissão de auditoria estão previstas no art. 423º-F, entre as quais,
temos a fiscalização da administração da sociedade, vigiar a observância da lei e do contrato de
sociedade, verificar a regularidade dos livros, registos contabilísticos e documentos que lhes
servem de suporte, etc. Além disso, os seus membros ficam obrigados a cumprir os deveres
previstos no art. 423º-G.

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O revisor oficial de contas – art. 446º é designado pela assembleia geral sob proposta
da comissão de auditoria, para proceder ao exame das contas da sociedade e exerce as funções
previstas no art. 420º/1, c), d), e) e f), designadamente, verificar a regularidade dos livros,
registos contabilísticos e documentos que lhes servem de suporte; verificar a extensão da caixa
e as existências de qualquer espécie dos bens ou valores pertencentes à sociedade ou por ela
recebidos em garantia, depósito ou outro título; verificar a exatidão dos documentos de
prestação de contas e verificar se as políticas contabilísticas e os critérios valorimétricos
adotados pela sociedade conduzem a uma correta avaliação do património e dos resultados.

3 – Estrutura germânica – art. 278º/1, c) – devem ter a par do conselho de administração


executivo (ou administrador único), um conselho geral e de supervisão (arts. 434º a 444º) e um
ROC (art. 446º).
O conselho geral e de supervisão é composto pelo número de membros fixado no
contrato de sociedade, mas sempre superior ao número de administradores, os membros têm
de ser pessoas singulares com capacidade jurídica plena, sócios e/ou não sócios e não podem
ser administradores – arts. 434º/1 e 3 e 437º/1. Os seus membros são designados no contrato
de sociedade ou eleitos pela assembleia geral – art. 435º e o seu presidente será eleito pela
assembleia geral ou pelo próprio conselho geral e de supervisão se a assembleia geral assim o
estabelecer – art. 436º.
Nos termos do art. 441º, compete ao conselho geral e de supervisão, nomeadamente
nomear e destituir os administradores, se tal competência não for atribuída à assembleia geral
pelos estatutos; designar o presidente do conselho de administração executivo e destituí-lo, se
tal competência não for atribuída à assembleia geral pelos estatutos; representar a sociedade
nas relações com os administradores; vigiar as atividades do conselho de administração
executivo; vigiar s observância da lei e do contrato de sociedade, etc. Apesar de o conselho geral
e de supervisão não ter poderes de gestão, dispõe o art. 442º que a lei e o contrato de sociedade
podem estabelecer que o conselho de administração executivo deve obter prévio
consentimento do conselho geral e de supervisão para a prática de determinados atos.
O revisor oficial de contas – art. 446º é designado pela assembleia geral sob proposta
do conselho geral e de supervisão, para proceder ao exame das contas da sociedade e exerce as
funções previstas no art. 420º/1, c), d), e) e f), designadamente, verificar a regularidade dos
livros, registos contabilísticos e documentos que lhes servem de suporte; verificar a extensão da
caixa e as existências de qualquer espécie dos bens ou valores pertencentes à sociedade ou por
ela recebidos em garantia, depósito ou outro título; verificar a exatidão dos documentos de

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prestação de contas e verificar se as políticas contabilísticas e os critérios valorimétricos
adotados pela sociedade conduzem a uma correta avaliação do património e dos resultados.

Nas sociedades em comandita por ações – arts. 478º e 413º e seguintes – normalmente
existe um conselho fiscal ou um fiscal único cujas características e competências ficaram já
expostas.

7 – Deliberações sociais
As deliberações sociais são as decisões tomadas pelos sócios, normalmente na
assembleia geral, que vinculam a sociedade.
O art. 53º prevê o princípio da taxatividade relativamente às formas pelas quais podem
ser tomadas deliberações sociais, isto é, diz-nos que as deliberações sociais só podem ser
tomadas por alguma das formas admitidas por lei. No art. 54º são previstas duas formas de
tomar deliberações sociais, são as deliberações unânimes por escrito e as deliberações em
assembleia universal, as quais são aplicáveis a todos os tipos de sociedades comerciais. Para
além desta duas modalidades, são permitidas ainda as deliberações por voto escrito (arts. 189º
e 247º) permitidas apenas nas sociedades em nome coletivo e nas sociedades por quotas e as
deliberações em assembleia geral convocada permitidas em todas as sociedades comerciais
(arts. 189º, 247º, 373º e seguintes e 472º).
Portanto, no CSC estão previstas 4 formas de tomar deliberações sociais:

1 – Deliberações unânimes por escrito – art. 54º/1 – este tipo de deliberações são
tomadas fora de uma assembleia dos sócios e são utlizadas quando haja desnecessidade ou
inutilidade da convocação de uma assembleia, visto os sócios estarem todos de acordo quanto
a um determinado assunto (se todos têm a mesma opinião e pretendem votar no mesmo
sentido, não é necessário convocar a assembleias para tomar a deliberação social). Utilizam-se
também nas situações em que haja urgência na tomada de uma decisão (urgência não
compatível com a convocação de assembleia), ou outras circunstâncias. Existindo concordância
de todos os sócios quanto a certa proposta, uma vez que há unanimidade não é necessário uma
assembleia para discutir opiniões. Basta que a deliberação seja registada em documento escrito
assinado por todos os sócios, sendo que as assinaturas podem ser efetuadas no mesmo lugar e
tempo, no mesmo lugar mas em tempos diferentes ou em lugares e tempos diferentes.
Mesmo sendo tomada por unanimidade, a deliberação será nula se o seu conteúdo for
ofensivo dos bons costumes ou de preceitos legais – art. 56º/1, d).

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2 – Deliberações em assembleia universal – art. 54º/1 – estas deliberações são tomadas
numa reunião dos sócios, porém é uma reunião que não foi precedida de um ato de convocação
dirigido a todos os sócios, isto é, os sócios estão naquela reunião, não por terem sido convocados
para tal, mas porque assim o entenderam ou por mera casualidade.
Portanto, a assembleia universal existe quando mesmo não tendo sido convocada, todos
os sócios estão presente e todos manifestaram a vontade de que a assembleia se constituísse e
deliberasse sobre determinado assunto. Assim, para que se verifique a existência de uma
assembleia universal têm de se verificar três requisitos:
- presença de todos os sócios, sendo que se faltar um não há assembleia universal;
- concordância de todos os sócios relativamente à constituição da assembleia;
- vontade de todos de que a assembleia delibere sobre determinado assunto.
Verificando-se o cumprimento destes três requisitos, a assembleia universal constitui-
se (art. 54º/2) e a deliberação é aprovada se reunir os votos necessários para o efeito, não é
necessário a unanimidade para aprovar a deliberação, a não ser que seja exigido pelo assunto
em causa.
Exemplo: Assembleia de sociedade por quotas irregularmente convocada – sem a
antecedência mínima de 15 dias. Se todos os sócios estiverem presentes e todos concordarem
constituir a assembleia e deliberar sobre determinado assunto, sanam a invalidade da
assembleia geral e podem reunir e deliberar em assembleia universal.

3 – Deliberações por voto escrito – arts. 189º e 247º - este tipo de deliberações são
tomadas fora de uma assembleia dos sócios. Apenas são permitidas nas sociedades em nome
coletivo (art. 189º) e nas sociedades por quotas (art. 247º), mas mesmo nestas, o contrato de
sociedade pode proibi-las totalmente ou para determinados assuntos e a própria lei proíbe-as
em determinados casos (arts. 247º/2 e 8 e 100º/2 e 6 e 120º). Podem ser tomadas por carta ou
através de meios telemáticos. Ao contrário das deliberações unânimes por escrito, aqui não é
necessário a unanimidade dos sócios. Para que as deliberações sejam tomadas desta forma tem
de se verificar um determinado procedimento (art. 247º/2 a 7):
- os gerentes têm de fazer uma consulta aos sócios através de carta registada, para
perceberem se todos estão de acordo em deliberar por voto escrito e os sócios têm 15 dias para
responder, sendo que o seu silencia equivale a concordância;
- se todos concordarem, é-lhes enviada a proposta de deliberação com os documentos
necessários para esclarecimento dos sócios e fixa-se o prazo (não inferior a 10 dias) para o envio
dos votos;
- os sócios votam favorável ou desfavoravelmente;

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- é lavrada ata pelo gerente e enviam-se cópias aos sócios;
- a deliberação considera-se tomada na data em que for recebido o último voto ou no
fim do prazo estabelecido para votar, no caso de algum sócio não votar.
Se a deliberação for tomada sem que todos os sócios com direito de voto tenham sido
convidados a exercer o seu direito de voto, a deliberação é nula, a não ser que mesmo não tendo
sido convidados, tenham votado – art. 56º/1, b).
Se a deliberação não tiver sido precedida do fornecimento aos sócios dos elementos
mínimos de informação necessários para que votem de forma esclarecida, será anulável nos
termos do art. 58º/1, c).
Este tipo de deliberações não se confundem com o voto por correspondência, pois nesse
caso trata-se de uma forma de votação e não de uma forma de deliberar. O voto por
correspondência é admitido nas deliberações tomadas em assembleia geral convocada em que
há uma reunião dos sócios e aqueles que não podem estar presentes, emitem o voto por
correspondência (carta, fax, email).

4 – Deliberações em assembleia geral convocada – arts. 189º/1, 247º/1, 373º/1 e 472º/1


São as deliberações que são tomadas numa assembleia geral que é previamente
convocada com comunicação a todos os sócios. São as mais comuns e verificam-se em todos os
tipos de sociedades comerciais – sociedades em nome coletivo (art. 189º que remete para o art.
247º), sociedades por quotas (art. 247º), sociedades anónimas (arts. 373º e seguintes) e
sociedades em comandita (art. 472º). Podem ser feitas por meios telemáticos – art. 377º/6.
Portanto, nas assembleias gerais os sócios têm direito de estarem presentes nas
assembleias e discutir as várias opiniões, têm direito a ser consultados sobre a sua opinião e têm
direito de votar, sendo que a influência de cada sócio é determinada pelo seu poder de voto que
depende do número de votos que lhe caiba – nas sociedades em nome coletivo cada sócio tem
um voto (art. 190º/1); nas sociedades por quotas cada sócio tem um voto por cada cêntimo da
sua quota (art. 250º/1); nas sociedades anónimas cada sócio tem um voto por cada acção de
que seja titular (art. 384º/1); e nas sociedades em comandita é o contrato de sociedade que
regula a atribuição de votos aos sócios em função do capital (art. 472º/2).

Convocatória
Para que a assembleia geral se realize tem de ser convocada com comunicação a todos
os sócios.
Nas sociedades em nome coletivo e nas sociedades por quotas (arts. 189º/1 e 248º/3),
a convocatória compete a qualquer dos gerentes e deve ser feita por meio de carta registada,

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expedida com a antecedência mínima de 15 dias, a não ser que o contrato de sociedade exija
outra forma ou estabeleça prazo diferente.
Nas sociedades anónimas (art. 377º) a convocatória compete ao presidente da mesa ou,
em casos especiais previstos na lei, à comissão de auditoria (art. 423º-F/1, h)), ao conselho geral
e de supervisão (art. 441º/1, s)), ao conselho fiscal (art. 420º/2, h)) ou ao tribunal.
Os acionistas com 5% do capital social podem requerer, ao presidente da mesa, a
convocação da assembleia e se o mesmo não a convocar podem requerer ao tribunal – art.
375º/2, b).
A convocatória deve ser publicada, mas o contrato de sociedade pode exigir outras
formas de comunicação. Quando as ações forem todas nominativas, o contrato de sociedade
pode substituir a publicação por cartas registadas ou, se os acionistas o consentirem
previamente, por correio eletrónico. Se a convocatória for publicada entre a última publicação
e a data da assembleia tem de mediar um mês, se for por carta registada ou correio eletrónico
deve mediar pelo menos 21 dias entre a expedição das cartas e a data da assembleia.
A convocatória da assembleia geral das restantes sociedades comerciais, por aplicação
dos arts. 189º/1, 248º/1, 474º e 478º rege-se pelo previsto para as sociedades anónimas e deve
conter os elementos enunciados no art. 377º/5 e 8. No que diz respeito à ordem do dia, de
acordo com o nº 8 do art. 377º, deve mencionar claramente os assuntos sobre os quais a
deliberação será tomada, e se se tratar de assembleia geral anual, na ordem do dia deve constar
as alíneas previstas no art.376º/1: a) apreciação e deliberação sobre o relatório de gestão e as
constas do exercício; b) deliberar sobre a proposta de aplicação de resultados; c) apreciação da
administração e fiscalização da sociedade e d) proceder a eleições, se for o caso.
Tratando-se de assembleia geral anual, da convocatória deve ainda constar a
informação relativa à colocação à disposição dos documentos para consulta pelos sócios na sede
– arts. 263º/1 289º/1.

Inclusão de assuntos na ordem do dia – arts. 248º/2 e 378º


Nas sociedades em nome coletivo e nas sociedades por quotas, qualquer sócio pode
requerer a inclusão de determinados assuntos na ordem do dia. Nas sociedades anónimas,
apenas os acionistas com pelo menos 5% do capital social podem requerer a inclusão de
determinados assuntos na ordem do dia, através de requerimento escrito ao presidente da
mesa, quer a assembleia ainda não tenha sido convocada, quer já tenha havido convocatória.

Competência deliberativa dos sócios

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A assembleia dos sócios é o órgão supremo da sociedade, as matérias da vida da
sociedade mais importantes estão incluídas na esfera de competências deste órgão. Mas que
matérias são essas?
Nas sociedades em nome coletivo – art. 189º/1 e 3 – o art. 189º/1 remete para o regime
das sociedades por quotas, o que quer dizer que a assembleia geral tem as competências
previstas no art. 246º. Para além dessas tem também as competências referidas no art. 189º/3.
Nas sociedades por quotas – art. 246º - Nestas sociedades a assembleia dos sócios tem
competências imperativas que estão previstas no art. 246º/1, são aquelas que cabem
necessariamente aos sócios e o contrato de sociedade não pode atribuí-las a outro órgão. Tem
também competências supletivas, previstas no art. 246º/2, que são as que cabem aos sócios a
não ser que o contrato de sociedade disponha diversamente. E tem competências contratuais
que resultam do art. 246º/1 e são as que pertencem aos sócios quando o contrato de sociedade
assim o determinar
Nas sociedades anónimas – art. 373º/2 e 3 – Nestas sociedades a distribuição de
competências entre a assembleia dos sócios e o órgão de administração é muito mais rígida do
que nas sociedades por quotas, desde logo do art. 373º/2 podemos retirar vários tipos de
competências:
- competências imperativas, são as que pertencem aos acionistas por força da lei e não
lhes podem ser retiradas pelo contrato de sociedade e existem várias espalhadas pela parte
especial das sociedades anónimas (exemplos: aplicação de resultados – art. 376º/1, b);
apreciação da administração e fiscalização – arts 376º/1, c) e 455º; eleição dos membros dos
órgãos de administração e fiscalização – art. 376º/1, d); alteração do contrato de sociedade –
art. 85º/1; aumento de capital – arts. 456º/1 e 457º/1; redução de capital – art. 94º/1; fusão –
art. 103º; cisão – art. 120º; transformação – art. 133º; etc. );
- competências supletivas, são as que são atribuídas por lei aos acionistas, mas que
dentro de certos limites podem ser atribuídas a outro órgão pelo contrato de sociedade
(exemplos: aumento do capital – art. 456º/1; alteração da sede da sociedade – art. 12º/2, etc.);
- competências contratuais, as que o contrato de sociedade remeta para os acionistas,
ao abrigo do art. 373º/2, ressalvando o limite do art. 373º/3 (matérias de gestão da sociedade
só a pedido do órgão de administração);
- competência residual – as matérias que não caibam, por força da lei ou do contrato,
nas atribuições de outro órgão.
Nas sociedades em comandita, aplica-se o regime das sociedades em nome coletivo às
sociedades em comandita simples e aplica-se o regime das sociedades anónimas às sociedades
em comandita por ações.

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Quóruns
Existem dois tipos de quóruns, o constitutivo que é a percentagem de capital social que
tem de estar presente para que a assembleia geral possa constituir-se, e o deliberativo que é a
percentagem de votos necessária para que a deliberação social seja aprovada.
1 – Quórum constitutivo
Nas sociedades em nome coletivo e nas sociedades por quotas não há quórum
constitutivo, a assembleia constitui-se com quem aparecer, a lei não estabelece um mínimo de
capital social que tem de estar presente.
Nas sociedades anónimas (art. 383º) a regra é a de que não é necessário quórum
constitutivo para que a assembleia se constitua, porém há uma exceção (art. 383º/2, 3 e 4) -
quando o objeto da deliberação for questão relacionada com alteração ao contrato de
sociedade, fusão, cisão, transformação ou dissolução da sociedade, para que a assembleia se
constitua e possa deliberar na 1ª convocatória, tem de estar presente um terço do capital social,
se isso não acontecer é feita uma 2ª convocatória e nesse caso já vale a regra, ou seja, a
assembleia delibera com os sócios que estiverem presentes, sendo que entre a 1ª e a 2ª
convocatória tem de mediar 15 dias.
2 – Quórum deliberativo
Nas sociedades em nome coletivo, a regra é a de que as deliberações são tomadas por
maioria simples dos votos expressos – art. 189º/2, no entanto existe exceção, no caso de
alteração ao contrato de sociedade, fusão, cisão, transformação ou dissolução da sociedade é
exigida a unanimidade dos sócios – art. 194º.
Nas sociedades por quotas, a regra está prevista no art. 250º/3 de acordo com o qual as
deliberações são aprovadas pela maioria dos votos emitidos, não se contando as abstenções.
Mas tratando-se de alteração do contrato de sociedade (arts. 85º e 86º), fusão (art. 103º), cisão
(art.120º), transformação (art. 133º) ou dissolução da sociedade (art. 270º), a deliberação tem
de ser aprovada por três quartos dos votos correspondentes ao capital social ou por número
mais elevado de votos exigido no contrato de sociedade.
Nas sociedades anónimas a regra é a de que as deliberações são aprovadas por maioria
dos votos emitidos não se contando as abstenções (art. 386º/1). Tratando-se de deliberação
sobre alteração do contrato de sociedade, fusão, cisão, transformação ou dissolução da
sociedade, a deliberação só é aprovada por dois terços dos votos emitidos (art. 386º/3). Mas,
de acordo com o art. 386º/4, se a assembleia geral reunir em 2ª convocatória e estiverem

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presentes acionistas detentores de, pelo menos, ½ do capital social, a deliberação sobre estas
matérias pode ser tomada pela maioria dos votos emitidos.

Atas
As deliberações sociais devem constar de ata ou de documento donde elas constem no
caso das deliberações por voto escrito – art. 63º.
A ata é o documento escrito que reproduz, de forma narrativa, o teor das sessões ou
reuniões de qualquer órgão social, de estrutura colegial ou a ela equiparada por lei, tendo em
vista a prova das respetivas deliberações, como é o caso das atas das reuniões da assembleia
geral de sócios de sociedades comerciais.
De acordo com o art. 31º CCom as sociedades são obrigadas a possuir livro de atas os
quais devem cumprir determinados requisitos previstos nos arts. 37º e 39º CCom.
Nas sociedades em nome coletivo, sociedades por quotas e sociedades em comandita
simples – arts. 248º/4, 189º/1 e 474º - em regra, não há mesa da assembleia geral, a presidência
de cada assembleia geral pertence ao sócio presente que possui maior fração do capital social e
compete-lhe a ele elaborar a ata.
Nas sociedades anónimas e sociedades em comandita por ações – arts. 374º e 388º/2 –
as atas são redigidas por quem nelas sirva como presidente e secretário. Nestas sociedades
existe a mesa da assembleia geral que é constituída por um presidente e um secretário, mas se
a sociedade tiver um secretário (art. 446º-B/1, b)) é a ele que compete lavrar a ata.
Ao ser redigida uma ata, devem ser consignadas algumas menções essenciais para que
aquela possa fazer prova plena dos factos e atos nela constantes – art. 63ºCSC. Assim podemos
considerar na organização da estrutura de qualquer ata três partes, de acordo com os momentos
normais verificada no decurso da reunião da assembleia:
1- O relato da abertura – composto pelo cabeçalho, com menções alusivas à data, lugar
da celebração e identificação da sociedade; a identificação dos presentes e a sua qualidade, a
indicação de quem presidiu à sessão e de quem coadjuvou, a ordem do dia decorrente da
convocatória, o apuramento do quórum e a verificação de requisitos válidos para a deliberação.
2 - O relato da sessão – contendo a discussão, análise e votação dos pontos indicados
na ordem do dia constante da convocatória, incluindo o teor das declarações do sentido de voto
de algum dos presentes.
3 - O relato do encerramento - contendo o resultado das votações, a declaração de
aprovação ou rejeição das propostas de deliberação, e a fixação rigorosa da versão final das
deliberações tomadas, incluindo o fecho da ata e a menção a qualquer incidente relacionado
com a falta das assinaturas requeridas.

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Deste modo, de acordo com o art. 63º nas atas de assembleia geral de sócios devem constar
expressamente os seguintes elementos:
a) – Menção do lugar, dia e a hora da reunião assim como a firma ou denominação social
da entidade e a natureza do órgão social reunido;
b) – O nome do presidente da mesa e dos secretários presentes; nas sociedades por
quotas a presidência de cada assembleia geral compete ao sócio nela presente que possuir ou
representar maior fração de capital – art. 248º/4; nas sociedades anónimas o contrato de
sociedade pode determinar que o presidente da mesa da assembleia geral seja eleito por esta
de entre acionistas ou outras pessoas, mas se o contrato de sociedade não o determinar, serve
de presidente da mesa da assembleia geral o presidente do conselho fiscal, ou o presidente da
comissão de auditoria ou o presidente do conselho geral e de supervisão – art. 374º/2 e 3.
c) – Os nomes dos sócios presentes ou representados, com direito a voto, e o valor
nominal das suas participações sociais, salvo nos casos em que a lei mande organizar lista de
presenças que deve ser anexada à ata (art. 382º - nas sociedades anónimas).
d) – O assunto que vai ser objeto da reunião e que consta da convocatória da assembleia
geral, regularmente efetuada – a ordem do dia, salvo quando esta seja anexada à ata.
e) – referência aos documentos e aos relatórios a submeter à assembleia.
f) – o teor das deliberações tomadas.
g) os resultados das votações.
h) o sentido das declarações dos sócios, se estes o requererem, para ser feito
apuramento de responsabilidades da entidade e dos sócios, em caso de futuros litígios
decorrentes das deliberações tomadas.
Tratando-se de assembleia geral anual, de acordo com os arts. 376º/1 e 455º, é também
feita a apreciação da administração e da fiscalização da sociedade, por isso a assembleia geral
deverá concluir por uma deliberação de confiança em todos ou alguns órgãos de administração
e de fiscalização ou pela destituição de algum ou alguns membros desses órgãos e ainda
proceder a eleições se for o caso, com o respetivo resultado na ata.
Por último, as atas têm de ser assinadas. Em regra, nas sociedades em nome coletivo,
nas sociedade por quotas e nas sociedades em comandita simples, as atas deverão ser assinadas
por todos os sócios ou seus representantes, e outros intervenientes que tenham participado na
assembleia – arts.º 248.º/6, 189º/1 e 474º CSC. Nas sociedades anónimas e sociedades em
comandita por ações, deverá apenas ser assinada pelo presidente da mesa e pelos secretários
presentes ou pelas pessoas que desempenharam essas funções – art.º 388.º/2 CSC - devendo

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os acionistas ou os seus representantes e os demais intervenientes rubricar apenas a lista de
presença, a qual deve ser anexada à ata – art 382º CSC.

Assembleia geral anual


O CSC impõe a realização de uma assembleia geral anual, a qual deve realizar-se no
prazo de 3 meses a contar da data de encerramento do exercício da sociedade. O art. 376º prevê
a assembleia geral anual, apesar de estar na parte especial das sociedades anónimas, aplica-se
às demais sociedades. Esta assembleia geral tem como objetivo proceder à apreciação anual da
situação da sociedade e da sua administração e fiscalização.
Nos termos do art. 65º CSC deve ser feita uma apreciação anual da situação das
sociedades comerciais, para tal os membros da administração devem elaborar e submeter aos
órgãos competentes da sociedade o relatório de gestão, as contas do exercício e todos os
documentos de prestação de contas relativos ao exercício anual, os quais devem ser submetidos
ao órgão competente e por este apreciados no prazo de três meses a contar da data do
encerramento de cada exercício anual – art. 65º/1 e 5. O órgão competente é a assembleia geral
anual – arts. 189º/3, 246º/1, e) e 376º.
De acordo com o art. 376º, a assembleia geral anual deve reunir no prazo de 3 meses a
contar do encerramento do exercício anual. É o conselho de administração ou o conselho de
administração executivo que deve pedir a convocação desta assembleia geral e apresentar a
documentação necessária, se não o fizeram ficam sujeitos a sanções.
Assim, esta assembleia geral destina-se a:
- deliberar sobre o relatório de gestão e as contas do exercício;
- deliberar sobre a proposta de aplicação de resultados;
- proceder à apreciação geral da administração e da fiscalização;
- proceder a eleições que sejam da sua competência.

Relatório de Gestão – art. 66º


O relatório de gestão é um documento elaborado e assinado por todos os membros da
administração da sociedade, que deve conter uma exposição fiel e clara da evolução dos
negócios, do desempenho e da posição da sociedade, bem como a descrição dos principais riscos
e incertezas com que a mesma se defronta, isto é, deve consistir numa análise equilibrada e
global dos negócios e dos resultados da sociedade – art. 65º/2 e 3 e 66º, nele devendo constar,
em especial, os elementos referidos no art. 66º/5.
Nos termos do art. 67º, se o relatório de gestão, as contas do exercício e os demais
documentos de prestação de contas não forem apresentados, qualquer sócio pode requerer ao

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tribunal um inquérito. Nesse caso, o juiz fixa um prazo e nomeia um gerente/administrador que
fica exclusivamente encarregue de elaborar os documentos e de os submeter ao órgão
competente. Se a assembleia geral não os aprovar, o gerente que os elaborou pode submeter
ao juiz para decisão final.
Tal como previsto no art. 67º/ 4 e 5, também pode acontecer que o órgão de
administração tenha submetido os documentos, mas a assembleia geral anual não tenha sido
convocada, nesse caso, qualquer gerente/administrador ou qualquer sócio podem requerer ao
tribunal a convocação da assembleia geral anual. Se nessa assembleia convocada pelo tribunal,
não forem aprovadas as contas, qualquer interessado pode requerer que sejam examinadas por
ROC independente, que o juiz nomeia e posteriormente face ao relatório desse ROC, aprova ou
recusa as contas.
Nas sociedades por quotas – art. 263º - a apreciação do relatório de gestão e das contas
de exercício é feita na assembleia geral anual, mas o art. 263º/2 prevê uma exceção, pois se
todos os sócios forem gerentes e todos assinarem, sem reservas, o relatório de gestão e as
contas do exercício, não é necessária outra forma de apreciação ou deliberação destes
documentos. Se for necessário realizar a assembleia geral anual, a mesma tem de ser convocada
com 15 dias de antecedência – art. 248º/3, sendo que na convocatória deve constar o aviso aos
sócios de que a documentação estará disponível para consulta na sede da sociedade – art. 263º.
Nas sociedades anónimas – arts. 376º e 451º a 455º - a assembleia geral anual também
deve reunir no prazo de três meses a contar da data de encerramento do exercício.
Neste tipo de sociedades, temos de fazer uma distinção entre as sociedades com
conselho fiscal ou comissão de auditoria e as sociedades com conselho geral e de supervisão.
Sociedades com conselho fiscal ou comissão de auditoria – arts. 451º e 452º
Até 30 dias antes da assembleia geral anual, o conselho de administração deve
apresentar ao conselho fiscal e ao revisor oficial de contas o relatório da gestão e as contas do
exercício, os quais vão apreciar o relatório de gestão e completar o exame das contas com vista
à sua certificação legal ou declaração de impossibilidade de certificação. O ROC emite o
documento de certificação legal com os elementos exigidos no art. 451º/3.
De seguida, o conselho fiscal e a comissão de auditoria apreciam o relatório de gestão,
as contas de exercício e a decisão do ROC (documento de certificação legal ou a impossibilidade
de certificação) – art. 452º/2 a 4. Se concordarem, declaram no seu parecer; se não
concordarem, consignam no relatório as razões porque não concordam. Posteriormente,
remetem ao conselho de administração, o relatório e o parecer, no prazo de 15 dias a contar da
data em que recebeu os documentos – art. 452º/4.
Sociedades com conselho geral e de supervisão – art. 453º

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Até 30 dias antes da assembleia geral anual, o conselho de administração executivo deve
apresentar ao revisor oficial de contas, o relatório da gestão e as contas do exercício para efeito
de certificação legal, o qual emite um documento de certificação legal com os elementos doa
art. 451º/3. De seguida, o conselho geral e de supervisão aprecia o relatório, as contas e a
certificação, aplicando-se o disposto no art. 452º/2 a 4.

Na assembleia geral anual das sociedades anónimas procede-se também à apreciação


geral da administração e da fiscalização da sociedade – art. 376º/1, c) e 455º, assim quanto a
esta questão na ata da assembleia geral anual deverá constar uma deliberação de confiança em
todos ou alguns dos órgãos de administração e de fiscalização ou uma deliberação de destituição
de algum ou alguns membros destes órgãos.

Nas sociedades anónimas, há ainda algumas regras especiais quanto à publicidade de


participações – arts. 447º/5 e 448º/4

Em anexo ao relatório anual do órgão de administração tem de constar a seguinte


informação:

- lista das ações e obrigações de que os membros do órgão de administração ou de


fiscalização são titulares nessa sociedade ou noutra que com ela esteja em relação de domínio
ou de grupo, assim como todas as aquisições, onerações ou cessações de titularidade;

- lista dos acionistas que, na data de encerramento do exercício, sejam titulares de,
pelo menos, 1/10, 1/3 ou ½ do capital, bem como dos acionistas que tenham deixado de ser
titulares das referidas frações de capital.

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